You are on page 1of 10
O.CAPITAL CAPITULO XIII Cooperaciio Forga coletiva do trabalho ~ Resultados ¢ condicies do trabalho coletivo — A gestto da indiistria pertence ao capital — A forga coletiva do trabalbo aparece como uma {orca propria do capital < pa coletiva do trabalho — A producio capitali ono explora muitos assalariados de uma vez; quando um ntimero considerdvel de operdrios fancionam ao mesmo tempo, sob a dirego do mesmo capital, no mesmo lugar, para produzit 0 genero de mercadorias; é aqui o ponto de partida histérico da produgao capitalista. Ikis da produgao do valor s6 se realizam de uma maneira completa para 0 que explora uma dade de operdrios. Com efeito, o trabalho, considerado como criador de valor, é trabalho qulidade média, isto é, a manifestagio de uma forca média. Em cada ramo de indiistria 0 isolado difere mais ou menos do operdrio mediano; ainda que empregue mais ou menos po que a média para uma mesma operacio, recebe o valor médio da forca de trabalho, o que ona que o seu patrdo obtenha uma taxa geral de mais-valia maior ou menor. Essas diferencas duais no grau de habilidade compensam-se e desaparecem quando se trata de um ntimero de operirios. A jornada de um néimero considerdvel de operdrios explorados ao mesmo po constitui uma jornada de trabalho social, isto é média. a que os processos de execugio do trabalho nao experimentem variagbes, o emprego de | numeroso ocasiona uma revolugio nas condig&es materiais do trabalho. Uma fabrica estejam instalados vinte tecelbes, com vinte teares, deve ser maior que a de um pat 6 ocupa dois teceldes; porém, a construgio de dez fabricas para vinte teceldes que trabalham spos de dois custa mais que a de um s6 que sirva para vinte ao mesmo tempo. O valor dos meios de produgio comum e concentrados é menor que 0 valor dos meios disse- dos que substicuem; além disso, esse valor reparte-se entre uma massa relativamente maior rodutos. A producio de valor que transmitem as mercadorias diminui, por consequéncia; 0 éo mesmo que corné/las mais baratas, a economia no seu emprego provém do seu consumo ta comega de fato a estabelecer-se quando um | muitos trabalhadores agem juntos por um objetivo comum, no mesmo ato de produgio matos de produgo diferentes, porém relacionados entre si, quando hi conjunto de forgas, 0 ho toma a forma cooperativa, m como a forca de ataque de um esquadrao de cavalaria difere profundamente do total , Postas isoladamente em jogo por cada um dos soldados, assim o total das forcas ope- isoladas difere da forga que desenvolve desde o momento em que funcionam em conjunto mesma operacio. Trata-se, portanto, de criar, mercé da cooperacio, uma nova fora que como forca cooperativa. ltados e condigies do trabalho coletivo ~ Além da nova poténcia que resulta da reuniio osas forgas em uma forga comum, o simples contato social produz uma excitagio que acidade individual cle execugao. COLECAOFOLHA | LIVROS QUE MUDARAM 0 MUNDO. KARL MARX on?” SP ‘ v ‘A cooperagio de trabalhadores, repartindo as diversas operagées que ocasionam a confecgio de um produto entre diferentes mios, permite executé-las ao mesmo tempo ¢ abreviar o tempo necessério para a sua confeccio; permite também suprir a curta durago do tempo disponivel em certas circunstdncias, pela grande quantidade de trabalho que executa em pouco tempo uma coletividade de operarios; permite, além disso, as grandes empresas, diminuir as despesas —fator impossivel sem a cooperacao —, limitando 0 espago em que o trabalho se opera em virtude da concentragio dos meios de produgio e dos trabalhadores. Comparada com um nimiero igual de jornadas isoladas, a jornada de trabalho coletivo produz mais objetos titeis € diminui assim 0 tempo necessirio para se obter o efeito que procurado; em resumo, o trabalho coletivo dé resultados que o trabalho individual jamais poderia proporcionas, Essa forga produtiva especial da jornada coletiva € uma forca de trabalho social ou comum. Obrando simulcaneamente com outros para um fim comum e segundo plano estipulado, o tre balhador excede os limites da sua individualidade ¢ desenvolve a sua poténcia como espécie, A reuniiio dos homens é a condigdo prépria da sua ago comum, da sua cooperacio. Para g um capitalista possa empregar ao mesmo tempo certo niimero de assalariados é necessario compre de uma vez as suas forgas de trabalho. O valor total dessas forgas, ou certa soma de tios por dia, semana, etc., deve estar reunido na caixa do capitalista antes que os operétios este reunidos no ato da produgao. © ntimero dos cooperantes ou a imporcéncia da cooperagio de por consequéncia, antes de tudo, da magnieude do capital, que pode ser adiantado para a de forgas de trabalho, isto é, da proporgdo de que um s6 capitalista dispoe dos meios de sul téncia de numerosos operérios. Por outro lado, 0 incremento da parte varidvel do capital necessita da sua parte cons com a cooperagio, o valor e a quantidade dos meios de produgio, matérias-primas e instru de trabalho, aumentam consideravelmente. Quanto mais se desenvolvem as forcas produti do trabalho, maior é a quantidade de matérias-primas que se consomem em um tempo minado. A concentragao dos meios de produgio nas mios do capitalista é, portanto, a a material de toda a cooperagio entre assalariados Como vimos no Capitulo XI, 0 possuidor de dinheiro necessita ter um minimo deste, Ihe permita explorar 0 maior ntimero de operdrios para desobrigar a si mesmos de todo 0 manual. Sem essa condigao, o pequeno patti nao poderia ter sido substituido pelo capi €.a produgio nao poderia revestir a forma da produgao capitalista. O minimo de magni capital que deve encontrar-se nas mios dos particulares apresenta-se agora com a concen de riqueza necesséria para a transformagio dos trabalhos isolados em trabalho coletivo, A gestao da indiistria pertence ao capital — No come¢o do capital, a sua gestio sobre balho tem um cardcer quase acidental. O operirio trabalha sob as ordens do capital no de que the vendeu a sua forga por carecer dos meios materiais para crabalhar por sua conta, Porém, desde 0 momento em que haja cooperagio entre operitios assalariados, a lo capital manifesta-se como uma condigio dispensivel da execugio do trabalho. Todo ot social ou comum reclama uma direcdo que harmonize as atividades individuais. Um que executa um solo ditige-se a si préprio; porém uma orquestra necessita de um disetor, fungio direta de vigilincia chega a ser a fungao do capital quando o trabalho que Ihe esté dinado se torna cooperativo, e, como fungio capitalista, adquire caracteristicas especiais. O CAPITAL _ Opoderoso aguilhio da produgio capitalisea é a necessidade de atribuir valor 0 capital; 0 seu im determinante € a maior fabricagao possivel de mais-valia, ou, 0 que € 0 mesmo, a maior agio possivel da forca de trabalho. A medida que aumenta o ntimero de operérios explo- em conjunto, maior é a sua forga de resisténcia contra o capitalista ¢ € preciso exercer uma io mais enérgica para domar toda essa resisténcia. Nas mios do capitalisea a direcdo nao é @fungio especial que nasce da natureza do trabalho cooperativo ou social; é, além disso, € tudo, a fungao de explorar 0 trabalho social, funcdo que tem por base 0 antagonismo ine- {entre 0 explorador e a forca que explora. " Aforca dessa diregao chega a ser infalivelmente despética. As formas particulares desse des- atismo desenvolvem-se & medida que se desenvolve a cooperacao. Ocapitalista comeca por dispensar o trabalho manual. Depois, quando aumenta o seu capital cum este a forca coletiva que explora, abandona a sua fungao de vigilncia imediata dos operérios ths grupos operdrios e a confia a uma espécie particular de assalariados. Quando chega a ntrar-se A testa de um exército industrial, necessita oficiais inferiores (vigilantes, inspetores, mtramestres) que, durante o trabalho, mandam em nome do capital. O trabalho de vigilancia mverte-se em fungio exclusiva desses assalariados especiais. "A gestio da indistria pertence ao capital, como nos tempos feudais pertenciam a propriedade orial a diregao da guerra e a administraco da justiga. Augusto Comte e a escola positivista am demonstrat a eterna necessidade dos senhores do capital; poderiam igualmente mas mesmas razGes demonstrar a dos senhores feudais. Sorga coletiva do trabalho aparece como uma forga propria do capital — O operatio é tério da sua forca de trabalho, posto que discute 0 prego de venda com o capitalista e s6 dle vender 0 que possui, a sua forca individual. E assim como o capitalista contrata com um uma centena de operdrios, independentes uns de outros e que poderia empregar separa- ente, O capitalisca paga separadamente a cada um dos 100 operirios a sua forca de trabalho, ém io paga a forga combinada dessa centena, a nova forca, omo pessoas independentes, os operirios so individuos isolados que se relacionam com 0 no capital, porém, Ovinculo entre as suas fungdes individuais, a sua unidade como corpo produtor, encontra-se dees, no capital que os retine. A sua cooperagao s6 comeca no ato do trabalho, desde entio a sua vontade prépria. Como figuram no trabalho, nao so mais que uma forma par- da existéncia do capital. forga produrora que os assalariados desenvolvem ao funcionar na qualidade de “trabalho 0” é, por consequéncia, forga produtora do capital. forga social de trabalho parece ser uma forca de que o capital esta dotado por natureza, produtora que originalmente lhe pertence, porque essa forca social do trabalho nada custa ital, e, além disso, porque o assalariado a desenvolve, depois que o seu trabalho pertence io uns com outros. !apoténcia coletiva do trabalho desenvolvida pela cooperacdo aparece como forma particular dlugio, a cooperacdo aparece como forma particular da produgio capitalista; nas mios do il, essa socializago do trabalho aumenta as forcas produtoras, unicamente para exploré-las mais proveito. COLECAO FOLHA LIVROS QUE MUDARAM 0 MUNDO 96 KARL MARX O modo de produgio capicalista de modo algum se apresenta como necessidade his | transformagio do trabalho isolado em trabalho coletivo. Ocorre porque 0 modo de | forma de cooperacao de trabalho utilizadas, se desenvolvem na historia em oposicio | layoura e pequeno oficio, que a cooperagio aparece como forma particular de produgio ' portanto a cooperagio capitalista no é na verdade, uma forma particular de c CAPITULO XIV Divisio do trabalho e manufatura 1 —Dupla origem da manufatura © 1 —0 trabalbador fraciondrio ¢ sua utili © IL — As duas formas fundamentais da manufatura — Mecanismo geral da mae nufatura — Agao da manufatura sobre 0 trabalho © IV — Divisao do trabalho manufatura ¢ na sociedade * V — Cardter capitalista da manafatura r 1 — Dupla origem da manufatura ~ A espécie da manufacura que tem pot base a trabalho reveste na manufatura a forma clissica e domina durante 0 perfodo priamente dito, que dura aproximadamente desde meados do século XVI até ao ti século XVII De uma parte, uma s6 fabrica pode reunir, sob as ordens do mesmo capitalista, oficios diferentes, por cujas maos deve passar um produto para ficar inteiramente carruagem foi o primeiro o produto de trabalho de grande niimero de artista it de outros, tais como carpinteiros, guarnecedores, torneiros, pintores, serralheitos, Vi ‘A manufacura de carruagens reuniu-os a todos em um mesmo local onde trabalham: fazem muitas carruagens de cada vez, cada operirio cem sempre a sua tarefa partic lizar. Porém, rapidamente se incroduziu uma modificagio essencial. O serralheiro, 0 etc., que 86 se tém ocupado na fabricagio de carruagens, perdem pouco a pouco 0 cost cle a capacidade de exercer 0 seu oficio em toda a sua extensio; limitado desde esse uma especialidade do seu oficio, a sua habilidade adquire a forma mais apropriada por. exercicio reduzido. Por outro lado, grande nimero de operdios, cada um dos que fabrica 0 mesmo ser ocupacios ao mesmo tempo pelo mesmo capitalista na mesma filbrica; essa € a sua forma mais simples. Cada operario faz a mercadoria inteira, executando st diversas operagdes necessarias. Em virtude de circunstancias exteriores, um dia, em com que cada um dos operitios execute as diferentes operagées, confia-se cada uma cialmente a um dentre aqueles, ¢, todas, em conjunto, aparecem entio executadas tempo pelos cooperadores, executando sé uma por cada um deles em lugar de {(sucessivamente cada operirio, Realizada essa divisio acidentalmente a primeira vez, ela \{mostra as suas vantagens ¢ acaba por ser uma divisio sistematica do trabalho. Do vidual de um operdrio independente que execute uma porgio de operagées diversas, a converte-se no produto social ce uma reunio de operirios, cada um dos quais efecua ‘mente a mesma operagdo por partes. O CAPITAL A origem da manufacura, sua procedéncia do oficio, apresenta, portanto, um duplo aspecto. Porum lado, tem por ponto de partida a combinagio de oficios diversos ¢ independentes, a qual sesimplifica até reduzi-los & categoria de operagdes parciais e complementares na produgio da mesma mercadoria. Por outro lado, apodera-se da cooperagio de artifices do mesmo género, decompde 0 seu oficio nas suas diferentes operagdes, isola-os e torna-os independentes, de tal sorte que, cada uma delas chega a ser fungio exclusiva de um erabalhador que, confeccionando s6 uma parte de um produto, no é mais que um trabalhador fracionério. Assim, portanto, ora combina Oficios distincos, cujo produto é a obra, ora desenvolve a divisio do trabalho em um oficio. Qualquer que seja.0 seu ponto de partida, a sua forma primitiva é a mesma: um organismo de producio, cajos membros so homens. Para compreender bem a divisio do trabalho na manufatura, é essencial nao perder de vista ®sdois pontos seguintes: 1") a execugio das operagdes no deixa de depender da forca, da habili- dade e da rapidez do operdrio no manejo da sua ferramenta; por isso, cada operitio fica adstrito ‘4uma fungo pormenorizada, a uma fungao fracionéria por toda a sua vida; 2") a divisio manu- fitureira do trabalho é uma cooperagio de género particular; sem divida, as suas vantagens dependem principalmente nao dessa forca particular, mas da natureza geral da cooperacio. 1-0 trabalbador fraciondrio e sua utilidade ~ O operitio fracionério converte todo o seu \) em 6rgdo mecanico em uma sé operagdo simples, executada por ele durante a sua vida, de |) a que chega a executé-la com mais rapidez que o artifice que executa toda uma série de ope- Comparada com 0 oficio independente, a manufatura, composta de trabalhadores fracio- prové, portanto, mais produtos em menos tempo, ou por outros termos, aumenta a forga lutiva do trabalho. O artifice que tem que efetuar operagies diferentes deve mudar muitas vezes de lugar e de rumentos. A mudanga de uma operaco para outra ocasiona interrupgées no trabalho, inter~ improdutivos, os quais desaparecem, deixando mais tempo & produgio, a medida que, em le da divisio do trabalho, diminui para cada trabalhador o néimero de trocas de operacoes. outro lado, esse trabalho continuo ¢ uniforme acaba por fatigar o organismo, que encontra « e satisfagdo na atividade variada, Quando as partes do trabalho dividido chegam a ser fungGes exclusivas, o seu método aperfeigoa- : Quando se repete constantemente um ato simples e se concentra nele a atengio, chega-se a pela experiéncia o efeito titil desejado com 0 menor gasto possivel de forca, e, como re, diversas geracdes de operdrios vivem ¢ trabalham ao mesmo tempo nas mesmas fabricas, processos técnicos adquiridos, os chamados macetes do oficio, acumulam-se ¢ transmitem-se, ntando assim a poténcia produtora do trabalho Aprodutividade do trabalho nao depende sé da habilidade do operdrio, mas, também, da per- dos seus instrumentos. A mesma ferramenta pode servir para operagGes distintas; 3 medida sas operagées se separam, 0 utensilio abandona a sua forma tinica e subdivide-se cada vez em variedades diferentes, cada uma das quais possui uma forma propria para um s6 uso, mais adequada para esse uso. O perfodo manufatureiro simplifica, aperfeicoa e muleiplica instrumentos de trabalho, acomodando-os as fungées separadas dos operitios fracionétios. 0 trabalhador fraciondtio ¢ o seu utensilio. Eis os elementos simples da manufatura, cujo ismo geral examinaremos. COLECAO FOLHA LIVROS QUE MUDARAM 0 MUNDO. 98 KARL MARX IIL As duas formas fundamentais de manufatura — \ manufatura apresenta duas formas fundamentais que, no obstante o seu carter acidental, constituem duas espécies essencialmente distintas, que desempenham papéis muito diferentes ao ocorrer a transformagio, que depois tem lugar, da manufacura & indéstria moderna. Esse duplo carter depende da natureza do produto, que deve a sua forma definitiva a um simples ajuste mecainico de produtos parciais independentes, ou a uma série de transformagdes ligadas umas as outras. ‘A primeira espécie prové produtos, cuja forma definitiva é uma simples reuniao de produtos parciais, que até podem ser executados como oficios distincos; um produto tipico dessa espécie 6 0 reldgio de pulso. O relgio constitui o produto social de imenso nimero de trabalhadores, tas, como 0s que fazem as molas, os cilindros, os mostradores, ponteiros, caixas, parafusos, os fornas, etc. As subdivisdes abundam. Hé, por exemplo, os fabricantes de rodas (rodas de latio ¢ rodas de aco, separadamente), os que trabalham em molas, eixos, escapes, balancins, o lustrador das rodas e dos parafusos, o pintor dos algarismos, o gravador, o polidor da caixa, etc. ¢ por tiltimo o ajus tador que retine esses elementos separados ¢ entrega o relégio completamente concluido. Porém, esses elementos, to diversos, tornam inteiramente acidental a reunidio em uma mesma fibrica dos operdrios que os preparam; os operirios domicilirios que executam em suas casas esses ttt balhos de modo auténomo, porém, por conta de um capitalista, fazem, entre si, com efeito, uma, terrivel concorréncia em proveito do capitalista, que economiza além disso as despesas de escrit6ri, Lassim, a exploragio manufacureira s6 dé beneficios em circunstncias excepcionais. ‘A segunda espécie de manufatura, a sua forma perfeita, prové produtos que procedem de toda uma série de desenvolvimentos graduais; na manufacura de alfinetes, por exemplo, o arame de Jaco passa pelas mos de uma centena de operdrios aproximadamente, cada um dos quais efetua operagdes distintas. Combinando oficios, que eram ances independentes, uma manufatura desse género diminui o tempo entre as diversas operagées € 0 ganho em forga produtiva, que resulta dessa economia de tempo, depende do carter cooperativo da manufacura. Mecanismo geral da manufatura — Antes de chegar 2 sua forma definitiva, 0 objeto de er balho, o lato, por exemplo, na manufacura de alfinetes percorre uma série de operagdes que, dado © conjunto dos produtos em operagio, crabalham todas simultaneamente; vé-se executar por sia vez o corte do arame, a preparagio das cabecas, o desengrossar das pontas, etc.; 0 produto aparece assim em um dado momento em todos os seus graus de transformagao. Como o produto parcial de cada trabalho fracionado é um s6 em grau particular do desen- ‘volvimento da obra completa, o resultado do trabalho de um é 0 ponto de partida do trabalho ide outro. 1 © tempo de trabalho necessétio para se obter em cada operagio parcial o efeico stil desejado estabelece-se experimentalmente, ¢ 0 mecanismo total da manufacura funciona com a condigio de que em um dado tempo deve obter-se um resultado determinado. Desta maneira, os trabalhos diversos complementares podem marchar paralelamente e sem interrupgio. Essa dependéncit imediata, em que se encontram reciprocamente trabalhos e trabalhadores obriga a cada um empregat 36 0 tempo necessério na sua fungio e aumenta, por esse fato, o rendimento do trabalho. 1 ‘As operagies diferentes exigem, sem diivida, tempos desiguais e consequente fornecimento em tempos iguais de quantidades desiguais de produtos parciais. Assim, portanto, para se conse: _guir que o mesmo operrio execute todos os dias uma s6 operagao sem perda de tempo € necesséria O CAPITAL pregar para operacées diferentes quantidades diversas de operrios; quatro fundidores, por nplo, para dois operdrios de composigo e um raspador, em uma fabrica de caracteres de sa; em uma hora o fundidor funde s6 2.000 caracteres, enquanto 0 operdrio de composi¢ao 4,000 € 0 raspador raspa 8.000 no mesmo espaco de tempo. Uma vez determinado pela experiéncia, para uma dada cifra de produgio, 0 ntimero propor- mais conveniente de operarios em cada grupo especial, unicamente se pode aumentar essa aumentando cada grupo especial proporcionalmente ao seu niimero de trabalhadores. O grupo especial pode no consistir apenas de operdrios que realizam a mesma tarefa, mas mbém de trabalhadores, cada um com a sua fungo particular na confecgao de um produto ial. O grupo consticui entio uma equipe de trabalho perfeitamente organizada. Os operérios 0. compdem formam outros tantos érgaos diferentes, de uma forca coletiva, que funciona da cooperagaio imediata de todos. Mas, faltando um deles, o grupo, de que ele faz parte, isa. Finalmente, da mesma maneira que a manufacura deriva em parte de uma combinagio de 0s diferentes, pode também desenvolver-se combinando diferentes manufaturas. Desse modo, fibricas de vidro importantes, fabricam-se os cadinhos de argila de que se necessitam. ufacura do meio de produgio une-se 2 manufatura do produto em que este entra como ia-prima. Nesse caso, as manufaturas combinadas formam segdes da manufatura total, ainda constituam atos independentes de produgio, cada um dos quais tem a sua divisio distinea fabalho. Apesar das suas vantagens, a manufacura combinada ndo adquire verdadeira unidade io depois da transformagao da indtistria manufatureira em inddstria mecanica. Com a manufacura tem-se desenvolvido também em alguns pontos 0 uso das méquinas, do para certos trabalhos de simples preliminares, que s6 se podem executar em grande com gasto considerdvel de fora, tais como o de partir 0 mineral nos estabelecimentos lirgicos. Porém, em geral, no perfodo manufatureiro as méquinas desempenham um papel ndirio, do da manufatura sobre 0 trabalbo — A equipe de trabalho coletivo, formada pela combi- io de grande ntimero de operirios fracionados constitui o mecanismo proprio do periodo mfarurciro. AS diversas operacées que o produtor individual de uma mercadoria executa sucessivamente, se confundem no\conjunto do seu trabalho, exigem qualidades de diferentes indoles. Em precisa empregar mais habilidade, noutra mais forga, em uma terceira mais atengio, etc., € dentes as distintas operagdes, os operdrios so classificados segundo as faculdades que em cada um deles. Dessa forma, a equipe de erabalhado coletivo possuii todas as facul- producivas requeridas, que nao € possivel encontrar reunidas no trabalhador individual ¢ © mais econémica € utilmente possivel, empregando as individualidades que compoem fancies adequadas as suas qualidades. Considerado como membro do trabalho coletivo, 0 hador fracionado chega a ser mais perfeito na medida em que é mais incompleto. hibito de uma fungdo nica converte-o em 6rgio infalivel e aut6mato dessa fungio, a0 tempo em que o conjunto do mecanismo o obriga a trabalhar com a regularidade de uma maquina, COLECAO FOLHA LIVROS QUE MUDARAM 0 MUNDO. individuo nao possui todas essas faculdades no mesmo grau. Uma vez separadas ¢ feitas | 100 KARL MARK Sendo as fungées do trabalhador de uma equipe mais ou menos simples, mais ou menos ele: vadas, os seus rg, isto é, as forcas individuais de trabalho, devem ser também mais ou menos simples, mais ou menos desenvolvidas; essas forcas possuem, por consequéncia, valores distintes Dessa forma, para responder a hierarquia de forgas de trabalho, se estabelece uma graduagio de salérios. “Todo o ato de produgio exige certos trabalhos de que qualquer um é capaz: esses trabalhos so separados das operacées principais que 0s necessitam ¢ convertidos em fungies exclusives ‘A manufacura produz, portanto, em cada oficio que entra em seu dom{nio, uma categoria de simples manipuladores. Depois de bem cesenvolvida a especialidade isolada até o ponto de fet dela uma habilidade excessiva a expensas da poténcia do trabalho integral, comeca também pot fazer uma especialidade da falta de todo 0 desenvolvimento, Ao lado da graduagio hierérquice constitui-se uma divisio simples dos trabalhadores em habeis e inabeis. Para estes tiltimos so nulas as despesas de aprendizagem; para os primeiros so menores que «9s que supostamente tem aprendido o oficio no seu conjunto; em ambos os casos a forga de trabalho pperde o seu valor. A perda relativa de valor da forga de crabalho, que depende da diminuigéo ou desaparigdo das despesas de aprendizagem, ocasiona um aumento de mais-valia: com efeit, eudo co que diminui o tempo necessério para a produgio da fora de trabalho acrescenta por este mesm® fato 0 dominio do trabalho extraordinsrio IV ~ Divisio do trabalho na manufatura e na sociedade ~ Examinemos agora a relago entre a divisio manufatureira do trabalho e sua divisio social, distribuigo dos individuos entre as diversas profissées, que forma a base geral de toda a produgio mercantil. Limitando-nos a considerar o trabalho em si, podemos designar a separacio da produgio social nos seus grandes ramos: incvistria, agricultura, etc., com o nome de divisao do trabalho em geral a separacio desses grandes géneros de produgio em espécies ¢ variedades sob a divisio do trabalho em particular; e, por Gleimo, a divisio na fabrica com o nome de trabalho pormenorizado. Da mesma maneira que a divisio do crabalho na manufacura admite, como base material certo mimero de operdrios ocupados ao mesmo tempo, assim também a divisto do trabalho mi sociedade admite uma populacio bastante numerosa ¢ bastante compacta, que corresponde aglomeraciio dos operdrios na oficina. 4 ‘A divisio manufatureira do trabalho generaliza-se apenas onde a sua divisio social jé chegou certo grau de desenvolvimento, e, como resultado, desenvolve ¢ muleiplica esta Gltima subdivisio ‘em uma profissio, conforme a variedade de suas operagdes, organizando essas diferentes operagies em oficios distintos. 4 ‘Apesar das semelhangas ¢ relagies que existem entre a divisio do trabalho na sociedade € divisto do trabalho na fabrica, existe entre elas uma diferenga essencial. ‘A semelhanga parece surpreendente onde os diversos ramos de indiistria esto unidos por intimo. O criador de gado, pot exemplo, produz peles; o curtidor converte-as em couro, €0 transforma o couro em sapatos. Nessa divisio social do trabalho, como na divisto manuf cada um prové um produto gradual ¢ o ‘iltimo produto € a obra coletiva de trabalhos especiais Porém, o que € que constitui a relagio entre os trabalhos independentes do criador de do curtidor e do sapateiro? Seus respectivos produtos serem mercadorias. E, pelo contritio, é a caracteristica propria da divisio manufatureira do trabalho? O fato de os trabalhadores O CAPITAL Siondrios nao produzirem mercadorias, sendo mercadorias somente 0 seu produto coletivo. A divisio ‘manufacureira do trabalho admite uma concentragao de meios de producao nas maos do capita- lista; a divisio social do trabalho admite a disperstio dos meios de produco entre grande ntimero dk produrores comerciantes, independentes uns dos outros. Enquanto na manufatura « proporcio indicada pela experiéncia determina o nimero de operitios vinculados a cada fungao particular, acaso eo arbitrétio imperam da maneira mais desregrada na distribuig&o dos produtores e dos seus meios de produgo entre os diversos ramos do trabalho social. Os diferentes ramos da produgio que se empregam ou restringem, segundo as oscilagdes dos Bregos do mercado, tendem, sem diivida, a buscar o equilibrio pela pressio de catdstrofes. Porém, fsa tendéncia a equilibrar-se ndo € mais que uma reacio contra a destruigdo continua desse equlibrio. A divisio manufacureira do trabalho impée a autoridade absoluta do capitalista sobre homens ftansformados em simples membros de um mecanismo que Ihe pertence. A diviséo social do } Imbalho pae frente a frente os produtores que no conhecem mais autoridade que a da concor- | as nem outraforca que nio seja a pressio que sobre eles exercem os seus interesses recfprocos. | Bessa conscigncia burguesa, que preconiza a divisio manufatureira do trabalho, isto é a concle, Perpétua do rabalhador a uma operagio pormenorizada, fracionada, e a sua subordinagio lire 20 capicalista,levanca a voz, indigna-se quando se fala de intervencio, de regulamentagio, owanizacio regular da producao! Denuncia toda a tentativa dese género como um ataque a os direitos da propriedade e liberdade. “Quereis, pois, converter a sociedade em uma fabrica?”, vociferam entdo esses partidarios iastas do sistema da fabrica, Ao que parece, o sistema das fibricas sé € bom para o proletério, anarquia na divis%o social eo despotismo na divisdo manufatureira do trabalho caracterizam iedade burguesa. Enquanto a divisio social do trabalho, com ou sem troca de mercadorias, pertence as formas licas das sociedades mais diversas, a divisio manufatureira é uma criacao especial do sistema producto capitalista. V- Candter capitalista da manufatura ~ Com a manufatura e a divisio do trabalho, 0 ‘minimo de operitios que um capitalista deve empregar € imposto a ele pela divisio do ho estabelecido; para obter as vantagens de uma divisio maior necessita aumentar o seu + « como jd vimos, o aumento deve recair ao mesmo tempo, segundo proporcées determi sobre todos os grupos da oficina, Esse acréscimo da parte do capital consagrada & compra Horas de trabalho, da parce variavel, necessita nacuralmente o da parte constante, antecipad: Icios de producio ¢, sobretudo, em matérias-primas. A manufatura aumenta, portanto, 0 imo do dinheiro indispensavel ao capicalista. Amanufatura revoluciona totalmente o sistema de trabalho individual e ataca na sua raiz a ! de trabalho, Mutila 0 trabathador, faz dele algo monsttuoso, ativando o desenvolviments ical da sua descreza fracionéria, em prejuizo do seu desenvolvimento geral. O individu fes tido em mola auromitica de uma operacao exclusiva. Ao adquirir destreza, em detriments inceligéncia, os conhecimentos ¢ o desenvolvimento intelectual, que dele desaparecem, fam-se em outras dreas como um poder que o domina, poder alistado ao servico do COLECAO FOLHA LIVROS QUE MUDARAM 0 MUNDO 101 102 KARL MARX. Originariamente, 0 operitio vende ao capital a sua forca de trabalho porque Ihe faltam os meios materiais de produgio, Desde 0 momento em que, em lugar de possuir todo um oficio, de saber executar as diversas operagdes que contribuem para a produgio de uma obra, tem o operitio a necessidade da cooperacio de maior ou menor ntimero de companheiros, para que a tinica fungi parcial, que é capaz de realizar, seja eficaz; enquanco, em suma, isoladamente € apenas um aces: sério que nao tem utilidade, pois nao pode obter servigo formal da sua forga de trabalho, se ni a vende. Para poder funcionar necessita um meio social, que s6 existe na fabrica do capitalista, ‘A cooperacio, fundada na divisio do trabalho, isto é, na manufatura, é, em seus principis, uma operagio espontanea e inconsciente. Enquanto adquire alguma consisténcia e base suficien- temente ampla, chega a ser a forma reconhecida e metédica da produgio capiralista ‘A divisdo do trabalho, que se desenvolve experimentalmente, é somente um método particulat de aumentar o rendimento do capital a expensas do trabalhador. Aumentando as forcas produtivas do trabalho cria-se circunstancias novas, que asseguram a dominagio do capital sobre o trabalho, Apresenta-se, portanto, como um progresso histérico, periodo necessério na formagaio econémict da sociedade, € como meio civilizado ¢ refinado de exploragio. , Enquanto a manufacura é a forma dominante do sistema de produgao capitalista, a realizagio das tendéncias dominadoras do capital encontra, sem diivida, obstéculos. A habilidade no oficio fica sendo, apesar de tudo, a base da manufacura: os operdtios hébeis sdio os mais numerosos € no se pode prescindir deles; tém, por conseguinte, certa forga de resisténcia; o capital tem qt lucar constantemente contra a sua insubordinacio. CAPITULO XV Maquinaria e inddstria moderna 1 Desenvolvimento da maquinaria — Desenvolvimento da indistria moderna ¢ HL = Valor transmitido pela mdquina ao produto © IIL ~ Trabalho das mulheres e dos menores ~ Prolongamento da jornada de trabalho — 0 trabalho mais intensificado * IV —A fabrica © V — Luta entre 0 trabathador ¢ a mdquina * VI — A teoria da compensagdo *\YU ~ Os operdvios alternadamente deslocados da fabrica ¢ atratdos por ela © VIII ~Supressa da couperagao fundada no oficio e na divisio do trabalho Reagao da fabrica sobre a manufatura eo trabalho domiciliar — Da manufatura moderna e do trabalho domiciliar @ indiistria moderna + IX —Contradigdo entre a natureza da indistria moderna ¢ a sua forma capitalista ~ A fédbrica e a instrugda A fidbrica ea familia — Consequéncias revoluciondvias da legislaga da fabrita © X = Indiistria moderna ¢ agricultura 1 — Desenvolvimento da maquinaria — Como todo 0 desenvolvimento da forca produtiva trabalho, o emprego capitalista das méquinas s6 tende a diminuir o prego das mercadorias 6 consequéncia, tornar menor a parte da jornada que o operdrio trabalha para si préprio, a fim: prolongar a outra parte em que trabalha para o capitalista; é como a manufatura, um particular para fabricar mais-valia relativa,

You might also like