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APRESENTAÇÃO



Marcelo Santos Braga, 33 anos, nascido em Vitória, Espirito Santo, morador do Rio de
Janeiro desde os 6/7 anos de idade.


Fotógrafo, formado no curso de FOTOGRAFIA, Graduação Técnica (duração de 2 anos e
meio - 2006/2009), pela faculdade Estácio de Sá.


Trabalho como autônomo há 12 anos, desde que comecei a fazer incursões culturais em
diversas comunidades do Rio de Janeiro, com grupos de grafiteiros, ao que na época,
também grafitava. As incursões foram ganhando cada vez mais força e começaram os
movimentos maiores, levando cultura para essas comunidades, através do grafite, poesia,
malabares, dança, música e tudo mais ligado as artes. Os projetos foram aumentando o
número de comunidades atingidas e eram dos mais variados, tais quais a “INVASÃO
CULTURAL” em resposta às invasões opressoras do estado armado, dentro das
comunidades. Entre alguns projetos, como o MEETING OF STYLES (grafite) e o MEETING
OF FAVELAS (MOF) fui deixando em segundo plano a parte de executar o grafite, para
registrar os eventos e tudo que envolvia e representava essas ocupações culturais, para
através da fotografia, perpetuar e ressaltar a importância de eventos desse porte, levando
arte em todas as suas formas, à quem raramente tem acesso à ela.


Nos dias atuais, faço uma breve análise do que venho buscando através do meu trabalho
fotográfico autoral:


FOCO MAIOR: Fotografia etnográfica cultural e dos povos tradicionais

Por morar no Rio de Janeiro, quase que por toda a vida, especialmente na vida adulta,
percebi que queria entender mais sobre as culturas tradicionais do Brasil. Foi através do
meu trabalho autoral e autônomo com a fotografia que encontrei o sentido dessa busca. 


Até hoje, por iniciativa própria, busco contar a diversidade que nos cerca, tentando
entender cada vez a diversidade e a importância de respeitar e dialogar com as crenças e
costumes. Esse trabalho, me faz refletir e questionar sobre o que nos chega como “modo
ideal”de se viver.


Tenho observado, nos momentos singulares nos quais me envolvo, que cada um, cada
pessoa, em sua particularidade é rica em conhecimento e história, e com a fotografia, tento
transpassar a minha relação naquele instante. Sei da responsabilidade que tenho, ao fazer
aquele registro. O momento será observado a partir do momento que “revelo”a fotografia
para o mundo. 


Nesses registros que busco fazer, me importo e faço questão de me sentir presente no
ambiente, assim, acabo criando uma relação mais próxima com as pessoas fotografadas, e
sendo assim, a fotografia passa a ser um detalhe nessa relação. 


Os registros que seguem, são da festa de Yemanjá, no Rio Vermelho, em Salvador, Romaria
de Nossa Senhora D`Abadia, em Vão de Almas, Goiás, que é o maior território Quilombola

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do Brasil e da Aldeia Multi-étinica, em Alto Paraíso, Goiás, na qual trabalhei como
voluntário. 


A maior dificuldade que sinto com meu trabalho fotográfico é fazer com que as pessoas
reflitam de fato, sobre as diferenças que nos envolve. Por ser de uma metrópole, como o
Rio de Janeiro, percebo que a sociedade em sua maioria, ignora os povos tradicionais e
costumes ancestrais. 


Muitas vezes fui questionado e ainda sou por retratar as diferenças culturais. Acho legal
quando surge essa questão, porque me mostra que despertei curiosidade em alguém que
pode a partir da reflexão, expandir mais a mente e observar com maior atenção algo que
até então era ignorado. 


Infelizmente, ser “diferente" é rotulado como algo negativo, numa sociedade cada vez mais
homogênea, ao meu ver. Vejo uma corrente e tentativa de padronizar uma maneira correta
de se viver, e toda vez que volto de uma pesquisa em campo, tenho admiração e respeito
cada vez maior pelo "diferente". Vejo ali um orgulho, uma felicidade e uma conexão do ser
com seus valores mais íntimos.

Acredito que o exercício de reflexão seja fundamental para o aprendizado humano, de

saber conviver com o que não faz parte do seu mundo particular. 



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BREVE PORTFOLIO RECENTE DE FOTOGRAFIAS

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Finalidade do projeto e qual o retorno
para comunidade indígena 


Como fotógrafo documentarista, focado na parte de antropologia visual, busco a
preservação dos valores etnográficos de cada povo retratado, e para que isso seja
possível, é necessário uma imersão no cotidiano da aldeia, para assim, ter
primeiramente uma aceitação do grupo à minha presença.


A partir da aceitação do grupo, acho importante desenvolver um trabalho simplista
de cotidiano, dando uma narrativa natural ao dia a dia da aldeia e da comunidade
indignena. Muito do que chega sobre assuntos referentes aos povos indígenas,
principalmente nos principais veículos de comunicação é referente à conflitos, e em
grande parte, deturpados, forçando uma narrativa que gera a antipatia social para
com os povos tradicionais, ancestrais do Brasil.


Nesse trabalho autoral e antropológico, que venho desenholvendo, busco dar
ênfase na alegria, e nos valores passados de geração para geração, tendo como
exemplo, o trabalho feito em 2015 junto da etnia Guarani Kaiowá, no Tekoha
Guaiviry, um Tekoha de retomada de sua cultura depois de 25 anos, forçados à
serem inseridos nos costumes não indígenas, assim, perdendo bastante sua
identidade, como a língua materna, cantos, rezas, ensinamentos gerais e
conhecimentos gerais de seus valores e relação com a natureza que os cerca e sua
própria natureza.


o link para esse projeto pode ser acessado aqui:


https://www.facebook.com/marcelo.s.braga/media_set?set=a.
1045669198839860.1073741878.100001903705367&type=3 


Sei da responsabilidade que é retratar um povo, por isso, acho importante uma
imersão, para que as imagens feitas, não sejam meramente estéticas e sem nexo.

Há a necessidade de se contar a história através da visão do próprio povo retratado,
assim, seria importante, conversar com lideranças, rezadores, professores, para dar
o real significado desse projeto, que pode ser colaborativo, na questão de retorno
para a comunidade.


Podemos desenvolver juntos, um material de preservação de sua história, através
de imagens, contos, estórias e tudo mais que acharmos relevante.


Como observador da sociedade em geral, reparo e repito que muitas das vezes que
se fala sobre uma etnia ou comunidade indignena, se destaca a violencia e conflitos.
Tenho total apoio e respeito pela causa e luta dos povos indígenas por seus direitos,
e por isso, de forma autonoma, escolho esse caminho da fotografia, para poder
mostrar a dimensão de se preservar e aprender cada vez mais com os povos
originais, e, em forma de imagem fotografica, creio que seja legal registrar o amor,
pureza e alegria dos povos.


Tendo a oportunidade de imersão e registros, acredito que o retorno para a

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comunidade indígena retratada possa ser a criação e enriquecimento de um acervo
de sua história, assim, de alguma forma a pensar junto com a comunidade, e de
uma maneira viável, a entrega uma copia do material produzido, tanto para a
comunidade, quanto para quem for da importância dessa comunidade.


Atento, que tudo pode ser discutido, para se chegar num senso comum, onde a
comunidade em questão se sinta segura e feliz com minha presença, ressaltando
que como fotografo, profissional, autônomo ha 12 anos, RESPEITO demais as
pessoas que fotografo, e por minha formação na escola da vida, sei que o respeito
deve vir em primeiro lugar.


Desde já, agradeço pela atenção deferida, e me coloco à disposição para o dialogo,
esclarecimento de dúvidas e assuntos referentes à essa possibilidade.


Obrigado, atenciosamente


Marcelo Santos Braga


Mury, Rio de Janeiro, Brasil em 27 de Fevereiro de 2018

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