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O método de jogo Cruz Celta

A significação das casas é apresentada da seguinte forma:

“Casa 1: denominada de Significadora, é a carta que irá reflectir a situação, interna ou


externa, na qual o consulente se encontra naquele momento;

Casa 2 (cruzando a Casa 1): chamada de Carta Cruzada, descreve a situação, interna ou
externa, que gera o conflito e a obstrução do presente imediato, “cruzando” o caminho
do consulente, indicando a natureza aparente de seu problema. Não é necessariamente
negativa em si, mas simplesmente representa a situação que está gerando o conflito e
atrapalhando o andamento do assunto levantado pelo consulente. De certo modo, esta
carta impede a Significadora de se expressar completamente, provocando o bloqueio da
vida;

Casa 3: é a Carta da Cabeça. Sua aparência visual é bastante simples - uma vez que está
sobre a Significadora - e descreve o clima e a situação que pairam sobre o presente
imediato. Ela reflete o que está na superfície e imediatamente aparente na vida do
consulente;
Casa 4: é a Base da Questão e descreve a situação interna ou externa, o impulso, o
instinto ou o desejo, enfim, o motivo real por trás da superfície aparente da situação
reflectida na Carta da Cabeça. O que está na base é, na verdade, o que está na raiz da
psique, e muitas vezes esta carta surpreende o consulente, que pode não se ter dado
conta da motivação inconsciente que precisa ser trazida à luz da razão. Esta carta
frequentemente servirá para contradizer a razão aparente de nosso dilema;

Casa 5: são as Influências do Passado, e descreve uma situação interna ou externa que
já ocorreu na vida do consulente. Foi uma situação muito importante, mas que neste
momento perdeu sua validade, e, justamente por isso a pessoa precisa abrir mão daquilo
que a carta representa antes da integração efectiva dos novos aspectos de sua vida
futura;

Casa 6: Influências do Futuro, descreve uma situação interna ou externa prestes a se


manifestar na vida do consulente, descreve as forças em ação no futuro imediato da
pessoa;

Casa 7: chamada de Posição Actual, representa, de certo modo, a extensão da


Significadora, descrevendo a atitude do consulente dentro das circunstâncias que o
cercam. Esta carta, assim como a Significadora, reflete um conjunto de posturas internas e
quase sempre representa os potenciais a serem desenvolvidos ou mesmo revelados;

Casa 8: denominada por Fatores Ambientais, descreve a imagem que os outros - amigos
e família - fazem do consulente. Esta carta quase sempre implica o tipo de reação que a
pessoa deve esperar dos outros com relação à sua situação. Freqüentemente o
consulente está atravessando uma fase na qual não conta com a compreensão dos amigos
e nem com a receptividade desejada dos familiares, e esta carta conta o porquê, uma vez
que esta é a imagem que o mundo tem dele, podendo contradizer o que ele sente, da
mesma forma que reflete com honestidade sua própria situação;

Casa 9: chamada de Esperanças e Temores, pois tanto os desejos como as ansiedades se


apresentam numa única carta, já que todas elas têm significado duplo;

Casa 10: Resultado Final. Esta carta não serve para descrever uma situação permanente
ou definitiva, mas a conseqüência natural da situação que o consulente atravessa no
momento, abrangendo, no máximo, um período de seis meses.”
É importante ressaltar que o método é ensinado utilizando-se o sistema fast-food americano,
utilizando todas as 78 cartas “misturadas”, o que não impediu, é claro, a sua propagação com o
uso apenas dos arcanos maiores, já que “decorar o significado dos 56 arcanos menores é muito
difícil”.
Esse mesmo método aparece em vários livros, apresentando variações, apesar de ser
apresentado como o método das dez cartas, desde a quantidade de cartas - chegando até 13
cartas -, como a disposição das mesmas - alterando a “distribuição” das casas -, e até o significado
atribuído a cada casa.
Embora na essência todas as variações tenham a mesma forma geométrica, o sistema de leitura
(nominação das casas e direção da leitura) varia de tal forma que o ritmo de interpretação acaba
sendo prejudicado. Nei Naiff classifica o ritmo desse método como de cruz.
E caso queiramos fazer uma análise mais profunda de cada método, especulando sobre as
combinações das casas dentro do método, poderemos fazer desdobramentos dos ritmos, que
poderão nos deixar confusos se não atentarmos ao conjunto da obra.
Como vimos, a inversão das casas 5 e 6, alterando o eixo horizontal, causa, sim, confusão, pois
coloca a carta do passado à direita e a casa do futuro à esquerda, quando o natural seria lê-las
inversamente. Não obstante, é importante ressaltar que, apesar dessa inversão na distribuição das
cartas no leito do método, elas continuam a ser lidas, segundo as instruções do livro, no sentido
apropriado, isto é, primeiro o passado e depois o futuro.
O que poderia chamar a atenção é a disposição das casas 3 e 4. Simbologicamente temos que o
eixo vertical é ascencional. Ao se dispor a carta da Casa 3 no topo desse eixo e a carta da Casa 4
em sua base, e lendo-as nessa sequência, estar-se-á interrompendo o Ritmo de Leitura. E, mais
grave, esse eixo, da forma como vem sendo exposto, fica em total afronta ao eixo lateral, das
Casas 7 a 10, criando um conflito visual geométrico!
Sobre a questão ascendente, acho muito importante verificarmos uma idéia “equivocada” que
temos do sentido de “mergulho na alma”.
Quando pensamos nesse mergulho, realmente a impressão que temos é de irmos para “baixo”,
ou para dentro como se diz.
Ocorre que, pelas lições trazidas a nós por Jung, o “consciente” é um ponto que está “dentro”
(ou no “limiar”) do “inconsciente”, formando o que ele denominou de si-mesmo (Selbst) (in O eu e
o inconsciente – 274), que por sua vez é outro ponto que está “dentro” do “inconsciente
coletivo”.
Visto dessa forma, como a vejo, o trajeto da busca, do mergulho n'alma, é, ao contrário do que
parece, um pulo para o “exterior”, ou seja ele é ascendente!
Quer dizer que, ao buscarmos “no fundo de nós mesmos”, na verdade não há uma viagem “para
dentro” como acreditamos, mas um salto “para fora” do nosso consciente a fim de alcançarmos o
nosso inconsciente, e posteriormente, o inconsciente coletivo! E isso torna a “viagem”
ascendente!
No seu Dicionário de símbolos, Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, confirmam essa teoria. No
verbete “Cruz”, temos que: “... A cruz tem, ainda, o valor de símbolo ascencional. (g.a.) ... O eixo
vertical dessa cruz une a terra (morada dos homens, e na sua expressão ctoniana, das almas
mortas) ao Céu Superior, morada do Deus supremo.” Já no verbete “Pilar”, temos: “... Não se pode
viver sem um eixo vertical que assegure a abertura para o transcendente ...” (g.a.)

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