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NATUREZA E PROPAGACAO DA LUZ Eisas ferramiientas de desenho sao feitas de plastico trans patente, mas um arco-itis de cores aparece quando séo colocadas entre dois fitros especiais, chamados polariza ddores. Como essas cores aparecem? cor azul dos lagos, 6 oere dos desertos, 0 verde das Awe as diversas cores de um arco-iis podem ser apreciados por qualquer um que tenha olhos para ver. Contudo, estudando um ramo da fisica chamado Gtica, que trata do comportamento da luz e de outras ondas eletromagnéticas, podemos apreciar de modo mais profun- do 0 mundo visivel. O conhecimento das propriedades da luz nos permite explicar por que 0 eéu é azul, além de entender 0 funcionamento do olho humano e de dispositi- vos como teleseépios, microscépios, edmeras e culos. OS mesmos prineipios da dtica desempenham, também, papel preponderante em muitas inovagées modernas, como 0 a fibra 6ptica, os hologramas, os computadores 6 as novas técnicas para obter imagens médicas. ‘A importancia da dtica para a fisca, para a engenharia dde um modo geral é tao grande que dedicaremos 6s proximos quatro capitulos a estudé-la. Neste capitulo, comegaremos com um estudo das leis da reflexio € da refragio, bem como dos conceitos de dispersio, polariza- 0 € espalhamento da luz. No decorrer deste estudo Vamos comparar as diversas descrigdes possiveis da luz em termos de particulas, ios ou ondas, ¢ introduziremos 0 principio de Hu im elo importante entre o ponto de laser OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ‘Ao estuder este capitulo, vocé oprenderd: + O que s30 raios de luz, e como eles se relacionam com as frentes de onda + As leis que governam a reflexio e a reftacdo da luz + As crcunstincias em que a luz ¢ totalmente refletida em ‘uma interface. + Como fazer luz polrizada a partir de luz comum, + Como o principio de Huygens nos ajuda a analisar a rele ndo ea refracto. vista ondulat6rio e a deserig&o por meio de raios. No Capf- tulo 34, usaremos a descri¢Zo por meio de raios luminosos. para entender como funcionam os espelhos as lentes, & mostraremos como eles so usados em instrumentos de tica tais como teleseépios, microscépios e cmeras. Explo- raremos em detalhe as caracteristicas ondulatérias da luz nos capitulos 35 ¢ 36. 33.1 A natureza da luz At6 a época de Isaac Newton (1642-1727), a maioria dos cientistas imaginava que a luz Fosse constituida por um feixe de mintisculas particulas (chamadas de corprisculos) cemitidas por fontes de luz. Galileu e outros pesquisadores. déncias de que a luz € uma onda eresceram de modo bas- tante convincente, Em 1873, James Clerk Maxwell previu a existéncia das ‘ondas eletromagnéticas e calculou a velocidade de propaga- dessas ondas, conforme aprendemos no Capitulo 2 FISICA volume 3. Esse desenvolvimento, juntamente com o traba- Iho experimental de Heinrich Hertz iniciado em 1887, rel que a luz é realmente uma Os dois aspectos da luz A natureza ondulatéria da luz, e ciente para explicar tudo. Diversos efeitos associados & cemissio e absorgio da luz revelam a natureza corpuscular da luz, no sentido de que a energia transportada pela onda luminosa é concentrada em pacotes discretos conhecidos ‘como fétons ou quanta. Os aspectos ondulat6rios ¢ corpus- cculares da luz aparentemente contradit6rios foram con Tiados em 1930 com o desenvolvimento da eletrodinami retanto, quantica, uma teoria que explica simultaneamente esses dois aspectos. A propagasiio da luz pode ser descr melhor usando-se um modelo ondulatério, porém, para explicar a emissdo e a absoreao da luz, 6 necessirio consi- derar sua natureza corpuscular. As fontes fundamentais de todos os tipos de ondas celetromagnéticas sio cargas elétricas aceleradas, Todos os corpos emitem uma radiagio eletromagnética, resultado do ‘movimento térmico de suas moléculas; essas ondas const tuem a chamada radiag@o térmica e apres tura de comprimentos de onda, Em temperaturas adequa- damente elevadas, todos os corpos emitem uma quantidade de luz suficiente para se tor um corpo muito quente pode tornar-se ‘vermelho incandescente” (Figura 33.1) ou “branco incandescente’. Portanto, qual- ‘quer forma de matéria quente € uma fonte de luz. Exemplos, ‘comuns s20 a chama de uma vela, 0 carvao de uma foguei- ra, as espirais de um aquecedor e o filamento de uma lim- pada incandescente (que geralmente opera em uma tempe- ratura aproximada de 3000 °C). A luz também ¢ produzida durante descargas elétricas dos. Exemplos sio a luz azul de uma lim- pada com arco de merctrio, a luz laranja-amarelada de S Figura 33.1. Um aquecedor eléico emit principalmente ondas info vvermelhas. No entanto, quando sua temperatura est sufientemente ele- ‘veda, ele também emite uma quanidade substancal de luz ver. rem luminosos; uma Kimpada de vapor de s6dio e as diversas cores emiti- das em amtincios de ‘nednio". Uma variante da limpad: com arco de mercério é a Kimpada fluorescente (Figura 30.7), A fonte luminosa usa um material chamado fésforo para converter a radiag20 ultravioleta de um arco de mer- direta faz com qu lampada fluorescent seja mais eficiente na conversio. ‘energia elétrica em luz do que uma Kimpada incandescente. ‘Uma fonte de luz que nos diltimos quarenta anos vem se tornando cada vez mais importante é o laser. Em quase todas as fontes luminosas, a luz é emitida independent ‘mente por ‘tomos diferentes no interior da fonte; contudo, no caso de um laser, os dtomos no interior da fonte sio induzidos a emitir luz de modo organizado e coerente. O resultado € que o feixe do laser pode ser muito intenso e fino, além de mais monocromético — com freq} ini — do que o feixe produzido por qualquer outra fonte de lu O laser & usado por médicos para fazer pequenas cirurgias, 1a reprodugao do som de um CD e em computadores, pat rer as informagdes codificadas em discos compactos ou ‘em um CD-ROM. Na indiistria ele é empregado para cortar aco ou fundir materiais que possuem um ponto de fustio clevado ¢ tem muitas outras aplicagdes (Figura 33.2). Qualquer que seja o tipo da fonte, as ondas eletrom réticas propagam-se no vacuo com a velocidade da luz. ‘Como vimos nas Segdes 1.3 € 32.1, a velocidade da luz no irio em luz visivel. Essa convers 2,99792458 x 10° mis ‘013,00 x 108 com t de um segundo é baseada em um reldgio de césio (ver Segio 1.3); logo, um metro é definido como a distanci percorrida pela luz em 1/299792458 s. Figura 33.2 Giutgdes-oftélmicos utiizam laser pare consertar desco- lamentos de retnas e para cautezar vasos sanguineos na retinopata, Paulos de uz azu-esverdeada de um laser de argo so ideas para esse propést,j& que aavessam a pate ransparente do olho sem causar nos, mas s80absonidos pelos pigments vermehos a retina Onda, raio e frente de onda Geralmente usamos 0 conceito de frente de onda para descrever a propagagio de uma onda. Introduzimos se conceito na Seco 32.2, volume 3, para descrever a extremidade dianteira de uma onda. De modo mais geral, ppodemos defini a frente de onda como 0 lugar geométrico de todos os pontos adjacentes que possuem a mesma fase da vibracdo de uma grandeza fisica associada com a onda ‘Ou seja, em qualquer instante todos os pontos sobre uma frente de onda estio na mesma parte do ciclo de suas res- pectivas vibragde: ‘Quando deixamos uma pedra cair em um lago calmo, (0s circulos que se expandem a partir do centro formando as cristas das ondas, bem como os cffeulos formados nos vales entre as cristas, sio exemplos de frentes de onda, ‘Analogamente, quando ondas sonoras se espalham no ar parado a partir de uma fonte puntiforme, ou quando as ‘ondas eletromagnéticas se espalham a partir de uma fonte cemissora puntiforme, qualquer superficie concéntrica com a fonte € uma frente de onda, como mostra a Figura 33.3. [Nos diagramas de movimentos ondulatérios, geralmente desenhamos apenas partes de algumas frentes de onda, com freqiiéncia escolhendo frentes de onda consecutivas que tenham a mesma fase e, portanto, estejam a um com- primento de onda de distancia, como, por exemplo, duas cristas consecutivas das ondas na superficie da égua Analogamente, um diagrama de ondas sonoras deve mos- {rar somente ‘cristas de pressio’, ou seja, as superficies nas quais a pressio toma-se méxima, e um diagrama de ondas eletromagnéticas deve mostrar somente as ‘cristas’ nas quai 0 campo magnético e o campo elétrico atingem seus valores méximos, yy Frente de onda emexpansio x a s “ Fonte sonora puntiforme produzindo ‘ondas sonora erica alternando ‘compresses ¢ expanses de a), Figura 33.3 As fentes de onda sonorasesfrcas se espalhar unforme- ‘mente em todas as diecbes a parr de uma fonte puntforme stuada ‘num meio em repouso, tal como o ar parado, que apresenta as mesmas, ropredades em todas as regides e em todas as dreqdes, As ondas ele ‘tomagnéticas também se espaham no vScuo da manera aqui indicada, Capitulo 33. Naturerae propagacio da luz 3 Freqiientemente usaremos diagramas que mostram as, frentes de onda ou suas segdes retas em algum plano de referéncia. Por exemplo, quando ondas eletromagnéticas io irradiadas por uma pequena fonte luminosa, podemos representar as frentes de onda por meio de esferas concén- tricas com a fonte ou entio, como na Figura 33.4a, pelas intersegdes circulares dessas superficies com 0 plano do diagrama, Em pontos muito afastados da fonte, quando os raios das esferas tomam-se bem grandes, podemos supor que a segio reta de cada superficie esférica seja um plano, obiendo-se ondas planas como aquelas que foram discuti das nas segdes 32.2 © 32.3, volume 3. (Veja a Figura 33.4b.) Para descrever as diregdes da propagago da luz, em zgeral & mais conveniente representar uma onda luminosa por meio de um raio em vez de se usar uma frente de onda, (Os raios de luz foram empregados muito tempo antes de se estabelecer com certeza a natureza ondulatéria da luz. Na escrito corpuscular da luz, 0s raios so as trajet6rias das particulas. Do ponto de vista ondulat6rio, um raio é wna linha imaginéria ao longo da direcao de propagagéo da ‘onda. Na Figura 33.4a 0s raios so as linhas retas na dire- <0 radial das frentes de onda esféricas; na Figura 33.4b os taios sao a linhas retas perpendiculares as frentes de onda, ‘Quando uma onda se propaga em um material homogéneo € isotrépico (ou seja, um material que possui as mesmas propriedades em todas as regides e em todas as diregdes), (0 raios so sempre linhas retas perpendiculares as frentes de onda. Na superficie que separa dois meios materiis, tal como a superficie de uma placa de vidro no ar, a velocida- ® (2) Quando as rem de onda si0 esféricas, 0s os partir do cent daestera Fonte Fronts de onda © ‘Quando as rentes de onda so plans, os ‘ios io perpendiculares a elas « paraelos uns aos outros, Rais Frente de onda Figura 33.4 Frentes de onda (verticas) e ios (horizontas),

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