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Imagine-se em um engarrafamento após um longo dia de trabalho com pessoas buzinando sem
parar, ou tentando cancelar um serviço por telefone, abdicando de um importante tempo da sua
vida e muitas vezes ainda não atingindo seu objetivo? Bem, algumas pessoas irão respirar fundo,
lamentar o ocorrido, mas conduzirão o seu dia normalmente. Outras pessoas sentirão seus
músculos enrijecerem, seus punhos fecharem e terão impulso de abandonar o carro, ou quebrar o
telefone após encher a pessoa que está do outro lado da linha de desaforos, mas não o farão,
porque, logo em seguida, pensarão que obedecer a este impulso só lhes trará mais prejuízo. Mas
infelizmente existem as que de fato seguirão seus impulsos e somarão ainda mais sofrimento a
este momento. Mas e o que difere estas pessoas? Por que algumas conseguem e outras não?
O que torna algumas pessoas mais bem sucedidas ao lidar com estas circunstâncias é a
capacidade de regular as suas emoções e é sobre este assunto que falaremos a partir de agora.
Contudo, antes de falarmos sobre regulação emocional vamos falar sobre o que regular, ou seja,
sobre as emoções.
Todos nós temos emoções que podem ser agradáveis como a alegria, o amor ou negativas como
medo, raiva, vergonha, culpa e ciúmes. Porém, nem todos conseguem reconhecê-las, nomeá-las
e, portanto, lidar com elas de forma efetiva. As emoções desempenham um importante papel nas
nossas vidas, comunicando nossas necessidades, nossos direitos, frustrações, o que nos entristece
ou nos alegra. Identificar estas emoções é fundamental para que possamos realizar as mudanças
necessárias em direção a quem ou ao que nos faz mais felizes. Deste modo, o problema não é
sentir medo, ansiedade, raiva e sim reconhecer estas emoções, aceitá-las, usá-las quando
possível e continuar a funcionar apesar delas (Leahy, Tirch & Napolitano, 2013).
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27/11/2018 Regulação Emocional: Compreendendo as emoções e a importância de equilibrar suas manifestações - Portal Comporte-se
Desregulação emocional
A DE é explicada por várias teorias, dentre elas: neurobiológica, traumática e sociológica. Iremos
nos deter a teoria biossocial na qual se baseia a Terapia Comportamental Dialética (TCD)
desenvolvida por Marsha Linehan. De acordo com esta teoria a DE é resultado da vulnerabilidade
emocional (disposição biológica), inabilidade para regular as emoções e a troca entre estes dois
fatores no decorrer do desenvolvimento.
Vulnerabilidade emocional
Como visto anteriormente, as emoções são fundamentais para transmitir a nós e as pessoas que
nos rodeiam sobre nossos estados internos. Contudo, o temperamento herdado torna algumas
pessoas mais sensíveis, fazendo-as oscilar entre inibição ou reatividade emocional intensa. Além
disso, apresentam: 1) Alta sensibilidade a estímulos emocionais negativos; 2) Elevada intensidade
a resposta emocional; 3) Lento retorno a calma. Acompanhe abaixo o padrão característico de
uma pessoa emocionalmente sensível (linha superior) e de uma pessoa que não apresenta
vulnerabilidade emocional (linha inferior) (Linehan, 2010).
As nossas experiências emocionais são indispensáveis para a formação da nossa identidade. São
elas que nos tornam únicos e nos diferenciam uns dos outros. Por este motivo é importante que
estejamos atentos ao reconhecimento destas emoções e, sobretudo, ao que elas nos comunicam,
sem julgamento, mas sim com aceitação.
Por fim, convido-os a realizar um breve exercício: Pense em uma situação atual que tenha gerado
uma reação emocional. Agora, descreva esta situação, quando, onde, com quem estavas? Quais
interpretações tu fizestes desta situação? Observe suas sensações corporais, expressão facial,
postura. O que teve vontade de fazer, dizer neste momento? O que de fato fizestes? Agora, reflita.
Quais efeitos (pensamentos, outras emoções, memória) esta emoção teve sobre você? Qual foi a
sua função?
Referências
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27/11/2018 Regulação Emocional: Compreendendo as emoções e a importância de equilibrar suas manifestações - Portal Comporte-se
Gross, J. J. (2007). Handbook of emotional regulation. The Guilford Press. New York, London.
Leahy, R. L., Tirch, D., Napolitndo, L. A. (2013). Regulação emocional em psicoterapia. Artmed.
Lidiane Borba
Psicóloga (Unisinos); Mestre em Psiquiatria (UFRGS); Especialista em Terapias Cognitivo Comportamentais;
Formação em Terapia de Casal e Família (INFAPA); Formação em Tratamentos Baseados em Evidências para o
Transtorno da Personalidade Borderline (Fundación FORO - Argentina); Treinamento Intensivo em Terapia
Comportamental Dialetica (Behavioral Tech - EUA); Professora do curso de Especialização em Terapia Sistêmica do
InTCC; Pesquisadora no grupo de pesquisa em transtornos de ansiedade do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
(PROTAIA); Psicóloga na Cognitá - Clínica de Terapia Cognitivo-Comportamental; Integrante do grupo de estudo e
pesquisa em Personalidade (GEP)
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