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infamiliaridade, Fusio ¢ desfusio das pulsbes de vida e da pulsio de morte, problema central de Alin do prisdpia do priser, apacecem, assim, como casos combinados da lie da indeterminacio que Freud dese sveu para o Uniniaie REFERENCIAS ADORNO, Theodor W, © essa como forma, In: Nats de Litetue 1 Tradacio de Jonge de Almeida, So Pale: tora 54,2008, (Espirito Critic) CASTRO, Edt Vivenos de. A inns So Paulo: Cosse Naif, 2002 FREUD, Sigimond. A sgnificasio atitica ds paves pi rmisvas. In; News, pine, per, Traduydo de Maris it Silzano Morass Udlo Horizonte: Auténten, 2016, p. 39-7 RRepubliado no peesente volun, p. FREUD, Sigmund. Das Unheiniche, tn: Sigmnd Freud Sudinanagae, . IV. Frankfort ann Mai: Fischer, 1919 cs und di month FREUD, Signnundl, Der Man Refgon. Sinan Feud Straus, 1. Prankiran Mi Fischer, 1935 FREUD, Sigsnund. Der Wirz und seine Be [Unbsseen. Sign! Fd Stadion, VAL, Praskart a FREUD, Sigmund. (1925) Die ng. Sigmond Frond Sadie VI, Fre am Main: Fischer, 1973, Repo FREUD, Sigmon (1920) fens des Larios Sioned Fra Shationansgee V, VIL. Frankfct ant Main: Fischer, 1973 FREUD, Sigmund. (1913) orem and Taba. Sigmund Feud Stdienasgabe V. V. Feaokfure ama Main: Fischer, 1973. O Homem da Areia Der Sandmann ~ ustragio de B, TA. Hoffmann (1815) NATHANAELA LOTHAR Ceramente vocés estio todos muito apreensivos porque et no escrove hi tanto ~ tanto tempo. Mamie deve estat furioa, © Clara deve achar que vivo aqui no -bom € que esquego por completo 4 minha encan~ tadora imagem angelical, ho profundamente gravada no ‘men coragio € no mew pensamento. Mas mio € nada dis- 0; todo dia e a toda hora ew penso em voots fades, & 2 figura amivel de minha encantadora Clarinha aparece fem doces sonhos ¢ me sorti com seus olhas claros tio graciosamente como elt costumava sorrir quando eu vol- ‘Ah, mas como eu podetia escreverthes com a disposigio de esprit que constantemente me pee~ ‘uch todas os pensamentos! ~ Una evisa terrivel acon fecet a minhs vial ~ Pressentimentos sombrios de um destino horros0so € ameagador se espatham sobre mim como sombras de nuvens negra, impenettavels 2 qualquer aprazivel rao de sol, — Agora eu devo contar-Ihe © que me soomteceu. Precso fazer isso, eu vejo, mas +6 de pensi-o ‘explode emt maim ui riso enlouguecido, Ab, me! estimiado Lothar! Como posso fazer com que vocbsinta, pelo menos de alguma forma, que aquilo que me sucedeu hi alguns dias pde destruira minha vida de modo tio fanesto! Se 20 menos voe® estivesse aqui, poderia ver por si prio: sms agora decerto voct me toma por um disparatado que 6 ineasmas, ~ Emi soma, ese cosa cersivel que me aconte- cu, cujaimpressio mortal eu me esforge, sem sucesso, por evitarconsiste apenas ne fato de que, hi alguns dias, preei- ‘mente no a 30 de outubro, 20 meio-dia, um vendedor de barémetros entron no mew quarto e me ofereces a sua smercaloria, Nio comprei nada, e ameace atiri-o escada absixo, de modo que cle entio sau por conta propria. ~ Vocé deve imaginar que somente circunstincss muito particulars, profundamente marcantes na mina vida, sto ‘apazes de explicar esse incidente, e que, sim, jasamen pesoa dese fianesto mascate poss Cer um cic tio hosel sobre mint, Conttolo-me com todas as forgas para lhe narrar tranquil © pacientemente mitas coisas do minha idade rac tenra, de moo que tado poss Ihe svepirclaramente 10 vivido ex tendo com ta, emt smmagens eeluzentes. Quando pre- 3, f8 ougo vor’ rir © Clara dizer: Iso & pura ‘Ria de mim, eu thes peco, riam de mim a vale! ~ Eu Ihesimploro! - Mas Deus do Cé! Meus cabelos se attepiam, © & como se ex Thes suplcasie num desespero louco para rirem de mim, como Franz Moor suplicava a Daniel! — Agora, vamos aos fos! ‘Com a excegio da hora do almogo, eu e 0s meas ino viamos pouco © nosso psi durante o dia, Ele devia estar muito ocupado com seus afazeres. Depots do janta, ‘que er ervido ja is 7 horas, segundo o costome antigo, ngs amos ode jncos, minha mie também, 20 gabinete de meu Miu pai fiimava tahaco,acompanhado de um grande cope de cerveja, Frequentemente ele nos contava muita hists- las nuaavilhoss,e s¢ entusiasmava tanto com iss que © cachimbo sempre apagava, cabendo a mim acendé-lo de nova, segurando am pedago de papel em chamas, 0 que para mim era o maior divertimento, Mas muitas vezes ele ros cava livros ilustrados, sentva-se imével, em siléncio, ‘e nos senkvamos em volta de uma mesa redonda, ‘em sua poltrona e soprava fortes nuvens de fumaga, de forma que nis ficivames como que envolos pela evo. Em noites como exss minha mie fava maito tris, ¢, mal sonvann as nove horas, la nos dizia: “Agora, ciangas!~ Para ‘carnal Bara a camal © Homem da Areia vem vindo, eu {iisinto”, De fto, eu sempre ourvia entto passos pesados © Tentos suibindo a excada; devia sero Homer da Area, Uma ‘ver, aquele paso abafido me pareecu especialmente asss- tador; eu pergurte minha mie, enquanco ela nos leva “i, mane! Quem é ease malvado Homem di Ate, ue sempre nos separa de papai? - Como ele &, “Nio existe rnenhun Homen da Area, meu querio filho",respondew ‘1 minha mae. “Quando eu digo que o Homem da Areis ‘vem vindo, quero apenas dizer que vocts esto com sono © rio conseguem mianter os alos abertos, como se alguéin tivessejogado aveia nee." — A resposta da minha mle m0 ine satfez; em mice Sito infanel, desenvolveu-se chi ramente a idea de que minha mie negava a existéncia do omen da Ateia apenas para que nés no o teméssemos, 4 0 ouvia sempre subindo a escada. Cheio de curiosidade pra saber mais sobre esse Homer da Ata e sa relagio conosco, a erianga,e finalmente perguntei2 velha senor {que cuidava da minha tema menor: "Que tipo de home cra esse, 0 Homem da Arcs?" “Ab, Thanelzinho”, ela esponden, at que se aproniima das criangas quando ua cama, Langa uns panhados de areia nos hos de: assim seus los salam da cabera, ensnguentados, ¢ ele ‘eno os langa uum saco € os leva até a micia-lua para dar de comer 40s seus filhotes; eles ficam I, 90 niko, e vém bicos curwos, conto as corgs, ¢¢om elesbicam oslhos das criancinhas levadas” ~ Ento se formou terrivelmente em meu interior a imagem da ere] Honem da Arcia; assim, quando i noite cle subia as escadas, cu tremia de medo ‘voc’ tia nie sabe? E jo querer i para

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