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ON| ON TONAL Oa ‘oySvzMivIndoé V9 SUMAN So ‘SOLINAS $04 O90! O gomniavg) an 7 eal — AHISTORIA CONTADA. uma ver enunciado esse “principio de realidade” (0 social), como pensar déncia nesse sentido? Como firé-lo, sea prépria supor a negacio da idéia de “evidéncia objetivamen- io pertinentes neste contexto, Primeiro, a questo cen- ficciona ou ndo de determinado testemunko aracterfsticas especificas da fonte perguntas do histriador social so: “De que Titerarara se jinado autor ~ ou ‘escola? se parece set um pots de partida obtigarério para escla- ra literétia como testemunho histrico: uma “derermi- [tipo de evidéncia. Ao invés de pensar deforma se “literatura e histéria’, 6 que nos ineressa é inserir set aa rede de agoese: Tea i aoueapa cc, também ¢ verdade que tal “toralidade estrururada” permanece indeterminada, constantemente modificada pela atuacdo dos sujeitos. Ou sejas para a andlise do. testerunho histético, sea ele qual for, deve-se sempre ter em vista que os sujeltos Vive a histéria como indeterminagio, como incerteza, como necessidade cati~ diana de intervie para tornar ral o devir que thes interessa, Autores e obras literé- ‘expressam aps contempotineos. O sentido de um autor ou obra lite “explica ou se csgota nas suas apropriagGes fururas — por tet virado cAnone, ou até {cone, ou por ter supostamente “antecipado” préticas narrativas de perlodos ou ‘movimentos literérios posteriores, ou mesmo por ter sido esquecido, ou cafdo em desgraca, segundo os parimettos tragados pelas vo2es dominantes na critic literé- tia, A cada autor € obra.o “seu tempo” € 0 “seu pals’, tal o mote comun aos textos reunidos nesta coletanes.! Machado de Assis € 0 more comum aos quatro artigos que abrem o volu- me, Hé nisso quicd respeito ao cAnone, out hi mais que eabe ao leitor descobrit. © texto do cxitico literdrio John Gledson demonstra mais uma vez 0 enorme potencial das perspectivas interpretativas abertas por seus trabalhos anteriores s0- ‘bre Machado, Através da exploragio de indicios presentes nos contos reunidos em 1882 no livro Papeis avulior, Gledson nos mostra como a ficcéo de Machado ¢ profundamente informada por sua visio sobre os sentidos da histéria do Brasil. No caso de Pypéis avultos, 0 tema em debate ~ abordado em alegorias ralver “desvendiveis por leitotes seus contemporineos, certamente obscuras para leitores ide outros tempos ~ é formagio da identidade nacional, Em seguida, Jefferson Cano explora uma dimensio original da consraragio ide que Machado era um observador arguto da formagio social brasilita: segundo ‘ele, mais do que formular uma interpretagio da histéria do pats, Memdrias péstu- ‘mas de Brés Cubas busca um didlogo direto com cortentes do pensamento roriogrifico de seu tempo ~de fato, estabelece' com tais correntes uma polémi- ‘caaberta que confunde novamente as fronteitas entre a criagio ficcional ea inter- -pretagio social. Cano interpreta alegorias presentes sas Memidrias em busca da “intensao larente” (a expressao é de Capistrano de Abteu, em carta a Machado) ‘do romance, procurando assim descobrir alguns dos interlocutores especificos do ‘Fomaincista: naquele momento, © texto demonstra, de forma convincente, que ‘nas Memdrias Machado “encetava um debate com historiadores contemporiineos a respeito do carver que deveria assumir uma ‘histéria nacional” [Nao seria porém sé a partir dos romances da chamada “segunda fase” que Machado mostratia aos Ieitores a asticia de seu texto. Liicia Granja eseuda as 0 ‘A HISTORIA CONTADA ‘exbnicas dos'primeirs anos de Machado, ainda no inicio da década de 1860; ¢ descobre nelas a experimenragio'de-uma técnica natrativa similar aquela’ que; -duas décadas depois, nas Memdrias alhiures, definiria pare grande parte da critica liverdria uma ruptura radical na obra machadiana, © texto de Granja sugere que ‘aandlise de obras literdrias, 20 invés de prender-se aos padrées estticos da poste tidade, deve procurat contar uma histéria do movimento (sempre incerto e inderer> ‘minado para 0s autores) de experimentacio ¢ consolidagio das formas narrativas. “Armesma tentativa de comprecnsio de um movimento mais amplo na obra de Machado ests presente no texto de Sidney Chalhoub, que busca mostrar 4 ‘existéncia de uma coeréncia temitica ¢ politica bastante profunda em quatro to- anes de ambas as “fase” da iajetdvin machadiana Helena laid Garcia, Bris - Gubas © Dom Casmuoro. Ovartigo focala primordialmente didlogos entre perso: nagens da classe senhorial e seus dependentes, construindo o argumento de queo somancista foi um ineérprete incansével do discutso politico possivel aos domina- dos numa sociedade patetnalisca, Em outras palavras, a proposta ¢ desvendar testemunho histérico presente nos textos de Machado a partir de uma perspectiva radicalmente fincada na tradigfo da histéria social: os movimentos das persona- {gens nos romances desnudam a Igica da dominagéo social, e submetem esta gies a uma critica cultural fom she bostans up" — isto &, a partir da viséo dos dependences. | Machado de Assis era homem “do seu tempo e do seu pats". Reproduzia, ‘20 mesmo tempo que institu(a, uma determinada tradigdo cultural. Bem antes ‘dele, José de Alencar fazia dle suas pecas teatrais, romances ¢ erénicas um espace. de idéias politicas ¢ de intervengio na realidade social. Silvia Cristina ‘Martins de Souza analisa uma série de crBnicas de Alencar publicadas no Correia “Mercamil em 1854 ¢ 1855. Mostra wim Aleneae preocupado em educar a classe seshorial urbana da Corte, em tornd-la coesa © portadora de uma identidade inspirada em préticas e costumes europeus. _- Umsentido politico radicalmente oposto ao de Alencaranimao volume de ‘vers0s satiricos publicado por Luiz Gama em 1859. Ao mesmo tempo que reafir- smavaaliterarura como lugat de embate de idéias ¢ de critica social, oabolicionista ‘negro buseava ficmar outro tipo de idencidade: fazia de seus versoxa exaltacfo de ‘uma tradicso africana comum aos negros brisileiros. Eleiené Azevedo procura ‘essim eelacionar os versos de Luiz Gama com a experiéncia negra nto Brasil daque- ‘Ic sempo, ou ao menos com a interpretacio politica que Gama favia de tal expe ‘ ( ‘também ilustra, de forma exemplar, como a profunda renovagio “secentes sobre hist6ria social da escravidéo pode fundamencar uma ArtsoTACIO releitura bas! ritias do Oi ‘Tamb te de pric politica da Gama, Mel dade basead perfodo ma décadade 1 na mistura Ost estudam 0 século, 20 | rieavam t outro lado, camentos: de uma na futebol, ¢ nas ernie O "bola ses literds dos signifi liceratura sentes pre ligica par que coms Ae as obras! sua inter Rodrigue ratos da) historica carioca' seguinte levando, mento € bam dei Assesexrato ry tleitura bastante original das Thowas burleseas~e quem sabe de outras obras lite- rérias do Oitocentos, fod “Fambém Mello Moraes Filho, ein Festase madigées populares do Brasil, par= te de priticas © costumes de grupos populares para articular uma interpretagdo politica da realidade social. Longe da afitmagao da afticanidade presente em Luiz Gama, Mello Moraes, segundo Martha Abreu, persegue uma iddia de nacioneli- dade baseada na convivéncia harmoniosaentre brancose negros. Ao escrever num periodo marcado por clamores pelo branqueamento da populasio do pais (fim da década de 1880), oautor de Festase sradipéesveria nadado contra a corrente evisto nna mistura de culturas-e ragas a esséncia da nacionalidade, Os textos de Martha Abreu ¢ de Leonardo Pereira ~ que vém a seguir cstudam © problema das diffeuldades « ambigttidades dos liceratos, na virada do século, 0 lidar com as manifestagées culturais dos populares. Por um lado, valo- rizavam ais tradigies, abordando-as em seus liveos e artigos de imprenss; por outro lado, empenhavam-se em attibuir-lhes novos sentidos, promovendo deslo- ‘camentos em seus significadas que permiitiam ver em tais manifestagtes tragos de uma nacionalidade que desejavam construir sob perspectiva diversa, Assim, o fitebol, que se populatizava rapidamente no Rio de Janeito, virou tema conscante nas ctOnicas de escritores como Goelho Neto, Lima Barreto ¢ Afrinio Peixoto. (© “bolapé” cormara-se um meio de atingir grupos pouco interessados em discus- ses literdrias, ¢ 0s liveratos travaram memoeiveis marches jornalisticos em torno dos significados do jogo. Quase sempre discordando entre si, mas reafirmando a literatura + especialmente.a cronica, no caso — como arena de disputa entre di rentes projetos sociais,rais escritores concordavam também em desconsiderar a Idgica particular dos sujeitos que analisavam — os artistas do bolapé e as multidées ‘que compareciam 20s jogos. ‘A énfase na investigacao das reles de interlocucfo nas quais est36 inseridas as obras literdrias ~esclarecendo-se, dessa maneira, 0 sentido social e politico de sua intervengs6 ~ continua presente nos capitulos finais do livro. Joo Paulo Rodrigues estuda o processo de claboragaio de uma meméria boemia para os lite- ratos da virada do século (de 1880 a 1920, aproximadamente), mostrando “como ‘istoricamente se produzem dererminadas interpretagées sobre a boemia licerécia carioea'e se-reelaboram as suas experiénciai”. Bidgrafos ¢ criticos das’ décadas seguintes construfram uma visio muito particular da geracao dita "boémia’, nio levando em conta os desafios espectficos enfientades por esses escritores no mo mento'em que produtiram seus romances e erénicas; como conscqiiéacia, aca- bam deixando dle lado dimensées relevantes de sua producto "AHISTORIA CONTADA do movimento modernists da déeada de 1920, Margarida ra fascinante busca de Mario de Andrade por aquilo que como'9s “problemas do meu tempo e mink ter A tradi- da “a modo de origem ¢ fundamento” ~ na feliz expressio da rta do universal no mais particular ¢ auténtico, o desafio enfim. € presente numa nova “sintese”, ras sio os ingredientes de um et, tais os elementos que podem obrigar “a gente a ser homogéneo”. , Mas num outro registro, aquestio é observar um literato tio inaba- te convencido da “forga do povo” quanto de sua missio ~ dele, literate — nbridor ¢ deciftador desse mesmo povo, “*homem adormecida”. Joo Paulo Rodrigues, como vimos, e Aldrin Figueitedo abordam o proble- o de constituicio de uma histéria da lireratura, tratam dos cami- am a definicao rigida de marcos, movimentos ¢ canones literarios. do reconstitui visbes sobre o movimento: modernisca da década de 20 a 2 perspectiva distante de sexi micleo definidor—a Sao Paulo de Oswald indrade: no centro de seu rexto esto literatos paraenses que, ainda 20 movimento modernista, viam nele prioritariamentea possibili- ber hiseria da Amazdnia como "wm Angulo legitimo da historia como literatos situados & “periferi’ viram “o processo de const s0 unfvoco sobre o movimento a partir da génese pauls hul estuda romances publicados por Jorge Amadona identificar as origens do, proces que consolidou a tor como um “escritor popular”, supostamente preocupado orizar hdbiros e figuras do “pov” em seus livros. A autora interpreta do a luz dos debates politicos correntes 8 época~ e nos quais ele teenvolvido ~,acabando por descortinaro conceite de“povo” 1efo das: personagens populates em tais romances, que; antes de deserever ou celebrar a culrara popular; 2 o ea langar sobre lam discuso “conscientizados" fizen- um insteumenco ee ificativos dos didlogos ou interlocugées pre- uc produzem scus textos. nea foram, quase todos, produzidos no am- Intern de Pesquisa em Cultura Popu- 5 a EEEPPEEEERI mt Tinha de pesquisa em hiseéria social da cultura, no programa de pés- ago em histéria da UNICAMP. Todos, sem excegéo, foram debatidos, al- ‘acaloradamente, naquele forum de professores e pés-graduandos, conhecido sua atlimacdo, apreciado por seu rigor, sempre destemido em suas criticas ¢ dos textos que acontecem de estar & baila: Os organizadores da coleti- gradecem aos autores a disposicio em passar por semelhante provacio — s6 Gledson escapou dessa, por se encontrar além-mar —, assim como a. disponi- dc em dialogar com os crfticos e reformular as suas contribuigées, Maria sntina Percira Cunha, Silvia Lara ¢ Robert Slenes leram e debateram os extos de forma intensa, provocaram os autores (a Silvia Lara, de forma mais consplctia), ivitaram-nos is vezes — assim como 20s organizadores =, mas ceria p impossivel até conceber projeto sem toda essa adrenalina. © CNPq ca FAPESP apéiam o projevo integrado de pesquisa que permitiu o trabalho de bol- sistas ¢ a aquisi¢fo de parte dos cquipamentos wtilizados na elaboragéo do yolu- Finalmente, um agradecimento especial: Uliana Dias Campos Ferlim, bolss- ta de apoio técnico do projeto integrado junto ao CNPa, pianista-mor dos -computadores do Reino, cantora lirica de méritos inegéveis, harmonizot as notas € 0 resto, impedindo assim que a épera fosse buts, Leonardo Affonso de Miranda Percira Sidney Chalhoub UNICAMP, feversiro de 1998,

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