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96 I SERIE —NOMERO 14 MINISTERIO DA ECONOMIA SECRETARIA DE ESTADO DA INDUSTRIA Direcedo-Geral dos Servicos Eléctricos Portaria a. 37/70 Considerando a necessidade de actualizar as instrugses de primeiros socorros « prestar em acidentes pessoais pro- auzidos por correntes eléetrieas, tendo em atengio a evo- lugio dos métodos de respiragio artificial, em especial no que se refere ao de insuflagao boea a boca’ Manda o Governo da Repiblica Portuguesa, pelo Se- eretdrio de Estado da Industria, por proposta da Direcgao- -Geral dos Servigos Hléctrieos » ouvida a Direcgio-Geral de Seide: Lo Sio aprovadas as instrugdes para os primeiros so: corros em acidentes pessoais produzidos por correntes, eléctricas, que seguetn anexas a esta portaria 2° B aprovado 0 modelo oficial das referidas instrugses, com o n.* 488 do eatélogo da Imprensa Nacional, em papel de formato A, (420 mmX594 mm), para afixagilo obriga- téria nas instalagies eléetrioas, sempre que o exijam os regulamentos de seguranga rospectivos. ‘3 Ficam rovogadas a Portaria n. 17658, de 81 de Margo de 1900, e, bem assim, as instrugies por ela apro- vada. Secretaria de Wstado da Indiistria, 21 de Janeiro de 1970. — O Secretirio de Estado da Indiistrin, Rogério da Conceigao Serafim Martins Instrugées para os primelros socorres em acidentes pessoais ‘roduzidos por correntes elécricas A) Providenelas imedints para subtrair a vilima a aecao da corrente 1° Subtrair a vitima, o mais ripidamente possivel, aos efeitos da corente eléctriea © afastar as pessoas desne. cessiirias, observando 0 seguinte: a) No caso de haiza tonsao. Cortar imedintamente @ corrente, Se for de- morado 0 corte da corrente, afastar imedia- tamente a vitima dos condutores, tomando as precaugies seguintes: 1) Isolar-se da terra, antes de tocar na vitima, eolocando-se sobre uma su perficie isolante, constitulde por pa- nos ou pecas de vestudrio secos, ou por tapete de borracha, ou por qual quer outro meio equivalente (té- buas, barrotes ou eaixas de madeira, secos). 2) Afastar @ vitima dos eondutores, iso- Janda as miios por meio de Iuvas de dorracha, panos ou pegas de ves- tudrio secos ou utilizando varas com- pridas de madeira bem seea, cordas hem secas, ete, ‘Ter em atengiio que os riseos de electrocussito, ‘ao proceder a0 salvamento da vitima, sio maiores se 0 pavimento ou solo estiverem molhados ou htimidos, pelo que deverd, esse caso, proceder-se com o maior cui- dado. b) No caso de alta tonsdo: Cortar imediatamente a corrente. Se a cor rente nio for cortada, 6 necessiria a inter- ‘vengio de pessoa conhecedora do perigo para afastar a vitima dos condutores. 22 Se a vitima ficou suspensa dos condutores, pode ser necessirio atenuar os efeitos da queda, preparando uma camada de palha ou uma rede ou pano esticado, ete. B) Socorros prestar a vitima até & eheyjda do médieo Logo que a vitima tenka sido afastada dos condutores ¢ enquanto nto chega 0 médico & da maior importincia prestar & vitima os soeorros seguintes, sem a minima perda de tempo! 1? Arejar bem o local em que se encontra a vitima. Nao perder tempo a transportar a vitima para outro local, @ menos que scja para a aubtrair a uma atmosfera vi jada. Nao permitir a permanéncia de mais de trés ou quatro pessoas junto da vitima. ‘2° Desapertar todas as pegas de vestudrio que com- primam 0 corpo da vitima: colarinho, einto, easaco, colete, ote. 3. Retirar da boca qualquer corpo estranho (por exem- plo, placa de dentes artificiais) Limpar a boca as narinas de sujidades. plicar, sem demora, a respiragio artificial, que de- veri ser mantida até que a natural se restabelegs regu- Inrmente, devendo, porém, ainda depois disso, a vitima continuar viginda até A chegada do médico, Caz ndo se restabeleca a respiracdo natural, deve manter-se a artificial, mosmo que ao fim de virias horas ‘8 vitima nfo dé sinais de vide. A respiragio artificial nio deveré ser interrompida du- rante o eventual transporte da vitima. 5° Quando a vitima se reanimar, evitar contrariar os primeitos movimentos respiratérios espontineos, mas ficar pronto a recomegar @ respiragio artificial se @ natural afrouxar. Procurar-se-f activar a cireulaglo do sangue, borrifando 0 rosto e © peito com dgua fria, fticeionando-o com um pano molhado e excitando as regides vizinhas do eoragio coin pancadas secas com a base do dedo polegar. Seguidamente deve transportar-se a vitima para uma cama, eobrindo-a bem e fazendo-a tomar algumas colheres de ché on café bem quente ou de aguardente, logo que cestoja em condigies de engolir. Importante: nio obrigar a vitima a tomar qualquer Debida antes de estar reanimada, 6 Se o acidente for em alta tensio, observar, depois de a vitima recuperar os sentidos, os seguintes cuidados, além dos anteriores: @) Dar de beber & vitima, sem perda de tempo, uma colher (de ché) de bicarbonate de sédio dissol vido em 8 dl de gua. Repetir esta dose de hora 8 hora, Aldm disso, convém dar a beber & vitima muita ‘gua ligeiramente salgada (uma colher de sopa para 1 Ide égua) ou agucarada (trés colheres de sopa para 11 de dgua), assim como ché, sumo de frutas, gua alealina (Vidago, por exem- plo). Salvo indicagtio médica em contrério, este regime deve prosseguir durante cineo ou seis dias, ac ppasso que a administragio de dgua bicarbona- ‘tada nio passa das primeiras vinte e quatro a trinta € seis horas, 47 DE JANEIRO DE 1970 b) Manter a vitima sob vigilincia e conveneé-la da neeessidnde de estar sob a observagio médica, durante as quarenta e oito horas seguintes, em virtude dos efeitos nervosos ou renais que po- dem sobrevir durante esse periods. ¢) Durante o transporte da vitima para o hospital poupar esta a qualquer esforgo fisieo e continuar a darthe a beber, de horas hora, uma dose idéntiea & dose inieial de Sgua bicarbonatada, Assinalar & chegads ao hospital a quantidade de ‘igua ingerida, d) Recolher a urina da vitima, especialmente a da primeira miegio, e po-la h disposigio do médico, para andlise (deteegio eventual de mioglobina, que constitui 0 sintoms importante de acidentes rennis graves) Boitar ax seguintes causas de inaueceso da respiragto artificial Demora @ por em prética a respiragio artificial Esta demora constitui a causa da maioria dos imsucessos, pelo que deve ter-se esta nogio sempre bem presente no espitito, squecimento de desapertar o vestuirio ou de libertar as vias respiratérias de mucosidades. Interrupeo prematura da respiragio artificial Ma execugdo da respiragio artificial por 4) Aceleragio do ritmo além do da respira- glo natural b) Obstrugio das vias respiratérins resul- tante da posigao defeituosa da cabega, Posicso defeituose da caboce Emase de ar brace pos lingua) Posigto correcta da cabeca (Entrada dear le} ©) Tratamento de queimaduras Quando de qualquer acidente resultem queimaduras, por contacto ou por arco eléetrico, deve chamar-se um médico, ‘mesmo que as queimaduras niio paregam graves, Enquanto ‘do chega 0 médico, proveder como segue: L* A’pessoa que tratar as queimaduras deve primeira- mente lavar e esfregar cuidadosamente as miios e ante- sragos com Agua quente e sabjio, Se possivel desinfectar 4S milos e antebragos com Alec. ‘Se nlio hd feridas nem bolhas, isto , se as queima. Juras sé se manifestam por manchas avermelhadas ou por ores, limpar a pele da vitima & volta de queimadura com ima compressa seca, se aquela se eneontra muito suja, » pincelar com mercurocromo apenas A volta da queima- ura. Aplicar sobre esta uma compressa esterilizada, que se cobre com algodio, envolvendo 0 conjunto com’ uma igadura ligeiramente apertads. Nado utilizar pés, éleos ow domadas 3° Se hé queimaduras mais graves, manifestadas por fridas e bolhas, nunca rebentar estas. Nao aplicar tratamento local de qualquer eapécie, pro- cegendo simplesmente as partes queimadas com compressas vsterilizadas e evitar que a vitima arrefeca, \coberta nao deve tocar na parte queimada. 97 D) Métodos de respiragdo artitictal 1) Respiragdo por insuflagdo boca a boca. 1." Deitar a vitima de costas. 2. Ajoelhar ao lado da vitima, levantar com uma das mios a nuca da vitima e com # outra mao inclinarthe, © mais possivel, a cabega para tris e depois puxar com f primeira mio o queixo para cima (figura 8). Esta po- sigio 6 indispensével para garantir a desobstrugio das Vins respiratérias e a livre passagem do ar, e por isso deve manter-se durante 8 operagdo de reanimagio (figuras 1 2). Inclinagio da cabeca da vitims, 0 mais possivel, para trés 8. Inspirar a fundo. Obturar as narinas da vitima com os dedos polegar e indieador da mao que se apoia na testa e manter aberta a boca da vitima com a mao que segura o queixo, Aplicar a boca bem aberta na boca da vitima, de modo a. evitar fugas de ar, .e expirar, verifi- eando ao mesmo tempo se 0 térax da vitima aumenta de volume (figura 4). Figure 4 Inspirago por Insullacso No easo de o térax da vitima nfo aumentar de volume durante a insuflagio, verificar de novo a posigio bega e do queixo da vitima e corrigicla, se necessétio. 4. Afastar a boca e deixar de obturar as narinas da vitima a fim de o ar poder sair dos pulmées pela boca e pelo nariz. (figura 5) Explragdo natural do ar Repetir as operagdes 8.° e 4.°, sueessivamente todos os quatro a cinco segundos, até a respiragao natural da vitima se manter, 98 Il) Respiragdo por insuflagdo boca a nariz Proceder como no método anterior, mas insuflando ar pelo nariz, e nao pela boca, da vitima, obturando, du- rante a insuflagdo, a boca da vitima com a mio que se- gura 0 queixo. ‘Se a vitima for uma crianga, pode tornar-se mais cd: modo insuflar o ar simultineamente pela boca © pelo nariz da vitima. IIT) Respiragdo por movimento dow bragor (método Silvester: Broo) 1L* Deitar a vitima do costas e eoloear-he debaixo dos fombros uma almofada (pegas de vestuério, por exemplo), ‘de modo que s cabega que inclinadn para tris, 2° Seguidamente por um joelho no chlo atrés da ca bega da vitima, agarrar-the os bragos, pelos pulsos, puxé- -los para cima e, a seguir, para trés, por cima da eabego até tovarem o cho (figura .° 6) Movimento de inspiracso 8 Conservar os bragos nesta posigio durante dois a ‘trés segundos (contando, por exemplo, em voz alta os niimeros, seguidos, 151, 152) I SERIE — NOMERO 14 4.° Apés esta pausa, mover os bragos da vitima em sentido contrério até apoiar os antebragos no peito da vitima, comprimindo-o ligeiramente (figura 7). 4 Figure 7 Movimento de expiragto 52 Fazer nova pausa de dois a trés segundos (con- tando, por exemplo, em yor alta 153, 154) '6.° Repetir estes movimentos até a respiragio natural da vitima se manter. IV) Escotha do método de respiragao a adoptar: Deve dar-se prioridade aos métodos de insuflagdo boca ‘a boca ou boca a nariz, visto serem mais eficientes que 0 método de Sylvester-Brosch. Tmportante: mesmo no easo de haver aparelho de reani- magao, aplicar imediatamente um dos métodos indicados, sem perder tempo a procurar esse aparelho ou a esperar que ele chegue. Secretaria do Hstado da Indisteia, 21 de Janeiro do 1970. — O Secretirio de Estado da Indiistria, Rogério da Conceigto Serafim Martins. TDermnvan Naciowa

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