You are on page 1of 20
x SISMICIDADE E ESTRUTURA ES rN Marcelo Assumpc¢ao Coriolano M. Dias Neto CrMe Teste et Na cidade de Izmit, numa das regioes mais den: samente povoadas do pais, a populagio dorme trangjila, De repente, sem nenhum aviso prévio, a ter ra treme violentamente, causindo terror ¢ destruigio. Em menos de um minuto, esti deflagrada mais uma tragédia: mais de 15.000 mortos, quase meio milhio de desabrigados, a cidade inteira praticamente arrasa- dae prejuizos de bilhides de délares ao pais. Fim poucos segundos, a Terra faz lembrar ao ser humano que a nocio dle terra firme é uma ilusio: o pais ja havia qua- se esquecido a calamiclade semelhante softida 600 anos tragédia humana para mostrar o poder das forcas internas da Terra, uma ruptura de 40 km de extensio na superfici locamento lateral de varios metros, evidencia mais uma Wo bastasse a antes. Camo se com des. vez a evolucio continua ¢ inevitivel do nosso planeta Os terremotos, mais do que qualquer outro fend: ‘meno natural, demonstram inequivocadamente o cariter dinimico da Terra. registro de milhares de terremo: tos em todo 6 mundo (Fig, 3.1) define « emoldura as virias placas que formam a easca rigida da Terra, Nes te capitulo, estudaremos os terremotos © sua relacio com a movimentagao destas placas litosféricas (a di- ferenca entre fitosfera, a casea rigida da 7 seri explicada ac nte). Veremos também como 0 est. do da propaga 180" 160° -1 das ondas sismicas pelo interior da ‘Terra revela sua estrutura interna, tema que sent deta Ihado nos proximos capitulo. © Brasil era considerado assismico até pouco tempo atris, por no se conhecerem registros de sismos destrutivos, ¢ 0s poueos abalos sentidos eram interpretados como "simples acomodacio de cama das". Estudos sismoldgicos a partir da década de 70 mostraram que a atividade sismica no Brasil, apesar de baixa, nao pode ser desprezada ¢ € resultado de forcas geologicas que atuam em toda a placa que contém o continente sul-americano, Veremos tam bém que um dos aspectos importantes da sismicidad no Brasil é que parte dela é causada pela implanta sao de novos reservatorios hidroclétricos (chamada sismicidade induzid 3.10 que E o Terremoto? Com o lento movimento das placas litosiéri da ordem de alguns centimetros por ano, tensdes, vio se acumulando em vir pontos, prineipalmente perto de suas bordas. As tensées acumuladas po dem ser compressivas ou distensivas, dependendo da direcio de movimentacio relativa entre as ph cas, como veremos adiante, Quando essas tensdes, atingem o limite de resisténcia das rochas, ocorre uma ruptura (Fig, 3.2); 0 movimento repentino en 40° 60" 80° 100" 120° 140° 160° 180° Fig. 3.1 Sismicidade Mundial. Mape de epiceniros do periado 1964 « 1995 de sismos com magnitude 5,0. Fonte: U.S. Geological Survey. “AA Efeios de ur teremota ocorride ern Taiwan, em 1999. Foto: Revers Pore ae ett aa tN a b plcentro ae ce Fig. 3.2 Geragtio de um sismo por acimula e liberacéo de esforgos em umo rupiure, A crosio ferestre estd sujaita 0 ten- s6es (a) compressivos neste exemal sumulam que se se, delermendo os rachas (6); quando ¢ limite de re- sisténcio dos rachas ¢ atingide, ocorre uma rut des todas os dicecées (¢}. Ge omerte abruplo, gerando vibragées que se propogam em mente, 0 deslacamento (ruptura) se ior pré-enistente ra 6 chomado dé em openes ume parte de uma fratura n lfolhe geolégica). O ponte inicial de rup hipocentro ov laco do tremor; € sue projecao na supericie € 0 ‘epicentro. Nem sodas as ruptures atingem a supericie, tre os blocos de cada lado da euptara geram vibra ees que se propagam em todas as direcoes. © plano de ruprura forma o que se chama de falha geolégi- a. Os terremotos podem ocorrer no conrato entre duas placas litosférieas (caso mais freqiiente) ou no interior de uma delas, como indieado no exemplo da Fig, 3.2, sem que a ruptura atinja a superficie. O ponto onde se inicia a ruptura e a liberacdo das ten sdes acumuladas é chamado de hipocentro ou foco. Sua projecio na superficie é 0 epicentro, ea dis. tincia do foco a superficie &a profundidade focal Embora a palavra "terremoto" seja utilizada mais para os grandes eventos destrutivos, enquanto os me- nores geralmente sio chamados de abalos ou tremores de terra, todos sao resultado do mesmo processo geo Me ee} logico de actimull lento e liberacio ripida de tensoes. A diferenca principal entre os grandes terremotos € 05 pequenos tremores € 0 tamanho da érea de ruptura, 0 gue determina a intensidade das vibragdes emitidas, 3.1.1 Ondas sismicas Quando ocorre uma ruptura na litosfera, so gera das vibragdes sismicas que se propagam em todas as direcdes na forma de ondas. O mesmo ocorre, por exemplo, com uma detonacio de explosives numa pedcira, cujas vibracies, tanto no terreno come se. nora randes distineias. Si podem ser sentidas a estas "ondas sismicas" que causam danos perto do epicentro ¢ podem ser registradas por sismégnafos Em 23 de janeiro de 1997, ocorreu um terremoto na fronteira Argentina/Bolivia (Fig, 3.3a), com pro: fundidade focal de 280 km e magnitude de 64, As ondas deste sismo tiveram amplitudes suficientes ra seem sentidas na cidade de Sio Paulo, nos BOLIVIA a picentro, Desiocamento do Chao (mm) Tempo desde origem (5) Fig. 3.3 Argentina abola S40 Poulo, a) Registro na estact sismagratica de Valinhos, SP de um si ro Argentina/ Bolivia (23,01.197} com magn ‘ocorrido ne fronte ide 6,4.b) O movimento do chao € descrita pelos trés componentes: Z (ve Yicel, positive para cima}, NS (positive pore © Norte} e EW (positive para o Leste). As ondas P e S chegom 230s © 410s,

You might also like