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3. (Unicamp)
a) a) Uma oposição espacial configura o tema e o
Leia o soneto abaixo de Luis de Camões. significado desse poema de Camões. Identifique essa
oposição, indicando o seu significado para o conjunto dos
versos.
Enquanto quis Fortuna que tivesse
esperança de algum contentamento, b) b) Identifique nos tercetos duas expressões que
o gosto de um suave pensamento contemplam a noção de desconcerto, fundamental para a
me fez que seus efeitos escrevesse. compreensão do tema do soneto e da lírica camoniana.
cá, onde o mal se afina e o bem se dana, Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de
e pode mais que a honra a tirania; Camões, a temática comum é:
cá, onde a errada e cega Monarquia
cuida que um nome vão a desengana; a) O “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se
realiza por meio de uma espécie de fusão em um só.
cá, neste labirinto, onde a nobreza,
com esforço e saber pedindo vão
b) A fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação
veros de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas
odeia a si mesmo. pelos adjetivos do poema.
c) O “outro” que se confunde com o eu lírico, c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela
verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura,
resistência do ser amado. expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no
d) A dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o poema.
ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a d) desprezarem o conceito medieval da idealização da
realização concreta. mulher como base da produção artística, evidenciado
e) O “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, pelos adjetivos usados no poema.
nos textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor. e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela
emotividade e o conflito interior, evidenciados pela
expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
6.
7. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Leda serenidade deleitosa, Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Que representa em terra um paraíso; Todo o Mundo é composto de mudança,
Entre rubis e perlas doce riso; Tomando sempre novas qualidades.
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Continuamente vemos novidades,
Presença moderada e graciosa, Diferentes em tudo da esperança;
Onde ensinando estão despejo e siso Do mal ficam as mágoas na lembrança,
Que se pode por arte e por aviso, E do bem (se algum houve...) as saüdades.
Como por natureza, ser fermosa;
O tempo cobre o chão de verde manto,
Fala de quem a morte e a vida pende, Que já coberto foi de neve fria,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; E em mi[m] converte em choro o doce canto,
Repouso nela alegre e comedido:
E, afora este mudar-se cada dia,
Estas as armas são com que me rende Outra mudança faz de mor espanto:
E me cativa Amor; mas não que possa Que não se muda já, como soía*.
Despojar-me da glória de rendido. CAMÕES, Luís de. Rimas (1ª parte). Obra completa. Rio
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova de Janeiro: Aguilar, 1963. p. 284.
Aguilar, 2008. * “soía” (v. 14) - Imperfeito do indicativo do verbo soer,
que significa costumar, ser de costume.