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ENGENHARIA MECÂNICA
ENERGIA NUCLEAR
CURITIBA
2018
Antonio Machado Neto
João Fernando Wonsovitz
João Vitor Zimermann Mendes
Nícolas Kirchhoff Alves
Pedro Eredia Araújo
ENERGIA NUCLEAR
Seminário apresentado para
obter nota parcial referente
à disciplina de Tecnologia
Química, ministrada por:
Profª Drª Cláudia Marino.
CURITIBA
2018
2
SUMÁRIO
1. Introdução…………………………………………………………………………….……6
2. História………………………………………………………………………………….….7
2.1. A descoberta da radioatividade…………………………………………………....7
2.1.1. O modelo atômico de Rutherford…………………………………….…8
2.2. A descoberta da teoria constante e quântica de Planck………………………..8
2.3. A teoria da relatividade de Einstein…………………………………………...9
2.4. O modelo atômico de Bohr……………………………………………………..9
2.5. A descoberta do nêutron……………………………………………….……...10
2.6. A descoberta da radioatividade artificial…………………………….……...10
2.7. A descoberta da fissão nuclear……………………………………….………10
2.8. A bomba atômica………………………………………………………………...12
2.8.1. O projeto Manhattan………………………………………………….12
2.9. Energia nuclear após a Segunda Guerra Mundial……………………...15
2.9.1. O tratado de não proliferação de armas nucleares…………..15
2.9.2. O Plano Marshall………………………………….…………………..16
2.9.3. A primeira bomba atômica soviética…………………………....17
2.9.4. Tsar Bomb……………………………………………………………….17
3. Geopolítica………………………………………………..……………………………..19
3.1. O início da produção de energia………………………………………………19
3.1.1. A Guerra Fria…………………………….……………………………..19
3.1.2 A crise do petróleo……………………………………………………..20
3.2. Aspectos positivos de uma usina nuclear……………………………………21
3.3. Aspectos negativos de uma usina nuclear…………………………………..23
3.4. Energia nuclear no mundo……………………………………………………...25
3.4.1. Um panorama geral……….…………………………………………..25
3.4.2. Energia nuclear na França…………………………………………..28
3.4.3. Energia nuclear nos Estados Unidos………………………….…..28
3.4.4. Energia nuclear no Japão……………………………………………29
3
3.4.5. Energia nuclear no Brasil………………………………………..…..30
3.4.5.1. Angra I………………………………………………………..32
3.4.5.2. Angra II……………………………………………………….34
3.4.5.3. Angra III…………………...………………………………….35
4. Definição de energia nuclear………………………………………………………...38
4.1. As interações fundamentais da natureza……………………...…………….38
4.2. As forças nucleares forte e fraca………………………………………………39
4.3. A física da radioatividade………………………………………………………..40
4.3.1. O tempo de meia-vida……………………….………………………..40
4.3.2. A datação por Carbono-14…………………………………………..42
4.4. Fissão nuclear……………………………………………………………………..44
4.5. Fusão nuclear……………………………………………………………………...46
5. Aplicação da energia nuclear na usina e funcionamento…………………….48
5.1. Análise da usina nuclear………………………………………………………...48
5.1.1. Reator BWR…………………………………………….……………….50
5.1.2. Reator PWR……………………………………………….…………….51
5.2. Rejeitos………………………………………………..……………….……………57
5.3. Comparação…………………………………………………………………...…..60
6. Aplicação da energia nuclear………………………………………………..….…...60
6.1. Medicina Nuclear…………………………………………………………..….….60
6.1.1. O Tecnécio………………………………………………………..…….61
6.2. Exemplos de utilização………………………………………………………….63
6.2.1. Cintilografia…………………………………………………………….63
6.2.2. Tomografia Computadorizada…………………………………...…64
6.2.3. Ressonância Magnética Nuclear…………………………….…….64
6.2.4. PET-CT………………………………………………………………….65
6.3. Medicina Nuclear no Brasil…………………………………………………….66
7. Conclusão……………………………………………………………………………….67
8. Referências……………………………………………………………………………..68
4
5
1. Introdução
6
2. História
7
pesquisas, Pierre, em particular, verificou que a radiação podia matar células de tecido
doente, ou seja, iniciou o estudo da radioterapia.
Após a morte de Pierre, em 1906, Marie passou a lecionar e também continuou
a realizar diversas pesquisas. Uma delas, extremamente importante, foi o
desenvolvimento de um radiógrafo, um equipamento para a realização de radiografias
que foi utilizado durante a Primeira Guerra Mundial
A natureza de três elementos é realmente importante
para o desenvolvimento da energia nuclear. Atualmente,
todas as usinas nucleares estão virtualmente usando
urânio como combustível nuclear. Como resultado das
investigações de Rutherford e Soddy, descobrimos que o
urânio e outros elementos pesados emitem três tipos de
radiação: alfa, beta e gama. Os dois primeiros foram
compostos de partículas carregadas, provando que as
partículas alfa eram núcleos de hélio de átomos e
partículas beta eram elétrons. Além disso, verificou-se que a radiação gama era de
origem eletromagnética.
2.1.1. Modelo atômico de Rutherford
8
A lei de Planck afirma que a energia de cada quantum é igual à freqüência de
radiação eletromagnética multiplicada pela referida constante universal.
As descobertas de Planck representaram o nascimento de um novo campo para
a física, conhecido como mecânica quântica e forneceu a base para pesquisas em
campos como a energia nuclear.
9
2.5 A descoberta do nêutron
10
elemento de número atômico intermediário em uma amostra de urânio bombardeado
com nêutrons.
Lise Meitner e Otto Frisch podem inferir que ao bombardear urânio com
nêutrons, os núcleos de urânio capturaram um nêutron e foram divididos em dois
fragmentos, emitindo uma grande quantidade de energia. Foi a descoberta da Fissão
U.
nuclear. Um exemplo clássico de ocorrência de fissão nuclear é a do 235
Como a cada processo de fissão, no mínimo, dois nêutrons são liberados, a
fissão nuclear ocorre por meio de uma reação em cadeia, em que cada novo nêutron
criado colide com um núcleo de urânio, gerando uma nova fissão.
11
2.8 A bomba atômica
Muitas das grandes invenções da história têm origem Militar. O caso da energia
nuclear não é uma exceção.
12
Trabalho recente de E. Fermi e Szilard LS [...] deixe-me assumir que o elemento
químico urânio [...] pode se tornar uma fonte de energia muito importante [...].
Nos últimos quatro meses a possibilidade de criar uma cadeia de reação nuclear
usando uma grande quantidade de urânio aumentou. Esta reação resultaria em
grandes quantidades de energia e novos elementos semelhantes ao raio [...]
Este novo fenômeno também levar à construção de bombas [...]. Dada esta
situação, recomendo manter algum contato entre o governo e o grupo de físicos
trabalhando em conjunto sobre as reações em cadeia nucleares na América.
Uma maneira possível de conseguir isso pode ser que você possa atribuir essa
responsabilidade a uma pessoa em quem confia. Sua tarefa a este respeito
poderia ser a seguinte: [...] assegurar o fornecimento de urânio para os Estados
Unidos [...] acelerar o trabalho experimental [...] levantar fundos [...].
13
Os preparativos para esta experiência foram realizados com grande
segredo. O objetivo da pesquisa foi obter uma reação em cadeia, teoricamente
controlada, para permitir o estudo de suas propriedades e desenvolver uma
bomba atômica.
A reação em cadeia da fissão começou quando extraíram
cuidadosamente as barras de controle. Neste momento, o primeiro reator
nuclear na história da energia nuclear tornou-se operacional.
Em 1943 foram levantadas três cidades cheias de instalações de pesquisa: Oak
Ridge (Tennessee) para separar o urânio 235 do urânio 238, Hanford para o
estabelecimento de reatores nucleares e Los Alamos para construir a bomba
atômica. Robert Oppenheimer tornou-se diretor do laboratório de Los Alamos,
reunindo cerca de mil cientistas que permaneceram lá até seis meses após a
guerra terminar.
Na data de 16 de julho de 1945 foi realizado o primeiro teste de bomba
atômica de plutônio no deserto de Alamogordo (Novo México), com um sucesso
total.
As bombas atômicas de Urânio e Plutônio estavam prontas ao mesmo
tempo. A primeira bomba atômica, chamada Little Boy, consistia em duas
massas de urânio-235 que eram projetadas uma sobre a outra com explosivos
convencionais. O segundo, chamado Fat Man, consistia em uma esfera oca de
plutônio que estava desmoronando ao redor de seu centro pela ação de
explosivos convencionais. 6 de agosto de 1945, as duas bombas atômicas que
alterariam o curso da história foram abandonadas. Little Boy foi deixada cair em
Hiroshima pelo Gay Enola, e o 9 de Agosto Fat Man foi despejada em Nagasaki.
14
Figura 1. “Cogumelo” proveniente da bomba “Fat Man” despejada em Nagasaki.
15
de nos constituir como guardiães desta nova força para impedir a sua obra
mortal e dirigi-la para o bem da humanidade".
Em 1946, o plano americano foi apresentado nas Nações Unidas,
consistindo numa libertação gradual de segredos, fábricas e bombas atómicas
em troca de controlo e inspeção internacionais.
A antiga União Soviética não concordou com esse controle, eo
representante Andrei Gromyko apresentou uma contraproposta em que a
construção de armas atômicas foi proibida e a eliminação de curto prazo
existente era necessária. Depois de vários anos de negociações, o primeiro
plano de não proliferação nuclear se tornou um fracasso.
16
2.9.3. A primeira bomba atômica soviética
17
Ivan, Project 7000, e
Product Code 202 (Izdeliye 202). A Agência Central de
Inteligência designou o teste nuclear Tsar Bomba como “JOE 111”.
Figura 2. Ilustração para fim comparativo entre a explosao da Tsar Bomb e da bomba
“Little Boy”.
18
3. Geopolítica
19
Figura 3. Primeiro reator nuclear, “Átomo Pacífico”
A crise do Petróleo foi um dos eventos da década de 1970 que contribuiu com a
visão de um mundo interdependente no que diz respeito ao comércio e à política
internacional do petróleo e inseriu a preocupação com a demanda energética dos
países dependentes desse tipo de fonte. A Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP) foi fundada em 1968 por Arábia Saudita, Kuwait e Líbia, e até 1973 já
contava com 10 países árabes associados. A entidade foi criada com o intuito de
estabelecer diretrizes de cooperação regional e intragovernamental entre os seus
membros, buscando políticas comuns para o melhor desenvolvimento da indústria
petrolífera dos países associados. A instituição da OPEP, na época, foi a concretização
de uma política para coordenação do petróleo dos países da região, pois tais Estados
buscavam estabelecer diretrizes independentes das empresas estrangeiras que
20
atuavam na região. A OPEP desempenhou um papel relevante na Guerra do Yom
Kippur, em outubro de 1973, quando determinou cortes progressivos de produção de
petróleo para os países neutros no conflito e impôs um embargo total sobre os aliados
de Israel no conflito, em especial para os Estados Unidos da América (EUA),
considerado pelos árabes como um dos principais parceiros do Estado israelense.
Além da interrupção do fornecimento, os produtores de petróleo estabeleceram um
preço muito mais alto do que a média histórica até aquele momento alterando
significativamente as condições do mercado petrolífero mundial. O Choque do Petróleo
de 1973, derivado da Guerra árabe-israelense, trouxe a discussão sobre a necessidade
de buscar novas fontes de energia que diminuíssem a dependência do mundo em
relação ao petróleo, ao menos no sentido de produção de energia elétrica. Assim,
abriu-se uma brecha para que as primeiras usinas nucleares fossem projetadas e
construídas em vários países do mundo.
21
Figura 4. Comparação das áreas de Angra 1 e Angra 2 somadas, com a área de Itaipu
22
do minério. Ainda assim, o país ocupa o 5º lugar do ranking, com 309 mil toneladas em
reservas conhecidas e correspondentes a cerca de 5,3% do volume total mundial. As
jazidas estão localizadas principalmente na Bahia, Ceará, Paraná e Minas Gerais,
conforme informações da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A principal delas, em
Caetité, Bahia, possui 100 mil toneladas, volume suficiente para abastecer o complexo
nuclear de Angra I, II e III por 100 anos.
Após esses dados pode-se concluir que o combustível necessário para gerar
energia nuclear não impede um país detentor de jazidas de urânio de investir nessa
forma de produção elétrica.
Como boa parte dos métodos de obtenção de energia elétrica, a energia nuclear
também possui alguns fatores negativos de seu uso.
Ainda não se conseguiu encontrar uma solução definitiva para os dejetos
radioativos que se constituem nos elementos mais perigosos do processo de produção
da energia nuclear. Estes dejetos são classificados de baixa, média e alta atividade.
Depois de um tempo de uso – geralmente um ano – o combustível utilizado na usina
vence e precisa ser trocado. Esse rejeito de alta atividade (RAA) é o mais perigoso,
mas pode ser reciclado. Já os rejeitos de média e baixa intensidade, que são
23
produzidos pelo contato direto ou indireto de equipamentos, ferramentas e roupas de
proteção com o combustível da usina.
Outro fator considerável, é de que a usina necessita ser construída próxima a
fontes de água, como rios, mares e lagos, a fim de resfriar a usina devido aos
processos que serão explicados mais adiante. A água é retirada das fontes, depois é
utilizada nas torres de refrigeração da usina, e por fim a mesma água retorna ao lugar
de onde foi retirada. Porém, essa água volta em temperaturas mais elevadas que as
condições ambientes do local que foi retirada. O aumento da temperatura das águas
diminui a quantidade de oxigênio dissolvido, o que prejudica a respiração de peixes e
outros animais aquáticos, podendo levá-los à morte. Além disso, a elevação da
temperatura da água também aumenta a velocidade das reações de outros poluentes
— se já estiverem presentes na água — e afeta o ciclo de reprodução de algumas
espécies, diminuindo o tempo de vida delas. Outra consequência da poluição térmica
das águas é que o aumento da temperatura da água acima do normal tolerado pelo
ecossistema pode acelerar o desenvolvimento de bactérias e fungos, que, por sua vez,
podem causar doenças em peixes e outras espécies marinhas. Estudos indicam que a
temperatura da água no ecossistema pode aumentar cerca de 1 ou até 2 graus celsius.
O custo da energia nuclear também é um empecilho, pois considerando todos os
gastos envolvidos no processo de geração de energia, a produção pode não ser viável
devido ao alto investimento mesmo possuindo baixos custos operacionais.Os custos de
capital de usinas nucleares variam muito, tendo uma média de pouco mais de 2 bilhões
de dólares. Este valor representa o custo necessário para construir a usina, incluindo
os juros. Normalmente, os principais trechos da planta e porcentagem do custo nuclear
são: reator e sistema de vapor (50%), gerador de turbina (30%), e demais
componentes da planta (20%). Os custos adicionais incluem o terreno, o
desenvolvimento local, licenciamento da planta e regulação, treinamento de
operadores, juros e impostos durante a construção, e uma previsão para contingências
24
3.4. Energia nuclear no mundo
25
Grafico 2. Matriz elétrica mundial, nos anos de 1973 e 2015
26
Ao final de 2014, havia 438 reatores nucleares em operação no mundo, segundo
dados da AIEA reproduzidos no trabalho Panorama da Energia Nuclear da
Eletronuclear, empresa de economia mista subsidiária da Eletrobrás e responsável pela
construção de usinas e geração de energia nuclear no Brasil. Os Estados Unidos
concentravam o maior número de unidades (99), mas foi a França, com 58 reatores,
que demonstrou maior dependência da produção nuclear: 77% da energia total
produzida.
Grafico 4. Capacidade Instalada por país (MW) e nº de reatores – 2014
27
Grafico 6. Papel da energia nuclear na matriz de países selecionados (2014)
28
1960 e 1970, período em que foram habilitados 99 reatores em aproximadamente 60
lugares. A energia nuclear representa apenas 9% da energia utilizada nos Estados
Unidos, (aproximadamente 19% da geração de eletricidade), muito abaixo do gás
natural (32%), do petróleo (28%) e do carvão (21%).
Uma curiosidade é que lá, os rejeitos nucleares são colocados em tambores
lacrados, e enterrados bem fundo em desertos. O custo para armazenar os tambores
são tão grandes quanto a manutenção da usina.
29
O governo do primeiro-ministro Shinzo Abe e as companhias elétricas do país
têm defendido a reativação de usinas que cumpram com os novos padrões de
segurança por causa dos aumentos dos custos com a compra de hidrocarbonetos,
necessários para o funcionamento das centrais térmicas que estão funcionando a pleno
vapor.
Desde o blecaute das usinas, Japão passou a importar 90% de seu petróleo,
bem como todo o carvão e gás natural, o que levou o país a sofrer um forte déficit na
sua balança comercial. Os gastos com essa importação têm atrapalhado os planos de
Abe para reaquecer a economia, bem como foram um dos principais obstáculos
encontrados pelo Banco do Japão (BoJ, o banco central japonês) para atingir sua meta
de inflação estável de 2% ao ano.
30
A energia nuclear é uma tecnologia viável e sustentável no Brasil, por vários
aspectos. Primeiro porque a opção nuclear permite a geração confiável de uma energia
ambientalmente limpa, em partes, como já mostrado anteriormente. Além disso, a
energia nuclear faz uso de um combustível de origem nacional(Brasil possui a quinta
maior reserva de Urânio no planeta), o que permite minimizar vulnerabilidades no
abastecimento e proteção contra a volatilidade dos preços, não estando sujeito a
flutuações no mercado internacional. Ocupando uma área pequena, quando
comparada com outras formas de geração de energia, as usinas nucleares podem ficar
próximas aos grandes centros consumidores, eliminando a necessidade de longas
linhas de transmissão.
Hoje o Brasil conta com duas usinas nucleares ativas e uma em fase de
construção. Todas elas localizadas em Angra dos Reis (RJ) na Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). Todas elas são propriedades da Eletronuclear,
subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras - Eletrobrás. As 2 usinas ativas se
chamam Angra 1 e Angra 2. A outra se chama Angra 3.
31
Figura 6. Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA)
3.4.5.1. Angra I
Nos primeiros anos de sua operação, Angra 1 enfrentou problemas com alguns
equipamentos que prejudicaram o funcionamento da usina. Essas questões foram
sanadas em meados da década de 1990, fazendo com que a unidade passasse a
operar com padrões de desempenho compatíveis com a prática internacional. Em
2010, a usina bateu seu recorde de produção, fato que se repetiu novamente em 2011.
32
Esta primeira usina nuclear foi adquirida da empresa americana Westinghouse como
um pacote fechado, que não previa transferência de tecnologia por parte dos
fornecedores. No entanto, a experiência acumulada pela Eletrobras Eletronuclear em
todos esses anos de operação comercial, com indicadores de eficiência que superam o
de muitas usinas similares, permite que a empresa tenha, hoje, a capacidade de
realizar um programa contínuo de melhoria tecnológica e incorporar os mais recentes
avanços da indústria nuclear.
33
3.4.5.2. Angra II
34
2 (em 31/12/2008) foi de R$ 54,82/MWh, sendo R$ 37,30/MWh de O&M e R$
17,52/MWh de combustível.
Figura 8. Angra 2
35
energia nuclear passará a gerar o equivalente a 50% do consumo do Estado do Rio de
Janeiro.
O Brasil, pouco antes do acidente no Japão, havia optado por resgatar o projeto
de concluir a usina nuclear Angra 3, no litoral fluminense, iniciada em 1984.
Infelizmente está sem previsão de término. Essa é a realidade da usina nuclear de
Angra 3. Crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas na
execução do projeto são investigados em uma operação que é um desdobramento da
Lava Jato – e que já resultou na prisão de um ex-presidente da Eletronuclear.
A construção de Angra 3 foi interrompida pela primeira vez dois anos depois de
início das obras, quando o país atravessava uma crise econômica que afetou a área de
infraestrutura e implicou na desaceleração dos investimentos no setor.
36
Figura 9. Angra 3
37
4. Definição de energia nuclear.
38
4.2. As forças nucleares forte e fraca
39
essa particularidade. Quando essa instabilidade é observada, um elétron é liberado do
átomo em forma de emissão beta.
Essas duas forças são as responsáveis pela estabilidade de um átomo. A
diferença grande no número de prótons e nêutrons garante instabilidade por parte do
balanço dessas forças, então um átomo de pequeno raio nuclear, pode ser instável por
conta dessa possibilidade. Um exemplo de pequeno núcleo instável é o do tecnécio-99,
produto do decaimento do molibdênio, pois possui 43 prótons e 56 nêutrons.
40
tecnológicos. Essa medida se resume no tempo em que um corpo de núcleos
instáveis levam para que metade de seus átomos se decaiam em um átomo de
núcleo estável. Cada isótopo radioativo de cada elemento possui um tempo de
meia-vida diferente, o que permite que sejam atribuídas diferentes funções para
estes. Existe uma simples equação que relaciona as massas iniciais, massa
instantâneas e a meia-vida de cada matéria:
Equação 1:
mi M - Massa Instantânea
m = 2x Mi - Massa inicial
x - Numero de meias-vidas
41
4.3.2. A datação por Carbono-14
42
Figura 11. Fóssil “Luzia” e sua estimativa de reconstituição. O fóssil humano mais antigo
encontrado na América Latina, datado através do método do Carbono-14.
43
4.4. Fissão Nuclear
Equação 3:
235
U → 141
U + n → 236 Ba + 92
Kr + 3 1 n + ENERGIA
44
Ba por sua vez também é físsil, mesmo que com mais dificuldade. Na maioria dos
O 141
casos, os produtos de fissão tornam-se elementos radioativos com mais curto período
de meia-vida, e são intensos emissores de partículas radioativas.
Figura 12. Bomba atômica de fissão nuclear “Little Boy” utilizada pelos EUA para atingir a cidade
japonesa de Hiroshima em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
45
4.5. Fusão nuclear
Equação 2:
3
H + 2 H → 4 He + 1 n + ENERGIA
46
Reino Unido, a Índia, entre outros, desenvolveram o ITER (International Thermonuclear
Experimental Reactor), o objeto de estudo de um programa que visa captar a energia
do reator para a geração de energia elétrica.
Figura 13. Imagem representativa em seção oficial do endereço eletrônico da organização de projeto do
reator ITER.
47
5. Aplicação da energia nuclear na usina e funcionamento
48
Figura 15. Predio do Reator
49
Figura 16. Pastilhas de Urânio.
50
Figura 18. Esquema de funcionamento do reator BWR.
51
Já no PWR (Pressurized Water Reactor), ou Reator de Água
Pressurizada, representado acima, há três circuitos separados de água, o
primário é o que fica em contato efetivo com o reator, essa água é pressurizada
a cerca de 155 bar e aquecida pelo reator a 300ºC sem ferver. O circuito
secundário é fervido, gerando vapor quase que instantaneamente quando entra
no gerador de vapor, aquecido pela água de serviço. O circuito terciário, assim
como no BWR é responsável pela condensação do vapor advindo da turbina.
Esse tipo de reator é o mais utilizado, sendo ligeiramente mais seguro e mais
caro que o BWR, podem ser encontrados na Finlândia, Índia e no Brasil, em
Angra 1 e Angra 2. Representam 66% dos reatores em operação no mundo.
Há ainda outros tipos de reator, por exemplo, que são refrigerados a gás
(GCR – Gas Cooled Reactor), e o FBR (Fast Breeder Reactor) ou Reator de
Reprodução Rápida, que tem uma eficiência tão alta que é capaz de gerar
material físsil mais rapidamente do que o consome. Existem ainda as variantes
dos modelos PWR e BWR que utilizam diferentes materiais nas varetas de
contenção ou água deuterada na refrigeração do reator.
A água deuterada ou água pesada, utilizada nos modelos PHWR (Reator
de Água Pesada Pressurizada, é diferenciada da água comum pelos hidrogênios
que a compõem. Sua fórmula é 2 H2O, ou seja, cada átomo de hidrogênio da
molécula de água possui, além do próton, um nêutron no núcleo, esses
hidrogênios são denominados Deutérios, logo, a fórmula molecular da água
pesada é D2O, denotando os deutérios. Cerca de 0,001% da água encontrada
no mundo é deuterada naturalmente. A água pesada usada comercialmente em
grande escala é obtida através da eletrólise. A água deuterada envolve as
células de combustível nuclear, quando ocorre a fissão os nêutrons são
liberados com altíssimas quantidades de energia e colidem com os deutérios,
transferindo boa parte de sua energia para a água pesada, e então podem ser
absorvidos por outro átomo de urânio para dar continuidade à reação. Os
52
reatores PHWR, que utilizam a água deuterada representam 11%, podem ser
encontrados na Argentina e na Romênia, por exemplo.
Quando o reator fica instável ou quando sua potência precisa ser
reduzida simplesmente, entram em ação as chamadas varetas de controle,
quanto ativadas, ficam posicionadas entre as várias células de combustível
fazendo com que as reações em cadeia de fissão sejam interrompidas. Desse
modo, as varetas são fabricadas em materiais que absorvem os nêutrons mas
não sofrem fissão, têm boa resistência mecânica, estabilidade térmica e
resistência à corrosão, como Boro (B), Índio (In), Cádmio (Cd) e o Gadolínio
(Gd) utilizado em Angra 2.
53
O Sistema redundante de prevenção contra falhas é bem
eficaz, conta com vários mecanismos de desligamento automático
e margens de segurança rigorosas. Porém, mesmo que falhem
todos os protocolos, o reator está envolvido em várias barreiras
físicas de segurança.
54
Figura 21. Piscina de combustivel de Angra II.
55
Figura 23. Estrutura de Tomada D’água (UPC) / Casa de Bombas da Água de Serviço (UQB) /
Dutos de Admissão de Água de Refrigeração (PAB).
56
Figura 23. Poço de Selagem de Água de Refrigeração (UQJ) / Poço Coletor de água de Serviço
(UQM) / Sistema de Tratamento de Efluentes Líquidos (UGN) / Dutos para descarga de Água de
Refrigeração (UQN).
5.2. Rejeitos
57
encontra-se um fluxograma da Eletrobras que ilustra os processos envolvidos no
descarte do material proveniente da usina nuclear.
Figura 24. Fluxograma ilustrativo por parte dos processos de descarte do produto radioativo. Eletrobrás.
58
por isso existem vários estágios que garantem que o resíduo não chegue ao meio
ambiente ainda com índices de radiação perigosos.
Os Rejeitos são classificados em 3 grupos:
1. RAA, Rejeitos de Alta Atividade: Com potência térmica superior a 2kW/m3, é o
combustível que já foi utilizado na geração de energia e não possui mais uma
concentração dos isótopos de Urânio 235 suficiente para serem usados no reator.
Os RAA são estocados na usina, mais especificamente na piscina de combustível, e
ficam lá enquanto a usina estiver funcionando, em caso de desativação são
encaminhados para depósitos geológicos.
2. RMA, Rejeitos de Média Atividade: Cerca de mil vezes menos radioativos que os
RAA, são os materiais que entraram em contato com o rejeito de alto nível de
radiação, como ferramentas e equipamentos. Esses rejeitos são concretados e
colocados em barris metálicos para que não ofereçam risco ao ambiente.
3. RBA, Rejeitos de Baixa Atividade: São tipicamente os EPI’s e roupas de serviço,
que podem ser lavados e reutilizados algumas vezes, porém, depois de certo
período também são concretados e confinados em barris.
A CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear determina rigorosos padrões para
os depósitos para onde vão os rejeitos de baixa e média atividade, como segurança e
restrição de acesso do local. Todas a exigências podem ser encontradas na Norma
CNEN NN 8.01, resolução 167/14.
Na Finlândia, está sendo adotada uma técnica para o descarte de RAA, o
combustível é colocado em um favo de ferro fundido e preenchido com um gás pouco
reativo, como argônio. Esse favo, por sua vez, é inserido em um tambor de cobre
resistente à corrosão. O conjunto é então descido até um depósito 420m abaixo da
superfície, as cavidades no depósito são revestidas em um material que absorve água,
para evitar o contato dos tambores com um lençol freático em caso de vazamento. O
sistema todo deve ficar pronto para uso em 2020.
59
5.3. Comparação
.
O custo da energia de Itaipu é aproximadamente R$151/kWh, enquanto de
Angra II é aproximadamente R$200/kWh, o que não mostra diferença muito
significativa, mas quando comparada ao custo da energia de uma usina a óleo diesel,
que gira em torno de R$600/kWh, a usina termonuclear mostra-se muito mais
vantajosa, e uma boa alternativa inclusive para as usinas hidrelétricas que geram mais
de 70% da energia nacional e que devastam imensas áreas para represa do rio. A
densidade energética é outro fator que evidencia a superioridade da utilização dos
combustíveis nucleares, o urânio enriquecido tem uma densidade energética de 88,2
milhões de Megajoules por Kg, enquanto o carvão possui densidade energética igual a
19 Megajoules por Kg, ou seja, a quantidade de energia obtida com um Kg de urânio é
a mesma obtida com 46 mil toneladas de carvão, aproximadamente.
60
Figura 25. Lista de Radioisótopos e seus respectivos usos na medicina nuclear.
6.1.1. O Tecnécio
61
modo, muitos hospitais optam pela produção desse elemento dentro de seu
ambiente laboratorial, através do Gerador de Tecnécio.
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6.2. Exemplos de utilização
6.2.1. Cintilografia
63
6.2.2. Tomografia Computadorizada
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Figura 30. Resultados obtidos na identificação da composição molecular pela RMN.
6.2.4. PET-CT
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6.3. Medicina Nuclear no Brasil
Grande parte da culpa pela não utilização da medicina nuclear vem sim do
Estado, porém, o preconceito popular que se tem a respeito do tema acaba
comprometendo projetos de inclusão de medicina nuclear em postos públicos de
saúde.
No total, o RMB deve custar em torno de 500 milhões de dólares, são recursos
expressivos, que vão possibilitar o fechamento desse projeto. Vamos avançar
muito em pesquisa nuclear e na produção de insumos para a saúde. O valor
desse projeto representa tudo isso e, certamente, é um projeto fundamental para
o país.”
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Figura 31. Reator Multipropósito Brasileiro.
7. Conclusão
Existem muitos pontos positivos, como por exemplo, a boa razão entre eficiência
e área, com o descarte correto dos resíduos radioativos apenas água é emitida. E para
o Brasil, um país abundante em Dióxido de Urânio, é uma aplicação vantajosa para
atribuir um fim para o minério.
Por outro lado, o investimento inicial é muito alto. O resíduo também se mostra
um limitador, visto que seu descarte deve ser extremamente cauteloso. Portanto, se
torna uma alternativa mal vista por certos países, principalmente nos que possuem
muito grande demanda energética.
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8. Referências
pt.energia-nuclear.net/que-e-a-energia-nuclear/historia
www.Aneel.gov.br
www.bp.com
www.eletronuclear.gov.br
www.epe.Gov.br
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www.cnen.gov.br/normas-tecnicas
www.brasil.gov.br/noticias/infraestrutura/2011/12/fontes-hidraulicas-geram-a-maior-parte-da-ener
gia-eletrica
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www.tuasaude.com/cintilografia-de-corpo-inteiro/
cermen.com.br/exames-medicina-nuclear/2/cintilografia-ossea/
www.tuasaude.com/tomografia-computadorizada/
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a-nuclear-rmn/28436
www.passeidireto.com/arquivo/19363148/rmn--ressonancia-magnetica-nuclear/3
pt.wikipedia.org/wiki/Espectroscopia_NMR
www.huap.uff.br/medicinanuclear/content/o-que-%C3%A9-medicina-nuclear
www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/tecnecio
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portalhospitaisbrasil.com.br/artigo-o-mercado-brasileiro-da-medicina-nuclear/
www.vencerocancer.org.br/cancer/diagnostico-2/cintilografia-e-spect-tc/
www.cnen.gov.br/ultimas-noticias/450-lancamento-da-pedra-fundamental-do-rmb
www2.fc.unesp.br/lvq/LVQ_tabela/043_tecnecio.html
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