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17/6/2014 Capitalismo: vai sobreviver?

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17 de junho de 2014

Capitalismo: vai sobreviver?


Publicado por Luiz Flávio Gomes - 3 dias atrás

Todos nós, mesmo não sendo economistas, só entenderemos o mundo em que vivemos depois de compreendermos (especialmente) as estruturas básicas da
economia. Sem isso, é dar tiros no escuro (é viver na escuridão e, muitas vezes, na servidão). O capitalismo é o melhor sistema econômico já inventado pelo
humano (isso hoje é quase um consenso absoluto, sobretudo depois da queda do muro de Berlim em 1989). Ele é muito melhor que o feudalismo (vigente até
o século XV) e que o comunismo (inventado depois de Marx). Mas quando extremamente desigual (ou seja: quando selvagem) é ruim para a saúde, para a
economia, para a educação, para o bem-estar, para o crescimento do país etc. (veja Wilkinson e Picketty). É ruim para todos, com exceção, evidentemente,
para aqueles que concentram em suas mãos quase toda a riqueza da nação. A sobrevivência do atual capitalismo passa necessariamente pela redução das
desigualdades brutais (globais e locais). Essa é a conclusão a que chegou o economista francês Piketty (com o qual concordo plenamente), autor do livro de
maior sucesso mundial no momento, O capital no século XXI (a tradução em português estará disponível em novembro/14), que afirmou (para a Veja):

“Acredito no capitalismo, não apenas como origem de eficácia e crescimento, mas também como elemento de liberdade individual (…). Mas vejo que há um
risco se não mostrarmos que existem formas de repartir os ganhos da globalização de forma mais equilibrada. Para que o processo virtuoso do capitalismo
continue, é preciso que todos se beneficiem. Caso contrário, surgem tentações como as que assombrtam a Europa hoje [grupos extremistas de direita que
podem levar ao fascismo] (…) Não deveriam ter medo do meu livro, sim, da desigualdade (…) A educação é e continuará sendo a maior força de redução da
desigualdade”.

Não é preciso ser economista para se notar a inflação (o aumento dos preços das mercadorias) nem tampouco as coisas óbvias: o modelo econômico
brasileiro (que nunca deixou de ser selvagem) assim como o sistema mundial globalizado praticado nas últimas três décadas está inviabilizado (está na UTI).
É paciente nas últimas necessitado de muito remédio. Os EUA tiveram crescimento negativo (-2) no primeiro trimestre de 2014. O varejo norte-americano
demite pessoas (Macy’s vai demitir 2,5 mil funcionários) e deve fechar 1,5 mil lojas em dois anos (a Staples vai fechar 225 lojas; Abercrombie & Fitch, 180;
RadioSheck; 1,1 mil; Sears, 180; Penney, 33, com demissão de 2 mil funcionários etc. – veja Estadão 11/6/14, p. B11). Por quê? Porque as vendas estão
em queda e o lucro em baixa. Claro: capitalismo sem consumidor é como carro sem motor (não anda). O país que achata os salários, esmaga a classe
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média e joga milhões no desemprego está querendo matar o capitalismo. Estão marcando gols contra o próprio time.

Outro grave problema: muitas empresas não estão investindo nos seus negócios, não estão gerando mais empregos, ao contrário, estão entrando na ciranda
financeira (ganhos com rendas, aluguéis e ações). O sistema (diz Kostas Vergopoulos –Le Monde Diplomatique Brasil, n. 81), “estaria exausto, sem nenhum
remédio que pareça capaz de socorrê-lo, tendo ainda de enfrentar problemas sociais que agravam um pouco mais a corrosão do edifício. De um lado, o
crescimento das desigualdades enfraquece a classe média, considerada fiadora da estabilidade da socieadade, das instituições e da democracia; de outro, o
desemprego em massa leva ao mesmo tempo a uma perda de rendimentos (para a nação) e de lucros potenciais (para o capital)”. Sem salários dignos e uma
sólida classe média não existe dinheiro para comprar, sem dinheiro não tem consumo, sem consumo não tem capitalismo sadio, equitativo e equilibrado. O
círculo vicioso está instalado nos EUA, no Brasil etc., que se transformaram em países estacionários (como dizia Adam Smith, o pai do capitalismo
moderno). E país estacionário não tem progressos, sem progressos não tem sociedade sustentável e por aí vai.

Publicado por Luiz Flávio Gomes

Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-


presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a
1983), Juiz...

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Disponível em: http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/123321200/capitalismo-vai-sobreviver

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