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Periodização histórico-dialética do desenvolvimento psíquico

Segundo Pasqualini, a sequência e o conteúdo dos estágios do desenvolvimento não


só se alteram, mas se produzem historicamente, com a mudança do lugar ocupado
pela criança no sistema de relações sociais. Não é, por tanto, a idade cronológica da
criança que determina o período do desenvolvimento psíquico em que ela se encontra,
razão pela qual todas as referências que ela faz a idades ao discutir a periodização
são relativas e historicamente condicionadas. Ao defender a ideia de que o
desenvolvimento psíquico processa-se por períodos que se sucedem, ela cita o
psicólogo soviético Daniil B. Elkonin, que elaborou uma teoria da periodização do
desenvolvimento psíquico à luz da concepção histórico-cultural.

No texto a autora explora um diagrama. Nele aparecem os conceitos fundamentais da


periodização histórico-dialética do desenvolvimento: época, período, atividade
dominante e crise. Podemos visualizar três épocas: primeira infância, infância e
adolescência, onde cada época é constituída de dois períodos. Na primeira infância
os períodos são: Primeiro ano e Primeira infância; Já na infância os períodos são:
Idade pré-escolar e Idade escolar; enquanto que na adolescência os períodos são:
adolescência inicial e adolescência. O diagrama também nos mostra que cada período
é marcado por uma determinada atividade dominante. A comunicação emocional
direta com o adulto é a atividade dominante no primeiro ano de vida. No período
primeira infância, a atividade objetal manipulatória conquista o posto de atividade
dominante. Os períodos seguintes são marcados pelo jogo de papéis e atividade de
estudo. Por fim, na adolescência, a comunicação íntima pessoal e a atividade
profissional/de estudo são as atividades que guiam o desenvolvimento psíquico.

Primeiro ano de vida: a comunicação emocional direta com o adulto

Ao analisar o desenvolvimento humano a partir da perspectiva histórico-cultural, a


autora constatou que a comunicação com os adultos (com o outro) é a condição mais
importante para o processo de humanização da criança. No primeiro ano de vida,
começa a formar-se esse processo de comunicação. Mas a comunicação no primeiro
ano tem uma peculiaridade: trata-se, ainda, de uma comunicação que tem caráter
emocional, pois se reduz à expressão mútua de emoções que a criança e o adulto
dirigem um ao outro (não existindo ainda comunicação verbal entre dois sujeitos),
como explica Lísina (1987), colaboradora de Elkonin. Assim sendo, o processo de
comunicação entre bebê e adulto não se refere apenas àquilo que o adulto diz para o
bebê, mas às trocas afetivas entre adulto-bebê de forma mais ampla. O texto nos
mostra que nesse período do desenvolvimento, a base da consciência do bebê é
centralmente perceptiva e emocional e o que fará avançar no desenvolvimento das
funções psíquicas do bebê é justamente a atividade de comunicação com o adulto. O
que tem centralidade nesse período do desenvolvimento, portanto, é a relação social
entre bebê e adulto (mundo das pessoas): o adulto é o centro da situação psicológica
para o bebê. Ao final do primeiro ano de vida se produz uma mudança no tipo de
relação da criança com o adulto e com os objetos. A comunicação emocional direta
"criança-adulto" cede lugar à indireta "criança-ações com objetos-adulto''. A ação com
objetos, que nasceu no interior da atividade de comunicação emocional com o adulto,
desponta agora como atividade dominante.

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