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INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE SOLOS E FOLIAR

PARA ADUBAÇÃO

Ismail Soares

14ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria - FRUTAL


10 a 13 de setembro de 2007 – Centro de Convenções do Ceará
Fortaleza – Ceará – Brasil
Copyright © FRUTAL 2007

Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:

Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal

Av. Barão de Studart, 2360 / salas 1304 e 1305 – Dionísio Torres

Fortaleza – CE

CEP: 60.120-002

E-mail: geral@frutal.org.br

Site: www.frutal.org.br

Tiragem: 150 exemplares

EDITOR

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULTURA E AGROINDÚSTRIA – FRUTAL

DIAGRAMAÇÃO E MONTAGEM

ANGELO RANIERI SANTOS PALÁCIO

RUA CORONEL JOAQUIM FRANKLIN, 305 - ANTÔNIO BEZERRA – FORTALEZA/CE

FONE: (85) 3235-1602 / 9994-1602 / 8705-8228

Os conteúdos dos artigos científicos publicados nestes anais são de autorização e


responsabilidade dos respectivos autores.

Ficha Catalográfica

Soares, Ismail.
Interpretação de análise de solos e foliar para adubação. – Fortaleza: Instituto
Frutal, 2007.
104 p.
1. Solo – Análise - Interpretação. 2. Solo – Análise foliar. 3. Adubação. I. Título.

CDD 631

14ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria


10 a 13 de setembro de 2007 – Centro de Convenções
Fortaleza – Ceará – Brasil
APRESENTAÇÃO

A capacitação dos agentes envolvidos com a cadeia produtiva dos


setores de frutas, flores e agroindústria, tem sido a tônica das ações do Instituto
Frutal no que diz respeito ao repasse de conhecimentos técnicos para este
público específico.

O evento FRUTAL, principal ação do Instituto Frutal, ao longo de suas 13


edições, já ofertou 130 cursos técnicos com envolvimento de cerca de 13.000
participantes que tiveram através destes cursos, uma mudança significativa no
perfil produtivo de seus negócios agrícolas, principalmente os produtores do
Norte e Nordeste do Brasil, e em especial o Estado do Ceará, onde ocorre o
evento.

A 14ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria –


FRUTAL tem como tema central “Agronegócio e Responsabilidade Social”,
refletindo a preocupação do Instituto Frutal com a Agricultura Familiar que está
sendo priorizada através de um Seminário de Capacitação específico que
estamos promovendo para os pequenos produtores em parceria com a
Secretaria de Desenvolvimento Agrário – SDA e a Federação dos Trabalhadores e
Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Ceará – FETRAECE.

Esta coleção de apostilas que estamos editando, contempla temas


aprovados pela Comissão Técnico-Científica da FRUTAL 2007, selecionados a
partir das sugestões dos participantes de cursos da edição de 2006. Nesta
ocasião aproveitamos para deixar aqui registrado o agradecimento da diretoria
do Instituto Frutal pelo empenho e dedicação da Comissão que resultou na alta
qualidade dos temas dos cursos ofertados, como também de toda a
Programação Técnica da FRUTAL.

Ao finalizar, desejamos que o conteúdo desta apostila sirva de instrumento


de pesquisa, aperfeiçoando cada participante do curso que nos honra com sua
presença na FRUTAL 2007/FLOR BRAZIL.

Cordialmente,

Antonio Erildo Lemos Pontes


Coordenador Técnico da FRUTAL

14ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria


10 a 13 de setembro de 2007 – Centro de Convenções
Fortaleza – Ceará – Brasil
COMISSÃO EXECUTIVA
Euvaldo Bringel Olinda – Presidente
Fernando Antônio Mendes Martins – Diretor Geral
Antonio Erildo Lemos Pontes – Diretor Técnico
Janio Bringel Olinda – Diretor Administrativo

COMISSÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
Almiro Tavares Medeiros Gerardo Newton de Oliveira
UFC/CCA INSTITUTO CENTEC
Anízio de Carvalho Júnior Goretti de Fátima Ximenes Nogueira
SENAR SRH
Antônio Dimas Simão de Oliveira João Hélio Torres D'avila
COOPANEI CREA/CE
Carlos Alberto Figueiredo Pinheiro João Nicédio Alves Nogueira
AEAC OCB/SESCOOP/CE
Carlos Viana Freire Júnior José Albersio de Araújo Lima
SEBRAE/CE ADAGRI
Claudia Valani Barcellos José de Sousa Paz
INSTITUTO AGROPOLOS SDA
Daniele Souza Veras José Ismar Girão Parente
AGRIPEC SECITECE
Ebenezer de Oliveira Silva José Maria Freire
Embrapa Agroindústria Tropical Chaves S.A. Mineração e Indústria
Eduardo Queiroz de Miranda José Maria Marques de Carvalho
FAEC Banco do Nordeste S.A.
Egberto Targino Bomfim José Wanderley Augusto Guimarães
EMATERCE SDA
Felipe Aguiar Fonseca Mota Luiz Carlos Silva
SETUR COOPANEI
Francisco de Assis Bezerra Leite Marcelo Souza Pinheiro
FUNCEME INSTITUTO AGROPOLOS
Francisco Férrer Bezerra Marcílio Freitas Nunes
FIEC CEASA/CE
Francisco Marcus Lima Bezerra Pedro Eymard Campo Mesquita
UFC/CCA DNOCS
Francisco Martonne Lopes Bezerra Reginaldo Martins de Oliveira
Banco do Brasil S.A. CONAB
Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira Viviane de Avelar Cordeiro
MDA INSTITUTO CENTEC
Francisco Zuza de Oliveira Walter dos Santos Sobrinho
CEDE SFA/CE

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10 a 13 de setembro de 2007 – Centro de Convenções
Fortaleza – Ceará – Brasil
SUMÁRIO
1. O SOLO........................................................................................................... 10
1.1. CONCEITO.................................................................................................. 10
1.2. PERFIL DO SOLO........................................................................................... 10
1.3. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO SOLO................. 12
1.3.1. DO PONTO DE VISTA FÍSICO....................................................................... 12
1.3.1.1. FASE SÓLIDA..................................................................................... 12
1.3.1.2. FASES LÍQUIDA E GASOSA.................................................................... 12
1.3.2. DO PONTO DE VISTA QUÍMICO.................................................................... 14
1.3.3. DO PONTO DE VISTA FÍSICO-QUÍMICO.......................................................... 17
1.3.3.1. SOMAS DE BASES (SB)......................................................................... 17
1.3.3.2. CAPACIDADE DE TROCAS DE CÁTIONS (CTC).......................................... 17
1.3.3.2.1. FATORES QUE AFETAM A CTC DO SOLO............................................ 19
1.3.3.2.2. SÉRIE PREFERENCIAL DE TROCA DE CÁTIONS...................................... 21
1.3.3.3. SATURAÇÃO DE BASE (V%)................................................................... 22
2. DINÂMICA DOS NUTRIENTES NO SOLO............................................................ 23
2.1. A DISPONIBILIDADE DOS NUTRIENTES NO SOLO................................................ 24
2.2. LEI DO MÍNIMO............................................................................................ 24
2.3. LEI DOS INCREMENTOS DECRESCENTES............................................................ 26
3. AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO.......................................................... 27
3.1. IMPORTÂNCIA............................................................................................. 27
3.2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO............................................................................. 28
3.2.1. SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA E TOXIDEZ.......................................................... 28
3.2.2. ANÁLISE FOLIAR OU DE TECIDOS DAS PLANTAS............................................... 28
3.2.3. ENSAIOS BIOLÓGICOS COM PLANTAS.......................................................... 28
3.2.4. MÉTODOS MICROBIOLÓGICOS................................................................... 28
3.2.5. ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO...................................................................... 29
4. ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO.......................................................................... 29
4.1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 29
4.2. AMOSTRAGEM............................................................................................. 30
4.2.1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 30
4.2.2. IMPORTÂNCIA DE REALIZAR UMA AMOSTRAGEM CORRETA................................ 30
4.2.3. ÉPOCA DE AMOSTRAGEM.......................................................................... 31
4.2.4. DIVISÃO DA ÁREA EM GLEBAS HOMOGÊNEAS................................................ 32

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4.2.5. COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO.................................................................. 32
4.2.5.1. NÚMERO DE AMOSTRAS SIMPLES PARA FAZER UMA AMOSTRA COMPOSTA...... 33
4.2.5.2. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS................................................................. 33
4.2.5.3. PROCEDIMENTO DE RETIRADA DAS AMOSTRAS......................................... 34
4.2.6. PREPARO DAS AMOSTRAS PARA ENVIO AO LABORATÓRIO................................. 35
4.2.7. FREQÜÊNCIA DE AMOSTRAGEM................................................................... 35
4.2.8. UNIDADES UTILIZADAS NOS RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO........................... 35
5. A INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO............................ 36
5.1. pH DO SOLO............................................................................................... 36
5.1.1. TIPOS DE ACIDEZ..................................................................................... 36
5.1.2. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DO pH DO SOLO........................................ 37
5.1.3. pH EM ÁGUA VERSUS pH EM CLORETO DE CÁLCIO.......................................... 38
5.1.4. SOLOS COM pH MUITO ÁCIDO (pH EM CaCl2 < 4,5 E, EM ÁGUA, < 5,0)................ 39
5.1.5. SOLOS COM pH ALCALINO (pH EM ÁGUA OU EM CaCl2 < 7,0).......................... 39
5.2. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO...................................................................... 41
5.2.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS.................................................................... 41
5.2.2. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO.................. 41
5.2.2.1. INTERPRETAÇÃO QUALITATIVA.............................................................. 41
5.2.2.2. INTERPRETAÇÃO QUANTITATIVA............................................................ 43
5.2.3. VARIAÇÃO COM A PROFUNDIDADE............................................................. 44
5.3. FÓSFORO DISPONÍVEL NO SOLO.................................................................... 44
5.3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE FÓSFORO DISPONÍVEL................................... 44
5.3.2. CLASSIFICAÇÃO..................................................................................... 44
5.3.3. PROFUNDIDADE...................................................................................... 46
5.4. POTÁSSIO TROCÁVEL NO SOLO..................................................................... 47
5.4.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS.................................................................... 47
5.4.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE POTÁSSIO TROCÁVEL.................................... 47
5.4.3. PROFUNDIDADE...................................................................................... 49
5.5. CÁLCIO E MAGNÉSIO TROCÁVEIS NO SOLO................................................... 49
5.5.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS.................................................................... 49
5.5.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE CÁLCIO E MAGNÉSIO TROCÁVEIS.................... 49
5.5.3. SATURAÇÃO POR CÁLCIO E MAGNÉSIO NA CTC TOTAL................................... 50
5.5.4. RELAÇÕES ENTRE CÁTIONS (Ca/Mg, Ca/K E Mg/K)......................................... 51
5.6. SÓDIO TROCÁVEL NO SOLO.......................................................................... 51

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5.6.1. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE SÓDIO TROCÁVEL......................................... 52
5.7. ALUMÍNIO TROCÁVEL................................................................................... 53
5.7.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS.................................................................... 53
5.7.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE ALUMÍNIO TROCÁVEL.................................... 53
5.8. ACIDEZ POTENCIAL (H+ + Al3+)....................................................................... 55
5.8.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS.................................................................... 55
5.8.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE H+ + Al3+..................................................... 55
5.9. NITROGÊNIO DISPONÍVEL.............................................................................. 56
5.10. ENXOFRE.................................................................................................. 56
5.11. MICRONUTRIENTES..................................................................................... 57
5.11.1. EXTRATORES PARA MICRONUTRIENTES......................................................... 57
5.11.2. PROBLEMAS NAS ANÁLISES DE MICRONUTRIENTES.......................................... 58
5.11.3. CONFIABILIDADE DA ANÁLISE DE MICRONUTRIENTES EM AMOSTRAS DE SOLO...... 59
6. DIAGNÓSTICO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS PLANTAS................................ 61
6.1. TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICOS DO ESTADO NUTRICIONAL DAS PLANTAS.............. 62
6.1.1. MÉTODO VISUAL...................................................................................... 62
6.1.2. MÉTODO DA ANÁLISE FOLIAR OU QUÍMICA.................................................... 62
6.1.3. MÉTODO DA ANÁLISE DE NUTRIENTE NA SEIVA OU DE TECIDO............................ 63
6.1.4. MÉTODOS INDIRETOS................................................................................ 63
6.2. FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS QUE AFETAM OS TEORES DE NUTRIENTES NA
PLANTA............................................................................................................ 64
6.3. AMOSTRAGEM DE PLANTAS A SEREM ANALISADAS........................................... 65
6.3.1. ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM.................................................................... 65
6.3.2. COLETA DE AMOSTRAS............................................................................. 66
6.3.3. RECOMENDAÇÕES PARA A AMOSTRAGEM EM ALGUMAS ESPÉCIES..................... 69
6.3.4. MANUSEIO DA AMOSTRA NO CAMPO.......................................................... 69
6.4. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISE FOLIAR...................................... 72
6.4.1. NÍVEL CRÍTICO........................................................................................ 73
6.4.2. FAIXA DE SUFICIÊNCIA.............................................................................. 74
6.4.3. DESVIO PORCENTUAL DO ÓTIMO................................................................. 77
6.4.4. ÍNDICE BALANCEADO DE KENWORTHY......................................................... 77
6.4.5. CHANCE MATEMÁTICA............................................................................ 78
6.4.6. SISTEMA INTEGRADO DE DIAGNOSE E RECOMENDAÇÃO.................................. 81
6.4.7. DIAGNOSE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL.................................................. 84
6.5. FERTIGRAMAS.............................................................................................. 86

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7. PRINCÍPIOS BÁSICOS ENVOLVIDOS NA RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO.... 87
7.1. DEFINIÇÃO DO NUTRIENTE A APLICAR............................................................. 88
7.2. DEFINIÇÃO DA QUANTIDADE DE NUTRIENTES.................................................... 90
7.3. DEFINIÇÃO DA ÉPOCA DE APLICAÇÃO DO NUTRIENTE...................................... 91
7.4. DEFINIÇÃO DO FERTILIZANTE A SER APLICADO................................................. 95
7.5. DEFINIÇÃO DA FORMA DE APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE.................................. 97
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 101
CURRÍCULO DO INSTRUTOR....................................................................................... 103

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INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE SOLOS E
FOLIAR PARA ADUBAÇÃO

ISMAIL SOARES

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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
1. O SOLO

1.1. CONCEITO

O solo é a parte superficial intemperizada não consolida da crosta terrestre que


contém matéria orgânica e seres vivos. Ele faz a ligação entre a litosfera, a atmosfera e a
biosfera sofrendo muita influência de todos estes nas suas propriedades. É através do solo
que desenvolvem os vegetais que obtêm, através das raízes, a água e os nutrientes.

1.2. PERFIL DO SOLO

Como, na formação do solo, a ação dos organismos é próxima da superfície,


ocorre uma diferenciação no sentindo vertical, formando camadas que se denominam
horizontes. O conjunto de horizontes chama-se perfil do solo.

O horizonte O está presente em alguns solos, como aqueles que existem


condições de acúmulo de detritos orgânicos sobre a superfície, tais como folhas, galhos e
restos vegetais em decomposição. A parte constituída dos detritos mais antigos e semi-
decompostos é a parte inferior do horizonte também conhecido como “terra vegetal”.

O horizonte A é a camada mineral mais próxima da superfície. Apresenta uma cor


escura por causa de acúmulo de matéria orgânica já humificada. Em alguns casos, nota-
se um empobrecimento por perdas de materiais sólidos, translocados para o horizonte B.

O horizonte B situa-se abaixo do A, e, em virtude de menor concentração de


matéria orgânica, apresenta uma cor mais clara. Tem máximo desenvolvimento de
estrutura e, com freqüência, acumulo de materiais removidos do horizonte superior.

O horizonte C situa-se abaixo do B e suas características aproximam-se do material


de origem do solo.

Por fim, abaixo do C, encontra-se a rocha.

As Figuras 1 e 2 são exemplos de perfis de solos evidenciando as diferenças entre


os horizontes.

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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Figura 1: Perfil de um Argissolo Amarelo no Município de Baturité – CE

Figura 2: Perfil de um Argissolo Vermelho no Município de Quixadá - CE


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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
1.3. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO SOLO

O solo é complexo e heterogêneo. Suas propriedades físicas, químicas e físico-


químicas variam em pequenas distâncias verticais e horizontais. Dessa maneira, partes
diferentes do sistema radicular estão localizadas em ambientes diferentes quanto ao pH,
temperatura, potencial redox e pressão osmótica, sendo o crescimento das plantas uma
resposta à soma dessas condições diferentes.

1.3.1. DO PONTO DE VISTA FÍSICO

Do ponto de vista físico, o solo é um sistema heterogêneo e trifásico.

5 Fase sólida - é considerada descontinua e relativamente estável;

5 Fase líquida - pode ser considerada contínua, no sentido de ser possível a


movimentação de um ponto a outro do solo, sem deixar essa fase;

5 Fase gasosa - descontinua e ocupa de forma complementar o espaço poroso.

1.3.1.1. FASE SÓLIDA

A fase sólida do solo é composta basicamente de duas frações, uma orgânica


(matéria orgânica do solo) e outra inorgânica (argila). A fração orgânica é transformada
em húmus pela ação dos microorganismos existentes no solo, liberando neste processo os
minerais que, juntamente com a fração inorgânica, quando dissolvidos em água, formam
a solução do solo, constituindo assim a fonte de nutrientes minerais para as plantas
(Figura 3).

A composição da solução do solo sofre pouca alteração porque o solo apresenta


uma capacidade continua de reposição dos nutrientes a partir dos processos de
mineralização e decomposição dos componentes inorgânicos e orgânicos,
respectivamente.

1.3.1.2. FASES LÍQUIDA E GASOSA

De modo geral, o solo não é compacto, apresenta poros, similar a uma esponja,
que podem ser ocupados por água ou ar, dependendo de suas condições de umidade.

A existência de espaços vazios ou poros entre as partículas acontece por causa


da mistura de partículas sólidas. No entanto, na maioria dos casos ocorre à formação de
agregados de partículas unitárias, permitindo uma porosidade maior do que a sem
agregação. Ao conjunto de agregados, denomina-se estrutura do solo. Na manutenção
12
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
desta estrutura adequada, é de fundamental importância a existência de cátions
trocáveis bivalentes como, por exemplo, o cálcio e o magnésio, que atuam
positivamente na floculação dos colóides do solo. Em contra partida, os cátions
monovalentes, com destaque para o sódio, favorecem a dispersão dos colóides do solo,
levando à deterioração da estrutura.

Solo

Fração Fração
Inorgânica Orgânica

Decomposição

Intemperismo Húmus

Mineralização

Minerais na
Fase Sólida

Solução do
Solo

Absorção de
Água e
Nutrientes

Planta

Figura 3: Solo como fonte de nutrientes minerais para as plantas

São encontrados dois tipos de poros nos solos; os macroporos e os microporos.

Macroporos - maior diâmetro, através dos quais a água é drenada e o ar se move


livremente;

13
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Microporos - responsável por retenção de água por capilaridade.

O ar atmosférico é diferente do ar existente nos poros do solo. No solo, há


dificuldade de trocas gasosas, o que permite maior concentração de gás carbônico
(CO2) produzido pela respiração das raízes das plantas e organismos. Na atmosfera, o gás
carbônico é da ordem de 0,03%, já no ar do solo, ele atinge valores que podem chegar a
mais de 1%. O oxigênio na atmosfera ocorre em teores de 21%, no solo, pode cair a
menos de 20%.

As trocas gasosas, entre o ar atmosférico e as camadas mais profundas do solo,


acontecem através do sistema de poros do solo, favorecida pelos macroporos.

Na respiração dos organismos, o oxigênio (O2) é consumido e o gás carbônico


(CO2) é liberado, o que leva a uma concentração maior de CO2.

O excesso de água no solo por período prolongado acarreta um abaixamento da


pressão parcial de O2, dificultando a passagem de nutrientes para as raízes, através da
difusão pelo filme de água existente em torno delas. Nestas condições, as raízes não
conseguem mais oxidar carboidratos, prejudicando o crescimento vegetal. Algumas
plantas nestas condições anaeróbicas são afetadas por toxinas, seus sintomas se
assemelham à murcha, dando aspecto de falta de água, quando na verdade ocorre o
contrário, podendo ter conseqüências fatais.

Quando um solo é mal arejado, pelo excesso de umidade, um sintoma comum é


o amarelecimento geral das culturas, o que em parte se deve à deficiência de
nitrogênio. Nesses casos, podemos minimizar o problema com adição da adubação
nitrogenada.

Para manter o solo em condições de alta produtividade, é importante conservá-


lo bem estruturado. A estruturação permite uma porosidade adequada onde podem
alojar-se água ou ar. A água é importante não somente pelo fornecimento de nitrogênio
e oxigênio às plantas, mas, também, pela formação da solução do solo, de onde as
plantas absorvem os nutrientes essenciais ao seu crescimento e desenvolvimento. O ar é
essencial para que as plantas respirem, gerando, assim, energia para a absorção dos
nutrientes.

1.3.2. DO PONTO DE VISTA QUÍMICO

Diversos elementos químicos são indispensáveis à vida vegetal já que, sem eles, as
plantas não conseguem completar o seu ciclo de vida.

14
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
As plantas são compostas de 70 a 90% de água, sendo o restante de matéria
seca. Na matéria seca, observa-se que 90% ou mais é formada somente por três
elementos: o carbono (C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O).

O C vem do ar, o O vem do ar e da água e o H vem da água. Dessa maneira,


observa-se que, na natureza, o solo é responsável por apenas 1% da composição da
planta, mas isso não significa que ele é menos importante. Na verdade, todos os
elementos que compõem a planta são essenciais.

Além dos três elementos não-minerais, o carbono, o oxigênio e o hidrogênio,


assimilados da água e do ar, as plantas são constituídas de mais 13 elementos minerais.
Os elementos minerais são classificados em dois grupos: os macronutrientes e os
micronutrientes.

Os macronutrientes podem ser subdivididos em macronutrientes primários, o


nitrogênio (N), o fósforo (P) e o potássio (K); e em macronutrientes secundários o cálcio
(Ca), o magnésio (Mg) e o enxofre (S). São os elementos absorvidos em maiores
quantidades.

Os micronutrientes são: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn),
zinco (Zn) e molibdênio (Mo). Eles não são menos importantes, são somente absorvidos
em menores quantidades.

A identificação desses nutrientes atende aos critérios de essencialidade propostos


por Arnon & Stout, citados por Mengel e Kirkby (2001), ou seja:

a) a deficiência ou falta de um elemento impossibilita a planta de completar seu


ciclo biológico;

b) a deficiência é especifica para o elemento em questão;

c) o elemento deve estar envolvido diretamente na nutrição da planta, seja


constituindo um metabólito essencial, seja sendo requerido para a ação de um sistema
enzimático.

Existem outros elementos que são essenciais, mas que, também têm sidos
considerados benéficos para as plantas. São eles:

5 Sódio (Na): para plantas que sobrevivem em solos em condições de deserto,


como, por exemplo, os cactos.

5 Silício (Si): para algumas gramíneas, como o capim, a cana-de-açúcar e o


milho.

5 Cobalto (Co): para plantas leguminosas, como o feijão, soja e ervilha.

15
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Como já visto anteriormente, é da solução do solo, ou seja, da água na qual
estão dissolvidos os nutrientes essenciais às plantas, e também elementos tóxicos e que
ocupa os poros do solo, é que as plantas absorvem os nutrientes, porém, as plantas
absorvem somente os nutrientes solúveis em água (Tabela 1).

Os micronutrientes cobre, ferro, manganês e zinco também ocorrem na solução


do solo na forma de compostos orgânicos, principalmente na forma de quelatos. Esta é a
forma de 60 a 90 % dos micronutrientes metálicos presentes na solução do solo.

Tabela 1 – Macro e micronutrientes essenciais às plantas, símbolos químicos e formas


iônicas absorvidas pelas plantas

Macronutrientes Símbolo Formas iônicas

Nitrogênio N NO3- e NH4+

Fósforo P H2PO4-, HPO4--

Potássio K K+

Cálcio Ca Ca++

Magnésio Mg Mg++

Enxofre S SO4--

Micronutrientes Símbolo Formas iônicas

Boro B H3BO3

Cloro Cl Cl-

Cobre Cu Cu++

Ferro Fe Fe++

Manganês Mn Mn++

Zinco Zn Zn++

Molibdênio Mo MoO4--

Outros elementos Símbolo Forma iônicas

Hidrogênio H H+

Alumínio Al Al+++

Sódio Na Na+

Fonte: Meurer (2000)

16
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
1.3.3. DO PONTO DE VISTA FÍSICO-QUÍMICO

1.3.3.1. SOMAS DE BASES (SB)

É o resultado da soma dos teores de Ca++, Mg++, K+ e Na+.

SB = Ca++ + Mg++ + K+ + Na+

Esse cálculo somente pode ser feito se todos os nutrientes estiverem na mesma
unidade, que pode ser cmolc dm-3 ou mmolc dm-3. Não pode ser feita essa soma se o K e
o Na, estiverem expressos em mg dm-3.

1.3.3.2. CAPACIDADE DE TROCAS DE CÁTIONS (CTC)

Os colóides apresentam cargas elétricas negativas e/ou positivas. Sendo que as


diferenças entre estas cargas induzem a adsorção de cátions ou ânions. Este fenômeno
chama-se adsorção iônica, que pode ser dividida em catiônica (Al3+, Ca2+, Mg2+, K+, Na+,
NH4+, etc.) ou aniônica (NO3-, H2PO4-, H2PO4-, HCO3-, SO4-, etc.).

Em temos práticos, dizer que os cátions adsorvidos nos colóides do solo são
tocáveis significa dizer que eles podem ser substituídos por outros cátions. Ou seja, o
cálcio pode ser trocado por hidrogênio e/ou potássio, ou vice-versa. O numero total de
cátions trocáveis que o solo pode reter é chamado de capacidade de trocas de cátions
(CTC). Quando maior a CTC do solo, maior o numero de cátions que este solo pode reter.
Nota-se, então que a CTC é uma característica físico-químico fundamental ao manejo
adequado da fertilidade do solo.

A CTC total (T) é o resultado da soma dos teores de Ca++, Mg++, K+, Na+, H+ + Al+++
trocáveis no solo.

CTC total (T) = Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ + H+ + Al+++

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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Figura 4: Visão esquemática do CTC total do solo

Fonte: LOPES (1998)

Algumas implicações práticas do conhecimento da CTC do Solo:

SOLO COM: SOLO COM:

C.T.C. de 6 a 25 cmolc dm-3 C.T.C. de 1 a 5 cmolc dm-3

3 Alta percentagem de argila 3 Alta percentagem de areias


3 Maior quantidade de calcário é 3 Nitrogênio e potássio lixiviam
necessário para aumentar o pH 3 Menor quantidade de
3 Maior capacidade de retenção calcário é necessário para
de nutrientes a uma certa aumentar o pH
profundidade 3 Menor capacidade de
3Maior capacidade de retenção retenção de umidade
de umidade

Acontece, também, de solos, com alta percentagem de argila, comportar-se de


modo semelhante a solos arenosos pelo fato destas argilas serem, predominante, de
baixa atividade, como: caulinita, óxidos de ferro e alumino etc. Exemplo disto são os
Latossolos sob “cerrado”.

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1.3.3.2.1. FATORES QUE AFETAM A CTC DO SOLO

A CTC reflete o poder de adsorção de cátions que o solo tem. Em conseqüência,


os fatores que o alteram, também alteram a CTC.

Dentre outros:

a) Espécie e Quantidade de Argila e Matéria Orgânica

Normalmente, minerais de argila apresentam valores de CTC de 10 a 150 cmolc


dm-3. Os óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, muito comuns na fração argila de grande
número de solos brasileiros, apresentam CTC entre 2 a 5 cmolc dm-3.

b) Superfície específica

É a área por unidade de peso sendo expressa em m2 g-1. Quanto mais subdividido
for o material, maior será superfície especifica, e maior a CTC do solo.

c) pH

Será maior a influência do pH do meio, quanto maior forem a presença de


espécies de minerais de argila com dominância de cargas dependentes de pH e/ou
matéria orgânica. Os solos podem apresentar cargas negativas cuja expressão na CTC é
constante e independente do pH, mas há cargas negativas que se manifestam quando o
pH se eleva: neste caso, diz-se que a CTC é dependente de pH.

A importância desses fatores na CTC justifica o detalhamento maior dos mesmos


com o objetivo de ampliar a capacidade de melhor entender de fertilidade dos solos e
propor soluções mais adequadas aos problemas nutricionais das plantas. Ao conhecer a
CTC de alguns componentes do solo (Tabela 2), podemos fazer algumas inferências
valiosas sobre o assunto.

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Tabela 2 – Capacidade de troca de cátions de alguns componentes sólidos do solo

CTC Superfície Especifica Tamanho


Componentes
(cmolc dm-3) (m2 g-1) (µ)

Húmus 100 – 250 - -

Vermiculita 100 – 150 - -

Montmorilonita 80 – 120 800 0,01 a 1,0

Ilita 20 – 50 100 0,1 a 2,0

Clorita 10 – 40 - -

Glauconita 5 – 40 - -

Haloisita 5 – 10 - -

Caulinita 3 – 15 3 0,1 a 5,0

Óxidos de Fe e Al 2–5 - -

Fonte: Fassbender, 1984

Em regiões onde ocorrem argilas do grupo 2:1, menos intemperizadas, e os níveis


de matéria orgânica são mais altos, valores da CTC podem ser, por natureza, bastantes
elevados. Os solos argilosos, com argilas de alta atividade, podem reter grandes
quantidades de cátions. E os solos arenosos com baixo teor de matéria orgânica e baixa
CTC, retêm somente pequenas quantidades de cátions, sendo mais susceptíveis a perdas
de nutrientes por lixiviação.

No entanto, é quase impossível determinar a contribuição individual dos


componentes do solo na CTC (diferentes minerais de argila, óxidos e matéria orgânica),
já que estes materiais encontram-se intimamente associados. Já a contribuição da
matéria orgânica e da fração mineral é possível de determinar, como vamos mostrar a
seguir.

Deve-se ressaltar que este estudo foi desenvolvido em solos do Estado de São
Paulo, onde como a matéria orgânica, apesar de ocorrer em teores bem baixos que a
fração argila, foi a principal responsável pela CTC, contribuindo com 56 a 82 % do total
de cargas negativas (Tabela 3).

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Tabela 3 – Capacidade de troca de cátions total de amostra de solos e da matéria
orgânica

Matéria CTC Devida à


Solo Profundidade Argila CTC
Orgânica MatériaOrgânica

cm - - - - - g kg-1 - - - - - - - cmolc dm-3 - - %

PVLs 0-6 50 8 3,2 2,2 69

Pml 0 - 15 60 6 3,3 2,1 64

Pln 0 - 14 120 25 10,0 8,2 82

Pc 0 - 16 190 24 7,4 6,0 81

PV 0 - 12 130 14 3,7 2,7 73

TE 0 - 15 640 45 24,4 15,0 62

LR 0 - 18 590 45 28,9 16,1 56

LEa 0 - 17 240 12 3,9 2,9 74

Fonte: RAIJ, 1991

Estes dados mostram a importância de um manejo adequado da matéria


orgânica quando se tem por meta um balanço eficiente de cátions no solo. E também
para melhor definição da época de aplicação e doses de fertilizantes em um programa
de adubação. O que o solo não conseguir reter será lixiviado e perdido, reduzindo a
eficiência dos fertilizantes.

1.3.3.2.2. SÉRIE PREFERENCIAL DE TROCA DE CÁTIONS

Os cátions que estão adsorvidos aos colóides são passiveis de serem trocados,
seguindo uma série preferencial. Em um sentido bem amplo, a energia de ligação do
cátion ao colóide aumenta com a valência e como grau de hidratação do cátion.

Série preferencial: H+ > Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ > Na+

O hidrogênio é exceção à regra, pois, apesar de ser monovalente, apresenta uma


ligação por covalência muito rígida, alem da elétrica.

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A CTC do solo pode estar ocupada com cátions essenciais ao desenvolvimento
das plantas, tais como Ca++, Mg++, K+; neste caso, classificamos este solo como eutrófico,
ou preferencialmente com cátions potencialmente tóxicos como H+ e Al3+, e, neste caso,
este será um solo pobre, classificado como distrófico.

A CTC total pode ser dividida em CTC efetiva (t), é aquela em que as cargas
negativas do colóide estão ocupadas por cátions efetivamente trocáveis, como Ca++,
Mg++, K+, Na+ e Al+3 e CTC bloqueada, as cargas negativas do colóide estão ocupadas
pelo H+ não-trocável.

1.3.3.3. SATURAÇÃO DE BASE (V%)

A saturação de base fornece uma idéia do estado de ocupação das cargas da


CTC total, ou melhor, do total de cargas negativas existente no solo, qual a está
ocupada pelos cátions Ca++, Mg++, K+ e Na+.

V (%) = (Ca++ + Mg++ + K+ + Na+) x 100


Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ + Al3+ + H+

Das condições gerais da fertilidade do solo, a saturação por bases é um


excelente indicativo, sendo utilizada até como complemento na nomenclatura dos solos.
De acordo com a saturação por base (V) e por alumínio (m), os solos podem ser divididos
em três grupos:

X Solos Eutróficos (férteis): V% > 50%;

Y Solos Distróficos (pouco férteis): V% < 50%. Em alguns casos, estes solos podem
ser muito pobres em Ca++, Mg++ e K+ e apresentar teor de Al trocável muito elevado.

Z Solos álicos (muito pobres); Al3+ trocável > 0,3 cmolc dm-3 e m% > 50%. Pode-se
dizer que todo solo álico é distrófico, embora nem todo solo distrófico seja álico.

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2. DINÂMICA DOS NUTRIENTES NO SOLO

A movimentação dos nutrientes no solo pode ser assim resumida:

Compostos Decomposição pelos


Orgânicos Microrganismos

Adubação
Mineral
Animais Perdas Gasosas

Solução Adsorção aos


Plantas Do Solo Fixação
Colóides

Precipitação
Lixiviação
(Insolubilidade

Figura 5: Representação da dinâmica dos nutrientes no solo

Fonte: PROCHNOW & ROSSI (1999)

Todos os fenômenos de relevância para o manejo da fertilidade do solo ocorrem


a partir da solução do solo. O nutriente somente chega até às plantas através da solução
do solo.

Os fenômenos de movimentação variam de intensidade conforme o nutriente. Por


exemplo, o processo de lixiviação é muito importante para o fósforo que, praticamente,
não é perdido por lixiviação. Já no caso do nitrogênio e do enxofre, as perdas gasosas
são muito importantes, o que já não ocorre com o fósforo e o potássio.

Observa-se que, para o nutriente estar disponível, ele deve estar na solução e, em
contrapartida, os processos que levam à perda da disponibilidade também ocorrem a
partir da solução do solo. Portanto, para se ter uma adubação, eficiente deve-se
controlar a solubilização do fertilizante para que ela não ocorra de forma total, e sim
gradual, dando tempo para o máximo aproveitamento pela planta, minimizando as
perdas.

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2.1. A DISPONIBILIDADE DOS NUTRIENTES NO SOLO

As plantas obtêm os nutrientes que necessitam através da absorção pelas raízes


dos elementos existentes na solução do solo. E são três os processos de contato do
nutriente no solo com a superfície das raízes: interceptação radicular, fluxo de massa e
difusão.

Antes de qualquer coisa, a absorção do nutriente dependerá da existência ou de


sua disponibilidade na solução do solo.

A disponibilidade de um nutriente em uma determinada condição depende da


absorção pela planta, do desenvolvimento do sistema radicular, do tempo de
crescimento e, ainda de condições climáticas e da disponibilidade dos outros nutrientes.

Aquela parte do nutriente que se encontra na solução do solo pode ser


considerada como disponível, juntamente com uma outra partir que se encontra na fase
sólida, mas em condições de transferência para a fase líquida. O termo “fator
intensidade” tem sido utilizado para determinar os nutrientes em solução que estão
prontamente disponíveis, o termo “fator quantidade”, para os elementos existentes na
fase sólida em forma disponível.

Os nutrientes que ocorrem no solo como cátions trocáveis, como é o caso de


cálcio, potássio e magnésio, apresentam um equilíbrio entre os teores em solução e os
teores trocáveis adsorvidos na fase sólida, representando o fator quantidade, o que
facilita o nosso compreendimento. No caso do potássio, por exemplo, existe a dificuldade
em saber no solo quais formas não-trocáveis podem tornar-se disponíveis, no do fósforo,
existe um equilíbrio entre o elemento na fase sólida e o fósforo em solução, no entanto,
há muita dificuldade em determinar o que seria realmente o fósforo disponível. No caso
do nitrogênio e do enxofre, os teores em solução podem ser considerados o fator
intensidade. A dificuldade se encontra no limite de profundidade da amostra de solo, já
que os ânions nitrato e sulfato movimentam-se no perfil e podem ser absorvidos pelas
plantas desde a superfície até as camadas mais profundas.

Aparte dos nutrientes em forma orgânica que pode ser mineralizada, é sempre
uma incógnita, além de não estar em equilíbrio com as formas minerais.

2.2. LEI DO MÍNIMO

A deficiência de um nutriente no solo, mesmo que todos os outros sejam


fornecidos à planta, afetará o seu crescimento vegetativo.

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Na realidade, o que acontece com a agricultura é em vez da ausência total, é
mais comum ocorrer pelo menos um nutriente disponível em quantidades insuficientes.
Assim, a produtividade será limitada pelo nutriente que estiver em menor disponibilidade,
mesmo que todos demais estejam presentes em quantidades adequadas. Esse princípio,
conhecido como Lei do Mínimo ou Lei de Liebig, em homenagem ao seu idealizador
(Jusrus Von Liebig, Austraia, 1840).

Através da visualização de um barril com tábuas laterais quebradas, pode-se


entender melhor a lei do mínimo (Figura 6). Adicionando-se água ao barril, o nível mais
elevado que se conseguirá atingir será aquele permitido pela tábua mais baixa.
Transferido isto para a nutrição, quer dizer que não adianta ter, por exemplo,
quantidades de molibdênio, cloro e cobre suficiente, se a quantidade de nitrogênio,
fósforo e potássio são insuficientes. Ainda neste exemplo, se as deficiências de nitrogênio,
fósforo e potássio fossem corrigidas, a produção ficaria limitada pelo enxofre.

Figura 6: Ilustração da lei do mínimo

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2.3. LEI DOS INCREMENTOS DECRESCENTES

A lei dos incrementos decrescentes foi desenvolvida por Mitscherlich na primeira


década deste século. Considerada como uma expressão matemática de crescimento
que se aplica bem a muitos casos de resultados experimentais de curvas de reposta.

E o que é curva de resposta?

É a relação entre a produção e o nutriente aplicado.

Em estudos de fertilidade do solo e adubação, são fundamentais as curvas de


respostas para descrever os efeitos de nutrientes aplicados sobre as produções e,
também, para comparar diferentes fontes de um mesmo nutriente.

Mitscherlich descreveu um grande número de trabalhos experimentais em vasos e


no campo, testando quantidades sucessivas de nutrientes, de cada vez. Verificou que,
ao adicionar quantidades sucessivas de nutrientes, maior incremento em produção era
obtido com a primeira quantidade aplicada. Com aplicações sucessivas de quantidades
iguais do nutriente, os incrementos de produção são cada vez menores, conforme
ilustrados nas Figuras 7 e 8 para uma curva de resposta da bananeira a nitrogênio.
Observa-se que, apesar de ter sido utilizado a mesma cultivar de bananeira mas em
condições edafoclimáticas diferentes, a resposta ao nitrogênio com base na
produtividade foi significativamente diferente entre as regiões, e conseqüentemente, as
doses de nitrogênio para obter a máxima produtividade também diferiu entre as regiões.

46 -2 -5 2
Y = 44,11 + 1,02.10 N - 2,33.10 N

45
220
44
Cacho, t ha
-1

43

42
0 200 400 600
-1
N, kg ha

Figura 7: Curva de resposta da bananeira, ‘Pacovan’, a nitrogênio na chapada de


Apodi, em Limoeiro do Norte - CE

26
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30 -2
Y = 23,62 + 2,78.10 N - 3,34.10 N
-5 2

28
416
26
-1
Cachos, t ha
24

22
0 200 400 600
-1
N, kg ha

Figura 8: Curva de resposta da bananeira, ‘Pacovan’, a nitrogênio no vale do Curú, em


Paraipaba - CE

3. AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO

3.1. IMPORTÂNCIA

O solo tem determinadas características físicas, químicas e biológicas. Por outro


lado, as culturas têm determinadas exigências nutricionais que devem ser satisfeitas a
partir das características químicas do solo. Então, quando se pretende plantar uma
determinada cultura em um determinado solo, uma dúvida que aparece é: será que as
características químicas do solo são adequadas para o desenvolvimento da cultura a fim
de propiciar uma boa produtividade? Antecipadamente sabe-se que para a maioria dos
solos brasileiros a resposta é não. Mas, como realmente confirmar isto e ter parâmetros
para esta deficiência? A resposta é: através da avaliação da fertilidade do solo.

Existem vários recursos disponíveis de avaliação da fertilidade do solo.


Geralmente, são agrupados de maneira ampla, sendo:

5 Observação de sistemas visíveis de deficiência e de excesso de nutrientes em


plantas;

5 Análise de folhas ou de outros tecidos de plantas;

5 Ensaios biológicos com plantas;

5 Métodos microbiológicos;

5 Análise química do solo.

27
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3.2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

3.2.1. SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA E TOXIDEZ

Através da observação das plantas muitas vezes é possível detectar um problema


nutricional. Isto é conseqüência de um conjunto de fatores que condicionam a absorção
dos nutrientes e, geralmente, quando detectam-se os sintomas de carência de nutrientes,
a deficiência já está em estágio avançado.

3.2.2. ANÁLISE FOLIAR OU DE TECIDOS DAS PLANTAS

Existe ainda um método muito interessante que é e análise química de planta ou


análise foliar, onde através da colheita de amostra de folhas e da análise em laboratório,
nós conseguimos identificar problemas de desordem nutricional.

Visando o diagnóstico do estado nutricional da cultura, a análise química do


tecido vegetal, principalmente as folhas, juntamente com a análise de solo, constituem
uma importante informação para o trabalho de adubação do solo.

Vários são os casos de deficiências e toxidez de nutrientes em plantas


identificados nos últimos anos utilizando a técnica da análise foliar.

Algumas análises são feitas da seguinte forma: são coletadas folhas com e sem
sintomas de deficiência nutricional, comparando-se posteriormente os resultados de
análise.

A análise foliar permite distinguir sintomas provocados por agentes patogênicos,


daqueles provocados por nutrição inadequada, pois ela auxilia no conhecimento do
estado nutricional da cultura, na interpretação dos efeitos da adubação já efetuada e
ainda ajuda a estimar indiretamente, o grau de fertilidade do solo.

3.2.3. ENSAIOS BIOLÓGICOS COM PLANTAS

Este método baseia-se em experimentos que podem ser desenvolvidos em casa


de vegetação ou no campo, onde, através de uma tecnologia apropriada, se consegue
identificar qual o elemento que está faltando ou o elemento que está numa situação de
toxidez.

3.2.4. MÉTODOS MICROBIOLÓGICOS

Os métodos microbiológicos são aqueles onde utilizamos microorganismos para


avaliar a fertilidade do solo.
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3.2.5. ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO

Nota-se que a análise de solo ficou como única técnica disponível de fácil acesso
para avaliação direta da fertilidade do solo. Esta análise química do solo é um veículo de
transferência das informações sobre adubação e correção do solo da pesquisa para o
agricultor. Na prática, a análise de solo tem mostrado bons resultados.

4. ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO

4.1. INTRODUÇÃO

O agricultor modelo deve empregar tecnologia adequada e especifica ás


condições da área a ser cultivada, bem como deve administrar eficientemente todas as
operações, do plantio até a comercialização da produção colhida na safra. Estes são
requisitos básicos para que um empresário agrícola obtenha sucesso na atividade rural.

Como são muitos os fatores que atuam sobre a planta, e que irão definir a
produção para uma determinada área, nenhuma técnica isolada poderá garantir boa
produtividade. O sucesso estará em compreender o que a planta necessita e ajustar o
meio para que este corresponda às necessidades da cultura, e isso, normalmente, não se
faz adotando uma única atitude, mas sim um conjunto de medidas.

No que diz respeito à nutrição mineral das plantas, sabemos que, infelizmente, na
maior parte de nossos solos as condições químicas não são adequadas para sustentar um
bom desenvolvimento das culturas, e assim, não são ideais para se obterem boas
produtividades. Assim sendo, e de forma geral, há de se melhorar os atributos dos solos, a
fim de se obter sucesso.

As técnicas normalmente empregadas com o intuito de manejar quimicamente o


solo são a calagem, a gessagem e a adubação mineral e/ou orgânica, e a ferramenta
rotineira utilizada para definir como isto será feito (principalmente quais os produtos a
serem utilizados e quanto aplicar) chama-se análise química de solo.

Não podemos e não devemos acreditar que a análise química de solo possa
resolver todos os problemas do agricultor. Como dissemos no início, o sucesso depende
de várias técnicas, especificas para cada cultura e propriedade. Podemos, entretanto,
salientar que sem a análise química de solo um bom programa de calagem e adubação,
o sucesso desejado estará sempre mais distante do agricultor.

29
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Desta forma, todos os técnicos que prestam serviços a uma empresa agrícola
devem estar convenientemente preparados para resolver questões relacionadas à
interpretação de análise de solo para fins de recomendação de calcário, gesso e
adubo.

O objetivo da análise do solo se resume em conhecer o nível de fertilidade do solo


para recomendar corretivos e fertilizantes.

Para atingir este objetivo, precisa-se seguir cuidadosamente quatro etapas:

Análise Interpretação
Amostragem Recomendação
Química dos Resultados

Campo Laboratório Escritório Escritório

4.2. AMOSTRAGEM

4.2.1. INTRODUÇÃO

Um bom resultado de análise química do solo vai depender da qualidade da


amostra e da idoneidade do laboratório. Em geral, os laboratórios idôneos participam do
programa de controle dos resultados da análise química na tentativa de atingir a
confiabilidade necessária.

Resultados de pesquisas mostram que, na etapa de amostragem, é onde ocorrem


as maiores falhas, pois normalmente esta amostra é retirada por pessoa não qualificada
que desconhece os princípios básicos de uma boa amostragem.

4.2.2. IMPORTÂNCIA DE REALIZAR UMA AMOSTRAGEM CORRETA

A importância da coleta adequada da amostra de solo fica evidenciada quando


verificamos que a porção de solo enviada ao laboratório estará representando um todo
muito maior. Vamos demonstrar isto através de alguns cálculos.

Exemplo: Supondo uma área de 12ha e considerando a amostragem até uma


profundidade de 20 cm:

120.000m2 x 0,2 m = 24.000m3

Considerando-se a densidade do solo = 1.000kg m-3

24.000m3 x 1.000 kgm-3 = 24.000.000kg de solo

30
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Geralmente, de uma amostra composta, retira-se 0,5 kg de solo, que irá
representar o todo.

0,5 ÷ 24.000.000 = 1/48.000.000

Considerando que a análise será feita em uma porção de 10g da amostra, pode-
se calcular:

0,01 kg ÷ 24.000.000 = 1/2.400.000.000

Em resumo, a amostra composta do solo estará representando um todo de 48


milhões de parte. E, na análise, uma parte estará representando um todo de 2,4 bilhões
de partes.

Estes cálculos nos mostram a importância da amostragem no processo de análise


de solo. Conclui-se que, se a amostra não refletir a realidade da área, esta etapa estará
sujeita a erros na hora da análise e, posteriormente, as recomendações serão invalidas.

Por isto é de vital importância, que;

5 A amostra seja de uma área a mais homogênea possível;

5 Colete-se um grande número de sub-amostras da mesma área, sendo depois


misturadas para que se torne bastante homogêneo e represente toda a área.

4.2.3. ÉPOCA DE AMOSTRAGEM

A época de se fazer uma análise do solo quem vai determinar é o produtor. A


partir do planejamento de plantação terá que fazer uma coleta de solo e enviar ao
laboratório. O que precisa ser bem planejado é a antecedência desta amostra à época
de plantio desejado, porque se houver necessidade de calagem e/ou adubação da
área, o tempo mínimo será de quatro a cinco meses, pois o calcário exige um período
mínimo de três meses para reagir. Se houver a necessidade de uma adubação, precisa-
se controlar o tempo de compra dos fertilizantes e preparo do solo, com a aração e
gradagem, visto que existem nos mercados fertilizantes solúveis que podem ser aplicados
no momento do plantio.

Nota-se, então, que o planejamento é fundamental para que não haja correria
na hora da plantação, pois o produtor depende, além de si mesmo, de outras partes
envolvidas, tais como laboratório de análise química do solo, do mercado de fertilizantes
e de mão-de-obra.

31
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Para frutíferas, de maneira geral, a época de amostragem é cerca de três meses
antes do pleno florescimento. Em áreas cultivadas com cafeeiro, a amostragem do solo
deve ser efetuada após a colheita e/ou esparramação.

4.2.4. DIVISÃO DA ÁREA EM GLEBAS HOMOGÊNEAS

O solo não é uniforme em toda sua extensão, muito pelo contrario, trata-se de um
material muito heterogêneo nos dois sentidos, em superfície e em profundidade. Por este
motivo, devemos dividir o terreno em glebas homogêneas.

Para esta divisão têm-se quatro pontos básicos que devem ser levados em
consideração:

5 Cor do solo;

5 Textura do solo (arenosos e argilosos);

5 Topografia (parte superior parte de meia encosta e parte mais baixa do


terreno);

5 Histórico da área (cultura já implantada, aplicação de corretivos e fertilizantes


etc.).

O recomendado é que as glebas sejam de, no máximo, 10 a 12 ha e uniforme


quanto aos quatro aspectos citados.

No caso de lavoura perene, ao dividir a área da propriedade em glebas


homogêneas, devem ser considerados todos os fatores que podem induzir diferenças na
produtividade, tais como: idade das plantas, sistema de condução, sombreamento,
sistemas de plantio e espaçamento entre as árvores, diferentes combinações de porta-
enxerto e variedades, etc.;

Nas áreas de pastagem, não deve levar em consideração a divisão da área de


acordo com os piquetes, mas sim considerar as características diferentes de solo.

4.2.5. COLETA DAS AMOSTRAS DE SOLO

Após a divisão da área em glebas homogêneas, inicia-se o programa de análise


de solo com a coleta das amostras, que deve representar corretamente o todo. A
amostra deve refletir de maneira mais real possível a situação de fertilidade da área
amostrada.

32
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4.2.5.1. NÚMERO DE AMOSTRAS SIMPLES PARA FAZER UMA AMOSTRA COMPOSTA

A amostra simples é a porção de solo coletada em um ponto do terreno e a


composta é a reunião das varias amostras simples. É claro que, quanto mais amostras
simples forem coletadas para formar a amostra composta, maiores serão as chances de
se ter uma amostra representativa e confiável. O recomendado é coletar de 15 a 20
amostras simples para compor uma amostra composta.

4.2.5.2. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Para tomada das amostras simples, o instrumento a ser utilizado devera satisfazer
as seguintes condições:

5 Ser capaz de tomar pequenos, suficientes e igual volume de solo de cada local
de amostragem que irá compor a amostra que será enviada ao laboratório;

5 Ser fácil de limpar;

5 Ser adaptado a diferentes tipos de solo;

5 Ser resistente e durável;

5 Ser de fácil uso e possibilitar uma coleta rápida das amostras.

Qualquer propriedade sempre terá instrumentos capazes de coletar uma boa


amostra, como o enxadão e uma pá reta. No entanto, existem instrumentos que foram
desenvolvidos especificamente para isto, são eles: trado de rosca, trado meia lua e trado
tipo sonda (Figura 9). Alem destes instrumentos, precisa-se ainda de uma marreta, no
caso do trado tipo sonda, balde e saco plástico.

O trato tipo sonda é o equipamento com as melhores características, pois


apresenta uma maior facilidade de coleta das amostras na camada superficial, incluindo
em solos argilosos, facilitando ainda a coleta em profundidade.

Figura 9: Equipamentos mais comuns para coleta de amostra de solo


33
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4.2.5.3. PROCEDIMENTO DE RETIRADA DAS AMOSTRAS

Caso 1 - Implantação da cultura

Aconselha-se retirar a amostra de uma camada do solo de 0 a 20 cm de


profundidade.

Quando se deseja verificar a condição de fertilidade em subsuperfície, devem ser


retiradas amostras de camadas mais profundas para que se conheça o perfil do solo, 20
a 40 e de 40 a 60 cm e assim por diante. Esta análise do subsolo permitirá verificar se há
algum impedimento químico ao desenvolvimento das raízes. A amostragem em
profundidade também é recomendada na adequação do solo para iniciar o sistema de
plantio direto.

A coleta da amostra deve ser feita percorrendo-se a gleba considerada


homogênea em zigue-zague, procurando cobrir toda a sua extensão (Figura 10). As
amostras simples são obtidas com um dos instrumentos apropriados. É importante a
limpeza da superfície do solo antes da coleta, eliminando a matéria orgânica em
decomposição e/ou outro material que não faça parte do solo.

As amostras simples devem ser colocadas em balde plástico limpo, que não
contenha nenhum tipo de resíduo. As amostras simples devem ser misturadas para que
ocorra a homogeneização. Desta mistura, que retira-se uma porção de cerca de 500g,
que constituirá a amostra composta a ser enviada ao laboratório.

Figura 10: Percurso em zigue-zague para retirada das amostras simples

Caso 2 - Cultura implantada

No caso de culturas perenes (árvores) já implantas, recomenda-se coletar


amostras de solo separadas: Uma no local da adubação (normalmente na projeção da
copa das plantas), e outra entre as linhas de plantio ou no centro das ruas. O principal
objetivo de se coletar amostras separadas é identificar a necessidade de correção da

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acidez em toda a área ou apenas na faixa de adubação. Caso a acidez se localize na
faixa de adubação, a quantidade de calcário deve ser proporcional à área
efetivamente ácida.

Para um bom monitoramento das alterações nas características químicas de um


solo ocupado com culturas perenes, recomenda-se a amostragem nas seguintes
profundidades: 0 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm. As doses de fertilizantes a serem aplicados
serão calculadas de acordo com os resultados da análise da amostra coletada sob a
copa das plantas, na camada de 0 a 20 cm.

No caso de cultivo sob plantio direto, é interessante realizar amostragens mais


estratificadas, de 0 a 5 e de 5 a 10 cm, visto que nestas áreas praticamente não há
revolvimento de solo e com o tempo pode vir a ocorrer alta concentração de nutrientes
mais próximos à superfície.

4.2.6. PREPARO DAS AMOSTRAS PARA ENVIO AO LABORATÓRIO

O preparo das amostras irá depender do tempo entre a coleta e a entrega no


laboratório. Se este tempo for de no máximo dois dias, basta colocar a amostra em um
saco plástico e identificá-la corretamente (nome do agricultor, nome da propriedade,
identificação do local, data). Se o material for enviado pelo correio, ou levar um tempo
maior até chegar ao laboratório aconselha-se que a amostra seja seca para se evitar
alterações em virtude da atividade microbiológica. A maneira correta da secagem é
espalhar a amostra deixando uma camada de aproximadamente 1 cm de altura numa
superfície limpa, deixando-a num local sombreado e bem ventilado. Não se dever deixar
a amostra exposta ao sol ou a qualquer fonte de calor.

4.2.7. FREQÜÊNCIA DE AMOSTRAGEM

Quanto menor o tempo entre amostragens, maior é o acompanhamento das


condições química do solo e, conseqüentemente, maior possibilidade de um correto
manejo químico do solo. Em áreas de agricultura intensiva e com utilização de
tecnologia adequada, deve-se coletar amostra de solo todo ano.

4.2.8. UNIDADES UTILIZADAS NOS RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO

Há mais de três décadas, o Brasil adotou o Sistema Internacional de Unidades (SI),


que visa uniformizar a expressão de medidas em todo o mundo. No entanto, somente há
alguns anos esta medida foi estendida às análises agronômicas. Foram definidas as

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unidades adequadas ao SI, sendo que a partir desse momento, não somente os laudos
de resultados analíticos, mas também publicações científicas poderão utiliza-as.

Tabela 4 - Conversão das unidades antigas para as unidades do Sistema Internacional

Unidades do SI
Unidades antigas (A) Fator de conversão (F)
(SI = A x F)

Solo

% 10 g dm-3, g kg-1

ppm ou µg/cm3 1 mg dm-3, mg kg-1

Meq/100cm3 1 cmolc dm-3, cmolc kg-1

Meq/100cm3 10 mmolc dm-3, mmolc kg-1

mmho/cm 1 dS m-1

Planta

% 10 g Kg-1

ppm 1 mg Kg-1

5. A INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO

5.1. pH DO SOLO

5.1.1. TIPOS DE ACIDEZ

a) Acidez Ativa - Refere-se aos íons H+ presentes na solução do solo. A acidez


ativa está ligada diretamente à solução do solo. A Acidez Ativa também é conhecida
como Acidez Iônica ou Acidez Atual.

A neutralização dos íons H+ na solução do solo pode ser feita com pequenas
quantidades de carbonato de cálcio, (em torno de 2 a 3 kg ha-1). Isto porque as
quantidades de H+ presentes na solução do solo é muito pequena.

O termo pH do solo, que é usualmente utilizado, é um termo incorreto, pois este se


aplica as soluções. Mas dizer pH da solução do solo, não é correto também, isto porque
tecnicamente, o extrato do solo no qual se mede a acidez ativa é diferente da solução

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do solo. Corretamente seria dizer “pH de um extrato aquoso do solo”, como nos parece
um pouco confuso e não habitual, o termo “pH do solo” tornou-se usual em todas as
publicações sobre Ciência do Solo.

b) Acidez Trocável - Refere-se aos íons H+ e Al3+ adsorvidos de forma trocável às


cargas negativas dos colóides, que são extraídos com a solução de KCl 1 mol L-1. As
quantidades de H+ presentes na forma trocável são tão pequenas que se torna quase
desprezível em relação a Al3+, podendo ser a acidez trocável sinônimo de Al3+.
Chamando-a também de acidez de troca. De modo geral, essa acidez é nociva às
plantas cultivadas, e a calagem do solo é a principal maneira para sua eliminação.

c) Acidez Potencial - Refere-se à acidez trocável somada aos íons H+ não-


trocável. Essa determinação é feita pelo método do Acetato de cálcio a pH 7 ou pelo
método indireto do índice SMP. É utilizado para o cálculo da CTC a pH 7,0 e, portanto, na
saturação por base (V) e recomendações de calagem.

Figura 11: Componentes da acidez do solo

5.1.2. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DO pH DO SOLO

O índice fornecido pelo pH indica o grau de acidez ou alcalinidade de um extrato


aquoso do solo, sendo utilizado como indicativo das condições gerais de fertilidade do
solo. Ou seja, ele nos fornece indícios das condições químicas gerais do solo. O sistema
de unidade do pH é adimensional, ou seja, não tem unidade.

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São condições desfavoráveis às plantas, quando o pH estiver abaixo de 4,5 ou
acima de 7,5 são:

1º caso (pH < 4,5) - baixos teores de Ca++, Mg++, K+ e Na+, altos teores de Al+++ e
Mn++ e alta fixação de P;

2º caso (pH > 7,5) - deficiência de micronutrientes e/ou excesso de Na+, Ca++,
Mg++ e K+.

As classificações a seguir são exemplos para o pH do solo.

Tabela 5 - Classificação das leituras de pH* em água e em cloreto de cálcio

Classificação pH em água Classificação pH em CaCl2 0,01M

Acidez elevada ≤ 5,0 Acidez muito alta ≤ 4,3

Acidez média 5,0 - 5,9 Acidez alta 4,4 - 5,0

Acidez fraca 6,0 - 6,9 Acidez média 5,1 - 5,5

Neutro 7,0 Acidez baixa 5,6 - 6,0

Alcalinidade fraca 7,1 - 7,8 Acidez muito baixa 6,0 - 7,0

Alcalinidade elevada ≥ 7,8 Neutro 7,0

Alcalino ≥7,0

* Relação solo:solução = 1:2,5

Fonte: TOMÉ Jr. (1997)

5.1.3. pH EM ÁGUA VERSUS pH EM CLORETO DE CÁLCIO

O pH em CaCl2 torna-se um índice mais confiável que o pH em água, isto em


virtude da sua maior precisão. Para as interpretações e utilização dos resultados da
análise, este é um aspecto importante. Mesmo o técnico do laboratório tem mais
possibilidade de perceber prováveis erros analíticos quando há baixa relação entre o pH
com outras características, como saturação por base e saturação por alumínio.

Em uma mesma amostra, em geral, o pH em água é maior do que o pH em CaCl2,


porém, esta diferença não tem um valor fixo, podendo variar em média de 0,3 a 1,2
unidades.

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5.1.4. SOLOS COM pH MUITO ÁCIDO (pH EM CaCl2 < 4,5 E, EM ÁGUA, < 5,0)

a) Deficiência de fósforo e alta fixação do fósforo aplicado (os íons fosfato se


combinam com ferro e alumínio, formando compostos de baixa solubilidade e, portanto,
indisponível às plantas);

b) Baixos teores de cálcio, magnésio e potássio;

c) Toxidez por alumino;

d) Boa disponibilidade dos micronutrientes ferro, cobre, manganês e zinco. A


exceção é o molibdênio, cuja disponibilidade diminui com a redução do pH;

e) Toxidez por ferro e de manganês (a disponibilidade referida na letra d aumenta


tanto que pode atingir níveis excessivos);

f) Baixa CTC efetiva ⇒ alta lixiviação de cátions (Ca++, Mg++, K+ e Na+);

g) Baixa saturação por bases (V);

h) Como pode ocorrer Al trocável e baixa CTC efetiva, deve-se esperar altos
teores de Al trocável, pode ocorrer limitação na decomposição da matéria orgânica e o
solo, a longo prazo, acumula matéria orgânica. É o que acontece, por exemplo, nos solos
chamados Latossolos Húmicos.

Observações:

1) Os valores de pH nos quais espera a ocorrência de Al trocável em níveis tóxicos são pH


< 5,5 (em água) e pH <5,0 (em CaCl2). Esses limites podem ser mais elevados nos solos
argilosos e mais baixos nos arenosos, ou seja, nos solos argilosos pode haver Al trocável
em valores de pH mais elevados que esses aqui citados e em solos arenosos, é comum a
ocorrência de pH abaixo desses e ausência de Al trocável;

2) Existe uma relação direta entre o pH do solo e a saturação por bases (V). Quanto
maior o pH, mais elevada será V, embora não seja seguro tentar prever o valor exato de
V a partir do pH.

5.1.5. SOLOS COM pH ALCALINO (pH EM ÁGUA OU EM CaCl2 MENOR ≤ 7,0)

a) Deficiência de fósforo em virtude da formação de composto insolúvel com


cálcio;

b) Altos teores de cálcio, magnésio, potássio e sódio;

c) Deficiência de micronutrientes (todos, exceto molibdênio e cloro);

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d) Alta saturação por bases (V), com valores próximos a 90 – 100%;

e) Ausência de Al trocável;

f) Alta CTC efetiva (a não ser que se trate de um solo arenoso, no qual pode-se ter
pH elevado e baixa CTC total e, portanto, será baixa também a CTC efetiva);

g) Pode ser um solo salino ou sódico (excesso de sódio, com seus efeitos negativos
na formação da estrutura do solo, crescimento de raízes e absorção de água);

h) Perda de nitrogênio por volatilização, por causa da transformação do NH4+


(amônio) em NH3 (amônia), que é um gás;

A figura 12 permite uma visualização global da relação entre o pH do solo e a


disponibilidade de macro e micronutrientes.

Figura 12: Visualização da relação entre o pH e a disponibilidade de nutrientes no solo.

Fonte: LOPES (1998)

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5.2. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO

5.2.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS

A conversão de carbono orgânico para matéria orgânica, em qualquer unidade,


é feita pela seguinte relação:

Matéria Orgânica = Carbono x 1,72

O exemplo, a seguir, mostra a correspondência entre as unidades anteriores e as


novas unidades do SI.

Tabela 6 – Correspondência entre as unidades de carbono e matéria orgânica

Antigas Sistema Internacional

1 ,8 %C 3 ,1 %MO 18 g C dm - 3 31 g MO dm - 3

5.2.2. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO

Praticamente não se utiliza o valor numérico do teor de matéria orgânica para


efetuar cálculos de recomendação de calagem ou adubação.

Saber se o solo é rico ou pobre em matéria orgânica irá permitir inferir sobre varias
características que poderão auxiliar nas recomendações mais adequadas para o
manejo físico e químico do solo.

5.2.2.1. INTERPRETAÇÃO QUALITATIVA

A) Altos Teores de MO (> 50g MO dm-3) Indicam:

a) Alta CTC total, o que significa maior capacidade de retenção de cátions. Por
outro lado, representa também maior resistência à variação do pH (maior poder
tampão), ou seja, se o solo estiver com excesso de acidez, necessitando de calagem, a
dose de calcário a ser aplicada será elevada;

b) Possibilidade de reduz as doses de adubos nitrogenados (em geral a critério do


profissional de agronomia, mas algumas recomendações chegam a basear a dose de
adubos nitrogenados no teor de matéria orgânica do solo);

c) Maiores disponibilidades dos nutrientes nitrogênio, enxofre e boro (a mineração


da matéria orgânica é a principal fonte desses elementos para as plantas);

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d) Maior complexação de metais; pois existirá maior possibilidade de existência de
substâncias orgânicas capaz de formar complexo. Como conseqüência, pode-se esperar
menor toxidez por Al trocável, menor insolubilização de micronutrientes em pH elevado
(ou seja, o risco de ocorrer deficiência desses elementos em pH elevado é menor) e pode
ocorrer deficiência de cobre (o complexo desse elemento com a matéria orgânica é de
baixa solubilidade, sendo comum a sua deficiência em solos orgânicos);

e) Maior disponibilidade de fósforo e menor fixação de fósforo aplicado.

B) Baixos Teores de MO (<15g MO dm-3) Indicam:

a) Solos arenosos;

b) Baixa CTC efetiva. Portanto, baixo poder tampão e alta possibilidade de


lixiviação de bases (Ca, Mg e K);

c) A ocorrência simultânea de baixos teores de matéria orgânica com teores


elevados de H + Al e CTC total indicam, geralmente, amostras de horizontes mais
profundos (amostra retiradas de camadas abaixo de 20 cm ou o solo está erodido,
ocorrendo a exposição do horizonte B);

d) Maior risco de efeitos danosos de adubos altamente salinos, como cloreto de


potássio (KCl);

e) Possibilidade de ocorrência de deficiência de nitrogênio, enxofre e


micronutrientes.

É do resultado do balanço entre o processo de adição de matéria orgânica e


perda, que resulta no teor de matéria orgânica. Temperaturas e umidade elevadas,
como são as condições de clima tropical e subtropical, é grande a produção de
biomassa (elevada adição); porém, a velocidade de mineralização da matéria orgânica
também é muito elevada. Acontece, ainda, que é as operações de preparo anual do
solo tais como, aração e gradagem, aceleram a mineralização da matéria orgânica, e
conseqüentemente um solo utilizado para agricultura, dificilmente apresentará teores
elevados de matéria orgânica. Isto porque, após alguns anos de cultivo esse teor se
estabiliza em torno de 25 a 30 g MO dm-3 em solos argilosos, e em solos de texturas média
ou arenosa valores mais baixos.

Nota-se, então, que, quando o resultado da análise apresenta um solo rico em


matéria orgânica, possivelmente este solo é proveniente de algumas destas condições
ambientais:

5 Regiões de clima frio e/ou elevadas altitudes;

5 Baixadas com excesso de água (deficiência de oxigenação);

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Estas limitações ecológicas, como baixas temperaturas, falta de oxigênio (O2), são
explicadas no sentido de que elas são mais prejudiciais para os microorganismos
decompositores do que para as plantas produtoras de biomassa. E, então, o acúmulo de
matéria orgânica acontece, por causa da à adição ser maior que a perda.

5.2.2.2. INTERPRETAÇÃO QUANTITATIVA

Em interpretação de análise de solo, os aspectos qualitativos do teor de MO é


mais importantes em relação ao quantitativo. Porém, veremos alguns critérios que
normalmente ocorrem em análises de solo.

Tabela 7 – Interpretação dos teores de carbono e matéria orgânica no solo

Classificação Carbono Matéria Orgânica

- - - - - - - - - - g kg-1 - - - - - - - - - -

Muito Baixo ≤4 ≤7

Baixo 4,1 - 11,6 7,1 - 20,0

Médio 11,7 - 23,2 20,1 - 40,0

Alto 23,3 - 40,6 40,1 - 70,0

Muito Alto > 40,6 > 70,1

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

Para que um solo seja considerado tecnicamente um solo orgânico ele precisa
apresentar até pelo menos 80 cm de profundidade, no mínimo 120g C dm-3 (200g MO
dm-3), se não houver argila. Caso haja argila, deve conter essa quantidade mais 0,50g C
dm-3 (0,9g MO dm-3) para cada 1% de argila, ou seja:

Solo Orgânico: g MO dm-3 ≥ [200 + 0,9 x (% Argila)]

Solo Mineral: g MO dm-3 < [200 + 0,9 x (% Argila)]

Por isto é que nem todo solo muito rico em matéria orgânica pode ser
considerado um solo orgânico

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5.2.3. VARIAÇÃO COM A PROFUNDIDADE

Quanto maior a profundidade, menor o teor de MO, e os teores variam conforme


já foi visto anteriormente, nas camadas superficiais. Porem abaixo de 20 cm de
profundidade, ou seja, no horizonte B, geralmente os teores são menores que 15g dm-3,
exceto em solos com horizonte A mais profundo que 20 cm.

É importante também essa regra para a verificação de ocorrência de erros na


identificação das amostras que são enviadas aos laboratórios. Pois, se o produtor coletar
amostra da mesma área, e com profundidade diferente, o teor de matéria orgânica
dever diminuir neste sentido, 0 a 20, 20 a 40, 40 a 60cm. Caso não ocorra, deve-se
verificar a possibilidade de erros analíticos ou de identificação das amostras que pode ter
sido pelo cliente ou pelo laboratório. Outra ocorrência é a possibilidade de horizontes
enterrados, que são solos influenciados por depósitos de materiais provenientes de outros
solos, que podem ser aluviais (depósitos por cursos d’água) ou coluviais (provenientes de
encostas à montante da área).

5.3. FÓSFORO DISPONÍVEL NO SOLO

5.3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE FÓSFORO DISPONÍVEL

O primeiro passo para a classificação dos teores e realização da recomendação


de adubos é verificar se na tabela com sugestão de adubação que está se consultando
o extrator é o mesmo utilizado na análise, isto porque existem mais de um extrator para o
fósforo disponível. Por exemplo, um resultado de análise feita pelo extrator Mehlich não se
pode consultar uma tabela de recomendação elaborada com o extrator Resina e assim
como ao contrário.

A classificação do teor disponível de fósforo depende do extrator, da textura do


solo e da cultura. E para classificar este teor deve-se sempre levar em conta os fatores
variáveis, ou melhor, qual cultura se está classificando e em qual tipo de solo,
principalmente em relação à textura, e qual o extrator utilizado na análise. Vamos
observar, nas tabelas que se seguem, situações em que o mesmo valor numérico para
teor de fósforo disponível pode ter diferentes interpretações dependendo desses fatores.

5.3.2. CLASSIFICAÇÃO

Na tabela 8, apresenta-se a classificação para a cultura do milho no Estado do


Paraná (extrator Mehlich) e para diversas culturas no Estado de São Paulo (extrator
Resina). O exemplo objetiva mostrar a diferença numérica entre os dois extratores.

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Tabela 8 - Classificação para fósforo disponível para a cultura do milho (PR) e diversas
culturas em (SP), mostrando a diferença entre os extratores Mehlich e resina.

Extrator Cultura Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto

- - - - - - - - - - - - - - - mg dm-3 - - - - - - - - - - - - - - -

Mehlich Milho (PR) - <3 3-6 >6 -

Resina Anuais 0-6 7 - 15 16 - 40 41 - 80 > 80

Perenes 0-5 6 - 12 13 - 30 31 - 60 > 60

Hortaliças 0 - 10 11 - 25 26 - 60 61 - 120 > 120

Florestais 0-2 3-5 6-8 9 - 16 >16

Fontes: LIMA et al. (1994) e RAIJ et al. (1997)

O teor de 9 mg P dm-3 seria considerado alto para implantação cultura do milho,


se o extrator utilizado fosse o Mehlich. No entanto, se o extrator utilizado fosse Resina, esse
teor seria considerado baixo. Por causa destes fatores, deve-se verificar qual o extrator
utilizado na análise que se está interpretando, antes de se fazer a classificação e as
recomendações de adubação.

Não existe transformação de resultados entre Mehlich e Resina. Se as tabelas de


recomendação de adubação da região foram elaboradas com um determinado
extrator, o profissional de Agronomia trabalhando nessa região deve solicitar ao
laboratório que a análise seja feita por esse extrator.

Regiões que utilizam o extrator Mehlich, a classificação dos teores depende da


textura do solo (Tabela 9).

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Tabela 9 - Interpretação dos teores de fósforo disponível para o Estado de Minas Gerais

Teor de Argila (%)


Classificação
61 - 100 36 - 60 16 - 35 0 - 15

- - - - - - - - - - - - - - - - - - mg dm-3 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Muito Baixo ≤ 2,7 ≤ 4,0 ≤ 6,6 ≤ 10,0

Baixo 2,8 - 5,4 4,1 - 8,0 6,7 - 12,0 10,1 - 20,0

Médio 5,5 - 8,0 8,1 - 12,0 12,1 - 20,0 20,1 - 30,0

Alto 8,1 - 12,0 12,1 - 18,0 20,1 - 30,0 30,1 - 45,0

Muito Alto > 12,0 > 18,0 > 30,0 > 45,0

Extrator: Mehlich-1

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

5.3.3. PROFUNDIDADE

O teor de fósforo disponível, vindo de qualquer extrator, tende a diminuir com a


profundidade, acompanhando o teor de MO.

Observações Importantes:

a) Solos que recebem aplicações de fosfato natural, termofosfato e esterco de aves


poedeiras (quando na ração desses animais é adicionado fosfato bicálcico), quando
analisamos pelo extrator Mehlich, podem apresentar resultados falsamente elevados.
Estes produtos contêm formas de fósforo que são pouco solúveis em água, portanto nem
todo o seu fósforo é disponível às plantas, mas a acidez do Mehlich (que tem pH em
torno de 2,0) pode dissolver tais formas de fósforo;

b) Como o fósforo é pouco móvel no solo, grande atenção deve ser dedicada à
amostragem de solos que recebem adubos fosfatados de forma localizada (no sulco de
plantio), principalmente nos primeiros três a quatro anos após a primeira aplicação.

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5.4. POTÁSSIO TROCÁVEL NO SOLO

5.4.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS

A tabela 10 fornece um exemplo numérico da correspondência entre as


unidades.

Tabela 10 – Equivalência entre as unidades antigas e atuais para expressão do teor de


potássio trocável

Unidades antigas Unidade do SI

0,31 120 0,31 3,1 120

meqK/100mL ppm K cmolcK dm-3 mmolcK dm-3 mgK dm-3

5.4.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE POTÁSSIO TROCÁVEL

De forma geral, a tabela informa os índices para classificação de potássio


trocável, com algumas variações na interpretação entre as regiões e culturas. O que
deve ser feito pelo profissional de Agronomia é consultar tabelas de publicações da
região e especifica da cultura em estudo, como mostrar os exemplos a seguir (Tabelas 11,
12 e 13):

Tabela 11 – Classificação dos teores de potássio trocável para o Estado de São Paulo

Teor K trocável

- - mmolc dm-3 - -

Muito Baixo < 0,7

Baixo 0,8 - 1,5

Médio 1,6 - 3,0

Alto 3,1 - 6,0

Muito Alto > 6,0

Fonte: RAIJ et al. (1997)

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Tabela 12 – Classificação dos teores de potássio trocável para o Estado de Minas Gerais

Teor K trocável

- - mg dm-3 - -

Muito Baixo ≤ 15

Baixo 16 - 40

Médio 41 - 70

Alto 71 - 120

Muito Alto > 120

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

Tabela 13 - Classificação dos teores de potássio trocável na região dos Cerrados

Teor de argila (g kg-1)


Classificação
< 200 ≥ 200

- - - - - - mg dm-3 - - - - - -

Baixo <5 < 25

Médio 16 - 30 25 - 50

Alto > 30 > 50

Fonte: SOUZA et al. (1993)

Como foi mostrado nas tabelas acima, pode-se dizer que o nível de potássio
trocável adequado às plantas é mais elevado em solos argilosos e com alta CTC que em
solos arenosos e com baixa CTC.

Para uma determinada região, mesmo quando não houver a separação dos solos
em classes de textura para a classificação do potássio trocável, através da saturação em
potássio, pode-se avaliar a relação entre o teor de potássio e a CTC, onde o calculo é
feito através da formula abaixo, pela divisão do teor de potássio pela CTC total, as
unidades devem ser iguais, neste caso podem ser cmolc dm-3 ou mmolc dm-3.

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K (%) = K+ x 100
Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ + Al3+ + H+

Para a maioria das culturas, este valor deve estar entre 3 a 5% da CTC total.

5.4.3. PROFUNDIDADE

De modo geral, ocorre redução nos teores de potássio trocável em maiores


profundidades.

5.5. CÁLCIO E MAGNÉSIO TROCÁVEIS NO SOLO

5.5.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS

A tabela 14 fornece o exemplo numérico da correspondência entre as unidades.

Tabela 14 – Equivalência entre as unidades antigas e atuais para expressão do teor de


cálcio e magnésio trocáveis

Unidade Antiga Unidade do SI

6,54 6,54 65,4

meq Ca + Mg/100cm3 cmolc Ca + Mg dm-3 mmolc Ca + Mg dm-3

5.5.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE CÁLCIO E MAGNÉSIO TROCÁVEIS

O nível de acidez do solo tem relação direta com os teores de cálcio e magnésio.
Utilizam-se para o cálculo da soma de bases (SB) que, por sua vez, servirá para calcular a
CTC e saturação por base (V). Espera-se que se os teores de Ca++ e Mg++ estiverem
baixos, o solo estará também com excesso de acidez (baixo pH) e baixa saturação por
base (V) e, possivelmente, com toxidez por Al3+. Caso isso ocorra, a recomendação é a
realização da calagem que corrigirá todos esses problemas de uma só vez. Inclusive os
baixos teores de Ca++ e Mg++.

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Em solos arenosos acontece, às vezes, do solo apresentar baixos teores de Ca++ e
Mg++, e também baixa CTC. Nessas condições, a saturação por bases, que é um valor
relativo, pode-se apresentar elevado, dando uma falsa indicação de fertilidade elevada.
Por isso, é importante a classificação dos valores absolutos de Ca++ e Mg++ (Tabela 15).

Tabela 15 – Classificação dos teores de cálcio e magnésio trocáveis no solo

Classificação Ca++ Mg++ Ca++ Mg++

- - - - - - cmolc dm-3 - - - - - - - - - - - - mmolc dm-3 - - - - - -

Muito Baixo ≤ 0,40 ≤ 0,15 ≤ 4,0 ≤ 1,5

Baixo 0,41 - 1,20 0,16 - 0,45 4,1 - 12,0 1,6 - 4,5

Médio 1,21 - 2,40 0,46 - 0,90 12,1 - 24,0 4,6 - 9,0

Alto 2,40 - 4,00 0,91 - 1,50 24,0 - 40,0 9,1 - 15,0

Muito Alto > 4,00 > 1,50 > 40,0 > 15,0

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

Observação: O instituto agronômico de Campinas (RAIJ et al, 1997) sugere, para o cálcio,
que teores acima de 0,7 cmolc dm-3 (7 mmolc dm-3) sejam considerados altos.

5.5.3. SATURAÇÃO POR CÁLCIO E MAGNÉSIO NA CTC TOTAL

Pode-se fazer o cálculo da saturação em Ca++ e Mg++ na CTC total de acordo


com as seguintes fórmulas:

Ca (%) = Ca++ x 100


Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ + Al3+ + H+

Mg (%) = Mg++ x 100


Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ + Al3+ + H+

50
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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Pode-se utilizar os valores em mmolc dm-3, desde que os teores de Ca++, Mg++ e a
CTC total estejam todos expressos na mesma unidade.

Para uma boa estrutura nutricional em culturas, um solo fértil deve apresentar as
seguintes saturações em cátions:

Cátions Saturação na CTC Total

---%---

K+ 3-5

Ca++ 50 - 70

Mg++ 10 - 15

H+ 15 - 20

5.5.4. RELAÇÕES ENTRE CÁTIONS (Ca/Mg, Ca/K e Mg/K)

As culturas não são exigentes quanto às relações Ca/Mg, Ca/K ou Mg/K,


produzindo em uma larga faixa de variações. O importante é que o Ca, Mg e K estejam
em teores adequados.

Um cuidado que se deve ter em solos pobres em magnésio é a sua correção


através de calagem para depois proceder aplicações de potássio, haja visto que,
grandes quantidades de potássio podem induzir deficiências de magnésio em solos
pobres neste elemento.

5.6. SÓDIO TROCÁVEL NO SOLO

O Sódio não é um nutriente considerado como essencial às plantas, no entanto,


algumas funções bioquímicas do potássio podem ser substituídas por ele no metabolismo
vegetal. Na maioria dos solos, sua quantidade é bem pequena, bem menor que as do
potássio que é um cátion menos abundante na CTC total, dentre os cátions trocáveis. Por
esse motivo, de modo geral, não se faz análise do teor de sódio trocável em uma
amostra de solo, a não ser em condições de manejo do solo ou condições climáticas que
favorecem a ocorrência de solos salinos.

Quando as quantidades presentes no solo são em quantidades significativas, em


relação a outros cátions, sua reação sobre a produtividade das culturas tem efeito
adverso podendo ser direta ou indiretamente, vejamos:

51
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
X Diretamente: dificulta a absorção de água e de cátions essenciais para a
planta;

Y Indiretamente: tem efeito dispersante sobre as argilas, porque causa


desestruturação do solo e prejudicando a infiltração de água, o oxigênio e crescimento
das raízes.

Essas adversidades são particulares aos solos com problemas de excesso de


salinidade.

A determinação de sódio trocável é feita nas seguintes condições:

5 Excesso de salinidade (regiões áridas e semi-áridas ou na marítima);

5 Para classificar o tipo de solo;

5 Para monitoramento de salinidade do solo por água de irrigação (no campo ou


em estufas);

5.6.1. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE SÓDIO TROCÁVEL

A classificação dos teores de sódio trocável não é de interesse do ponto de vista


da análise da fertilidade do solo, informações mais importantes são fornecidas pela
condutividade elétrica do extrato de saturação, no qual o sódio pode ter grande
influência pelo fato da alta solubilidade. O mais interessante é calcular a saturação de
sódio na CTC total (Porcentagem de Sódio Trocável - PST), que juntamente com a
condutividade elétrica (CE) do solo, podem ser utilizados para identificar solos com
problemas de salinidade.

A saturação por sódio na CTC total é calculada da seguinte forma:

PST (%) = Na+ x 100


Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ + Al3+ + H+

A saturação por sódio na CTC total, em solos sem problemas de salinidade,


geralmente é inferior a 1%. Solos com problemas de salinidade, podem ser solódico
quando a saturação por sódio (PST) for ≥ 6% e < 15% ou sódico PST ≥ 15% e salino quando
a condutividade elétrica (CE) for ≥ 4 dS m-1 e < 7 dS m-1 ou sálico com CE > 7 dS m-1.

52
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5.7. ALUMÍNIO TROCÁVEL

5.7.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS

A tabela 16 fornece um exemplo numérico da correspondência entre as


unidades.

Tabela 16 – Equivalência entre as unidades antigas e atuais para expressão do teor de Al


trocável

Unidade Antiga Unidade do SI

0,75 0,75 7,5

meq Al3+/100cm3 cmolc Al3+ dm-3 mmolc Al3+ dm-3

5.7.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE ALUMÍNIO TROCÁVEL

O alumínio não é desejável no solo pela sua toxidez às plantas. Existe um método
de recomendação de calagem cujas dosagens são calculadas visando baixar para zero
o teor de alumínio trocável. Indiretamente as doses dos demais métodos causarão o
mesmo efeito.

Tabela 17 – Classificação dos teores de Al trocável (Al3+)

Classificação Al3+

- - - - cmolc dm-3 - - - - - - - - mmolc dm-3 - - - -

Muito Baixo ≤ 0,2 ≤ 2,0

Baixo 0,21 - 0,50 2,1 - 5,0

Médio 0,51 - 1,00 5,1 - 10,0

Alto 1,01 - 2,00 10,1 - 20,0

Muito Alto > 2,00 > 20,0

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

A proporção que o Al ocupa na CTC efetiva (m), também determina o grau de


toxidez à planta; por isso somente o teor de Al trocável, talvez não possa ser suficiente
para sua caracterização. No exemplo na tabela 18 vamos fazer a comparação entre
dois solos, observe:
53
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Tabela 18 – Comparação entre dois solos com relação à proporção que o Al ocupa na
CTC efetiva (m)

Solo Al Trocável CTC Efetiva m

- - - - - - - - - cmolc dm-3 - - - - - - - - - ----%----

A 0,7 6 11,67

B 0,7 15 5,38

Nota-se que embora ambos possuam o mesmo teor de alumínio trocável, no solo
A o Al ocupa uma maior proporção da CTC efetiva, ou seja, para um mesmo teor de Al
trocável, a toxidez por alumínio será maior no solo A que no solo B. Para calcular a
saturação por Al (m), para uma avaliação correta, utiliza-se a fórmula a seguir:

m (%) = Al3+ x 100


Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ + Al3+

Na tabela 19, temos os índices de saturação por alumínio (m), e devem ser
consideradas as diferenças entre as culturas e/ou cultivares na tolerância à toxidez ao
alumínio.

Tabela 19 – Interpretação dos índices por saturação por alumínio (m)

Classificação m

---%---

Muito Baixo ≤ 15,0

Baixo 15,1 - 30,0

Médio 30,1 - 50,0

Alto 50,1 - 75,0

Muito Alto > 75,0

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

54
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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Em uma agricultura com alto nível de tecnologia, é inaceitável a presença de
alumínio trocável no solo, apesar disto, existe a região dos cerrados onde o clima é
propício a altos teores de alumínio trocável. Quando isso ocorre na camada superficial, a
aplicação do calcário resolve o problema ou ameniza. Porém, se for numa profundidade
superior o custo é geralmente mais alto e às vezes a utilização de culturas resistentes a
esta condição seja a opção mais viável para o cultivo desses solos. Existe ainda a
possibilidade de utilizar o gesso agrícola para minimizar o efeito tóxico do Al3+ abaixo da
camada arável (abaixo de 20cm de profundidade).

5.8. ACIDEZ POTENCIAL (H+ + Al3+)

5.8.1. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS

A tabela 20 fornece um exemplo numérico da correspondência entre as


unidades.

Tabela 20 – Equivalência entre as unidades antigas e atuais para expressão do teor de


acidez potencial

Unidade Antiga Unidade do SI

0,95 0,95 9,5

meq H+ + Al3+/100cm3 cmolc H+ + Al3+ dm-3 mmolc H+ + Al3+ dm-3

5.8.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TEORES DE H+ + Al3+

Nesta análise, os íons H+ e Al3+ são determinados e expressos conjuntamente. Na


maioria dos laboratórios, é realizada também a determinação do Al trocável (Al3+), que é
expresso separadamente. Assim, os laudos de laboratório expressam sempre H+ + Al3+,
embora o solo não apresente Al3+.

Genericamente, pode-se dizer que há uma tendência de ocorrer maiores teores


de H+ + Al3+ em solo mais rico em matéria orgânica, principalmente se estes apresentam
pH muito baixo.

55
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Tabela 21 – Classificação dos teores de H+ + Al3+

Classificação H+ + Al3+

- - - - cmolc dm-3 - - - - - - - - mmolc dm-3 - - - -

Muito Baixo ≤ 1,00 ≤ 10,0

Baixo 1,01 - 2,50 10,1 - 25,0

Médio 2,51 - 5,00 25,1 - 50,0

Alto 5,01 - 9,00 50,1 - 90,0

Muito Alto > 9,00 > 90,0

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

5.9. NITROGÊNIO DISPONÍVEL

Geralmente em análise de fertilidade do solo não é realizada a determinação de


nitrogênio no solo, e em função das transformações químicas e bioquímicas que este
nutriente está sujeito no solo, não existem índices para interpretação do N disponível para
as plantas no solo.

5.10. ENXOFRE DISPONÍVEL

O enxofre em sua forma iônica de sulfato (SO42-) é adsorvido pelos colóides do


solo e pode ser trocado por outros ânions, como, por exemplo, o fosfato de cálcio, e
assim determinado.

Tabela 22 – Interpretação dos teores de enxofre adotado no Estado de São Paulo

Classificação SO42-

- - - mg dm-3 - - -

Baixo ≤ 4,0

Médio 5,0 a 10,0

Alto > 10,0

Extrator: Fosfato de cálcio com 500mg P dm-3

56
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Tabela 23 – Interpretação da disponibilidade de enxofre no solo em função do fósforo
remanescente adotado no Estado de Minas Gerais

Muito
P - rem Baixo Médio Alto Muito Alto
Baixo

mg L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - mg dm-3 - - - - - - - - - - - - - - - - -

0-3 ≤ 1,7 1,8 - 2,5 2,6 - 3,6 3,7 - 5,4 > 5,4

4-9 ≤ 2,4 2,5 - 3,6 3,7 - 5,0 5,1 - 7,5 > 7,5

10 - 19 ≤ 3,3 3,4 - 5,0 5,1 - 6,9 7,0 - 10,3 > 10,3

20 - 29 ≤ 4,6 4,7 - 6,9 7,0 - 9,4 9,5 - 14,2 > 14,2

30 - 43 ≤ 6,4 6,5 - 9,4 9,5 - 13,0 13,1 - 19,6 > 19,6

44 - 60 ≤ 8,9 9,0 - 13,0 13,1 - 18,0 18,1 - 27,0 > 27,0

Extrator: Fosfato de cálcio com 500mg P dm-3

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

5.11. MICRONUTRIENTES

5.11.1. EXTRATORES PARA MICRONUTRIENTES

Diversos extratores têm sido experimentados em varias partes do mundo, inclusive


no Brasil, para análise de micronutrientes no solo. Agrupados em: soluções diluídas de
ácidos fortes, como Mehlich e o HCl 0,1M, soluções de agentes complexantes, como
EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) e DTPA ( ácido dietilenotriaminopentacético),
água quente (para boro) e outras soluções diversas.

Por causa da facilidade de seu emprego, a maior parte dos laboratórios tem
fornecido resultados provenientes do extrator de Mehlich, nas análises de rotina. Se o
laboratório possuir um espectrofotômetro de absorção, ele pode no mesmo extrato
obtido para determinação do fósforo disponível e do potássio trocável, fazer a
determinação dos micronutrientes. A acidez desse extrator solubiliza além do fósforo
também os micronutrientes metálicos (cobre, ferro, manganês e zinco).

No Brasil têm-se feito testes com o extrator DTPA, inclusive já existindo índices de
classificação dos teores extraídos, embora específicos para uma determinada região,
São Paulo. Este extrator foi desenvolvido para solos alcalinos dos Estados Unidos.

57
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5.11.2. PROBLEMAS NAS ANÁLISES DE MICRONUTRIENTES

Existem algumas limitações na avaliação da disponibilidade de micronutrientes


em amostras que inviabilizam a sua utilização, e essas podem ser divididas em dois
grupos:

X As alterações nos resultados devidas ao pré-tratamento das amostras;

Y Possibilidade de erros durante a determinação analítica (refere-se aos baixos


teores extraídos, muitas vezes fora dos limites de detecção dos aparelhos,
contaminações, etc.), são problemas relativamente fáceis de serem, superados,
considerando-se os avanços na qualidade dos procedimentos de laboratório e
equipamentos.

Diversos estudos já realizados permitiram concluir que as fontes de alterações são:

a) Secagem das amostras - secagem ao ar livre já é suficiente para elevar a extração em


relação às amostras úmidas e, caso sejam utilizadas temperaturas mais elevadas, os
acréscimos serão proporcional à temperatura. O efeito da secagem foi constatado com
todos os extratores (água, agentes complexantes e ácidos fracos), sendo a magnitude
das alterações variável com o extrator, com o elemento e com o solo, o que impossibilita
o uso de fatores de correção;

b) Moagem da amostra e segregação das partículas - em geral, os teores dos nutrientes


extraídos são mais elevados quanto menor o tamanho das partículas. Embora no
laboratório de rotina não seja feita a separação dos agregados por tamanho, não há
uma padronização do vigor com que a amostra é moída, podendo haver consideráveis
diferenças entre laboratórios. Além disso, não se pode descartar a ocorrência de
separação dos agregados durante o manuseio da amostra moída, quando os menores
tendem a migrar para o fundo dos recipientes e, assim, ao se tomar uma alíquota da
amostra para a extração, se esta não for homogeneizada, poderão ser tomadas para a
análise apenas os agregados maiores;

c) Armazenamento das amostras úmidas - é uma fonte de variação totalmente


imprevisível, ora aumentando, ora reduzindo os teores extraídos, dependendo do tipo de
solo, do extrator, do elemento e das condições do armazenamento (tempo, temperatura
e unidade da amostra);

d) Armazenamento após a secagem das amostras - também com efeitos imprevisíveis;

e) Ciclos naturais de secagem e umedecimento do solo anterior às coletas das amostras;

f) Temperatura durante a extração - acredita-se que os efeitos da secagem e


armazenamento (amostras úmidas ou secas) se devem à dinâmica de formação e
destruição de substâncias orgânicas com efeitos quelatizantes. Tais substâncias são de
58
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ocorrência natural no solo, influindo muito na disponibilidade dos elementos catiônicos,
principalmente micronutrientes. As secagens destroem muitas dessas substâncias,
aumentando a extração; durante o armazenamento úmido, com a atividade
bacteriana, estas se formam novamente, mas provavelmente, em diferentes tipos e
quantidades, o que pode explicar a imprevisibilidade do fenômeno.

5.11.3. CONFIABILIDADE DA ANÁLISE DE MICRONUTRIENTES EM AMOSTRAS DE SOLO

Existem diversos fatores que influenciam a confiabilidade das análises como; a


escolha do extrator, heterogeneidade espacial, outras características do solo (como pH,
mineralogia e conteúdo de matéria orgânica), comportamento diferencial entre as
culturas e entre variedades de uma mesma espécie, quanto às exigências e/ou
tolerâncias aos micronutrientes.

No entanto, por causa do aumento da atividade produtiva em áreas de baixa


fertilidade, torna-se cada vez mais necessário o diagnóstico da condição nutricional das
culturas em relação aos micronutrientes. Somado à estas, entra também a utilização de
fertilizantes de alta concentração de nutrientes e ao aumento da produtividade das
culturas.

Existem algumas condições em que, mesmo sem a análise de solo, se pode prever
a possibilidade de ocorrerem deficiências de micronutrientes:

a) calagem excessiva ou mal distribuída (concentrada nos primeiros centímetros


do solo em vez de ser incorporada corretamente);

b) Solos arenosos, erodidos ou orgânicos;

c) Quando o material de origem do solo é podre no elemento (como por


exemplo, a deficiência de zinco em certos solos sob o cerrado).

Nestas situações citadas, o diagnóstico torna-se fácil, pois é comum a queda de


produtividade, e sintomas visíveis de deficiência e, com isto, a análise torna-se mais
eficiente.

O problema maior, no entanto, é a ocorrência de deficiência não-aparente. Isto


ocorre quando as plantas estão deficientes, mas não ocorrem sintomas visíveis de
deficiência. Nestes casos, para um diagnostico mais seguro, aconselha-se o
acompanhamento através de análise foliar e testes de campo.

Nas tabelas 24 e 25, podem ser encontrados índices para interpretação de


resultados de análise de micronutrientes no solo, mesmo, em virtude das dificuldades, os
profissionais de agronomia vêm pesquisando e procurando atender á demanda por

59
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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
informações. Observe que os índices diferem em função dos diferentes extratores
utilizados e no caso do boro, diferem de acordo com a região.

Tabela 23 – Índices para interpretação dos teores de micronutrientes em solos adotado


no Estado de São Paulo

Classificação Boro Cobre Ferro Manganês Zinco

- - - - - - - - - - - - - - - - - - mg dm-3 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Baixo < 0,2 < 0,2 <4 < 1,2 < 0,5

Médio 0,2 - 0,6 0,3 - 0,8 5 - 12 1,3 - 5,0 0,6 - 1,2

Suficiente > 0,6 > 0,8 > 12 > 5,0 > 1,2

Boro extraído com água quente e cobre, ferro, manganês e zinco com DTPA

Fonte: RAIJ et al. (1997)

Tabela 24 – Índices para interpretação dos teores de micronutrientes em solos adotado


no Estado de Minas Gerais

Classificação Boro Cobre Ferro Manganês Zinco

- - - - - - - - - - - - - - - - - - mg dm-3 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Muito Baixo ≤ 0,15 ≤ 0,3 ≤8 ≤2 ≤ 0,4

Baixo 0,16 - 0,35 0,4 - 0,7 9 - 18 3-5 0,5 - 0,9

Médio 0,36 - 0,60 0,8 - 1,2 19 - 30 6-8 1,0 - 1,5

Alto 0,61 - 0,90 1,3 - 1,8 31 - 45 9 - 12 1,6 - 2,2

Muito Alto > 0,90 > 1,8 > 45 > 12 > 1,2

Boro extraído com água quente e cobre, ferro, manganês e zinco com Mehlich-1

Fonte: RIBEIRO et al. (1999)

60
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6 - DIAGNÓSTICO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS PLANTAS

Diagnosticar o estado nutricional das plantas é conhecer e avaliar as suas


condições sob o aspecto da nutrição mineral, o que é justificável pela necessidade de
manejar o programa de fertilização da cultura. O manejo preciso da adubação
beneficia o meio ambiente, por causar menores níveis de acidificação do solo,
eutroficação das águas, poluição do lençol freático e salinização de área. Beneficia
também vários seguimentos da sociedade: o produtor, pela maior produtividade e maior
margem de lucro; os agentes técnicos, pela maior eficácia dos insumos vendidos, mesmo
que não sejam fertilizantes (inclusive conhecimento); e, finalmente, os consumidores,
pelas maiores características organolépticas dos produtos e, provavelmente, pelos
menores preços.

Diagnosticar exige postura investigativa, baseando-se em fatos, lógica e


experiência do técnico. Os fatos necessitam ser caracterizados e devidamente
registrados, tanto anteriormente quanto no momento da diagnose, documentando-se a
situação ambiental (solo-planta-ambiente) e caracterizando-se aqueles que podem
interferir na performance de planta. Muitas vezes, apesar das plantas mostrarem sintomas
característicos de deficiência mineral e realmente estarem deficientes, o fator limitante
ou indutivo dos sintomas não é nutricional, mas ambiental ou gerencial.

Diversos procedimentos podem ser utilizados na avaliação do estado nutricional


das plantas, os diretos e os indiretos. Os procedimentos diretos são aqueles em que os
teores dos nutrientes aparentes (análise visual) e, ou, real são determinados (analises
química da folha ou da seiva). A análise da planta inteira ou de partes (comumente a
folha) por meio de procedimentos químicos é conhecida como analise foliar. Os indiretos
são aqueles em que o teor de determinado nutriente na planta é estimado por meio de
uma característica cujos valores sejam correlacionados com os teores dos nutrientes na
planta. Como exemplos de procedimentos indiretos, podem ser citadas as avaliações
das características fitotécnicas, fisiológicas, enzimáticas e metabólicas das plantas.

Qualquer método utilizado na avaliação do estado nutricional das plantas precisa


ser apoiado em procedimentos auxiliares e complementares, como a descrição dos fatos
prevalentes no sistema solo-planta-ambiente e ações do produtor, dentre os quais estão
os resultados das análises física e química do solo local, objetivando maximizar a
eficiência econômica e ambiental do uso de fertilizantes, isto é, usar os princípios da
tecnologia apropriada a cada local, para se conseguir o manejo preciso da adubação.

61
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6.1. TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICOS DO ESTADO NUTRICIONAL DAS PLANTAS

6.1.1. MÉTODO VISUAL

O diagnóstico visual consiste em caracterizar, descrever e, ou, fotografar, mais


precoce e detalhadamente possível, os sintomas de deficiências/toxidez na planta
problema e compará-los com os sintomas padrões de deficiências/toxidez para cada
nutriente descrito na literatura, para aquela espécie ou variedade, se possível. Com base
nessa comparação, é feito o diagnóstico do estado nutricional da planta.

O método visual é baseado na premissa de que os sintomas da deficiência ou do


excesso do nutriente, em determinado órgão da planta, de uma espécie, sejam
específicos para cada nutriente e distintos visualmente.

De modo geral, cada nutriente tem funções específicas nas plantas e os


diferentes elementos produzem diferentes sintomas de deficiência e de toxidez. Às vezes,
a deficiência de um nutriente específico não afeta, necessariamente, o mesmo processo
metabólico em todas as espécies. Nesse caso, é possível que os sintomas de sua
deficiência em uma espécie não sejam os mesmos em outra.

Este método pode ser usado diretamente no diagnóstico da deficiência de um


nutriente. Também pode auxiliar no direcionamento de futuras análises químicas para
alguns nutrientes específicos, após a eliminação de outras possibilidades, além de ser
ferramenta útil na confirmação de resultados da análise foliar.

Uma das principais dificuldades deste método é que os sintomas visuais de


deficiências e toxidez verificados em condições de campo são difíceis de serem
interpretados, devido a interferências e interações de diversos fatores ambientais e
genotípicos. Além disso, em estádio avançado de desenvolvimento, os sintomas de
deficiências dos diversos nutrientes se assemelham, confundido o diagnóstico. Muitas
vezes, os sintomas de deficiências não são visíveis, havendo fome oculta e inviabilizando
o método. Em resumo, ausência de sintomas e interações da deficiência com outros
fatores acarretando perda de especificidade do sintoma, são as principais restrições ao
uso do método visual no diagnóstico do estado nutricional das plantas.

E como desvantagem deste método, é que na maioria das vezes, só é possível


diagnosticar visualmente a deficiência quando ela ocorre de forma aguda; isto é,
quando, provavelmente, parte significativa da produção já estiver comprometida.

6.1.2. MÉTODO DA ANÁLISE FOLIAR OU QUÍMICA

Entende-se por análise foliar ou química a determinação, em laboratórios, da


composição mineral da amostra de parte da planta coletadas em determinado estádio
62
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
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de crescimento, utilizando-se técnicas padronizadas. Na maioria das vezes, o órgão
amostrado é a folha, daí o nome análise foliar. Estas amostras devem ser obtidas
seguindo-se procedimentos apropriados e padronizados para cada espécie,
adequadamente embaladas e transportadas para o laboratório.

No laboratório, a analise foliar ou química, envolvendo a secagem da amostra em


estufa de ventilação forçada seguida de mineralização com acido forte e, ou, altas
temperaturas e posterior dosagem do nutriente, ira propiciar a “concentração total” de
cada nutriente na amostra, nas formas orgânica e inorgânica. Normalmente, a
composição mineral é expressa em quantidade do nutriente por quantidade de matéria
seca da amostra analisada. Quando não há mineralização da matéria seca, mas apenas
extração com água quente ou ácido fraco ou ácido forte diluído, é obtida a
“concentração solúvel” ou inorgânica do nutriente analisado.

6.1.3. MÉTODO DA ANÁLISE DE NUTRIENTE NA SEIVA OU DE TECIDO

Na análise foliar tradicional, a amostra vegetal, geralmente a folha, é


mineralizada e no extrato é determinado o teor total de cada nutriente. Em vez de ser
utilizada a análise foliar, pode-se fazer o diagnóstico com os resultados da análise dos
teores de nutrientes na seiva. Na análise dos teores de nutrientes na seiva, normalmente
extraídos do pecíolo foliar, o qual não é seco nem mineralizado, mas apenas submetido á
leve pressão para extração do suco celular (seiva). Na seiva, os nutrientes presentes em
forma inorgânicas solúveis são determinados por procedimentos químicos. Neste caso,
são chamados de análise da seiva, teste de tecido ou testes rápidos.

Dentre os fatores que influenciam diretamente os resultados das determinações


dos teores dos nutrientes na seiva podem ser citados a hora do dia e o período de tempo
após irrigação da cultura. Assim, é necessário observar o teor de umidade do solo e o
horário do dia para coleta da amostra, levando-se em conta o padrão de referência.

A análise da seiva apresenta como desvantagem a falta de calibração local


para as espécies mais importantes.

6.1.4. MÉTODOS INDIRETOS

Na caracterização do estado nutricional das plantas, têm sido procurados meios


indiretos, como alternativa para o uso dos valores dos teores dos nutrientes no tecido. Em
algumas situações, o estado nutricional das plantas pode ser alternativa ou
complemento efetuado de forma indireta, utilizando características
enzimáticas/bioquímicas, fitotécnicas/fisiológicas da planta.
63
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A deficiência do nutriente na planta é diagnosticada por meio da medição da
atividade de enzima específica, em determinado tecido. Apesar de diversos sistemas
enzimáticos terem sido propostos, ainda é pouco significativa sua utilização na
caracterização do estado nutricional das plantas.

Número de folhas, diâmetro do caule, altura da planta, área foliar e outras


características morfológicas e fisiológicas da planta, em determinada fase do
crescimento da cultura, podem servir como indicativos da deficiência de determinado
nutriente no solo.

O teor de clorofila na folha, em determinada fase do ciclo da planta, tem


correlação positiva com o teor de nitrogênio na planta, e têm sido observados por
diversos autores em diversas espécies de plantas.

6.2. FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS QUE AFETAM OS TEORES DE NUTRIENTES NA


PLANTA

Antes do diagnostico da ocorrência de deficiência ou de toxidez de nutrientes


nas plantas, é necessário excluir possíveis manifestações de fatores bióticos e abióticos
que estejam induzindo padrões de danos similares e, ou, confundindo padrões típicos de
deficiências ou toxidez. Dentre os principais fatores, podem ser citados: falta ou excesso
de água, temperatura baixa, vento, incidência de pragas e doenças, compactação do
solo, danos mecânicos, solos mal preparados, toxicidade de herbicidas. Esses fatores e
diversos outros podem causar sintomas reais de deficiência, quando impedem a
absorção e, ou, a translocação de determinado nutriente na planta. No entanto, podem
causar deficiência aparente, provocando apenas sintomas semelhantes aos de
deficiência. Em ambos os casos, a eliminação dos sintomas somente ocorrerá quando o
estresse for solucionado.

Os efeitos dos diversos fatores são excluídos ao se analisarem logicamente os fatos


prevalentes no sistema solo-planta-ambiente e ações do produtor, previamente
observados e anotados, pois são importantes ferramentas de diagnósticos. Alguns destes
fatores, mais diretamente envolvidos na indução de sintomas reais ou aparentes de
deficiência e toxidez, são:

a) condições ambientais extremas (temperatura, seca, inundação, vento forte),


principalmente nos últimos 10 a 15 dias, e capina recente de ervas daninhas;

b) aplicações inadequadas de produtos ou interações de produtos, como adubos


químicos, matéria orgânica, fungicidas, inseticidas, herbicidas, antibióticos, reguladores

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de crescimento, adubos foliares que possam esta impedindo a absorção de algum
nutriente e, ou, ocasionando o aparecimento de sintomas similares aos de deficiência;

c) ocorrência de doenças e, ou, pragas ocasionando danos à parte aérea ou ao


sistema radicular das plantas e induzindo sintomas parecidos com os de deficiências
minerais;

d) inapropriadas condições físicas e, ou, químicas do solo, como compactação,


mau preparo, erosão, declividade acentuada, excesso de alumínio, ferro ou manganês,
baixos teores de nutrientes disponíveis;

e) praticas culturais indutoras de sintomas de anormalidades nas plantas, como


irrigações mal feitas, adição de matéria orgânica não decomposta, poda intensa e
gradagem profunda do solo; e

f) ocorrência de senescência natural da folha, provocando a mudança de


coloração das folhas. A senescência é o período de massiva mobilização de N, C e
outros minerais da folha madura para as outras partes da planta. A senescência ocorre
em serie e envolve a paralisação da fotossíntese, desintegração dos cloroplastos, quebra
das proteínas, perdas de clorofila e remoção de aminoácidos contidos na folha. Os
nutrientes móveis são transportados das folhas senescentes para outros tecidos da planta.

Haverá a antecipação das senescência natural das folhas, caso ocorra


deficiência no suprimento dos nutrientes ou outro estresse ambiental, biótico ou abiótico,
pois a planta possui mecanismo de defesa: diminuição até a paralisação do crescimento
e, ou, antecipação do processo de remobilização da maioria dos nutrientes da folha
velha para a jovem.

Após a exclusão dos efeitos deletérios dos fatores bióticos e abióticos sobre as
plantas, facilitada pela experiência e pelo conhecimento do técnico, é necessário
proceder à seleção daquelas plantas que serão diagnosticadas ou analisadas. Para isso,
é necessário efetuar a amostragem.

6.3. AMOSTRAGEM DE PLANTAS A SEREM ANALISADAS

6.3.1. ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM

É necessário estabelecer a estratégia de amostragem das folhas ou do tecido de


acordo com a planta a ser analisada. Ao se buscarem razões para o reduzido
desenvolvimento ou o aparecimento de sintomas visuais de deficiência nutricional nas
plantas (diagnóstico), devem ser amostradas plantas na área da cultura onde são
observados os sintomas (amostras-problemas).

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Para melhor resultado da analise foliar, é recomendável que, concomitantemente
à retirada das amostras nas plantas-problemas, sejam também amostradas plantas
normais, que poderão ser utilizadas como padrão de referência. Ambas precisam ser
coletadas imediatamente após o inicio da manifestação dos sintomas.

No caso das amostragens serem utilizadas com o objetivo de predeterminar o


comportamento da planta na colheita (amostras para predição ou para prognóstico) ou
a necessidade de tratamento corretivo com fertilizante ou de acompanhar o estado
nutricional das plantas (amostras para monitoramento), as amostras devem ser coletadas
em partes e estádio fisiológico de planta definidos de acordo com padrão tabelado,
normalmente estabelecido pela pesquisa.

6.3.2. COLETA DE AMOSTRAS

É a fase que mais influencia o resultado da analise foliar, sendo importante, antes
da coleta das amostras de plantas-problemas, excluir os fatores bióticos e abióticos que
possam estar causando danos às plantas, conforme discutido item 6.2. Também, os
sintomas observados nas plantas-problemas, devem ser caracterizados, de preferência,
por comparação com as plantas normais crescendo na mesma área. Essas informações
devem fazer parte da amostra, pois auxiliarão, posteriormente, no diagnóstico do estado
nutricional da lavoura.

As amostras devem ser coletadas de plantas normais (padrão de referência) e


plantas-problemas que estejam em um mesmo estádio de crescimento, embora,
principalmente em condições de prolongada deficiência, isso seja difícil, pois pode haver
diferenças no seu crescimento. Muitas vezes, o crescimento diferenciado das plantas
normais e problemas acarretam concentração ou diluição do nutriente nos tecidos
amostrados.

Toda amostra deve ser identificada e caracterizada. Além disso, quanto mais
detalhada a discrição dos fatores gerenciais, genotípicos, biológicos, edáficos e
climáticos prevalentes no sistema de produção onde foram retiradas as amostras, mais
preciso será o diagnostico.

Na coleta de amostras, quatro perguntas devem ser respondidas: quando, qual


órgão, quanto e como amostrar. Essas perguntas precisam ser respondidas,
especificamente para cada cultura, considerando-se o padrão de referência com o qual
os resultados das analises serão comparados.

66
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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
a) Quando Amostrar

As plantas devem estar em especifico estádio fisiológico, geralmente no inicio do


estádio reprodutivo, obedecendo-se ao critério adotado pelo padrão de comparação. É
sabido que os teores dos nutrientes em um determinado tecido variam de acordo com a
idade da planta.

Para contornar os efeitos da idade da planta sobre o teor dos nutrientes no


tecido, é necessário que a amostra da planta a ser analisada seja retirada com mesma
idade fisiológica na qual foram determinados os teores nos padrões de referência.

b) Qual Órgão

Ao se estabelecer que órgão da planta deverá ser amostrado, os pesquisadores


consideram em qual parte o teor do nutriente melhor se relaciona com a desejada ou
com a adequada performance da planta. Obviamente, associado a isso está a
facilidade e identificação e de coleta desse órgão no campo. Os laboratórios de análise
foliar indicam em qual estádio fisiológico e que parte da planta deve ser coletada.
Geralmente, são amostradas as folhas e, ou, os pecíolos maduros fisiologicamente ativos
(atenção para o padrão de referência). Deve ser coletada toda a porção da folha
indicada, pois há variações significativas dos teores da maioria dos nutrientes em
diferentes partes da folha. Isto é, há variações dos teores de nutrientes no pecíolo, na
lâmina foliar e nas margens das folhas.

Ás vezes, principalmente em culturas perenes, a análise foliar pode ser substituída


pela análise de flores, permitindo antecipar o diagnóstico e, possivelmente, corrigir as
deficiências na atual estação.

A padronização do órgão a ser amostrado é fundamental, pois sabe se que as


folhas mais velhas, normalmente apresentam maiores teores de Ca e Mg e menores de N,
P e K do que as mais novas. Igualmente, as nervuras contem maior teor de K do que a
lâmina foliar. As margens das folhas têm teores mais elevados de B e Mn do que a folha
toda. Nos pecíolos, os teores de K, P e N-NO3 são maiores que nos limbos foliares
correspondentes. Ademais, os teores da maioria dos nutrientes na matéria seca das folhas
decrescem com o avanço da idade delas e da planta.

Na coleta das amostras, não é recomendável amostrar partes de plantas que


tenham passado longo período de estresse (climático ou nutricional), que estejam
crescendo em áreas de estresse (áreas pedregosas, salinas, inundadas), que tenham
partes danificadas por agentes físicos ou patológicos, cobertas por poeira ou defensivos,
localizadas no interior da copa da planta e as plantas das fileiras situadas nas bordas da

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área ou sob a influência de árvores. Também, tecidos mortos não devem ser incluídos na
amostra.

c) Quanto Amostrar

Em área uniforme, seria suficiente amostrar a parte especifica (geralmente a


folha) de diversas plantas, em torno de 20 amostras simples, formando uma amostra
composta. A intensidade da amostragem é, em grande parte, uma questão estatística,
em que se preocupa sempre amostrar um numero de plantas capaz de reduzir a
variância que há entre elas, isto é, a amostra deve ser representativa da população,
para que os resultados da analise tenham utilização apropriada. A amostragem consiste
na obtenção de amostra(s) composta(s) formada(s) por n amostras simples da folha, em
determinado estádio fisiológico da cultura.

Vários autores recomendam números diferentes de plantas (n) a serem


amostradas. Contudo, quase sempre essas recomendações não advêm de definições
estatísticas. Além do mais, para cada espécie, devem ser obedecidas particularidades
ou variabilidades próprias da cultura.

Geralmente, é empírica a determinação do numero de amostras simples a serem


retiradas; sendo baseada na experiência do técnico em vez de procedimentos
estatísticos. Variações na uniformidade do desenvolvimento da cultura, no tipo de solo,
na topografia do terreno, no manejo cultural, na variedade e no custo da analise foliar
são fatores determinantes da intensidade de coletas de amostras e, conseqüentemente,
da precisão dos resultados. É aconselhável uniformizar as áreas onde serão retiradas as
amostras simples, componentes da amostra composta, considerando-se as possíveis
variações citadas.

Em resumo, o numero de amostras simples para formar a amostra composta deve


ser representativo e em quantidade suficiente para serem processadas no laboratório,
raramente sendo necessário mais que 10 g de material seco por amostra. Para tal
quantidade, na maioria das espécies, há necessidade de 100 a 200 g de tecido verde.

d) Como Amostrar

Em analogia à amostragem de solos, as amostras de folhas podem ser retiradas


das plantas, percorrendo-se a lavoura em zigue-zague, caso a ocorrência de plantas
anormais seja generalizada, ou para efeito de avaliação do estado nutricional das
plantas na área.

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Para pomares, há duas recomendações de amostragem de plantas: a primeira
deve ser feita entre as plantas existentes na unidade considerada homogênea e a
segunda, por seleção de algumas árvores (5 - 10), de vigor médio, na unidade
homogênea, consideradas amostras cativas, sendo amostradas e analisadas todo ano.
Amostrar e analisar regularmente plantas representativas do pomar, ao longo dos anos,
proporcionam resultados mais apropriados e convincentes que as análises executadas
eventualmente.

6.3.3. RECOMENDAÇÕES PARA A AMOSTRAGEM EM ALGUMAS ESPÉCIES

Existem publicações que indicam a parte da planta, o estádio de crescimento e o


número de plantas que devem ser amostradas para algumas espécies. Duas das
publicações mais abrangentes são: Mills e Jones Jr. (1996) e Reuter e Robinson (1997).
Malavolta et al. (1997), Martinez et al. (1999) e Silva (1999) apresentam sugestões para
algumas espécies; alguns exemplos são mostrados na Tabela 25.

6.3.4. MANUSEIO DA AMOSTRA NO CAMPO

Após coletadas, as amostras de folhas são colocadas em sacos de papel ou


pano, identificadas e transportadas, imediatamente, para o laboratório, onde serão
secadas e processadas. Na identificação da amostra, é importante mencionar, pelo
menos, espécie, estádio de desenvolvimento da planta, órgão, posição na planta e
sintomas observados. Cuidados devem ser tomados para que as amostras não sejam
contaminadas, tanto no campo quanto em laboratório, por contato com poeira,
fertilizantes ou outro agente qualquer.

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Tabela 25 – Parte da planta, época e quantidade de tecido necessário para análise foliar

Cultura Parte amostrada Época Quantidade

Folhas de quatro meses de idade Fevereiro a 100 folhas, coletar


Abacate
em ramos à meia altura na planta março 4 por planta

Parte basal não clorofilada da folha


50 folhas, coletar
Abacaxi mais longa (Folha D), geralmente a Florescimento
1 por planta
quarta a partir do ápice

Terceira folha totalmente aberta a


100 folhas, coletar
Acerola partir do ápice em ramos à meia Florescimento
4 por planta
altura na planta

Quinta folha totalmente aberta a 30 folhas, coletar


Algodão Florescimento
partir do ápice da haste principal 4 por planta

Terceira folha totalmente aberta a


Emissão da
Banana partir do ápice. Coletar 10 cm 25 folhas
inflorescência
centrais sem a nervura principal

Terceira folha com bainha visível.


Cana de 4 a 5 meses 40 folhas, coletar
Coletar 20 cm centrais sem a
açúcar após o plantio 1 por planta
nervura principal

Terceira ou quarta folha totalmente


Caju aberta a partir do ápice em ramos à Verão 40 folhas
meia altura na planta

Terceira ou quarta folha totalmente


Fevereiro a 100 folhas, coletar
Citros aberta a partir do ápice em ramos
março 4 por planta
com frutos de 2 a 4 cm de diâmetro

30 folhas, coletar
Feijão Folhas do terço mediano da planta Florescimento
1 por planta

Folha totalmente aberta na porção Três meses após 100 folhas, coletar
Figo
mediana do ramo a brotação 4 por planta

Quinta ou sexta folha abaixo da 30 folhas, coletar


Girassol Florescimento
inflorescência 1 por planta

Terceira par de folhas totalmente


40 folhas, coletar
Goiaba aberta a partir do ápice em ramos à Florescimento
1 por planta
meia altura na planta
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Cultura Parte amostrada Época Quantidade

Gramíneas Crescimento
Brotação nova e folhas verdes 40 plantas
Forrageiras vegetativo

40 folhas, coletar
Mamão Folha com flor visível na axila Florescimento
1 por planta

Terceira ou quarta folha totalmente


40 folhas, coletar
Mamona aberta a partir do ápice em ramos à Florescimento
1 por planta
meia altura na planta

Primeira folha totalmente aberta a 3 a 4 meses 30 folhas, coletar


Mandioca
partir do ápice após o plantio 1 por planta

Terceira ou quarta folha totalmente


40 folhas, coletar
Manga aberta a partir do ápice em ramos Florescimento
1 por planta
com flores à meia altura na planta

Terceira ou quarta folha com botão 250 a 280 dias 60 folhas, coletar
Maracujá
floral nas axilas, preste a se abrir após o plantio 1 por planta

Quarta ou quinta folha totalmente


Melão e 1/2 ou 2/3 do 40 folhas, coletar
aberta a partir do ápice do ramo
Melancia ciclo da cultura 1 por planta
principal

Terço médio da folha da base da 30 folhas, coletar


Milho Pendoamento
espiga 1 por planta

Folhas totalmente aberta a partir do 40 folhas, coletar


Pimentão Florescimento
ápice do ramo principal 1 por planta

Quarta folha com a bainha visível a 30 folhas, coletar


Sorgo Florescimento
partir do ápice 1 por planta

Florescimento 40 folhas, coletar


Tomate Folha aposta ao terceiro cacho
do 3º cacho 1 por planta

40 folhas, coletar
Uva Folha da base do primeiro cacho Florescimento
1 por planta

Caso as folhas amostradas necessitem ter as suas superfícies descontaminadas de


resíduos, o que pode ser necessário para verificar a existência de determinados
micronutrientes, elas deverão ser encaminhadas rapidamente ao laboratório, em sacos
de polietileno colocados em ambiente frio. Quando as amostras de tecidos suculentos
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não forem levadas para o laboratório imediatamente após a coleta (de 5 a 8 horas),
deverão ser espalhadas em superfície lisa e limpa, por 24 a 48 horas, para serem pré-
secadas ao ar, ainda na propriedade. Depois, deverão ser colocadas em sacos de
papel, a acondicionadas em caixas de papelão e enviadas ao laboratório.

6.4. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISE FOLIAR

Interpretar o resultado da analise foliar significa comparar o teor de cada


nutriente da amostra analisada com o teor considerado padrão de referência ou teor
ótimo. A interpretação de analise foliar é calcada em três premissas:

1) relação entre o teor do nutriente em determinada parte da planta (folha, mais


comumente) e a performance da cultura (produção) naquele momento (diagnóstico)
ou no futuro (prognóstico);

2) determinado teor ou faixa ideal do nutriente, na matéria seca de parte da planta


(folha, mais comumente), associada com a máxima performance da cultura; e

3) possibilidade de comparar o teor de determinado nutriente na amostra enviada ao


laboratório com o teor desse nutriente em plantas normais ou com padrões de
referência.

Os padrões de referências podem ser obtidos de populações de plantas da


mesma espécie e variedade altamente produtivas, ou de ensaios em condições
controladas. É importante atentar para as condições em que foram obtidos os padrões
de referência, uma vez que fatores como clima, face de exposição ao sol, tipo de solo,
disponibilidade de água e nutrientes no solo, interações entre os nutrientes no solo e na
planta, idade da planta, porta-enxertos, produção pendente e eficiência do sistema
radicular, ataque de pragas e doenças, uso de defensivos ou adubos foliares e práticas
de manejo influenciam a composição mineral dos tecidos vegetais.

Na falta de padrões adequados, podem ser criados padrões para uma situação
particular. Empregando plantas que em dada situação edafoclimática e de manejo
estejam produzindo bem.

Os resultados de análise foliar podem ser interpretados por diferentes


procedimentos ou métodos. Dentre eles, os estáticos, quando implicam uma mera
comparação entre o teor de um nutriente na amostra em teste e seu padrão de
referência, como: nível crítico (NC), faixa de suficiência (FS), desvio porcentual do ótimo
(DOP) e chance matemática (ChM); ou dinâmicos, quando usam relações entre dois ou
mais nutrientes, como sistema integrado de diagnose e recomendação (DRIS) e diagnose
da composição nutricional (CND).
72
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6.4.1. NÍVEL CRÍTICO

Pode ser conceituado como o teor do nutriente na matéria seca de determinado


órgão da planta acima do qual não haverá (pouco provável) resposta da performance
da planta à aplicação desse nutriente no solo. Malavolta et al. (1997) define o termo nível
critico fisiológico-econômico como a faixa de teores do elemento da folha abaixo da
qual a colheita cai e acima da qual a adubação não é mais econômica.

O nível crítico tem sido definido com o teor do nutriente com o qual a planta terá
10% de redução na sua performance máxima (produção). Entretanto, há situações em
que 10% de redução é inaceitável, por causa do valor da cultura em relação ao custo
de fertilizante. Nesse caso, o NC pode ser definido como o teor do nutriente com a qual a
planta apresentará performance muito próxima da máxima. A mudança no conceito de
redução de 10, 5, 1 ou 0,1% na performance da planta implica, na maioria das vezes, a
necessidade de quantidade muito maiores de fertilizantes, seguindo-se a lei dos
rendimentos decrescentes.

Diversos procedimentos podem ser utilizados para definir o NC de um nutriente na


matéria seca da planta. Geralmente, procura-se relacionar os teores do nutriente na
matéria seca de determinado órgão e a performance da planta (produção) com doses
crescentes do nutriente adicionados ao meio, buscando-se relações matemáticas entre
elas, geralmente modelos de regressão não lineares. A relação entre o teor do nutriente e
a performance da cultura pode ser obtida em experimentos realizados com doses
crescentes do nutriente aplicados no meio (solo). Os demais fatores não devem ser
limitantes, ou seja, devem estar nos seus ótimos.

O método do nível crítico compara o teor de determinado nutriente na amostra


em teste com o valor aceito como padrão. Se a amostra em teste apresentar teor igual
ou superior à do padrão, considera-se que esteja bem nutrida. Se o teor apresentado for
inferior à preconizada pelo padrão, considera-se que a planta poderá apresentar
problemas nutricionais quanto ao nutriente em questão.

Como vantagem deste método, pode-se mencionar a simplicidade na


interpretação da diagnose do estado nutricional da cultura, pela forma independente
com que os padrões são definidos, isto é, o teor de um nutriente não afeta a
classificação de outro.

Por outro lado, uma das limitações deste método consiste na forma como os
padrões de referências são estabelecidos. Normalmente são definidos a partir de ensaios
de adubação conduzidos em casa de vegetação ou a campo, com diferentes tipos de
solos e de clima. Nestes ensaios, o nutriente em estudo é aplicado em doses crescentes e
os demais elementos e fatores de produção são supridos em quantidades adequadas
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(variáveis controladas mantidas constantes). Além do mais, o este método considera os
nutrientes isoladamente, desprezando as interações entre os mesmos, não obstante o
incremento no suprimento de um nutriente no solo poder influenciar a absorção ou a
utilização de outros nutrientes pelas plantas.

6.4.2. FAIXA DE SUFICIÊNCIA

É a extensão do critério do nível critico, o qual indica apenas o ponto ótimo do


teor de determinado nutriente na planta. Com a faixa de suficiência, procura-se estender
um único ponto ótimo a uma faixa ótima, porem difícil de ser explicada em termos
matemáticos e mesmo de fertilidade do solo quanto à dose de fertilizante a ser
adicionado.

Faixa de suficiência ou crítica pode ser definida como a faixa do teor do nutriente
na planta acima do qual há razoável segurança de que a cultura será adequadamente
suprida do nutriente e, abaixo dela, há razoável segurança de que a cultura está tão
deficiente do nutriente que a produção será negativamente influenciada.

Considerando a possível variabilidade na determinação de único nível crítico, há


a proposição de se estabelecer uma faixa, ou faixa de suficiência, na qual o limite inferior
representa o nível crítico mínimo e o superior, o nível crítico tóxico.

Em relação ao nível crítico, a adoção de faixa de suficiência melhora a


flexibilidade na diagnose, embora haja perda na exatidão, principalmente quando os
limites das faixas são muito amplos.

A determinação dos níveis críticos ou das faixas de suficiência para os diversos


nutrientes em relação às diversas culturas é uma das fases da diagnose foliar que
demanda grande esforço por parte da pesquisa. Embora muito esteja por ser feito em
relação a esse assunto, já existem informações sobre níveis críticos e faixas de suficiência
para algumas culturas mais importantes no Brasil e que podem ser usadas como guia
básico para a interpretação da diagnose da fertilidade do solo e da nutrição da planta
(Tabela 26).

74
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Tabela 26 – Teores de referência para a interpretação dos resultados de análise foliar
N P K Ca Mg S
Cultura
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - g kg-1 - - - - - - - - - - - - - - - - -

Abacate 16 - 20 0,8 - 2,5 7 - 20 10 - 30 2,5 - 8,0 2-6

Abacaxi 15 - 17 0,8 - 1,2 22 - 30 8 - 12 3-4 -

Acerola 20 - 24 0,8 - 1,2 15 - 20 15 - 25 1,5 - 2,5 4-6

Algodão 33 - 43 2,5 - 4,0 15 - 25 20 - 35 3-8 4-8

Banana 27 - 36 1,8 - 2,7 35 - 54 3 - 12 3-6 2,5 - 8,0

Cana de açúcar 18 - 25 1,5 - 3,0 10 - 16 2-8 1-3 1,5 - 3,0

Caju 24 - 26 1,6 - 2,0 11 - 13 2,4 - 7,5 2,3 - 3,1 1,1 - 1,4

Citros 23 - 27 1,2 - 1,6 10 - 15 35 - 45 2,5 - 4,0 2-3

Feijão 30 - 50 2,5 - 4,0 20 - 24 10 - 25 2,5 - 5,0 2-3

Figo 20 - 25 1-3 10 - 30 30 - 50 7,5 - 10 1,5 - 3,0

Girassol 30 - 50 3-5 30 - 45 8 - 22 3-8 1,5 - 2,0

Goiaba 20 - 26 1,4 - 1,9 14 - 20 7 - 15 2,5 - 4,0 3,5 - 3,5

Mamão Limbo 45 - 50 5-7 25 - 30 20 - 22 1,0 4-6

Mamão Pecíolo 10 - 25 2,2 - 4,0 33 - 55 10 - 30 4 - 12 -

Mamona 40 - 50 3-4 30 - 40 15 - 25 2,5 - 3,5 3-4

Mandioca 45 - 60 2-5 10 - 20 5 - 15 2-5 3-4

Manga 12 - 14 0,8 - 1,6 5 - 10 20 - 35 2,5 - 5,0 0,8 - 1,8

Maracujá 33 - 43 1,3 - 2,1 22 - 27 12 - 16 2,5 - 3,1 3,2 - 4,0

Melão e Melancia 25 - 50 3-7 25 - 40 25 - 50 5 - 12 2-3

Milho 27 - 35 2-4 17 - 35 2,5 - 8,0 1,5 - 5,0 1,5 - 3,0

Pimentão 30 - 60 3-7 40 - 60 10 - 35 3 - 12 -

Sorgo 25 - 35 2-4 14 - 25 2,5 - 6,0 1,5 - 5,0 1,5 - 3,0

Tomate 40 - 60 4-8 30 - 50 14 - 40 4-8 3 - 10

Uva 30 - 35 2,4 - 2,9 15 - 20 13 - 18 4,8 - 5,3 3,3 - 3,8

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Cont. Tabela 26 – Teores de referência para a interpretação dos resultados de análise
foliar
B Cu Fe Mn Mo Zn
Cultura
- - - - - - - - - - - - - - - - - - mg kg-1 - - - - - - - - - - - - - - - - -

Abacate 50 - 100 5 - 15 50 - 200 30 - 100 0,05 - 1,0 16 - 20

Abacaxi 20 - 40 5 - 10 100 - 200 50 - 200 - 5 - 15

Acerola 25 - 100 5 - 15 50 - 100 15 - 50 - 30 - 50

Algodão 30 - 50 5 - 25 40 - 250 25 - 300 - 25 - 200

Banana 10 - 25 6 - 30 80 - 360 200 - 2000 - 20 - 50

Cana de açúcar 10 - 30 6 - 15 40 - 250 25 - 250 0,05 - 0,2 10 - 50

Caju - - - - - -

Citros 36 - 100 4 - 10 50 - 120 35 - 300 0,1 - 1,0 25 - 100

Feijão 15 - 26 4 - 20 40 - 140 15 - 100 0,5 - 1,5 18 - 50

Figo 30 - 75 2 - 10 100 - 300 100 - 350 - 50 - 90

Girassol 35 - 100 25 - 100 80 - 120 10 - 20 - 30 - 80

Goiaba 20 - 25 10 - 40 50 - 150 40 - 250 - 25 - 35

Mamão Limbo 15 11 291 70 - 43

Mamão Pecíolo 20 - 30 4 - 10 25 - 100 20 - 150 - 15 - 40

Mamona - - - - - -

Mandioca 15 - 50 5 - 25 60 - 200 25 - 100 0,11 - 0,18 35 - 100

Manga 50 - 100 10 - 50 50 - 200 50 - 100 - 20 - 40

Maracujá 40 - 100 10 - 15 120 - 200 40 - 250 1,0 - 1,2 25 - 60

Melão e Melancia 30 - 80 10 - 15 50 - 300 50 - 250 - 20 - 100

Milho 10 - 25 6 - 20 30 - 250 20 - 200 0,1 - 0,2 15 - 100

Pimentão 30 - 100 8 - 20 50 - 300 30 - 250 - 30 - 100

Sorgo 4 - 20 5 - 20 65 - 100 10 - 190 0,1 - 0,3 15 - 50

Tomate 30 - 100 5 - 15 100 - 300 50 - 250 0,4 - 0,8 30 - 100

Uva 45 - 53 18 - 22 97 - 105 67 - 73 - 30 - 35

76
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
6.4.3. DESVIO PORCENTUAL DO ÓTIMO

Este método, proposto por Montanez et al. (1993), foi definido como o desvio
porcentual do teor do nutriente em relação ao teor ótimo tomado como valor de
referência. Para cada nutriente, é calculado um índice DOP, obtendo-se a descrição do
estado nutricional da planta. Esses índices são interpretados da seguinte maneira: um
índice negativo indica deficiência e um índice positivo, excesso. Índice DOP igual a zero
indica que o nutriente se encontra em teor ótimo. Quanto maior o valor absoluto do
índice, maior a severidade da carência ou do excesso. O somatório dos valores absolutos
dos índices DOP calculados para todos os nutrientes analisados representa um índice de
balanço nutricional e permite comparar o estado nutricional de lavouras distintas entre si,
sendo maior o desequilíbrio naquelas em que o somatório se apresentar maior.

O DOP é um método de simples cálculo, facilmente informatizável e adequado


para avaliar, simultaneamente, a intensidade e a qualidade da nutrição mineral,
propiciando a ordem de limitação dos nutrientes, tanto por excesso como por
deficiência.

Uma vez obtido o resultado da análise foliar, calculam-se os índices DOP para
cada nutriente analisado, de acordo com a seguinte expressão:

DOP = {(C x 100)/CR} - 100

Em que:

C = Teor do nutriente na amostra-problema

CR = Teor ótima do nutriente, para as mesmas condições (cultivar, órgão amostrado,


estádio de desenvolvimento da planta, manejo etc.)

6.4.4. ÍNDICE BALANCEADO DE KENWORTHY

O método de Índices Balanceados de Kenworthy (IBK), proposto por Kenworthy


(1961), é embasado na proporção (P) entre o teor de um nutriente em uma amostra e o
valor padrão de referência e caracteriza-se pelo fato dos índices serem calculados
considerando-se os coeficientes de variação (CV) observados para cada um dos
nutrientes nas amostras que constituem a população de referência. A vantagem dos
índices balanceados de Kenworthy em relação aos índices DOP é que, na obtenção
desses índices, são considerados os coeficientes de variação observados para cada um
dos nutrientes na população de onde se obteve o padrão de referência.
77
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
O banco de dados formado por teores foliares de nutrientes de amostras
coletadas em talhões de lavouras comerciais é dividido em população de alta (padrão
de referência) e de baixa produtividade. A partir da população de referência, são
calculadas as normas (teores médios de nutrientes) e os índices padrão (P, I e B).
Originalmente, o método previa que, para o cálculo do Índice Balanceado (B), em
condições onde o teor de um nutriente na amostra (Yi) é menor do que a norma (Y), a
influência da variabilidade i (I) é adicionada. Contudo, se o teor na amostra é superior à
norma, o valor de I é subtraído. Para cálculo dos índices, consideram-se então duas
situações:

a) Teor do nutriente na amostra (Yi) é menor do que a norma (Y)

P = 100 x (Yi/Y) I = (100 - P) x CV/100 B=P+I

b) Teor do nutriente na amostra (Yi) é maior do que a norma (Y)

P = 100 x (Yi/Y) I = (P - 100) x CV/100 B=P-I

Contudo, este método foi ajustado de forma a permitir o cálculo do índice


balanceado (B) independente da magnitude do teor do nutriente da amostra em
relação ao teor médio da população de alta produtividade:

P = 100 x (Yi/Y) I = CV x (Yi – Y)/Y B=P-I

De acordo com o valor obtido para o Índice Balanceado (B), os resultados obtidos
são interpretados da seguinte maneira: deficiente (< 50%), abaixo do normal (50% a 83%),
normal (83% a 117%), acima do normal (117% a 150%) e excessivo (150% a 183%).

6.4.5. CHANCE MATEMÁTICA

O método da Chance Matemática (ChM) foi desenvolvido no Departamento de


Solos da Universidade Federal de Viçosa e também tem como embasamento o conceito
de níveis críticos. Porém, por concepção, este método dispensa a necessidade de

78
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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
condução de ensaios de adubação e visa o estabelecimento de níveis críticos de
nutrientes a partir de um banco de dados formado por amostragens realizadas em
talhões de lavouras comerciais, onde são, entre outras variáveis, registrados os teores de
nutrientes nas folhas e o rendimento da cultura, em grãos, fibras, frutos ou matéria seca.

Neste método, os teores foliares de cada nutriente são classificados em ordem


crescente e relacionados à produtividade obtida nos respectivos talhões. Em seguida,
para cada nutriente, é determinada a amplitude (A) do teor e calculado o número de
classes possíveis (I) com base no tamanho da amostra (n), em que I = (n)1/2, sendo que 5

≤ I ≤ 15. O quociente entre amplitude e número de classes resulta no comprimento de

cada intervalo de classe (IC = A/I). Dentro de cada classe de teor, os dados de
produtividade são então classificados em dois subgrupos, de baixa e de alta
produtividade (população de referência). A seguir, calcula-se a chance matemática
para cada classe de teor do nutriente em estudo, segundo Wadt (1996):

ChM = {[P(Ai/A) . PRODi] . [P(Ai/Ni) . PRODi]}0,5

Em que:

ChM = chance matemática na classe "i";

P(Ai/A) = freqüência de talhões de alta produtividade na classe "i", em relação ao total


geral de talhões de alta produtividade (A = ∑Ai);

P(Ai/Ni) = freqüência de talhões de alta produtividade na classe "i", em relação ao total


de talhões da classe "i";

PRODi = produtividade média dos talhões de alta produtividade, na classe "i".

Para melhor entendimento do método, é apresentado um exemplo a partir de um


banco de dados disponível para a cultura da soja (Tabela 27).

79
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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Tabela 27 – Valores de chance matemática (CHM) estabelecidos para as diferentes
classes de freqüência "i" de distribuição de teores de N em amostras de terceiro trifólio
com pecíolo, na cultura da soja.

Classe (i) LI LS Ni Ai P(Ai/A) P(Ai/Ni) Prodi ChMi

1 26,4 29,0 5 1 0,009 0,200 4,292 0,185

2 29,0 31,6 8 5 0,046 0,625 4,389 0,747

3 31,6 34,2 25 14 0,130 0,560 4,299 1,158

4 34,2 36,8 30 17 0,157 0,567 4,349 1,299

5 36,8 39,4 55 19 0,176 0,345 4,305 1,061

6 39,4 42,0 47 14 0,130 0,298 4,242 0,834

7 42,0 44,6 31 15 0,139 0,484 4,399 1,140

8 44,6 47,2 24 11 0,102 0,458 4,397 0,950

9 47,2 49,8 15 7 0,065 0,467 4,359 0,758

10 49,8 52,4 3 2 0,019 0,667 4,520 0,502

11 52,4 55,0 1 0 0,000 0,000 0,000 0,000

12 55,0 57,6 4 1 0,009 0,250 4,250 0,204

13 57,6 60,2 5 2 0,019 0,400 4,175 0,359

14 60,2 62,8 2 0 0,000 0,000 0,000 0,000

15 62,8 65,4 1 0 0,000 0,000 0,000 0,000

Total 256 108

LI = limite inferior; LS = limite superior; Ni = número de amostras; Ai = número de amostras de alta


produtividade; P(Ai/A) = freqüência de talhões de alta produtividade em relação ao total de
talhões de alta produtividade (A = ∑Ai); P(Ai/Ni)= freqüência de talhões de alta produtividade em
relação ao total de talhões da classe i; Prodi = produtividade média dos talhões de alta
produtividade.

Para este fim foram consideradas apenas as variáveis teor foliar de nitrogênio
(com amplitude entre 26,6 e 65,1 g/kg de N) e rendimento de grãos. Com este banco de
dados foram definidas 15 classes de freqüência (I = 2571/2 ≅ 16,03), cada uma com
intervalo de 2,6 g/kg de N (IC = A/I = 38,5/15 = 2,6). Observa-se que o maior número de
talhões de alta produtividade (Ai) ocorreu nas classes 4 e 5. Porém, em decorrência da
grande quantidade de amostras (Ni) existentes nestas duas classes, a sua proporção em
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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
relação ao total de talhões nas respectivas classes [P(Ai/Ni)] não é necessariamente a
mais elevada. Por outro lado, verifica-se também que pode haver grande probabilidade
em se encontrar talhões de alta produtividade em classes de teores (2 e 10, por exemplo)
constituídas de limitado número de amostras (Ni). As classes de teor do nutriente que
apresentam os maiores valores para a Chance Matemática são consideradas a faixa
ótima e, para esta, determina-se a respectiva mediana, que é considerada o nível ótimo
do nutriente. Neste exemplo, considerou-se que as maiores possibilidades de obtenção
de altas produtividades de soja ocorrem quando os teores foliares de N encontram-se
entre 31,6 e 47,2 g/kg (limite inferior da classe 3 e superior da classe 8, respectivamente),
enquanto o teor ótimo foi calculado em 39,2 g/kg de N. As faixas de valores de teores de
nutrientes abaixo e acima da faixa ótima são denominadas de faixa infra-ótima e supra-
ótima, respectivamente. A faixa infra-ótima representa teores deficientes e a faixa supra-
ótima, teores excessivos. Em ambas as faixas, os valores de Chance Matemática são em
geral baixos, indicando pequena probabilidade em se obter alta produtividade de grãos
de soja em condições de deficiência ou excesso do nutriente. Ressalta-se que o método
da Chance Matemática pressupõe que esteja se trabalhando com grande número de
amostras, de forma que a freqüência se aproxime à probabilidade.

6.4.6. SISTEMA INTEGRADO DE DIAGNOSE E RECOMENDAÇÃO

Baseado no principio da inter-relação entre os elementos Beaufils (1973) propôs o


DRIS (Diagnoses and Recommendations Integrated System), que pode ser considerado
um método bivariado de analise. A técnica de interpretação do DRIS é baseada nas
relações entre nutrientes dois a dois, estabelecendo-se, em ordem decrescente, os
nutrientes mais limitantes à produção. Entretanto, é sabido que os elementos na planta
ou na folha não existem independentemente de outro e nem se relacionam apenas dois
a dois, havendo um balanço entre eles, complexo e dinâmico.

Para a utilização do método DRIS, também há necessidade de formação de um


banco de dados com resultados de análise de nutrientes em amostras de tecido foliar e
de rendimentos da cultura obtidos em parcelas ou talhões amostrados. A coleta de
amostras deve obedecer a uma padronização previamente definida, tais como o
estádio de desenvolvimento da planta e o tipo de folha.

A partir de um potencial produtivo pré-estabelecido, as amostras componentes


do banco de dados são classificadas em uma população de baixa ou de alta
produtividade, sendo esta última também denominada de população de referência.
Considera-se que a população de referência representa as condições nutricionais
adequadas ou desejáveis da cultura, na ausência de limitação do desenvolvimento das

81
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
plantas por outros fatores de natureza não nutricional, como disponibilidade hídrica,
ocorrência de pragas e doença, etc. Nesta população, são estabelecidos os quocientes
entre o teor de um dado nutriente (A) e os teores dos demais nutrientes (B, C,... N), sendo
que, para cada relação entre nutrientes, são calculadas as normas, constituídas pela
média e desvio padrão (s).

Para avaliar o equilíbrio nutricional de uma amostra coletada em um talhão de


lavoura, deve-se seguir uma seqüência de procedimentos:

1) calcula-se as relações dois a dois (duais) entre os nutrientes da amostra;

2) para cada relação, calcula-se a diferença entre o valor da amostra (A/B) e a média
das relações da população de referência (a/b). Esta diferença é transformada em
variável normal reduzida (z), ao se dividir pelo valor do desvio padrão (s) das relações da
população de referência; depois, o valor de z é aproximado a um valor inteiro pela
multiplicação com o fator de ajuste (c), que normalmente é igual a dez:

Z(A/B) = {(A/B) − (a/b)} x

3) obtêm-se o índice DRIS (IA), pelo cálculo da média aritmética das relações diretas
(A/B) e inversas (B/A), transformadas em variáveis normais reduzidas aproximadas:

IA = {Z(A/B) + Z(A/C) + ... + Z(A/N) - Z(B/A) - Z(C/A) - ... - Z(N/A)}/{2(n-1)}

Em que:

c = 10 = fator de ajuste;

A/B e a/b = relação dual entre os teores de nutrientes (g/kg e mg/kg, para macro e
micronutrientes, respectivamente) da amostra e a média da população de referência,
respectivamente;

s = desvio padrão das relações duais da população de referência;

n = número de nutrientes envolvidos na análise.

Para a interpretação dos índices DRIS são considerados em equilíbrio aqueles com
valor situado dentro do intervalo entre - 10 2/3s e + 10 2/3s (- 6,7s e + 6,7s). Considera-se
que quanto mais negativo for o índice de um nutriente, maior é a carência deste em

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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
relação aos demais nutrientes envolvidos na diagnose, e um índice altamente positivo
para um nutriente, indica maior excesso relativo do mesmo. A soma dos valores absolutos
dos índices DRIS obtidos para cada nutriente resulta no Índice de Balanço Nutricional
(IBN). E o quociente entre o valor de IBN e o número de nutrientes analisados (n) define o
Índice de Balanço Nutricional médio (IBNm), que representa a média dos desvios em
relação ao ótimo:

IBN = |IA| + |IB| + |IC| + |ID| + ... + |IN| IBNm = IBN/n

Quando os índices DRIS são ordenados do menor valor para o maior, pode-se
conhecer a ordem de limitação dos nutrientes na lavoura em que se efetuou a
amostragem. Em suma, o método DRIS indica qual o nutriente é mais limitante por falta
ou por excesso e qual é a ordem de limitação, dentre aqueles analisados, mas não
permite diagnosticar se o teor do nutriente na amostra encontra-se em magnitude de
provocar deficiência ou toxidez. Os índices IBN e IBNm possibilitam a comparação do
grau de equilíbrio nutricional entre diferentes lavouras. Considera-se que, quanto maior o
seu valor, maior o grau de desequilíbrio nutricional da lavoura.

Ressalta-se, ainda, que uma simples relação de equilíbrio entre nutrientes pode
não ter uma relação direta com a produtividade das culturas, tendo-se em vista que
outros fatores limitantes de natureza não nutricional podem estar afetando o
desenvolvimento das plantas.

Assim, uma lavoura de alta produtividade necessariamente apresenta uma


nutrição equilibrada; o inverso, porém, pode não ocorrer. O mérito do DRIS é justamente
permitir a discriminação dos casos em que apenas os fatores nutricionais estão
influenciando o desenvolvimento das plantas, uma vez que as normas são calculadas a
partir de uma subpopulação de referência.

Uma outra forma de interpretação dos índices DRIS, desenvolvido no


Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa, considera o potencial de
resposta à adubação (PRA) (Wadt, 1996) e consiste na comparação destes em relação
ao IBNm, sendo que:

a) se o nutriente for associado a um índice DRIS extremo (mais negativo ou mais


positivo) e o valor absoluto desse índice for maior que o IBNm, é muito provável que o
nutriente seja o causador dos desequilíbrios nutricionais observados;

83
COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
b) se o nutriente não for associado a um índice DRIS extremo, mas ainda assim, em
módulo, é maior que o IBNm, é provável que ele também seja o responsável pelos
desequilíbrios;

c) se o nutriente tiver índice primário negativo, mas inferior, em módulo, ao IBNm,


é pouco provável que ele seja o responsável pelos desequilíbrios;

d) se o nutriente tiver índice primário positivo, mas inferior ao IBNm, não é provável
que ele seja o responsável pelos desequilíbrios.

Desta forma, se o índice DRIS para o nutriente for negativo e estiver dentro de
qualquer uma das duas primeiras situações acima mencionadas, considera-se que há um
potencial positivo de resposta à adubação; caso o índice DRIS se enquadre no item c,
haveria pouca possibilidade de resposta à adubação e, para o caso do ítem d, a
resposta esperada é negativa.

A título de exemplo, são apresentados na Tabela 28 os índices DRIS de três culturas


de cafeeiro com produtividades alta (>30 sacas ha-1), média (15 a 30 sacas ha-1) e baixa
(< 15 sacas ha-1). A relação entre o estado nutricional e a produtividade é clara, ao
observar os valores de Índice de Balanço Nutricional médio (IBNm).

Tabela 28 – Produtividade, índices DRIS e índices de balanço nutricional médio do


cafeeiro

Prod N P K Ca Mg S Cu Fe Zn Mn B IBNm

Alta -3 0 0 -7 -5 4 3 -1 -7 9 6 4,1

Média 7 -14 8 -25 -25 10 3 3 9 17 7 11,6

Baixa -15 -15 -16 -18 10 -12 -19 17 -24 90 23 23,5

Fonte: Martinez et al. (1999)

6.4.7. DIAGNOSE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL

A Diagnose da Composição Nutricional (CND) compreende o somatório dos


teores (expressos em dag/kg) de macro e micronutrientes associado ao teor dos demais
componentes da matéria seca (Parent e Dafir, 1992). O teor destes componentes é
denominado de valor de complemento (R) é definido como a diferença entre a
composição total de 100 dag/kg e o somatório dos teores de nutrientes na folha índice
(∑xi).

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
No método CND, também é utilizado um banco de dados, como nos métodos de
Índices Balanceados de Kenworthy, Chance Matemática e DRIS. O método CND difere
do DRIS pelo fato do teor de cada nutriente na amostra (Xi) ser corrigido em função da
média geométrica da composição nutricional (G), resultando na variável multinutriente
(Vi).

R = 100 - ∑xi G = (XN x XP x XK x ... x XZn x R)1/(n + 1)

Vi = ln x (Xi/G)

Onde,

n = número de nutrientes em avaliação

Em seguida, calcula-se o índice da variável multinutriente (IVI), a partir da


diferença entre o valor de Vi da amostra e a respectiva média para a população de
referência (vi), dividida pelo desvio padrão desta variável.

IVi = (Vi – vi)/svi

Em suma, além da diferença no enfoque no equilíbrio nutricional, bivariado e


multivariado, para o DRIS e o CND, respectivamente, estes métodos distinguem-se pelo
fato de que, no primeiro, é calculada a média aritmética das relações duais (dois a dois)
transformadas em variáveis normais reduzidas. No CND, calcula-se a média geométrica
do produto dos teores de nutrientes e de um valor de complemento (denominado R),
para depois se proceder à transformação em variável normal reduzida. Contudo, apesar
do método CND basear-se nas interações múltiplas que ocorrem entre todos os nutrientes
sob diagnose, também se considera que o nutriente está em equilíbrio nutricional quando
o índice da variável multinutriente (IVI) tende a zero. E de forma semelhante ao DRIS, a
interpretação dos índices da variável multinutriente é feita considerando-se em equilíbrio
aqueles com valor situado dentro do intervalo entre -2/3 s e 2/3 s (- 0,67 e + 0,67).

Em tese, o método CND mostra-se mais vantajoso em relação ao DRIS, por


considerar a interação simultânea de todos os nutrientes, e não apenas as interações
duais. E isto, aliado a um melhor embasamento estatístico, quando se usa princípios da

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
análise do componente principal, propicia maior potencial para melhorar a diagnose
foliar (Parent e Dafir, 1992; Parent et al., 1994).

6.5. FERTIGRAMAS

Fertigramas são gráficos construídos com círculos concêntricos, com tantas


divisões radiais quantos forem os nutrientes a serem plotados. Na interseção entre o
círculo mediano e os segmentos radiais, são alocados os valores dos níveis críticos
determinados previamente para a cultura em questão.

Os teores obtidos das análises foliares de determinada cultura são então plotados
no fertigrama, no raio correspondente, e após a ligação dos pontos, origina-se um
polígono, a partir do qual se interpreta o estado nutricional da cultura. Picos a partir do
círculo de níveis críticos indicam excessos e, reentrâncias significam deficiência.

A utilização de fertigramas permite a análise visual da adequação dos teores de


cada nutriente em particular e a análise do estado nutricional da cultura como um todo,
tomando por base os níveis críticos preestabelecidos. A visualização por meio de
fertigrama é útil, principalmente onde ocorrem problemas nutricionais agudos, tanto por
deficiência quanto por excessos. Neste caso, é possível inferir de imediato a respeito da
principal, ou, principais limitações nutricionais de determinada cultura. Como por
exemplo, a figura 13 apresenta os fertigramas construídos da cultura de cafeeiro com
diferentes produtividades. A relação entre equilíbrio nutricional e produtividade é
evidente.

Alta Média Baixa

Figura 13: Fertigrama representativo do equilíbrio nutricional em cafeeiro de alta, média e


baixa produtividade. (Fonte Martinez et al., 1999)

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
7. PRINCÍPIOS BÁSICOS ENVOLVIDOS NA RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO

O correto manejo da fertilidade é responsável por grande parte dos ganhos de


produtividade das culturas. Considerando a fertilidade natural da grande maioria dos
solos brasileiros, os ganhos nas nossas condições podem ser ainda muito mais elevados.
Neste contexto, em complementação às práticas corretivas, a prática da adubação
propriamente dita assume papel de relevada importância. Mas, por representar uma
significativa parcela nos custos de produção, a adubação tem que ser feita com a
máxima de eficiência para resultar na obtenção da produtividade máxima econômica
(PME), para causar o mínimo de danos ao meio ambiente, para se obter produtos
agrícolas com qualidade e para se evitar o desperdício de recursos naturais não
renováveis.

A recomendação e eficiência da adubação não dependem apenas da


definição das doses a serem aplicadas. Muito pelo contrário, tem-se que analisar uma
série de aspectos, dentre os quais, sem qualquer ordem seqüencial destacam-se:

5 Definição dos nutrientes a serem aplicados;

5 Definição da quantidade do nutriente a ser aplicado;

5 Definição da melhor época de aplicação dos nutrientes;

5 Definição dos fertilizantes a serem aplicados;

5 Definição da forma de aplicação dos fertilizantes.

Para a definição de qualquer um dos aspectos destacados, tem-se que


considerar também os aspectos econômicos desta prática. Logicamente, conforme já
destacado para a calagem, o aspecto econômico não pode prejudicar qualquer uma
das definições de ordem técnica, pois a racionalidade da adubação poderá ser
comprometida.

Neste capítulo pretende-se abordar alguns princípios básicos envolvidos na


recomendação de adubação, de forma a se obter a melhor resposta para todas as
definições necessárias. Em capítulos seguintes, pela importância de certos assuntos,
alguns dos aspectos envolvidos em tais definições serão abordados com maior riqueza
de detalhes.

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
7.1. DEFINIÇÃO DO NUTRIENTE A APLICAR

A primeira resposta a ser dada no processo de recomendação de adubação diz


respeito à definição dos nutrientes a serem aplicados. Tal definição somente é possível ao
se considerar, de forma conjunta, os fatores solo, planta e agricultor (Figura 14).

A definição da necessidade de aplicação de um dado nutriente inicia-se por


uma completa avaliação da fertilidade do solo, isto é, através da avaliação da
capacidade do solo em suprir os nutrientes às plantas. Para tanto, pode-se fazer uso de
qualquer um dos métodos de avaliação da fertilidade do solo (análise química e física do
solo, diagnose visual da planta e análise química da planta). Apesar de, em lavouras já
instaladas, ser perfeitamente possível se verificar a necessidade de aplicação de um
dado nutriente através da diagnose visual ou da análise química da planta, o método
mais amplamente usado em todo o mundo e indispensável na implantação da lavoura
é, sem dúvida, a análise química e física do solo.

Conforme destacado, já existem diversas proposições de classes de fertilidade


com os respectivos limites de teores de nutrientes, as quais são usadas para interpretação
dos resultados de análise do solo, visando a definição dos nutrientes a aplicar. A título de
exemplificação e considerando a proposição de Ribeiro et al. (1999), a decisão de não
aplicar potássio em solos com diferentes disponibilidades nesse nutriente, resultará em
produções de milho muito distintas (Tabela 29).

Figura 14: Fatores básicos a serem considerados para a correta recomendação de


práticas corretivas e de adubação.

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
Tabela 29 – Situação hipoteticamente criada, para a produção de milho cultivado sob
diferentes disponibilidades de potássio no solo, sem qualquer aplicação desse nutriente,
com base em critérios de Ribeiro (1999)

Teor de K no solo Classe de Fertilidade Produção Relativa Produção

mg dm-3 % kg ha-1

10 Muito Baixo 15 900

40 Baixo 60 3600

55 Médio 70 4200

69 Médio 90 5400

94 Alto 95 5700

150 Muito Alto 100 6000

Analisando a tabela 29, conclui-se que a definição da necessidade de aplicação


de potássio para o milho dependerá, basicamente, da disponibilidade desse nutriente no
solo e da expectativa de produção. Esse é o princípio básico dos nutrientes a aplicar em
um determinado cultivo, conforme destacado a seguir:

¬ Disponibilidade do Nutriente no Solo


Definição do Nutriente a Aplicar
ª Produtividade Esperada

Ao levar em conta a produtividade esperada, está-se considerando tanto o fator


agricultor quanto o fator planta. Em última instância, é o agricultor, através de seu nível
tecnológico que define a produtividade esperada. E, na produtividade a ser
considerada, já está implícita a exigência da planta num dado nutriente.

De forma específica para os micronutrientes, a avaliação entre espécies na


sensibilidade à baixa disponibilidade dos mesmos no solo também é muito importante e
precisa ser explorada na recomendação de adubação. Muitos laboratórios ainda não
analisam micronutrientes, de tal sorte que na tomada de decisão sobre aplicar ou não o
micronutriente, o fator planta pode ser decisivo. Por exemplo, o cultivo de milho em solo
com baixa disponibilidade de micronutrientes requer cuidado especial com a aplicação
de zinco. Nesse mesmo solo, o cultivo de girassol, por sua vez, iria requerer maior atenção
para o suprimento de boro. Tais considerações levam à utilização da chamada
Adubação de Segurança com micronutrientes. Todavia, nuca é demais enfatizar que,
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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
mesmo para os micronutrientes, o correto é utilizar-se de resultados de análise do solo
e/ou foliar para avaliar a disponibilidade desses nutrientes e recomendar somente
aqueles realmente necessários. Enfim, o correto é, sempre que possível, optar pela
Adubação de Prescrição com micronutrientes.

7.2. DEFINIÇÃO DA QUANTIDADE DE NUTRIENTES

Uma vez determinado o nutriente a ser fornecido, a definição da quantidade a


aplicar novamente dependerá do teor do nutriente no solo e a expectativa de
produção.

Ao levar em conta a produtividade esperada, está-se considerando tanto o fator


agricultor quanto o fator planta. É o agricultor, através de seu nível tecnológico, quem
determina a produtividade esperada. E, na produtividade escolhida, já está implícita a
exigência da planta no nutriente. Notadamente em situações de cultivos com maiores
produtividades, é extremamente importante conhecer a planta no tocante a sua
exigência nutricional. Por exemplo, para se produzir uma tonelada de milho por hectare
há necessidade da seguinte disponibilidade de nutrientes no solo (Tabela 30).

Tabela 30 – Remoção média de nutrientes no solo para produção de 1,0t ha-1 de milho

Quantidade de nutriente removido do solo


Nutriente
- - - kg ha-1 - - -

N 30

P2O5* 10

K2O* 26

S 05

Ca 06

Mg 06

Zn 0,1

B 0,03

Mo 0,01

*Quantidade de fósforo e potássio expressas em P2O5 e K2O, respectivamente, em concordância


com a expressão do teor desses nutrientes em fertilizantes.

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
É muito importante que o técnico consulte os boletins estaduais ou regionais de
recomendação de adubação, visando uma melhor definição da quantidade a aplicar.
Desde que o método de análise de solo seja o mesmo para um dado nutriente, as
recomendações passam a refletir apenas o avanço do conhecimento gerado pelos
pesquisadores do estado ou região.

Nos boletins de recomendação de adubação, a definição da quantidade de


nutriente a aplicar é feita com base na disponibilidade do nutriente no solo e em uma
produtividade esperada, que, normalmente, representa a produtividade máxima
econômica para a espécie vegetal, a partir de experimentação na região ou no estado.
No caso de Minas Gerais, Ribeiro et al. (1999), considera faixas de produtividade
esperada variando de 4,0 a acima de 8,0t ha-1 para o milho. Sem dúvida, principalmente
para produtividades mais elevadas, tem-se que considerar a exigência da espécie
vegetal em nutrientes (Tabela 30, para o milho) e, com isto, ficar muito atento para os
preceitos da “Lei de Liebig ou do Mínimo”, ou seja, procurar fazer uma recomendação
equilibrada de nutrientes. Por exemplo, para dobrar a produtividade de 5 para 10t ha-1, a
lavoura de milho terá de ter a sua disposição um acréscimo de cerca de 150kg N ha-1.
Mesmo com a aplicação de nitrogênio, o aumento de produtividade não será obtido se
o solo não tiver ou não for feita uma aplicação de fertilizante de forma a suprir o
adicional de 500g Zn ha-1.

Com o avanço de pesquisas em Fertilidade do Solo, a tendência observada nos


boletins mais recentes é a de definir a quantidade de nutrientes a aplicar com base no
teor dos nutrientes no solo e em produtividades esperadas crescentes.

7.3. DEFINIÇÃO DA ÉPOCA DE APLICAÇÃO DO NUTRIENTE

A decisão a respeito da melhor época de se aplicar um dado nutriente depende


do próprio nutriente, em termos de sua dinâmica no solo e da magnitude de sua
exigência pela planta ao longo do ciclo de cultivo. As culturas anuais apresentam maior
demanda de nutrientes após o desenvolvimento de uma grande área foliar, ou seja, de
um considerável aparatus fotossintético. No caso de culturas perenes, a maior demanda
ocorre na fase de florescimento e formação dos frutos.

Em termos da dinâmica no solo, nitrogênio e fósforo determinam dois extremos de


contrastes. Em função do seu elevado dinamismo, o nitrogênio, quando comparado com
o fósforo, é muito mais difícil de ser mantido no solo ao alcance das raízes.

Portanto, para culturas anuais, apenas uma pequena fração do total de


nitrogênio recomendado é aplicada no plantio, ficando a maior parte para aplicação
posterior, em cobertura, quando o sistema radicular já estiver bem desenvolvido para a
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absorção, ou seja, quando a planta já estiver numa fase de alta demanda. É a chamada
Adubação em Cobertura, já tradicional para o caso do nitrogênio. De outra forma, a
adubação nitrogenada é parcelada entre a adubação de plantio e adubação em
cobertura.

Por exemplo, para o plantio do milho, a recomendação é de aplicar 0 a 30% do


total de nitrogênio recomendado por ocasião da semeadura, e, o restante, 35 dias após
a germinação (Raij et al., 1997), quando as plantas apresentarem 6 a 8 folhas bem
desenvolvidas (Ribeiro, 1999) ou quando as plantas estiverem com 40 a 60cm de altura
(Siqueira et al., 1989). A adubação em cobertura também pode ser parcelada,
principalmente quando são aplicadas altas doses e as condições são mais favoráveis a
perdas do nitrogênio. Para o milho, sob condições de chuvas intensas (perdas por
lixiviação de nitrato), pode-se realizar a primeira cobertura na época indicada,
aplicando o restante antes da fase de pendoamento. No caso de lavouras irrigadas, em
que se procede à prática da fertirrigação, podem ser realizadas várias adubações
nitrogenadas em cobertura, pela facilidade permitida pelo sistema.

Estudos recentes, entretanto, mostram que para doses de nitrogênio de até 100kg
N ha-1, não há necessidade do parcelamento da cobertura. E, para doses de até 50kg N
ha-1, pode-se fazer a aplicação de todo o nitrogênio no plantio, economizando tempo e
gastos com a realização da cobertura nitrogenada, especialmente no caso de solos mais
argilosos. Uma maior aplicação de nitrogênio no plantio, de 30 a 50kg N ha-1 ao invés de
apenas cerca de 10kg N ha-1, é sugerida por Zublena (1991), citado por Furtini Neto (2001)
para o milho.

Em culturas perenes, as perdas por lixiviação do nitrogênio são minimizadas pelo


parcelamento da quantidade total a aplicar em várias aplicações ao longo do período
de exigência considerado. Por exemplo, para uma lavoura de café em produção, é feito
o parcelamento do nitrogênio em 3 ou 4 aplicações, no período de outubro a março.

Para o fósforo, nutriente de baixíssima mobilidade no solo, a princípio, não se pode


considerar a adubação em cobertura para o mesmo.

Em culturas anuais, pelo menos, a adubação em cobertura é de todo inoportuna.


Ao contrário do nitrogênio, o fósforo é nutriente do plantio, isto é, na implantação de
uma lavoura tem se que priorizar a adubação de plantio com este nutriente através da
fosfatagem corretiva, se viável, e das adubações no sulco de plantio ou na cova.

Mesmo para culturas perenes, a grande ênfase na adubação fosfatada tem de


ser dada para a adubação de plantio. Além da possibilidade de se fazer uma
fosfatagem corretiva, ocorrendo a abertura de uma cova maior é o momento imperdível
de se aplicar uma maior quantidade de fósforo em um maior volume do solo. Enfim, o
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ideal em uma lavoura de cultura perene é não contar com adubações fosfatadas
realizadas na superfície do solo. A sua movimentação em profundidade é extremamente
lenta e, na verdade, ficando na superfície do solo, o fósforo torna-se altamente suscetível
a perdas por lavagem superficial (erosão).

A adubação fosfatada na superfície apresenta certa eficiência, praticamente em


dois casos. O primeiro diz respeito a culturas perenes irrigadas por gotejamento. A
aplicação de fósforo via fertirrigação nesse sistema promove uma elevada saturação em
fósforo numa pequena área, permitindo uma maior descida do mesmo, por fluxo de
massa. De qualquer forma, a fertirrigação com fósforo apresenta problemas no tocante a
precipitação do fósforo em água rica em cálcio, promovendo entupimentos no sistema
de irrigação. Um outro caso em que a aplicação de fósforo apresenta certa eficiência é
a adubação de manutenção de pastagens instaladas. Num sistema de maior cobertura
vegetal do solo, em que a erosão é minimizada, o fósforo, mesmo que ficando mais à
superfície, é bem absorvido por um emaranhado de raízes localizadas nos 2 a 3cm
superficiais. Mas, uma vez mais, ressalta-se que o ideal é não contar, em qualquer caso,
com adubações fosfatadas na superfície do solo.

O potássio apresenta uma mobilidade no solo muito mais próxima da do fósforo


que do nitrogênio. Portanto, de certa forma, é também nutriente de plantio. Para culturas
anuais, o mais comum é aplicar todo o potássio por ocasião da semeadura. E, para
culturas perenes e pastagens, considerando a razoável mobilidade do potássio no solo
(ainda bem maior que a do fósforo) e a sua grande exigência pelas plantas, é inevitável
aplicações de potássio na superfície do solo em adubações de formação da lavoura e
de produção.

Por ser bem menos móvel que o nitrogênio, o potássio é menos parcelado e deve
ser aplicado nos primeiros parcelamentos. Por exemplo, na adubação de uma lavoura
de café em produção, o nitrogênio pode ser parcelado em 4 vezes, aplicado de outubro
a março. O total de potássio a ser aplicado, por sua vez, poderia ser parcelado em duas
vezes, sendo aplicado junto com o nitrogênio nas duas primeiras coberturas. Neste
exemplo, se fosse feita opção de se aplicar também o fósforo, este seria aplicado de
uma única vez e, especificamente, na primeira cobertura.

Considerando que o potássio em cerca de 95% dos casos é aplicado na forma de


KCl, a aplicação de altas doses no sulco de plantio ou em cova pode trazer sérios
problemas para a germinação, crescimento inicial e estabelecimento de mudas no
campo. O cloreto de potássio apresenta elevado índice salino, o que pode resultar em
menor germinação e efeitos negativos sobre as plântulas e mudas. Além disso, em solos
mais ácidos, o cloreto de potássio, em alta concentração localizada, promove maior

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deslocamento do alumínio para a solução, aumentando a sua toxidez, que é crítica para
as plântulas.

É muito difícil o estabelecimento da dose crítica de potássio, acima da qual


ocorrem problemas de salinidade e toxidez de alumínio. Há dependência do tipo de solo,
da magnitude da acidez trocável ou nociva, da sensibilidade da planta a salinidade e
do teor de umidade do solo. Em geral, doses acima de 60kg K2O ha-1 são mais
preocupantes.

Ainda, outro problema associado com aplicações localizadas de potássio em


altas doses, diz respeito à maior probabilidade de perdas por lixiviação, pois, com alta
concentração de potássio na solução ocorre maior movimentação vertical por fluxo de
massa.

Assim sendo, quando se almeja a aplicação de altas doses de potássio, em solos


com baixa disponibilidade neste nutriente e com expectativa de altas produtividades,
têm-se duas alternativas quanto a época e modo de aplicação de potássio. A primeira
refere-se ao parcelamento da adubação potássica, entre o plantio e a cobertura
(Tabela 31). Todavia, em função da menor mobilidade do potássio, quando comparado
com o nitrogênio, pelo menos 50% da dose de potássio deve ser aplicada no sulco de
plantio, ficando o restante para ser aplicado, preferencialmente, na primeira cobertura.
A segunda alternativa é a de aplicar o potássio a lanço e incorporado antes do plantio,
fazendo-se uma adubação potássica corretiva.

Os demais nutrientes, em face de suas dinâmicas no solo e da exigência dos


mesmos pelas plantas, não são tão críticos quanto a época de aplicação. Assim, por
exemplo, uma adubação com enxofre para o milho pode ser realizada por ocasião da
semeadura ou da adubação nitrogenada em cobertura. É quase sempre mais indicado
aplicar o cálcio e magnésio por ocasião da calagem e o enxofre e micronutrientes no
plantio.

Em se tratando de micronutrientes, em virtude das pequenas quantidades


necessárias ao atendimento da demanda das culturas, existem mais opções quanto à
época e modo de aplicação. Além da adubação convencional via solo, os
micronutrientes podem ser eficientemente supridos, notadamente em culturas perenes,
por meio de aplicações foliares e fertirrigação. Muitas vezes, a adubação de Mo e Co
para leguminosas e Zn para gramíneas na operação de tratamento das sementes tem
proporcionado resultados mais satisfatórios que a adubação no sulco de plantio.
Finalmente, no caso de propagação por mudas, tem-se ainda a possibilidade de
mergulhar os tubetes ou as mudas com raízes nuas em soluções contendo micronutrientes
de interesse, por ocasião do transplantio.

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Tabela 31 - Produção de grãos de soja para diferentes modos de adubação potássica,
em um solo arenoso da região de Barreiras-BA

Doses de Potássio Modo de Aplicação Produção de Grãos

kg K2O ha-1 kg ha-1

0 - 2252

60 No sulco de plantio 2618

60 À lanço antes do plantio 2881

60 No sulco (½ plantio + ½ cobertura) 2979

7.4. DEFINIÇÃO DO FERTILIZANTE A SER APLICADO

Para atender a necessidade de aplicação de qualquer nutriente, existe uma série


de opções de fertilizantes, cada qual com suas vantagens e desvantagens. O mercado
de fertilizantes é muito dinâmico, o que requer do técnico constante atualização para
escolher a melhor opção existente. Inclusive, devido a grande importância do processo
de escolha do fertilizante e da grande variedade de materiais fertilizantes no mercado, é
preciso conhecer as características dos principais fertilizantes.

Basicamente, no processo de escolha dos fertilizantes, os aspectos a serem


considerados são os seguintes:

5 Presença de outro nutriente;

5 Solubilidade em água;

5 Facilidade de armazenagem, manuseio e de aplicação;

5 Acidificação do solo;

5 Uniformidade de distribuição;

5 Forma química dos nutrientes;

5 Presença de contaminantes nocivos à própria planta, animais e ao homem;

5 Disponibilidade no mercado;

5 Preço.

A título de exemplificação, é destacado, para cada aspecto ressaltado,


prováveis situações envolvendo esse processo de escolha.

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Havendo a necessidade de se aplicar enxofre para uma dada cultura, ao realizar
a adubação nitrogenada em cobertura o fertilizante nitrogenado escolhido deve ser o
sulfato de amônio. Mas, um manejo mais adequado da fertilidade do solo nesta situação
poderia ser a de se optar pelo superfosfato simples no plantio, resolvendo o problema do
enxofre, de forma a não usar o sulfato de amônio para a adubação nitrogenada, devido
a grande acidificação do solo promovida por este fertilizante. Com isto, o fertilizante
nitrogenado escolhido poderia ser, por exemplo, o nitrocálcio.

A aplicação de fertilizantes via irrigação (fertirrigação) requer a escolha de


fertilizantes altamente solúveis em água. Inclusive, para um mesmo fertilizante, pode existir
no mercado um fertilizante com mais alto grau de pureza, justamente visando uma maior
solubilidade e obtenção de soluções mais puras, o que é importante para se evitar
entupimentos no sistema de irrigação.

O nitrocálcio é um excelente fertilizante do ponto de vista químico, todavia,


devido à sua higroscopicidade, pode apresentar problemas de empedramento durante
armazenamento, dificuldade de manuseio e de aplicação em dias mais úmidos.

Os formulados, tipo mistura granulada, quando comparados com misturas de


grânulos, resultam em uma maior uniformidade de aplicação de NPK. Quando se
objetiva a aplicação de micronutrientes em formulados enriquecidos com os mesmos, a
escolha de um formulado granulado torna-se mais importante ainda, pois, considerando
que a quantidade de micronutriente é muito pequena, sua aplicação via mistura de
grânulos é muito desuniforme.

A natureza química do fertilizante, isto é, a forma química, apresenta uma série de


implicações na eficiência da adubação. Por exemplo, a absorção de apenas amônio é
altamente indesejável para a grande maioria das espécies cultivadas, as quais produzem
mais sob um suprimento mais balanceado de amônio e nitrato (Guazelli, 1988). Assim
sendo, em solos com nitrificação reduzida, solos com pH abaixo de 6,0 ou areias
quatzosas com baixo teor de matéria orgânica, a produção pode ser aumentada pelo
uso de nitrato de amônio ou de nitrocálcio, ao invés de sulfato de amônio.

A adubação foliar com uréia, notadamente para culturas sensíveis tais como
citros e abacaxi, requer o uso de uréia com menos de 0,25% de biureto como
contaminante. Para aplicação no solo, para a maioria das espécies, uma concentração
de biureto de até 2% não traz problemas. O uso de resíduos industriais e do lixo e esgoto
tratados podem resultar em contaminação com metais pesados, tanto do solo, quanto
da água e do produto colhido. Especial atenção tem de ser dada ao se escolher
fertilizantes desta natureza para adubação de hortaliças, notadamente de alface, que é
uma planta acumuladora de metais pesados.

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Muitas vezes o uso de determinado fertilizante, escolhido por uma série de
vantagens, é limitado pela sua disponibilidade no mercado, fator este crítico em certas
regiões do Brasil e em certas épocas do ano.

Havendo igualdade de eficiência entre fertilizantes, o preço final (incluindo


transporte e custo de aplicação) pode definir o fertilizante a aplicar. Particularizando o
interesse em dado(s) nutriente(s), o fertilizante mais econômico é aquele que apresentar
menor preço efetivo, ou seja, menor custo por unidade do(s) nutriente(s), conforme a
fórmula a seguir:

Preço por tonelada


Preço efetivo =
Teor (es) solúvel (eis) do(s) nutriente(s)

Na realidade, no cálculo do preço efetivo é preciso considerar também a


presença de outros nutrientes, possíveis benefícios indiretos além daquele de suprir os
nutrientes, e a eficiência agronômica do fertilizante. Por exemplo, no processo de escolha
de fertilizante para realizar uma fosfatagem corretiva tem-se que considerar:

a) Preço por unidade de P2O5 solúvel em diferentes fertilizantes fosfatados;

b) Preço de enxofre e cálcio no superfosfato simples;

c) Preço de cálcio, magnésio e de micronutrientes no termofosfato magnesiano;

d) Presença de 50% em peso de gesso no superfosfato simples, promovendo então,


indiretamente uma gessagem;

e) Equivalente CaCO3 de 50% para o termofosfato magnesiano, promovendo também,


indiretamente, uma pequena correção da acidez do solo;

f) A presença do o ânion silicato nos termofosfatos, o qual reduz a adsorção de fosfato,


além de ser considerado muito importante para as gramíneas;

g) A baixa eficiência agronômnica dos fosfatos naturais brasileiros, geralmente não


apresentando competitividade econômica.

7.5. DEFINIÇÃO DA FORMA DE APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE

O modo de aplicação do fertilizante depende de uma série de fatores, dentre os


quais destacam-se:

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5 O nutriente a ser aplicado, sua disponibilidade e mobilidade no solo;

5 A quantidade do nutriente a ser aplicada;

5 O tipo de fertilizante a ser aplicado;

5 O sistema de cultivo;

5 Disponibilidade de equipamentos.

Antes do plantio, o fertilizante pode ser aplicado a lanço, uniformemente em toda


a área, fazendo-se a incorporação com gradagem. É a forma de aplicação para a
adubação corretiva com fósforo, potássio e micronutrientes, para a adubação orgânica
pré-plantio e, para a calagem e gessagem. Esta forma de aplicação usualmente envolve
grande quantidade de fertilizantes (ou corretivo) em programas de construção da
fertilidade do solo.

O fertilizante também pode ser aplicado a lanço, mas sem incorporação, em


pastagens instaladas, lavouras perenes e em plantio direto.

As principais vantagens de aplicação de fertilizantes a lanço em toda a área,


com incorporação subseqüente, são as seguintes:

5 Pode-se aplicar grande quantidade de nutriente sem qualquer injúria às


sementes ou plântulas;

5 A distribuição de nutrientes uniformemente na camada arável promove o


crescimento radicular em maior volume de solo e, consequentemente um uso mais
eficiente de nutrientes e de água;

5 Redução do consumo de tempo e de mão-de-obra durante o plantio.

No plantio, em adubações normalmente realizadas pela grande maioria dos


agricultores e envolvendo menores quantidades de nutrientes, o fertilizante deve ser
aplicado cerca de 5cm abaixo e 5cm ao lado das sementes. É muito importante a
presença de certo volume de solo entre a semente e o fertilizante, de forma a se evitar
danos à mesma e, logo em seguida, à plântula. No caso da aplicação de pequenas
quantidades de fertilizantes no plantio, especialmente se apenas superfosfatos, pode-se
misturar o fertilizante com as sementes. A mistura com sementes pode ser feita ainda para
aplicação de micronutrientes. Principalmente para o molibdênio e cobalto, necessário à
fixação simbiótica de nitrogênio em leguminosas, que exigidos em quantidades muito
pequenas, são uniformemente aplicados via revestimento de sementes.

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A aplicação de nutrientes em cobertura pode ser feita a lanço ou localizada ao
lado da linha de plantio de culturas anuais. Para culturas perenes a cobertura é feita da
projeção da copa para o interior até o caule, em aplicação por planta, ou
tangenciando a projeção da copa em uma faixa contínua.

Idealmente, o fertilizante aplicado em cobertura deveria ser incorporado ou, pelo


menos, levemente coberto por terra. Precipitações ocorridas logo após a cobertura ou a
irrigação, ao levarem o fertilizante (principalmente nitrogenado) para dentro do solo,
produzem o mesmo efeito.

Para a aplicação do fertilizante em filete contínuo, tanto no sulco de plantio


quanto em cobertura adjacente a linha de plantio, é preciso calcular a quantidade de
fertilizante a ser aplicada por metro linear, através da seguinte fórmula:

Y x 1000
X=
(10000/e)

Sendo,

X = Quantidade do fertilizante a ser aplicada (g m-1)

Y = Dose do fertilizante (kg ha-1)

e = Espaçamento entre sulcos de plantio (m)

Em se tratando de culturas em espaçamentos mais amplos, a adubação pode ser


realizada para cada planta individualmente, sendo necessário conhecer a quantidade
de fertilizante a ser aplicada por cova. Neste caso, a fórmula para cálculo é a seguinte:

Y x 1000
X=
(10000/a)

Sendo,

X = Quantidade do fertilizante a ser aplicada (g cova-1)

Y = Dose do fertilizante a ser fornecida (kg ha-1)

a = Área correspondente a cada planta (m2)

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Certos fertilizantes muito solúveis em água podem ser aplicados diretamente na
parte aérea, constituindo a adubação foliar. Entretanto, é uma forma de aplicação mais
indicada apenas para micronutrientes. Segundo Mortvedt (1985), as vantagens da
adubação foliar, para os micronutrientes, quando comparada com a aplicação direta
no solo são as seguintes:

5 As doses necessárias são menores que as aplicadas via solo;

5 A distribuição é mais uniforme do que na aplicação via solo;

5 A resposta ao nutriente aplicado é mais imediata do que observada para a


aplicação no solo.

Quando o problema da deficiência de micronutriente catiônico se deve a uma


condição de pH mais elevado, a deficiência pode ser corrigida pela acidificação do solo
ou, então, apenas da adubação foliar com o micronutriente. Neste caso, mais de uma
pulverização pode ser necessária para algumas culturas.

A adubação foliar com macronutrientes é viável, em alguns casos, apenas com a


conotação de se fazer adubação complementar à realizada via solo. Mesmo assim, a
concentração da solução fertilizadora tem de ser menor que 1 a 2%, de modo a evitar
injúrias às folhas. A aplicação de uréia + cloreto de potássio em conjunto com
micronutrientes, na concentração próxima de 1%, é indicada para aumentar a própria
absorção de micronutrientes.

Finalizando, uma forma de aplicação de fertilizantes, que aumenta cada vez mais
no Brasil, é através da água de irrigação, constituindo a chamada Fertirrigação. Pela sua
especificidade e importância, fertirrigação é tratada com detalhe em publicações
específicas.

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Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação
CURRÍCULO DO INSTRUTOR

Nome ISMAIL SOARES


Empresa /
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Instituição

Cargo PROFESSOR ASSOCIADO

Endereço UFC/CCA/DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO SOLO, S/N. CX POSTAL 12.168

Bairro BENFICA

Cidade FORTALEZA UF CE CEP 60.021-970


Telefone (85) 3366.9452 Fax (85) 3366.9690

E-mail ismail@ufc.br

Principais Pontos do Currículo para sua Apresentação na Sala

ƒ Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas;

ƒ Professor Adjunto da UFC no Curso de Graduação em Agronomia e Pós-Graduação


em Solos e Nutrição de Plantas no Departamento de Ciências do Solo;

ƒ Área de Pesquisa: Fertilidade do Solo, Adubação e Nutrição de Plantas.

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COLEÇÃO CURSOS FRUTAL
Interpretação e Análise de Solos e Foliar para Adubação

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