MATOS, Olgária F. C. A escola de Frankfurt: luzes e sombras do Iluminismo.
São Paulo: Moderna, 1993.
De diferentes maneiras, traduziram a desilusão de grande parte dos
intelectuais com respeito às transformações do mundo contemporâneo, seu ceticismo quanto aos resultados do engajamento político revolucionário, mas também o desejo de autonomia e independência do pensamento p. 5.
Em 1933, a direita concentrada no Partido Nacional Socialista, deu a vitória a
Hitler em eleição direta, o que abriu caminho para a perseguição e destruição das organizações dos trabalhadores e de seus partidos representativos p. 6.
Em nome de uma racionalização crescente, os processos sociais são
dominados pela ótica da racionalidade científica, característica da filosofia positivista. Nessa perspectiva, a realidade social, dinâmica, complexa, cambiante, é submetida a um método que se pretende universalizador e unitário, o método científico p. 7.
A racionalidade da dominação da natureza para fins lucrativos, colocando a
ciência a serviço do capital, é a primeira forma da ditadura, “a ditadura da produção”. Estas observações levaram Horkheimer e seus colaboradores do Instituto a considerar as relações entre capitalismo e fascismo p. 7.
O fascismo é a sociedade liberal que perde seus escrúpulos p. 7.
A crítica à razão torna-se a exigência revolucionária para um advento de uma
sociedade racional, porque o mundo do homem, até hoje, não é o mundo humano, mas o mundo do capital p. 8.
O método dialético de interpretação da história não é o estabelecimento prévio
de um caminho a ser seguido, mas uma orientação nas possibilidades revolucionárias de que cada época é portadora. Era esse sentido originário da dialética que, segundo Lukács, estava se perdendo em favor da fetichização. Tal como o fetiche nas tribos ditas primitivas, a dialética converteu-se num instrumento mágico em um sentido preciso: o dogmatismo. A fetichização da dialética significou sua petrificação positivista, mescla de positivismo e marxismo pp. 14-15.
Vê na perda das relações tradicionais na sociedade o início da racionalização e
da formalização dos laços pessoais em um mundo agora desencantado. O desencantamento com o mundo e a formalização da razão caminham juntos. Weber mostra de que maneira o mundo é despojado de seus aspectos místicos, míticos, sagrados e proféticos; o real torna-se mecânico, repetitivo, causal. O mundo assim desencantado deixa um imenso vazio na alma p. 17.
A Teoria Crítica, tal como concebida pela Escola de Frankfurt, é, em larga
medida, uma “escola de desencantamento”. A crítica à racionalização que desencanta o mundo dos frankfurtianos encontra elementos de redenção nos românticos. O romantismo é “a noite estrelada à luz do luar”. Um aspecto importante do romantismo, mais tarde estabelecido pela Teoria Crítica, é o reencantamento do mundo pela imaginação, em particular pela imaginação na arte p. 18.