16º Domingo do Tempo Comum - DOMINGO DE MARTA E MARIA
Neste domingo, chamado de domingo da hospitalidade, vamos
acompanhando Jesus em sua viagem para Jerusalém. No caminho, Ele se encontra com duas discípulas, Marta e Maria, que de maneira diferente oferecem a Jesus a hospitalidade. O episódio de Marta e Maria, narrado pelo Evangelho de hoje, destaca a necessidade vital da escuta da Palavra de Jesus. Depois de mostrar a importância do amor ao próximo através da narrativa exemplar do bom samaritano, o evangelista salienta o dever essencial da escuta e estudo da Palavra de Deus. Além do amor ao próximo, que deve impulsionar as pessoas a se socorrem mutuamente, há o amor contemplativo, colocado por Jesus como o primeiro dever dos discípulos (as). A fé contemplativa é fundamental para manter vivo o serviço ao próximo, a dedicação total ao Evangelho de Cristo. Durante a longa caminhada para Jerusalém, Jesus entra em uma aldeia, na casa de duas mulheres discípulas: Marta e Maria. A finalidade de Lucas é mostrar duas atitudes sobre o acolhimento de Jesus: O serviço generoso de Marta e a escuta atenta de Maria. Ação e contemplação são duas atitudes complementares da missão. Muitas vezes, este episódio foi lido à luz da oposição entre ação e contemplação; no entanto, não é bem isso que aqui está em causa... Lucas não está, nesta catequese, a explicar que a vida contemplativa é superior à vida ativa; está é a dizer que a escuta da Palavra de Jesus é o mais importante para a vida do crente, pois é o ponto de partida da caminhada da fé. Isto não significa que o "fazer coisas", que o "servir os irmãos" não seja importante; mas significa que tudo deve partir da escuta da Palavra, pois é a escuta da Palavra que nos projeta para os outros e nos faz perceber o que Deus espera de nós. A escuta da Palavra do Senhor é condição para que o serviço, a diakonia não se torne estéril agitação. “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (11,28). A primeira leitura propõe-nos a figura patriarcal de Abraão. Nessa figura apresenta- se o modelo do homem que está atento a quem passa, que partilha tudo o que tem com o irmão que se atravessa no seu caminho e que encontra no hóspede que entra na sua tenda a figura do próprio Deus. O cenário da história é o carvalho de Mambré, onde, Abraão havia construído um altar para o Senhor (cf. 18,1; cf. 13,18). Trata-se de um lugar sagrado, que caracteriza a presença divina que visita o ser humano. Por causa do forte calor, Abraão senta-se à porta da tenda, levanta os olhos e vê três homens de pé diante dele. Os peregrinos procuram abrigo do calor e um lugar para descansar. Abraão não sabe quem são os caminhantes, mas os trata com uma bondade particular. Ele vai correndo ao encontro deles, prostra-se por terra e humildemente oferece hospitalidade. A gratuidade de Abraão, manifestada aos mensageiros de Deus, é recompensada com um dom muito mais valiosos: o anúncio do nascimento de um filho, tão longamente esperado. A promessa de Deus vai iluminando o patriarca, fazendo-o reconhecer a ação divina, que conduz a vida e a história humana. Atualizando a Palavra Os exemplos de Marta e Maria e de Abraão nos convidam à reflexão, à retomada de nossas opções. O apelo do Senhor é para que entremos nossa atenção no essencial. É preciso rever a importância que damos à Palavra de Jesus em nossa vida. É necessário dedicar um tempo para sentar-se aos pés de Jesus e ouvir profundamente sua palavra, deixando-a ressoar, a fim de que possa ser transformada em serviço eficaz ao Reino. A escuta da Palavra de Jesus deve ser o objetivo fundamental da vida de todos os cristãos. O serviço ao próximo não pode ser dissociado da escuta da palavra. Jesus é o hospede de Marta e Maria. Na casa delas há duas maneiras de hospitalidade. Marta preocupa-se com os afazeres da casa e Maria, aos pés do Mestre, numa atitude de discípula, escuta suas palavras. Na experiência de Abraão e de Marta e Maria, o hóspede revela Deus. A hospitalidade é a capacidade de abertura e acolhimento ao que vem de fora, ao estranho, ao novo. Ela está na dimensão da gratuidade. A hospitalidade torna-se um desfio num mundo como o nosso, no qual, cada vez mais, predominam o medo, o isolamento, a privacidade. Outro fator que dificulta a hospitalidade é a correria, o excesso de trabalho, de ocupações que absorvem a pessoa como um todo, não deixando tempo para o outro. A hospitalidade deve, porém, ser assumida como um serviço de amor gratuito que prestamos ao próximo. Deus passa em nossa vida e revela-se a nós como um necessitado, um viajante. É preciso estar pronto para fazê-lo entrar, acolhendo-O com gratuidade e bondade a qualquer momento.