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O Painel da Loja

Tempos atrás, nas Lojas Maçônicas, o Painel era apresentado, desenhado ou


pintado, ou impresso, sobre uma tela que, ao final dos trabalhos, era “enrolado”
como costumavam ser os pergaminhos e os rolos do Talmud.
Havia uma Cerimônia para a retirada do Painel, enrolado com cuidado para
ser colocado sob o Trono do Veneralato.
Ao iniciarem-se os trabalhos, o Arquiteto da loja buscava o Painel e o colocava,
ainda enrolado, à frente do Altar.
O Oficiante, hoje o ex-Ven.·. ou o Orad.·., após abrir o Livro Sagrado,
desenrolava
o Painel.
O Orad.·. possui, também, o nome de “Guarda da Lei”; suas atribuições
abrangem a fiscalização a respeito da Lei Sagrada, dos preceitos contidos no
Livro
aberto.
A parte central do Painel reproduz o Altar, sobre o qual vê-se o Livro aberto,
firmadas as suas páginas com as jóias. Esquadro e Compasso entrelaçadas.
Dessa superfície, parte uma Escada simples, estilizada, formada por duas
linhas paralelas entremeadas por pequenos traços horizontais, representando os
degraus.
Convencionou-se abrir o Livro Sagrado, onde está inserido o Salmo 133, que
é lido em voz alta, pelo Oficiante.
Contudo, esse não seria o trecho adequado para a abertura, mas sim no Livro
do Gênesis, capítulo 28, onde vem descrito o sonho de Jacó, eis que o
simbolismo
desse sonho está contido no Painel, que seria a “verticalização”, daquele sonho
ou
visão.
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Portanto, o Painel é a “continuação” do que está escrito no Livro Sagrado e é
colocado no piso da loja, porque significa a “materialização” que nos ensina que
devemos por em prática aquele “sonho” e cada um “construir” a sua própria
Escada
ascendente.
No texto bíblico não vêm referidos dimensões e números; certamente, a Escada,
por onde a Corte Celestial transitava, deveria ser adequada à importância do
evento;
pensamos nós que Jacó viu uma Escadaria majestosa, ampla e longa, sem fim,
que
atingia os Céus.
A impressão colhida por Jacó fora de que os Céus estavam “acima” dele, tanto
que exclamou: “Na verdade Jeová está neste lugar; e eu não o sabia. E
temendo,
disse: quão terrível é este lugar! este não é outro lugar senão a casa de Deus,
é também a Porta do Céu”.
A escada desenhada no Painel apenas “sugere” o meio para alcançar um lugar
elevado; de nada valeria representar uma Escadaria porque, por mais majestosa
que
fosse, jamais alcançaria a representação da realidade.
No Painel do Grau de Companheiro, também, temos desenhada uma Escada
um pouco mais sofisticada, com mais de um lance, em curva; essa Escada
todavia,
não representa o sonho de Jacó.
Certamente Jacó comunicou seu sonho a todos com quem contatara; a sua
descrição, certamente fora feita com ênfase, com entusiasmo e temor; terá
descrito a
Corte Celestial, extasiado pela formosura dos Anjos e o encantamento daquela
“procissão”, do trânsito que perdurou uma madrugada inteira.
Jacó não viu os Anjos descerem pela Escada, mas sim, subirem, portanto, o
episódio da Escada não foi visto em sua inteireza, mas apenas parte dele,
ignorandose
se aqueles Anjos haviam descido de “cima” se haviam percorrido a terra, e se
estavam “retornando” de alguma missão; contudo, havia um “trânsito” porque
Jacó
os via, “subindo e descendo”.
Jacó não manteve qualquer diálogo com aqueles Anjos.
Não se poderia afirmar que Jacó ficara perturbado com a visão, pois,
anteriormente já havia sido “visitado” por Anjos.
Não há, na descrição, detalhes para sabermos se haviam somente Anjos,
naquela Escada, ou se os seres celestiais, de todas as hierarquias, participavam o
evento.
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O Anjo é um ser “incriado”; não há na descrição da criação do mundo, a
presença dos Anjos; não sabemos como surgiram, apenas o relato bíblico está
cheio
da atuação desses “seres alados celestiais”, e tudo indica que eram, ou continuam
sendo, mensageiros de Deus, pois São freqüentes as passagens que informam que
“Deus ordenou ao Anjo...”, demonstrando que os Anjos cumpriam as mais
estranhas
tarefas.
Um exemplo impressionante é o dos quatro Anjos que visitam Lot, para
protegêlo,
quando saiu da terra de Sodoma e Gomorra.
Mesmo com Jacó, posteriormente ao sonho, talvez alguns anos depois, lhe
surgiu “um homem” que passou a lutar com ele corpo a corpo, sem contudo
haver
derrota ou vitória tanto para Jacó como para o Anjo.
Jacó ficara convencido que lutara como próprio Deus, chegando a narrar
posteriormente que vira Deus, “face a face”; foi naquela ocasião que Jacó
recebeu o
nome de Israel e o destino do Patriarca, para o surgimento de uma nova
descendência
e a formação das doze tribos.
A história de Jacó é comovente; uma das maiores sagas do povo Hebreu, que
havia no Egito se multiplicado a ponto de pôr em risco o Estado o que levou os
egípcios a uma cruenta perseguição, culminando com a “fuga”, liderada por
Moisés.
Tudo teve início naquele sonho; portanto, aquele evento, pelo menos para o
povo Hebreu, constitui um marco histórico e, para a Maçonaria, um aspecto
relevante,
caso contrário não teríamos no Painel a reprodução do fato.
Jacó afirmava que “aquele local seria a ‘Porta do Céu’’”; o local, hoje
conhecido como Betel, permanece humilde; uma pequena cidade de Israel, onde
alem da tradição nada mais há de maior interesse.
Jacó materializara seu sonho; obviamente, o valor não se fixaria no local
geográfico, mas no significado e na perspectiva de um dia atingirmos a
compreensão
de que há possibilidade de “uma abertura” no Infinito, para que possamos, pelo
menos, vislumbrar o grande espetáculo de um trânsito com os personagens
angelicais
No Painel, foi posteriormente colocado sobre a Escada, a presença do
Cristianismo; vemos a Cruz, a Âncora e o Cálice.
A âncora não é símbolo maçônico; ela aparece tão somente no Painel do Grau
de Aprendiz, e tem o mesmo significado cristão, ou seja: a Esperança.
Quanto à Cruz e ao Cálice, têm interpretação sólidas; a Cruz além de ser um
símbolo de redenção, é a formação através de quatro ângulos retos; o Cálice,
além de
representar a profecia da presença do sacrifício, é a Taça Sagrada do Cerimonial
Maçônico.
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Esses símbolos cristãos cabem perfeitamente sobre o “conducto” para o Reino
dos Céus.
Os degraus da Escada têm vários simbolismos; não há um número definido,
pois Jacó não os contou, e nem poderia haver, face às condições espirituais
existentes.
Na parte esotérica, impulsionada pela presença do Painel, interpreta-se como
sendo, cada Maçom presente à Sessão, o próprio Israel, a contemplar a
movimentação
dos Anjos e o mais importante será aceitarmos a “presença” desses seres alados
que
nos indicam onde está a “Porta dos Céus”, donde surge a Luz entre as nuvens que
a
esconde aos olhos dos profanos.
O Painel deve ser estudado, analisado e dele extraídas as grandes lições que
propiciam para que o Maçom possa receber, dentro de sua Loja, os múltiplos
aspectos
positivos.
O Painel está “limitado” por uma moldura e, nos quatro cantos, as Borlas, que
estão significando a limitação de nosso conhecimento; a compreensão dos
aspectos
esotéricos é medida; não pode o Maçom ir além do que lhe convém
pacientemente,
aguardar o progresso em seu estudo para conseguir atingir o significado do
mistério.
Uma das interpretações mais usuais, contra a qual lutamos para tirar esse
hábito errôneo, é o de que cada degrau significa o ascenso do Maçom em sua
trajetória
hierárquica; assim, quando um Aprendiz passa para o Companheirismo, dizem:
“Atingiu mais um degrau da Escada de Jacó”.
Como o Rito Escocês Antigo e Aceito, o mais usado entre nós, possui, trinta e
três degraus, é tido que cada degrau representa um desses trinta e três Graus,
limitando assim, o número daquela Escada Celestial, tornando-a materializada e
vulgar.
O número de degraus pode não ser infinito mas, conhecê-los, não nos levaria
a coisa alguma; aquele que puder, na sua ascensão espiritual, pelo menos
colocar-se
na Escada, já teria garantida a sua subida! E, atingindo essa glória, já não lhe
interessaria o número de degraus a vencer!
Não nos esqueçamos, porem, que “dentro de nosso Templo interior”, também,
há um Painel “vivo”, onde poderemos, em companhia dos Anjos, lado a lado,
transitar
pela Escada de Jacó!
Então, não haverá limitações; tudo é revelado mas, como se trata de aspectos
esotéricos, haverá uma restrição severa a qualquer leviana divulgação.
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Quem possui “dons”, como de vidência e premonição, e com eles fizer comércio,
certamente, os perderá; assim, quem possuir o pleno conhecimento espiritual e o
divulgar, “atirando pérolas aos porcos”, perderá esse conhecimento e tudo não
terá
passado de um sonho, permanecendo a esperança de um retorno rápido à
condição
almejada; aquele que encontrou a “Palavra Perdida, cuide de não retornar a
extraviá-la”!
No Painel, vemos as “ferramentas e os instrumentos de trabalho”, inclusive a
Pedra Bruta.
Essas ferramentas e instrumentos encontram-se em “descanso”; eles estão
presentes mas estáticos, pois o “trabalho físico e operativo” foi concluído para
ceder
lugar à ascensão.
Eles estão presentes no Painel porque sempre pode surgir a possibilidade de
um retorno ao trabalho; o trabalho dignifica e por mais simples que seja, como
Operário ou Mestre, ele alimenta o Maçom para que robusteça o espírito e lhe dê
“forças” para escalar a Escada.
A Pedra Bruta recordará, sempre, em que condições o Maçom se encontrava,
até atingir a posição privilegiada de “construir” a obra espiritual.
Vê-se no Painel o Piso de mosaicos, base sólida para a compreensão dos
mistérios maçônicos, filosóficos, operativos e esotéricos.
No Painel vemos as três Colunas, cada uma pertencente à ordem arquitetônica
grega, representando o Veneralato no seu tríplice aspecto de Ven.·. Mest.·., 1º e

VVig.·., numa demonstração de Poder Hierárquico que representa a proteção
para
cada Ir.·. e a direção que cada um deverá seguir.
A Espada, colocada ao pé da Primeira Coluna, não representa, como não o é,
um instrumento de trabalho, mas sim de Justiça e de defesa.
A Porta do Céu vem representada por uma Estrela de sete pontas que esparge
múltiplos raios no Infinito; o Sol e a Lua, essa circundada por sete Estrelas,
representam os Luminares Divinos sobre a Terra, ou seja, sobre o homem e,
especificamente, sobre o Maçom.
As nuvens partem do piso de mosaicos, representando o limite entre a Terra e
a Firmamento, entre o finito e o infinito, tudo dentro de um mesmo Universo.
À altura do Cálice, e ao lado direito da Escada, nota-se parte de um braço com
a mão direita, prestes a receber o Cálice.
É a mão simbólica do Grande Arquiteto do Universo, a colher o sacrifício
daquele que se dispôs a “subir” pela Escada.
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A Orla Dentada, com suas Borlas, representa a Loja, ou seja, a todos os inscritos
em seu Quadro, presentes ou ausentes.
Uma vez inscritos no Quadro da loja, jamais seu nome será apagado, mesmo
que surja a morte aparente, mesmo que haja desligamento voluntário ou imposto;
uma vez composto o Quadro da loja, esse será imutável.
Por esse motivo, o Iniciado, “sempre estará presente” em sua Loja, mesmo de
forma inconsciente para ele e contrariando a vontade dos remanescentes.
A Iniciação é definitiva e permanente; não há extraviado, porque o Bom Pastor
irá buscá-lo; todos os que foram afastados pela incompreensão, intolerância ou
decorrência de um “processo” por falta cometida, não podem deixar de pertencer
ao
Quadro.
Os responsáveis pelo afastamento de um Ir.·., pagarão caro a sua leviandade;
o Ir.·. é um ser sagrado que não pode ser alijado; se o “Bom Pastor” não o for
buscar,
a Loja sofrerá as conseqüências.
Maçom, sempre Maçom; é um sacerdócio santo, porque nasceu de uma
Iniciação. O Ven.·. Mest.·. que presidiu a Iniciação de um Maçom que foi
“alijado”,
tem grande responsabilidade nesse “extravio” e, enquanto não o for buscar para
complementar a Cadeia de União que perdeu um dos seus elos, não ficará em
paz!
Trata-se de uma condição esotérica que não pode ser revelada; se o Ir.·. alijado,
“mereceu” o castigo, há o perdão. É preciso buscá-lo, porque faz parte da
Egrégora
daquela Loja!
A força negativa, que está solapando a filosofia maçônica, chama-se
intolerância; urge retornar a amainar a seara, para espargir nova semente para que
nasça o bom fruto que se chama Tolerância!
Finalmente, notamos no Painel da Loja de Aprendizes, ao centro de cada parte
lateral da Orla Dentada, as letras indicadoras dos Pontos Cardeais, significando
que
a “mensagem” do Painel da Loja ocupa todos os quadrantes da Terra e que não

fica restrita a uma Loja.
No Painel da Loja dos Companheiros pouquíssimos elementos são comuns
aos do Painel anterior.
De comum, apenas, a Escada, posto com dimensões diversas; o piso de mosaico,
com desenhos outros e a Estrela que, ao invés de possuir sete pontas, se apresenta
com seis, significando a Estrela de Salomão.
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Esse Painel é muito complexo; há uma “paisagem externa”, onde se vê um
caminho que conduz a uma Pirâmide e uma paisagem interna, que se manifesta
no
topo da Escadaria.
O Painel do Primeiro Grau apresenta uma terça parte de interior e duas terças
partes de exterior, enquanto o Painel do Segundo Grau, apresenta uma mínima
parte externa; significa que já no Segundo Grau há maior “vida” no mundo
interior
que no exterior.

.·.
Arquitetura
Arquitetura é a arte de criar espaços tecnicamente materializados seria, a
definição adequada para o nosso estudo.
A Maçonaria crê e aceita a Deus, porem com características definidas; o
apresenta aos seus adeptos, como criador e lhe dá um nome: GRANDE
ARQUITETO
DO UNIVERSO.
Por que “Grande”? Por que “Arquiteto”? E por que “Universo”?
Certos setores maçônicos denominam Deus como “Supremo Arquiteto do
Universo”; outros, simplesmente, como “Arquiteto do Universo”.
Freqüentemente lemos em artigos inseridos em jornais e revistas maçônicos e
mesmo ouvimos de palestrantes, a adoção de um diminutivo: “GADU”, que seria
formado pelas iniciais das palavras incluindo a preposição “do”.
A nós choca essa prática, porque não se trata de “diminuir” para economizar
espaço e tempo, mas um “desrespeito”.
Recomenda-se o uso do nome convencional em sua inteireza.
Por que “Grande”? Esse adjetivo qualifica a Deus para lhe dar uma proporção
de infinitude, de vastidão e de incomensurável; se o Universo é infinito, não há
como
dar-lhe uma medida; grande sugere a concepção alem de qualquer limite.
Por outro lado, esse adjetivo sugere uma distinção com “outros arquitetos”
existentes, como por exemplo, as Potências Celestiais.
“Grande” aqui, define a “Deus”; não como adjetivo, mas substantivo próprio;
será “Deus” na concepção de arquiteto.
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A definição dada acima, de que a “Arquitetura cria espaços”, encontra seu
apoio na técnica atual.
Temos microscópios que possuem lentes poderosas que ampliam o campo
visual, milhares de vezes, dentro da ciência eletrônica computadorizada. Se
observarmos através de um desses “monstros” da técnica avançada, um pequeno
elemento, seja vegetal, animal, mineral, ou mesmo extraído do homem, uma
porção
milimétrica, na sua ampliação encontraremos, “ponto e espaço”; cada ponto,
submetido a ampliação, resultará, por sua vez, em outros pontos e espaços e
assim,
até o infinito.
Portanto, o uso desses “espaços”, constitui uma arte; mais arte que técnica;
essa prática será denominada de Arquitetura.
Com essa definição e com esse entendimento, a compreensão de um Deus
criador nos será mais fácil.
Deus ocupou “espaços” já existentes; o mundo é algo “incriado”, como o é o
próprio Deus, como o são os Anjos e toda hierarquia celestial; como são as coisas
desconhecidas.
O homem não pode afirmar que já conhece tudo. Muito, terá, ainda, que “viajar”
para encontrar o ignoto.
Portanto, “Arquiteto”, é o criador e, inicialmente, construtor do Universo.
Posteriormente, o homem recebeu o dom de, por sua vez, “criar” manipulando,
contudo, os elementos já criados.
Não restrinjamos, porém, a criação, apenas naquilo materializado; porque
Deus não se limitou a criar matéria, mas paralelamente, criar “nos espaços”
psíquicos,
mentais e espirituais, a sua maior glória.
Arquitetura é uma palavra composta pelo prefixo “arqui” e “teto”; “arqui”
deriva do grego e significa “aquele que comanda, que chefia”; portanto,
exprime o
“comando da construção” e mais remotamente, “o Chefe da criação”.
Não é em vão que o Maçom é conhecido desde tempos remotos como
“construtor” e, especificamente, “construtor em alvenaria”, que maneja “a pedra”
eo
“amálgama”, dando-lhe revestimento através da “Trolha”.
Alguns autores e dicionaristas confundem a “Trolha” com a “colher de pedreiro”;
Trolha é aquela prancheta de madeira que possui no anverso uma “alça” e que
tem
duas serventias: a de receber através da colher, certa quantidade de argamassa e a
de “alisá-la”; trolhamento significa “alisamento”.
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As construções antigas uniam as pedras, umas às outras, que sobrepostas ou
lateralmente, sem usar argamassa ou cimento; apenas, eram preparadas de modo
que pudessem encaixar-se uma na outra; posteriormente, as partes externas eram
cobertas com uma camada de “reboco”; a parte interna era revestida com chapas
de
madeira.
Umas das construções mais antigas que se conhece é a Pirâmide de Quéops;
ainda hoje, parte dela, nos triângulos externos, constata-se uma grossa camada de
reboco cuja composição continha “mica” que tornava a superfície brilhante;
temos
em Roma, alguns restos de muros “Etruscos” que mostram partes de reboco; nas
termas de Caracala, também em Roma, e nas ruínas de Pompéia, mantém-se,
ainda,
internamente, o reboco com material muito resistente semelhante aos atuais
azulejos,
posto sem muito brilho.
As notícias mais antigas que se têm dizem respeito à construção do Grande
Templo de Salomão, pois a História Sagrada, nesse sentido é um verdadeiro
tratado
arquitetônico.
Com o passar do tempo e o surgimento de novos materiais cada vez mais
sofisticados, a Arquitetura assume uma presença obrigatória em qualquer
construção.
Contudo, por mais perfeita que se apresente uma construção, não se a poderá
comparar com a “Arquitetura do Espírito”, porque os materiais empregados são
os
Sagrados.
Hiram Abiff, o responsável pelo “embelezamento” do Grande Templo de
Salomão, na realidade atuou como “arquiteto”, porque em última análise, o
arquiteto
dá a beleza à construção, porque sobretudo a Arquitetura é uma arte.
Inicialmente, a Maçonaria, quando ainda não cogitava da construção,
preocupava-se com a edificação das almas.
O Homem que existiu paralelamente com a Natureza, embora tivesse sido
criado “justo e perfeito”, porque Deus nada faria provisoriamente, foi entregue “a
si
próprio” para que se “auto-aperfeiçoasse”.
Abstraindo-se o fato inconteste de que Adão e Eva não foram os primeiros
humanos, pois já existiam os filhos da Terra, como nos relata o Livro da Gênese,
para uma mais ampla compreensão, diremos que ao serem expulsos do Paraíso
Terrestre, Adão tomou uma folha de parreira e cobriu “sua vergonha”, sendo
imitado
por Eva.
É a primeira obra do artífice; o homem “construindo” alguma coisa, usando os
elementos da Natureza.
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Realmente, aquela folha deu um sentido artístico aos corpos das criaturas
humanas iniciais.
O testemunho das civilizações nos chega através da Arquitetura; seus
momentos gloriosos, como seus fracassos, como no caso da Torre de Babel.
Porém, quanto ao próprio homem, esse. jamais registrou qualquer fracasso;
tudo em torno dele foi glorioso e sempre um ponto de partida para a evolução,
acrescentando mais e mais.
Os esforços dos cientistas e dos artistas é propiciar aos homens (e mulheres,
obviamente), o aspecto sadio, formoso e equilibrado; nada há para criticar sobre
a
natureza humana; na atualidade, temos os “concursos de beleza” e que
comprovam
isso.
Mas... o que faz o homem para “embelezar” a parte interior, a espiritual e
esotérica?
Jesus já criticava os aspectos externos, quando referiu-se ao “túmulo caiado
por fora, mas negro por dentro”.
O Arquiteto, como Maçom, tem essa dupla missão; seu trabalho e paralelo,
sem descurar um, aperfeiçoa o outro.
Arquitetura e ser humano, são dois elementos inseparáveis; o Grande Arquiteto
do Universo dispõe de forma sábia para que o trabalho arquitetônico abranja a
integridade humana; jamais Ele permitiria que a sua obra, a melhor obra criada,
apresentasse defeitos posteriores.
A Maçonaria nos ensina a olharmos o próximo com interesse; às vezes os
nossos olhos são atraídos por uma figura repulsiva; nossa reação imediata é a de
desviar o olhar.
Contudo, diante de nós está uma “criatura” igual a nós, construída pelo mesmo
Arquiteto.
Esse próximo abjeto, como poderá ser visto interiormente?
E ele, como nos estará vendo?
Quem o julgará; quem nos julgará.
Todo vício avilta; o mais comum e que causa imediata decomposição, é a
bebida alcoólica; o ébrio apresenta um quadro triste; vestes descompostas; passos
incertos; rosto vermelho e inchado; discurso confuso.
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Quem poderá afirmar que “esse” semelhante, possui uma alma desprezível,
ou um espírito deficiente?
Efetivamente, é sumamente difícil enfrentar problemas como esses; nosso
dever seria o de amparar esse desvalido; mas não o fazemos.
Estaremos nós “construindo” algo arquitetônico, ou já “retiramos nosso
Avental”, ou desocupamos o Templo?
Nos referimos ao Templo do Universo de dentro; ao Avental que cingimos para
a tarefa de dentro.
Não nos esqueçamos que nosso Deus é o Grande Arquiteto do Universo e que
“universo” significa: “um em diversos”; e que nós os Maçons fazemos parte
“desses
diversos”, e que a Unidade é Deus.
Conhecemos alguns Maçons que nos confessam não crerem na existência de
Deus, mas que aceitam a presença do Universo.
Anos atrás, quando a Espanha não era livre e os cidadãos eram controlados,
mormente no período revolucionário, as Lojas Maçônicas foram eliminadas.
Contudo, algumas novas agremiações surgiam com o nome de Maçonaria;
eram as Lojas “permitidas”, porque propalavam o combate aos Maçons
“burgueses”
e propugnavam para que a Maçonaria aceitasse o “operariado”; era a luta de
classes
dentro da Instituição.
Essa Lojas aboliram o Livro Sagrado, a crença em Deus e na perenidade da
alma.
Seguindo esses passos, temos a Maçonaria Cubana, que também, retirou dos
seus Rituais a presença do Grande Arquiteto do Universo e do Livro Sagrado.
Essas Lojas, que subsistem todavia, não são Lojas Maçônicas; não importa
que usem o termo maçônico; simplesmente, são instrumento a serviço do ateísmo
e
que não aceitam a existência de um Universo interior, no próprio homem.
E como conseqüência, as “iniciações”, nada Iniciam; apenas servem os
propósitos políticos daqueles que os “amparam”.
A Maçonaria é uma Instituição séria; ela é perfeita, porém formada por homens
imperfeitos.
Se não cremos em nossos ideais iniciáticos, melhor será agirmos com
honestidade e__

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