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la - Filosof rT ario Sum Frente A 07 08 09 10 i 12 27 49 63 81 5 Modernidade: qual é 0 fundamento do poder? 05 utopistas, Maquiavel e os Contratualistas ‘Autor: Richard Garcia Epistemologia Moderna: qual é 0 caminho que leva verdade? Racionalismo e empirismo modernos ‘Autor: Richard Garcia Immanuel Kant: “O maior filésofo dos tempos modernos” Autor: Richard Garcia Filosofia contemporanea: a dialética de Hegel a solucao politica de Marx Autor: Richard Garcia (0 mundo em reviravolta: Nietzsche e o Positivismo Autor: Richard Garcia Os principals pensadores do século XX Autor: Richard Garcia Zz T eateoexuds ) 6) 6' 8) 6) 66 ele 6 ele e.e & e'e| a"): aso) wo) ) Bi ) - FILOSOFIA Modernidade qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel € Os contratualistas AS profundas transformagées ocorridas no mundo com © Renascimento exerceram uma forte e decisiva influéren gm todos os campos da vida humana. Um deles for campo da Epistemologia ou Teoria do Conhecimento, cue {gstuda © método pelo qual o individuo alcanca a verdaie Estudaremos, posteriormente, seus principals pencadores Outros campos da Vida humana que sofreram grande inuéncia nesse novo contexto histérico e lloséfco foram « posricae a tia. Desse modo, é essencial nos dedicarmos 4 filosofa politica moderna, desde seu fundador Nicolog "agulavel, prossequindo até os pensadores contratualistas, Thomas Hobbes, John Locke e Jean-lacques Rousseau. Para compreendermos a novidade trazida pela politica moderna é necessério antes estudarmos a concepcas tradicional de politica, que tem sua origem em Plasdo © Aristbteles, passando pela Idade Média e encontrando seus fepresentantes nos fins do Periodo Medieval e no Iniio ds Modernidade, os pensadores utopistas. ACONCEPCAO TRADICIONAL DE POLITICA Desde PlatBo e Aristételes, a reflex politica ocupou Papel de destaque no desenvolvimento da Fllosofie, Os dois filésofos consideravam que a vide polttica estarie intrinsecamente ligada 8 ideia de justica e seria a unico ‘capaz de trazer a felicidade ao individuo e & comunidade, Plato acreditava que o ser humano sb poderia encontrar @ vida fell no cumprimento da justica dentro da cidade. Dessa forma, 0 verdadeiro cidadéo seria aquele que se Importa com 0 bem comum e que, juntamente com seus iguals, participa da politica. Oe acordo com o filésofo, o bem ‘Comum deve ser a concretizagao da ideia de justica, ideta ~aleangada pelos poucos que deveriam ocupar os cargos mals importantes dentro da polis (sofocracia). Em outras palavras, ‘5 magistrados deveriam ser os mais sdblos, pois s6 elec encontraram a ideia do Bem e poderiam transformé-la em lels. Sua obra que trata desse assunto é A repubiica, Arist6teles, acompanhando Plato, acreditava que ser humano s6 poderia ser feliz vivendo em sociedavie E nesse sentido que defende que uma das esséncias do ser ‘humano € que ele um animal politica (zoon polltikon). MODULO 07 Pensando assim, o estagirta afimava que o ser humano 6 & verdadeiramente feliz quando vive em sociedade ¢ Que a felicdade verdadeira s6 € possivel quando o individue 8 torna um bom cidadao, Tanto para Plato quanto para Aristételes havia uma Ciara relacéo entre ética e politica, ou seja, os valores que uiam a vida do individuo s20 os mesmos que determinom, 2 sociedade. Nao havia, para os gregos, separagdo entre vide rivadae vide pablica. Os mesmos valores aplcados na proga publica também so encarnados na vida do sujeito, sendo 2 cidade, a qual se dé @ partir dos valores clvicos, sendo 2 bom politico aquele que é, antes de tudo, um bom cidadao. 8 valores da moral comum so também os valores de Politica. Nesse.sentido, éimpensével um governante que no ‘manifeste em suas agBes todos os valores civicos da cidade Durante 2 Idade Média, a relacdo entre moral e politica Permanece, manifestando-se no somente nos valores da dade ou do Estado, mas prinipalmente nos valores cristaos, endo mals importantes as qualidades humanas ¢ espirituals os governantes do que a sua eficiéncia. O bom politico 6 aquele que &, antes de tudo, um bom cristio, Assim, é fundamentel no governo da cidade que os valores caros a0 {Eustianismo, como honestidade, justia, mansido, lealdade, fidelidade, piedade, sejam os mesmos valores com os quale 9 Governante iré guiar 0 seu povo. No é coincidéncia que varios reise rainhas tornaram-se santos da Igreja, Todos os pensamentos politicos desses periodos abordam 2 prescrico de normas de dever-ser € nfo dever-ser, ou seja, so concepgées politicas normativas, Assim, @ preocupagso police estava atrelada & reflex ética, especulativa e religiosa, que determina, ao politico, © ue € correto ou nfo, 0 que deve ser feito € 0 que nie deve ser feito, uma vez que as normas so anteriores 8 prépria situacdo concreta, Ve-se nesses periodos a valorizacio do ser endo do fazer. De acordo com essas concepcées, para que © governante seja um bom politic, ele deve, primeiramente, ser um bom cidadéo ou um bom cristo. Assim, acreditava-se que o governo seria necessariamente bem Girecionado e as medidas tenderlam a0 bem comum, ‘A boa comunidade e a boa politica so dependentes entre sie de um bom governo, Beaten |g ahs Médulo 07 Pelo que estudamos até aqui, percebemos que a politica antiga e a medieval, ou a concepsao tradicional de politica, est vinculada a preocupagies qualitativas endo quantitativas. Desse modo, o carter bom ou mau é Intrinseco as acdes. Observe que, nesses modelos de vida social, 0 ideal é mais importante que o real. Outra caracteristica que marca a concepeéo tradicional de politica é 2 ideia de que os fundamentos da vida politica ‘so externos @ anteriores & politica, ou seja, as bases elas quais existe a comunidade so Deus, a natureza ou a razo. Na concepcio religiosa, o poder é dado por Deus ‘2 um individuo ou a alguns individuos que o exercem pela vontade divina. Na perspectiva jusnaturalista (direito dado pela natureza), os ndividuos vive em comunidade porque sua natureza 6 social, ou seja, nasceram para viverem Juntos. Essa concepgio é clara na filosofia de Aristételes, que dizia que o ser humano é um animal politico, 34 na perspectiva racional, existiria uma racionalidade superior (no necessariamente divina) que governa o mundo e leva {aS pessoas a se unirem em comunidades. De uma forma 0u de outra, o ponto em comum nessas concepcées é que 0 fundamento da vida social encontra-se fora da politica Dentro dessa concepeai tradicional de politica, teremos também a Idela de que a comunidade deve ser unida € indivisivel, buscando promover a paz e 0 bem comum pela justica. Desse modo, na comunidade humana ndo haveria lugar para a desordem, intrigas, rixas ou disputas, G | easton © conflito deve ser evitado e, com ele, aqueles que © promovem. Nessas comunidades, 0 bom governante deveria encarnar todas as virtudes necessarias a0 bom ‘exercicio do poder, sendo, acima de tudo, racional, guiando-se pela busca da harmonia e da justiga, OS UTOPISTAS Dentro da concepgie tradicional de politica encontram-se © pensadores utopistas, que, acompanhando tals ideais, politicos, conceberam sociedades idealizadas. Entre 0S principals utopistas estdo Thomas More (1478-1535), Francis Bacon (1561-1626) e Tommaso Campanella (1568-1639). ‘Todos eles viveram no contexto do Renascimento, isto é, ra passagem do mundo medieval para o mundo moderno, ‘Apesar da realidade histérica marcada pela fome, peste, guerras @ intolerancia religiosa, eles continuaram nutrindo a visto de poltica segundo os moldes antigos, elaborando concepstes idealizadas de uma sociedade perfeita e livre dos males do mundo e dos individuos, A palavra utopia vem do grego (ou: no; topos: lugar), @ indica um “lugar que no existe", ou “aqullo que nao ‘existe em nenhum lugar". Desse modo, compreendemos © porque de eles serem conhacidos por esse nome, uma vez que imaginaram cldades desvinculadas da realidade, Tal expressao ganhou importancia com Thomas More, considerado um dos mais importantes desses pensadores. ‘As utopias foram cancepeées polticas de realcade ‘idealistas, sem um fundamento na realidad ‘buscando imaginar como a sociedade deveria aealmente, Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel ¢ 0s Contratualistas Thomas More Thom Meneame tomer ‘Thomas More descreveu, em sua obra Utopia, sociedades perfotas, Nascido em Londres em 1478, Thomas More fo! discipulo de Erasmo de Rotterdam e um dos humanistas mais importantes desse periods. Por ter se recusedo @ reconhecer Henrique VIII camo chefe supremo de Igreja, fol condenado a morte em 1535, Quatro séculos depois, em 1935, fol canonizado pela Igreja, Sua obra Utopia (1516), inspirada claramente em Plato, resume seu pensamento e otimismo. Nela, ele tenta pensar uma sociedade perfeita na qual '8 pessoas viveriam em paz @ harmonia, ainda que seu Contexto histérico mostrasse exatamente o contrério. Porém, foi por convieedo, e nao por ingenuldade, que More imaginou tals sociedades, Ele estava convencido de que, ara que tal sociedade fosse de fato concretizada, bastave ue as pessoas se gulassem pela razéo natural ¢ pelos leis de natureza e ento todos os males do mundo seriam ¢liminados. Dessa forma, immaginando aquilo que no existe, Seria possivel construir aquilo que deveria exist, Nessa obra, Rafael Itlodeu, narrador do livro, em viagem om Américo Vespticio, avista uma ilha, Utopia, onde todas as pessoas sio felizes. Tal comunidade de seres humanos vive em perfeita paz, uma vez que todos os seus idados so iguals entre si. Como nao hd dinheiro. nem aiferenca de renda, no ha status social, fonte dos males, intrigas e egoismo, Por néo haver dinheiro, no hé avides, Nota-se a predilecdo de More por uma sociedade sem Fiquezas ou dinheiro, que, segundo ele, &a fonte de todas as dliferencas entre 0s individuos e, portanto, de todos os males, ‘Omais importante é perceber que Thomas More éum pensador Idealist, uma vez que essa realidede pensada por ele no exis, Sendo praticamente impossivel de vir a existir um dia, Porém, 2 Utopia, apesar de néo apresentar uma realidad possivel, trae Pela fiegdo todos 0s problemas socials existentes em sua época € direciona o pensamento para os critérios morals a serem estabelecidos para solucionar tais problemas, Francis Bacon bee, Lara eI l) eccevewicer all Representacdo de Francis Bacon. Em sua cidade pevfeitahavia um lugar especial para os clentistas, 2 Casa de Salomdo, onde eran redueidos conhecimentos para meihorar a vida das pessoee Francis Bacon nasceu em York House, Inglaterra Sua Filosofia divide-se em dois aspectos: a Eplstemologia © 2 Politica. Destacou-se mais por seu método empitico de alcangar a verdade do que pelo seu pensamento politic, Seguind os passos de Morus, Bacon, um utopista, também imaginou uma sociedade perfeita em que todas as pessoas viveriam felizes e em harmonia, ‘Suas ideias politicas esto descritas em sua obra Nova Atténtida, publicada em 1624, dois anos antes de sua morte. Nela, 0 flésofo descreve uma cidade ideal ‘onde no hé politicos. Tal comunidade & gavernade Por uma institulg8o cientifica, a Casa de Saloméo, Ra qual se reuniam todos os pensadores e cientistas do Cidade que, juntamente com a forca do trabalho, permitiem @ construcio de estruturas socials e econémicas justas, E interessante percebermos que 0 pensamento politico de Bacon reflete sua crenga na cléncia como tnico conheeimento ‘apa de trazer beneficios préticos para a vida humana, rs Médulo 07 Tomas Campanella Tomés Campanella imaginou uma sociedade perfeita em sua obra A cidade do Sol, Nels, as pessoas eram governadas por um poder teocrético, Nascido em 1568, na regio da Calabria, 20 sul da Iti, Sua vida € cheia de perealgs e casos curiosos, Foi torturade, Processado pela inquisicdo quatro vezes e na tiltime for ‘condenado & morte, da qual sé selivrou porque fing ser louco, Ficou preso por quase a metade de sua vide. Sua condenacio ocorreu devido & revoltaorganizaca por ele contra a Espanta, uiado pelo desejo de inkiar reformas polticas ¢ reigiosas, Foi mago e astrdlogo, o que pode ser identificado em sua obra politica cidade do Sol, Publicada em 1602, apresenta su8 proposta politica de cidade perfelta. A cidade do Sol ‘dealizada por Campanella representava a unigo de todas 85 suas aspiracées pela reforma do mundo © dos seres humanas, sonhando com uma nova realidade que seri ivre (405 males pelo uso de instrumentos da magia e astrologia, Na cidade no haveria propriedade privada, sendo que tudo Pertenceria a todos. Todos cultivariam a virtude, combatendo. ‘05 vicios, que seriam dominados e extirpados da vida humana, A POLITICA MODERNA Rompenco com a dealizacdo da polticapelosutopistas, teros 2 figura de Nicolau Maquiavel, que inaugura um novo mode de pensar apoltca. Conheciée como fundador da politica moderna, Maquiavel lanca a5 novas bases do pensamento politico ® partir de entéo. 0 filésofo afasta-se do pensamento especulativa, ético e religioso (vigente até entao), antigas bases da concepcéo tradicional de politica, Construindo um modo completamente diferente e prétice de pensar e fazer politica. Ele inaugura a autonomia <2 politica como objeto em se Independente de outros campos {0 saber, principalmente da religiao crits, Se 05 pensadores antigos fundamentavam-se na ideia de justiga © natureza para formular suas concencdes Politicas, os medievals buscavam nas Sagrades escrituras © no direito romano as bases de suas concepcies, © os topistas baseavam-se nas obras dos antigos, trazendo 8 tona os ideals de justica e vida comum. Maquiavel, Pr sua vez, busca 0s fundamentos do poder politico e da vida em comunidade na prépria realidade Nicolau Maquiavel mn aon ic Maguiavel & conhecido coma um dos mals importantes ensadores polticos modemos, i Nicolau Maquiavel nasceu em Florenga em 1469. E conhecido como 0 fundador da ciéncia politica modema Seu pensamento representa 0 Inicio de uma nova fase 82 politica, ja que depois dele, nada mais seré como antes fem relacko as concepgées de poder e modo de governar Desde muito cede demonstrou grande interesse pelos estudos, aprendendo:o latim aos sete anos de idade, 6 Veter Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas Pertencia 2 uma familia com poucos recursos financeiros que vivia na regio da Toscana, Aos 29 anos, ingressou ha vida politica, assumindo 0 cargo de Segundo Chanceler da Repdblica Florentina, que se ocupava dos assuntos relacionados & guerra e a politica externa; fol também conselhelro e diplomata em sue cidade natal. Em 1513, devido a problemas politicos, fol exlado em San Casclano, onde comecou a escrever suas principais obras, O principe € Discursos sobre a primeira década de Tito Livio, Em 1518, escreveu a comédia A Mandrégora. Em 1520, escreveu A Vida de Castruccio Castracani e A arte da guerra. Nessa p0ca, Maquiavel, que jé havia retornado para Florence, ecupou ‘cargos politicos de menor importancia. Escreveu também es. ‘Historias lorentinas em 1525. Em 1527, fol defintivamente excluido do poder em Florenca apés a queda da familia dos Médici Faleceu em 21 de junho do mesmo ano, Contexto histérico A compreenséo do pensamento de Maquiavel, brincipalmente de suas ideias contidas no livro O principe, ‘$6 € possivel se compreendermos antes 0 seu contexto hist6rieo, A Itélia no tempo de Maquiavel era uma peninsula geogréfica € politicamente fragmentada, o que a tornava presa facil para Estados externos que quisessem invadile, A Italia nos tempos de Maquiavel era uma peninsula Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas = rae nay Cer todo poderem suas mos simplesmente John Locke nasceu fem 1632, na cidade de Wringtown, cise eojeens Poder geraconftos.Desse modo,Hobbes Inglaterra, Sue fares rotestante com inclinagdes inde ctjetivque buscava comsua losonarexplicperene pentane: composta por burgueses e comerciantes, > jyBaler do Estado deve estarnas mos de um s6indviduo, Locke destacouree corey ooeoue Pensador por sus {ustincando, ent, o estago steam epistemologia, sendo um dos mais importantes pensadores a empiristas (estudaremos sua teoria do conheciments Estado tem tanto poder que deve orientar os individuos _posteriorme est __emtodos os campos da vida, inclusive se pronunclando sobre Em politica, seu pensamento passou por mudancas A imtos do eergi2826i @ religiéo também deve estar nas racials Se cin eet era um defensor do absolutismo como ios do Estado. Como este detém o poder, os indviduee, rel ab controlar e governar o povo, mais tarde tornourcs 7 ber sua vez, nunca podem desobedeclo, exceto em tres Um eral conser eonhecoe ae dos primeiros @ defender 0 liberalismo politico a0 sustentar os direitos Inaliendveis dos individuos e também o direto & rebelise Sua flosofia poltica esté contida na obra Dois tratados sobre © governo, publicado em 1680. ocasides: $e 0 Leviat8 néo garantir a paz, a seguranca © 2 vida dos cidados, sua funcéo primordial; seo soberano _Otdenar que os individuos adorem algum individuo comurs u ainda, se ele mandar ofender a Deus, > Hobbes x Aristételes Politics . ‘ Locke também ¢ um fiésofocontratualsta, ou see, annonce eaencea Nesta ofa tomesiana acts ee el ate sonata, ov slo, 7 REECSISLET Seger tabs nae ca Seay is SU Slr do parse rortarbeemnese Esta e iso ntostna police, Stuns poles arene sees PET, Puen aee eae Brelpamente 2 opesentade no cepunie Pen ree polis recebeus nome de Dos vatssbe cer sy om avon esis 2 ser humana um anna gate a tras ener epost tea rai Na > 209 potiton),nascendo com uma naturaze secave, Docenate eerna se arespene a hip Snaaaimesmeance haiitnieare NEGRI ma aren ae Secpraees rupees SG ST ocala endo eae a aa eo ua ry, 7 Tyagi srt esscelnts pre tarancal Sorts ut ura weasel on ua, tone or Sua ves, contrerande seu prdecesatn one ne ~ John Locke poder Esta, Apesor des densa signee Datureze como aquilo que existe previamente eé inquestiondvel, 2 autopreservacdo como motivadora do Estado; o contrato coca como produto da racionalidade e com vistas & vide ¢ remade ‘205 desmandos de uns individuos sobre outros, Estado de natureza, lei de natureza e contrato social Locke afirma que os individuos em estado de natureza*vivem Juntos segundo a razéo e sem um superior comum sobre 2 Terra, com autoridade para julgar entre eles”. £ urn ected, Pré-politico, mas no pré-social. Veja que, no estado de nnatureza, apesar de os individuos viverem juntos, no ha qualquer poder soberano que decida ou que ordene aualauer Colsa, © as pessoas sda absolutamente livres ¢ iguais, Neseoe condigBes, as pessoas dever obedecer somente as leis ae hatureza (aquilo que em Hobbes denomina-se direlto de atureza), que s80 aquelas leis que Jé nasceram com o ser humano e por isso so rrenunciéveis. Segundo Locke, o ser hhumano tem por condic&o "ndo estar submetido 3 vontacis ou a autoridade legislative do homem, mas ter por regra apenas a lei natural”. Hobbes considera 0 direito & vida © & autoconservacdo como os Unicos direitos que o ser humano tem por 3 natureza. Locke afirma que, além do direito & vida, Satna lek, «primero persed wane Ose marten nc, ale oo eho 3 i, Rife como une niente propriate pace” Srowelade pasa Seng mtreza 9 eho Estostemeal [4g BEBE 556.1507 Em suas palavras, o ser humana tem direito de {1 dspor e ordenar como se quseraprépria pessoa, ‘28s, posses e toda sua propriedade, OCKE, John. Das tatas ste © govern, Trecusso de hao Fschero. S30 Paulo: Martins Fontes, 1996, segundo tratado, Vi § 57, [1 E desse modo um homem obtém poder sobre $ puto no estado de natureza[..) 20 transgrediro ie oe naturez2, @ infrator deciare estar vivendo segunde Fea OOS Sue no a da razdo e da equidade comumn, ara mutual seguranga destes; e, assim, torneree Pervose Para hurmanidade [todo homem pode, por ise Tazo ecom base no diet que tem de preserve g seeranidade em gerl, resting, ou, quando necesséo, estrur 0 que seja nociva a ela, LOCKE, John, Dols tratados sabre 0 govern, Tradusio de uo Fischero,SSo Paulo: Manns Fong, 1996, segundo tratac, 115 8p. 366 ele violénca injustae a carnificina por ele cometidos contra outrem, declarou guerra a toda a humanidade «, Bortano, pode ser destrud como um leo ou um tigre, um desses animais selvagens. LOCKE, John. Dai watados sabre 0 govern, "Tedusto de uo Pechero. Sto Fouos Maris once 1s0e, ‘segundo tatedo, 11 § 16, sate? ROVE" Jules ou quem resolva os confltos, ox incividuos, a0 entrarem no estado de quera em bucu cn inaneas Poderlam se destruin ainda nessa situagis, oo indlviduos poderiam fazer valer sua el e natureza de trons sceproporciona uma vez que nd hé medida pars ace ce aires Contra aqueles queinfingram lei denatureza cejen \dimensionadas e vingadas de forma proporcional, masse contexto, faz-se necessério 0 contrato ¢ Consequente criacéo do Estado, da socledade evi [+] € 2 grande raz pele qual os homens se unem em Sociedade © abandonam 0 estado de naturesn 2u onde existe autoridade, um poder sobre a Tera, $e ual Se possa obter amparo por melo de apele, 2 continuagBo do estado de guerra se vé exclulds ¢ controvérsia decidida por esse poder LOCKE, John. Dols ratados sobre 0 governo. TeadusSo de Julo Fischer S30 Paulo: Metins Fontes, 1998, 9, ai Image sentido, o figsofo afirma que, quando as pessoas por ies uma comunidade au corpo polities, cles, ror arse Yontade, esto submetides a essa communidan os cane; Fenunciando, portanto, & lel naturel de defender Povieres naturals\20 ser'humano no estado’ de netmere de ceecgrmam, pelo contrato social, em poderes politece da Sociedade civil. Locke afirma que [--] apenas existirs sociedade politica ali onde cade ces gtus Membros renunciou a esse poder natura, senrando-o nas mos do corpo politico [..] que passa s Ser érbltro[...] decide todas as diferencas que porvertars @corram entre qualsquer membros dessa sovieduoe LOCKE; John, Dai tratados sabre o governo, TradusSo de ho Fecher. So Palo: Martins Fontes, 1998.9, oy Propriedade privada me acredltava que 9 propriedade privada & um bem Ralendvel, seja, dll de natureza e, portanto, poten date pncmane; No pode, de maneira slguma, ser retiis fomarany pi Parte de tera que, antes pertencente a todos, {ermerem para si. Se no inicio tudo era de todos, & meds Sido ce penso2s foram tomando um pedaco de terra ners fue famanho adequado & sua capacidade de trabali orca de ee assou 2 pertencer a ele tal como se fzease ore Si feu Proprio corpo, Dessa maneira, tal como nde ce mae se aeamcanta @ Vida‘e Integridade de uma pessos, pois Se assim fosse felto,resultaria em um descumprimerts ve de conc Ratureza, dai mesma forma néo ha possibiideds A divisdo do poder fara Locke, 0 govern esté estritamente limitado ¢ Sumere uma fungao que é a protesie da comunideds Sem Interferir na vida.e livre decisfo dos cidadne 14 | Ciesioesuas ee das pessoas, exercendo, Para Locke, o Estado deve s O poder federativo, inseparével do exe: exteriores. Seu papel é o de estabelecers EtionBomeat | a HDS Mscuto07 Jean-Jacques Rousseau 7 soe i Rousseau fol um dos principals pensadores do lluminismo, eve uma vida complicada e chela de altos e baixos, Sua fe Principal & de que o ser humane nasce bom, mas a socieeuaia © corrompe, Rousseau nasceu em Genebra em 1712. Aos 16 anos, salu de casa e fol viver por sua prépria conta, passands, fome e privagdes até que foi morar na casa de Warens, uma madame que acabou por exercer papel de mae, ‘amiga ¢ amante, e 0 ajudou em seus estudos de Musica ¢ Filosofia. Em 1741, fol para Paris com o intuito de ganhar a vida com sua miisica. Inevitavelmente, devido & sua origem humilde e também 20 Insucesso em Paris, Rousseau passou por momentos difcels, © que provavelmente o fez condenar-a vida civil e defender lum retorno & vida natural, ao estado de natureza em que o Individuo era inocente e fell Suas obras mais importantes foram contrato social Publicada em 1762, e um ensaio sobre educago chamado Emillo, ou Da eduucacao, publicado em 1762, Rousseau fol um dos principals pensadores do luminismo, endo 0 precursor do Romantismo devido & valrizagSo da vide natural. Sua contribulglo mais Importante foi a sua resposta Negativa sobre o papel da sociedade na formacdo de um individuo melhor, sendo esse o undamento de sua teoriapolien, O estado de natureza Em 1750, a Academia de Dijon, na Franca, propos um Concurso cujo tema era: *O restabelecimento das ciéncias das artes ter favorecido 0 aprimoramento dos costumes?" ou seja, em que medida o ser humano tornou-se melhor ‘sue Vida moral aprimorou-se com o progresso das ciénclas € das artes, principalmente apés o Renascimento? Omundo de Rousseau vivia o auge dos ideaisiluministas, {ue serviram de motivacdo 8 Revolucéo Francesa de 1789, Desse modo, as pessoas estavam otimistas quanto ao papel de Progresso, uma vez que o mundo tendla a se tornar cada vez mais live © se buscava a felcidade de alguma maneira. Enquanto todos os demais que participaram do Concurso de Dijon foram favordveis ao progresso como Imaneira de aprimoramento do ser humano, Rousseau fol o Unico a discordar e afrmar que 0 progresso das cléncias e 428 artes, 0 progresso da humanidade, nao contribulu para melhorar-o ser humano, mas pelo contrério, 6 tomou pior Para defender esta posicio Rousseau escreveu sua obra Discurso sobre as ciéncias e as artes, ganhando o prémio do concurso em 1750. ‘Segundo 0 filésofo, o ser humano nasce bom, mas 2 Sociedade o corrompe. Sendo um contratualista tal como Hobbes e Locke, 0 filbsofo também utiliza a ideia de estado ‘de natureza para tentar compreender o que o ser humano era antes de viver em sociedade, ou seja, qual éa sua natureza primeira e fundamental. Para Rousseau, o ser humano No estado de natureza ¢ integro, biologicamente sadio. © moraimente reto, ou seja, no hé qualquer vicio ou outra olsa que 0 corrompa, Nesse contexto, Rousseau retome © mito do século XVI do bom selvagem’, afimando que © ser humano é bom por natureza, sendo que toda ordem ‘de males provém de uma vida em sociedade que o afasta de seu estado original. Dessa forma, ele sustenta que © ser humano original 1a livre, soltério e feliz, Vivendo nas florestas, guiava-se ‘somente pelo instinto de autopreservacéo, sem necessitar de ninguém para absolutamente nada. Esse ser humano £4 gulado simplesmente pelos sentimentos naturais, nfo pela razdo, Sua vida se resumia em querer, desejar © temer. Segundo 0 filésofo, esse individuo, o “bom ‘elvagem, buscava simplesmente satistazer seus prazeres clementares: comer, beber,reproduzit-se e fugir da dor, ¢ dessa forma ele era plenamente feliz. Nessas condigées, © Individue estava aquém do bem e do mal, era inocente tal/ como uma crianga para a qual o que é importante 6 Satisfazer suas necessidades, néo tendo qualquer ardmetro cultural de certo e errado. Nessa situecéo, © Individuo estaria bem e tranquilo, pois no estado de hatureza os vicios no apareceriam e, portanto, a paz Felnaria. Cada individuo desejaria simplesmente 0 que ef necessério & sua vida e nada mais, no havia confite OU divergéncia de interesses e, portanto, as pessoas Ado Imaginavam uma vida diferente da que viviam, 2 que, para o filésofo, seria a melhor condigho possivel © mais fevorével para a felicidade, 76 Paucar imeem ee Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas Para Rousseau, 0 ser humano no estado de natureze é livre e solitéro, Esse individuo original tem o instinto natural ¢ este 6 suficiente em si mesmo. Ele no necessita de nada mais. Para sua sobrevivéncia, e esse instinto no o conduz & vida em sociedade. € por isso que no estado de natureza © ser humano quiava-se exclusivamente pelos sentimentos € paixdes, pois, para que existisse sociedade, era necesséria 2 presenca da razao. © ser humano original de Rousseau € fundamentalmente diferente do ser humano em estado de natureza de Hobbes, Para Hobbes, o ser humano é mau e egoista e esté em guerra Contra os outros 0 tempo inteiro, Adatando posicéo contrérla, Rousseau afirma que as pessoas no estado de natureza so otadas do sentimento de piedade que faz com que elas Ino estejam em guerra © ndo sejam, portanto, compardveis ‘2 monstros. Dessa forma, o sentimento de piedade é que faz com que haja uma paz no estado de natureza e no 2 “guerra de todos contra todos” pregada por Hobbes. Tal sentimento de pledade ocupa o lugar das leis, dos costumes e da virtude, ou seja, é par meio dele que as. pessoas podem viver sem que um ameace a vida do outro, Porém, além do sentimento de pledade, © ser humano No estado de natureza é dotado de um sentimento denominado de perfectibilidade, que faz com que as Pessoas busquem se aperfelcoar, se tornar mais perfeitas naquilo que realizam. Somente o ser humano possul tal sentimento, 0 que o diferencia dos outros seres, A perfectibilidade foi o primeiro sentimento a contribuir ara que os seres humanos se juntassem de alguma forma para realizarem alguma atividade, algum trabalho demasiado dificil para um s6 individuo realizar e que exigia 2 contribuicéo de outros, como, para dar um exemplo, transportar algo muito pesado. Assim, as pessoas foram ercebendo que @ vida em conjunto era mais fécll do que 2 vida individual, em que cada qual realiza suas tarefas sem 2 contribuicdo dos demais. Para 0 filésofo, esse sentimento foo inicio de todos os males da humanidace, pois, por causa dele, as pessoas se juntaram pela primeira vez em grupos. Seaté entoa vide era boa porquecos individuos no conviviam, ‘com 0 surgimento das primeiras comunidades apareceram as primeiras familias, o amor, a linguagem, a arte, entre outras, caracteristicas existentes somente em grupos hummanos. ‘Se no inicio dessas primelras comunidades as diferencas entre as pessoas eram pequenas, com o passar do tempo elas foram crescendo. Os mais fortes, mais hébeis, mais belos foram se destacando dentro da comunidad, e com isso vicios como a lnveja, orguiho, cidmes, vaidade, hipocrisia, cobica, entre outros, foram surgindo. Assim, 0 que ni deveria acontecer tornou-se realidade: 5 comunidades, a vida social foi construida. Porém, segundo Rousseau, 0 mal ainda nao havia encontrado seu Spice, que s6 ocorreu com o inicio da propriedade privada, Aguelas pessoas que se destacaram das outras, devido 20 progresso das ciéncias e tecnologia, por exemplo, da agricultura, passaram a possulr mais bens que os demais, ‘ou seja, tornaram-se proprietérios. Dessa forma, Rousseau. diz sobre a propriedade privada, entendida por ele como © maior mal que poderia ter ocorrido na vida humana (© verdadelro fundador da sociedad civil foi primeira ‘ue, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer Isto meu" e encontrou pessoas suficentemente simples ara acredité-Io, Quantos crimes, quantas guerras, assassinios, misérias e herrores no pouparia ao glnero humane aquele que, arrancando as estacas ou enchendo (0fosso,tivesse gritado a seus semelhantes: “defende!-vos de ouvir esse impostor; estarels perdidos se esauecerdes ue 0s frutos s80 de todos © que a terra ndo pertence ‘a ninguém! ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre 2 orgem e 05 ‘unaments de desiguaace entre as homens, TraducSo ce Lourdes Santos Machado, Sao Paulo ‘Abel Cultural, 1978. p. 270 (Os pensadores), aoa Beret [47 Méduto07 © que de pior poderia acontecer acaba por se tornar conereto: a vida em comunidade e 0 surgimento da Propriedade privada. © ser humano salu, entéo, de seu «estado de inocéncia primordial e se corrompeu. Foi dessa corrunsio que nasceu a divisao entre ricos e pobres, Poderosos e despossuidos, Se com a vida em comum 0s Problemas ja haviam aparecido, com a propriedade Privada tais problemas radicalizaram-se, A extrema desigualdade na maneira de viver; B excesso de trabalho de outros; a facilidade de iritar 6 de satisfazer nossos apetites e nossa sensualidade, 08 allmentos muito rebuscados dos ricos, que on utrem com sucos abrasadores e que determinam tantas indigestdes; a mé alimentagdo dos pobres, Gue frequentemente thes falta © cuja cartncla for Que sobrecarreguem, quando possivel, avidamente seu estomago; as vigilas, excessos de toda sorte; os transportes imoderados de todas as palxées; as adios £0 esgotamento do espirito, as tristezas eos trebaihos sem-nimero pelos quals se passa em todos os estavios € pelos quais as almas so perpetuamente corroides ~ so, todos, indicios funestos de que @ majoria de ‘ess0s males é obra nossa e que teriamos evitado auase todos se tivéssemos conservado a mancins simples, uniforme e solitria de viver prescrita pele ‘atureza. Se ela nos destinou a sermos sios, uss uase assegurar que o estado de reflexso é um astado contrério & natureza e que o homem que medita € um ‘animal depravado. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a erigem ¢ os {undamentos da desigualdade entre os homens, Traducdo de Lourdes Santos Machado, S50 Paulo ‘Abril Cultura, 1978. p. 61 (Os pensadores). Nesse momento desencadeia-se uma guerra generalizada entre rieos (proprietérios) e pobres (nao proprietérios, espossuidos). Nessa guerra, s6 quem tem a perder s86 04 Droprietarios, uma vez que os despossuidos no tém nada além de suas préprias vidas. Percebendo que eles seriam os Imelores prejudicados pelo conflto, os proprietdrios lancaram, mo de um argumento capaz de apeziguar 0 espirito dos ‘evoltosos e fazé-los contentarem-se com sua situacéo: © contrato social. Os proprietérios prometeram aos pobres que o Unico ) 02. (PuCPR-2013) Os hésofos que examinaram os funcamentos de sociedade Sentiram todos a necessidade de volar até 0 estado de natureza, mas nenfum deles chegou at Id ROUSSEAU. Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, Sobre a descri¢So rousseauniana de estado de natureza fo Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens & CORRETO afirmar que: 8) O estado de natureza corresponde ao period inical {a criagSo do mundo, canforme encentramos no texto Bidlco, uma importante referénca erica pare Rousseau 8) © estado de natureza corresponde 20 estigio de {desenvolvimento dos indo da Amica do Sul cos sé) tre, ©) 1, ew. (Unicentro-PR-2013) Assinaleaalternativa INCORRETA, 4A) Pode-se dizer que a politica de Maquiavelé realists, Pols procura @ verdade efetiva, ou seja, “como. © homem age de fato". A esse realismo alia-se a tendéncia utiitarista, pela qual Maquiavel pretende desenvolver uma teoria voltada pare a aco eficaz e imediata. 5) Em relag8o a0 pensamento medieval, Maquiavel Procede & secularizacio da politica, rejeitendo 0 legado ético-cristao. 0 Maquiavel se distancia da politica normativa dos egos © medievais, pols n8o mais busca as normas ue definem 0 bom regime, nem explicit quais devem ser as virudes do bom governante, 16. ), Maquiavel esté a procura do principe ideal, indicando {8 normas para conquistar eno perder o poder. Nesta Perspective, nao ha diferencas entre o “dever ser” da Politica cléssica e aquele a que se refere Maquiavel na obra O principe, ©) Embora Maquiavel ndo tivesse usado 0 concelto de razo de Estado, é considerado 0 pensador ue comea’a esbocar a doutrina que vigoraré no século seguinte, quando © governo absoluto, em ‘Steunstdnclas criticas e extremamente graves, a ela ‘ecorre permitinde-se volar norms juridicas, moras, Palticas e econémicas, (Unioeste-PR-2013) Em flosofa potica, © contratualismo \w's2 8 construcéo de uma "teria racional sobre a origem © 0 fundamento do Estado e da sociedade polities" cconstruido com base na Srende dleotomia ‘estado (ou sociedade) de natureza / {estado (ou sociedade) civil” (cf. BOBBIO), senda que a Ppassagem do estado de natureza para o estado civil ocorre ‘mediante 0 contrato social, © modelo contratualista & * Considerando o texto acima e as diferentes teorias ) liferente de Locke que concebe o estado de natureza como um "estado de relative paz, concérdia © hharmonia’, pare Hobbes o estado de natureza é um estado de guerre generalizada, de todos contra todos, de inseguranca e violencia ) @ passagem do estado de natureza para o estado civil corre mediante uma ou mais convengSes, ou seja, ‘mediante "um ou mais atos voluntarios e deliberedos dos individuos interessados em sait do estado de atureza’, ¢ ingressar no Estado civil ators Beau | 23 | Frente a IEEMO 7. (Unioeste-PR-2013) Com isto se torna manifesto que, durante tempo em que os homens vivem sem um poder ‘comum capaz de os manter @ todos em respelto, eles ‘se encontram naquela condico que se chama guerra; © uma guerra que é de todas os homens contre todos: (8 homens. [..] E os pactos sem a espada ndo passam de palavras, sem forca pare dar seguranca @ ninguém. Portanto, apesar das lels da natureza (que cade um respeita quando tem vontade de respelté-as e quando ode fazé-1o com seguranga) se néo for instituido um oder suficientemente grande para nossa seguranca, eda um confiaré, e poders legitimamente confiar apenas fem sua prépria forga @ capacidade, como protecto contra todos. HOBBES, Considerando 0 texto cltado @ 0 pensamento politico de Hobbes, sequem as afirmativas abaixo A situaglo dos homens, sem um poder comum que { mantenha em respeito, é de anarquia, geredora de inseguranga, anguistia e medo, pois 0s interesses egoisticos séo predominantes, eo homem € lobo para © homem. HH, As consequeincias desse estado de gquetra generalizada fo as de que, no estado de natureze, no nd lugar para a IndUstria, para a agricultura, nem navegacdo, hi prejulzo para a cléncla @ para 0 conforto {dos homens. IL. 0 medo de morte violenta @ o desejo de paz com seguranca levam os Individuos a estabelecerem ‘entre si um pacto de submissio para a instituicso do Estado civil, abdicando de seus diretos naturais em favor do Soberano cujo poder é limitade e revogavel Por causa do direito & resistencia que tem vigéncia ro Estado civil assim instituido. IV, Apesar das leis da natureza, per no haver um Poser comum que mantenha a todos em respeito, ‘garantindo a paz e a seguranca, o estado de natureza 4 um estado de permanente temore perigo da morte violenta, e “a vide do homem € solitéria, pobre, sbrdida, embrutecida e curta’ V. 0 poder soberano instituld mediante 0 pacto de ‘submissdo & um poder limitado, restrito e revogével, Pols no Estado civil permanecem em vigor 0s direitos aturais & vida, 8 liberdade © & propriedade, bem ‘como 0 alreito & resisténcia a0 poder soberano. 18. as afirmativas feitas anterlormente, |A) somente a afirmacdc I esté correta B) as afirmagies Ie II est3o corretas, CC) as afirmacbes 11 e Iv estdo incorretas, D) as afirmagées I e V estdo incorretas E) a6 afirmacées 1, Ile IV esto corretas. (Unioeste-PR-2013) Através dos principios de um direito natural preexistente a0 Estado, ce um Estado baseado no consenso, de subordinagio do poder executivo eo poder legisiatvo, de um poder limitado, de dteto de resistencia Locke expés as dretrizes fundamentals do Estado liberal 08810. Considerando o texto citado e 0 pensamento politico de Locke, seguer as aftmativas: 1. Apassagem do estado de natureza para a sociedade politica ou civil, segurdo Locke, é realizada mediante lum contrato social, stravés do qual os individuos singulares, livres e igus dgo seu consentimento para Ingressar no Estado dvi TL. 0 livre consentimento dos individuos para formar 2 Sociedade, a prote;0 dos direitos naturais pelo overno, a subordinecSo dos paderes, a limitaco do poder eo direitc & resisténcia s80 principios fundamentals Go liberalismo police de Locke, m -A violagio deliberads € sistemstica dos direitos naturals © 0 uso continuo da forga sem amparo legal, segundo Locke, no so suficientes para conferir legitimidace 20 diretode resistencia, pois 0 exercicio 4e tal direito causaria a dissolucao do Estado civil e, ‘em consequéncia, 0 retorno ao estado de natureza, 1, Os individuos consentem ivremente, segundo Locke, em constituir a sociedade politica com a fnalidade de reservar e proteger, com o amparo da ll, do arbtrio € da forga comum de um corpo poltico unitério, os seus inallendvelsdlretos naturals & vide, &liberdade 8 propriedade. \. Da dlssolucéo do poder legislativo, que & 0 poder no ual *se unem os membros de uma comunidade para formar um corpo vive e coerente’, decorre, como consequéncia, a dissolicdo do estado de natureza, Das afirmativas feltas anteriormente, |A) somente 2 afirmacSo I esté correta, B) as afirmagées Ie II estio corretas, ©) 8 afirmacies Itt © 1V est8o corretas, D) as afirmacso Il II estdo corretas ©) as afirmagées IIe V estio incorretas. 24 [ caeioesaae Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas SECAO ENEM 01, 02. (Enem-2013) Nasce daqui uma questo: se vale mals ser ‘amado que temido ou temido que amado. Responde-se {Que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é cf junté-tas, é muito mais seguro ser temido que amado, ‘quando haja de fltar uma das duas, Porque des homens se Pde dlzer, uma mene geral, que so ingratos, volves, simuladores, covardes e vidos de luo, e enquanto Ines fazes bem s80 inteiramente teus, oferecem-te 0 sangue, 05 bens, a vida e os fihos, quando, como acima disse, © Perigo esté longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, NO principe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. A partir da andlise historica do comportamento humano em suas relagies socials e polticas, Maquiavel define o homem como um ser ‘A)_munido de virude, com dlspesicéo nata a praticar 0 bem sie aos outros. Possuldor de fortuna, valendo-se de riquezas pare ‘akcancar éxito na politica, ‘uiado por interesses, de modo que suas acées so Imprevisiveise inconstantes aturalmente racional, vivendo em um estado ‘ré-socal e portando seus direitos naturals, )_sectével pr natureza, mantendo relagdes pacicas com seus pares. 8) o) 9) (Enem-2013) Para que no haja abuso, & preciso orgenizar 8s colsas de maneira que o poder sefa contido pelo poder. ‘Tudo estaria perdido seo mesmo gomem ou o mesmo corpo os princpais, ou dos nobres, ou de povo, exercesse esses ‘85 poderes: 0 de fazer leis, o de executar as resolucbes bicas € 0 de julgar os crimes ou as diverg@ncias dos Individuos. Assim, criam-se os poderes Legislative, Executivo € Jucicéro, atuando de forma independente pars 4 efetivario de liberdade, sando que esta néo existe so luma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes ‘concomitanterente, MONTESQUIEU, 8. Do esaito das fis ‘S40 Paulo: Abn Cultural, 1979 (Adaptacéo). A divisio © a independéncia entre os poderes so ondigées necessérias para que passa haver liberdades ‘de um Estado, 1830 pode acorrer apenas sob um modelos Politico em que haje AA) exerciio de tutela sobre atividades juridicase polftcas 8) consagra¢so do poder poltico pela autoridade reliciosa ) concentraglo do poder nas méos de elites técnico- clentincas, D) estabelecimento de limites 20s atores paiblicos e as Insttuigdes do governo, ) reunio das fungées de legslar, jugar e executar nas ‘Bos de um governante elit, 03, 04, (Enem-2012) € verdade que nas democracias 0 povo arece fazer 0 que quer; mas a lberdade politica nao onsite nisso, Deve-se ter sempre presente em mente © ue € Independéncia e o que é liberdade. A liberdade €0 direito de fazer tudo 0 que as leis permitem; se um Cidadéo pudesse fazer tudo o que elas prolbem, néo teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. MONTESQUIEU. Do Espinto das Leis, Séo Paulo: Nova Cultural, 1997 (Adaptacdo). A caracteristca de democraciaressaltada por Montesquieu diz respeito A) 20 status de cidadania que 0 individuo adauire ao ‘tomar as decisdes por si mesmo. 8) 20 condicionamento da liberdade dos cidados ‘conformidade as leis, ©) @ possibilidade de 0 cidadéo participar no poder e, esse caso, livre da submisslo as leis D) 20 livre-arbitrio do cidadso em relac8o aqullo que & Proibide, desde que ciente das consequéncias, ) 20 direito do cidadgo exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais, (Enem-2012) NBo Ignoro a opinigo antiga e muito dlfundiés de que o que acontece no mundo & decid por Deus e pelo acaso. Essa opinigo é multo aceita em nossos dias, devido 8s grandes transformacées ocorridas, © que ©correm diariamente, as quals escapam & conjecture humana, No obstante, para ndo ignorarintelramente 0 ‘Rosso livre-arbitro, creio que se pode aceitar que a sorte \ecida metade dos nossos ates, mas [olivre-arbitrio} nos Permite o controle sobre a outta metade. MAQUIAVEL, 1.0 Principe Brasilia: EdUNB, 1979 (Adaptacto). Em 0 Principe, Maquiavel refetiu sobre 0 exercicio do Poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra © vinculo entre seu pensamento politico e o humanismo renascentista 20 A) valorizar a interteréncia divina nos acontecimentos definidores do seu tempo, 8) rejeitar a intervengao do acaso nos processos politicos. ©) afirmar a conflanga na raz8o auténoma como fundamento da ago humana. ) romper com a radicao que valorizava o passade como fonte de aprendizagem. ) ‘redefinir 2 acko politica com base na unidade entre {8 e raza, Eaitora Barnoull | 25 Médulo 07 05. (Enem-2012) TRQUELE TOIOTA D0 Mel ‘SERA QUE EU ROUBO DE ‘DIZEM QUE DUAS ACoES ‘ELE NKO VAL DevOLvER. WOLTAR £U SEL QUE ROU- ERRADAS NRO FAZEM 0 MEU CAMINNAD. AR € ERRADO, MAS an ceRTA. 0 QUE EU ‘AQUELE TROGLODITA Le ROUBOU De MIM, € FARIA ENTRGP DETXAR A PROVAVELMENTE VRE ‘SE EU WAKO ROUBAR DE ESSOA MALOR FAZER V auepeh-10! VOLTA, MOE VAE FCA ‘SUBS PROPRIAS REGRASE com ele, € 1570 NAO € DEDXAR A FORGA SER O ‘sto! cero 2 "Ae Ie \WATTERSON, B. Calvin e Haraido: © progressocintfco dau "tt". So Paulo: Best News, 1991 De acordo com algumas teorias polticas, @ formaglo do Estado é explicada pela rentincla que os individus fazem de sua liberdade naturel quando, em troce da garantie de direitos incividuais,transferem a um terceto © monopélio do exerciclo da forga. O conjunto dessas teorias é denominado de A) iberalismo. B) cespotismo. ©) socialism D) anarquismo. ) contratualismo, GABARITO aa, Be Propostos 14.0 1. 15,0 020 16.8 03. & bit 17,0 ne ae 06, Secdo Enem one a. ¢ 08. ¢ 20 09. 8 8 10.8 4c ac ose 26 | Catecioestudo - FILOSOFIA Epistemologia Moderna: Qual é 0 caminho que leva a verdade? Racionalismo e empirismo modernos QUAL E 0 CAMINHO QUE LEVA A VERDADE? ‘A questo acerca da obtenc8o do conhecimento seguro € um dos maiores problemas de mundo madero, 0 qual tlfere essenciaimente do mundo medieval. Neste, oindividuo estava submetido as verdades reveladas por Deus por meio da Igreja, que se impunha como detentora do saber e do conhecimento em todas as dreas, da moral & ciéncia do Universo, Temos como exemplo a trajetéria de Giordano Bruno, Gueimado vivo pela Inquisicao, em 1600, por defender 2 teoria do hellocentrismo de Copérnico. Outro exemplo & © de Galileu, impedido de falar e publicar suas ideias por serem estas contrarias as defendias pela lgreja Catélica Na Modernidade, vemos a gradativa desmistificagso do Universo, 0 chamado desvelamento ou desencantamento do Universo, Assim, 0 Universo, a natureza e o préprio ser ‘humane tornam-se objeto do conhecimento, © qual deve Ser construido pelo individuo, nao sendo mais determinado pela autoridade eclesisstica, Apesarde a lareje.ainda exercer grandeinfiuéncianomundo nos meios intelectueis, 0 individu modemo oi recuperando ‘radativamente sua liberdade e autonomia para pensar, As idelas aristotélicas, que até entdo tinham servido como base para a Escoléstica, no eram mais suficientes para fundamentar © conhecimento seguro sobre 0 mundo, AS superstig6es cederam lugar & subjetividade, eo Papel preponderente do ser humano abriu caminho para ® busca do conhecimento verdadelro. 0 mundo se ‘mostrava agora um livre aberto, pronto para ser conhiecido, Nessa nova realidade, surge a questo: qual é o caminho ‘que leva ao conhecimento verdadeiro sobre o mundo? Com isso, a questo do método (do arego methodos: ‘meta: rumo; hodos: caminho que leva a algum lugar), ou seja, da teoria do conhecimento ou Epistemologia, tornou-se urgente MODULO 08 isi Nesse contexto, ocorre uma inverséo de valores © de paradigmas: desde a Antiguidade, acreditava-se no Poder do ser humano para conhecer todas as coisas, ou se), acredltava-se que o ser humano poderia conhecer Plenamente 0 mundo € a si mesmo. Na Modernidade, entretanto, manifestem-se outras questdes: Qual seré ‘8 c@pacidade do ser humano de conhecer? Como ocorre esse Conhecimento? Qual & a orlgem das ideias? Apesar de, na Modernidade, esse problema apresentar Novos contornes, ele no é novo, Basta lembrarmos que a Filosofia tem, em sua origem, a ansia pelo saber. Desde os SeUs primérdios, os flibsofos naturalistas, como Herdclto & Parménides, $6 tentavam solucionar 0 problema do caminho Para © conhecimento verdadeiro, © qual tem sido uma das ‘Questdes mais discutides e polemizadas na historia da Filosofia, Herdclito, por exemplo, acreditava que as colsas do mundo do possuem uma essénciaimutével, por isso, a Unica forma de conhecermos os seres seria por meio das Informacées fornecidas pelos sentidos. 14 Parménides, por acreditar que 05 seres possuem uma esséncia imutével, defendia que a Uinica maneira de acesso a essa esséncia era o pensamento puro, @ razéo, Platéo © Aristdteles, por sua vez, respeitande algumas diferencas que podem relativizar 0 problema, também estavam convencidos de que o conhecimento ere garantido pela busca das esséncias dos seres. Platéo buscava lessas esséncias na realidade inteligivel, ¢ Aristételes, na ‘observacdo da realidade empirica, Segundo Plato, o dnico Instrumento que leva @ tal conhecimento & a alma, onde std a razdo, por meio da ascensdio dialética. 14 Aristételes ‘acreditava que a experléncia levaria, por meio do raciocinio indutivo, a verdade, Bios benoutt | 99 = Médulo 08 Na Tdade Média, Agostinho, principal representante a Patristica, acreditava que a verdade estava dentro do Individuo © que ela sé seria acessivel pela razio, com 2 ajuda da iluminagéo divina. 34 Tomas de Aquino, importante Pensador medieval e maior expoente da Escoldstica, valorizava a utlizacéo dos sentidos para as Ciéncias Naturals © Seu papel no conhecimento da natureza, ‘A questo do método de obtencio do conhecimento é, Portanto, um dos maiores problemas floséficos do mundo. moderno. Na busca de resolver esse problema, surgem dois caminhos que ganham destaque na Modernidade Pracionalismo e o empirismo. Mais tarde, teremos também © eriticismo kantiano, que consiste em uma sintese entre racionalismo e empirismo, Racionalismo 1 ~ (0 racionalismo é uma] doutrina que Privlegia a razBo dentre todas as faculdades humanas, ‘onsiderando-a como fundamento de todo eonheciments ossivel. 0 racionalismo considera que o real &, em ditima anélise, racional © que a raz8o é, portanto, capaz de conhecer real e de chegar 8 verdade sobre a natureza des coisas. Segundo Hegel: "Aqullo que & racional ¢ real, © 0 que é real raclonal” (Flesofia do Dieito, Prefécio), Oposto a ceticismo, misticismo. [..] 3 Contrariamente 20 empirismo (valorizando a experiéncia) e 20 fidelsmo (alorizando a revelacéo religiosa),o racionalismo designe outrinas bastante variadas suscetiveis de submeter 4 razio todas as formas de conhecimento. Em seu sentido Mloséfico, ele tanto pode ser uma viss0 do mundo que afirma o perfeito acordo entre o racional ¢ a realidade do universo quanto uma ética que afirma que as actes © 88 sociedades humanas so racionais em seu principio, ‘em sue conduta e em sua finalidade. JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo, Diciandro sco e Fesofe, Rio de Janeiro: Zaher, 1996. No final do século XV e durante os séculos XVI @ XVII hhouve um entusiasmo pela Matematica (Aritmética, Algebra € Geometria),e acreditava-se entBo, que era possivel apicar ‘© métado matemético, puramente racional, a todas as reas de investigacSo, garantindo a exatido dos conhecimentos aleancades. © que se utlizaria nfo. seriam os nmeros ¢ 08 eélculos em si, mas 0 procedimento dedutivo, isto é, © métado pelo qual a Matemética encadeia as afirmacdes Segundo certa ordem, chegando @ uma concluséo exata €verdedeira, Essa racionaidade caracterizaa vis6o especifca do racionalismo modemo ou “grande racionalismo", Podemos apontar como fildsofos que seguem a linha dos grandes raclonalistas, respeitando as devidas dlferencas: Parm@nides (pré-socrético), Sécrates e Plato (Antiguidade), Santo Agostinho (Idade Média), além dos modernos Descartes, Malebranche, Espinosa, Leibniz e Hegel Empirismo - Doutrine ou teoria do conhecimento segundo 4 qual todo conhecime:to humano deriva, direta ou Indiretamente, da experitncia sensivel externa ou interne Frequentemente fala-se do “empirico" como daqullo due Se refere 8 experiéncia, as sensosées ¢ 8s percepcdes, ‘elativamente aos encadesmentos da razdo. O empirismo, sobretudo de Locke e de Hume, demonstra que ndohé outa fonte do conhecimento seni a experiéncia e a sensacio, As ideias 56 nascem de um enfraquecimento da sensacao €¢ no potiem ser inatas. Dai o empirismo rejeltar todas as ‘especulacies como vis eimpossiveis de cicunserever Seu ‘grande argumento: "Nada se encontra no espirto que nao tenha, antes, estado nos sentidas.” "A no ser 0 préprio esplito”, responde Lelniz JAPIASSO, Hilton; MARCONDES, Dene. Disonsro bfsco de Flosofa, Ro de Janeiro: Zahar, 1996, ‘Se 08 grandes racionalistas modemos ganham espaco ‘nos séculos XVI © XVII, os empiristas, principalmente Locke ¢ Hume, o fazem nos séculos XVII e XVIII, Com © aumento da produs8o industrial, que encontrou seu épice 'na Revolusdo originada na Inglaterra, em meados do século XVIII, 0 conhecimento do mundo passou a ter preocupactes tipicamente praticas, por isso a énfase naquilo que € experimentavel, nos sentidas e em um saber que privilegia © conhecimento e a dominacdo da natureza, Na linha dos grandes empiristas, encontram-se Herdclito (pré-socrético) e Aristételes (Antiguidade Grega), além dos modermios Bacon, Pascal, Locke e Hume, sendo os dois Ltkimos os mais importantes representantes do empirismo moderno, chamado também de empirismo inglés, RACIONALISMO MODERNO René Descartes Conhecido como 0 “pai da Filosofia moderna”, René Descartes nasceu na Franca, 7a cidade de La Haye, regito da Touraine, em 31 de marco de 1596. ‘Aos dez anos de idade, fol enviado para o Colégio Real na cldade de La Fléche. 0 colégio, fundado pelos jesuitas sob a Protesdo do rei Henrique IV, ogo ficou conhecido como uma. {das melhores e mais importantes escolas de toda a Europa, Descartes frequentou essa instituigdo durante 12 anos, onde obteve uma sélida formato cientifica e humanistica, dedicando-se 20 estudo da Léaica, da Matematica e da Filosofia. Logo apés, foi estudarna Universidade de Poitiers, onde obteve bacharelado e licenciatura em Direito. 28 | comets Epistemologia Moderna: qual é o caminho que leva & verdade? Racionalismo e empirismo modernos Retrato de René Descartes, conhecide como o fundador da Filosofa Moderna, Descartes foi um aluno brilhante, tendo seu brilhantismo sua dedicagio levado-o a uma crise profunde em relacao todo 0 conhecimento cientifico e floséifico que obteve fem seus tempos de estudo. 0 filésofo percebeu que todo © conhecimento que aprendera em La Fléche e na Universidade no era to seguro quanto ele desejava, 0U seja, notou que, em contraposicio @ toda e qualquer verdade sempre havia outra ideia, que também se pretendia verdadelra e que a contrariava. No Discurso do método, © fl6sofo afirma: Alimentel-me de letras desde a minha inféncia, , devido 20 fato de me terem persuacido de que por meio delas posia-se adquirr um conhecimento claro € Seguro sobre tudo 0 que é lit & vida, tinha extremo Gesejo de aprendé-Ias. Porém, assim que termine! todo ‘esse curso de estudos, ao Fim do qual costuma-se ser recebido na fieira de doutores, mudel inteiremente de opin, DESCARTES, René, Discurso do método. Primeira Parte, Lisboa: Marfim, 1989. p. 13, essa forma, Descartes se vé Imensamente decepcionado om 0 conhecimento, pois percebe que as ideias que ‘aprendera no poderiam ser satisfatoriamente defendidas ela azo, ou seja, todo 0 conhecimento aprendido até entéo era falho. Empolgado com os avancos da Matemética trazides por Copémico e, principalmente, por Gallleu, e decepcionado com ‘as Humanidades, Descartes acreditava que o conhecimento Seguro deveria ser certo e Indubitavel, tal como séo 98 conhecimentos trazidos pela Matemética, Dedicou-se, ento, a buscar esse conhecimento, néo em livros & tensinamentes, mas em si mesma e no "grande livro mundo”, Na cidade de Breda, conheceu um jovem, de quem se tornou amigo, chamado isaac Beeckman, qué o incentivou '5e decicar Fisica e & Matemstica. Com 0 aprofundamento de seus conhecimentos matematicos, Descartes decidiu. construir-com a Mathesis Universalis (Matematica Universal), lum método com o quel ele poderiaalcancar um conhecimento Seguro e claro sobre © mundo, abandonando as incertezas até entdo reconhecidas nas Humanidades, A partir desse momento, Descartes dedicou-se & escrita de suas obras, tendo sido Discurso do método, Meditacoes metafisicas, Regras para a dlrecio do espirto, Principios de Filosofia e Tratado das paixées da alma suas obres mals importantes, O discurso do método Entusiasmado com os avangos da Matemética e decepcionado com as falhas dos conhecimentos cientifico ¢ filosético aprendidos até entéo, Descartes deu um passo ousado, tomando-se conhecido e admirado como grande pensador Segundo ele, 0 edificio do saber, ou sefa, todo saber ientifico que se pretende correto e verdadeiro sobre ‘omundo eas coisas, no passava de uma estrutura insegura e frégil, que poderia ser contestada pelo uso de argumentos que ‘a abalessem em sua certeza e a tomnasse questiondvel, Dessa ‘meneita, para Descartes, ndo ere possivel confiar em nenhum ‘conhecimento cientfico que nio fosse claro edistinto, ou seja, {ue no fosse transparente para quem a ele recorresse que No fosse inconfundivel com qualquer outra idea. Esta fol a meta cartesiana: encontrar verdades claras € distintas sobre todas as colsas; verdades essas que serviriam como certeza para a constituic#o do conhecimento seguro. Porém, Descartes sabia que o eaificio do saber tinha como fundamento verdades flosdficas que, para ele, também eram insegures. Como poderia ser construido um novo edifcio sobre bases que eram insequras? Para Descartes, sso era impossivel ‘Assim, tomando como base a Matematica, o fildsofo buscou ‘construir com a Mathesis Universalis Matematica Universal -, lum método com 0 objetivo de, por meio dele, garantir Verdades que fossem por si mesmas indubitéveis. Veja que 2 idela cartesiana no era aplicar as niimeros & Filosofie ou as ciéncias, mas sim utilizar a I6gica matemtico-dedutive Para elaborar um método que pudesse garantir que 0 conhecimento alcancado pelo inaividuo fosse seguro realmente verdadeiro. Enereemmati | 99 eke cote Tee ee een” Wiese eee ee ‘grandes racionalistas, respeltando as devidas diferencas: Parmenides (oré-socrético), Sdcrates e Plato (Antiguidade), Santo Agostinho (Idade Média), além dos modernos Descartes, Malebranche, Espinosa, Lelbniz e Hegel. ‘onde obteve uma sélida formacao cientifica humanistica, dedicando-se 20 estudo da Légica, da Ma:ematica e da Filosofia. Logo apés, fol estudar na Universidade de Poltlers, onde obteve bacharelado e licenciatura em Dieta, Méduto 08 Para isso, Descartes eliminou qualquer tipo de conhecimento obtido por meio das experiéncias, pols considerava que os sentidos eram falhos e, portanto, © conhecimento alcancado por meio deles era imprecise, Por essa razBo, Descartes & o grande racionalista moderne, uma Vez que, para ele, somente a razfo, operando com Ideias e dedugSes mateméticas, coneatenacbes de idelas ‘que nao fossem originadas dos sentidos, paderia encontrar as verdades. Porém, nfo bastava aplicar a Geometria ¢ a Algebra ‘Separadas uma da outra, para delas encontrar as verdades. Segundo Descartes, era necessério unir as dues, de modo ue fosse possivel traduzir os problemas geométricos em linguagem algébrica para, assim, aleancar 0 conhecimento sobre as formas geométricas por melo das equacies. Dessa forma, Descartes fundou a geometria analitica, aplicando a Algebra 8 Geometria e estudando as figuras geométricas por meio de equactes algébricas. 5 (6.5) Lg G(45393,5) 8 planos cartesianos ov o sistema de coordénadas no plano Cartesiano permitiram a criagdo da geometria analitica, Para Descartes, procedendo dessa forma, seria possivel alcancar verdades sobre o mundo que fossem evidentes & mente humana e sobre as quais ndo se pudesse duvidar. Nesse sentido, ele afirma, no Discurso do método: ‘Aquela longa cadela de raciocinios, todos simples € féceis, de que os geémetras tém o hébito de se servir para chegar s suas dificels demonstractes, ‘me havia possibiltado imaginar que todas as coisas de que 0 homem pode ter conhecimento derivam, do mesmo modo e que, desde que se abstenha de acetar ‘como verdadeira uma coisa que no 0 ¢ e respeite ‘sempre @ ordem necesséria para deduzir uma coisa da. uta, nBo haveré nada de to aistante que no se possa ‘lcancar, nem de to oculto que se nSo possa descobrir DESCARTES, René. Discurso do métod. ‘Sto Paulo: Abi Cultural, 1972. p. 24. esse modo, Descartes chega a seguinte conclusto: se fosse possivel aplicar 8s cénciase & Filosofia a mesma \égicautlizada ‘na Matemétiea, a qual levava a verdades inquestionavels,, Poder-se-iam encontrar verdades to claras ¢ evidentes ‘Que nem as pessoas mais criativas poderiem ousar duvidar Para Isso, uma tinica coisa era necesséria: um métedo ‘edequado. Portanto, Descartes, antes de buscar conhecer © mundo e oferecer regras que, se bem seguidas @ adequadamente dispostas, levariam 0 individuo 420 conhecimento certo, seguro e verdedeiro sobre tudo aquilo que se pode conhecer, elabora um método pare aleangar tais conhecimentos. O método cartesiano (método pensedo por Descartes para se alcancara verdade s¢ baseia em quatro passos ou regras, Segundo o fildsofo: {seriam) regras certas ¢ fécels que, sendo observadas ‘exatamente por quem quer que seja, ornem impossive! tomar 0 falso por verdadeiro e, sem qualquer estorco ‘mental indtil, mas aumentando semore graduaimente 8 ciénca, levem ao conhecimento verdadeiro de tudo ‘ue se é capaz de conhecer, DESCARTES, René. Discurso do método ‘So Paulo: Abi Cutural, 1972, p. 14 18 ~ Regra da Evidéncia Eo ponto de partida, mas também o ponto de chegada de todo o conhecimento. Mais do que uma reg-a, apresenta-se emo um principio norteador de todo 0 conhecimento. De forma mais simples: o individuo sé deve acolher como verdade aquilo que aparece ao seu espitito, & sua ‘mente, como uma ideia clara e distinta, que seja evidente © Impossivel de ser confundida com outra idela qualquer Tal como 2 + 2 = 4 e dessa conclusto ninguém em sd jgonsciéncia poderia duvidar, sendo que esca ideia aparece 3 mente humana com tal clareza que nenhima outta ideis, Pode se confundir a ela, toda e qualquer verdade deve. obedecer a0 mesmo critério de evidéncia. Essa verdade 6 intuitiva e se autojustfica, ndo necessitando de nenhuma, explicago ou argumento que a comprove. 29 ~ Regra da Andlise Se a Intuicdo da evidéncia se dé na simplicidade, 2 segunda regra diz que, diante de um problema, & necessério dividi-lo em tantas partes quarto for possive, evitando, assim, qualquer ambiguidade que possa aparecer & Confundir a pessoa. De acordo com essa regra, deve-se reduzit © complexo ao simples, de forma que aquilo que era maior se)a dividido em partes menores e indivisivels de um todo, 3° ~ Regra da Sintese Essa regra diz que, enquanto a regra da andlise divide © problema em partes menores, & necessério que esses problemas sejam resolvidos individualmente, comesando dos ‘mais simples ate alancar a resolucio dos mais complexos ou mals difcels, | cateseeaads 30 Epistemologia Moderna: qual é 0 caminho que leva 3 verdade? Racionalismo e empirismo modernos 42 ~ Regra da Enumeragio Essa regra diz que, depois de ter dlvidide 0 problema fem partes menores e de comecar a resolvé-las das mais simples para as mais complexas, deve-se, de tempo em. tempo, voltar-se sobre todo o caminho percorrido e verificar se alguma coisa ficou esquecida, ou seja, fazer revisées constantes para verificar se tudo fol dividido na anélise © ainda se tudo fol resolvido na sintese. Segundo Descartes, aplicando esse método a toda © qualquer pesquisa natural ou filoséfica, 0 individuo encontraria um conhecimento que fosse obediente & primeira regra, ou sefa, que fosse evidente © sem qualquer sombra {de davida. Se observarmos com cuidado, perceberemos que ‘© método cartesian basela-se na simplicidade da resolucao das questdes matematicas, em que se parte da ideia de que 2 resposta alcancada com a resolucgo do problema deve ser exata e indubitvel. Depols, partindo para a resolucao ropriamente dita, divide-se 0 problema e inicia-se sua Fesolugéo das partes mais simples para as mals complexas. No final ou durante o processo, verificam-se todas as ‘operacdes realizadas, observando culdadosamente se nao ficou nada sem ser resolvido ou se nenhum detalhe ficou esquecido, Procedendo desse modo, pode-se afirmar, com certeza, que a resposta obtida é correta, ou seja, é evidente, Cogito, ergo sum! Uma vez estabelecido o metodo, Descartes tem certeze de que uma verdade s6 pode ser aceta como tal se eparecer & mente humana com clreza e dstingo. Desse modo, ele estabelece « modelo universal, a Mathesis Universally que ‘ularé © indviduo em busca de todo e qualauer saber, ou Se), que seriré como instrumento 20 nove edflo do saber, 4 tendo o antigo desmoronado, uma vez que sues certezos tram contestavels Porém, para que esse novo eaificio do saber seja erguido, € necessério que existam certezas claras e distintas da Filosofia, base de toda e qualquer ciéncia. Mas, que certezas ‘seriam essas? Que verdades floséficas poderiam sustentar ‘esse novo eaifico do saber que trouxesse consigo toda clareza € distingSo essenciais a0 saber nos moldes carteslanos? Buscando a verdade filoséfica que sustentaria todo © edificio do saber, Descartes, mesmo néo sendo um cético, Utiliza-se do caminho dos céticos, acreditando que é possivel encontrar uma verdade utilizando-se da duvida somente como instrumento e n8o como um fim em si mesma. 0 Flésofo coloca tudo em diivida com objetivo de verificar se, a0 final, alguma verdade que possa ser considerada indubitével resiste, Dessa manelra, Descartes desenvolve lum caminho sistematico ao colocar em duvida tudo aquilo que até entio era considerado como certeza, 0 que ficou conhecido como a divida metédica, dividida em trés pasos ou estégios 1° momento: Descartes duvida de todas as verdades ‘que tém como fundamento as sentides. De acordo com tle, se os sentidos j8 nos enganaram uma tinica vez, isto J4 0 suficiente para que desconfiemos deles todas as vezes, Portanto, no é possivel acreditar ou confiar em nenhuma verdade que tenha como fundamento os cinco sentidos, ou seja, o-empinismo. ‘Segundo Descartes, no podemos confiar em nossos sentidos, porque uma mesma coisa pode aparecer, em um momento, ‘de um modo, e em outro, de outra forma, tal como ocorre ‘com a cera de vela, 2 qual, aquecida, muda a forma da vele, ‘© 0 material continua o mesmo, apesar de ter mudado, 2° momento: Descartes duvida das realidades do mundo fe de si mesmo, propondo que as idelas que temas de nossa existéncia e do mundo podem ngo passar de jlusdes ou ‘Sonhos. Se algumas vezes temos sonhos to verdadeiros que parecem realidade, nao hé nada que assegure que ‘estamos acordados ou dormindo, portanto, no hé qualquer Iinstrumento ou ideia que sirva para distinguir verdade de sonho, de lusdo. Assim, ele afirma: Lu 1E, persistindo nesta meditagéo, percebo to claramente {ue no exister quaisquerindicis categéricos, nem sinals bastante seguros por meio dos quais se possa fazer uma nitida disting30 entre a vigilia e 0 sono, que me sinto ‘completamente assombrado: e meu assombro é tanto que uase me convence de que estou dermindo. DESCARTES, René, MeditagSesprimetras, In: Mectagbies. So Paulo: Abn Cultural, 1979. p. 87. Eater Boma | 94 = in So D 3 =| rz Méduto 08 ra dereatey, Descartes chega & hipdtese do Deus enganator e @ hipétese do génio maligno, Até entlo, o fiésofo avia desconfiado de todo 0 conhecimento, salvando de sua desconfianga somente a Matematica, que pare ele wan nens cariecimento seguro e exato, porque € totalmente racional. Nesse terceiro momento da divida metSdlea, Descartes cctees ao sped ent au existe no um verdadeiro Deus, que é a suprema forte da verdade, mas um certo génio maligno, go menos astucloso © enganader do que poderoso, que dedicou todo o seu empenho en enganarrme. Perserel ave SY Sat ote, 28 cores, 2s Niguras, os sons todas as colss exterior que vemos néo passam de llsho e feoded ruc Ele utiza para surpreender minha credulidade. DESCARTES, Rend. Metagbesprimeras. In: Medilardes. S85 Paulo: Ab Cultural, 1979.88 * Com a divide metsilea, Descartes colocou em xeque todos 0s conhecimentos que até ent8o eam acetos de maneira ireetide 32 T corde Eotudo Epistemologia Moderna: Porém, 20 final de seu camino em que colocou todas 8s colsas, inclusive as verdades matemiticas, em dlivida, Descartes alcanca a verdade clara, distinta e inabalével que Ssustentaré todo o eaificio do saber, de forma Intuitiva © t80 ‘evidente que seria impossivel que qualquer incividuo duvide dela: a verdade do cogito. Assim, ele afirma: J Somente depois tive que constatar que, embora eu quisesse pensar que tudo era false, era preciso necessoriamente que eu, que assim pensava, fosse ‘alguma coisa. E observando que essa verdad - "penso, logo sou” - era tho firme e slide que nenhuma das ‘mais extravagantes hipéteses dos eéticas seria capaz de ‘bald-la, julguel que podia acelté-la sem reservas como © principlo primeiro da filosofia que procurava, DESCARTES, René, Discurso co método, Tradugdo de 3. Guinsburg e Benta Prado Junior. '$80 Paulo: Nova Cultural, 1987. p, 46, Para Descartes, o individuo pode duvidar de absolutamente tudo. Pode duvidar dos conhecimentos empiricos, de sua lexisténcia e da existéncia da mundo, Pode duvidar até das verdades mateméticas. Ele sé no pode duvidar de que duvide, ou seja, de que pensa, E se pensa, ele exist, Portanto, essa verdade, conhecida como a certeze do Cogito (Cogito, ergo sum! ~ Penso, logo soul), é tao evidente e absolutamente verdadeira que mesmo a divide, até aquela mais exagerada, serve como canfirmagao dela, de forma que o fiésofo afirma, que se deixasse de pensar, ele deixaria de existir Assim, para Descartes, o que garante a existéncia humana ‘no S80 0s sentidos, mas o pensamento puro, O individuo existe enquanto é substancia pensante ou res cogitans. © que garante tanto a existéncla do individuo quanto 2 existéncia de todas as coisas é a substéncia pensante, © eu pensante, [Nesse sentido] existem apenas duas substéncias, tlaramente separades uma da outra e iredutiveis uma 8 outra: @ res cogitans (colsa pensante) que ¢ o individuo, © a res extensa (coisa extensa) que sio as coisas do ‘mundo fora do pensamento. Ares cogitans & a existéncia spiritual do indlviduo sem nenhuma rupture entre pensar © 0 ser, € alma humana como realidede pensante que & pensamento em ato, é como pensamento em ato que @ realidade pensante. & res extensa & 0 mundo material (compreendendo obvismente o corpo humane), do qual, Justamente, se pode predicar como essencial apenas, 2 propriedade da extenséo, REALE, Giovanni. Histo a Flosona Arig, 7: ‘S80 Paul Loyele, 2001, Volume lp 293 jual é 0 caminho que leva a verdade? Racionalismo e empirismo modernos Uma vez atingida a verdade do Cogito, s6 hé uma dinica Insténcia que garanta a verdade sobre o mundo: 0 préprio Individuo. No ha necessidade de se encontrar provas ou Justifcativas, muito menos empiricas, fora do individuo que garantam @ verdade. Toda pesquisa deve somente buscar © grau maximo de ciareza e distingBo, dadas pelo pensamento puro, Se a verdade aparecer & mente humana com clareza € distinglo, essa idela é verdadelra. E justamente por isso ue Descartes representa o maior expoente do racionalismo moderno: ele acredita que as verdades so alcancadas Unicamente pela razio humana e nada mais. O proprio método cartesiano tem como base a razéo, 0 pensamento Claro e distinto que, aplicado adequadamente 20 mundo, 8s ciéncias, produziré verdades claras e distintas Aexisténcia de Deus Por meio da duvide metédica, Descartes chegou & ideia do Cogito, considerando-a indubitivel e autoevidente, Porém, ‘surge outro problema: se 0 fundamento do conhecimento verdadeiro esté na consciéncia,o individuo tem, enquanto ser Pensante, uma multiplicidade de ideias em sua mente, e sobre lessas ideias a Filosofia deve se debrucar a fim de constatar a sua veracidade. E ha ainda outro problema: serd que as ideias {que o individuo tem de um objeto do mundo correspondem verdadeiremente a esse objeto? Como é possivel sar da ideia {emi ealeancar o mundo extemo de forma que ele corresponda exatamente a0 que se pensou dele? As Ideias so puras Tepresentaces mentais ou elas correspondem exatamente a0 undo externo, & realidade objetva fora do individuo? Para responder a essas perguntas, é necessério, em primeiro lugar, compreendermos como Descartes divide essas idelas. Ele as classifica em 3 grupos: 1 Idelas inatas: so aquelas que nascem com individu, que sao intrinsecas & sua conscléncia, So 5 idelas de Deus, de corpo, de formas geométricas = como tridngulos, circulos, entre outras —, que representam em si as esséncias imutéveis, e verdadeiras. 2~ Ideias adventicias: sao ideias estranhas, que vm de fora do individuo, como as ideles dos objetos. 3~ Ideias facticias: so as idelas inventadas pelas pessoas. Essas trés classes de ideias existem subjetivamente na ‘mente humana, A questo para Descartes é saber se elas S80 também objetivas, ou seja, se aqullo que existe na mente também existe no mundo e corresponde 3 realidade das coisas, Para 0 filésofo, as idelas facticias séo llusérias e, portanto, arbitrérias, devendo ser ignoradas. As idelas inatas sé existem ha mente do ingividuo, portanto, nd se referem a nada do ‘mundo externo, j8 nasceram com o individuo e encontram fundamento na res cogitans, nfo sendo questlonéveis, © problema esté, entdo, com as idelas adventicias: seré que ‘quilo que o individuo pensa sobre o mundo corresponde 4 realldade das coisas, ou tais Ideias no passam de uma iluséo? sion aevaati | 39 FILOSOFIA Médulo 08 Para resolver esse problema, Descartes lancou mao da idela de Deus. 0 fll6sofo considera certo que a ideia de Deus existe, ‘mas questiona: teria sido ela criada pelo individuo ou existe Por conta prépria? A ideia de Deus é objetiva ou subjetiva? Descartes considera, nas Medltacées metafisicas: [que @ ideia de Deus se constitul em] uma substincia Infinite, eterna, imutével, independente e onisciente, a {al eu préprio e todas as outras coisas que existe (se é verdade que hé colsas existentes) fomos criados © produzidos, DESCARTES, René. Meditacdesprimetras, In: Mectagtes. So Paulo: Abi Cultural, 1979. p. 87, 'Nesse sentido, 0 filésofo conclul que a ideia de Deus fra inata, porque os seres humanes, sendo imperfeltos € lmitados, nfo poderiam ser a causa de uma idea de perfeicdo © eternidade, uma vez que tal ideia seria o efeito de uma causa, © a causa néo treria a perfeicfo que a idela exige De forma mais simples: a ideia de Deus nfo poderia ter como ‘isa de sua criaco 0 ser humano, porque este é imperelto, © um ser imperfeito e limitado no poderia elaborar @ idela de perfelcio e eternidade. Portanto, a idele de Deus ¢ inata .€56 poderia ter como causa um ser que também fosse perfeito eterno, nesse caso, somente Deus poderia criar essa ideia ‘© colocé-la na mente do ser humane, e, assim, pelo raciocinio de Descartes, Deus existe. Nas palavras do flésofo: [.-] fica evidente que o autor dessa ideia que estd em ‘mim no sou eu, imperfeltoe nite, nem qualauer outro ser; da mesma forma limitado, Tal ideia, que esté em ‘mim, mas no é de mim, sé pode ter por causa adequada um ser infrito, isto é, Deus, DESCARTES, René. Medttagiesprimeires. In: Meditagdes, S80 Paulo: Abn Cultural, 1879. p. 9. quando considero que duvido, Isto é, que sou uma coisa Incompleta e dependente, a ideia de um ser ‘completo © independente, ou seja, de Deus, apresenta- Se a meu espfrto com igual dlstingso e clareza; e do simples fato de que essa ideia se encontra em mim, ou ue sou ou existo, eu que possue esta ideia, concluo ‘80 evidentemente a existincia de Deus e que o minha depence inteiramente dele em todos os momentos da ‘minha vide, que no penso que o espirito humano possa conhecer algo com maior evidéncia e certeze DESCARTES, René. MeditagSes, Tradugto de Jaco Guinsburg e Bento Prado Jnior. Sto Paul: Nova Cultural, 1996. p, 297-298, esse modo, Descartes elatora um argumento denominado de prova ontolégica da existéncia de Deus: a existéncia de Deus é parte integrante de sua esséncla, Assim, é impossivel ter a ideia de Deus sem que ele exista, sendo 0 préprio, riador de sua idela, perfelta e infinita, que a coloca na ‘mente do individuo, ser imperfeto efinito. A idela de Deus, segundo Descartes, a merca que o artes (Criador) ) SECAO ENEM O4. (Enem-2013) Os produtes e seu consumo: constituem 2 meta declarada do empreendimento tecnolduien 02, come Descartes e Bacon eimpulsionado pelo luminisne, ‘nao suraiu “de um prazer de poder” "de um ner, impertalismo humano", mas da aspiracko de liserer'® homem e de enriquecer sua vida, fisicae cuturaimente, CCUPANI, A A teeneogi como probleme floséfco: tks enfoques, Sdentige tule, S30 Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (Adaptante) Autores da fllosofia moderna, notadamente Descartes « Bacon, ¢ 0 projetoiluminista concebem a Cléscls cone uma forma de saber que almeja libertar o homem dee Intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigacao cientifica consiste em 4) 5) 9 >) 5 {2xPor a esséncia da verdade e resolver definkivamente as disputas tedricas ainda existentes oferecer a iitima palavra acerca das coisas que exstem © ocuparo lugar que outrore fet da hiesohe $2 @ expresso da tazso e servir de modelo pare utras areas do saber que almejam o progresco explcitar as leis gerais que permitem interpretar a ‘atureza e eliminar os discursos étieos e religioace, exalicar a dindmica presente entre os tenémenos ‘aturais © impor limites aos debates académiene, (€nem-2013) Texto Ha 6 algum tempo eume apercebi de que, desde meus Primelros anos, recebera muitas falses opinides cone Verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundcl en, Prinefplos to mal assegurados no podia ser sero mor ) 5) retomar o método da tradicSo para ediicar a ciéncia ‘com legitinidace. ‘uestioner de forma ampla e profunda as antigas Ideias e concendes, Tnvestigar os conteddos da consciéncia des homens menos esclarecidos. buscar uma via para eliminar da meméria saberes _antigos © ultrapassades. encontrar ideias © pensamentos evidentes que Aispensam ser questionados. Estar Bernall] 47 03. 04, (Enem-2012) Texto r Experimentel algumas vezes que os sentidos eram ‘enganosos, e & de prudéncia nunca se far intelramente fem quem 8 nos enganou uma vez, DESCARTES, R. Mectacdes Metafsicas ‘S30 Paulo: Abii Cultura, 1978, Texto 1 Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma dela esteje sendo empregads sem nenhum significado, Drecisaremos apenas indagar: de que impresséo deriva esta suposta idela? E se for impossivel atribuir-ine ‘qualquer impressio sensorial, isso serviré para confirmar ‘nossa suspelta, HUME, D. Uma investivacdo sabre o entendiment. ‘S80 Paulo: Unesp, 2004 (adaotaco), Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre 2 atureza do conhecimento humano. A comparaeS0, dos ‘excertos permite assumir que Descartes ¢ Hume A) defendem os sentidos coma eritéro originério para considerar um conhecimento legitimo, 8) entendem que € desnecessério suspeitar do significado de uma ideia na reflexdo floséficae ertca, ©). sB0 leaitimos representantes do critcismo quanto & génese do conhecimento, 1D) concordam que o conhecimento humano é impossivel fem relacao as idelas e aos sentidos, ) atribuem diferentes lugares a0 papel dos sentidos no processo de obtencio do conhecimento. Enesse sentido e por esses motivas que Hume & considerado um céteo, Nasso conhiecimento, nassas pretensBes 3 Ciénca, «em ima anise, no podem ser fundementadas,justiicadas u legitimadas por nenhum principio ou argument racial ‘A maneia pela quel conhecemos e pela qual agimnos no real ‘depende apenas de nossa natureza, de nossos Costumes ede ossos habits... Alguns o cansideram (Hume) um otico, ‘na medida em que nega a possolidade de um conheciment certo, definitive e justicado. Outras o consideram um naturalsta, na medida em que o ceticsmo dé lugar 90 ‘naturalism iso, &posigdo segunda qual énossa natures {ue nos impulsiona 2 julgar e a agi MARCONDES, Dono. Inciado @ Mstéa do Flosofa: os pré-socrétcs awttgenstein. Rio de Jane: Jorge Zarar Ector, 1997. p. 185, © conhecimento do mundo & 6 problema central da flosofa de David Hume. Mas a pergunta que podemos fazeré: ser Aue a ideias que alcancamos sobre o mundo realmente Correspondem aquilo que ele é em si mesmo? ‘Segundo a posicionamento cético de Hume, podemos afirmar que o conhecimento objetivo do mundo & ‘A)_mpossivel, uma vez que o ser humano no tem em si {2s ferramentas naturais que Ihe dao acesso & realidade. 8) impossivel, pois 0 ser humano simplesmente faz ‘eneralizacoes de suas proprias experigncias e no ode pretender que tais eneralizagSes sejam a verdade. absoluta sobre a realdade. ) possivel, pois a Céncia pretende conhecer o mundo de forma objetiva, e se no fossa assim a prépria Cléncio Bo existe, ) possivel, pois o conhecimento nasce des experiéncias reais das pessoas que, por meio de seus sentidos, podem representar 0 mundo objetivamente em sus £)possivel, pois conhecerrequero uso des ides inatas 20 Ser humano, e essa; ideias sBo as mesmas em todos, © que leva todas as pessoas &s mesmas verdades, GABARITO Propostos oa m2 & 03, 05, 06 € Cary 08. ¢ 03, 0 30.¢ an 8 Secao Enem ae 28 03. € 4 8 48 [ colepio estas - FILOSOFIA Immanuel Kant: “O maior filésofo dos tempos modernos” ILUMINISMO ant restume 0 espirito © 0 objetivo do tluminismo na sua ‘magistral obra Resposta 4 pergunta: o que é esclarecimento? (1784), da seguinte forma: Esclarecimento (AufKigrung) & a saida do homem de sua Ienoridade, da qual ele préprio ¢ culpado. A menoridade 6.2 incapacidade de fazer uso de seu entendimento con & Airesto de outro inaividuc. O homem é @ proprio culpads dessa menoridade sea causa dela ndo se encontra na rita de entendimento, mas na falta de decisfo e coragem de servirse de si mesmo sem a dlrecfo de outrem, Sapers ude! (Ousa pensar!) Tem coragem de fazer uso de tea réprio entendimento, tal 60 lema do esclareciments, KANT, I. Resposta& pergunta: 0 que é escarecimento? Ini Texts Seitos.TracugSo de Foiena de S. Femandes, Petropolis: Vores, 1574. 10s, O Tluminismo foi um movimento flséfico do século XVII, ‘ue, desenvolvide particularmente na Franca, na Alemanha na Inglaterra, teve como objetivo retirar o ser humene da escurido da ignorancia e levé-lo 20 esclarecimente Por isso, esse movimento recebeu também o nome de ‘Século das Luzes, Ilustrac3o ou Esclarecimento. © ideal lluminista consistia, assim, em tomar tudo perfeitamente Clare @ compreensivel para a razio humana, de forma Gue somente o individuo pudesse ser o grande artifice ¢ Protagonista dessas conquistas, © tluminismo denunciou {tudo agullo que era obscuro, superstcioso © dogmético, ‘acreditando que a luz da razio critica deveria romper com 2s amarras da autoridade e da forga, transformando o mundo pelo conhecimento, © Jtuminismo & marcado pela busca da Verdade, 9 quel deve marina as trevas da ignoréncta, MODULO 09 ‘Apesar de, em sua origem ser um movimento tipicamente floséfico de busca da iberdade de pensamento, oluminisme Imanifestou-se também em outros campos da Vida humans, como na Literatura, na Arte e na Politica. Nesses campos, © lluminismo representou a uta do ser humane contre o abuso do poder por parte das autoridades, de forma que {odo tipo de autoritarismo deveria ser combatido como aigo traclonale, portanto, inaceitvel. A azo, para olluminisme, ra mats que uma faculdade humane, era uma force que todos ossuiam e que paderia levar o individuo & plena liberdade. dl ser de pensar: Ao se referir & "menoridade da razio", Kant estédizendo que o individuo deve abandonar qualquer tipo de tutela que o impeca de pensar de forma autonama «livre. A religi8o cega, cuja subservigncia leva 3 escravidso do espirito e da mente, é um exemplo do que se deve eviter pare que se possa desenvolver um pensamento livre, as Para este Esclarecimento (AufKarung), porém, nada mais ‘e exige senéo liberdade, E a mais inofensiva entre toda 2quilo que se possa chamar liberdade, a saber: » de fave 10 pUblico de sua raz8o em todas as questbes. KANT, 1. Resposta a pergunta: o que &escarecimento? In: Tertos Seletos. 2 3, Traducdo de Ralmundo Vier. Potréplis: Vozes, 1985, 168, Segundo Schopenhauer, filésafo alemso do século XIX, @ lluminismo teve por érganon (érgao, instrumento) @ lus Interior, @ intulc&o intelectual, a Gnica que pode libertar @ individuo e fazé-Io construtor de um mundo racional e, sobretudo, humano, E importante ressaltar que, quando o Iluminismo se refere 8 razo e a uma busca racional do conhecimento do Universo, Io diz respeito 20 racionalismo como teoria epistemoldgiea, mas sim @ caracteristca universal dos seres humanos, ‘sua capacidade de pensar devido & racionalidade humana AA fazo, para o tluminismo, seria o caminho natural ao ual todas as pessoas poderiam recorrer, com o intulto de se libertarem dos grithées da ignordncia, que perpetuam = Fazdo da forca e nao a forca da razéo, Esse movimento filoséfico encontrou suas raizes nag concepcdes mecanicistas dos séculos XVI @ XVI! e na Revolugdo Clentifica do século XVII. De acordo com eases concepsées, a natureza no age por meio de uma vontade externa acessivel somente a poucos iluminados, mas o Universo é um grande mecanismo que pade ser conhecido or todos. Dessa maneira, pode-se compreender o papel dos enciciopedistas, que tentavam reunir 0 conhecimento sobre @ mundo de forma a torné-Io acessivel a todas as pessose ‘Que dele quisessem se aproximar. Eto Berea | 49 AS QUATRO QUESTOES ESSENCIAIS DA FILOSOFIA Méduto 09 CO lluminismo manifestou-se, naesfera socal, no“despotismo esclarecido”. Na esfera das Ciéncias e da Filosofia, esse ‘movimento apresentou-se como uma tentativa de conhecer 2 natureza com @ intencio de dominé-la e de transformé-le 2 favor do ser humano. No campo da moral e da religiao,, © Iluminismo atuou como instrumento de conhecimento das ‘rigens dos dogmas e das leis que regiam a vida humana, rompendo com toda forma de autoritarismo. Na vida politica, ‘oIluminismo infuenciou a Revolucdo Francesa, de 1789, e0s, ‘movimentos de emancipaciio no continente americano a partir de 1776. No Brasil, os deals luministas tiveram fundamental papel na Inconfidéncia Minelra, em 1789, Na Alemanha, um {dos bersos do pensamento iluminista, omovimento recebeu o ‘nome de Aufkidrung, ou Esclarecimento, e teve como principal representante Immanuel Kant. KANT Representacio de Kant. Immanuel Kant nasceu em 1724 na cidade de Konigsberg, hoje Kaliningrado, Rdssia. Membro de uma familia simples, recebeu uma educagéo exemplar que fei crucial para o desenvolvimento de suas obras. Em um de seus escritos, Kant lembra com gratidéio a educacio recebida de seus pais, principalmente de sua mie, por quem nutria profundo carinho e admiragéo. Tanto na escola do pastor F. A. Schultz, local onde estudou por certo tempo, quanto em casa, Kant recebeu uma educacdo muito severa, marcada pelo rigor religioso protestante, © que influenciou notadamente sua filosofia mara Kant ingressou na Universidade de Kénigsberg em 1740, terminando seus estudos em Filosofia em 1747. Esse Periodo foi de extrema miséria para o fildsofo e sua familia, Em 1755, iniciou 0 doutorado e tornou-se professor livre docente na Universidade de KGnigsberg, assumindo o cargo de professor efetivo somente em 1770. ‘Seu cardter e personalidace foram caractersticas de destaque fem sua vide. Todos os seus bidgrafos afirmam que Kant era um. hhomem integro, extremamente cigna, slstematico,aisciptinado, desprendido e determinado. Os anos que se seguiram a sua entrada como professor «fetivona universidade foram mito importantes para a flosofia, kantiana, De'1770.a 1781, offl6sofongo produziunenhmaobra. ‘Até ento, Kant j8 havia escrito 17 livros, denominades cescritos pré-criticos. A partir de 1781, iniciando a sue fase critica, Kant produz suas mais importantes obras, a Critica da razo pura (1781), Critica da razéo pratica (1788) © Gritica do juizo (1790), para citar somente algumas. ‘Seus titimos anos de vida foram marcados por dols teriveis ‘acontecimentos, O primer foi a perseguicdo por parte do rei Guilherme Tl, que, adepto de idlas reaconérias, ordenou que Kant se calasse, ainda que, 2 essa altura, o filésofo 18 tivesse. reconheecimento internacional. 0 segundo fol a interpretacéo errada de suas obras, fato contra o qual Kant lutou por muito, tempo, mas que, por fim, acabou por vencé-lo. Kant morreu em 1804, aos 80 anos, cego, sem lucidez intelectual e sem meméria. Sem divida, um triste fim ara aquele que ficou conhecido como “o maior filbsofo da Modernidade”, A filosofia kantiana A tradico interpretativa divide o pensamento de Kant em dois periodos: a fase pré-critica ea fase critica, Na fase pré-critica, a filosofia kantiana teve como caracteristica um racionalismo dogmético, com bases, nna tradicgo cartesiana e, principalmente, com influéncia, dos filosofos alemes Gottfried Leibniz e Christian Wolff Porém, apds a leltura das obras de David Hume, filbsofo ‘escocés que desenvolveu um pensamento cético em relacko 3 possibilidade de se obter um verdadelre conhecimento do mundo, as concepcies e certezas que Kant trazia foram ‘abaladas, principaimente em rebgSo & forma de conhecer 0 ‘mundo. Kant percebeu que os quastionamentos dos empiristas, tinham fundamento e precisavamser levados em consideracBo. (0 flésofo chegou @ afirmar que fia partir da letura de Hume. ue ele despertou de seu “sono dogmitico”. & a partir desse “despertar’,portanto, que sua flosofia passa 8 fase critica, com ‘a tentativa de superacio da clcotomia empirisme-racionalismo or melo da critica. & critica kantiana tinha como iiltimo ‘objetivo superar 0 dogmatismo, buscando, pela investigacso, (0s fundamentos do conhecimentoe das mativagaes para a aco. esse contexto de critica fica clara a Intengao kantiana de colocar a razio diante de seu préprio tribunal: ‘Um tribunal que, ao mesmo cempo que ascegure suas leaitimas aspiractes, rechace tocas as que sejam infurcades. KANT, Immanuel. Cita da razio pure. Trad de Manuela Fo dos Santos e Alexandre Frackue Mono, Usboe: FundagoCaouste Gulbenian, 1997. AX BO | weiecnes Immanuel Kant: “O maior filosofo dos tempos modernos” {Ao se propor o desaflo da critica, Kant fez, antes de mals nada, um exercicio de reflexdo, ou seja, a volta do pensamento para Assim, para 0 flésofo, antes de a pessoa colocar-se a conhecer 0 mundo, ela deveria dedicar-se a olhar para dentro de si mesma € verificar suas possiblidades e limites de conhecer Em sau livre Légica, Kant define a Fllosofia como “a ciéncla da relacSo de todo o conhecimento @ de todo uso da razio com © fim Gitimo da razao humana’. Assim, para ofl6sofo, a Filosofia tem como objetivo responder a quatro questées essenciais, que dizem respeito & vida humana e ao seu modo de conhecer, correspondendo, cada uma, 2 uma parte da Filosofia. AS QUATRO QUESTOES ESSENCIAIS DA FILOSOFIA ete ty Eilers een conan ees ee (ornare chamada por ele de Metafsica, Para’ Ka eee Sete ee Si ee eae ise qual et cree or eee serrate Kant busca responder a essa dtima pergunte em seu ce Sr eet foto freee ‘As quatro questBes essencials da flosona para Kant. Critica da razao pura Por uma critica assim, néo entendo uma critica de livros e de sistemas, mas da faculdade da razéo em geral, com respeito a todos os conhecimentos 2 que pode aspirar, Independentemente de toda a experiéncia; portanto, a solucso do problema da possiblidade ou Impossiblidade de uma metafisica em geral ea determinacio tanto das suas fontes como da sua extensio e limites; tudo ist, contudo, @ partir de principio. Assim, enveredei por este caminno,o Unico que me restava seguir e sinto-me lisonjeado por ter conseguld eliminar todos os erres que até agora tinham dividido a razo consigo mesma, no seu uso fora do experiéncia, KANT, I. Cicada raze pura. TaducSo de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradlave Morus, LUsboa: Fundaco Calouste Gulbenkian, 2001. p. 27 28 A Critica da razlo pura, obra fundamental de Kant, apresenta sua Teoria do Conhecimento ou Epistemologia. Nessa obra, © fildsofo elabora a filosofia transcendental, que consiste na teoria sobre as condigées de possibilidade do ser humano canhecer @ mundo, livrando 0 entendimento das conceps6es incorretas acerca da verdade e levando a pessoa ao conhecimento verdadelro e confidvel, o qual ndo é simples especulacio, mas, ao contrério, alcanga a verdade por meio da Ciéncia. aio Benoa | By pt z S ry 3 a BEEN 5.11005 Juizos analiticos e juizos sintéticos 7u20S S50 julgamentos ou anrmacées sobre 2 realidede, “Julzos analiticos ow exp mp . aus ts Ios, os quis esti esos rte tamana¢ : 2 W jie as NCRHEECm alguna canetraica pin ie c i a poster Juco ot oditindo sean continent Hoes ies i = ulzo 80 a priori, ow sei, precedem, qualquer experiéne: a agile es endo anand, rege erSe assim a alferenclacdo entre julzos analiticas @ sintétices. Enquanto os juizos analiticos s80 universais © jo ou on 0%,M88 N80 produzem conheciments NOVO, 08 julzos sintéticos ampliam ¢ Serhecimento, mas criam contestagées; 4H due s8o si frutos de generalzagsec ae SxPerléncias e, por isso, podem muday senas contingentes, rare Kant @Ciéneia baseia-se em um desses ois juizos, sen, oF eaeto sobre o mundo, Por essa razio, ca Cafonhecimento, correspondam 3 real u {Ar clentincoe hlostic, sendo indubitdver, rr aparai assim, as condigbes de possibly, = denperenen 2M aDlicados, Para que essen ufc sejam alcancad ° e*Periénca, © raconalismo ao empinismes § remseaa Immanuel Kant: “O maior fildsofo dos tempos modernos” A Nova Revolucao Copernicana do Pensamento Para que fosse possivel alcancar os julzos sintéticos 2 priori, Kant propds uma Nova Revolucéo Copernicana do Pensamento. Para o fildsofo, era necessério que 2 Filosofia, antes de buscar conhecer 0 mundo, procurasse conhecer o ser humano, buscando descobrir quais so os. seus atributos, caracteristicas e condigées como sujeito conhecedor do mundo (sujeito cognoscente), ou seja, quais. ‘05 aspectos que permitem ao individuo conhecer aquilo que std 3 sua volta, Dessa forma, Kant ressalta que a razio, antes de se colocar a conhecer o mundo, precisa pensar‘em si prépria, verificando seus limites, instrumentos e possibilidades de Conhecer: Com isso, 0filbsofo propée uma mudanca radical de perspectiva, segundo a qual o individuo deixaria de olhar para fora de si, para os objetos do mundo, voltando-se para dentro de si, para sua propria razBo, tentando compreender Guais as condigBes que ele tem para conhecer, como & ossivel conhecer e como se dé o seu conhecimento sobre © mundo. Para exemplifcar suas ideias, Kant utllzou-se da imagem {da Revolucao Copernicana, dizendo que, da mesma maneira ue 0 modelo tradicional de cosmos considerava que o Sol girava ao redor da Terra, e Copérnico sugeriu que 0 movimento era inverso, sendo que a Terra é que gira 20 Fedor do Sol, no é o individuo que deveria se adaptar 20 objeto a ser conhecido, mas sim 0 objeto a ser conhecldo € que deveria se adaptar 8s condigSes que o individuo tem de conhecé-lo. Segundo Kant, sujeito cognoscente e objeto ‘onhecido se relacionam entre si. Nao hé, portanto, uma Predominancia do sujeito sobre o objeto, como defende o racionalismo, nem do objeto sabre o sujelto, como defende ‘empirismo, mas é na relagéo entre os dois que se alcanca © conhecimento, Para Kent, as condigBes das quais o Individuo langa mao Para conhecer 0 mundo so capacidades ou faculdades inerentes & natureza humana e que ihe permite experimentar 0 objeto e pensar aquilo que experimentou, chegande, portanto, ao conhecimento verdadeiro. Essas faculdades néo so subjetivas, no estando, portanto, em lum individuo particular, mas fazendo parte da natureza, humana. Buscando definir quais as condicdes universais ue permitem ao ser humano obter o conhecimento, Kant estabelece, entio, 0 concelto de sujeito transcendental, © qual, segundo o flésofo, consiste na propria condicao humana, comum a todos, @ qual fornece as ferramentas ue so as condicdes de possiblidade para a experiéncia e © pensamento. A essas condiges Kant denomina formas da sensibilidade e formas do entendimento. As formas da sensibilidade e do entendimento Pare Kant, o conhecimento nasce do trabalho conjunto entre © entendimento ~ a razdo ~ e a sensibilidade - os sentidos. Formas a priorida sensibilidade ‘As formas a prior’ da sensibilidade chamadas pelo flésofo também de intuigées puras, s3o 0 tempo e o espaco. Essas formas néo existem como realidades em si mesmas, nao sendo possivel dizer que o espaco eo tempo tém realidades fora do prépria ser humano, assim como outros objetos do mundo fisico. Tals formas existem como ferramentas que tomnam possiveis as experiéncias dos seres humanos. Quando percebemos um objeto, por exemplo uma mesa, € pensamos em determinadas situagées ~ em cima do mesa, embaixo, a0 lado, antes, depois -, s8 & possivel fazer tals afirmagées porque temos as condigBes do tempo edo espaco que nos permite experimentarmos tal objeto, Outro exemplo: quando observamos uma mags, s6 podemos faz6-lo porque a mac& se “encaixa’ nas condicoes que temos de experimenté-la. Sé podemos dizer que a maci ‘esté longe de mim, é grande ou pequena, é maior que uma luv e menor do que um abacaxi porque temos 0 tempo © 0 espaco como formas que nos permitem percebé-a, Os objetos adaptam-se nessas formas - tempo e espace €€86 assim posso experimenté-los. Lago, sem tempo e especo, ‘© ser humano no poderia experimentar absolutamente nada Formas a priorido entendimento As formas a priori do entendimento, © qual consiste na capacidade do intelecto humano de julgar, so também chamadas por Kant de categorias. Estas séo ferramentas das quais 0 ser humano dispe para pensar aquilo que fol lexperimentado, ou seja, s80 as diversas formas que o ser humano tem para alcangar o conhecimento sobre o mundo, ‘As categorias, juntamente com 0 tempo e com 0 espaco, constituem o sujeito transcendental. kant apresenta 12 categorias © Quanto a quantidade: unidade, pluralidade e totalidade © Quanto & qualidade: realidade, negagio e limitacéo. Quanto a retagiio: ineréncia eacidente (substincia e ‘acidente), causalidade e dependéncia (causa e efeito), ‘eciprocidade (aco reciproca entre agente e paciente) © Quanto a modalidade: possibiidade eimpossibiidade, existéncia e inexisténcia, necessidade e contingéncia As categorias sto as lels do intelecto as quais as. colsas que foram experimentadas devem se submeter, © ser humano ordena as coisas e as determina de acordo ‘com as categotias, que funcionam como ferramentas com 'as quais o ser humano pensa aqullo que a sensibilidade (com suas formas a prior! - tempo e espaco) trazem como informagées sensitivas. Assim, por mela das categorias, possivel criar relacdes entre tals informacées, chegando, enti, ao conhecimento (Juizo). ‘Ao definir as formas a priori da sensibilidade e as formas 2 priori do entencimento, Kant buscou tomar possivel @ Formulacéo de julzos sintéticos a prior. Para o flésofo, se 0 ser humano tem em si as faculdades de tempo e de espaco ‘que Ihe permitem obter os dados da experiéncia, dados estes que so pensados pelas categorias, é possivel, entéo, slcancar verdades que ampliem o conhecimento humano ¢ 20 mesmo tempo sejam unlversals e necessérias, Bente [5G Médulo 09 Resolvido esse primeiro problema, surge entéo 2 questo acerca da delimitacao daquilo que podemos conhecer do mundo e se € possivel conhecer a esséncia {das coisas ou somente aquilo que pode ser experimentado. [A resposta para essa questo esté na diferenca entre o noumeno e 0 fenémeno, discutidos a seguir. Notmeno e fenémeno Para Kant, o ser humano s6 pode ter experiéncias sensivels devido ao tempo e ao espaco, ©, uma vez tides fessas experiéncias, ele € capaz, por melo das categorias do pensamento, de erlar conexées com aqullo que fol ‘experimentado, © conhecimento é resultado, portanto, da ‘ago ocorrida entre experiéncla (empiric) e razao (racional). ‘Chamamos de critidsmo kentiano ateoria do conhecimentona ‘qual hé uma interdependéncia entre experiénca e razSo. Essa ‘nova epistemologia & uma sintese entre empiisma eracionalsmo, pols, segunda Kant, conhecimento comeca com a experiéncia © ‘termina com a razlo, sendo que a agdo de uma sem a outra nao permite & pessoa chegara um conhecmento verdadeiro do mundo. 0 processo de conhecimento para Kant Logo, se 0 conhecimento depende da experiéncia e da razio, lento aquilo que no pode ser experimentado no pode ser conhecido, e, com isso, tudo aquilo que no pode ser acessado pelos cinco sentides nao pode sar objeto do conhecimento verdadeir. Fendmeno: sio as caracteristicas do ser que podem ser percebidas pelos sentidas. No é possivel 20 ser humano ‘conhecer nada além do fenémeno (aquilo que aparece), 1 qual pode ser experimentado apartir das formas do tempo fe do espaco para, depois, ser pensado pelas categoria. Para Kant, s6 hé cléncia verdadera (conhecimento universal e necessirio) a partir do fenémeno. Notimeno: consiste na realidade titima do ser, ou seja, 6 2 Idela imaterial de uma coisa, aquilo que ela é em si mesma e que ultrapassa a sua materialidade ou aparéncia, ‘no podendo ser experimentada, mas somente pensada. Onolimeno é a esséncia, 6 aqullc que é dado ao pensamento puro sem qualquer relagao com 2 experiéncia. Como, para Kant, se algo no pode ser experimentado, no pode ser Conhecido, 0 Individuo, por nao ter acesso a essa realidade pelos sentidos, no pode, portanto, conhecé-la. Para Kant, 0 que se conhece do ser é 0 que aparece dele aos nossos sentidos. Dessa forma, a ide de que é possivel conhecer fo ser em si mesmo, a sua esséncia iltima e imutével, no condlz com afllosofia Kantiana. Para ofildsofo, a Metafisica, a busca de lum conhecimento das coisas que estdo além da aparéncia e daquilo que pode ser experimentado, ro é legitima. Se o noumeno &o objeto da Metafisica e ele no pode ser alcancado ou conhecido, ogo, a Metafsica no é possivel como conhecimento. Kant {db outro sentido & Metafisica,J4 que no sentido usu, considerad pelo filésofo uma insensatez dogmnatica, a Metafisca se refere ’ busca de conhecer aquilo que néo pode ser experimentado e que, portanto, ndo pode ser contecido. Assim, 0 ser humano indo tem ferramentas para conhecer 0 objeto da Metafsica, pois este escape a toda possiblidade de conhecimento humane. Contudo, ainda que no possa ser objeto de conhecimento, ela pode ser pensada, A metafisica kantiana ‘Segundo Kant, @ Metatisica no merecia crédito, por tentar conhecer aquilo que é Impossivel ser conhecido, escapando de toda possibilidade de conhecimento human, uma vez que o ser humano néo dispde de ferramentas pare conhiecer aquilo que rndo pode ser experimentado. No entanto, isso no significa que a Metafisica nBo exista. Para Kant, 2 verdadeira Metafisica nao deveria buscar conhecer 0 nodmeno, @ coisa em si mesma, o “ser enquanto ser”, mas sim buscar conhecer 0 ser humano, ‘debrucando-se sobre o sujeito cognoscente para compreender como 0 conhecimento acontece 54 | eaten c eeeeececet C i Immanuel Kant: “O maior filésofo dos tempos modernos” AA Metafisica teria, para Kant, o objetivo de estudar as maneiras como 0 sujeito encontra o conhecimento; logo, seus objetos de estudo sdo as condigées de possibilidade do conhecimento e da experiéncia humana, preocupando-se ‘com as condicBes a priori do sujelto cognoscente de experimentar e pensar 0 que foi experimentado. ‘Todas as vezes que o Individuo se atreve a tentar alcangar verdades sobre aquilo que no pode ser experimentado, ‘ou seja, quando ele se envereda pela Metafisica tradicional tentando compreender, por exemplo, Deus, a Imortalidade da alma ou a liberdade humana, criam-se antinomias (do grego anti-nomia: contradicao das leis, conflto entre as lels). Estas so “verdades” passivels de serem defendidas € 20 mesmo tempo refutadas por argumentos igualmente robustos, constituindo-se, assim, um uso llegitimo da razso. Um exemplo de antinomia é a discussao acerca da existéncia de Deus. E possivel defender tanto que Deus existe e é a causa necessaria do Universo quanto que ele nfo existe, No entanto, no é possivel determinar quem esteja de fato certo sobre esse assunto. Porém, ndo poder determinar alguma verdade sobre a existéncia de Deus, a Imortalidade da alma ou a liberdade do ser humano nao significa que tais coisas ndo existem ou que no tenham papel na vide humana. Se elas nao encontram espaco na Critica da razio pura, em que Kant se dedica a discutir como 0 ser humana alcanga 0 conhecimento verdadeiro, essas idelas encontram lum papel essencial na Critica da razdo prética, na qual Kant reflete sobre as aces humanas. Sle $ 3 : Eg i E at Sannnnnnnnnnrans ‘Selo comemorativo celebrando 250 anes do nascimento de Kant. A moral kantiana ‘A matafisica kantiana, além de ter se preocupado com 2 possibilidade de o sujelto conhecer © mundo, ocupou-se também do campo pratico da moral humana, buscando responder & sequinte pergunta: como o ser humano pode agir com liberdade? Para Kant, 0 mundo exterior ao individuo constitui o campo dda necessidade, pois todas as coisas da natureza seguem leis naturals de causalidade, estando inseridas em relacdes de causa e efelto. O ser humano, ao contrario, como um ser de vontade, tem liberdade para fezer suas escolhas de acordo ‘com os fins que deseja alcangar, nfo senda determinado por leis naturals ou instintivas que guiam suas agies. Segundo Kant, no campo da raz teérica, as possibiidades naturals humanas (formas da sensiblidade e do entencimento) limitam o conhecimento da natureza. O ser humano néo é, entdo, realmente livre nesse terreno. Contudo, no campo dda aco moral, 0 individuo pode agir guiado pela razao absolutamente livre de qualquer determinacéo natural Kant trabalha essa problematica moral em suas obras Fundamentacéo da metafisica dos costumes (1785), Critica a razéo pratica (1788) e Metafisica cos costumes (1797). Nelas, 0 filésofo procura compreender como a acéo humana Pode ser verdadelramente livre, sendo uma aco por “dever". Por “dever’, Kant compreende a acSo ética que deve Qular-se Gnica © exclusivamente pela racionalidade humana, a qual busca principios ou valores racionais que fundamentaréo a aco, livrando-se de todo e qualquer desejo subjetivo que possa desvirtuar a aco correta, Tudo na natureza age segundo lels. Sé um ser racional tem a capacidade de agir segundo a representacéo das leis, Isto é, segundo principios, ou: s6 ele tem uma vontade. Como para derivar as acBes das leis & necesséria 8 rezBo, a vontade no é outa coisa sendo razio pritica, Se a razio determina infaivelmente a vontade, as actes de um tal ser, que so conhecidas como objetivamente Necessérias, so também subjetivamente necessérlas, isto 6, a vontade é a faculdade de escolher s6 aqullo que 2 raz8o, Independentemente da inciinaci, reconhece ‘como praticamente necessério, quer dizer, om, KANT, Immanuel. Runcamentace da metaisca dos costumes, Teduco de Paulo Quintla Lisboa: Ediies 70, 1995. p. 47. Sendo 0 ser humano racional, ele deve utilizar sua racionalidade apenas para buscar os principlos que sero 2 base da agio. Esses principlos esto acima de toda ‘qualquer particularidade, devendo servir @ todas os seres hhumanos sem excecdo, uma vez que a racionalidade humana determinaré os mesmos principios para todos eles, Essa & 2 ética kantiana do dever que, em sua natureza, é tanto brescritiva quanto normativa (prescreve normas): a aco correta é determinada pela razio e o individuo deve segui-la No hd circunstancias pessoais ou relativisme moral que digs {ue a pessoa deva agir de outra forma. Assim, para Kant, 0 ser humano é essencialmente livre Porque é racional. Enquanto todos os outros seres seguem leis determinadas pela sua prépria natureza, o ser humana € 0 Unico capaz de tomar decisoes utllzando sua razso. ‘A moral é, portanto, independente do mundo natural. kant afirma que existem principios a priori de moralidade, © que significa que o ser humano nao precisa experimentar certa colsa ou viver uma situagao concreta para saber o que ‘deve ou ndo fazer. Utlizando sua razéo, a pessoa é capaz de ‘encontrar os principios morals que devem ser colocados em prética. Para encontrar esses principlos, o inaividuo deve partir de outro, em uma espécie de "Yérmula” racional que Kant denomina imperative categérico ou imperativo absoluto. EatoraBemoal | 55 FILOSOFIA Modulo 09 0 imperativo categérico é, portanto, s6 um dnico, que & ‘este; age apenas segundo uma maxima tal que possas a0 mesmo tempo querer que ela se torn lei universal: KANT, Immanuel. Fundementagéo da metafisca (Gos costumes, Tradugso de Paulo Quinte Usboa! Edges 70, 1995.9. 58. Diante de qualquer questo moral, 0 individuo, utlizando-se do imperative categérico, chegaré inevitavelmente 3 resposta do principio que deve gular sua agéo Por exemplo, ae perguntar: o ser humano deve mentir para no magoar alguma pessoa? O sujelto, aplicando © imperativo categérico, deve pensar o seguinte: seré que mentir pode tornar-se uma lel moral universal, (0u seja, serd que todas as pessoas do mundo podem mentir? ‘A razo nos leva a concluir que ndo. Se todos os individuos ‘do mundo tomassem a mentira como um principio, o mundo tomar-se-ia caético, uma vez que nao haveria mals confianca centre as pessoas. Logo, se a razo nos levou a conclulr que ‘a mentire no pode ser utllzada como principio da cao, © individuo no deve mentir, nem mesmo para no magoar alguém, uma vez que, se fossem admitidas excesies, ‘as pessoas agiriam sempre por Interesses préprios, ‘acatando ou rejeitando o principio moral racional de acordo ‘com seus Interesses particulares. [ed uma pessoa vé-se forgada pela necessidade 2 pedir dinheiro emprestado. Sabe multo bem que nso poderd pagar, mas vé também que no Ine emprestarso nada se no prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentagio de fazer a promessa; mas tem ainda consciéncia bastante para perguntar a si mesma: No € pralbido econtrério ao deverlivar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida afaz8-lo, a sua méxima e aco sera: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagé:-lo, embora salba: {ue tal nunca suceders. KANT, Immanuel. undamentagio da metarsca os costumes. Traducso de Paulo Quintela ‘580 Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 130. kant, a0 propor o Imperative categérico, ndo afirmou © que deveria ou nao ser felto, fornecendo somente © caminho racional que deveria ser utilizado para alcancar © principio universal. Se qualquer individuo, de qualquer cultura e em qualquer situago, aplicar © imperativo categérico, ele chegaré & mesma concluséo de todos os outras individuos do mundo. Isso consiste no que Kant chamou de ago por dever, uma aco que ndo admite exceges e que ndo leva em consideracgo necessidades, apetites, interesses, desejos ou circunstancias pessoais @ particulares. A raz8o ordenou por melo do imperativo categirico e 0 individuo deve sempre obedecé-la, ainda que as consequéncias dessa aco Ihe sejam ruins A lei moral é universal, invarlavel, insubstituivel & determinante das acées. Essa liberdade de qualquer determinagéo, exceto a razio para a escola da ac3o humana, foi chamada por Kant de vontade auténoma Quando a vontade & auténoma, ela pode ser vista como utorgando a si mesma ale, pes, querendo 0 imperative categérico, ela é puramente racional e nfo dependente ide qualquer desejo ou inclinacSo exterlor & razB0. [..] Na medide em que sou auténomo,legislo para mim mesmo ‘exatamente @ mesma lei que todo outro ser racional auténom legisla pare si WALKER, Rah. Kant: Kant eel moral ‘Tradugto de Oswald Glactia Niner. ‘Sto Paulo: Unesp, 3999. p. 41. Hé uma diferenga fundamental entre ago por dever ‘e aco correta. O ser humanc pode agir corretamente, sem, no entanto, agir por dever. Se a acdo correta é realizada porque 0 sujeito tem interesses préprios, ele entdo ganhard alguma vantagem, sera bem visto pelas utras pessoas, tendo agido corretamente, mas no por ever. A ago por dever é totalmente desinteressada, no havendo nela qualquer influéncia a ngo ser a da simples racionalidade, a qual determina que 0 sujeito deva agir de determinada maneira. Para Kant, a aco digna é apenas aquela que ocorre fundamentalmente por dever. Veja o fragmento 2 seguir, ‘no qual o filésofo discorre acerca desse carater digno da acéo. No reino dos fins, tudo tem um prego ou uma. clonidade. (Quando uma coisa tem um prego, pode-se pér em vez dela {ualquer outra como equivalents, mas quando uma cosa ests ‘aca de todo 0 preco, e portarto ndo permite equivalente, entéo tem ela dlgnidade. © que serelaciona com as inciinactes fe necessidades gerals do homemtem um prego venal; aqullo ‘que, mesmo sem pressupor uma necessidade, & conforme 3 tim certo gosto, isto é a uma satsfacdo no jogo livre e sem finalidade das nossas faculdedes animicas, tem um preco de afeico ou de sentimento; aqullo porém que constitu @ ‘condigdo s6gracas & qual qualquer coisa pode ser um flm em simesme, nso tem somente um valor relatvo ito é um preco, mas um valor intimo, ist & cignidade, Ora @ moralidade & 3 linia condi¢So que pode fazer deur ser racional um fim emi ‘mesmo, pois 8 por ela Ihe é possvel ser membroleaslador no reine dos fins, Portanto a moraldede ea humaridede enquanto capaz de moralidade, s50 as Unica coisas que tém dignkiade, KANT, Immanuel Fundamentacso da metafsca dos costumes. Traducko de Paulo Quinte. Lisboa: Edlgbes 70, 1988. p.77 Para Kant, o individuo s6 é realmente feliz ¢ livre ‘quando segue sua razio e, por conseguinte, a lei moral determinada pelo imperative categérico. A razio 6 0 ‘que separa o individuo do mundo natural e 6 o que nos diferencia dos animais, os quais seguem determinacées naturals. Se a razdo determina um principio moral, 0 individuo deve segui-lo. Se, pelo contrario, a pessoa nega esse principio racional e decide agir de acordo com seus desejos e necessidades particulares, ela est abandonando aqullo que a diferencia dos outros seres, perdendo, assim, sua prépria dignidade. 56 [ Colecao Estudo “O maior filosofo dos tempos modernos” Timulo de Kant em Kalingrada, EXERCICIOS PROPOSTOS 01. (ueap-2013) ‘Mas, 0 ponto de vista ou a boa vontade nao bastam ara preencher 0 vazio da exclusso. Somos convocados pela Etica a redimensionar o mundo e @ nés mesmos, A tecnologia nada pode contra um poder arealco: a exclusdo no é “fatalidade” é 0 saldo de uma vontade moral, Desejer o ser. E al exatamente que se encontra 8 Vontade ética, isto é, a vontade que quer ser: ser que & Vida, mas também produgéo da social Danie! Lins &socélog, pscanaita & ps-doutor em Flosofia © Professor na Universidade Federal do Ceara UFC. ‘imagem eo texto apresentados fazem referéncia& ética, Para e Filosofia, esté CORRETO afirmar que 8} a Etica & © conjunto de normas impostas pela Sociedade, 8) amoral € a parte de Filosofia que refiete sobre attica ©) a Etica e a moral so a mesma coisa D) a moral € 0 conjunto de normas, valores, que influenciam e condicionam o camportamento humane fem uma sociedade, ) atica ésempre normativa.ea moral &essencialmente cttea, 02. (VENP-PR-2013) Kant expressa 0 mundo moderno em um cific de pensamentos. De ato, isto significa apenas que na flosoia kantiana os tragos essencias da época se refletem como em um espelho, sem que Kant tivesse conceituado '@ modemidade enquanto Kent. 56 mediante uma visdo "etrospectiva Hegel pode entender a flosofia de Kant como autointerpretacio decisiva da modernidade. Hegel vise conhecer também o que restou de impersado nessa expressao mals reetida da época: Kant no considera como cies 2: lfrenciagéesnointerordarazlo, nem as dvisbes formas no interior de cutura, nem em geraladssocagao dessasexeras, Por esse metivo, Kant ignora anecessidade que se manifesta om as separagies impostas peo principio da subjetivdede. HABERMAS, Jurgen. 0 asus floséiico da modemidade, ‘0 Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 30. Dadas as afirmativas sobre Kant, assinale alternative COoRRETA, ‘8) Kant buscava uma sintese entre 0 racionalismo Que acreditave na primazia da razio como fonte: o canhecimento 0 empirisme, que defendia © ‘experiénciaenquanto font priméria no ato de conhecer '8) Kant nunca delxou Konisberg, elaborou na Etica 0 Imperativo categérico que afirmava: “a homem é = medida de todas as coisas e nesse sentido tudo que. procede do homem & humano e stico”. Kent apoiou-se na flosofia de Maquiavel: “os fins Justificam os meios", detendendo uma Etica norteada ela consequéncia € cita Maquiavel como o filésofo ‘da moral de todos os tempos. 1) Na terminologia de Kant, a expresséo julzo sintético 2 prior indica. as afirmagbes dotadas de universalidade © necessidade que seriam as fontes primeiras dos Dreconceitos que levam aos processos de segregacso racial 9 ) Assim como Agostinho apoiou-se na filosofia de Plato pare desenvolver sua filosofia, Tomés de Aquino cristianizou @ filosofia de Kant em suas diversas expressdes, tornando a doutrina kantiana lextremamente absorvida pelo cristianismo, 03. (UFSM-RS-2013) Os filésofos Ame Naess © George Sessions propuseram, em 1984, diversos principics pare uma ética ecoldgica profunda, entre os quais se encontra © seguinte: © bem-estar e oflorescimento da vida humana e néo humane na Terra tém valor em si mesmos. Esses valores fo independentes da utildade do mundo no humano pare finaidaces humanas, Considere as sequintes aficmacdes 1. A ética kantiana nio se baseia no valor de utlidade as acces. 1, “Valor intrinseco" & um sindnimo para “valor em IIL A ética uuitaristarejita a concepeso de que as agdes ‘tm valor em si mesmas. Esté(Go) CORRETAS) A) apenas 1 8) apenas It ©) apenas m1, D) apenas Te I ©) 1, Wem. Eater Berea | 57 laKuceAe Modulo 09 04, os. (UFU-MG-2013) Autonomia da vontade & aquele sua ropriedade gracas & qual ela ¢ para si mesma a sua lel (independentemente da natureza dos objetos do querer) © principio da autonomia é portanto: néo escolher sendo de modo a que as méximas da escolha estejam incluidas simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal KANT, Immenuel. FundamentacSo de Metaeice dos Costumes Tradugo ce Paulo Quintla. Lisboa: Edgdes 70, 1986. p. 85 De acordo com a doutrina ética de Kant: A) © Imperative Categérico no se relaciona com 2 ‘matéria da ago e com o que deve resultar dela, mas om a forma e o principio de que ela mesma deriva. 5 © Imperative Categérico & um cBnone que nos leva ‘2 agit por inclinacdo, vale dizer, tendo por objetivo » satistacdo de paixées subjetivas, Inclinagéo é# independéncia da faculdade de epetico as sensagées, que representa aspectos objetivos baseados em um julgamento universal ) A bos vontade deve ser utilizada para satisfazer 08 desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento determinante do agir, para a satistacao das incinagées. °) (UNESP-2013) Por que as pessoas fazem 0 bem? ‘A bondade esté programada no nosso cérebro ou se desenvolve com a experiéncia? 0 psicslogo Dacher Keltner, diretor do Laboratério de Interacies Soctais da Universidade da California, em Berkeley, investiga essas ‘uestées por varios &ngulos e apresenta resultados surpreendentes, Kettner 0 nervo vago é um feixe neural que se origina ro topo da espinha dorsal. Quando ative, produz. uma ssensagifo de expanséo confortivel no trax, como quando estamos emocionados com a bondade de alguém ou fouvimos uma bela misica, Pessoas com alta ativacgo «dessa regio cerebral s80 mais propensas a desenvolver ‘compatxéo, gratidSo, amor e felicidad. Mente & Cérebro - 0 que esse tipo de ciéncia 0 faz pensar? Keltner - Ela me traz esperancas para o futuro. Que ssa culture se torne menos materalista pcivilegle satisfacdes socials como diverse, toque, felicidade ‘gue, do ponto de vista evoluciondro, sdo as fontes mals ~antigas de prazer. Vejo essa nova ciéncia em quase todas {8 dreas da vida. Ensina-se medltagéo em prisdes e em centros de detencio de menores, Executives aprendem {ue inteligéncie emacional e born relacionamento podem fazer uma empresa prosperar mals da que se ele for focada ‘apenas em lucros DIsponivel em: (Adaptec). De acordo com a abordagem do cientists entrevistado, 2s Virtudes morals e sentimentos agradavels ‘A)_ependem de uma integragdo holistic com o univers. '8) dependem de processos emacionaisInconscientes. ©) séo adquiridos por meio de uma educacSo religiosa, 1) 80 qualidades inatas passiveis de estimulo social ) esto associados a uma educacSo Mloséfica raconalista, 06. 07. (UNESP-2013) A producio de mercadorias€ o\consumismo alteram as percepybes no apenas do eu como do ‘mundo extetior 20 eu; criam um mundo de espelhos, de imagens insubstanciais, de llusdes cada vez mais Indistinguivels da realidade, O efeito refletido faz do sujeito um objeto; zo mesmo tempo, transforma ‘© mundo dos objetos numa extensée ou projecio do eu enganoso caracterizar a cultura do consumo como uma cultura dominada por cosas. © consumider vive rodeado Bo apenas por coisas como por fantasies, Vive num mundo que néo dispde de existéncia objetiva ou indenendente due parece exist somente para gratficar ou contrariar seus desejos, ASCH, Crstopter. 0 minimo eu, 1987 (Adeotacio) Sob 0 ponto de vista ético « floséfico, na sociedade de ‘consumo, 0 inaividuo ‘A)_estabelece com os produtosligagdes que sto definidas Pela separacdo entre razio e emosio. B) representa a reaidade mediante processos mentals essenciaimente objeivos e conscientes. ©) relaciona-se com as mercadorias considerando Proritariamente os seus aspectos utitérios. ) relacione-se com objetos que refletem ilusoriamente seus processos emocionals inconscientes ©) comporta-se de maneira auténoma frente aos ‘mecanismas publicitérios de persuaslo, (Unicentro-PR-2013) 4 Filosofia, como é estudada atualmente, encontra-se submetida a uma grande lespecfeacio quanto 20 universo das seus conhecimentos, Isso se deve, em grande media, a um motivo principal vinculado & perspective de Kant, fildsofo alemao do séeulo XVI, Quanto & perspectiva do conhecimento presente nese ensador, assinale a altemativa CORRETA, A) A Filosofia, 20 aceltar a metafisica, coaduna com 8 Idela de que seria exequivel o conhecimento da realdade em si 8) ‘Filosofia passa a afar que a raz humana possul © poder de conhecer « organizaglo da verdade em si ©) O conhecimento diz respeito & forma como as coisas S80 organizadas pela estrutura interna e universal da prépria razéo, 2} © descabrimento das causas, ov dos principios Primeiros das colsas, oferece 8 verdade @ esséncia {do conhecimento, £) Sua abordagem filoséhca consiste na ideia de que ‘seria possivel epreender as coisas, tals como séo em 58 [ cassioznnds m Immanuel Kant “O maior filésofo dos tempos modernos” a 08. (Unicentro-pR-2013) Tendo como referéncia as diversas 10. _(Unloeste-PR-2013) A necessidade prética de agir segundo yer cancepstes cas, relacione o concaito central da moralidade, ‘este principio, sto €, 0 dever, no assenta em sentimentos, na primeira lista, com o nome do flésofo que a concebeu, Impulsos incinacbes, mas sim somente narlacSo dos sees a a segunds lst, racionals entre si retaco essa em que a vontade de um ser not ecient eaetieu pices raconal tem de ser considerada sempre e simultaneamente comoleaisiador, porque de outra forma ndo podiapensar-se = 1H. Cumprimento do ever ‘como fm em si mesmo. Ara relaciona, pois, cada méxima pea CR eee ‘da vontace concebida como lelsiadora universal com todas ‘8 outras vontades e com todas as ages pare conosco ae 1M, Felicidade como prazer mesmos, ¢ isto no em virtude de qualquer outro mébil a fa Arete prético ou de qualquer vantagem futura, mas em virtude da ideia da dignidade de um ser racional que no obedece a err 2 outre lel senBo Bquela que ele mesmo simultaneamente. a Kart dé asi mesmo, [...] O que se relacona com as incinapes ‘¢necessidades gerais do homem tem um prego venal[.] a Dattaberna ‘qulo porém que constitul a condigéo s6 gragas a qual a a Z ‘qualquer coisa pode ser um fim em si mesma, no tem ‘Assinale a alterativa que contém a associagéo CORRETA. ee iees Prstaa Els Bel eieen een vor oO A) PA IEG, ILD, IB, Iti, isto 6, ignidade. > 8) 1A, ILD, II-B, IV-c. oe bs Sere CConsiderando 0 texto citado e o pensamento éico de Kant, seguem as afrmativas: a D) EC, ILD, IEA, 1-8. 1. Para Kant, existe moral porque oser humana, em gera, ©) 10, 1-8, Iba, vc, todo © ser racional im em si mesmo e valor absolut, a ‘do deve ser tomado simplesmente como meio ou 09. (Unicentro-pR-2013) Assinale 2 alternative CORRETA. Instrumento para o uso arbitrrio de qualquer vontade. ‘A) Para Kant, tudo 0 que conhecemos ver dos sentidos, pols o conhecimento depende das nocbes de tempo € espago, que s8o consideradas por ele realidades externas. 8) Kant.ndo esté interessado em superar a dicotomia racionalismo-empirismo, sua InovacSo consiste em afirmar que a realidade é um dado exterior, a0 qual © Intelecto deve se conformer. ©) Tal como Copémico dissera que no é 0 Sol que gira ‘em torno da Terra, mas sim o contrério, também Kant afiema que o conhecimento no € 0 reflexo do objeto exterior: 60 préprio esprito que constréi objeto do seu saber. Nesse sentido, dizemos que Kant realizou ‘uma revolu¢ao copericana D) Cciticismo de Kant resolve o problema da metafisica {20 abrir caminho para que Auguste Comte, no século XIX, funde 0 posttivismo, levando as citimas ‘consequéncias a capacidade que Kant atribulu 8 rezio de se conformar & realidade exterior ) Kant declara que, gracas 20 filésofo inglés Hume, Bde despertar do sono dogmatico e tomar como Ponto de partida de suas reflexses metatisicas a idela de que existe uma realidade em si que pode er conhecida por nossa razéo, por intermédio de nossos senticos. I, Fimemsi mesmo. valor absoluto,o ser humano pessoa fe tem dignidade, mas uma aignidade que é, apenas, relativamente valiosa por se encontrar em denendénca das condigSes psico-socials e polticoeconémicas. nas. quais vive IIE, A moralidade, nica conciglo que pote fazer de um ser racial fim em sl mesmo e valor absolute, peo principio a autonomia da vontade, e a humanidade, enguanto capaz de moralidade, s80 as Unicas coisas que tém ignidade. 1M, As pessoas tém dignidade porque sio seres livres autdnomos, Isto, seres que se submetem as els que'se {50a mesmas atendendomeclatamente acs apeos de suas inclinacies, sentimentos, impulsos enecessidades. \V. A autonomia da vontade é o fundamento da dgnidade a natureza humana e de toda natureza raconal e, or esta razBo, a vontade no esté simplesmente submetida 8 le}, mas submetida & lel por ser concebida como \vontade legisladora universal, ou sea, se submete & leina exata medida em que ala éa autora da el (moral). as afrmatvas felts anteriormente, 1A) Somente a afracSo I esth incorreta. 18) somente a afrmacéo IH est incoreta ©) as afirmagies If €1V esto incoretas. 1) 8s afirmagies I e Il estSo ncorretas. ©) as afirmagies I, Ike V esto incoretas. Goa tenoatt [59 FILOSOFIA Médulo 09 tis 7 (UFU-NG-2012) 0 texto’ seguir comenta alguns aspectos da reflexdo de Immanuel Kant sobre a Etica, E por que realizamos atos contrérios a0 dever , Portanto, contrérios & raza? Kant gird que & porque nossa vontade é também afetada pelas inclinagées, que 8000s desejos, as palxBes, os medos, endo apenas pela ‘azo. Por isso afirma que devemos educar a vontade para alcancar a boa vontade, que seria aquela quiaca tunicamente pela razéo, CCOTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentas de Flosota ‘S80 Paulo: Saraiva, 2010, p. 301 Sobre @ reffexdo ética de Kant, assinale 2 alternative INCORRETA, A) A aco por dever & aquela que exclui todas as determinagSes advindas da sensibidade, como os esejos, as paixtes © os medos, ‘aco por dever est fundada na autonomia, ou se, na capacidade que todo homem tem de escolher as regras que sua prépria razso construu, ©) Aagio por dever & uma expressio da boa vontade, na medida em que exige que a mesma regra, escolhida para um certo caso, possa ser ulizada por todos os agentes raclonas. 8 By ‘A acho por dever & aquela que reflete um meio termo ou um equllbrio entre as determinacses das Inciinagées e as determinacées da razio, (UFS)-MG-2012) Sobre a questao do conhecimento na flosofia kentiana, é CORRETO afirmar que A) © ato de conhecer se distingue em duas formas bsicas: connecimento empiricoe conhecimento puro. 8) pare conhecer, & preciso se langar ao exercicio do ensar conceitos concretos, ©) as formas distintas de conhecimento, descritas nna obra Critica da raza0 pura, so denominadas, respectivamente, juizo universal e juizo necessério & suficente, 1) o registro mais contundente acerca do conhecimento se faz a partir da distingdo de dois juizos, a saber: Juizo analticoe juizo sintético ou juizo de elucidacao. (UEL-PR-2012) 0 desenvolvimento néo é um mecanismo 90 que age por si, O padrio de progresso dominante Gescreve a trajetéria da sociedade contemparanea fem busca des fins tidos como desejévels, fins que os ‘modelos de produgdo e de consume expressam. € preciso, Portonto, rediscutir os sentidos. Nos marcos do que ‘5 entende predominantemente por desenvolvimento, acelta-se rever as quantidades (menos energia, menos ‘qua, mais eficéncia, mais tecnologia), mas pouco as ualidades: que desenvolvimento, para que para quem? LEROY, Jean Pere. Encruhadas do Desenvolvimento (© Impacto sabre o melo ambiente Le Monde Diplomatique Eras ul 2008. p. 5. 14, 15. ‘Tendo como referéncie 2 relagso entre desenvolvimento «© progresso presente ro texto, & CORRETO afirmar que, em Kant, tal relacSo, contida no concelto de Aufkiérung (€Esclerecimento), expressa |A) 8 tematizacéo do desenvolvimento sab a égide da l6aica de producso capitalist 8) @ segmentacio de desenvolvimento tecnocientifico nas diversas espedalidades, iS 2 ampliag80 do uso publico da razfo para que se \desenvolvam sujeitos auténemos, 9} © desenvolvimento que se alcanga no émbito técnico fe material das sociadades. ©) 0 desenvolvimento dos pressupostos clentincos na resolugéo dos prob emas da flosofa pratica, (UEHA-2011) Na perspectivado conhecimento, Immanuel Kant pretende superar a dicotomia racionalismo- empirismo. Entre as alternativas seguintes, a dnice {ue contém informagdes CORRETAS sobre o crticismo kantiana é: A) A rezso estabelece as condigses de possibilidade do Conhecimento; por isso Independe da matéria do conhecimento, 8B) © conhecimento ¢ constituide de matéria e forma, Para termos conhecimento das coisas, temos de organizé-las @ partir da forma a priori do espaco e ae tempo, ©) 0 conhecimento ¢ constituido de matéria, forma e ensamento. Para termos conhecimento das coisas temos de pensé-las.a partir do tempo cronolégico. ) A raz enquanto determinante nos conhecimentos fenoménicos e nouménicos (transcendentals) atesta ® capacidade do ser human, ©) Chomem conhece pela razdo a realidad fenoménica Porque Deus & quem afinal determina este processo. (UEMA-2011) No texto “Que é esclarecimento?” (1783), © que significa, conforme Kant, @ saide do homem da enoridade da qual ele nesmo & culpado? A) 0 so da razéo crea, exceto quando se tratar de doutrinas religiosas. B) A capecidade de acetar passivamente a autoridade entifica ou poitica. ©) A liberdade para executar desejos © impulsos conforme a natureza instintva do homem, 5) A coragem de ser auténomo, rejettand, portanto, ‘ualquer condiggo tutelar, ©) 0 alcance da idade apropriada para uso da racionalidade subjetia, 60 T cote exude Immanuel Kant: SECAO ENEM 01, 02. (Enem-2013) Até hoje admiti-se que nosso conhecimento ‘¢ devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas ara descobrir, mediante conceits, algo que ampliaese nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto, ‘Tentemas, pois, uma vez, experimentar 2 ndo se resolverdo ‘melhor as tarefas da metafisica, admitindo que os objetos '@ deveriam regular pelo nossa contecimento, KANT, I. Critica da rio pura, Lisboa: Colouste-Gulbenkian, 1994 (Adaptacéo), © trecho em questo ¢ uma referéncia a0 que ficou onhecide como revolugdo copericana na Filosofia, Nele, ‘confrontam-se duas posicbesfiloséticas que ‘A)_assumem pontos de vista opastos acerca da natureza {do conhecimento. B)_defendem que. conhecimento éimpossive,restando-nos somente o ceticsmo. (©) revelam a relagdo de interdependéncia entre os dados a experiéncia a reflexao filosdfice. D) apostam, no que diz respeito a tarefas da Filosofia, ‘a primazia das ideias em relacio aos objetos, )_‘refutam-se mutuamente quanto & natureza do nosso conhecimento e so ambas recusadas por Kant, (Enem~2012) Esclarecimento 6 a saide de homem de sue Imenoridade, de qual ele préprio é culpado. A menoridade Ea incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem 2 diresBo de outro individuo, 0 homem & 0 préprio culpado dessa menoridade se a causa dela no se encontra ne Falta de entendimento, mas na falta de decis8o e coragem de servt-se de si mesmo sem a ciregdo de outrem, “Tem coragem de fazer uso de teu préprio entendimento” tal € 0 lema do esclarecimento, A preguica e a covarcia sé0 a5 causas peles quals uma tio grande parte dos homens, depois que a natureza de hé muito os libertou dde uma condigio estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vido KANT, 1 Respasta & pergunta: 0 que é esclaredmento? Petrépolis: Vozes, 1985 (Adaptacéo). Kant destaca no texto o concelto de esclarecimento, fundamental para e compreensso do contexto flossfico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado, Por Kant, representa, A) 9 reivindicaglo de autonomia da capacidade racional ‘como expressdo da maioridace, 8) oexercico da racionalidade como pressuposto menor diante das verdedes eterna ) a Imposigo de verdades matematicas, com caréter objetivo, de forma heterénoma. ) compreenséo de verdades religiosas que lbertam 0 homem da faita de entendimento, E) atemancipacio de subjetvidade humana de ideologias roduzidas pela prépria razko. O maior filésofo dos tempos modernos” De acordo com Kant, © ato de conhecer é efetuado or meio da relacéo sujelto e objeto, em que se fons ols pressupostos fundamentals. Por um lado, objets que possam ser percebidos; por eutro, o sujelto que assimila @ representacso dos objetos, © sujtto apreerde 3s representagtes numa ordem de sucesséo, pole, oe ‘estas ocorressem de forma simulténea, ndo seria poscina Processar o conhecimento dos objetos, De acordo com essa definicdo de conhecimento, para o Fiésof sexta possivel conhecer ‘A) Deus, pos ele existe e 6 um dos fundementos das agées. B) a alma humana, pols € onde esté a raclonalidade humana, essencial ao conhecimento, ©) a liberdade, uma vez que é a representagio da Possibildade cognitva humana, ) a coisas materia, pois constituem a resldede do ser, ) es ieias nats, pois exstem a prorino entencimeanto humane. Uma mie, tendo preparado 0 almoco para seus dois fihos ue estavam na escola, detxou dos doces de chocolate come 2 meso e part para o trabalho. O primero fhe, a0 cheaee ‘almogou rapidamente, com os oihos presos 8 sobremeca ‘Ao teeminar, cinco pensamentos ocuparam a sua mente, Porém, a menino, estudante de Flosoia, resolveu agit por ‘ever Nesse caso, 0 menino escoiheu '8)_no comer nenhum doce, uma vez que seu irmo no havi chegado, 8) comer um doce e dear 0 outro para seu irmio, por ‘edo de represdia, ©) comer apenas um doce, pols queria demonstrar ao irmo © me sua honestidade. ) nfo comer 0s doces, pols acredita que o lrmio deve Dartcipar do compartihamento, ) comer um doce © deixar 0 outro para o ino, porgue isso 60 certo, -Até agora se supds que todo nosso conhecimento tnha que 8¢ regular pelos objetos; porém, todas as tentatvas de se testabelecer algo a priori sobre as mesmos[..]fecassaram [..1} © mesmo aconteceu com os pensamentos de Caper ue, [.] contra a explicagdo dos movimentos celestes ‘admitindo-se que todo exército de astros girava em tomo do espectacotentou ver se ndo seria mais bem-sucedido 2 deixasse 0 espectacor mover-se e, em contraparti¢a, os astros em repouso, KANT, Immanuel. Crea da rao pur. rei 82 edo, Tradugo de V, Rohde U. 8. Moosburger ‘So Poul: Nova Cultural. 1987 , 14 (Adoptacso) Kant se propés realizar uma nova revolucSo copemicana do Pensamento. Porém, a0 contrério de Copérmico, a revolugso. ‘perada por Kant tem como objeto de transfortnacdo O(a) 4) ser hurmano e sue capacidade de conhecer a si mesmo. 8) mbito moral, pois as acBes humanas dever refit valores universais, ©) conhecimento epistemoliglco, pois oconhecimento deve se adeptar is condicbes do ser humano, ©) 6; pols ele tem papel tivo para as acdes humans )_fenémeno, pois é ele que diz 0 que & a realdace. Esto Berea | 61 20000000000 0000000000 PORHRV00R00R0000000000 | ttegiotaude 62 - FILOSOFIA Filosofia contempordnea: a dialética de Hegelea FRENTE MODULO 10 solucao politica de Marx 0 SECULO DE OURO DA FILOSOFIA ALEMA final do século XVIITe © inicio do século XIX constituiram © chamado século de ouro da flosofia ale. Nesse periodo, verificou-se um florescimento de pensadores da mais alta ualidade, da mesma forma como ocorrido na Grécia Antiga, ‘com Sécrates, Platdo e Aristételes. O século de ouro teve seu inicio com o pensamento de Kant, um dos mais importantes filésofos da Histéria e quem influenciou profundamente o Pensamento dos fldsofos que vieram a seguir, sendo estes chamados, inclusive, de criticos ou seguidores de Kant. Nesse contexto, 0 mundo passava por intimeras transformac6es ~ sentidas em éreas como Economia, Ciéncia, Politica, Arte - que foram de fundamental importancia para © desenvolvimento desse period, Em todos esses campos, @ Revolugio Industrial, iniciada na Inglaterra no final do ‘século XVIII propagada por toda a Europa e pelos Estados Unidos, teve um papel de destaque, valorizando no somente © conhecimento teérico produzido nas universidades, mas principaimente o conhecimento pratico, construido no “chic da fabrica’, nos laboratérios e nes academias, propiciands Luma nitida mudanga no que se refere As relagdes de trabalho 8 valorizaco do ser humano. AA Revolugo Industria! representou inimeras transformactes 'ndo apenas na estera prética, mas também na hlosétien, No campo social, ocorreu a consolidacéo da burguesia enquanto classe social detentora do poder econémico, ecupando cada vez mais espaso na politica. Esse ‘movimento de libertacao da classe burguesa iniciou.se com a Revolugo Francesa, em 1789, e ocupou cada vez mais espaco na mente das pessoas, que, com 0 intuito de se verem livres dos antigos entraves representados elo poder monérquico, lutavam por direitos politicos, ela formacao e consolidacdo de um Estado de direits © pela separacao definitiva entre Igreja e Estado © proprio lema da Revolucdo Francesa -“liberdade, igualdade ¢ fraternidade” ~ representava os Ideais das pessoas desse Periodo de transformasdo as quals buscavam cada vez mais 2 garantia de seus diretos ea liberdade individual de erenca, de politica e de pensamento, ‘Ainda no campo social, destacou-se a crescente lute da classe trabalhadora por seus direitos, almejando maior Participacéo nas transformagées pelas quais o mundo estava pasando, Enquanto os burgueses tinham cada ver meis seus interesses atendidos, 0s trabalhadores, até entao utlizados ‘como massa de manobra nas mos da burguesia, encontraram- 'e desprovidos de privlégios e passaram, ento, ase organizar 1a luta por seus interesses, priorizando, sobretudo, o fim da opressdo. Nesse momento, deu-se a formago das primeiras, ligas operdrias, dos sindicatos e dos partidos operérios, que lutavam em prol da classe trabalhadora. ‘No campo da politica, ocorreu a consolidacéo de duas doutrinas equidistantes: o liberalismo, de Adam Smith (1723-170) e David Ricardo (1772-1823); e o soclalismo, ue se dividia em dois ramos: o sacialismo utdpico, que teve como principals representantes Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) © Robert Owen (1771-1858), que defendia um mundo ‘Mais justo @ partir da “boa vontade” dos ricos e poderosos; © 0 socialismo cientifico ou marxista, critico ferrenho {do socalismo utdpico e que via apenas na revolucgo.o caminho ara a5 transformagdes necessarias no mundo capitalista, Os pensadores liberais, defendendo os interesses burgueses, colocavam-se a favor da no intervencdo do Estado na economia, acreditando que esta deveria se reger pela ‘égica prépria do mercado, por meio da livre-concorréncia, ‘manifestada na lel da oferta e da procura. Editora Bernoulli | 63 Méduto 10 Os defensores do liberalismo acreditavam também ‘na diviso do trabalho coma fator essencial para que © sistema funcionasse, fazendo com que a producéo ‘rescesse a partir da maior demanda, que, por sua vez, levaria a0 desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas 4 producdo, 0 que traria como efeito o aumento da qualidade dos produtos e a reducdo dos pregos. Além disso, para 05 liberalistas, o valor pago 20 operdrio por sua forca de ‘trabalho deveria ser suficente para possbilitara subsisténcia dele ede sua familia, a qual se tornaria também consumidora, movimentando, ento, a roda da economia em um ciclo virtuoso de crescimenta e desenvolvimento. © socialismo questionou essa légica liberalista de desenvolvimento, afirmando que o sistema capitalista de producéo coneretizava-se por melo da explorac3o do trabalhador assalariado, 0 qual se alienava no processo Produtivo, tornando-se somente mais um produto da economia capitalista. Para os socialistas, esse sistema de exploracio deveria ser desconstruido e, em seu luger, deveria ser implantado um sistema mais justo, no qual as Felagbes de trabalho ndo se dessem pela exploraco, mas ‘sim pela participagio de todos - burgueses e trabalhadores -, {ue teriam garantidos os mesmos direitos juridicos, socials © econdmicos, Os trabalhadores comecaram a formar as ligas operérias, os sindicatos e os partides opersrios, durante 0 século XIX, em busca de uma sociedade mais justa ‘Algm do liberalismo e do socialismo, outra doutrina de destaque nesse contexto fol o anarquismo, que defendia ®@ supresso de toda forma de poder e de governo a fim de alcancar uma liberdade geral. Dentre os principals Pensadores do anarquismo, destacam-se Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), que defendia uma repiblica de pequenos proprietérios, acabanda com 0 Estado, e Mikhall Bakunin (1814-1876), que acreditava que s6 por meio da revolugio o Estado poderia ser destruido, constituindo-se, 2 partir disso, uma socledade igualitaria. Nesse cendrio de transformagées politicas, sociais @ econdmicas do século XIX, ecorreram diversos confitos que marcaram profundamente o mundo contemporaneo, ue, 2 despeito do avanco industrial e econémico das classes burguesas, via-se, também, diante de um crescente empobrecimento do proletariado, cada vez mais insatisteito ‘com sua condigdo. Nas cidades, ao mesmo tempo que Cresciam os polos industria, evidenciava-se a pobreza dos trabalhadores, Diante desse quadro, contitos como as Revolugées de 1848 e a Primavera dos Povos tornaram-se inevitavels. A luta contra 0s regimes autccréticos e contra as péssimas Condicdes de vida, devido & crise econdmica e 8 falta de representatividade politica das classes médias, ‘concomitantemente ao crescerte sentimento de nacionalismo or parte das minorias da Europa Central e Oriental, fol Fesponsével pela eclosio de confltes em grande parte do ontinente europeu. Os confitos de caréter nacionalista, liberal e democrético eram encabecados pela burguesia ¢ Pela nobreza, ¢ os de caréter anticapitalista tinham a frente. as classes trabalhadora e camponesa, Essa fotografia mostra a grance reuniéo de operdrios em Kennington Common, no dia 10 ce abril de 1846, Nesse periodo, as ciéncias passaram por profundas e importantes descobertas. Nas ciéncias da natureze, Albert Einstein (1879-1955) desconstruiu 0 mundo newtoniano om sua Teoria da Relatividade, e Charles Darwin (1809-1882), com a Teoria da Evolucdo das Espécies, causou um verdadeiro furor no campo da Biologia ‘A Medicina também vivenciou mamentos de transformacéo com os estudos genéticos de Gregor Mendel (1822-1884) © sua teoria da hereditariedads. Nas cléncias humanas, fol de fundamental Importancia o desenvolviments da psicandlise, de Sigmund Freud (1856-1939), trazendo 4 tona a ideia do inconsciente como 0 responsdvel pela ‘maiorla das agées humanas, o que levou ao questionamento sobre a liberdade humana e a possiollidade do individuo de autodeterminar-se. 64 | conics Filosofia contemporanea: a dialética de Hegel e a solucdo politica de Marx Como consequéncia das transformacées ocorridas no mundo no final do século XVIII e Inicio do século XIX, evidenciou-se uma reviravolta na maneira de as pessoas se relaclonarem, se organizarem e de pensarem, trazendo profundas consequéncias & Filosofia, Na Filosofia, os principais pensadores desse periodo foram considerados seguidores ou crticas de Kant, dividindo-se em idealistas e realistas. Os idealistas acreditavam que a ideia, © pensamento, prevaleceria sobre as coisas do mundo, ou seja, que o conhecimento sobre o mundo partiria da idela que © Individuo tem dele; logo, o sujelto pensante prevaleceria sobre 0 objeto pensado, posicéo esta defendida pelos racionalistas, com os queis esse grupo se identificava, 18 o5 realistas, cujo pensamento estava mais igado ao empirismo, ‘acreditavam que o mundo natural deveria prevalecer sobre © sujeito pensante, e, assim, a realidade se impunha a0 ensamento, 0 qual buscaria apenas apreendé-ta © pensamento idealista difundiu-se principalmente com © chamado Idealism alemo, do qual fazem parte os. rincipais pensadores desse perlodo, destacando-se entre eles Fichte (1762-1814), Schelling (1775-1854) e, principaimente, Hegel (1770-1831), um dos maiores expoentes dessa doutrina filoséfica FRIEDRICH HEGEL Representacso do Flésofe Hegel. Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu na cidade de ‘Stuttgart, Alemanha, em 170. Sua vida académica e sua producto filosdfica foram admirdvels, destacando-se, entre suas publicagées mais importantes, A fenomenologia do espirito (1806), A ciéncia da légica (1812), A flosofia da historia (1818) e A filosofia do direito (1821), Em 1829, Hegel assumiu 0 cargo de reitor da Universidade de Berlim nessa época, ganhou fama e prestigio, O flésofo morreu em 1831, vitima da célera, Entusiasta da Revoluglo Francesa, Hegel assumiu, mesmo que teoricamente, um espirito revalucionério, que 'e espaihou pelos melos Intelectuais da Alemanha. Nessa poca, a Alemanha vivenciava momentos dificels em relagdo economia, as estruturas sociais e aos valores, os quais, Se viam esvaziados de sentido diante de tanta pobreza, Nesse contexto, muitos intelectuals alemdes, entre eles Hegel, assumiram um posicionamento idealist, 0 que ines Permitiia elaborar formas de compreender o mundo e o ser humano de maneira desvinculada da realidade, dando-Ihes 2 oportunidade de se afastarem dos problemas enfrentados pela Alemanha no periodo, refuglande-se dentro de si mesmos, 0 termo "idealism aleméo" refere-se a esse grupo Hegel talvez seja um dos pensadores mais dficels de ser compreendido, devido & sua escrita exageracamente técnica © a0s novos conceitos que elaborou, rompendo com os entendimentos tradicionalmente vigentes, como os conceitos de espirito, razo e pensamento, Enquanto 0s pensadores anteriores, como Descartes, Locke, Hume e Kant, para citar somente os modernos, dedicavam-se a pensar como seria possivel encontrar um conhecimento verdadelro e eterno sobre 0 mundo, Hegel, principal representante do idealismo aleméo, acreditava que a Historia é dindmica e que a verdade acompanha a Historia. Para tanto, o flésofo aleméo dedicou-se a pensar uma forma histérica de conhecimento do mundo e do ser humano. Para ele, se a Histéria se transforma, estando ‘© momenta histérico em constante mudanca, enti a verdade ‘acompanha esse momento, estando também em constante transformacao. Nao haveria, pols, um conhecimento eterno © estével acerca do mundo e da moral, mas sim lum conhecimento que acompannaria 0 desenvolvimento historico, atendendo as exigénclas de cada época, ‘Com isso, Hegel no quer dizer que cada pessoa tem a sua verdade particular, sendo esta subjetiva, mas sim que 2 verdade que serve pare todos, em um dado memento, se transforma coletivamente, de maneira que o momento atual © seu conhecimento devem ser um aprimoramento do momento anterior. Consequentemente, a verdade do momento atual também deve ser diferente e melhor, acompanhando © desenvolvimento histérico das geracdes. ‘Ao propor essa nova forma de pensar, a intencio de Hegel era encontrar critérios que servissem como base de ‘compreensio de Histéria em transformagdo. Editora Bernoulli | 65 Méduto 10 AHistoria Na Histére, 0 pensamento ests subordinado 20s dados da Fealidade, que mals tarde server como guia ¢ base pera 0s histofiadores. Por outro lado, afirma-se que a Flosona Prodluz suas ideias a partir da especulagao, sem levar em Conta os dads fornecidos. Sea Filosofia abordasse a Fistor com tis iceias, poder-sevia sustentar que ela ameaceria «a Histéria como sua matéria-prima, nfo a deixando como é, ‘mas moldando-a conforme essas ideas, construindo-a, por assim dizer @ prior. Mas, como se supée que a Histéra ‘compreenda os acontecimentos e acSes apenas pelo que sae foram e que, quanto mais factual, mais verdadeira la é, arece que o método da Filosofia estaria em contradi¢ad ‘com # fungso da Histéria, HEGEL, G. WF. razdo na Histéria ~ uma introdugéo geral 2 Flosofia da Histra, Traducto de Bestrz ‘Sidou, S30 Poul: Eo, Centauro, 2001. p22 A Histéria ocupa lugar central na filosofia hegeliana, segundo a qual o contexto histérico é 0 ponto de partide do conhecimento. Para Hegel, a Histéria constitu tudo aquila, que & proprio de determinada époce, o que ¢ resultado dos acontacimentos passados e da elaborac3o do pensamento, ou seja, tudo que as pessoas pensam em determinado ‘momento é resultado do desenvolvimento historco, Porlsse, filésofo afirmou que a verdade no era eterna e tnica, mos ‘@companhava esse desenvolvimento da Historia, Como exemplo, poderse citar a época da escraviddo no Brasil, na qual a idela de que o negro era um ser inferior, de natureza pior, sendo consideredo inclusive um animal no humano, era comum entre os brancos, Essa crenca, de certa forma, justificava 0 péssimo tratamento 20 qual 0s negros eram submetidos, trabalnando exaustivamente para seu “dono” e sendo castigados, Embars ‘No aceita atualmente, naquela época, tal idea era tda come, Correta, tornando:se, naquele contexto, uma verdad. Porém, Como pasar do tempo e com as transformagies da Historia, 380 idela se alterou. O que era tide como verdade ha algung séculos hoje inconcebivel. Aquilo que era considerado. Werdade acompanhou as mudancas da Historia, e, por isso, hoje pensamos a mesma questo de forma difere*te Pelo exemplo, percebe-se que as ideias de certo e errado, de bom e mau, de justo € injusto, assim como ae lacing “clentificas” sobre a natureza dos indivivuos brancos Negros, alteraram-se, e esses mudancas de concepsbes sé foram possiveis devido as mudangas do contexto histories Logo, ndo se pode dizer que a verdade antes de 1885 ~ eriodo no qual os negros eram escravizados e considerados Inferiores no Brasil ~ estava errada, pols sso sigrificariajulgar fatos passados com os olhos do presente, um anacronismmo, Para Hegel, sendo os momentos historicos diferentes dng dos outros, em cada um deles a concepedo de verdade € adequada ao seu contexto, uma vez que essa verdade ‘esté em consonéncia com os valores, os preceitos, as delng € wivéncias préprias de sua époce, Por isso, pare Hegel, a Histéria & dindmica, estando em constante mutablicade, Ainda segundo Hegel, as constantes mudancas na Histéria sdo acompanhadas de uma progressiva melhora. Ou seja, a Histéria se encontra em ura Processo evolutivo e, medida que se transforma & evolui, a5 verdades mudam e evoluem junto com ela Se hoje as pessoas negras so consideradas, pela lel brasileira, iguals as brancas, devendo receber © mesmo tratamento, isso se deve ao progresso da Histérla e a9 consequente progresso cas idelas. Para Hegel, esse Progresso é um sinal da maturagéo da humanidade, Que esté constantemente progredindo dentro da Historia Fumo 0 seu pleno desenvolvimento, Da mesma forme, ® consciéncia acompanha esse desenvolvimento, © 0 ser humano se aprimora dentro dessa concepcéo de progresse, Hegel acreditava que chegaria um momento em que haveria o pleno desenvolvirento e o autoconhecimento ds hhumanidade, & para esse momento que a Histéria © 0 ser humano caminham, 0 Espirito do Mundo e a dialética Hegel afirma que a realidade histérica € “Espirito”, © gue significa que a Histéria no é vista como algo estSvel ou substancial, mas, ao contrério, como uma realidade que cesté em constante mutacgo, sendo, por isso, sufeito, Pare Hegel, @ realidade nao & algo em si mesma, mas é, antes de tudo, movimento e processo evolutivo. Esse movimento a realidade, chamado pelo fiésofo de movimento lalético, ou simplesmente de dlalética, € definido como um process constituido de tese (afirmacao}, antitese (negacio) esintese (negagio da negacao), Segundo Hilton Japiasst e Danilo Marcondes: {1 Em Hegel, a clalétca 6 o movimento radonal que nos Bermite superar una conrad, Nao éum metodo, Mesteg ‘movimento conjunto do pensamento edo eal: “Chamamneg de calticao movimento recora superior em favor dosnt esses termos, na aparénc separados (0 ser © 0 nasa, assem espontaneamente uns nsoutros em viride weary Aaquio que ees s80,encontrndo:se eliinads a potce de sua separasio", Para pensarmosa Hts, de hegek Importa-nos concebé-a cama sucessda de momen, Cada um deles formando uma totaldade, mame sec 8 Se apresenta opondo-se a0 momento uso precedes fle onega manifestando Suasinsunclénciase Seu carer Darel €0 supera na medide em que ceva ums ectapn Superior para resolvé-los, os problemas no raolidon, E na medide em que afrma uma propriedade conn do pensamento e das coisas, a dates pretence cers have do saber absolut: do moviments do pereamerte Boderemos deduzir © movimento Go mance: loee, ¢ ensamentohumano pode contecer a toralidode do rds (erdter metatsce da dalstica Dialéeca, in: JAAS, Hon; MARCONDES, Danio, cena tc de Fos Rle de anero: Jorge Zar, 196 Segundo a filosofia hegeliana, é pelo processo dialético gue a Histéria e, consequentemente, o pensamento Slos6fico se transforma. Dessaforma, o desenvolvimento histérico no acontece a partir do nada, mas sim no proceso dialético, que faz 0 novo nascer do antigo, Vela 0 seguinte exemplo de proceso dlalético pera compreender melhor o desenvo vimento da Histéria ¢ dae verdades floséficas: 66 | cette case p3399 J } ) Filosofia contemporanea: a dialética de Hegel e a solucao politica de Marx ese: Suponha que, ha alguns anos, a concepcio de liberdade fosse a de total determinagdo, ou seja, os fildsofos acreditavam que. liberdade no existia © que todas as ages humanas eram determinadas pela natureza ou pelos instntos, [Antitese: Em um segundo momento, as pessoas passaram a criticar duramente essa teorla do determinismo, defendendo 2 idela, contréria & anterior, de que o ser humano era totalmente dono de si, sendo livre e agindo de acordo com sua total autonomia, sem qualquer influéncia de fatores interns. Assim, os instintos no Interfeririam nas acbes humanas. ‘Sintese: Do confronto entre determinismo absoluto (tese) e autonomia absoluta (antitese), as pessoas chegam & ‘conclusdo de que nem uma ideia nem outra correspondem & verdade, mas que a liberdade humana esté formada por lum misto entre determinismo e autonomia, ou seja, a liberdade existe, mas néo ¢ total. Podemos concretizar esse exemplo aplicando-o as idelas dos fildsofos Tomas Hobbes, Picco Della Mirandola e Merleau-Ponty, seguindo 0 esquema a seguir. Pee nenfusna let que determine sua vida sendo ee ‘mesmo 0 tinico responsavel por se construir. A sintese, portanto, & 0 resultado do confronto entre tese e antitese, servindo como uma nova tese, 2 qual, por sua vez, teré foutra antitese, que formaré uma nova sintese a partir do confronto da tese e da antitese anterior, e assim sucessivamente, em um jprocesso continuo e interminavel. Ainda utlizando o exemplo anterior, suponha que surgisse uma nova idela, em contraposicao 2 dela de Merleau-Ponty, a qual afirmasse que a liberdade humana era limitada somente por fatores interns de ordem natural, ‘mas que 0 ser humano, consciente desses fatores, poderia decidir suas aces. Ocorrerta, assim, um novo processo dialtico, fem que a tese (a sintese de Merleau-Ponty) seria contrariada por essa antitese, que, por consequencia, traria uma nova sintese, Hegel afirma, portanto, que a Histéria acompanha esse desenvolvimento dialético, Dessa forma, os acontecimentos & verdades atuais apresentam-se como antitese dos antigos, e, como consequéncia desse processo, surge uma nova realidade e ‘uma nova verdade, melhores que as anteriores, que um dia também sergo contrariadas, em um processo de aperfeicoamento ede progresso constante. Editera Bernoulli | 67 Médulo 10 Esse processo consiste no Espirito do Mundo, o qual, na filosofia hageliana, no possul qualquer conotacso religiosa ou sobrenatural. Hegel, 20 definir esse Espirito, diz: Mas o que & 0 espfrite? 0 dnico Infinito imutavelmente hhomogéneo ~ a identidade pura - que, em sua segunda fase, se separa de si mesmo e faz desse segundo aspecto seu préprio oposto polar, ou seja, como existincia por s ‘em si em contraste com o universal. HEGEL, 6. W.F.Fenomenologie do esto Tradugo de Paulo Meneses. ‘S40 Paulo: Loyoa, 2003. p. 36, Para Hegel, 0 Espirito do Mundo caminha rumo ao seu completo desenvolvimento. Logo, a conscléncla estaria ‘camminhando em direcao a0 abandono das idelas superficiais. ddo senso comum para atingir 0 conhecimento do absoluto, ‘Ao atingislo, a consciéncia superaria o conhecimento do limitado e finto e chegaria ao conhecimento do ilimitado Infnito, alcancando, enfim, a razBo. Esta seria concretizada ‘quando o conhecimento pudesse reunir a realidade objetiva 0 pensamento subjetivo, concillando ser e pensamento Assim, pois, no saber 0 espirito encerta o mavimento de formacdo, a0 ser afetado 0 mesmo pela diferenca sobreposta da consciéncia. O espiito conquistou © puro elemento de seu ser al, cancets. O contetido é, segundo a liberdade de seu sero si mesma que sealiena ou 2 unidede Imediata do saber de si mesmo. 0 puro movimento desta alienacSo consttul,consideraco como conte, anecessidede deste. 0 contetido diversifiado & como que determinado na relago, nfo em si sua nquletude consiste em superar-se 2 51 mesmo ou na negac0; é, portanto, a necessidade ou a diversidade, 0 ser lire e igualmente 0 st mesmo; «nesta forma da mesmmidade, em que o sera é pensamento Imediato, ocontetdo &concatto, Uma vez que o expt tenha alcangado 0 conceto, desenvoive 0 ser ai 0 movimento neste éter de sua vida, e & céncia. Nela, os momentos de seu movimento no se apresentam 14 como determinadas. figuras da consciéncia, enfo como a diferenga da consciéncia| retornada as mesma, como canceltos determinados e como 0 movimento organico, fundade em s mesmo, de tals conceitos, HEGEL, 6. WF, Fenomenoloala do esata, Traduco de Paulo Meneses. ‘0 Pavio: Loyoa, 2003. p. 14. "Nesse trecho, Hegel apresenta seu concelto de sistema, ‘segundo 0 qual, por melo do desenvolvimento da razio rumo {0 pleno conhecimento, seria possivel conhecer tudo 0 que existe para ser conhecido, tanto na mundo material como na realidade espiritual e moral, atingindo 0 total e perfeito conhecimento acerca de todas as coisas dentro da Histéria: “Toda consciéncia & consciéncia de seu tempo". ‘Segundo Hegel, 0 conhecimento humano, entendido no ‘como conhecimento individual, mas sim coletivo, assume um carater dinémico, 0 que significa que, tal como a Histéria, fesse conhecimento progressivo, aprimore-se, saindo do finitoe limitado para alcancer 0 nfinito eilimitado. 0 filésofo define tr8s momentos de manifestagSo do espitite em que ‘© conhecimento acontece: 419 etapa ~ Espirito subjetivo: Nessa etapa, o conhecimento se refere & razio subjetiva, quando 0 Espir:o do Mundo toma consciéncia de si mesmo no ser humano, ou seja, refere-se 20 Individuo e & consciéncia individual 28 etapa ~ Espirito objetivo: Nesse momento, 0 Espiito ou razo objetiva toma consciéncia do ser humano enquanto ser socal, inserido fem uma coletividade ~ ‘amilia, sociedade e Estado, Refere-se, portanto, as instituigbes e aos costumes construos historicamente pelas pessoas em sociedade. 3® etapa ~ Espirito absoluto: Esse € 0 momento mais sublime da manifestacdo da azo, no qual o Espirits torna-se consciente de si mesmo dentro da Histé1a. Nessa etapa, 0 Espirito toma consciéncia do Estado e passa a se manifestar, enti, nas artes, na regio e na Filosofia enquanto consciéndla de si mesmo, A filosofia hegeliana considera que 0 Espirito esté a caminho do absolute e da liberdade, num processo de renovacdo e progresso que levaria 2s pessoas a se lencontrarem e se identificarem com 0 Estado enquanto Unico, capaz de garantir a felicidade. Aimportancia do Estado cots esr nagu ene ACOMSWRTNGi lee cae cor tuans apie = © desenvolvimento do Espoo, por su vez, manfesta-se age area erete(cre gar tiiaieiactaced ect Assim, Bisse cee eta Pine nei bie ae de a reconnecctdo-se, em sepuide, nes ietulcbes Peete eas fa eres al ane Bs eoteecserdtsiragtass tee oper Hogel como forma mal elevada de agruparerto humane, eA tol a ts ll reac calgon ert ele ale Wea ian te ees ope eg efoto rina aleleedalt Saads/psisicmo ooacrarc matress erteia rcs «carb bouelGue Cat Daa, Ne wore staaaayuros & talaee 5S RSaB a a516 5 era SSAC AIO ha (arene ayo elhiouicieaommeorariea Gio sta’. Fora del, o nevi nto én, res, der, fee cer renee nenaaacerne tomando-e completamente Ive 6B | Colecdo studio Filosofia contempordnea: a dialética de Hegel e a solucdo politica de Marx CContudo, © conceito hegeliano de liberdade padece de uma contradicio: afinal, como a pessoa pode ser livre quando Pertence a um Estado soberano ea ele obedece? Para Hegel, orém, tal obediéncia nao significa uma submisséo forcada Penosa, mas sim a subordinaco das pessoas a um Estado ue é produtor de leis, as quals, para ofildsofo, sfo a garentia de que o Estado sempre faré o melhor para seus participes. As leis devem sempre garantir a Vida, a paz, a seguranca ¢ a liberdade de todas as pessoas. Para Hegel, a ideia de liberdade & intrinseca a idela de lel. Sendo o Estado, portanto, a manifestagio mais elevada e pura do Espirito absoluto, da verdade, é nele que se encontra a mais excelente vontade humana, aliberdade, Uma das frases mais conhecidas de Hegel e que representa ‘sua concepgéo de Historia, de liberdade e de verdade esta em seu livro Principios da Filosofia do direto: “O real é racional © 0 racional é real”. Com essa afirmacio, 0 fildsofo quer dizer que tudo 0 que é real segue uma légica propria de racionelidade superior do Espirito, sendo que nada acontece Por acaso, existindo um claro sentido histérico dentro do processo de desenvolvimento da humanidade. As idelas de Hegel acerca do Estado serviram, inclusive, como pretexto para o surgimento da idela de Estados totalitérios no mundo contemporaneo. Afinal, uma vez Gue 0 Estado esté acima de todos os individuos e estes s6 se encontram no Estado, sendo ele a manifestacso da vontade absoluta do espirito e da verdade, tudo aqullo ue o Estado decidir deve ser considerado correto, devendo todas as pessoas se submeterem as suas decisbes. ‘Asideas de Hegel sobrea inluénca do Estado foram erraneamente tusadas como justicatva para 2 criagéo dos Estados totalitaios, ‘camo ocorreu na Alemanha nazista durante o governa de Adolf Hite, KARL MARX Karl Marx nasceu em Tier, Alemanha, em 1818, em uma familia de origem Judaica. Cursou Direlto na Universidade de Bonn e fez doutorado em Filosofia na Universidade de Berlim, tendo defendido a tese sobre a diference entre 2s filosofias materialistas do pré-socratico Demécrito e de Epicuro. Na Universidade de Berlim, conheceu os “hegelianos de esquerda”, grupo do qual participou, sendo reconhecido como um de seus maiores representantes. Marx teve contato com a flosofia des socialistas utdpicos Proudhon e Fourier, e, em 1844, foi para Paris, onde ‘conheceu seu companheira e colaborador Friedrich Engels. Friedrich Engels (1820-1895) nasceu na Alemanha ¢ estudou na Universidade de Berlim, onde se ligou aos “ovens hegelianos’, dedicanco-se a miitiplas atividades, ue am desde a jornalismo, a militia polis eo trabalho floséfico até a administragso da industria de seu pei em Manchester, Inglaterra. Engels fol no sé colaborador teérieo de Marx como também seu amigo mais intimo, tendo-o ejudado, inclusive, financeiramente. Em 1845, ublicou com Marx A sagrada familia, obra na qual cles Fompem, ao mesmo tempo, com 0 idealismo hegeliano © com 0 materialismo mecanicista, Torna-se, por vezes, diel separar, nas principais teses do marxismo, quals as ‘deias de Marx e quals as de Engels, j& que escreveram {uase sempre juntos desde que se conheceram em 1844, Consiéera-se, geralmente, que © materialismo dielético, ‘especialmente a dialética da natureza, & uma ctiacdo tipica de Engels, sendo, no entanto, de grande importancia e Influéncia no desenvolvimento da flosofia marxista. Além as obras que escreveu juntamente com Marx, podem-se tar as seguintes, de sua autona: A situacdo das classes ‘rabaihadoras na Inglaterra (3845), Socialismo atipico € ‘socialism cientfico (1860), Ludwig Feuerbach e 0 fim da flosofia cdssica alems (3866) JAPIASSI, Hiton; MARCONDES, Denil. Dicionéri bdsico de Flosora. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996, Representacéo de Marx e Engels Eder Bemoa | oa so Méduto 10 As ideias de Karl Marx se espalharam Yelocidacempressionante, exercendo gran pelo mundo em uma de influéncia ainda hoje Marx foi um fidsofo engajado, um ativista politico e, sobretudo, um revolucionério. Ele buscou no apcnag teorizar sobre o mundo e as pessoas, mas também pener 2 Sociedade com fins prétcos. Engajou-se em varios campos do Bensamento, tendo se acupado também do estudo da storie, 4a Ciencia Politica, da Sociologia, da Econamia e do Jomelions! Mark ocupou diversos cargos em jornas e perlédicos, sempre de tendéncias politcas, tendo sido expulso de varias cidade devido a suasideias polémices. Em 1847, juntamente com Enacle © mais dezessete companhelros, fundou Partido Comunies 1a cidade de Bruxelas, Bélglca, publicando 0 programa fa partido no ano seguinte, 0 Manifesto do Partide Comunists A inten era organizar um movimento junto 20 proletaraug visando @ revolucdo. Para tanto, Marx ajudou na organizecas i Primeira Intermacional, convenc8o dos trabelhadores caja objetiva era organizar a atividade revolucionaria, Viveu seve titimos anos em Londres, cidade na qual levava uma vide Iniserével junto com sua familia, dependendo da ajuds de ‘amigos para sobreviver. Seus tltimos anos de vide foram: Gedicados aos seus escritos econémicos e floséncos © seu falecmento aconteceu em 1883, AS obras de Marx refletem a varledade de campos oconhecimento aos quai ee se dedicou. No campoda Histor, Marx publcou, em 1852, 0 18 Brumério de Luis Bonaparte ‘Sobre Economia, foram publicados os Manuseritas econdmicos- floséficos (1844), a Critica da economia poitiea (1856) © 0 capital (1876), sua obra mals importante e considered uma das mals influentes da Moderidade. No campo da losot, ublicou A sagrada familia (1845), na qual critica os hegelianes & Sua flosofa idealista; A ideologia alems (1845-1846), ¢ Aimiséna da Fiosofa (1847), em que cic osocallsmo ulti 0 monismo dialético de Hegel vs. © materialismo dialético de Feuerbach Para que @ compreensic do concelto de materialismo histérleo dialético de Marx se tore mais clara, fasce ecessirio compreender o conceita de *monismo hegelione”™ © 2 critica a esse conceito apresentada pelo fdsoto alemfo Ludwig Feuerbach (804-1872), um dos principals Tepresentantes da esquerda hegeliana juntamente com Mors, embora este também teca citicas a flosofia de Feuerbach Feuerbach elatorou 0 conceito de “materiaismo dlalético* que mals tarde Marx utiizou,formulango seu conceito de "matenalicme histo dalético’. Hegel afrmava que na real dade, 9 Historia era fruto do desenvolvimento do Espinte do Mundo, 0 que antics que a natureza era a cneretizacfo da ide, od ela py 2 predominsincia das ideias sobre a realidade, due sama Brogrediria pela agéo da dela. Nsto consistc'o momen, dlaltca: 0 Espinto, o absolute, manifesta-se na ticesne determinande a residace Feuerbach inovou e invertev 3 l6gica hegelana, crlando @ onceto de *materalsmo dlaltca”, Pare eoce fleets alemo, aide, o mode de pensarde un povo so recale ae Hist, © que significa que'a concepedo de mune as aves os preconcelts que as pessoas trazem Conlon sd eons a realdede histérieaconcreta na qua elas estfo inser, E possivel perceber a inverst radical que corre entre es595 duas posigBes flosdicas: enquanto Hagel sereonang ue aldeia deterinava oreal (merisme daleten), ee nace dlzia que 0 real determinava a idea (materialism eles Marx retomando o materiaiso daléin de Fouestock, criou 0 conceito de *materalismohistoreo" afrmande say, além de a Histria, na realidade, deterrrar au Worse og conscléncia de um povo, ela também & construgso hursacae dessa forma, pode ser trensformada 70 | cowdeeas ae Filosofia contemporanea: a dialética de Hegel e a solucao politica de Marx Eis, pols, os fatos: individuos determinados que tém Uma ativiade produtiva segundo um modo determinado entram nas relagbes socials e palticas determinadas. [.] A producHo das ideia, das representacbes e da consciéncia festé primelro, direta ¢ intimamente misturade & atividade aa materiale 20 comércio natural des homens; ela€linguagem a vida real. [..] E se, em toda Ideologia, os homens e suas > Telagdes nos parecem postos de cabeca para balxo como’ rhuma cimera escura, este fendmena decorre de seu proceso de vida histérica, absolutamente come a inverss0 dos objetos| ia retina decorre de seu processo de vida dretamente sic, ‘Ao contrério da flosofia alems, que desce do ctu & tera, é se da terre ao cfu que se sobe aqui. Dito de outro modo, nao partimos do que os homens dizem, imaginam, representam, = nem sequer do que $80 nas palavras, no pensamento, na imaginaco na representacio de outro, para chegar em Sequida aos homens em came e os80; ndo, partimos dos homens em su atividade real; 6 nartr de seu processo de vida real que representamos também o desenvolvimento dos reflexos e dos ecos ideoldgicos desse processo vital MARX, Ker, Tdelogia atoms. W. AA, Os fidsofos através dos textos: de Plato a Sarre, Traucso de Constanca Terezinna M. César. ‘So Paulo: Paulus, 1997. p, 253, Para Marx, quem faz @ Histéria so as pessoas e, portanto, ‘80 elas quem criam os problemas soca, instaurando o abismo {que separa ricos, oprimindo e impondo uma vida indigna e alienada aos pobrés. Logo, somente as pessoas padem modifcar essa realidade e consertaras injustigas contra a humanidade. (0 resultado geral a que cheguel e que, uma ver obtido, servlu-me de fio condutor aos meus estudos pode ser formulado em poucas palavras: na produso social da propria vida, os homens contraem relacbes determinacas, ecessérias e Independentes de sua vontade, relagSes de rodugdo estas que corresponders a uma etapa deterninada de desenvolvimento das suas forcas produtivas materials, Atotaldade destasrelacbes de produce forma aestrutura fecondmica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura juridica e politica, e & qual correspondem formas sociais determinadas de consciéncia (© modo de produego da vida material condiciona o processo em geral de vida social, politico ¢ spiritual. No ¢ 2 ‘consciéncia dos homens que determina o seu ser, mas, a0| Contrio, 60 seu ser social que determina sua consciéncia, MARX, Karl. Precio @ critica de economia politica, “radgSo de Edgar Malacod 35. p. 135. (Os pensadores) O ser humano como protagonista da Historia ‘Segundo o materialismo histérico de Marx, toda sociedade, independentemente de seu tempo e espace, é determinada Por suas condicies socioeconémicas e por sua forma de lorganizacSo dos modos de producao. Logo, os interesses {que regem toda e qualquer sociedade esto vinculados aos Interesses materials, que, em dltima instancia, referem-se 8 necessidade de sobrevivéncia do ser humano, Para Marx, as mudancas ne sociedade 56 podem ser realizadas se os oprimidos operarem essa mudanca: GaiorsBermatl | 74 FILOSOFIA Méduto 10 Ennesse aspecto que ganha importéncia a reflex marxiana sobre 0 trabalho, concebido como uma necessidade humana, Usamos aqui o termo "marviano” porque, no meio flosSfico, costuma-se evitaro termo "marxista” para se referir 8 flosofie ¢ a0 pensamento de Kari Marx. Isso se deve ao cardter pejorative {ue tal termo adquiriu gracas a interpretagdes inconsistentes © radicals da flosofia de Marx. Porisso, aptamos, neste material, or usar 0 termo *marxiano(a)", que nao carrega essa viséo Pessimista ou pejorativa da Flosofia de Marx. Criticando Hegel, que afirmava que a realidade era a manifestacdo do Espirito absoluto, Marx defendia que, por ‘melo do trabalho, o ser humano poderia modificara natureza ©.0 mundo, sendo a realidade, portato, fruto do trabalho humano diante de uma realidade natural contingente Uma vez que o mundo é resultado da natureza transformed partir do trabalho, essa realidade deveria se alterar quando. a5 relagdes de producto e de trabalho sofressem alteracdes. A critica de Marx a Hegel ¢ aos hegelianos diz respeto fundementaimente a seu idealismo, A interpretacso hegeliana do processohistérco eda formaao da consciéncia| restringe-se ao plano das idelas e representagdes, do saber © da culture, nfo levando em conta as bases materiais da Sociedade em que este saber esta cultura séo produzides ‘© em que a consciéncia incividualé formada, (.] 0 proprio. Marx diz que seu objetivo é “inverter o hamem de Hegel", {ue tem os pés na terra e a cabeca nas nuvens, mostrando Gue sua cahesa, isto é, suas idelas sdo determinadas pela ‘terra’, ou seja, pelas condicées materiais de sua vide. ‘Aconsciéncia, que & considerada livre e auto-determinada, passa e ser vista como conalcionada pelo trabalho, MARCONDES, Danilo, Iniiscdo a hited Flosafa: dos pré-sceaticos a Wittgenstein, Rio de lanero; Jorge Zahar, 1997. p, 228, Desse mado, o ser humano é responsavel pela construcéo da realidade. Em contrapartida, seu modo de pensar é resultado do contexto histérico em que est inserido, © por isso, as suas idelas s80 condicionadas pela situagio concreta de sua vida, Por essa raz0, 0 Unico empecitho & felicidade humana, para Marx, € somente ‘sua condicéo real de vida, que Ihe oprime, impedindo sua realizago. Logo, para que as pessoas se realizem ou alcancem a felicidade, basta que elas se dediquem 2 promacdo das mudangas socioeconémicas necessérias. ‘Tendo em vista tals ideias, é possivel compreender uma das citacdes mais importantes e conhecidas de Karl Marx: Os filésofos se limitaram a interpretar 0 mundo de! diferentes manelras;o que importa [agora] é transformé-lo MARX, KA idoologia ales. ‘0 Paulo: Huctec, 1979. p. 111, Nessa frase, fica claro 0 objetivo de Marx: compreender ‘© mundo por meio da Filosofia e de outras ciéncias ¢ depois ‘transformé-o por meio da revolucio do proetariado, Referindo- se & sua prépria filosofia como “humanismo real”, Marx ‘compreendia que a preocupacio maior do pensamento Geveria ser 0 ser humana, origem € fim da Filosofia, protagonista e Produtor da Histéria. Marx néo compreendia 0 ser humano ‘como individual e particular, mas sim como pertencente a um Contexto histérico e participante da sociedade. Segundo ofilésofo, 0 desenvalvimento da Historia & marcado pelas forcas de producao e pata distribuicao de mercadorias. Desse modo, a evolucdo econémica de um povo determina a evolucdo da sociedade, a qual é dividida em classes distintas, {que se organizam de acordo com a distribuiglo de mercadorias, Gerando a desigualdade social, Essa desigualdade possibilta, 2 exploreséo dos trabalhadores - que s6 possuem a sua force, de trabalho para vender - per aqueles que detém a posse dda propriedade privada dos meios de producgo e buscam jumentar seus bens e riquezas, A revolueSo do proletariado é, para Marx, a dni forma de esse ‘Srupo sair da condigso de classe explorade, Nao ¢ possivel, para Marx, pensar em uma tinica sociedade ‘mareada pela propriedade prizada que nao tenha em sua esséncia a desigualdade a opressdo dos proprietérios em. Telacfo aos despossuidos. Em cecorréncia dessa exploracéo, © fildsofo propde uma sociedade na qual no haveria ropriedade privada dos meios de produco, sendo que todas 4s ferramentas, 0 maquinério, @ terra e as matérias-primas pertenceriam a todos, excluindc-se, assim, a necessidade ¢ a Possiallidade de exploraco de algumas pessoas por outras, Nessa sociedade, a riqueza produzida pelas pessoas seria dividida segundo as necessidades de cada uma, ‘no havendo a avidez por bens, que serviriam as pessoas © 45 suas necessidades e no o contrério, e, assim, 8 pessoas no seriam escravas dos bens materials. [el Tornendo supeiua a forge musculsr, © macumere permite © emprego de trabalhadores sem forca muscular (0 com desenvolvimento fis co incompleto, mas com membros mais flexivels. Por isso, a primeira preocupacso do capitalista, 20 empregar a maquinara, foi a de utilizar © trabalho das mulheres e das sriangas.(..] [Entretanto,] ® queda surpreendente e vertical no numero de meninos Lempregados nas fébricas} com menos de 13 anos [de idade], que frequentemente aparece nas estatisticas ‘nglesas dos Uitimos 20 anos, fol, em grande parte, segundo © depoimento dos inspetores de ffbrica, resultante de ‘atestados médicos que aumentavam a idade das eriancas Bara satisfazer a ansia de exploracSo do capitalista e 2 necessidade de traficfncia dos pais MARX, Karl O capita Citiea da economia poi, Rio de Janeiro: Cwvlizacio Brasieira, 2002, Livro I,¥. 1.9. 451 € 454 72 | tienen Filosofia contemporénea: a dialética de Hegel e a solucao politica de Marx Infraestrutura e superestrutura Dols conceitos importantes na filosofia de Marx so: ei: |) a Pode-se pensar que a superestrutura & determinada pela estrutura, uma vez que 0 modo de pensar de um povo, sua consciéncia, & resultado das realidades socioeconémica e material. Seguindo esse raciocinio, para Marx, melhorando-se a estrutura, melhoram-se as condigtes econémicas de um povo. Consequentemente, a superestrutura, constituida pelo universo simbélico (imaterial), tal como crencas e ideias, também iré melhorar, 36 que ela ¢ consequéncia da realidade material. Da mesma forma, melhorando a superestrutura, melhora-se também a estrutura, pois esta é resultado do trabalho humano, que é o que constréi @ Histéria. Nesse cicio virtuoso, enfim, '8S pessoas poderiam construir um mundo melhor e mais justo, ellminando as desigualdades e promovendo a valorizacSo do ser humano, As fases da sociedade As sociedades, enquanto frutes des modos de produgéo, sofreram influéncias desses mecanismos ao se dividirem em classes socials a0 longo da Historia, Marx apontou quatro fases da humanidade de acordo com 2 presenca ou no da propriedade privada: 1° ~ Fase primitiva: Nessa fase, no havia classes soclais, uma vez que no existia a propriedade privada dos -meios de produgo, Tudo era de todas e todos os bens roduzidos eram compartithados. Alégica que pautava 2 vida em sociedade era a de que o grupo era maior {do que um tnico individuo, e este sé se reconheceria ‘enquanto participante do grupo. 28—Fase escravista: Na sociedade escravista, havia 2 polarizagio entre proprietério © no proprietério, ‘Sendo que o primero detinha a posse dos meios de Produgéo, inclusive da mao de obra, ou seja, do préprio escravo, Nessa fase, na qual J havia @ presenca da Propriedade privada, trazendo, por consequéncia, ® desigualdade e a exploracio, no eram concedidos Quaisquer direitos, até mesmo o de cidadania, 3*-Fase feudal: Na sociedade feudal, a interacdo fentre as pessoas dava-se na relaco entre senhor @ Servo. Embora 0 servo néo fosse mais uma propriedade, como 0 escravo na fase anterior, ele se submetia a0 trabalho forgado e allenado, sendo Obrigado, devido as circunstancias @ a necessidede de sobrevivencia, 2 entregar sua forca de trabalho ‘20 senhor proprietério das terras. 42 Fase capitalista: Nessa fase, as relacées entre as pessoas também ocorrem através da explo- ragio dos proprietarios sobre os trabalhadores. Estes, desprovidos de posses, vendem sus forca de trabalho em troca de um salério que, assim como nas socledades escravista e feudal, néo serve a outra, finalidade se no a sobrevivéncia. Verifica-se, assim, que todas as sociedades marcadas pela Presenca da propriedade privada tém como caracteristica bésica @ desigualdade social, a qual nasceu da divisso da sociedade em classes socials Acritica marxiana ao capitalismo © capitalismo ¢ um sistema econémico no qual os meios de producao (instrumentos de produgio e matéria-prima) e de distribuico so de propriedade privada, Nesse sistema, a5 decistes sobre oferta, demanda, preso, distribuicéo «© investimentos no so tomadas pelo governo, e sim pelos Proprietérios privados, que obtém os lucros e investem fem empresas, pagando salério aos trabalhadores, que venciem sua forca de trabalho. O capitalisma configurou-se como sistema dominante no mundo ocidental a partir da Revolugéo Industrial dos séculos XVII e XVIII, substituindo efinitivamente o sistema feudal. A palavra “capital” origina-se do latim capitale, derivado de capitalis (*principal’, “primeiro"), que, por ‘sua vez, vem do proto-indo-europeu kaput, que significa “cabeca’. 0 termo “capitalista” foi amplamente utilizada Por pensadores do século XIX, como 0 poeta Samuel Taylor Coleridge, em seu trabalho Table Talk (1823); Giosemal | 9g fy Modulo 10 © filésofo Pierre-Joseph Proudhon, em seu livro O que é = 2 propriedade? (1840), referindo-se aos proprietérios de 3. Situago econémica de dependéncia do proletrio wu ‘apltal; © flésofo Benjamin Disraeli, em seu trabelho Sybil Felativamente ao captalista,na qual o operéro vende (1845); e mesmo por Kari Marx e Friedrich Engels, no ua forca de trabalho como mercadoria, tomando-se an ‘Manifesto Comunista (1848), referindo-se aos detentores escravo (Marx). Para Marx, a propriedace privada, de propriedade privada e de capital ‘com @ divis8o do trabalho que institul, pretende YU ‘A esséncia do capitalismo é 0 acimulo de capital e, para ermiir eo homem sstsfazer suas necessidades; na U ‘Que isso aconteca, ngo ha limite moral, politico ou mesmo pacenie ee cae Ne ‘eligioso que possa impedir os proprietarios de se dedicarem ss produto de seu tabelho, elo leva 8 perder 2 2 esse acimulo. Segundo Marx, a Unica maneira de atingir sua esséndia, projetando-a em outrem, em Deus, s5€ objetivo é por melo da exploracio do trabalhador, que ‘A perda de esséncia humana atinge o conjunto do u deve produzir cada vez mais, em um menor tempo e com ‘undo humane. As allenagbas raliglosas, polticas, a bbaixos salérios, de forma que 0 produto saia mals barato tc s8o geradas pela alienacso econémica. De modo © obtenha-se mais lucro com sua venda, Particular allenacdo poltca &exercica peo Estado, rs errr Instrumento da classe dominante que submete os ~ Pela exploracSo do mercado mundial, a burguesia imprime alee areca =, Deere SoeNOCe | um caréter cosmopolita& produce @ ao consumo em todos: aquele que impede o hamem de reconhecer em si o 08 paises. Para desespero dos reacionérios, ela retirou 4 ‘mesmo sua humanidade, pols ee a projeta para fora Indiistia sua base nacional. As velhas inéistas nacionais de si, num ser que se cefine por tudo aquilo que o = foram destruidas e continuam a sé-lo diariamente. [..] ioc /aloec pcanll ioaverasafeveeyelessiensc £m ugar das antigasnecessdades satsetas pelos produtcs eisiciel da haneralta acter mena nacionais,nascem novas necessidades, que reciamam para mundo invetdo de dvindace (Feuerbach ‘sua satisfacio os produtos das regiées mais longinquas e h a) os cimas mais diversos. Em lugar do antigo isolemento de 4. 05 termos “alienado” e “allenagSo” ingressam no regides enacies que se bastavam a si préprias, desenvolve- voeabulério filoséfico aracas @ Hegel © @ Marx ‘se um ntere&mbio universal, uma universal interdependncla ‘Se, em Hegel, @ allenasio designa 0 fato de um = das acs, E isso se refere tanto 8 praduco material como 8 a faneTU oiapalee teas ac sarees Bho caine oy Produce intelectual. [..] Devide 20 répido aperfeicoamento ETeHaIGS Gu STERN SAREE dos instrumentos de produo e ao constante progresso dos: on . ad 'meios de comunicaglo, a burguesia arrasta para a torrente: Land ee oe a civlizago mesmo as nacées mais bérbaras. Pe eae eae © eau «ut instrumento de allenac8s na economia capitalist, a ARK, Ker ENGELS, Fiedrch ae eee eee Manifesto do Partido Comurista ‘estamos reconecendo que ooperétioé despossuido ws So Paulo: Gobal, 1981, p, 24-25 a ees edt tranatin pe [Aenasio. In: JAPIASSU, Hiton; MARCONDES, ‘Quando 0 trabalhador é obrigado a se submetera essa légica Danilo. Dicionsrio Bisleo de Filson, me de produslo, ele se allena, perdendo a sua esséncia humana, flo de Janeiro: Jorge Zahar, 1996, ~ OsestudiasosHiton Japiasse Danilo Marcondes apresentam, em wy HR Como 0 trabalhador participa apenas de parte do processo U i Prodiutivo, ele torna-se somente uma peca da engrenagem, [Fees peemreenemneetRERTEE] — podectoscrmibethuito aqueigue-romentn nto exsomate = 4, Estado do individuo que no mais se pertence, que Y lssencial 20 processo produtivo. Assim, ele vale apenas o salério, ‘eferente a um trabalho ndo qualificado, jé que ngo he é exigido Y Um conhecimento da totalidade do processo de producéo. wy Por essa razéo, ele no é capaz de se reconhecer no produto que ey aa aac gee, ne ‘ajudou a produzir, perdendo, entao, sua identidade enquanto _ Seuss ates sujeito etomando-se objeto (ou urra mercadoaria) dentro dessa, lengrenagem de proceso produtiva que desumaniza L ‘Bo detém o controle de si mesmo ou que se vé Drivado de seus direitos fundamentals, passando @ ser considerado uma colsa. 7G | caesiotsuis Filosofia contempordnea: a dialética de Hegel e a solucdo politica de Marx Com o préprio funcionamento, 0 processo capitaista de’ rodus8o reproduz, portanto, a separacso entre a forca de trabalho e as condigbes de trabalho, perpetuando, assim, 25 condies de explorecio do trabalhador. Compele sempre © trabalhador a vender sua forga de trabalho para viver, €ecapacita sempre o capitalsta a compré-la MARX, Kal, © capital Livo 1.0 processo de produsso ‘do Capt! [Vol. 1). Traducio de Reginalde Sant Ann. Rode Janeito: Bertrand Bras, 1987. p. 672, : A imagem representa um pensador do marxismo varrendo os ‘representantes do capitalism (rei, burgués). Marx divide a alienaggo do trabalhador em trés tipos: econémica, religiosa e filoséfica Alienacéo econdmica: pode ser constatada ‘bservando-se a légica capitaista que se faz presente ainda hoje, marcando indelevelmente as relagdes de trabalho. Atualmente, por exemplo, quando um trabalhador se aposenta devido a um problema de sade, @ aposentadoria consta como “por invalidez”, 04 seja, por no poder mais produzir, esse Indiviguo & considerado invalido. Vé-se, assim, que 0 trabalhador tomou-se também mercadoria, valendo somente um saldrio enquanto puder produzir Alienagao religiosa: a pessoa “entrega” sua vida 2 um ser superior e onipotente na esperanca de ser recompensada em uma vida apés a morte. Assim, la se acostima com a vida de exploragio a que esté submetida e n8o luta por melhorias, acreditando que, final, se Deus determinou que sua vida fosse assim, no ha nade que se possa fazer contra a vontade divina, A alienacao religiosa adestra 0 espirito de pessoa, fazendo-a aceitar as condigdes que lhe so impostas. Contra tal alienago, Marx prope a extinedo da religilo, uma vez que acredita ser esta utlizada pela classe ddominante como instrument de dominacéo, Alienacdo flloséfica: Para Marx, a Filosofia nfo pode se resumir & funco de compreender o mundo ‘apenas de modo teérico e, nesse sentido, a Metafisica €¢ busca da esséncia pela contemplaglo da realidade deveriam ceder lugar & luta de libertacéo das Ideologias. A Filosofia deve, portanto, sair de sua Posi¢o de espectadora do munda e assumir a funcéo ) 05. (UFPA-2013) Pode-se referir 8 consciéneta, & religiéo e tudo 0 que se quiser como distingio entre os homens 08 animais; porém, esta distingSo s4 comeca quando os homens iniciam a produgéo dos seus meios de vida .. ‘A forma como os individuos manifestam a sua vida reflete ‘muito exatamente o que'sfo. 0 que s8a coincide po-tanto ‘com a sua producto, isto &, com aqullo que produzem come com a forma como produzem. Meany, K.Ideolgia lems, Usboa! Presenga, 1980, p18. 06. 07. Considerando que, segundo Marx, a maneira de ser do homem depende de alguns fatores, identiique, no Conjunto de fatores listados abaixo, os que, na visio do tado filésofo, dstinguem o ser humano 1. 05 respectives mogos de producéo. 1, @ prépria producso de sua vide material Ull.8 forma de utlidede dos abjetos produzides em socedade, 1V, 0 estado de desenvolvimento de sua consciéncia epende de sua histria de vide \V._a producto dos meios de subsieténcia tendo em vista ‘bem comum da sociedade Os fatores esto corretamente identificades em a) Tet 8) tev ©) Mel D) tev ®) Litev (UFU-MG-2013) A dlaldtica de Hege! ‘A)_envolve dua etapas, ormades por opostos encontrados a natureza (dla-nolte, clara-escuro, frio-calor), '8) € incapaz de explicar 0 movimento e a mudanca verificades tanto no mundo quanto no pensamento, ©) € interna nas coisas objetivas, que sé podem crescer « perecer em virtude de contradicdes presentes neles, D)_€ummétodo (provedmento) a ser aplicado a0 objeto de estudo do pesqulsador, (Uneisal-2013 / Adaptedo) Uma das teorias de maior impacto na histéria dos citimos sécul foi o socialismo, particularmente as ideias socialists dos séculos XIX ¢ XX. 0 que propae, proprizmente, 0 socialismo? Em linhas gereis, @ coletivizacso ca propriedade, dos meios de Producto e sua colocagioa servico de todos os membros da sociedade, buscando, com isto, 0 fim da pobreza e dda miséria, bem como o zcesso de todas as pessoas aos bens fundamentals necessérios & vid, fruto da natureza {© da acdo do trabalho histiricoe transformador humans, Flsofa no da 2 da, 27 de setembro de 2012. Com relago 20 pensamento socialista ao longo da Fistéri, qual a opcdo CORRETA? ‘A) A partir do seu mate‘allsmo mecsnico, Feuerbach estabelece as bases do socilismo cientiico, 8) 05 secialstas utdpicos defendiam uma tomada de Conseiéncia histérica para produzir uma revolucdo secial que desse fim ao sisterna eaptalista de producto, ©) Um des fundamentos do pensamento socialista de Kari Marx é o materiaisma historco dialético, O século XX assist a uma reviravolta no que se refere 40 pensamento socialista. A partir desse século, 0 socialsmo tornou-se hegeménieo, )_Na pés-modemidade, o socialism ortodoxo perdeu ‘suas coracteristicas essenciaise passou @ apresentar ‘uma posico subjetivista que se alin 20s interesses o capitalismo e legtima o neoliberaismo poltico, 2) a Filosofia contempordnea: a dialética de Hegel e a solucao politica de Marx 09, 10. 14: (Uncisal~2013) Ha multas semelnancas entre o homem © ovelha. Nao fabricamos nem balimos. Mas, multas vezes, seguimes o rebanho passivamente e temos pavor {de nos separarmos do grupo, BOTTON, Alain de, Considerando 0 exposto acima, assinale 2 opcéo que apresenta um concelto multe utilizado na filosofia marxiana que oferece elementos para uma expicacdo ‘de comparacéo realizada. A) Razao Critica B) Liberdade Absoluta ©) Bxclusso D) Allenagio ) Liberdade Condicionada (Wnimontes-MG-2013) E verdade que a publicidade, Por meio de competentes agéncias © suas criativas campanhas, divulga a variedade e a qualidade do que € produzido pelo mercado. Desse modo, © consumidor toma conhecimento dos produtos e pode fazer escolhas, ‘No entanto, como vivemos em uma épaca de consumismo, as pessoas séo levadas a comprar muito mais do que ecessitam. Com relago& pubicidade, € CORRETO afirna ‘A) Eneutra e ni aceita interferéncia ideoldgica '8) N80 vende apenas produtos, mas também ideas. ©) 0 espaco publicitério nfo tem interferéncia do mercado, D) Nao sofre interterénciareligiosa e politica (Unimontes-MG-2013) Um espago importante de acdo deolégice s80 0s melos de comunicagao de massa, como jomals, revistas, rédlo, tevé, internet. Pela internet, Aispomos, além datroca de mensagem entre particulares, da difus8o de versdes on-line de Jormais e de péginas ‘Bessoais (blogs) das mals diversas tendéncies polices, Com relagSo & ideolosia, podemes afirmar: A) O pensamento é sempre determinado pela idcologta '8) Os pensamentos s8o fixos e na admitem mudancas. ) 0 pensamentos s80 sempre ideoldgicos eformulados para dominar o ser humano. ) A agéo eo pensamento nunca sao totalmente da necessidade de alcancar o que © filésofo chama de transcendéncia existencial: no basta ‘existir,é necessério transcender a existéncia, ultrapassé-la, projetando-se © indo além do que esté posto para se Cconstruir como ser. [esse sentido, a existéncia é poder-ser, é possibilidade de ser. O ser humano possul a necessidade de se projetar, fe, nesse aspecto, 0 mundo apresenta-se como uma ferramenta para que ele alcance seu objetivo, projetando-se € construindo-se no proprio mundo. Por essa razSo, Heidegger afirmava que o ser humano é um ser-no-mundo, pois édiante do mundo e por meio dele que o homem precisa se construt, (© mundo é, assim, uma construcgo humana: construindo-o e modificando-o, a pessoa constrél e modifica a si mesma. Eaora Bernt ] o7 FILOSOFIA Médulo 12 © termo estar-no-mundo, muito utlizado por Heidegger, significa que o individuo deve ser transcendéncia, utilizando ‘esse mundo como ferramenta para as suas acdes & ‘Comportamentos. Essa transeendéncia &, em si, liberdade, luma vez que a pessoa, de posse das ferramentas oferecidas Belo mundo, pode se construir da maneira que quiser, No entanto, ao mesmo tempo que se apresenta como fetramenta para a construgo do individuo, © mundo é ‘imitado, $6 que possui certas restricBes e necessidades que Uultrapassam a vontade humana, O ser-com-os-outros Segundo Heidegger, 9 pessoa se constrdi e se define Na liberdade, utilizendo © mundo como ferramenta No entanto, nesse mundo existem outras pessoas que também se encontram na mesma situaggo de plena iberdade © que no podem ser desprezadas ou desconsideradas. Néo ‘hd, portanto, um sujeito sem mundo e tampauco um “eu” 'solado no mundo: 0 mundo é, assim, um conjunto de “eus” ue se relacionam de alguma forma, pois todos perticipam ‘do mesmo mundo, Por esse motivo, assim como impossivel vviver no mundo sem as coisas que o compéem, é Impossivel iver nele sem exist 0 cuidado entre os seres humanos, ‘©que Heidegger chamava de"culdar dos outros”, sendo essa ® base da vida em sociedade, O ser-para-a-morte Para Heidegger, 0 ser-ai possui duas condicdes: ele ée ele tem de ser. tss0 significa que, ao mesmo tempo que est inserido no mundo, o individu precisa transcender, devendo Salr da condigo de objeto e encontrar um sentido para a sua ‘existéncia, projetando-se ao futuro com fins a um abjetiva, [hu] cura 6 ser-para-e-morte, A decisto antecipadora fol determinada como ser prépria para a possibilicade caracteristica da absoluta impossibilidade da pre- senca. Nesse ser-para-o-fim, a pre-senca existe, total © propriamente, como 0 ente que pode ser “lanesdo na ‘morte’, Ela no possul um fim em que ela simplesmente cessaria. Ele existe finitamente. HEIDEGGER, Martin. Lingua de tradicso €fingus técnica. Usboe: Vejs, 1995, p. 124, Aangistia A vida auténtica é, para Heidegger, 0 viver-para-a- Morte, 0 modo de vida consciente de que tudo terd um fim, antecipando @ ideia da morte e impedindo a pessoa de estar simplesmente presa aos fatos e &s circunstncias ‘al antecipacéo da morte leva a pessoa ao sentimento de ‘angiistia, que a coloca diante do nada, da auséncia de sentido da existénca © dos projetos humanos, fl ‘A pessoa sé tem uma vida auténtica quando reconhece que um ser-para-a-morte. A morte, enquanto necessidade na vida humana, acaba com tadas as possibiidades de escolha 0 inaiviauo. Segundo Heidegger, exstir de forma auténtica sé é Dossivel Aquele que tem a coagem de encarara possibiidade da morte e também de sentir a angustia do ser-para-a- morte, aceitando a sua prépria fnitude e néo se iludindo ao Pensar que a Vida presa as colsas e aos fatos traria sentido Para @ sua existéncia humana, © Individue da vida inauténtica, por sua vez, teme a ~angistia, desviando 0 pensamento de finitude e se ludindo om as coisas do mundo, acreditando que elas podem trazer sentido & sua existéncie, inebriando-se com 0 agora Para Heidegger, a angistia é aquilo que abre, de maneira origindria e direta, 0 mundo como mundo. Néo € primeiro a reflexéo que abstral do ente intramundano para entdo sé pensar o mundo e, em consequéncia, surgir a angdstia nesse Confronto, Ao contrério, enquanto modo de disposicao, € e anguistia que pela primeira vez abre 0 mundo como mundo. Isso, porem néo significa que, na angistla se conceba a nundanidade de mundo. Aangiistia no é somente argiistia com... mas é também angustiar-se por (,..] 0 por que a angustia se angustia ‘do é um modo determinado de ser e uma possibilidade 42 presenca. A prépria ameaca é indeterminada [1 A anglstia se angustia pelo préprio ser-no-mundo, HEIDEGGER, Martin. Sere rempo. Tracugto de Mércie de $54 Cavalcante, Rlo de Janera Ed, Vozes, 2002, p. 252, 98 | caeiozne Os principais pensadores do século XX ‘A sequit, 0s principals conceitos na filosofia de Heidegger. = z 5 ry 3 ot z Médulo 12 SARTRE Jean-Paul Sartre, considerado por muitos como o mais representativo de todos os pensadores existencialistas, rnasceu em Paris, em 1905. Estucou na Escola Normal Superior de Paris e fol professor de Filosofia nos liceus de Le Havre ¢ de Paris, Convocado para a Segunda Guerra Mundial fol preso pelo Exército alemdo e levado & Alemanha. Ao retornar para ® Franca, fundou, juntamente com Merleau-Ponty, 0 grupo de resisténcia intelectual denominado "Socialismo e Liberdade” © pensamento de Sartre ultrapassou os limites da Franca f se espalhou pelo mundo nas décadas de 1940 1950, influenciando consideraveimente a politica, os movimentos socials, as mentes dos intelectuals ea arte, Sartre viajou por todo © mundo, tendo sido recebido por pollticas e ativistas famosos, como Che Guevara, em Cuba, e Khrushchev, na Rassia, Sartre © sua esposa, Simone de Beauvoir, em visita 9 Che Guevara em Cuba. O ser humano versus os demais seres 0 eeistencialismo ateu, que eu represento [..], declara que, se Deus no existe, hd ao menos um ser no qual a ‘existéncia precede a esséncla, um ser que existe antes: {de poder ser definido por algum concelto e que esse ser € © homem ou, como diz Heidegger, a realidace humana. © que significa saul que a existéncla precede a esséncia? Isso significe que, primeiramente, existe o homem, ele se ddeixa encontrar, surge no mundo, e que ele s6 se define depois. 0 homem, tal como 0 coneabe 0 existencialista, ‘0 € definivel porque, Inidalmente, ele nada &, Ele s6 seré depois, ¢ ele seré tal como ele se fizer, Assim, no existe atureza humana, Ja que no hé Deus para concebé-la (© homer & apenas ndo somente tal como ele se concebe, ‘mas tal como ele se quer, e como ele se concebe apés ext como ele se quer depois dessa vontade de exstr- 0 homem & apenas aquilo que ele faz de si mesmo. Tal & 0 primeiro principio do exstenclalismo. SARTRE, Jean-Paul. © exstencialsmo é um humanism, TradugSo de Rta Correia Guedes, Lulz Roberto Salinas Forte © Bento Prado Junior. 3. ed ‘So Faulo: Nova Cutural, 1987. p24 0 “em-si” Sartre defende que a conscléncia humana é sempre consciéncia de alguma colsa que est inserida no mundo e ue, diferentemente dos seres humanos, nenhum objeto tem 2 consciéncia em si mesmo, ara se referir a esses objetos, Sartre usa 0 termo “em-si*, que representa a esfera das, coisas materiais e dos seres qe no passam daquilo que eles, aperentam ser, idénticos a si nesmos, esgotando-se nagullo, ue so, sem que possam ser nada além disso. Trata-se do simples ser-no-mundo, desprovide por completo de atividade reflexiva, sendo esta exclusividade do ser humano, capaz de ter consciéncia das coisas e de si mesmo, Dessa forma, a negacio e a afirmaso néo se apresentam para o “em-si',j8 que ambas sdo frutos da consciéncia e tém como pressuposto a presenca do pensamento, O sero é relagSo as, ele & ele mesmo, € uma imanéncia que no se pode realizar, ume afirmaco que no se afirma, uma atividade que néo pode agi, porque é empastado de si mesmo, BORNHEIM, Gord. A. Sartre ‘So Paulo: erspectva, 1971. p. 34 0 “para-si” Sartre diferenciava o ser“em-si" e 0 ser "para-s", dizendo ue 0 primeiro era o ser do fenémeno’, a coisa em si mesma, ‘© objeto sem consciéncla que simplesmente est’ no mundo, ‘enquanto 0 segundo, por oposicéo, era o”ser da consciéncia” (© "em-si" & incriado © atemporal, 0 “para-si”autocra-se continuamente no tempo, Enquanto que. primero sempre Idéntco es préprio, o segundo "no pede colnciir consigo’ MORAIVA, Jo8o da. O que é existence, ‘Bo Paulo: Braslense, 1962. p. 38, (© “para-si’, dessa forma, €2 consciéncia do ser humano, ' qual, por sua vez, esta no mundo e no “ser-em-si". Essa consciéneia, no entanto, €radicalmente diferente do mundo, do sendo dependente dele. A consciéncia, que consiste na propria existéncia da pessoa, é absolutamente livre e, ssendo pura liberdade, a pessoa ou a consciéncia, entendidos ‘como uma mesma coisa, 20 contrério do "ser-em-si", que std pronto e completo, ¢ Incompleta, podendo se constituir rnaqullo que quiser TOO | cHersotauce Os principais pensadores do século XX Para Sartre, a [Lo] lberdade no € um ser, ela é0 ser do homem, Isto &, ‘seu nada de se: REALE, Govann. Histéria de lsofa Ania. Traduclo de v0 Storilo. 7v, $0 Palo: Loyola, 2001. Volume VI p. 228, qualquer sobre sua pr Anausea Segundo Sartre, 0 Indiviauo uma ver langado no mundo de forma contingente, gratuita e desprovida de sentido, experimenta a néusea, que consiste na constatacdo do absurd da existéncia do ser humano, o qual no tem, em sua natureza, qualquer necessidade de existir ou qualquer sentido de vida. 0 ser humano existe absurdamente como um ser-ai, um ser-ne-mundo, que, ao se der conta de sua existéncia e, consequentemente, de sua falta de sentido, tem, ento, 0 sentimento da néusea, que faz como se 0 estémago se revirasse ao compreender que a existéncla humana é simples contingéncia, a pessoa existe, mas poderla ‘muito bem ndo exist, e ainda assim o mundo continuaria a ser do mesmo modo. Para Sartre, a existéncia do individuo pura gratuidade e absurdo. Uma vez langada no mundo, a pessoa é responsavel por todas as sua agées e pelos rumos de sua vida. Afinal, $6 que no hd natureza ou esséncia dada, por exemplo, por Deus, a pessoa serd 0 que fizer de si mesmo na mais plena liberdade. Nesse sentido, Sartre afirmava que a pessoa estava condenada a ser livre, O nada Sartre traz para o centro de seu pensamento e de sua obra ‘9 ser humano, que &, segundo o filsofo, 0 Unico ser "para-si’ (0 filésofo pensa o individuo concreto a partir de sua existéncla Cotidiana desprovida de qualquer sentido ou relevancia especial AA partir dessa caracterizacéo da condicéo humana, Sartre elabora o concelto do nada, que se refere a consciéncia, ou ela, 20 individuo que no tem em si um sentido ou uma esséncia ‘priori determinada, mas consiste tao somente na possibilidade de fazer a si mesmo a patir de sua livre escolha. Uma vez.que individuo é livre e que néo traz em sinenhuma predefinics0, a consciéncia 6 0 préprio nada. Pare ofilésofo, & préprio& condicso humana a falta de sentido e de determinagdes anteriores 8s ‘escolhas do individuo. No entanto, se, por um lado, essa falta de sentido pode parecer um problema, por outro, &justamente {la que leva a pessoa a auscar trazer sentido & sua vida, por ‘melo de suas propriasescolhas, uma vez que é plenamente livre. “Sartre e sua parceira Simene de Beauvorr,considerade per muitos 0 casal-simbolo das esperancas libertérias dos tempos modernos. Aexisténcia precede a esséncia Uma das ideias mais importantes de Sartre era a de que ido havia qualquer espécie de determinisma em relacho & realidade humana, senco que o ser humano era totalmente livre e nada poderia tiré-lo dessa condigéo de liberdade, Nesse sentido, no havia, para 0 filésofo, uma natureza humana predefinide ou anterior 20 ser humano que 0 determinasse. Ao contrério dos outros animals, que nascem com uma determinago natural representada por seus instintos, o ser humano seria livre de qualquer determinagao prévia efaria a si mesmo, a partir da liberdade que possuiria dentro de certo contexto, o que Sartre chamava de liberdade situada’. 0 filgsofo defendeu essa idela ao afirmar que a cexisténcia precedia a esséncia (© homem nada mais € do que aquilo que ele faz a si PESSANHA, José América Mota (Comp). Sane. Selego de Textos. Tradugdo de Rta Correia Guedes, Luz Roberto Salinas Forte, Bento Prado ior. Sa Paulo: Nova Cultural, 1987, 9.14 Tauatenea | 494 FILOSOFIA Méduto 12 Essa frase de Sartre resume o principio fundador do existendalismo, Segundo o fildsofo, se a existéncia precede 2 esséncia, primeiro a pessoa existe e s6 depo's ela define © que seré, determinando, na mais absoluta liberdade, 2 sua essncla, Entre todas os seres, somente o ser humano G livre, sendo os outros predeterminados pela sua natureza. De acordo com conceite de existéncia proposto por Sartre, ‘que afirma que samente 0 ser humano existe, enquanto as colsas simplesmente sd, 0 filésofo prope uma nova forma de ‘ver 0 mundo, valorizandoo individuo, que constréia si mesmo, en (© homem deve erar a sua préaria esséncia; é jogando-se no mundo, lutando, que aos poucos se define [...] 2 ‘angista, longe de oferecer obsticulo & acdo, € a propria ‘ondigBo dele [..] © homem s6 pode agir se compreender ‘que conta exclusivamente consigo mesmo, que ests sozinho fe abandonado no mundo, ne melo ce responsabilidades infritas, sem auxlio nem socorro, sem outro objetivo além ‘do que der a si proprio, sem outro destino além de forjar pare si mesmo aqui na Terra ‘SARTRE, Jean-Paul. Carta de 1° de outubro de 1944, diigida a Jean Pauinan, para responder “O que 6 exitencalino7 In: Cademos de Histéna Memorial RS = Centendrio de 3. Sart, Clspanivel em: , 8ce5s0 em! 10 Jun. 20%. Uma das ideias mals interessantes do existencialismo sartreano é a de que @ propria pessoa é quem decide 0 seu ‘caminho, sendo, assim, a Unica responsével por suas decisoes, ‘sejam elas boas ou mds, dignas ou indianas. J]o-existencialismo afirma é que o covarde se faz coverde {ue 0 heréi se faz herdi; existe sempre, para 0 covarde, Lima possiblidace de no mais ser covarde, e para © herd, de deixar de o ser PESSANHA, José Amério Motta (Comp.). Sartre. Seleio e Textos. Traduso ce Rta Correia Guedes, Luiz Roberto ‘Salinas Forte, Bento Prado Jno. 3. ‘S80 Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 14. A corrente existenclalista foi amplamente acusada de pessimista, devido & sua suposta viséo decadente e precéria ‘acerca de existéncia humana. Porém, Indo contra essa visdo, Sartre defendia 0 existencialismo como a mais otimista das vis6es sobre o ser humano, ja que era a nica que Ihe Dossibiltava fazer de sua vida o que quisesse, sem que houvesse desculpas ou predeterminagées que pudessem impedir a sua realizacio. Segundo a corrente existencialista, ‘como ndo existe nada de antemao realizado no ser humano, tle € 0 Unico responsével por sua felicidade ou infelicidade, ‘construinde sua esséncia durante a sua existéncia, (Com efelto, sea existéncia precede a esséncia, nada poderd Jamais ser explicado por referéncia @ uma natureza humana dada © definiva, au seja, nBo existe determinismo, 0 homem é live, © homem ¢ liberdade. PESSANHA, José Amésco Motta (Comp.). Sarre “radugSo de Rita Corse Guedes, Lule Roberto Salinas Forte, Bento Prado Xinior. Selago de Tetos, $530 Paulo: Nova Cultural, 1967. p. 14. Neste sentido, Sartre afirmava, no mesmo texto, que 0 existencialismo era um "humanismo, porque recordamos ao hhomem que no existe outro legislador a nao ser ele proprio.” Em um primeiro momento, a pessoa simplesmente existe e, 56 depois de sua existéncia, ela se descobre, aparecendo no mundo e definindo-se segundo sua liberdade para escolher. Aliberdade Para Sartre, uma vez que @ existéncia é anterior & esséncla, @ pessoa deve entio se construir de forma livre de toda’e qualquer determinacdo. Apesar da aparente Contradicéo, Sartre afirmava que a inica determinago do ser humano é ser livre, ou seja, a sua Unica determinacdo é no ter determinacEo, sendo a liberdade o seu fundamento, [A pessoa, usando sua liberdade, escolhe 0 que projeta ser. Seus valores so aqueles que ¢la mesma cria por livre tescolha, sendo que a dnica coisa que o ser humano nao pode fescolher € deixar de ser live, pois, ainda que ele decida abandonar a sua liberdade, para escolher isso, ele precisa ser livre. Nesse sentido, Sartre afirma que [uJ a escolha é possivel, em certo sentido, porém 0 que no é possivel & nao escolher. PESSANHA, José Aménco Motta (Comp. Sartre, Seco de Textos. TradigSo de Rita Corrla Guedes, Lulz Roberto Salinas Forte, Bento Prado Jnr. So Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 14 Para existenclalismo, 0 ser humane é totalmente ivre pare escaiher sero que quise, ou saa, 0 indviduo & a que ele faz de si mesmo. Porém, tadas as consequéncias de suas escola so de sua intera responsablidade, A possiblldade do tracasso 6 inevitsvel quando ‘se tem plena responsabiliade sobre a prdpria vida Para 0 flésofo, nfo ha melo termo para se pensar a liberdade: ou ela ¢ absoluta ou ela nao existe, sendo 0 seu fundamento 0 nada, 0 indeterminismo absoluto do individuo daquilo que ele faré de si mesmo. ‘Somos separados das colsas por nada, apenas por nossa liberdade; & ela que fez que haja coisas com toda sua ingiferenca, sua imprevisibilidade © sua adversidade, ‘que nés sejamos inelutavelmente separados delas, Bois 4 sobre um fundo de nacificacSo que elas aparecem e que se revelam como ligadas umas as outras, Joo T anieennae Os principais pensadores do século XX A liberdade € 0 Unico fundamento dos valores e nada, absolutamente nada, me justifica 20 adotar tal ou tal valor, tal ou tal escala de valores. Enquanta ser elo qual os valores existem eu sou Injustificével EE minha liberdade se angustia de ser 0 fundamento sem fundamento dos valores. SARTRE, Jean-Paul. O ere o nada: ensaio de ontologla enomenoléaiea, Tradurso de P. Perdigao. Petrépolis: Vozes, 2005. p. 591 @ p. 76. A liberdade, no existencialismo sartreano, é alferente da Ideia de liberdade entendida como livre-arbitrio ou como a ‘capacidade de escolher coisas de forma descompromissada, Para Sartre, o conceito de liberdade traz consigo a responsabilidade incondicional pela propria vida e pelos erros einsucessos que possam ser decorrentes das escolhas feitas ela pessoa, Nesse sentido, no existencialismo de Sartre, ‘o concelto de liberdade refere-se a uma liberdade responsével, {que no pode ser confundida com simples libertinagem, uma vez que a liberdade humana esté situada na realidade e, por isso, € condicionada ao contexto histérlco e limitada plas regras da sociedade as quals todos devem se submeter Por essa razio, a liberdade humana ndo é infinita, Sartre, fem sua obra Osereo nada, afirma que'[..] eu sou responsével Por tudo, salvo por minha prépria responsabilidade, Porque eu no sou o fundamento de meu ser.” ‘A submissdo da pessoa & comunidade faz com que seus Interesses muitas vezes entrem em conflto com os interesses da sociedade. No entanto, a pessoa, a0 compreender que totalmente livre, deve compreender que todas as outras também 0 so, sendo assim, a0 desejar a sua lberdade, Cindividuo se compromete tambérn coma liberdade dos outros Individuos, e, assim, ser livre assume um carater universal Desse modo, Sartre afirma: ‘Sem davida, a liberdade enquanto definigo co homem, nao depende de outrem, mas, logo que existe um’ engajamento, sou forcado a querer, simultaneamente, 2 minha liberdade @ a dos outros, no posso ter como. ‘objetivo 2 minha liberdade a no ser que meu objetivo ‘seja também a liberdade dos outros. PPESSANHA, 2058 Amésico Matta (Comp.). Sartre, legs de Textos, Traduedo de Rita Correia Guedes, Luz Roberto Salinas Forte, Bento Praco Junior. ‘580 Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 14. Ama-fé ‘Atualmente,entende-se por mé-téas tudes inescrupuiosas tomadas por determinada pessoa com o intuto de enganar € ludibriar outra, No entanto, para Sartre, 0 conceito de ‘mé-fé possula um sentido diferente, referindo-se as atitudes da pessoa contra ela mesma. Para o filésofo, quendo 0 individuo mente para si, buscando justfcar seus atos por meio de esséncias, naturezas ou determinacdes prévias, le age de mé-té, pots ndo assume as responsabiidades sobre 5€Us atos e dissimula sua vida’ 20 considerar que suas acées seguem um caminho defnido anteriormente &s suas escolhas. Pra Sartre, um individu que se esconde atrés de desculpas de suas palxGes, baseado em um determinismo imaginado, um sujelto dotado de mé-fé, a qual, segundo o flésofo, [..d € evidentemente uma mentra, pois dissimula a total loerdace do engejament. PESSAVHA, José América Motta (Comp). Sate. Selegdo de Textos. Tratecdo de Rta Correla Guedes, Luz Roberto Salinas Forte, Bento Praco unio. ‘SS0 Paulo: Nova Cultural, 1967. p. 4. Sartre considera a rré-f6 um pretexto das pessoas que, por medo ou ignorSnciaconsciente, insistem em se esconder sob 0 véu da mentira, afirmando que suas vidas 38 esto determinadas por um ser superior ou por uma natureza, sem assumir 0 risco de viver e de tomar decis6es, Inventando desculpas para si e para as suas acbes. Deus © existencialismo ateu de Sartre coloca o Individuo no centro da prépia vida como tinico responsavel por sua existéncia. De acordo com essa teoria, & impossivel acreditar em um Deus anterior aos seres humanos, pols, se ele existisse, haveria uma natureza original criada por ‘esse Deus, 0 que nio é admitido pela filosofia de Sartre, Para o fildsofo, tornando-se responsavel por sua existéncia «pela consequente construcio de sua esséncia, o individuo também responsével pelos outros, 1 portanto, 2 r9ssa responsablidade & multo maior do que paderiames supor, pos ela engaja a humanidade Intera PESSANHA, J0s8 Aro Motta (Comp). Sartre. Selecio de Tests. ‘Trado de Ra Coneia Guedes, Luiz Roberto Salinas Forte, Bento ra hn $0 Paulo: Nova Cultura, 1987.24 Essa responsabilidade leva @ pessoa ao sentimento de angustia, uma vez que, como Deus nao existe, tudo é ppermitido e ndo existem regras essenciais a serem seguidas, Diante disso, o individto esta £6, sem o apoio de Deus ou de qualquer outra entidade para legitimar ou apontar as suas escolhas. Por essa razéo, 0 individuo esta condenado & liberdade, j4 que no ha paradigmas que legitimem as suas escolhas, podendo, por isso, escolher errado, tomando o plor por melhor. Nessa situago, como o tinico responsdvel or suas escolhas foi el2 mesmo, no hi culpados pelo seu fracesso e por seu insucesso, devendo a propria pessoa assumi a responsabilidade pelos rumos de sua Vida, E necessério ressaltar que o ateismo do existencialismo rndo tem a Intencio de provar a inexisténcia de Deus. Com essa teoria, Sartre est preacupado com a liberdade, buscendo defender que o ser humano é livre de qualquer determinacdo e que, por isso, ele € 0 tinico responsdvel por si mesmo e pelo mundo. Essa responsabllidade defendida Por Sartre foi um dos motivos para que ofilsofo se tornasse lum intelectual profundamente engajado em mavimentos politicos, intelectuals e artisticos de contestaco e busca pela liberdade, Eaton benoatt | 493 FILOSOFIA Méduto 12 Sartre acreditava que os Intelectuals deveriam desempenhar lum papel ativo na sociedade, Fol um artista miltante e apoiou com a sua vida e a sua obra causas poltcas de esquerds. Esse fol um dos motivos que o levou a recusar-se a receber 0 Prémio Nobel de Literatura de 1964, (© existencialsmo no é tanto um atelrmo no sentido em que se esfrcaria por demonstrar que Deus ndo existe Ele decara, mais exatamente: mesmo que Deus existsse, nada mudari, ) A flosofia de Sartre no pode ser concebida por alguém que no tenha uma religgo, tendo em vista aoe a Yerdadeira liberdade, de acordo com sua proposta, ‘somente pode ser compreendida por alguém aue, con, uo f6, trenscenda os limites materiass ©) Para Sartre, © ser humano & um projeto a ser realizado cotidianamente através das escolhos Fealzadas livremente, no existindo uma esséncis {Ue determine a prion a existéncia, (UeNP-PR-2023) Televisio A televisdo me delxou burro, muito burro demais ‘Agora todas as coises que eu penso me parecem iguais © sorvete me delxou gripado pelo resto ds vida E agora tad noite quando deito & boa noite, querida, 6 cride, fala pra mae Que eu nunca li num livro que um espirro fosse um virus Ve se me entende pelo menos uma vez, eriatura! 6 cride, fala pra mae! ‘Amie diz pra eu fazer alguma colsa mas eu nBo faco nada ‘4 luz.do sol me incomoda, entée deixo a cortina techade E que a televisto me debxou burro, muito burro demals E agora eu vivo dentro dessa Jaula junto dos animals 6 cride, fala pra mae ‘Que tudo que 9 antena captar meu corecéo captura Ye seme entende pelo menos ume vex, ritual © cride, fala pra mae! TITAS. Televisso, 1985. Os principais pensadores do século XX 07. ‘Assinale 9 alternative INCORRETA 4) A Indstria cultural um termo criado pelo grande Mlésofo contemporéneo Habermas, no sentido de ong, Dusca constante para efetivacSo de sua teoria da aco ‘comunicativa, A Escola de Frankfurt preocupou-se, sobretudo, Com © contexto sociale cultural do surgiments, seg teorias, dos valores e da visdo de mundo da sociedocs industrial avancada, ) © termo Indiistria cultural foi utiizad pela primeira ez em 1947, quando da publicagdo da Dislsttn ae Huminismo, de Horkheimer Adorno, P).A indtstria cultural, segunda Adorno, impede a formacko de incividuas auténomos, independentes capazes de conscientemente decidir ¢ julgar sence © préprio écio utiizado cam o objetive de tomers diversao como um prolongamento do trabalho, ) A teoria critica da Escola de Frankfurt, euja chamada iprimeira geracéo", com Adorno, Horkhelmer Benjemin, ojetivou o desenvolvimento de unre eons critica da cultura, 8) (UFPA-2013) Originalmente concebida e acionada para Emanclparoshomens, a modema cénca ests hoje osehee $2 canita,contrbuindo pare a manutengao das relspoee de classe. A cléncia e a técnica nas més dos podertoss (--]eontrolam a videos homens, subjuge-os a0 terrace, Go capital. A producto de bens segue uma légiea techies © no & légica das necessidades reals dos hormone, FREITAG, B.A teria Critica ontern e hoe $80 Paulo: Brasitonse, 1986, p94 ‘autora nos apresenta a visio da Escola de Frankfurt Acerca do: papel desempennado pela ciencia © pele fecnologia na modema economia capitalista, Sobre cate Papel, considere as afirmativas abaixo: 1. Adéncia ea técnica, além de serem forcas produtivas, funcionam como ideologias para lesitimar o siete capitaista, Nas mos do poder econémico e politico, a tecnologia © 2 cléncia 880 empregadas para impedir que as peseoos ‘tomem consciéncia de suas condigBes de desiguoldsae A dimensio emancipadora e critica da racionalidade ‘moderna fol valorizada na economia captalsta, ois Imuitas das reivindicagées dos trabalhadores forsmn atendidas a partir do advento da tecnologia 1V. Na economia capitalist, produz-se com eficécia 0 {Que d lucro e ndo aquilo que os homens necesstars gostariam de ter ou user Esto CORRETAS as anrmetivas: m A) Tet >) ttre 8) nent ©) 1, new ©) mei (UFU-MG-2013) Pora J.P. Sartre, 0 conceito de para-s| diz respetto ‘A)_@ uma criagzo divin, cujo agir depende de principio metafisico regulacor, B) apenas & pura manutenc3o do ser pleno, completo, da totalidade no seio do que é ©) 20 nada, na medida em que ele se especifca pelo oder nadificador que o constitu P) 2 algo empastado de si mesmo e, por isso, néo se ode realizar, nBo se pode afirmar, porque esté chelo, completo, tos Beneal 499 Médulo 12 8. (Uncisel-2013) 0 terme “totalitério” fl inventado por Benito Mussolini (ditador italiano) na década de 20 para significar: "Tudo no estado, nada fore do estado, nada contra o estado", No regime ttaltrio, a dinamicidade social é cubstitulda pela estatcidade que é provocada pela entiicacio entre sociedade e estado, A partir de mead do séulo XX, o totalitarsmo passou a signiicar un regime {Ge partido Unico, absoluto e opressor Para que um estado tatalitério posse ocorrer terse verfcado que & necessérioe existéncia ‘de uma populacio urbana que em sua maloria esteja voltada para a indlstria; 0 governo deve sispor de uma forma eficente de propaganda pare manipular @ populacao; e a economia global deve estar em crise, A demnocrack fol criade, historicamente, para ‘garantr o exercicio das liberdades pdblicas dlante do poder irestrito do estado Disponive em: ‘Assinale 2 op¢0 CORRETA em relacio as caracteristicas que definem as democracias e os virios tipos de totalitarismos. |A) Nos estados demacréticos, no So vistos como deveres dos cidadios a obrigacéo de pagar impostos votados pelos representantes eleltos pele povo. 8B) Nos estados totalitérios, a ideologia dominante é disserninada por toda a sociedade, substituindo ou adequando tradicdes, Crencas e conviegées palitcas. Além do mals, 0 terror policialimpe um clima de medo constante, viglanco divturnamente ' socledade e ameacando os opositores do estado, produzindo uma represséo intensa e rvel. ) Nas democracias maduras, os direitos individuals lberam os cidad8os da obrigatoriedade jurdica geral relative ao acatamento das les ) O estado de aireto ¢ perteltamente possivel de ser concretizado nos estados totalitrios. mesmo pesando a insegurance eas incertezas permanentemente. ) Diferentemente das ditaduras, do despotismo, do absolutism € da tirana, as dissidGncias s8o aceltas dentro dos estados totaltérios e, por vezes, estimuladas, 09. (UNESP-2013) Desde o inicio da semana, alunos da rede municipal de Vitéria da Conquista, na Bahia, no vo mais poder cabular ‘us, Um Tuniforme inteligente" val contar aos pals Se os alunos chegaram & escola ~ au “dedurar” se eles nBo passaram do porto. ( sistema, baseado em rédio-frequeénci funciona por meio de um minichip instalado na camisets do nove uniforme, que comegou ‘2 ser dlstribuido para 20 mil estudantes na segunda-feira. Funciona assim: no momento em que os alunos entram na escola, um ‘Sensor instalado na portaria detecta 0 chip e envia um SMS as pais avisando sobre a entrada ra institlcso CCANCIAN, Natali Unforme Inteligenteentrega aluno ‘que cul aula na Bara, Fotha de S.Paule, 22 mar. 2012. {A leitura do fato relatado na reportagem permite repercussbes filaséficas relacionadas a esfera da ética, pols o “uniforme Inteligente’ |) esté inserido em um processo de resist8ncla ao poder dlsciplinar na escola, B) fruta de uma agdo do Estado para Incrementar 0 grau de liberdade nas escolas. ) Indica 2 consalidacso de mecanismos de consulta democrética na escola publica. 1) introduz novas formas institucionais de controle sobre aliberdade Individual. ) proporciona uma indiscutivel contribulgBo clentfica para @ autonomia individual. 10. (Unicentro-PR-2013) Observe a charge a seguir esee pe PAI oA 18 cages oe sp sAINDo Se anpsino, cr, 2 Prana canes : Cenrrenbo. ere 6 Taster ton nde eovsta, THTOLo be eietroR \\ 11g | etoesce 11, 12. Com base na charge enos conhecimentos sobre liberdade © poder na filosofia contemporanea, considere as anrmativas a seguir 1. Ubaldo, © paranoico, teme tudo, € uma vitima ‘arduetipica dos governos autontériose violentos que. anulam os direitos fundamentals, principalmente 2 Nverdade de expressio, 1. Ubaldo, © paranoico,'se ressente por estar submetido ‘20 comando absoluto do governe e pela insegurance 4e ire vir ivremente, I, Ubaldo, 0 paranoico, assim como qualquer pessoa, teme os desmandos do governe autoritério, que pode. fazer uso da pristo arbitréia, da tortura de cerisura 1 tentativa de calar 0s opositores do regime. 1V, Omedo de Ubaldo, oparanoica, é exagerado uma vez ue, mesmo em governos autortérios, os dretos de todos os cidaddos devem ser respeitads, ‘Assinale a altemnativa CORRETA, ‘A) Somente as afirmativas 1 1! s80 corretas, 8) Somente as afirmativas Ie IV so corretas. ©) Somente as afrmativas 11 e IV s&o corretas ) Somente as afirmativas 1, I= I11 so corretas, £) Somente as afrmativas 1,111 e IV s80 corretas. (Uoicentro-PR-2013) A razdo instrumental - que Adorno, Marcuse e Horkhelmer também designaram com # ‘expresso raziolluminista ~ nasce quando A) 2 ideologia cientificista dissimula a origem © 2 Finalidade das pesquisas centifices 8) 0 senso comum faz uso da tecnologia ¢ dos objetos ‘t€cnicos crlados pela ciéncia ) as céncie humanas cram métodos especticos para 0 estudo de seus objetos,livranda-se das explicacses ‘mecénicas de causa e efeit, 2s ciéncias humanas, gracas ao marxlsmo, passem 2 compreender que as mudancas historlcas nao resultam de agdes subitas, mas de lentos processos Socials, econfmicas e politicos. © sujeito do conhecimento toma a decisio de que conhecer é dominar e controlar a natureza eos seres humanos, 0) 5) (Unioeste-PR-2013) Quando dizemos que o homem se ‘escolhe @ si mesmo, queremos dizer que cada um de nds € escolhe @ si préprio; mas com isso queremos também ‘dizer que, 20 escolher-se a s| préprio, ele escolhe todos os ‘homens. Com efeto, nao hé de nossos atos um sequer que, 20 crlar 0 homem que desejamos ser, no cre a0 mesmo ‘tempo uma imagem do homem come fulgamos que deve set, Eseolher isto ou aqulo € afar 20 mesmo tempo 0 valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher ‘o1mal, o que escolhemos & sempre © bem, e neda pode ser ‘bom para nés sem que o seja para todos, Se a existénca, Por outro lado, precede a essénca e se quisermos exist 40 mesmo tempo que construimos a nossa imagem, esta Imager € vida para todos e para a nossa época. Assim, @ nossa responsablldade & muito malor do que poderiamos ‘Supor, porque ela envolve toda a humanidade, SARTRE, Os principais pensadores do século XX CConsiderando 0 texto citado e o pensamento sartreano, E INCORRETO afirmar que ‘A) valor maximo da existéncia humana 6 a liberdade, Porque o homem é, antes de mais naga, o que tiver Projetado ser, estando “condenado a ser livre” fotaimente posto sob © daminio do que ele é, a0 homem € atribuida a total responsabilidade pela sua existéncia e, sendo responsével por si, é também Fesponsével por todos os homens. ©) 0 existencialismo sartreano é uma moral da acto, ols o homem se define pelos seus atos e atos, por ‘exceléncia, livres, au seja, o“homem no é nade elem do conjunto de seus atos’ © homem um *projeto que se vive subjetivament ois ha uma natureza humana previamente dada. © bredefinide, , portanto, no homem, a esséncia precede a existéncia, ) por ndo haver valores preestabelecidos, chomem deve 'nventé-los através deescolhas lives, e, como escalher afirmar o valor do que é escolhido que é sempre 0 bem, € 0 homem que, através de suas escolhas livres, ‘2tribul sentido a sue existence, 2) SECAO ENEM O1. (Enem-2013) 0 edifcio € circular. Os apartamentos dos Prisioneros ocupam a circunferénca, Voce pode chaméios, '5e quiser, de celas, © apartamento do inspetor ocupa o entre; voc8 pode chamé-o, se quiser, de alojamento do 'nspetor A moral reormada; asaide preservada;e indistria ‘evigoreda; a instrucso difundide; os encargos pubicos aliviadas; a economia assentada, como deve ser, sobre uma ‘och; 0-né gérdio da Lei sobre as Pobres néo cortado, mas Cesfeto — tudo por uma simples idea de arquitetura! BENTHAM, 1. 0 pandptic. Belo Honzonte: ALtEntica, 2008, Essa € a proposta de um sistema conhecido como Bendptico, um madelo que mostra o poder da disciptina nas sociedades contemporéneas, exercido preferenciaimente por mecanismos: A) religiosos, que se consituem como um olho ¢ivino controlador que tudo vé, 8) Ideolégicos, que estabelecem limites pela alienacéo, Impedindo a vis80 da dominago sofrida, ©), repressivas, que perpetuam as relacdes de dominaslo {entre os homens por melo da tortura fisca ) Suis, que adestram os corpos no espago-tempo por meio do olhar como instrumento de controle. ) consensuats, que pactuam acordos com base na ‘compreensso dos beneficios gerais de se ter as Préprias aces controlades. Boston | 95 Méduto 12 02. (Enem-2012) Seria até engracado, se no toss trégico, 03, Porque na hora que a pessoa tem uma doenca, ela fica se achando responsével por tera doenga. E se voce pegar na fistrla da medicina, sempre fol feito isso ~ os que then, lepra eram considerades implos; tinnam lepra pornce ‘no eram tementes a Deus, porque néo eram homens ¢ mulheres quetinham uma vida relisiosa. Os tuberculosos, alinicie do século, ra epidemia de tuberculose na Europe Inteira, aqul em So Paulo, no Brasil todo, eram peseooe devassas, Jovens devassos. Com a Aids nés vimos a mecrea coisa. Quem tinha Aids, quem eram? Eram os promiscuos ©. viciados em drogas, nao > ‘Ereveta de Dré.zo Vrs no programe Roca Vive em 30 a9. 2004 Disponivel em:

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