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A REENCARNAÇÃO

Nº 420 - ANO LXVII- 2000 Sumário


Diretor
EDITORIAL
4
Nilton Stamm de Andrade
Redação
Aureci Figueiredo Martins
João Paulo Lacerda
Revisão
Aureci Figueiredo Martins
Jornalista Responsável
João Paulo Lacerda (DRT/RS 4044) Desafios da Juventude
Produção Gráfica 5
Redação e Administração
Av. Desembargador André da Rocha, 49
Fone/Fax: (51) 224.1493
Porto Alegre -RS- CEP 90050-161-Brasil A Contribuição dos Jovens
reencarnacao@fergs.com.br 15
Esta revista está registrada no C.R.C. (Dec.
nº 24776, Art. 5º, item 1) sob o nº 211.185, cadas-
tro nº 458/p nº 209/73 do D.C.D.P.
Fundada em julho de 1934 por Oscar
Breyer (seu primeiro diretor) sendo presidente da
FERGS Ildefonso da Silva Dias
O Desafio dos Pais
21

FEDERAÇÃO ESPÍRITA
DO RIO GRANDE DO SUL
http://www.fergs.com.br Evangelização das Relações
CONSELHO EXECUTIVO 23
Nilton Stamm de Andrade
Presidente
Udo Schuler
1º Vice-Presidente
Gladis Pedersen de Oliveira
2ª Vice-Presidente
Celina C. Córdova 52 Anos de Evangelização Espírita da
1ª Secretária
Criança e do Jovem no Rio Grande do Sul
34
Meri Otero da Silveira
2ª Secretária
Vulpério Moreira Machado
1º Tesoureiro
Moacyr Arthur Bouchut
2º Tesoureiro
João Felício
Departamento Doutrinário
Vilma Darde Ruiz Adolescência
Departamento de Infância e Juventude
Marilene Huff 40
Gládis Pedersen de Oliveira
Departamento de Assuntos da Família
Nilton Stamm de Andrade
Departamento de Comunicação Social
Udo Schuler
Livraria e Editora Espírita Francisco Spinelli
Silvio Luiz de Oliveira
Assessoria Jurídica
Seldon Fritz Hofmann
Assessor Geral
Adão Fontes dos Santos Encartado nesta edição
Assessor da Presidência
Cicélia Porto de Deus
Assessora do Setor de Apoio e
Promoção Social Espírita Suplemento Especial
Leopoldina Almeida Frade
Coordenadora do Centro de Treinamento e Estudo A História das CONJERGS
Aureci Figueiredo Martins
Assessoria para a Revista A Reencarnação

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Editorial Todos temos uma parcela de responsabilidade face à
educação da criança e do jovem. Todos temos sob nossos
olhos almas que crescem e que convém se agigantem, à luz
grandiosa dos ensinos crísticos. É nosso dever, pois,
colocarmos o coração e a mente em sintonia com o
entendimento superior e colaborarmos eficientemente na
educação das crianças e jovens, a fim de que a geração de
amanhã seja habilitada para a Luz Suprema
Bezerra de Menezes

A
caminhada evolutiva huma- crescimento e troca de experiênci- Cecília Rocha, uma pioneira
na, tanto individual quanto as. Esses encontros representaram que palmilhou esse caminho, dá o
coletiva, é marcada por eta- momentos sublimes de entrelaça- seu testemunho como co-partici-
pas estabelecidas dentro de um li- mento de jovens encarnados e pante dessa história, em artigo nesta
mite de tempo e espaço. Ao início desencarnados que se reuniam ser- edição.
de nova etapa, são traçados objeti- vindo de fermento que levedaria a Como entendia Francisco
vos, elaborados planejamentos e, massa do processo da evangeliza- Spinelli, já desde 1956, “não des-
quando se atinge a culminância da ção no Estado, no Brasil e no Mun- cuidemos da sementeira divina; pre-
mesma, faz-se necessária uma re- do. paremos o dia de amanhã. O tem-
trospectiva, uma avaliação, no sen- De 1987 até 1999, os encon- po é chegado. O Senhor muito es-
tido de verificar se os objetivos fo- tros estaduais de jovens foram pera de nossas almas compromis-
ram alcançados e que metas novas substituídos por encontros munici- sadas com o infinito, na tarefa aben-
devem ser traçadas para futuras pais e regionais, devido ao aumen- çoada de instalar na Terra o reino
ações. to do número de grupos de juven- de Amor e de Luz”.
Há mais de cinqüenta anos, tudes espíritas no Estado. Foi um E é por isto - por serem, a
a equipe diretiva da FERGS, inspi- processo necessário de descentra- criança e o jovem, projetos de luz
rada pelos mentores superiores, co- lização dessa atividade, que também para o futuro - que a FERGS, pio-
meçou a profícua tarefa de foi muito rica e promoveu momen- neira no movimento de espirituali-
evangelização das novas gerações, tos de grande sublimidade para os zação da novas gerações à luz da
que teve prosseguimento com as participantes nos mais diversos pon- Doutrina Espírita, dedica esta edi-
equipes que se sucederam na dire- tos do rincão gaúcho. ção da sua revista, preparada pelo
ção do movimento federativo gaú- Em 1999 o DIJ/FERGS re- seu Departamento de Infância e de
cho. O momento atual, que repre- toma a antiga estratégia e promo- Juventude, ao registro de realiza-
senta o final de um ciclo, nos leva a ve a 22ª CONJERGS com o tema: ções de ontem e de hoje e dos pla-
uma análise dos fatos vividos para “Desafios da Juventude perante si nos para o alvorecer do novo milê-
a avaliação do trabalho que vem mesma, perante a família, perante nio, no qual a evangelização espíri-
sendo realizado, neste espaço de a sociedade e perante a religião”. ta das gerações novas há de conti-
tempo, na evangelização da juven- Jovens, representando juventudes nuar contribuindo para que cresça
tude. espíritas de vários recantos do Es- o número de pessoas de bem, éti-
O breve histórico das tado, reuniram-se em Porto Alegre cas e fraternas, e estas venham a
Confratenizações de Juventudes para refletirem sobre estes desafi- promover uma crescente qualifica-
Espíritas do Estado do Rio Grande os e chegarem a algumas conclu- ção da vida humana. Desse modo,
do Sul, de 1957 a 1986, que a cada sões. em nossas futuras reencarnações
ano ou bianualmente reuniam em O momento de avaliação haveremos de encontrar uma soci-
uma cidade do nosso Estado jovens desse caminho de meio século pro- edade mais esclarecida e voltada
espíritas de vários municípios, irma- picia também um debruçar sobre o para a vivência da ética crística.
nados no objetivo de confraternizar, papel do Evangelizador no proces- E, assim, a Terra, aos pou-
estudar, traçar novos rumos para o so da evangelização infanto-juvenil cos, irá assumindo o status cósmi-
movimento juvenil, traz a idéia de e se propõe à evangelização das re- co de um novo Mundo de Regene-
união, fraternidade, participação, lações. ração.
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Desafios da Juventude
A temática da 22ª CONJERGS através da contribuição do conferencista Raul Teixeira.
Memórias do “Encontro com Raul Teixeira”, realizado em
13 e 14 de novembro de 1999 em Porto Alegre.

Desafios do jovem ra de pensar e de agir. reforma. Aquele que, todas as noi-


Kardec desdobra a questão 919 tes, evocasse todas as ações que
perante si mesmo
em outra: praticara durante o dia e inquirisse
As responsabilidades individuais
Conhecemos toda a sabedo- de si mesmo o bem ou o mal que
com o ser imortal, vivendo plena-
ria desta máxima, porém a difi- houvera feito, rogando a Deus e ao
mente o dia-a-dia, diminuindo os
culdade está precisamente em seu anjo de guarda que o esclare-
débitos e aumentando os créditos
cada um conhecer-se a si mes- cessem, grande força adquiriria
espirituais, o autoconhecimento, o
mo. Qual o meio de consegui-lo? para se aperfeiçoar, porque, crede-
auto-respeito. A autopreservação e
Responde o espírito Santo Agos- me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a
os cuidados com o corpo, com a
tinho de maneira minuciosa: vós mesmos perguntas, interrogai-
sexualidade, com a escolha profis-
“Fazei o que eu fazia, quando vos sobre o que tendes feito e com
sional e com a futura família. Os
vivi na Terra: ao fim do dia, interro- que objetivo procedestes em tal ou
vícios de qualquer espécie: mentais,
gava a minha consciência, passava tal circunstância, sobre se fizestes
comportamentais, alimentares etc.
revista ao que fizera e perguntava alguma coisa que, feita por outrem,
Os direitos e deveres do espírito, a
a mim mesmo se não faltara a al- censuraríeis, sobre se obrastes al-
busca da felicidade.
gum dever, se ninguém tivera moti- guma ação que não ousaríeis con-
Na questão 167 de “O Livro dos
vo para de mim se queixar. Foi fessar. Perguntai ainda mais: ‘Se
Espíritos”, Kardec pergunta:
assim que cheguei a me conhecer aprouvesse a Deus chamar-me
Qual o fim objetivado com a
e a ver o que em mim precisava de neste momento, teria que temer o
Reencarnação?
E os espíritos respondem:
“Expiação, melhoramento pro-
gressivo da Humanidade. Sem isto,
onde a justiça?”

A razão de estarmos reencar-


nados está dentro do contexto de
evolução e ressarcimento das fal-
tas, com o objetivo de aprender. As
provas não devem ser encaradas
como padecimentos.

Na questão 919 de “O Livro dos


Espíritos” encontramos:
Qual o meio prático mais efi-
caz que tem o homem de se me-
lhorar nesta vida e de resistir à
atração do mal?
“Um sábio da antigüidade vo-lo
disse: Conhece-te a ti mesmo.”
Temos que nos estudar, estudar
para nos conhecermos; que apren-
der não só o que diz respeito aos
registros na memória, mas apren-
der transformando a nossa manei-
Raul Teixeira
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olhar de alguém, ao entrar de novo pois que Deus não usa de duas sas e não temais multiplicá-las. Jus-
no mundo dos Espíritos, onde nada medidas na aplicação de sua justi- to é que se gastem alguns minutos
pode ser ocultado?’ ça. Procurai também saber o que para conquistar uma felicidade eter-
“Examinai o que pudestes ter dela pensam os vossos semelhan- na. Não trabalhais todos os dias
obrado contra Deus, depois contra tes e não desprezeis a opinião dos com o fito de juntar haveres que
o vosso próximo e, finalmente, con- vossos inimigos, porquanto esses vos garantam repouso na velhice?
tra vós mesmos. As respostas vos nenhum interesse têm em masca- Não constitui esse repouso o obje-
darão, ou o descanso para vossa rar a verdade e Deus muitas vezes to de todos os vossos desejos, o fim
consciência, ou a indicação de um os coloca ao vosso lado como um que vos faz suportar fadigas e pri-
mal que precise ser curado. espelho, a fim de que sejais adver- vações temporárias? Pois bem! que
“O conhecimento de si mesmo tidos com mais franqueza do que é esse descanso de alguns dias, tur-
é, portanto, a chave do progresso faria um amigo. Perscrute, bado sempre pelas enfermidades do
individual. Mas, direis, como há de conseguintemente, a sua consciên- corpo, em comparação com o que
alguém julgar-se a si mesmo? Não cia aquele que se sinta possuído do espera o homem de bem? Não va-
está aí a ilusão do amor-próprio desejo sério de melhorar-se, a fim lerá este outro a pena de alguns
para atenuar as faltas e torná-las de extirpar de si os maus pendores, esforços? Sei haver muitos que di-
zem ser positivo o presente e
incerto o futuro. Ora, esta exa-
tamente a idéia que estamos
encarregados de eliminar do
vosso íntimo, visto desejarmos
fazer que compreendais esse
futuro, de modo a não restar
nenhuma dúvida em vossa
alma. Por isso foi que primeiro
chamamos a vossa atenção por
meio de fenômenos capazes
de ferir-vos os sentido e que
agora vos damos instruções,
que cada um de vós se acha
encarregado de espalhar. Com
este objetivo é que ditamos O
Livro dos Espíritos.”
Compreendemos assim que
a capacidade de autocrítica
nos ajuda a termos consciên-
cia da nossa individualidade.
Na questão 909 de “O Li-
vro dos Espíritos”, questiona
O autoconhecimento é a base de todo processo de individuação Kardec:
Poderia sempre o homem,
pelos seus esforços, vencer
desculpáveis? O avarento se con- como do seu jardim arranca as er- suas más inclinações?
sidera apenas econômico e previ- vas daninhas; dê balanço no seu dia “Sim, e, freqüentemente, fazen-
dente; o orgulhoso julga que em si moral para, a exemplo do comerci- do esforços muito insignificantes. O
só há dignidade. Isto é muito real, ante, avaliar suas perdas e seus lu- que lhe falta é a vontade. Ah! quão
mas tendes um meio de verifica- cros e eu vos asseguro que a conta poucos dentre vós fazem esforços!”
ção que não pode iludir-vos. Quan- destes será mais avultada que a da- Temos que ter disposição sufi-
do estiverdes indecisos sobre o va- quelas. Se puder dizer que foi bom cientemente forte da nossa vonta-
lor de uma de vossas ações, inquiri o seu dia, poderá dormir em paz e de para que possamos seguir os ru-
como a qualificaríeis, se praticada aguardar sem receio o despertar na mos corretos da nossa vida.
por outra pessoa. Se a censurais outra vida. Por descaso, preguiça, muitas
noutrem, não na podereis ter por “Formulai, pois, de vós para vezes somos vencidos em desafios
legítima quando fordes o seu autor, convosco, questões nítidas e preci- que teríamos condições de superar

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se nos esforçássemos na direção Quem não se valoriza, não se dam esquecidas no nosso vocabu-
do bem, corrigindo nossas tendên- respeita, não encontra valores po- lário:
cias negativas. sitivos para aplicar ao próximo. Desculpe-me, eu errei. - Com
Inventamos muitas desculpas O orgulhoso, na tentativa de jus- licença! - Por favor! - Obrigado!.
para justificar a falta de esforço no tificar suas atitudes antifraternas, Por que falar palavras de baixo
sentido de superar situações difíceis alega agir movido pelo amor-pró- calão para se comunicar?
que representam barreiras que pre- prio. Os impedimentos para sermos
cisamos transpor com boa vonta- No que diz respeito às relações felizes e as dificuldades estão den-
de, e pequenos sacrifícios. humanas, muitos agem com indife- tro de nós. Necessitamos de dispo-
Muitas vezes, bastaria uma pa- rença em relação ao outro, econo- sição íntima para mudar a nossa
lavra amiga, gentil, ou até o silên- mizando sorriso, simpatia, ou exi- maneira de ser e nos entregarmos
cio, e já se evitaria uma série de gindo demais dos outros e não dan- ao atendimento da diretriz de Deus,
dissabores. do nada. Formam grupos cada vez que aponta a nossa consciência a
Quando percebemos que as mais pequenos e fechados. fim de que nos libertemos verda-
nossas más inclinações nos causam Muitas vezes a vaidade envol- deiramente.
problemas, vem o arrependimento, ve o campo da sensibilidade tornan- Devemos experimentar, dentro
as lágrimas... do-a excessiva; a pessoa cuida do nosso lar, a cortesia e veremos
Na questão 911 de “O Livro dos muito de si. Devemos olhar-nos no que, com o passar dos dias, as coi-
Espíritos” inquire Kardec: espelho e, com o olhar de sas mudam aos poucos.
Não haverá paixões tão vi- autocrítica, questionar: Temos que encontrar forças
vas e irresistíveis, que a vontade para vencer a nossa problemática
seja impotente para dominá-las? íntima.
“Há muitas pessoas que dizem: Não cuidar só do Para maior elucidação, analise-
Quero, mas a vontade só lhes está mos a questão 893 de “O Livro dos
nos lábios. Querem, porém muito que é externo, mas Espíritos”:
satisfeitas ficam que não seja como também dos valores Qual a mais meritória de to-
“querem”. Quando o homem crê das as virtudes?
que não pode vencer as suas pai-
intelectuais e morais “Toda virtude tem seu mérito
xões, é que seu Espírito se compraz próprio, porque todas indicam pro-
nelas, em conseqüência da sua in- - Será que está tudo bem comigo? gresso na senda do bem. Há virtu-
ferioridade. Compreende a sua na- - Estou me tratando, cuidando-me? de sempre que há resistência vo-
tureza espiritual aquele que as pro- Cuidado para não chegar no luntária ao arrastamento dos maus
cura reprimir. Vencê-las é, para ele, exagero de valorizar somente as pendores. A sublimidade da virtu-
uma vitória do Espírito sobre a ma- condições externas. Verifiquemos de, porém, está no sacrifício do in-
téria.” nossos valores intelectuais e mo- teresse pessoal, pelo bem do próxi-
Quando temos uma meta a atin- rais. mo, sem pensamento oculto. A mais
gir, precisamos colocar toda a nos- Muitos usam o conhecimento meritória é a que assenta na mais
sa disposição para alcançá-la. cristão, de forma agressiva, como desinteressada caridade.”
A falta de vontade impede-nos se, pelo conhecimento que detêm, A resistência ao mal tem que ser
de modificar situações que poderi- fossem superiores aos demais. voluntária: é um processo racional.
am ser alteradas para melhor, como A deseducação a ou agressivi- Na questão 898, inquire Allan
o orgulho a transvestir-se de amor dade como fraqueza, forma rude de Kardec:
próprio, criando situações embara- ser, não pode ser confundida com “Sendo a vida corpórea ape-
çosas para nós mesmos. autenticidade. nas uma estada temporária nes-
Amar a si mesmo é uma coisa; Por que temos que agir com te mundo e devendo o futuro
é amor-próprio é outra, pois pode grosseria dentro do próprio lar, com constituir objeto da nossa prin-
apresentar-se como uma arma para o pai, a mãe ou irmãos? cipal preocupação, será útil nos
agredir, magoar a outrem. A cortesia é a posição inversa esforcemos por adquirir conhe-
O amor-próprio é positivo quan- da grosseria. Cortesia no trato com cimentos científicos que só digam
do a pessoa se ama. Jesus disse: os demais, em casa, na rua, na con- respeito às coisas e às necessi-
“Ama o teu próximo como amas a dução, na escola, no trabalho. dades materiais?”
ti mesmo”. Os valores sociais têm que ser “Sem dúvida. Primeiramente,
Quem não se gosta, não conse- aplicados no dia a dia. isso vos põe em condições de auxi-
gue gostar do próximo. Expressões de gentileza que an- liar os vossos irmãos; depois, o vos-

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so Espírito subirá mais depressa, se - Quanto tempo eu tenho jogado amor ao próximo.
já houver progredido em inteligên- fora com querelas, brigas, tristezas, Comentário de Kardec ao pé da
cia. Nos intervalos das encarna- depressões? questão 982 de “O Livro dos Espí-
ções, aprendereis numa hora o que - Como posso considerar a minha ritos”:
na Terra vos exigiria anos de apren- busca de conscientização como ser “A crença no Espiritismo aju-
dizado. Nenhum conhecimento é reencarnado se eu não começo a da o homem a se melhorar, fir-
inútil; todos mais ou menos contri- dar boa utilização ao meu tempo? mando-lhe as idéias sobre certos
buem para o progresso, porque o - Tenho cuidado da minha saúde? pontos do futuro. Apressa o adi-
Espírito, para ser perfeito, tem que - Tenho zelado pela minha vida? antamento dos indivíduos e das
saber tudo, e porque, cumprindo que Algumas dicas: massas, porque faculta nos intei-
o progresso se efetue em todos os 1ª) Você quer, você pode. Bas- remos do que seremos um dia. É
sentidos, todas as idéias adquiridas ta que você aplique sua vontade. um ponto de apoio, uma luz que
ajudam o desenvolvimento do Es- 2ª) Fidelidade aos compromis- nos guia. O Espiritismo ensina o
pírito.” sos com Deus. homem a suportar as provas com
Esta resposta nos leva a refle- 3ª) Coragem de viver a verda- paciência e resignação; afasta-
tir: de conhecida, de forma honrada, o dos atos que possam retardar-
- O que temos feito com o nosso digna, nas situações mais adversas lhe a felicidade, mas ninguém diz
tempo? que se nos apresentem! que, sem ele, não possa ela ser
- Ele se faz útil? 4ª) Disposição de testemunhar conseguida.

Desafios Nesta família teremos a nossa pri- vos da nossa personalidade, evitan-
perante a família meira escola e os pais representam do pôr em evidência somente os
A família: sua realidade, sua fi- os primeiros professores do espíri- negativos. Desse modo, evitaremos
nalidade, sua utilidade. Por que eu to reencarnado; o núcleo familiar que o desânimo nos leve para a
estou nesta família, que relação vai gerando amplitudes de compor- estados depressivos que - como
mantenho com a minha família e ela tamento que se vão estendendo, sabemos – em nada nos ajudam.
comigo, quais objetivos nos mantém gradativamente, até alcançar a so- Devemos ser otimistas, pois Deus
juntos. A questão da lei de causa e ciedade mais ampla. nos ama e aposta na nossa auto-
efeito, porque tenho indisposições O maior desafio do espírito superação.
com meus familiares, por que me reencarnado é consigo mesmo; ele Temos que entender que a re-
afinizo com uns e não com todos. necessita autoconhecer-se, avaliar encarnação não é uma lei só para
Como unir meus objetivos e dese- o seu estado, como ele é, reconhe- pagamento de dívidas, não é para
jos com os da família. cer seus defeitos, fraquezas, fragi- nos fazer sofrer que ela existe. Ao
Como espíritos reencarnados lidades e coisas que já conseguiu contrário, é uma lei de progresso!
temos um programa a cumprir, um superar - os aspectos positivos do A proposta dela é de nos fazer
projeto de vida a desenvolver junto comportamento. Nesta análise, de- avançar, nos oportunizando aparar
com a família que escolhemos. vemos realçar os aspectos positi- as arestas, os nossos defeitos espi-

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rituais. Na relação conosco mes- ventude, é decisivo no processo de - Que coisas, que realizações
mos, com a família e com os de- felicidade ou infelicidade no que faço no seio da família? Se a fa-
mais, temos que nos questionar: diz respeito à formação da família. mília é fácil ou difícil? - O que
- Em que contexto eu estou Se o jovem começa a namorar e estou fazendo com isso?
reencarnado? assumir compromissos que ficam Se tenho um pai alcoólatra, vi-
- Que família é esta que eu tenho? difíceis de honrar, não é um proble- ciado em jogo; ou a mãe; se a te-
- Como esta família foi formada, ma da lei divina, é um problema nho dominadora, eu preciso apren-
como se estruturou? pessoal de invigilância. der com eles aquilo que não se deve
- É a família que eu mereço, que O jovem só deve entregar sua fazer.
eu necessito? confiança, sua intimidade a uma Os filhos precisam refletir so-
Na formação da família preva- pessoa na medida que a conhece bre como seus pais foram criados,
lece a lei de sintonia. Não é por bem. que valores receberam e como po-
acaso, que o par se encontra e re- Nos dias de hoje, a moda dem eles nos aceitar da maneira que
solve formar a família. televisiva, novelesca, que a mídia somos hoje. Temos que nos colo-
Deve haver um período em que apresenta como um valor social é car no lugar deles, num processo
a dupla se conhece, a fase do na- uma grande mentira. O jovem pre- de empatia; quem tem a cabeça
moro. Este primeiro conhecimento cisa ter muito cuidado com a sua melhor não deve cobrar entendi-
é que vai nos dar indícios sobre se vida. Precisa se gostar, amar-se, mento; tem que entender.
é com esta a pessoa que gostaria respeitar-se. Se isso não ocorrer, Quando estudamos a lei da re-
de viver a minha vida toda, se é a será muito difícil gostar de outra encarnação, damo-nos contar de
pessoa que eu vou agüentar a vida pessoa, respeitá-la, envolvê-la na que a relação humana, do nosso
toda. Nesta fase, não devemos fi- vibração do verdadeiro amor. planeta, é muito mais do que apa-
car só no “corpo a corpo”, beijos e A nossa família é a família que renta ser porque não somos um
abraços, excessos de carinhos. merecemos, a família que precisa- espírito de 15, 18 ou 20 anos de ida-
Hoje estamos vivendo numa socie- mos ter. Essas vinculações familiais de; temos que pensar que estamos
dade de exploração dos sentidos. são fundamentais para estruturar a há milênios tentando romper com
Muitas vezes ocorrem uniões oca- nossa existência. as barreiras da nossa inferioridade.
sionais que, após algum tempo de Temos que agir com muita cau- O conhecimento espírita proporci-
convívio em comum, acabando o tela em relação aos vínculos fami- ona esta compreensão. Cobrar dos
interesse material, físico, é que se liares: em uma família mal outros, na família, é fácil. Que rea-
começa a prestar atenção sobre estruturada, onde todos vivem in- lizações estou concretizando na
quem é a pessoa que está ao nosso felizes, temos que compreender que minha reencarnação com a idade
lado, chegando-se à conclusão de estes vínculos podem ter vindo de física que estou? E se eu morrer
que o amor acabou. Na verdade o vidas anteriores, mas como nos hoje?
amor não acabou: ele nunca exis- comprometemos antecipadamente Devemos viver a existência com
tiu. com ela, encontraremos recursos, responsabilidade, seriedade e pro-
O amor não acaba, se intensifi- através da educação, para supe- fundidade, bem como com alegria,
ca; o que acaba é o desejo, a pai- rar as crises. júbilo e entusiasmo. Cada dia de-
xão, o interesse. Se houver amor, vemos viver como se fosse o últi-
ele vai mudando: quanto mais co- mo. Agir sem complexo de culpa,
nhecemos a pessoa amada, mais a Quem tem a cabeça sem necessidade de remorso ou
amamos, com todos os seus defei- tormento, mas com lucidez de sa-
tos e suas virtudes.
boa não deve cobrar ber que estou num corpo que daqui
Quem é essa pessoa com a qual entendimento, a um tempo vou perder. É o espíri-
nos unimos? Quando se formaliza mas entender to que tem que aproveitar a chance
a união, com a convivência mútua, da reencarnação.
começam a aparecer situações que Ainda que reconheçamos os
não surgiram antes; entra aí o pla- Muitas vezes ocorre que, por defeitos do nosso pai e os da nossa
nejamento prévio da reencarnação, pressa, nos unimos a uma pessoa mãe, precisamos considerar que
é o plano que estava programado, que não fazia parte do nosso pro- eles nos permitiram nascer, com
são as provas e expiações neces- grama reencarnatório, assumindo todas as lutas e dificuldades; nos
sárias. Elas não se anunciam an- compromissos ainda maiores para amaram, sustentaram e nos supor-
tes; vão surgindo. o futuro. tam até hoje.
O período da adolescência, ju- Necessária se faz uma reflexão: A nossa família é como se fos-

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Serei devedor ou credor deste
grupo?
Na família vamos nos deparar
com pessoas que nos são simpáti-
cas e outras antipáticas. Há pesso-
as na família pelas quais temos um
amor espontâneo, intenso,
intraduzível. E há outras com quem
nem gostaríamos de conviver, tal o
sentimento de raiva que nos inspi-
ram.
Quando adversários de vidas
passadas se reúnem no grupo fa-
miliar têm por objetivo destruir es-
tas barreiras de ódio, para apren-
der a se aceitarem reciprocamente
na convivência próxima. Muitas
vezes esta situação é difícil, sendo
necessária muita vigilância para
superar as antipatias, e não se
partir para as violências físicas e/
ou morais.
Há processos de simpatia que,
O amor conjugal é uma modalidade de afeição
às vezes, ultrapassaram o campo
da normalidade social, ultrapassam
se a representação do mundo in- nas o corpo. limites necessários, causando pro-
terno que Deus colocou entre as Qual é o meu papel na família? blemas sérios. Por exemplo, o
quatro paredes da nossa casa. Nes- Será que é exigir, julgar, cobrar? envolvimento sexual entre mãe e
te pequeno núcleo consangüíneo Ou será que o meu papel é ajudar filho ou pai e filha. Devemos res-
estamos treinando para, através das alguém a crescer, e eu crescer jun- peitar o papel que temos na atual
diversas modalidades do amor, amar to também, realizando meu progra- relação familiar e tratar os laços
a humanidade inteira. ma evolutivo junto à família? afetivos consangüíneos com o res-
São modalidades do amor: Será que não faz parte do meu peito que eles nos merecem. Mui-
· amor conjugal papel diminuir as animosidades, tos relacionamentos conturbados de
· amor paternal e maternal cultivar a paz, falar a verdade quan- vidas passadas têm agora a opor-
· amor filial do é necessário, sem ferir ninguém? tunidade de serem corrigidos.
O amor fraternal perpassa to- Eu estou em determinado gru- À medida que compreendemos
dos os demais tipos de amor. É po familiar para que, juntamente a reencarnação, nos damos conta
aquele a que Jesus se referia ao com os parentes, aprender e cres- destas antipatias e simpatias e, no
recomendar-nos: “Amai-vos uns cer. seio da nossa família, temos con-
aos outros.” O espírito Ivan de Albuquerque dições de fazer uma auto-análise:
Antes de qualquer relação so- no livro “Cânticos da Juventude” - O que eu sinto?
cial ou familiar, devemos nos gos- afirma: “A juventude é um período - Como eu sou?
tar como irmãos; depois vem o gos- de empreendimento para fluir na - Qual é a minha parte nes-
tar como marido e mulher, namo- madureza”. Essa colocação nos tes sentimentos positivos ou
rados, primos, avós, etc. leva à seguinte reflexão: negativos com as pessoas da
Que desafios nós encontramos Que tipo de empreendimentos minha família?
na convivência com a família? eu estou realizando? Que aplica- Deus organizou a espécie huma-
A codificação espírita nos infor- ções estou fazendo? na na face da Terra em grupos fa-
ma que os laços de sangue não cri- Se eu pedi, no mundo espiritual, miliares para que - aprendendo a
am, forçosamente, os liames entre para viver com este grupo de pesso- conviver com três, quatro ou dez
os espíritos. O corpo procede do as, que tipo de compromissos eu te- pessoas dentro do lar - venhamos
corpo mas o espírito não procede nho com esse grupo? E por que eu a, no futuro, compor uma só e gran-
do espírito: os pais fornecem ape- tenho este tipo de compromissos? de família fraterna: a Humanidade.

10 420
Desafios perante percebemos que ela passa por uma
série de dificuldades. Na verdade,
a sociedade
são os indivíduos, seres sociais, que
As relações do prazer, do lazer,
estão em dificuldades, estão
As diferenças sociais
das companhias, dos divertimentos- que aí estão são
problematizados.
que conseqüências nos trazem. A
A medida que o indivíduo se construções dos homens
análise das mídias, das propagan-
modifica para melhor, a sociedade
das, seus efeitos em minha vida. A
também se modifica. Essa
política como vontade minha e de
conscientização deve partir do in- cada vez mais fria e distante, como
muitos, suas conseqüências para
divíduo chegando ao grupo social se reagisse à indiferença que os
todos.
onde ele está inserido. indivíduos demonstram sobre al-
Sobre o desafio de vivermos em
Allan Kardec, em “Obras Pós- guns problemas sociais:
sociedade temos que refletir nas
tumas”, afirma que, quando os ho- - a violência grassando,
respostas que a espiritualidade su-
mens forem bons, estruturarão or- - os meios de comunicação de
perior deu a Allan Kardec em “O
ganizações boas, instituições que massa veiculando situações inade-
Livro dos Espíritos”:
serão duráveis porque todos terão quadas,
Questão 766 - “A vida social
interesse em conservá-las. O pro- - e nós, sentamos confortavel-
está em a Natureza?
gresso geral é o resultado de todos mente , assistindo a tudo, passivos,
- Certamente. Deus fez o ho-
os progressos individuais somados. coniventes, indiferentes.
mem para viver em sociedade. Não
A reforma moral, como propo- Este é o perfil da sociedade
lhe deu inutilmente a palavra e to-
sição espírita, é regra de bem pro- de que nós estamos participan-
das as outras faculdades necessá-
ceder, propiciando a modificação da do.
rias à vida de relação”.
nossa maneira de pensar e de agir. Os indivíduos, com suas condu-
Questão 767 - “É contrário à
A moral cristã resume as regras tas colocam na sociedade:
lei da natureza o insulamento ab-
do bem proceder. Temos que tomar - Bombas de vaidade, que provo-
soluto?
por baliza este conjunto de cam explosões de mágoa;
- Sem dúvida, pois que por ins-
regramentos que Jesus nos legou. - Bombas de indiferença, que pro-
tinto os homens buscam a socieda-
As referências cristãs oferecem à vocam explosões de frieza;
de e todos devem concorrer para o
sociedade uma estruturação coe- - Bombas de exploração alheia, que
progresso, auxiliando-se mutuamen-
rente. provocam explosões de miséria e
te”.
Já que o progresso geral é re- carência;
A sociedade, na visão da lei di-
sultante de todos os progressos in- - Bombas de malquerença, que ge-
vina, é um ser coletivo e solidário:
dividuais, nada mais apropriado que ram explosões de intolerância
todos vivem neste contexto num
olharmos o homem voltado para o e irritação que geram comoções de
processo de interdependência, de
seu próximo. dor;
interação, de sinergia, onde nossa
Aquele que tem seus valores, - Bombas de luxúria e lascívia, que
ação alcança, quer queiramos ou
refletirá esses valores em cada apelam para a nossa degradação
não, o próximo. Estamos vincula-
ação que execute. Acima das con- moral envenenando a vida sócio-
dos uns aos outros. A estrutura so-
venções sociais tem que predomi- moral e fazendo explodir o caráter
cial enseja e oferece uma interde-
nar o bom caráter. Por exemplo, em derrocada;
pendência entre todos dentro do
Adolfo Bezerra de Menezes - Bombas de maledicência e intri-
viver socialmente. A vida coletiva
Cavalcanti foi um político exemplar, ga, que geram desconfiança e de-
necessita de ordem, de regras, para
jamais deixou corromper sua esca- samor.
que possamos ter um estado de per-
la de valores, baseada na honradez As diferenças sociais que aí es-
manência tranqüila, coesa, interde-
e na dignidade. tão são construções dos homens: os
pendente, alcançando resultados de
No campo da ação social, da desperdícios cometidos por nós
ação solidária.
relação social, da interação social, com o chamado “lixo rico” que sai
Cada um tem que fazer a sua
na condição de solidários, ocorre das nossas casas - as sobras de
parte no conjunto; caso contrário
uma reação quando um grupo so- comida, aquilo que é feito a mais.
não vai ocorrer o resultado espera-
cial se apresenta problematizado. Toneladas de alimento são jogadas
do.
Precisamos questionar: o que eu fora diariamente enquanto grande
Homens de bem oferecem uma
tenho feito para modificar ou ten- numero de pessoas passa fome e
sociedade ajustada e enobrecida.
tar solucionar este problema? Ob- morre de inanição.
Observando a sociedade atua,
servamos que a sociedade está A sociedade precisa se mobili-

420 11
zar para socorrer os seus membros alerta: questão de exercício, educação.
doentes e/ou carentes. “Melhora as tuas preferências A escolha da profissão tem que
Enquanto geramos desperdícios, a princípio com disciplina, para a ser em nome da felicidade, da rea-
geramos também explosões de mi- espontaneidade futura”. lização pessoal que cada um bus-
séria, bombas de ódio, explosões de Necessitamos refletir sobre ca, e não só em função de salários.
revolta e rebeldia. Desde ódios como vai o nosso aprendizado cul- Devemos refletir: De que for-
menores até ódios maiores que ge- tural para a própria vida. Quantos ma vou ser útil e sentir-me feliz
ram as convulsões sociais sangren- livros tenho lido por ano? Que cri- na contribuição profissional à soci-
tas. térios utilizo para selecioná-los? edade?
Os valores estão sendo inverti- Temos que ser seletivos em nos- A busca de um resultado
dos e repassados pela mídia. So- sas leituras e aplicarmos de início o satisfatório no desempenho profis-
mos os seus consumidores, damos esforço persistente da disciplina, sional é salutar.
audiência, aceitamos, aplaudimos para que mais tarde estudar seja O trabalho deve ser percebido
e enriquecemos artistas que, nos ação espontânea e prazerosa em como atividade útil.
seus desvarios, apresentam aber- nossas vidas. Em nome da alegria, muitos de-
rações comportamentais como se A arte deve ser mensagem de satinos são feitos: quantas lágrimas
fossem atitudes normais, naturais. vida e não de morte, segundo Ivan são derramadas posteriormente,
Como sociedade, vamos consumin- de Albuquerque no livro citado - quantos padecimentos são provo-
do estas informações, vamos dei- “Dos desatinos morais e desacertos cados.
xando acontecer como se nada ti- somáticos advêm os descompassos Em nome do lazer, quanto se
véssemos a ver com a escabrosi- da saúde mais hoje, mais amanhã” - faz de loucura; em nome do des-
dade de tal situação. alertando-nos para a responsabilida- canso, quanto se cansa.
O espírito Camilo traz-nos a se- de que temos sobre o nosso equilí- Desporto, sim. Pratique, mas
guinte referência: “Toda ação brio físico e espiritual. também pratique a CARIDADE.
desnorteadora que a individualida- Quanto tempo de folga é des-
de impõe aos seus circuitos, trans- perdiçado em vão ou só no espor-
formar-se-á em parcela de guerra, Os conflitos devem te, quando poderia este tempo ser
de destruição, de negativismo, ha- ser resolvidos através da aproveitado para a benemerência
bituada às ondas mentais caracte- social.
rizadas pela perturbação, alimen-
superação dos problemas, Ivan de Albuquerque aconselha
tando escuridão em toda parte”. e não com fugas ainda: “Sê amigo, sem perderes o
O pequeno ódio, a pequena passo do bom senso”.
agressão verbal ou física da minha Nas dificuldades que temos que Não precisamos ser coniven-
parte, somada com a do outro, mais enfrentar o correto é não buscar fugas, tes com o erro do amigo para pro-
a do outro e assim sucessivamen- descaminhos. Os conflitos de família, var que lhe queremos bem.
te, vai formando, com os fluidos os desacertos, devem ser resolvidos A amizade é a base de uma re-
negativos que estamos enviando através da busca de superação dos pro- lação social fraterna.
para o contexto social, uma “nuvem blemas, e não de fugas. O jovem deve procurar integrar-
escura” que derramará uma espé- “Se amas a vida e queres se na Casa Espírita, ela representa a
cie de “chuva ácida” sobre nós ajudá-la, mantém-te saudável e porta que se abre para o trabalho no
mesmos. coopera”. bem. A participação na equipe de
A modificação do mundo social Existe muitas justificativas para colaboradores da seara espírita é um
passa pela modificação do mundo o uso abusivo de drogas, essa ca- compromisso importante que deve
individual. minhada de fácil começo mas de ser assumido pelo jovem que passa-
Cada um constrói, pela auto- retorno muito difícil, embora possí- rá a fazer parte de uma grande fa-
educação, uma sociedade melhor. vel. Permanecer sempre com a mília de nobres ideais.
Através da educação, essa arte cabeça arejada, alegre, confiante O jovem deve buscar conhecer
de formar caracteres, obteremos em si e em Deus. Jesus, nosso Mestre Maior, e tomá-
bases morais para podermos viver “Cuida-te para que o respeito do lo como modelo e guia, formando
em sociedade contribuindo positiva- outro nessa fase de enamorados não assim sua base de bem viver.
mente, passando a ser referencial falte em tuas relações”. O respeito Jesus nos oferece as condições
senão para os outros, ao menos para deve ser a base do nosso convívio. para vencer o mundo das tribula-
nossa consciência. Devemos agir em relação ao ções, dos problemas individuais e
O autor da obra acima citada outro com gentileza; cortesia é uma sociais.

12 420
Desafios No processo da evolução, giosa, na esperança que Deus lhes
vamo-nos voltando conscientemen- restituirá em dobro, como se fosse
perante a religião
te para Deus porque O identifica- uma loteria com premiação asse-
A necessidade de ter religião.
mos em tudo o que nos rodeia. O gurada, uma investimento bancário.
A aceitação de Jesus como mode-
próprio corpo físico, templo do es- Temos que compreender a diferen-
lo e guia, o desenvolvimento e ma-
pírito, é de extrema perfeição, ates- ça que existe da religião de dentro
nutenção dos propósitos cristãos. A
tando a sabedoria do Criador. O sis- da pessoa daquela que vem impos-
escolha da crença espírita. Como
tema nervoso é um complexo sis- ta de fora. É só usar o bom senso
estou vivendo o Espiritismo e como
tema de comunicação e de seleção para verificar a verdade.
ele está na minha vida. Qual é mi-
de informações, provando a pre- A reino de Deus é o estado de
nha relação com o Espiritismo: su-
sença de Deus na natureza huma- paz interior, de serenidade na cons-
perficial, de aparência, ou de pro-
na. ciência onde está o templo de
funda verdade. Como me dedico
Quando percebemos a riqueza Deus.
para manter e expandir a realidade
de valores que existe em nós e sen- Lemos no Novo Testamento que
espírita.
timos a presença de Deus, come- Jesus - respondendo à mulher
çamos a distinguir o verdadeiro sen- samaritana que lhe indagara onde
A religiosidade é tido da palavra Religião que é esta deveríamos adorar a Deus, se nas
busca interna de cada criatura ao montanhas ou no templo de Jeru-
um processo que nasce seu Criador. salém - disse: “Dia chegará em que
de dentro para fora Há uma diferença dessa busca o Pai não será adorado nem aqui
natural do ser por Deus daquelas nas montanhas nem no templo de
da criatura construções que os seres humanos Jerusalém. Mas será adorado e
têm feito, no decorrer da História buscado em espírito e verdade, na
A religiosidade é um processo
para explorar as pessoas crédulas intimidade de cada coração.”
que nasce de dentro para fora da
e egoístas. Hoje vemos muitas pes- Concluímos, assim, que
criatura. Todos somos criados por
soas entregar uma quantia em di- religiosismo é um sistema de cren-
Deus e carregamos dentro de nós
nheiro para determinada seita reli- ça exterior que tem ritos, imagens,
esta marca de Deus. A nossa ten-
dência é Teotropista, significa que
há um movimento interno em dire-
ção a Deus. Somos teotrópicos,
estamos, sempre, na busca de Deus,
numa busca de perfeição .
Deus é a perfeição; quando per-
seguimos a perfeição - na arte, na
estética, na ética - estamos procu-
rando internamente Deus.
Deus cria os espíritos simples e
ignorantes, na infância da criação.
Simples, sem nenhuma virtude; ig-
norantes, sem conhecimento inte-
lectual elaborado. Na busca cons-
tante do aperfeiçoamento, voltamo-
nos para Deus porque nos identifi-
camos com ele.
A perfeição do nosso corpo
atesta a perfeição do Criador.
À medida que o indivíduo se de-
senvolve, aumenta a busca interna
ao seu Criador. Jesus disse: “O rei-
no de Deus não se faz visível; (...)
está dentro de vós”, “Buscai pri-
meiro o reino de Deus e a sua jus-
tiça, e todas as demais coisas vos As manifestações externas de religiosidade serão progressivamente substituí-
serão dadas por acréscimo”. das por pura subjetividade, com o amadurecimento espiritual do homem
420 13
vontade.
O jovem espírita não pode per-
der de vista que é um espírito imor-
tal, que vive o teotropismo, essa
busca de Deus. Ter como regra o
seguinte: “Eu vou com o meu ami-
go até onde eu não me perca. Daí
para frente, se eu não tenho garan-
tia, eu não vou”.
Temos que viver no mundo
com as dificuldades, entre vicia-
dos, criminosos, egoístas, sem
perder a dimensão religiosa. Vi-
ver na Terra é como estar numa
sala de aula. Quando iniciamos a
atividade da manhã devemos fa-
zer uma prece, entregando-nos a
Deus pelo dia inteiro; ser espírita
não é carregar “O Livro dos Es-
píritos” debaixo do braço, mas
saber dizer “sim”, e saber dizer
“não”. O mundo caótico como
está, vai ser modificado pelos que
hoje são jovens, que serão ama-
nhã os pais, as mães, os médicos,
os professores, os políticos, os ad-
ministradores, etc.
O nosso professor, o nosso Mes-
tre é maravilhoso se chama Jesus
Cristo, conforme a questão 625 de
Os símbolos cristalizados do religiosismo tradicional sufocam o potencial
“O Livro dos Espíritos”.
transcendente da verdadeira religiosidade
Allan Kardec define, em “O
hierarquia, etc., enquanto que reli- que é Pai, e o Criador do Univer- Evangelho Segundo o Espiritis-
giosidade é a busca interna de cada so. E quando agimos de acordo com mo”, qual é o autêntico espírita:
criatura pelo seu Criador. a Sua Lei de Amor, transformamo- “Reconhece-se o verdadeiro
Lembra-nos Jesus que o reino nos, de certa forma, em represen- espírita pela sua transformação
de Deus não vem com aparências tantes do Criador. moral e pelos esforços que faz
exteriores e que ele está dentro de para domar as suas más incli-
nós. E acrescenta: “Procurai primei- nações.” Todos temos que fa-
ro o reino de Deus e sua justiça, e zer esforços para progredir. Te-
tudo o mais vos será dado por O jovem é, na verdade, mos que desenvolver uma disci-
acréscimo”. um espírito velho, criado plina interna. Temos que viver
Como interpretar este ensino de conforme manda a nossa consci-
Jesus? O que ele nos propõe? Que por Deus há milênios ência, temos que nos autoconhe-
nos conheçamos, que nos encon- cer, pois só assim conseguiremos
tremos, que nos busquemos, é o nossa religação com Deus.
autoconhecimento. Religião quer O jovem que completou 14, 15, O importante para mim não é
dizer religação da criatura com 18, 20 anos só tem essa idade no ter uma religião e sim ser religioso:
Deus. corpo físico, pois é, na verdade, um ter uma vivência da qual não me
A religião verdadeira é a vida espírito velho, criado por Deus há envergonhe, que eu possa estar bem
que eu procuro desenvolver dentro milênios. comigo, vivendo a minha crença,
de mim. Por isso tem que policiar seu sabendo que vou cair e levantar, ter
Cada um de nós é herdeiro de entusiasmo e sua empolgação, deve erros e acertos, mas eu estou sem-
Deus, pois somos todos filhos Dele respeitar-se, e dominar a própria pre na busca.

14 420
A contribuição dos jovens
Textos elaborados pelos jovens participantes da 22ª CONJERGS a partir da temática proposta.
Desafios perante a si mesmo é o auto-respeito, pois o jovem es- esclarece as nossas dúvidas, dimi-
Enfrentar a nós mesmos, que pírita deve se preservar, escolher nuem o nosso sofrimento, esclare-
desafio! É uma verdadeira cami- o melhor caminho a seguir, ser cendo quem somos, assim poden-
nhada e que nos leva a muita acei- convicto nas suas decisões, ex- do superar nossos conflitos, desco-
tação, muitas vezes esquecendo de por com clareza e objetividade brir nossas potencialidades, obten-
nós mesmos. seu ponto de vista e saber assu- do assim a paz interior, para encon-
Centro Espírita Eulália mir quando está errado. Agindo trarmos em nós mesmos a felicida-
Nogueira - Alegrete assim ele mostra respeito por si de.
mesmo e pelo próximo. Sociedade Espírita O Bom
A educação, sendo um processo Sociedade Espírita Adolpho Samaritano - Bagé
vital de formação e aperfeiçoamen- Bezerra de Menezes - Bagé
to do homem, deve levar em conta o “Descobrir-se não é tarefa fá-
homem físico, o homem intelectual, A contribuição religiosa na nos- cil mas é imprescindível para ver-
o homem cívico, o homem profissio- sa vida nos faz pensar em mudar, dadeiras mudanças”. O homem
nal, o homem social, mas sobre tudo para transformar a energia em boas possui admiráveis recursos interio-
o homem moral, mostrando-lhe os ações, trabalhando a amizade e o res não explorados. Sua conquista
seus deveres e direitos, por ser ele companheirismo, dentro e fora da proporciona o autodescobrimento.
dotado de razão, de sentimentos e li- casa espírita. Centro Espírita Fraternidade -
berdade, de opção no agir. Sociedade Espírita Amor e Caçapava do Sul
Centro Espírita Manuel Caridade - Bagé
Quintana - Alegrete Quando o querer conhecer-se
As religiões, especialmente o se faz gritante, nos sentimos impul-
Outro ponto muito importante Espiritismo que consola, orienta e sionados a auto-educação que nada
mais é do que procurar meios de
saber lidar consigo próprio. Então,
nos educando, buscamos identificar
esse estranho que nos olha todo o
dia no espelho
Centro Espírita João de
Deus - Cachoeira do Sul

Como adolescentes somos no-


vos e inexperientes, porém como
espíritos já somos bem velhos, com
uma carga de acertos e erros que
geralmente se projetam em nossas
vidas no dia a dia , para resgatar-
mos erros e evoluirmos com os
acertos.
Sociedade Espírita Francis-
co de Assis - Cachoeirinha

Conhecer é uma forma segura


de se sentir seguro. Buscar o ver-
dadeiro conhecimento para avaliar-
mos melhor a vida e nossas deci-
sões.
Centro Espírita Porta de
Damasco - Camaquã

420 15
Mas como escolher o futuro se
o jovem nem conhece a si mesmo?
É preciso uma auto-análise. Conhe-
cer o que realmente almeja da pro-
fissão, algo que possa ter prazer de
realizar e que traga a própria evo-
lução. A consciência e a respon-
sabilidade devem caminhar juntas
na escolha de uma profissão.
Sociedade Espírita Bezerra
de Menezes - Caxias do Sul

Precisamos ter um grande cui-


dado com nosso corpo, pois um
corpo saudável e vigoroso permite
que as experiências do espírito se
concretizem na harmonia e no equi-
líbrio entre ambos.
Centro Espírita Fora da
Caridade Não Há Salvação -
Caxias do Sul

Liberdade com responsabilida-


de é o princípio da educação espí-
rita. O ser que cresceu, vislumbra
A humildade é uma virtude que se consiga perdoar aos outros. Con- um horizonte maior, sabe qual é o
geralmente esquecemos entre nós, trolar os impulsos e pensar mais no caminho que lhe convém.
e o orgulho é o terrível adversário que se faz e fala para não arrepen- Centro Espírita de Jesus –
dela. der-se depois. Dom Pedrito
Sociedade Espírita Irmãos Sociedade Beneficente
na Fé - Candiota Espírita Seara Cristã - Canoas Os desafios de melhoramento e
educação de nossos sentimentos
A vida se tornaria melhor se to- Também no que diz respeito ao podem surgir naturalmente como
dos nós, antes de criticar os defei- trabalho, quando tivermos consegui- fruto do amadurecimento de cada
tos dos outros, víssemos os nossos do chegar muito próximo de nós um, resultando na própria condição
próprios defeitos e, o mais impor- mesmos, através de uma procura espiritual em que nos encontramos,
tante, nos corrigíssemos antes de interior bem sucedida, já tendo ava- ou poderá ser provocada pela ação
tentar corrigir o próximo. liado nossas pretensões e limites, do sentimento renovador que, sen-
Sociedade Espírita estaremos em condições de corres- sibilizando a criatura, desperta-a
Humberto de Campos - Canoas ponder com honestidade a uma lei para valores novos do espírito.
natural que é a Lei do Trabalho. Centro Espírita João Batista
Nós, jovens, encontramos mui- Sociedade Espírita Novo – Dom Pedrito
tas dificuldades em nos conhecer, Horizonte – Capão Novo
com isso vivemos em conflitos com A verdade é que o homem ain-
as pessoas à nossa volta. Por falta O Espiritismo como terceira Reve- da é um desconhecido para si mes-
de consciência e de discernimentos, lação, veio nos mostrar a importância mo. Sabe já muito sobre seu mun-
escolhemos experiências que não de nossa reforma íntima, de nossa trans- do exterior enquanto seu mundo
nos ajudam e apenas atrapalham formação moral, de nossa responsabili- interior permanece como uma in-
nossa caminhada evolutiva. dade em transformar a nós mesmos e cógnita. E essa é a maior causa de
Grupo Espírita Luzia - assim contribuir para o progresso e a todos os seus males. Todo temor,
Canoas evolução da humanidade. toda a maldade e toda a ignorância
Sociedade Beneficente provêm de dentro de nós. Aí está a
Aceitar-se como se é, aprenden- Espírita Perseverança causa de todos os problemas que
do a perdoar-se também, para que Salvadora - Carazinho nos acompanham há tanto tempo

16 420
sem qualquer solução. O grande tima que deve traduzir-se em es- novação interior e a preservação da
desafio é esse: o homem precisa forço próprio, em auto-educação. paz e do equilíbrio.
conhecer a si mesmo. Sociedade Espírita Amor e Centro Espírita Bezerra de
Sociedade Espírita Gabriel Caridade - Osório. Menezes - Passo Fundo
Delane - Esteio
Devemos mencionar que hoje A busca de um sentido existen-
Todo jovem deve desenvolver temos uma nova visão sobre sexu- cial por parte do ser humano cons-
um conceito positivo, otimista e fe- alidade, os jovens tem maior infor- titui-lhe uma força inata
liz em relação a si mesmo, mação sobre seu comportamento impulsionadora do seu progresso.
autocopiando-se e dilatando suas de acordo com a fase em que ele Ao identificá-lo, torna-se-lhe o ob-
possibilidades não só em benefício se encontra, mais liberdade de diá- jetivo básico a ser conquistado.
próprio, mas em favor de todos logo com os pais e na escola. A fa- Sociedade Espírita Cáritas -
quantos lhe vierem compartilhar da mília é muito importante nesse as- Passo Fundo
existência, desafio este que, enca- pecto.
rado de frente, o ajudará a crescer. Centro Espirita Cristo, Amor (...) a evolução requer que nos
Sociedade Espírita Caminho e Caridade – Panambi eduquemos através do próprio con-
da Luz. - Guaíba. vívio social, em meio a um mundo
Como uma forma de evitar os de informações que adquirimos ao
A fase da adolescência é carac- vícios, devemos iniciar um estudo longo da vida. Dentro do amadure-
terizada pelo grande número de con- dos valores ético-morais que devem cimento individual, cada um faz
flitos que nela há, portanto, o ser incorporados pelos indivíduos suas escolhas, usando seu livre-ar-
autoconhecimento é necessário e mediante o cultivo do otimismo, das bítrio, colocando em prática o
deve ser inadiável. Sabendo o que conversações e leituras salutares, ensinamento de Paulo, o Apóstolo,
queremos, o que é bom para nós e da convivência fraternal de que “tudo nos é permitido mas
para o próximo e o que é correto, motivadora de solidariedade, da afir- nem tudo nos convém”.
teremos a capacidade de optar pelo mação e valorização da vida, ele- Centro Espírita de Caridade
caminho do bem, aprenderemos a mentos esses que propiciam a re- Dias da Cruz - Passo Fundo
amar, evoluiremos e obteremos,
como conseqüência, a felicidade
plena.
... Todos esses desafios que per-
passam o espírito do jovem encar-
nado que busca a perfeição espiri-
tual, muitas vezes o levam a
fraquejar devido a influências ex-
ternas ou de suas próprias inclina-
ções enquanto espírito num mundo
de expiações e provas. O conheci-
mento dos verdadeiros valores es-
pirituais nos leva a ter consciência
de nossa responsabilidade enquan-
to espírito, a buscar a transforma-
ção interior, a compreensão da ne-
cessidade de mudar a sintonia de
nossos pensamentos para que es-
tejamos sempre na companhia dos
amigos espirituais, que nos auxilia-
rão em nossas decisões.
Sociedade Espírita Em
Busca da Verdade. - Novo
Hamburgo

Precisamos aprender a amar-


nos, isto é, buscar a iluminação ín-

420 17
des é muito importante para ser um
adulto saudável e poder chegar
numa boa velhice.
Sociedade Espírita Circulo da
Luz - Porto Alegre

Mas, nós queremos e desafia-


mos a nós mesmos, buscando a
educação dos sentimentos, ganhan-
do confiança e segurança, superan-
do o nosso ego, numa conquista pro-
funda do conhecimento de si mes-
mo, com o objetivo maior de
harmonização consigo mesmo, com
a família, com a sociedade e com
Deus.
Atheneu Espírita Cruzeiro
do Sul - Porto Alegre

A maior dificuldade de um jo-


vem é administrar o que tem den-
tro de si. Conseguir passar o que
está no interior para o exterior.
Durante toda a vida passamos por
mudanças, mas é na adolescência
que elas se agravam. Surgem os
Ao contrário dos outros jovens gicas, em relação ao vício o mais conflitos com os amigos, com a fa-
que não tiveram a benção de co- importante é o reconhecimento de mília, com as responsabilidades,
nhecer o espiritismo, o jovem não entrar. E ter consciência de que com os sentimentos, com as atitu-
espirita coloca-se com mais segu- ele pode levar a coisas mais sérias. des, enfim, com tudo o que nos afe-
rança frente as dificuldades, nos Devemos lutar contra os vícios, que ta.
desafios que surgem na vida. O nos obsedam, porque do contrário, Instituto Espírita Dias da
espiritismo nos possibilita ser pes- eles podem nos vencer. Cruz - Porto Alegre
soas mais esclarecidas, firmes nas Sociedade Espírita Cami-
nossas escolhas, tornando-nos ci- nho da Luz – Porto Alegre Os jovens precisam usar o seu
dadãos mais conscientes dos cami- livre-arbítrio da melhor maneira
nhos a seguir. O que plantamos hoje, iremos possível, sendo eles mesmos, se
Lar Espírita Assistência colher amanhã. Somos nós os res- autoconhecendo e descobrindo que
Irmão Fabiano de Cristo - ponsáveis pela nossa colheita. A a vida pode ser mais feliz se os jo-
Pelotas vida que temos, nada mais é do que vens seguirem o seu coração, des-
o resultado de nossos atos: temos a de que seus sentimentos estejam
Em sua jornada evolutiva, por vida que escolhemos. Todos os nos- em harmonia com os sentimentos
graça Divina, o jovem conta com sos pensamentos, bons e ruins, vol- de Jesus.
seu equipamento corporal (corpo tarão para nós da mesma forma que Sociedade Espírita Francis-
carnal) que ele deve tratar com foram emitidos. co Mont’Alverne – Porto Alegre
zelo, consciente de que o corpo está Centro Espírita do Grupo
a serviço do espírito e não o espíri- Caridade e Fé - Porto Alegre Muitas vezes, por falta de co-
to escravizado aos prazeres corpo- nhecimento da lei da reencarnação,
rais. É importante também manter ao invés de aproveitarmos as opor-
Sociedade Beneficente sempre a calma em situações tunidades dos reencontros no lar,
Espírita Bezerra de Menezes – desconfortáveis e desesperadoras. acabamos nos complicando espiri-
Porto Alegre Cuidar de suas cabeças, das suas tualmente e gerando problemas
idéias. Não brigar e não discutir. novos a serem resolvidos, possivel-
Não devemos esperar por má- Manter o equilíbrio em suas atitu- mente, em futuras reencarnações.

18 420
Instituto Espírita Terceira passamos no trabalho. Portanto, a cimento. Também é resultado de
Revelação Divina – Porto escolha de uma profissão deve ser uma série de modificações... e será
Alegre feita com muita consciência e muita o desafio principal pelo resto de
cautela para não termos problemas nossas vidas.
O esforço pelo aperfeiçoamen- maiores no futuro. Jamais esquecer Sociedade União Espírita
to deve atingir dois objetivos: o com- que devemos trabalhar com boa von- Porto-Alegrense - Porto Alegre
bate às imperfeições e o exercício tade, com dedicação e carinho. Isto
das virtudes. Não basta cuidar só por si só já é um desafio. Tendo a responsabilidade de
da luta contra imperfeições, é in- Sociedade Espírita Luz e não alimentar o mal, fazer todo o
dispensável substituí-las pelas vir- Caridade - Porto Alegre bem que pudermos, não perder a
tudes. O processo de conquista das ocasião de sermos úteis, amar o
virtudes começa pelo esforço, tor- O jovem necessita autodesco- nosso próximo, não alimentar ódio
na-se habitual com a repetição e, brir-se, ter a mente aberta aos va- nem rancor, perdoar esquecendo as
quando o espírito já apresenta um lores morais internos; ele tem vári- ofensas, procurar diminuir nossas
certo grau de progresso, passa a ser os recursos para este desenvolvi- agressividades, pois, como jovens
um ato espontâneo. Não há como mento, que é a conquista incessan- espíritas, através da doutrina sabe-
dispensar o esforço e a repetição te da evolução espiritual. (...) Pre- mos nossas responsabilidades. (...)
que, para serem eficientes, devem cisa ter coragem para identificar os O nosso autoconhecimento está em
ser praticados com boa vontade. seus defeitos morais, ter confiança fase de transformação, algumas
Sociedade Espírita Irmão em si mesmo, e o amor acima de coisas começam a encaixar-se ao
Miranda – Porto Alegre todas as coisas. decorrer do tempo. O autoconhe-
Sociedade Espírita Os cimento está em medirmos nossos
A carga dos meios de comuni- Mensageiros de Jesus – Porto atos, nossas emoções, conhecer
cação influi negativamente nas idéi- Alegre nossas limitações, sabermos do que
as e no comportamento jovem somos capazes.
(como no de toda sociedade), ofe- O aperfeiçoamento do espírito Sociedade Espírita Reforço
recendo modelos de “felicidade é uma conseqüência do autoconhe- da Verdade – Porto Alegre
“que dão primazia ao “ter” sobre o
“ser”.
Sociedade Espírita Lami –
Porto Alegre

Reencarnando para reparar os


erros e edificar o bem em si mes-
mo, o espírito atinge a adolescên-
cia orgânica, vivenciando o trans-
formar de energias e hormônios
poderosos que o despertam para as
manifestações do sexo, mas tam-
bém para as aspirações idealistas
desenvolvendo a busca da própria
identidade. Carregando a soma das
personalidades vividas em outras
encarnações, a sua identificação
com o mundo atual demanda tem-
po e amadurecimento, mediante os
quais pode aquilatar quem realmen-
te é, o que realmente deseja e qual
seu papel na busca de tornar-se um
homem de bem.
Sociedade Espírita Legião
Espírita – Porto Alegre

Boa parte de nossa existência

420 19
Na quadra primaveril da ado-
lescência tudo parece fácil, exa-
tamente pela falta de vivência
da realidade humana. Ser jo-
vens não é, somente, possuir
força orgânica, capacidade de
sonhar e produzir ,mas, sobre-
tudo, poder discernir o que pre-
cisa ser feito, como executá-lo
e como realizá-lo.
Sociedade Espírita
Kardecista – Rio Grande

O esforço pelo aperfeiçoa-


mento deve atingir dois objetivos:
o combate às imperfeições e o
exercício das virtudes. Não bas-
ta cuidar só da luta contra imper-
feições é indispensável substituí-
las pelas virtudes. O processo de
conquista das virtudes começa
pelo esforço, torna-se habitual
com a repetição e, quando o es-
pírito já apresenta um certo grau
de diálogos, até mesmo as desa-
venças, as críticas e que vai mos-
trar nosso verdadeiro caráter,
nosso jeito de ser, nossas quali-
dades, nossos defeitos. tos mais difíceis, e isso, vai de- rante si mesmo a necessidade de
Centro Espírita Luz e pender de cada um, que no mo- uma higiene da alma que se apli-
Trabalho – Santa Maria mento certo recorram à sua fé, que a todos os nossos atos. O
porque Deus sempre está presen- meio de realizarmos é a observa-
Com a devida atenção e de- te no coração de cada um, basta ção da lei moral em todas as suas
morada análise, devemos anotar apenas nós mesmos descobrir- formas.
onde temos vícios, erros, desamo- mos. Centro Espírita Obreiros da
res, ódios e anulá-los mediante Grupo Espírita Seara do Vida Eterna - Sapucaia
constante trabalho. E para Mestre - Santo Ângelo
eliminá-los devemos usar de for- Quando entramos em sintonia
te confiança em nós mesmos, O corpo, instrumento de traba- com o verdadeiro papel do amor em
como filhos de Deus que somos. lho, instrumento de evolução do nossas vidas, derrubamos e elimi-
As virtudes encontradas serão espírito, deve ser preservado. Des- namos as barreiras da dúvida e do
objeto de alegria, humildade e gra- de a forma como nos alimentamos, inconseqüente, construímos um fu-
tidão. E dessa varredura no mun- o vestir, o repouso, os exercícios turo sem “incucações” sobre nos-
do interior e da eliminação das físicos, os sentimentos, tudo influi sos objetivos e realizações morais
imperfeições sobrará um amplo no nosso corpo, correspondendo a e intelectuais..
espectro de paz, que nos levará à cada ação, reações de saúde ou Centro Espírita Fé Esperan-
iluminação e nos abrirá os portais doença. ça e Caridade - Uruguaiana
da felicidade. Centro Espírita Fonte de Luz
Sociedade Espírita Fé e – Santo Antônio da Patrulha O fumar, o beber, são conside-
Esperança – Santo Ângelo rados formas de suicídio. Eis por
... a lei moral impõe-se como que tudo que estraga nosso corpo
Os jovens precisam encontrar obrigação a todos os que não é um desafio.
em si mesmos a força que irá lhes descuram dos seus próprios des- Centro Espírita Bezerra de
dar a segurança para os momen- tinos, tornando-se um desafio pe- Menezes - Viamão

20 420
O desafio dos pais
Conclusões do IV Encontro Estadual de Assuntos da Família, que aconte-
ceu a 24 de abril de 1999 em Porto Alegre, promovido conjuntamente pelo
Departamento de Assuntos da Família e Departamento de infância e Juventude
da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, com a temática:
“DESAFIOS DOS PAIS, Perante Si Mesmos,
a Família, a Sociedade e a Religião
Desafios dos pais renunciar a seus anseios, tornando- vando a humildade.
se menos egoístas. São desafiados Os pais não devem confun-
perante si mesmos
a vivenciarem os valores que pre- dir os filhos em relação ao papel
Os pais são desafiados dia-
gam. que cada um tem dentro da família:
riamente, a conhecerem-se melhor
Hoje se faz necessário n o pai sempre é o pai,
através da reflexão sobre seus atos,
exteriorizar o AMOR dentro do lar, n a mãe sempre é a mãe,
questionando-se:
demonstrando este sentimento nas n o(a) filho(a) sempre é o(a)
n Quem sou eu?
palavras e no comportamento, re- filho(a),
n Por que estou aqui?
tomando e valorizando a história de n o(a) irmão(ã) sempre é o(a)
n Como estou me desempenhan-
cada um. irmão(ã).
do nos diversos papéis que tenho
Os pais são desafiados a não O estabelecimento bem cla-
dentro da
se omitirem nos seus papéis de PAI ro dos limites destes papéis dão
família?
e MÃE como os primeiros educa- segurança emocional aos filhos e
n Em que devo mudar?
dores, respeitando os papéis dos equilíbrio no relacionamento fami-
n Como estou interagindo com
demais membros da família e culti- liar.
meus familiares?

Os pais devem ampliar sua


compreensão sobre o verdadeiro
sentido da vida e procurar melho-
rar sua vida de relação:
n ter mais paciência,
n saber ouvir,
n aprender a sentir,
n abrir-se para o diálogo.
Esta auto-análise permitirá
uma avaliação na nossa conduta em
relação à vida, promovendo uma
constante reforma íntima e um
autocrescimento gradual, pois à
medida que nos conhecemos e nos
aceitamos temos condições de me-
lhor nos relacionarmos no lar e fora
dele.

Desafios dos pais


perante a família
Os pais, atuando ativamente
na família, aprendem a se doar, tes-
tam a paciência, a tolerância, co-
meçam a aceitar mais o outro e a
420 21
os filhos às aulas de evangelização
espírita infanto-juvenil do centro
espírita que freqüentam.
Constata-se que muitos pais
espíritas falham neste desafio. Não
promovem o Evangelho no Lar e
nem orientam seus filhos para par-
ticiparem das aulas de evangeliza-
ção. Negam-lhes, assim, a oportu-
nidade de se aprimorarem espiritu-
almente através do esclarecimento
evangélico e doutrinário dosado de
acordo com a faixa etária em que
estão.
Muitos pais justificam suas
atitudes alegando que a criança e o
jovem devem ter liberdade para
escolher a religião que quiserem
professar. Esta liberdade deve ser
preservada quando o jovem tiver
atingido a maioridade e fôr respon-
sável pelos seus atos. Antes deste
período a responsabilidade do es-
clarecimento espiritual é dos pais.
Muitos argumentam, tentan-
Os pais são o exemplo onde se espelham os filhos do justificar-se, que a criança ou o
jovem não querem participar das
aulas de evangelização do Centro
Desafios dos pais Os pais devem se conscien- Espírita. Podemos detectar duas
tizar de que são os principais mo- causas para esta atitude:
perante a sociedade
delos de conduta para os filhos. n Falta de coerência dos
Os pais tem como desafio
pais que se “rotulam” espíritas, mas
mostrar e explicar a importância do
Desafios dos pais não dão bons exemplos, não con-
SER e não apenas TER cada vez
vencendo os filhos sobre as suas
mais, analisando com os filhos a perante a religião
apregoadas convicções ou
realidade em que o grupo familiar Os pais são desafiados a
n As aulas de evangelização
está inserido, utilizando o diálogo exemplificar na vivência diária os
não atendem aos interesses da cri-
aberto para abordar questões como: postulados religiosos que abraçam.
ança ou do jovem por despreparo
n violência, Devem ser agentes de transforma-
do evangelizador.
n drogas, ção social pela marca que suas con-
Necessitamos encarar esta
n sexualidade, dutas deixam nos grupos em que
realidade e buscar em conjunto -
n preconceitos, atuam:
PAIS e EVANGELIZADORES -
n status e poder, n familiar,
o melhor caminho para esclarecer
n consumismo, n profissional,
estes espíritos reencarnados que
n mídia e propaganda, etc n religioso, etc.
estão na fase da infância ou da ju-
Os pais são desafiados a Os pais espíritas devem pro-
ventude.
manterem-se alertas, vigilantes, na mover a evangelização da família
observação da atuação dos filhos organizando e executando a práti-
nos diversos grupos sociais que os ca salutar do Evangelho no Lar.
mesmos participem. Devem procu- Este espaço, aberto no seio da fa-
rar encaminhá-los a grupos sociais mília, é um fórum para se discutir,
sadios e permanecer juntos deles conversar e encontrar-se os cami-
para poder dialogar e questionar so- nhos para solucionar os problemas
bre todos os acontecimento sociais familiares.
que ocorram. Os pais devem encaminhar
22 420
Evangelização das relações
Fundamentação Teórica para uma proposta de Evangelização das Relações

“Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda,


conhece-se, possui-se e torna-se consciente.”
Léon Denis

“O amor resume inteiramente a doutrina de Jesus, porque é o


sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à
altura do progresso realizado.
No seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompi-
do, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto
delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo,
mas este sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as
aspirações e todas as revelações sobre-humanas.”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XI)
Introdução
Dentro da proposta de prepara-
ção de evangelizadores, o grupo de
“Evangelização das Relações”, vem
contribuir para o aprimoramento do
trabalho deste elemento de funda-
mental importância na divulgação
da Doutrina Espírita de um modo
mais direto e claro, oportunizando
um conhecimento de si e do outro,
onde o “relacionar-se é a grande
arte da vida”.
Esta proposta surge como pro-
jeto em 1997 na reunião da Comis-
são Sul em SP, onde foi apresenta-
do o projeto “20 anos”, Campanha
Permanente de Evangelização Es-
pírita Infanto-juvenil. O RS apre-
sentou princípios que devem ser
considerados para a construção de
uma proposta pedagógica perfeita-
mente compatível com os pressu-
postos da Doutrina Espírita. Indi-
cou também a preocupação com a
capacitação do evangelizador.
Em 1998, na mesma Comissão,
nosso estado apresenta a proposta
de um trabalho de sensibilização
dos evangelizadores, buscando Texto produzido por Benigna Jussara Gandolfi, Gerson Luís Merenda da Rocha, Iara
auxiliá-los a trabalhar o aspecto Maria Capulo da Silva, Ilídia Maria Smioni da Silveira, Solange Roland de Jesus,
emocional que possibilite o autoco- Valéria Chemale Espíndola, Volnei Souza Matias, em grupo de trabalho que se reuniu
durante o ano de 1999.
420 23
nhecimento. No mesmo ano é feita Assim como Jesus criou uma tura que só apostou no intelecto.
uma pesquisa de opinião sobre a forma para a identificação dos seus Tudo isso provoca em nós uma
evangelização espírita no RS, onde discípulos, que seriam reconhecidos sensação de perda muito grande.
os evangelizadores se posicionam por muito se amarem, Kardec iden- E a perda é a principal característi-
favoráveis a um aprofundamento tifica o verdadeiro espírita no mo- ca do sentimento atual; estamos
pedagógico, psicológico e doutriná- mento em que ele promove sua pró- perdidos, sem saber como sentir,
rio. pria transformação moral. Sem esta onde sentir, porque sentir e, até
Nasce, no ano seguinte, o Pro- transformação moral, o Espiritismo mesmo, se sentimos. Há perda da
jeto Evangelizar-se: Tarefa Priori- estaria correndo o risco de ser mais forma individual de sentir, como se
tária. uma doutrina filosófica baseada tivesse ocorrido um cessar dessa
O grupo, a princípio, “Vivências apenas no teórico e no intelectual. capacidade.
e Reflexões”, sai do papel em 1999. Nosso problema pessoal, em
Neste ano 2000, por ser mais termos de sentimento, é em parte
coerente com a proposta e funda- Jesus criou uma um resultado coletivo da nossa ca-
mentado na obra de André Luiz minhada histórica. Nossos proble-
metodologia para
“No Mundo Maior”, o grupo passa mas de sentimento são problemas
a chamar-se “Evangelização das a educação dos coletivos.
Relações”. sentimentos As senhas da sociedade pós-
Desta forma, propomos uma moderna são: vincular-se, relacio-
fundamentação teórico-prática para nar-se, ser sincero, sentir. Mas
a Evangelização das Relações apre- Jesus deixou conosco uma dou- como fazer? Essa é a questão que
sentando a importância da psicolo- trina e exemplos de comportamen- se impõe.
gia, da educação e do conhecimen- tos dos quais podemos lançar os A princípio, precisamos saber
to doutrinário para a realização de alicerces de uma metodologia do um pouco mais a respeito do que
um trabalho profícuo, efetivo e processo de educação dos senti- significa sentimento.
comprometido com a formação do mentos. Da atitude de Jesus em Segundo Jung, “o sentimento é,
evangelizador baseado na propos- relação ao homem, podemos afir- em primeiro lugar, um processo que
ta do Cristo. mar que ele próprio, a sua perso- se realiza entre o eu e um dado
nalidade constituía o seu método, conteúdo, um processo que atribui
Evangelização das relações despertando para a ação, com um ao conteúdo um valor definido no
através da Educação dos claro convite a um relacionamento sentido de aceitação ou rejeição,
Sentimentos autêntico. Jesus não retém as pes- mas, também, um processo que,
Refletindo sobre nossa vida soas junto a si, numa atitude abstraindo do conteúdo momentâ-
como evangelizadores, encontra- contemplativa, ao contrário, incen- neo da consciência ou de sensações
mos na obra de André Luiz ( No tiva-as ao convívio com o outro, momentâneas, pode aparecer
Mundo Maior ) que “...no prosse- recomendando a mudança interior como que isolado, como disposição
guimento da ação que nos compe- e a renovação de atitudes: “que de ânimo. O sentimento é, portan-
te, não nos esqueçamos de que a queres que te faça?”- “ Tudo de- to, também uma espécie de julga-
evangelização das relações entre pende de ti.”- “Vá e não torna a mento mas que se distingue do jul-
esferas visíveis e invisíveis é dever pecar.” gamento intelectual por não visar
tão natural e tão inadiável da tare- Atualmente, somos seres per- ao estabelecimento de relações
fa quanto a evangelização das pes- tencentes à sociedade pós-moder- conceituais, mas a uma aceitação
soas “. na, que se caracteriza pelo senti- ou rejeição subjetivas. A valoriza-
A verdade é que só iniciaremos mento de vazio e irrealidade, pela ção pelo sentimento estende-se a
o processo de evangelização das ausência de valores, e do pensa- cada conteúdo da consciência, seja
relações, se nos remetermos à edu- mento dirigido para o consumo. de que espécie fôr.”
cação dos sentimentos. Assim, a marca da pós-modernida- Segundo Hillman, a função sen-
Podemos definir sentimentos de tornou-se, sem dúvidas, o indivi- timento desenvolvida é a razão do
como “ conjunto das qualidades dualismo cujas características prin- coração que a razão da mente não
morais do indivíduo”. Assim sen- cipais são: busca de satisfações compreende muito bem.
do, podemos relacionar com um dos imediatas; ausência de projetos e o A função sentimento é um pro-
objetivos básicos da Doutrina Es- culto da auto-imagem como um cesso da consciência que avalia e,
pírita – a transformação moral das único ideal. Temos uma sociedade neste processo somos capazes de
pessoas. mentalmente doente, de uma cul- dar e receber cargas de sentimen-

24 420
to. A função sentimento implica
um interagir com o mundo: ao
mesmo tempo que o afetamos,
somos afetados por ele. Desta
maneira, a função sentimento é
uma função de relacionamento,
constituindo os sentimentos a
base de todo o processo
relacional . Assim, encontramos
um processo profundo de com-
preensão de si, do outro e da vida,
viabilizando condições à uma
postura ética.
Ainda de acordo com
Hillman, o sentimento requer uma
educação através da fé; ele só
começa a funcionar, quando con-
fiamos que funcione e permiti-
mos que cometa seu erros. Afir-
ma Herder que “o sentimento
pode errar, mas só pode ser cor-
Onde falta a espontânea expressão dos sentimentos, a rigidez e o moralismo
rigido pelo sentimento “. Portan- arbitrário tomam lugar
to, só pode ser educado através
do próprio sentimento. O que
erra é escravo do erro até que se
liberte pelo trabalho pessoal da apostolado de libertação da mente sejamos. Na obra de Vinícius
educação dos sentimentos. humana, encadeada aos mais es- (Pedro Camargo) “Na Escola do
A educação dos sentimentos curos e asfixiantes preconceitos Mestre”, no tema 33, página 157,
exige honestidade, humildade e co- que operam a prisão e a moléstia temos um posicionamento quanto a
ragem da alma para encontrar-se de milhões de almas. Não vale Evolução e Educação, que trans-
consigo mesma, enfrentando todos morrer sem a regeneração íntima, crevemos aqui, para nossa reflexão:
os tipos de conteúdos que existem porque ninguém avança um palmo “Educar é tirar do interior. Nada se
em nós. no caminho da eternidade sem luz pode tirar de onde nada existe. É
Podemos concluir que a vida própria. O maior serviço prestado possível desenvolver nossas potên-
moral é determinada pelo nível de à doutrina é, ainda, o da própria cias anímicas, porque realmente
consciência e capacidade de senti- conversão ao infinito bem.” elas existem no estado latente. A
mento de cada um. Onde falta sen- Afirma Hermínio C. Miranda evolução resulta da involução. O
timento e compreensão, a rigidez e que: “enquanto não conseguirmos que sobe da terra é o que desceu
o moralismo arbitrário tomam lu- construir em nossa intimidade um do céu. A diferença entre o sábio e
gar. bom “conjunto de qualidades mo- o ignorante, o justo e o ímpio, o bom
As palavras do irmão Jacob (no rais”, podemos dizer que entramos e o mau, procede de serem uns
livro “Voltei”) afirmam que: como para o Espiritismo, passando a fa- educados, outros, não. O sábio se
homem prático, de 50 anos, estava zer parte do movimento e partici- tornou tal, exercitando com perse-
acostumado a ser obedecido e, pando dos estudos corresponden- verança os seus poderes intelectu-
enclausurado em preconceitos, que, tes, mas o Espiritismo ainda não ais. O justo alcançou santidade,
muitas vezes, nocivos, se cristali- terá entrado em nós.” cultivando com desvelo e carinho
zavam na organização mental, nem sua capacidade de sentir.”
sempre se permitindo ser doce; es- Pressupostos educacionais Foi de si próprios que eles - o
tava convicto de que a energia seca Para que possamos realizar um sábio e o justo - desentranharam e
era indispensável nas relações hu- trabalho que dê suporte e subsídios desdobraram, pondo em evidência
manas. significativos, necessitamos cons- aquelas propriedades, de acordo
Ainda nas palavras do irmão truir uma proposta pedagógica, com com a sentença que o Divino Artí-
Jacob, o “Espiritismo evangélico é pressupostos teóricos claros e que fice insculpiu em suas almas:
chamado a desempenhar imenso demonstrem o que realmente de- “Crescei e multiplicai.” “A verda-

420 25
exemplos: Toda aprendizagem se
dá no tempo e é cumulativa – “Pri-
meiro a erva, depois a espiga e por
último o grão cheio na espiga”.(Mc.
4:28)
A aprendizagem deve se base-
ar na descoberta pessoal, concre-
ta, a partir da reflexão em profun-
didade. “Quem - pergunta Jesus ao
doutor da lei narrando a parábola
do Bom Samaritano - foi o próximo
daquele que caiu nas mãos dos sal-
teadores?” (Lc. 10:36). Ao ouvir
a resposta , conclui o Mestre: “Vai
e procede tu de igual modo.”(Lc.
10:37)
A aprendizagem se evidencia
na vivência, na demonstração, no
comportamento que denota a trans-
formação interior. “Porquanto cada
árvore é conhecida pelo seu pró-
prio fruto”.(Lc. 6:44)
Toda a aprendizagem significa-
O verdadeiro educador ensina com o coração e demonstra com a atitude tiva conduz o homem à harmonia
consigo próprio, com o próximo e
com Deus. “Quem pratica a ver-
de não surge de fora como em ge- dores e, sem mais preâmbulos, vai dade aproxima-se da luz ...” (Jo
ral se imagina, procede de nós mes- dizendo assim: “Acompanhem-me, 3:21)
mos. O reino de Deus não se ma- pois, doravante, sereis pescadores O erro é uma parte do processo
nifestará com expressões externas, de almas”, e tais indivíduos como de aprendizagem e deve ser trans-
por isso que o reino de Deus está que premidos por uma mola invisí- formado em estímulo de cresci-
dentro de vós. Educar é extrair do vel, deixam seus barcos e redes e mento.
interior e não assimilar do exteri- demais atividades de ofício e se- Jesus para a mulher adúltera:
or.” guem o Senhor. “Vai e não tornes a pecar.”(Jo
Jesus nos dá exemplos signifi- Constatamos que o compromis- 8:11). Jesus para o paralítico: “Olha
cativos na sua trajetória de como so desses companheiros fora assu- que estás curado; não peques mais
educar os homens, torná-los sensí- mido antes, noutro plano da vida. para que não te suceda coisa
veis, extrair deles os elementos Vamos observar Jesus, desenvol- pior.”(Jo 5:14). A linguagem de Je-
para a reforma íntima. vendo uma proposta pedagógica, sus é cheia de lirismo e poesia, mas
Chamado o “Pedagogo da Hu- reconhecida pelos mais destacados também de objetividade, clareza e
manidade”, nos trouxe princípios pedagogos, ensinando através de logicidade.
eternos da educação com amor, por preleções, narrativas, reflexão, con- A proposta do Cristo é libertadora,
exemplo no caso de Judas versação dialogada, observações, participativa, comprometida com a
Iscariotes, um dos doze apóstolos. exemplificações, levando o povo da transformação e o desenvolvimento
Como foi Judas ter ao apostolado? época a refletir e analisar os acon- integral do homem.
Por solicitação própria? Não. Foi tecimentos, tirando profundas lições Evangelizar-se: tarefa prioritá-
chamado, conforme declaração de e conhecimentos para a vida de ria.
Jesus, dirigida aos doze: “Eu vos cada um.
escolhi a vós; no entanto um de vós Jesus não usou o formalismo, a Pressupostos doutrinários
me há de trair.” verbosidade, a memorização da li- Qualquer pessoa razoavelmen-
Iniciando a tarefa, Jesus come- ção, demonstrou preocupação com te instruída está apta à percepção
ça reunindo os que deveriam cola- a assimilação ativa do conteúdo, de que, sob todas as formas e sis-
borar com Ele na obra da liberta- com uma aprendizagem verdadei- temas em que se expressa neste
ção humana. Chega-se aos pesca- ramente significativa. Alguns mundo, a vida trabalha instintiva-

26 420
mente pelo seu próprio aprimora- chegam mais depressa à meta que ticas do reino animal, “a mão de
mento, em constantes e sucessivas lhes foi assinada. Outros, só a su- Deus”. Dá-se aí o início do exercí-
buscas de adaptações mais favo- portam murmurando e, pela falta cio do livre-arbítrio, o homem tor-
ráveis à sua existência. Portanto, em que desse modo incorrem, per- na-se consciente de seu existir e
daí concluí-se que a evolução está manecem afastados da perfeição e da sua possibilidade de escolher seu
na essência da própria vida. Esta da prometida felicidade.” destino. Encontramos nos registros
conclusão é fortemente apoiada Com facilidade deduzimos da bíblicos do Velho Testamento uma
pelos postulados espíritas; pode-se resposta da questão acima que a alusão simbólica a este período da
dizer que a idéia de evolução está vida na Terra nos possibilita escla- evolução, através do mito de Adão
no cerne da doutrina. Para citar recimento, aprendizado, conheci- e Eva, quando o primeiro, induzido
uma frase célebre que contempla mento da verdade, e isto nos apro- pela segunda, rompe com a lei de
o que acabamos de afirmar, lem- xima da perfeição e de Deus. Já Deus, com isso sendo ambos ex-
bremos: nos dizia Jesus: “Conhecereis a pulsos do paraíso e condenados a
“Nascer, morrer, renascer ain- verdade e a verdade vos libertará.” viver entregues à própria sorte.
da e progredir sempre, tal é a Lei.” Com isto podemos afirmar que a
Quando falamos de vida, tam- essência da evolução é o aprendi-
bém estamos falando do homem, zado no sentido mais amplo que O homem se sente
este ser que apresenta a forma de esta expressão comporta e que só impotente e inseguro
vida mais perfeita que hoje conhe- gradualmente se vai obtendo.
cemos. Porém , não queremos nos “...Em sua origem, o homem só tem diante da magnitude
ater à evolução de sua complexa e instintos; quando mais avançado e do universo
formidável estruturação biológica, corrompido, só tem sensações;
mas, sim ao seu extraordinário pro- quando instruído e depurado, tem Quando o ser humano toma
cesso de evolução psíquica e espi- sentimentos.”(O Evangelho segun- consciência de sua existência como
ritual. O Homem, até onde pensa- do o Espiritismo, cap. XI, item 8). indivíduo, capaz e precisando esco-
mos saber, é o único ser capaz de Conforme nos evidencia com lher o seu destino, mas tendo que
desenvolver cultura, de saber que admirável clareza André Luiz em arcar com ônus dessa escolha, per-
sabe, que tem consciência do seu sua obra “Evolução Em Dois Mun- cebe-se diferenciado dos seres re-
existir. dos”, a evolução do princípio inteli- gidos unicamente pelas irrefletidas
gente, que com a conquista do pen- forças do instinto, sente-se “expul-
samento contínuo passa a caracte- so do paraíso, entregue à própria
Deus deu a cada um a rizar o espírito humano, é conquis- sorte”. Desenvolve um sentimento
missão do próprio ta de incontáveis milênios de expe- básico, que lhe acompanha ao lon-
aperfeiçoamento, riências elaborativas nos reinos in- go de sua evolução, de uma pro-
feriores da natureza. Ela não é obra funda insegurança e impotência,
condição da eterna
do acaso, mas, sim o resultado de por sua imensa fragilidade diante da
felicidade um esforço coordenado pela Sabe- magnitude da obra e do infinito po-
doria Suprema, que é Deus. As der do Criador.
Em “O Livro dos Espíritos” de potestades espirituais encarregadas Em sua infinita Sabedoria e
Allan Kardec, na resposta à ques- da execução de sua vontade, diri- Bondade, Deus faz com que a dor
tão 115, encontramos o seguinte: gem esta jornada de forma direta pungente dessa percepção fique
“Deus criou todos os Espíritos pelo desenvolvimento das forças retida nas telas do inconsciente hu-
simples e ignorantes, isto é, sem instintivas que caracterizam a vida, mano, somente aparecendo na
saber. A cada um deu determinada até que o Ser adentre o advento da consciência como vaga intuição
missão, com o fim de esclarecê-los razão, onde o espírito humano co- passível de exacerbar-se nos mo-
e de os fazer chegar progressiva- meça o exercício do livre-arbítrio e mentos cruciais da vida. Mas, para
mente à perfeição, pelo conheci- progressivamente aprende com as evitá-la, o homem é impelido a apri-
mento da verdade, para aproximá- experiências que a vida lhe facul- morar sua inteligência por meio de
los de si. Nesta perfeição é que eles ta. sutis exercícios de poder. Intuitiva-
encontram a pura e eterna felici- A existência da Humanidade mente, o homem passou a desen-
dade. Passando pelas provas que inicia-se quando o Ser torna-se ca- volver conceitos e valores relativos
Deus lhes impõe é que eles adqui- paz de romper com o limitador a si, ao outro, ao seu mundo e às
rem aquele conhecimento. Uns automatismo comportamental, dita- relações daí decorrentes, tendo isso
aceitam submissos essas provas e do pelas forças naturais caracterís- duas grandes finalidades: a de pro-

420 27
teger o seu imaturo psiquismo, e a pulsos primitivos no homem, mais homem a empreender pesquisas
de apropriar-se conscientemente da ele lança mão de poderosos meca- que lhe esclarecem o Espírito. As-
realidade em que se vê colocado. nismos de defesa para não perce- sim é que tudo se prende, no mun-
Só lenta e gradualmente é que o ber (admitir conscientemente) suas do moral, como no mundo físico, e
homem percorre o árduo caminho “fragilidades”, sustentar rigidamen- que do próprio mal pode nascer o
evolutivo, que vai da completa in- te suas “verdades” e ilusões de bem. Curta, porém, é a duração
consciência até a plena conquista poder, originando dessa forma a desse estado de coisas, que muda-
de sua consciência cósmica. Este necessidade de sofrimento como rá proporção que o homem com-
é um processo intrínseco à sua na- estímulo ao progresso. Vamos a preender melhor que, além da que
tureza psicológica, pois ele neces- questões de “O Livro dos Espíri- o gozo dos bens terrenos proporci-
sita de referências conceituais que tos”. ona, uma felicidade existe maior e
lhe dêem a noção do seu existir no “780. O progresso moral infinitamente mais duradoura.”
mundo. acompanha sempre o progresso Devido ao baixo nível de per-
cepção e compreensão da Realida-
de, o homem tem construído falsas
estruturas de poder, baseadas em
posições ilusórias que possa aspi-
rar no mundo, que a mais das ve-

O espírito orgulhoso
tem a evolução mais
lenta, porque tem
menos autocrítica

zes representa uma profunda fuga


de sua verdadeira essência que é
seu valor mais real. Quanto mais
orgulhoso é o espírito, mais lento é
o ritmo da sua evolução, pois me-
nor é sua capacidade de perceber
e admitir suas falhas e deficiênci-
as. O oposto é verdadeiro em rela-
A ilusão materialista ção à humildade. “Sem o reflexo
é como uma barreira da humildade, atributo de Deus no
que nos isola do reino do “eu”, a criatura sente-se
contato com a proprietária exclusiva dos bens que
verdadeira vida a cercam, despreocupada da sua
condição real de espírito em trânsi-
Nas primeiras etapas do desen- intelectual? to nos carreiros evolutivos e, apro-
volvimento humano, observa-se a Decorre deste, mas nem sem- priando-se da existência em senti-
forte regência do egoísmo e do or- pre o segue imediatamente.” do particularista, converte a própria
gulho, como impulsos naturais e “785. Qual o maior obstácu- alma em cidadela de ilusão, dentro
necessários para a sobrevivência lo ao progresso? da qual se recusa ao contato com
física e psicológica do indivíduo e O orgulho e o egoísmo. Refiro- as realidades fundamentais da
da espécie, mas que precisam ser me ao progresso moral, porquanto vida.” (Livro “Pensamento e
gradualmente sublimados. O que o intelectual se efetua sempre. À Vida”, de Emmanuel, cap.24)
num momento pode representar primeira vista, parece mesmo que Voltemos a’O Livro dos Espíri-
uma proteção, noutro pode signifi- o progresso intelectual reduplica a tos.
car um entrave para o fluxo natu- atividade daqueles vícios, desenvol- “18. Penetrará o homem um
ral da marcha evolutiva. Quanto vendo a ambição e o gosto da ri- dia o mistério das coisas que lhes
mais forte é o domínio desse im- queza, que, a seu turno, incitam o são ocultas?

28 420
O véu se levanta a seus olhos, à oportuno comentário no capítulo 68, senhorear o próprio caminho.
medida que ele se depura; mas, sob o título de “Necessário Acor- Grandes massas, supostamente
para compreender certas coisas, dar”. religiosas, vão sendo conduzidas,
são-lhe precisas faculdades que “...Na maioria das ocasiões, os através das circunstâncias de cada
ainda não possui.” convites divinos passam por eles, dia, quais fileiras de sonâmbulos
Isso significa dizer que só gra- sugestivos e santificantes; todavia, inconscientes...”
dualmente a consciência se expan- os companheiros distraídos inter- A grande maioria dos trabalha-
de, dissipando os véus do mistério pretam-nos por cenas sagradas, dig- dores espíritas chega aos arraiais da
à medida em que a estrutura inte- nas de louvor, mas depressa Doutrina movida pelo sofrimento a
lectual e moral se aprimora. Con- relegadas ao esquecimento. O co- expressar-se nos seus diversos ma-
forme já vimos, primeiro vem a evo- ração não adere, dormitando amor- tizes. Assim que alcançado algum
lução intelectual, vamos entenden- tecido, incapaz de analisar e com- alívio, advém admiração e agradeci-
do racionalmente as necessidades preender. mento por essa Doutrina maravilho-
de mudança para, posteriormente, sa, e alguns de seus seguidores, com
senti-las em nosso campo emocio- freqüência, passam a ser vistos como
nal a fim consolidá-las efetivamen- A criatura necessita espíritos superiores, ou muito acima
te em nosso espírito. Tudo vem no das fragilidades humanas. Isso tudo
indagar de si mesma o
tempo certo. Esse tempo será tão é fruto de uma forte idealização que,
menor quanto maior for a disponi- que faz, o que deseja, a quando vem a desfazer-se, pode ge-
bilidade interna à mudança, a tra- que fins se destina rar grandes decepções e talvez o
duzir-se em humildade, que também afastamento daquele que idealizou.
é sabedoria, para reconhecer as Enfronhando-se um pouco mais no
grandes limitações de nossa real A criatura necessita indagar de movimento espírita, o novo adepto vai
posição evolutiva e da precarieda- si mesma o que faz, o que deseja, a percebendo a necessidade da modi-
de de nosso nível de consciência, que propósitos atende e a que fina- ficação de seus comportamentos e
mas, apesar de tudo, mantendo-nos lidades se destina. Faz-se indispen- de suas posturas internas diante de
alegre e confiantes nas dadivosas sável examinar-se, emergir da si, do outro e da vida. Porém, após
oportunidades de crescimento que animalidade e erguer-se para algumas tentativas, logo se percebe
a vida nos oferece.
“919. Qual o meio prático
mais eficaz que tem o homem de
se melhorar nesta vida e de re-
sistir à atração do mal?
Um sábio da antigüidade vo-lo
disse: Conhece-te a ti mesmo.”
Trechos da resposta de Santo
Agostinho (espírito) à questão 919-
a.
“O conhecimento de si mesmo
é, portanto, a chave do progresso
individual...”
“...Perscrute, conseguintemen-
te, a sua consciência aquele que se
sinta possuído do desejo sério de
melhorar-se, a fim de extirpar seus
maus pendores...”
“Formulai, pois, de vós para
convosco, questões nítidas e preci-
sas e não temais multiplicá-las. Jus-
to é que se gastem alguns minutos
para conquistar uma felicidade eter-
na...”
No livro “Pão Nosso”,
Emmanuel nos traz o seguinte e
O estudo de si mesmo: ainda o melhor instrumento para combater o mal
420 29
as naturais dificuldades dessa dura em que ele está . embrutece e estiola.”
empreitada, fato este que leva mui- Nas questões, 766, 767 e 768, de
tos indivíduos a estacionar numa mal “O Livro dos Espíritos”, encontramos
acabada reformulação da fachada significativo material para nossa re-
que os caracteriza. flexão; vamos transcrevê-las. O homem não pode ser
Segundo nos aponta André Luiz “766. A vida social está em a desvinculado do outro,
no capítulo 5 do livro “Nos Domíni- Natureza?
os da Mediunidade”, “... possuímos Certamente. Deus fez o homem
afetivamente significativo
uma vida mental quase sempre pa- para viver em sociedade. Não lhe
rasitária, de vez que ocultamos a deu inutilmente a palavra e todas
onda de pensamento que nos é pró- as outras faculdades necessárias à Nos diz a filosofia acadêmica
pria, para refletir e agir com os pre- vida de relação.” que o homem é um Ser eminente-
conceitos consagrados ou com a “767. É contrário a lei da Na- mente social, a tal ponto que ele não
pragmática dos costumes preesta- tureza o isolamento absoluto? pode ser sem o outro, mas não é
um outro qualquer e sim
um outro que ocupa lu-
gar no seu mundo
afetivo, pois é este ou-
tro significativo que nos
dá a noção de quem so-
mos. Quer dizer que,
para o homem se cons-
truir como tal, o outro é
fundamental. Esta linha
de raciocínio nos pare-
ce amplamente funda-
mentada pelas respostas
das questões anterior-
mente citadas.
Se por um lado é ver-
dadeiro tudo o que afir-
mamos acima, também
é verdade que em torno
da vida de relação giram
quase todos os proble-
Sem o contato com os outros, o ser humano se embrutece e estiola mas humanos; se olhar-
mos pela ótica da
encarnação atual, mas
belecidos, que são cristalizações Sem dúvida, pois que por ins- vendo a vida do espírito como um
mentais no tempo, ou com as mo- tinto os homens buscam a socieda- todo, podemos dizer que todos es-
das do dia e as opiniões dos afeiço- de e todos devem concorrer para o ses problemas derivam da nature-
ados que constituem fácil acomo- progresso, auxiliando-se mutuamen- za das relações que o homem esta-
dação com o menor esforço...” te.” belece, uma vez que o outro signi-
Do ponto de vista sóciocultural, “768. Procurando a socieda- ficativo pode ser uma pessoa, vári-
o homem é herdeiro de um apren- de, não fará o homem mais do as pessoas, uma instituição, a soci-
dizado cumulativo, oriundo da trans- que obedecer a um sentimento edade, Deus, uma entidade, a pró-
posição de gerações, que inclui não pessoal, ou há nesse sentimento pria pessoa, ou até mesmo um ob-
só o conhecimento objetivo da rea- algum providencial objetivo de jeto.
lidade mas, principalmente, uma ordem mais geral? Podemos dizer que relacionar-
apreensão implícita de conceitos e O homem tem que progredir. In- se é a grande arte da vida e, talvez
valores, sobre o Eu, o Outro, a vida sulado, não lhe é isso possível, por o maior aprendizado a ser incorpo-
e as relações que passam a reger o não dispor de todas as faculdades. rado ao arcabouço do espírito hu-
seu jeito de viver, que é mais ou Falta-lhe o contato com os outros mano. Isto tudo já foi definido nas
menos comum à época e ao local homens. No insulamento, ele se sábias palavras de Jesus, quando

30 420
proferiu a melhor síntese conheci- tempo para uma reflexão mais pro- doras ou alavancas libertadoras
da sobre o objetivo da vida huma- funda sobre a aplicação da doutri- da existência.
na, que é: “Amar a Deus sobre to- na em nossa vida íntima. Entenden- Ninguém pode ultrapassar de
das as coisas e ao próximo como a do por “tarefismo” toda a atividade
si mesmo.” E Ele ainda completou desenvolvida de forma mecânica,
dizendo que aí estavam toda a lei e sem reflexão crítica quanto à sua
os profetas, o que é verdadeiro, real finalidade ou ao contexto em Ninguém permanece
uma vez que neste mandamento que está inserida, ou sem que o in- fora do movimento de
está definida a natureza do relacio- divíduo possa implicar-se como pes-
namento que o homem deve esta- soa, e com isso não permitindo a permuta incessante
belecer com Deus, enquanto enti- nossa verdadeira transformação
dade subjetiva, bem como com toda espiritual.
a objetividade de Sua criação co- No capítulo 1 do livro “Pensa- improviso os recursos da própria
lossal, desde a menor até à maior mento e Vida”, Emmanuel nos ofe- mente muito além do círculo de
de suas obras. Amar a Deus é ale- rece este magnífico material para trabalho em que estagia; contu-
grar-se e enternecer-se profunda- reflexão: do, assinalamos, todos nós, os
mente diante da esplendorosa mag- “Em todos os domínios do reflexos uns dos outros, dentro da
nitude da vida como um todo. E Universo vibra, pois, a influên- nossa relativa capacidade de
amar ao próximo como a si mesmo cia recíproca. Tudo se desloca e assimilação.
parte do profundo e verdadeiro re- renova sob os princípios de in- Ninguém permanece fora do
conhecimento de si como pessoa terdependência e repercussão. O movimento de permuta incessan-
digna de respeito, carinho e amor, reflexo esboça a emotividade. A te.
para que possa atender o manda- emotividade plasma a idéia. A O reflexo mental mora no ali-
mento dando a seu próximo a mes- idéia determina a atitude e a pa- cerce da vida.”
ma deferência. lavra que comandam as ações. Com esta citação temos por
Em semelhantes manifesta- objetivo enfatizar que nada no Uni-
ções alongam-se os fios gerado- verso ocorre isoladamente: respon-
Sempre são mais fáceis res das causas de que nascem as demos, consciente e inconsciente-
as atitudes exteriores do circunstâncias, válvulas oblitera- mente, às emanações do Todo, so-

que o verdadeiro trabalho


de transformação

Sempre são muito mais fáceis


as atitudes exteriores do que o
verdadeiro trabalho interno de
autotransformação. Geralmente, as
primeiras perseguem uma melhor
aceitação e reconhecimento do
meio em que buscamos nos inserir,
ao passo que o segundo exige mai-
or esforço e raramente encontra
espectadores atentos no plano dos
espíritos encarnados. Urge que nós,
espíritas, não nos acomodemos no
absorvente “tarefismo”, que
freqüentemente caracteriza as lides
espiritistas nos seus diferentes se-
tores. Muitas vezes nos pomos tão
ocupados com os afazeres exter-
nos - sejam domésticos, profissio-
nais e mesmo os do movimento es-
pírita - que não nos concedemos O reflexo mental entre as pessoas é um mecanismo básico da vida

420 31
Características e
requisitos indispensáveis ao
coordenador
n Domínio dos princípios bási-
cos da Doutrina Espírita;
n Identificação pessoal e con-
vicção sobre a importância do tra-
balho proposto;
n Capacidade para estimular no
grupo um clima de calor humano, aco-
lhimento, fraternidade e integração;
n Compreensão empática das
vivências, sentimentos e dificulda-
des do evangelizador;.
n Capacidade de exercer a po-
sição de líder positivo perante o gru-
po, propiciando o desenvolvimento
das potencialidades interiores, man-
tendo uma atmosfera de respeito e
cooperação mútua.
n Os candidatos à coordenação
dos Grupos de Evangelização das
O grupo reproduzindo a lei geral de sociedade, é o contexto ideal Relações terão um período mínimo
para trabalhar a questão dos sentimentos de um ano de qualificação de
monitoria supervisionada e avalia-
bretudo às dos nossos semelhantes. grupos de evangelização das rela- ção junto aos coordenadores dos
Entretanto, desejamos destacar a ções, uma vez que ela tem como grupos já em andamento.
importância fundamental da emoti- propósito fomentar no indivíduo o
vidade nesse processo interativo e desenvolvimento de sua consciên- Critérios operacionais
por conseqüência na evolução hu- cia sobre si, o mundo, a Doutrina As atividades dos Grupos de
mana. Não será negando sua exis- Espírita e as relações que desses Evangelização das Relações devem
tência ou sua importância, mas sim elementos podem decorrer. Colo- seguir alguns critérios operacionais
por uma apropriação consciente de ca-se, desta forma, a necessidade básicos, os quais visam manter a
nosso mundo emocional, é que lo- premente de que o movimento es- integridade do trabalho e a coerên-
graremos alcançar o êxito evoluti- pírita, pela ação de seus dirigentes, cia deste com os princípios da Dou-
vo. busque estimular o desenvolvimento trina Espírita, a saber:
Nos diz André Luiz no livro de espaços reflexivos em que o “eu- n A sala ambiente deve ser su-
“Nos Domínios da Mediunidade”, pessoa” e o “outro-pessoa” possam ficientemente ampla, iluminada, lim-
cap. 1: interagir com a profundidade dos pa e arejada. As cadeiras devem
“Dependendo dos nossos conteúdos doutrinários. ser móveis e confortáveis. Na me-
semelhantes, em nossa trajetória dida do possível, o ambiente deve
para a vanguarda evolutiva, à Objetivos da Proposta inspirar um sentimento de boa aco-
maneira dos mundos que se des- Possibilitar aos evangelizadores lhida e aconchego, privacidade.
locam no Espaço, influenciados um espaço de reflexão dialogada n O Grupo de Evangelização
pelos astros que os cercam, agi- sobre o Evangelho do Cristo e suas das Relações é um trabalho dirigi-
mos e reagimos uns sobre os ou- implicações na dimensão interpes- do somente aos evangelizadores
tros, através da energia mental soal. espíritas. O grupo será composto
em que nos renovamos constan- Esta reflexão visa a fomentar o de evangelizadores provenientes de
temente, criando, alimentando e processo de autoconhecimento do diferentes sociedade espíritas e
destruindo forças e situações, evangelizador e seu amadurecimen- com diferentes níveis de experiên-
paisagens e coisas, na estrutu- to no campo sócioafetivo, propici- cia no trabalho de evangelização.
ração dos nossos destinos.” ando que este vivencie e transmita n O número de participantes
Diante de tudo o que foi dito de forma mais autêntica a Boa deve limitar-se a 12 componentes
até aqui, justifica-se a proposta dos Nova aos seus evangelizandos. e ao mínimo de 6, com possibilida-

32 420
de de suplência.
n No primeiro encontro deve
ser exposto ao grupo os objeti-
vos do trabalho, os princípios dou-
trinários que o norteiam e as re-
gras gerais de convivência do
grupo.
n A manutenção do sigilo
quanto aos assuntos de natureza
pessoal expressados pelos inte-
grantes.
n Assiduidade e pontualida-
de quanto aos encontros.
n A duração de cada encon-
tro será de, aproximadamente,
uma hora e vinte minutos.
n Os encontros serão reali-
Curso de preparação de evangelizadores (1966): chegou a hora de renovar zados quinzenalmente, iniciando
métodos nesta área
em março e terminando em no-
vembro, aproximadamente.
Bibliografia
1- Alves, Walter Oliveira. Prática Pedagógica na Evangelização. São Paulo, IDE,
1998.
2- Associação médico-espírita de minas gerais. Porque Adoecemos. Minas Ge- Fatores trabalhados nos
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5- Franco, Divaldo Pereira. O Ser Consciente. Bahia, Alvorada, 1997. avaliação final
6- ___. O Homem Integral. Bahia, Alvorada, 1997. n Crescimento pessoal
7- Freire, Paulo. Conscientização. São Paulo, Morais, s.d.
n Desejo de continuar
8- Goleman, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro, Objetivos, s.d.
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12- May, Rollo. O Homem à Procura de Si Mesmo. Rio de Janeiro, Vozes, 1982. n Conflitos internos
13- Miranda, Hermínio C. A Alquimia da Mente. Niterói, Lachâtre, 1994. n Desenvolvimento afetivo
14- ___. A Trave e o Cisco. A Reencarnação, Porto Alegre, p. 10, 2º semestre,
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FERGS, 1996.
15- Neto, Francisco do Espírito Santo. Renovando Atitudes. São Paulo, Boa Nova, n Autoconfiança
1997. n Medo de se expor
16- Pereira, Sandra Borba. Uma Introdução à Proposta Pedagógica de Jesus, Seus n Amizade
Princípios Norteadores e Práticos de Ensino. A Reencarnação, Porto Alegre, p. 12, n Valorização da vida
1º semestre, FERGS, 1996.
n Valorização dos pais
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n “Sombra”
juvenil. Rio de Janeiro, FEB, 1998.
18- Rogers, Carl. Grupo de Encontro. São Paulo, Martins Fontes, 1970. n Perdão
19- Teixeira, Raul. Desafios da Educação. Niterói, Fráter, 1995. n Autoperdão
20- Xavier, Francisco Cândido. No Mundo Maior. 20ª ed.. Rio de Janeiro, FEB, s.d. n Equilíbrio
21- ___. Nos Domínios da Mediunidade. Rio de Janeiro, FEB, 1993. n Autocrítica
22- ___. Pão Nosso. Rio de Janeiro, FEB, 1996.
n Bem-estar
23- ___. Pensamento e Vida. Rio de Janeiro, FEB, 1994.
24- ___. Voltei. Rio de Janeiro, FEB, 1995. n Melhoria na área profissional
25- ___ , Vieira, Waldo. Evolução em Dois Mundos. Rio de Janeiro, FEB, 1995. n Flexibilização das defesas
420 33
52 Anos de Evangelização Espírita da Criança e
do Jovem no Rio Grande do Sul
Pesquisas efetuadas junto ao acervo documental da FERGS revelam que...

ATA Nº 1

“Aos três dias do mês de julho


do ano de mil novecentos e qua-
renta e oito, no Instituto Espírita
Dias da Cruz, realizou-se mais uma
reunião da “Comissão Organizado-
ra das Escolas de Evangelização”,
nas sedes das sociedades espíritas.
Em virtude de uma circular da
Diretoria da Federação Espírita do
Rio Grande do Sul, preconizando o
trabalho de Evangelização da Cri-
ança e atendendo ao apelo feito
pelo Vice-Presidente em exercício,
reuniram-se algumas senhoras à
convite de Dª Alcina Garcia e mais Alcina
membros de sociedades locais, na Taborda
sede da Sociedade Espírita Allan Garcia
Kardec, onde foram realizadas
duas sessões preparatórias.
Em conseqüência dessas reuni- Alba. mãos: Alba, Lourdes, Nila, Helena,
ões resultou a organização de uma A vinte e dois de maio foi reali- Sara, Oda, Léa, Ecy, Dinah, Moab
comissão que tomou a seu cargo a zada a segunda aula na sede da e mais o Presidente em exercício
execução do trabalho, adotando a União Porto Alegrense, sendo após da Federação Espírita do Rio Gran-
seguinte organização: a prece proferida pela irmã Alcina, de do Sul e esposa, Sra. Lília
Direção: Alcina Taborda Garcia; dada a aula a cargo das irmãs Carbonel Gardelli, Srta. Léia Cruz
Secretária: Ecy Borba Barbedo; Lourdes e Alba. e irmão Hermenegildo dos Santos.
Seção de Material: Alba Saucedo; A vinte e nove de maio foi rea- Os trabalhos tiveram início às
Seção de Pessoal: Maria de lizada a terceira aula na sede da 17 horas com a abertura da aula
Lourdes Proença. Sociedade Espírita Amigo depois de proferida a prece corres-
As atividades desta Comissão Germano, sendo feita a abertura, pondente, pela irmã Alba. A seguir
foram iniciadas a partir de primeiro com a prece proferida pela irmã teve início a aula a cargo das irmãs
de maio do corrente ano, logo após Alcina e dada a aula pelas irmãs Helena e Ecy, de acordo com o pro-
a cerimônia de Inauguração Sim- Zilá Silva e Alcina Garcia. grama estabelecido.
bólica das Escolas de Evangeliza- A seguir foram realizadas mais E, como nada mais houvesse a
ção, levada a efeito no Instituto quatro aulas no Instituto Espírita tratar, foi encerrada a sessão às 18
Espírita Dias da Cruz. A nove de Dias da Cruz, nos dias 5, 12, 19 e horas, após a prece proferida pelo
maio foi realizada uma homenagem 26 de junho, a cargo dos irmãos: irmão Spinelli.
das crianças espíritas em comemo- Alba Saucedo, Dinah Fagundes, E para constar, lavrei a presen-
ração ao Dia da Mães. Moab Zanelli Caldas, Zenite Car- te ata, que assinarei com a irmã
A quinze de maio foi realizada neiro, Maria de Lourdes Proença, Diretora dos trabalhos, se depois de
a primeira aula na sede da Socie- Oda Nunes de Lima e Léa Alano, lida fôr aprovada.
dade Espírita Bezerra de Menezes. respectivamente.
A prece de abertura foi proferida Na oitava aula realizada, tam- Diretora - (a) Alcina Garcia
pela irmã Alba Saucedo e a lição bém no Instituto Espírita Dias da Secretária - (a) Ecy Borba
ministrada pelas irmãs Alcina e Cruz, estiveram presentes os ir- Barbedo”
34 420
ta do Rio Grande do Sul, sugeriu
a criação de aulas de evangeliza-
ção da infância nas sociedades
espíritas em geral, lançando as-
sim a idéia que, hoje, vemos vito-
riosa e com 52 anos de vivência
orgânica no Estado.
Depois de Ângel Aguarod, foi
só em 1945 que a idéia voltou a
preocupar os profitentes espíritas,
reavivada por mensagem do Pla-
no Espiritual subscrita pelo vene-
rando e respeitável Dr. Adolfo
Bezzerra de Menezes, pela qual
convoca ao trabalho o grupo de
confrades e confreiras que, em
Porto Alegre, estava sensibiliza-
do para a tarefa com Jesus e para
Jesus, de entre os quais anotam-
se os nomes de - Alcina Taborda
Garcia, Ecy Borda Barbedo, Alba
de Oliveira Saucedo, Maria de
Cecília Rocha (E) e Alba Saucedo (D)
Lurdes Proença, Diná Fagundes,
Moab Zanelli Caldas, Zilá Silva,

“U
m dos precursores da Brasileira, na Av. Passos nº 30 –
Zenita Carneiro, Oda Nunes de
evangelização da in- Rio/RJ, que Ângel Aguarod, re-
Lima, Francisco Spinelli, Léia
fância e da juventude presentando a Federação Espíri-
Cruz e Hermenegildo dos Santos.
no Estado e quiçá no
Porém, tão somente em 1º de
Brasil, pelo que nos foi dado con-
maio de 1948, com o início das
cluir das pesquisas efetuadas jun-
atividades da “Comissão Organi-
to ao acervo bibliográfico espíri-
zadora das Escolas de Evangeli-
ta, foi Ângel Aguarod Torrero, um
zação”, criada pela Federação
dos fundadores da Federação
Espírita do Rio Grande do Sul, é
Espírita do Rio Grande do Sul e
que o Movimento passou a ter
um dos seus primeiros presiden-
configuração oficial, no âmbito
tes, e a quem muito deve o nosso
Movimento pelas notáveis reali-
zações a que está ligado o seu
nome.

Dinah Fagundes Rocha


Já em 1926, Ângel
Aguarod propunha a
Evangelização espírita

Foi na reunião de 08.10.1926


do Conselho Federativo Nacional,
na sede da Federação Espírita
Maria de Lourdes Proença

420 35
Caravanas da FERGS
espalharam pelo Estado
escolas de evangelização

Segundo Ciclo da Infância, Sociedade Espírita Círculo da Luz, Porto Alegre,


novembro de 1958

federativo, passando a constituir- Em 1950 realiza-se, vitoriosa, a quais ressaltam duas conclusões
se, a seguir, em Serviço de Evan- Primeira Concentração de Evan- fundamentais: 1ª) A educação
gelização, órgão integrante da gelizadores da Capital; em 1951, evangélica à luz da III Revelação
estrutura federativa, quando dois por ocasião do Segundo Congres- será a base da organização soci-
fatos significativos são assinala- so Espírita do Rio Grande do Sul, al do futuro, 2ª) A evangelização
dos: a inauguração simbólica de duas teses são defendidas bri- é obra de salvação.
todas as aulas de evangelização lhantemente por Cecília Rocha e O Plano Espiritual acompanha
da infância em funcionamento na aprovadas com destaque - “Edu- com inusitado interesse e flagran-
rede federativa; e a realização da cação Evangélica da Infância” e te solicitude a magna tarefa da
Primeira Festa da Criança espí- “Evangelização dos Lares” - das evangelização da infância e da ju-
rita em Porto Alegre.
Nesse período, a
FERGS constituiu di-
versas caravanas que
percorreram todo o
Estado levando a
mensagem do Evan-
gelho ao coração da
criança e implantando
escolas de evangeli-
zação, sob o influxo
do plano espiritual,
pontilhando o solo ga-
úcho com inúmeras
escolinhas.
O trabalho da equi-
pe que, na Federa-
ção, tomou a si a res-
ponsabilidade da mag-
na tarefa, é conduzi-
do com entusiasmo. Turma da Evangelização, Instituto Espírita Amigo Germano, Porto Alegre, 1959

36 420
Simpática e antiga turma da Evangelização da Infância da Sociedade Bezerra de Menezes, de Pelotas, data indeterminada

ventude, como se nota das seguin- Evangelizadores”, verdadeiro menagem a um trabalho que, an-
tes afirmações de Emmanuel: “ marco de trabalho que, como os tes de tudo, é dos nossos Maio-
A criança é o campo precioso da demais cursos realizados, teve res - queremos deixar como pa-
semeadura evangélica.” - “O co- projeção nacional, contando esse lavra final aquela advertência do
ração infantil é a terra produtiva e os demais com a presença de “Segundo Congresso Espírita do
que fará multiplicar-se a semen- elementos de diversos Estados Rio Grande do Sul”:
te do amor que ali foi lançada.” brasileiros e da República da Ar- “Como complemento indispen-
Em 1955, no mês de janeiro, a gentina, na condição de observa- sável à evangelização dos Lares,
dores. A experiência é transplan- impõe-se a Educação Evangéli-
tada para vários outros Estados ca das gerações novas, integran-
e prossegue vitoriosa, constituin- tes dos lares atuais, e esteios fu-
Promover a do-se num dos fatores decisivo da turos de novas famílias”.
evangelização é investir unificação do Espiritismo Brasi-
na família do futuro leiro.
Constitui-se lema, de sagrada A Reencarnação, maio/
inspiração para os promotores junho de 1968, pg. 14 e 15
Federação Espírita do Rio Gran- desses cursos, a divina equação:
de do Sul, sob a presidência es- INFÂNCIA + EVANGE-
clarecida e atuante de Francisco LHO = MUNDO RENOVA-
Spinelli, realiza, o “Primeiro Cur- DO.
so Intensivo de Preparação de Nesta síntese histórica - ho-
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Evento esportivo com participantes de vários grupos de juventude da capital - Hospital Espírita, década de 70

“ Novo dístico se apresenta, Sul a promover um Seminário so- grama que oferecia, numa ordem
então, em nossa tela mental, em bre Evangelização Espírita, ao qual harmônica e de forma coerente, os
pleno trabalho: compareceram oito Estados do temas a serem desenvolvidos em
Infância + Evangelho = Mun- Brasil. Nesse Seminário foi anali- cada aula. Estava o evangelizador
do Renovado. sado um programa de ensino para munido de um instrumento de tra-
Maior onda de entusiasmo inva- infância e juventude, elaborado pela balho capaz de orientá-lo com se-
de a todos, incentivando a equipe a equipe gaúcha, o qual, depois de gurança em sua árdua tarefa, pro-
produzir cada vez mais e melhor. receber algumas emendas, foi apro- duto das experiências e das expec-
vado pelo plenário e oferecido, tativas de obreiros de oito Estados
como sugestão, aos demais Esta- do Brasil, o que representava sig-
dos do Brasil. nificativo contingente humano para
A FERGS promove um Era a primeira vez que um ex- a elaboração de um programa de
pressivo grupo de companheiros de ensino, ainda que provisório.
seminário nacional de
diversas regiões propunha um pro-
Evangelização Espírita grama para nortear o trabalho de
evangelização da criança e do jo-
vem, provendo as diversas faixas É criado o primeiro
Os cursos se sucederam a in- etárias e desenvolvendo os assun- programa de ensino para
tervalos de um ano. Em 1957, São tos da forma seqüencial, de modo
Paulo comparece nas pessoas dos a dar uma visão ampla e profunda
apoiar evangelizadores
dedicados companheiros Alvina do Evangelho e do Espiritismo.
Gonçalves e Fábio Dutra, destaca- Esse documento de trabalho
dos trabalhadores da Federação abriu novos horizontes aos Em busca de maior
Espírita do Estado de São Paulo. evangelizadores: não mais a per- dinamismo e a abrangência
Em 1959, a FEB autoriza a Fe- gunta - que ensinarei hoje aos meus
deração Espírita do Rio Grande do alunos? - mas a consulta ao pro- Estávamos na década de 1970.

38 420
Muitos anos haviam decorrido des- fizessem sentir? Com intuito de ainda devemos percorrer. E nin-
de os primeiros passos em torno da atingir todo o Brasil, quem ou que guém percorre, com êxito, longas
evangelização infanto-juvenil. organização deveria implementar a estradas sem levar em conta as
iniciativa? experiências dos viajores que lhe
Foi quando o Plano Espiritual, antecederam.
Anos 70: a utilizando como médium nossa Hoje cuidamos da semeadura,
FERGS sugere uma confreira Dinah Fagundes Rocha, ao mesmo tempo em que colhemos
solicitou à Federação Espírita do os grãos do que já semeamos, mas,
campanha nacional Rio Grande do Sul que sugerisse à no futuro, a médio e longo prazo,
de evangelização FEB lançar uma Campanha Naci- ceifaremos os mais sazonados fru-
onal de Evangelização Espírita tos provenientes do plantio atento
Já se havia estabelecido concei- Infanto-Juvenil. e continuado da boa semente do
tos sobre evangelização e evange- Evangelho, destinada às novas ge-
lizador, traçado objetivos para o tra- A sugestão caiu em rações que desabrocham para a
balho bem como definida a sua fi- terreno fértil vida física, otimistas e esperanço-
nalidade. Ninguém mais desejava Francisco Thiesen, presidente sos, na expectativa de um Mundo
caminhar às cegas, sem saber para da FEB, acolheu a idéia que, de- Melhor.”
onde ia e com que objetivos envi- pois de aprovada pelo CFN, foi pos-
dava seus esforços. ta em execução.
Traçados, com certa segurança, Estava lançada, em 1977, a A Reencarnação,
os rumos da evangelização espírita Campanha Nacional que se torna- 1º Sem/96, pg 7
e, no desejo constante de aprimo- ria, um ano depois na “Campanha
ramento e expansão, pensou-se em Permanente de Evangelização Es-
desfechar uma grande clarinada, pírita Infanto-Juvenil”.
convocando a comunidade espírita Breve transporia as fronteiras
a cerrar fileiras em torno dela para brasileiras, para levar a outros po-
que se desenvolvesse e crescesse, vos da América o brado da Evan-
fazendo-se cada vez mais pujante. gelização Espírita em Marcha.
- Como realizar esse intento, Muito já tem sido feito antes e
entretanto? Que meios utilizar para depois do lançamento da Campa-
que os efeitos dessa clarinada se nha, mas longo é o caminho que

Momento da XIX CONJERGS, Porto Alegre, 1978

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Adolescência
Gladis Pedersen de Oliveira*

de novos valores que os contraba-


lancem, superando-os.”
Na fase da adolescência se
completa o processo reencarnatório
e o Espírito retoma a sua bagagem
de experiências acumuladas do pas-
sado, que se apresenta em forma
de tendências e inclinações, e pas-
sa a exercer, com mais autonomia,
o uso de seu livre arbítrio, mostran-
do-se quem realmente é.
Se na infância foi educado den-
tro de valores morais elevados -
estribados nos modelos de atitudes
dos adultos que o cercam: pais,
avós, professores, demais pessoas
do círculo familiar e da comunida-
de - o jovem consegue internalizar
estes valores e, pela educação ade-
quada recebida, tende a superar as
más inclinações e os vícios ainda
arraigados à sua individualidade.

Educação inadequada
favorece a eclosão

A
adolescência faz parte do se lhes fixam os caracteres, os há-
processo de desenvolvi- bitos se delineiam as possibilidades livre das más tendências
mento físico e psicológico de enriquecimento para o futuro. do passado
do espírito reencarnado e tem iní- (...) A criança e o adolescente, no
cio, aproximadamente, aos doze entanto, que se apresentam ingê-
anos nas meninas e aos quatorze nuos, puros, na acepção de desco- Caso a educação recebida te-
anos nos meninos, prolongando-se brimento dos erros, nem sempre o nha sido incompleta, inadequada,
até por volta dos dezoito anos nas são em profundidade, porquanto o com exemplos negativos de com-
jovens e vinte anos nos jovens. Espírito que neles habita é viajor de portamento por parte dos respon-
Nas regiões de clima quente do longas jornadas, em sucessivas ex- sáveis da criança e do jovem, o
planeta, há uma variação para mais periências, nas quais nem sempre adolescente, fruto desta irrespon-
cedo desse processo. Joanna de se desincumbiu com o valor que sabilidade, apresenta na sua per-
Angelis, no livro “Adolescência e seria esperado, antes contraindo sonalidade atual os desequilíbrios de
Vida”, psicografado por Divaldo P. débitos que devem ser ressarcidos comportamento de vidas pretéritas
Franco, afirma: na atual existência. Em razão dis- que não foram corrigidos na fase
“O estado de infância e juven- so, torna-se necessária e indispen- infantil.
tude são relevantes para o Espírito sável a educação no seu sentido Na vida atual, no período da
em crescimento, razão pela qual, mais amplo e profundo, de maneira adolescência, emerge no jovem o
dentre os animais, o ser humano é que lhes sejam lícitos a libertação
o que tem mais demorado, quando dos vícios anteriores e a aquisição
* 2º Vice-Presidente da FERGS
40 420
conflito de não ser mais criança
mas também não ser adulto, é uma
fase intermediária que o prepara
para as responsabilidades da idade
adulta. Ele sente insegurança quan-
to ao futuro. O mundo adulto lhe
parece hostil. Por esse motivo, é
comum apresentar bruscas alter-
nâncias de comportamento: entusi-
asmo versus apatia; agressividade
versus apatia; interesse versus de-
sinteresse em relação às coisas do
mundo que o cercam.

O fascínio dos
prazeres pode levar o
jovem a difíceis
comprometimentos

Alguns jovens se tornam exces-


sivamente extrovertidos, insubordi-
nados à autoridade paterna e às A postura de rebeldia é freqüente nesta fase da vida
regras do mundo adulto, pois aca-
bam de “acordar” para a reencar-
nação e, como ainda não possuem O corpo, na fase da adolescên- (geralmente o pai, a mãe e os pro-
a maturidade do discernimento, po- cia, é um verdadeiro laboratório de fessores). Fica voluntarioso.
derão, fascinados pelo mundo que hormônios em plena atividade na
descortinam à sua frente, envere- direção das definições orgânicas. O
dar pelos caminhos do prazer, das espírito toma posse definitivamen- Crise de identidade
sensações, envolvendo-se em difí- te da “casa nova”(corpo) e tem que
ceis comprometimentos. organizá-la, adaptá-la às suas con-
bem gerida pode levar
Em outros, como resultado dos dições. O psiquismo também pas- à autonomia e à
conflitos naturais, da incerteza de sa por um período de ajustamento harmonia interior
como agir e/ou das dúvidas em re- que deverá propiciar o amadureci-
lação ao futuro, surgem crises de mento dos valores éticos e
medo de assumir responsabilidades, comportamentais. Com o desenrolar da “crise de
configurando quadros psicopatoló- O jovem, quando apoiado por identidade” - natural e positiva
gicos como depressão, melancolia, uma educação moral equilibrada, quando compreendida e ajudada
irritabilidade, obstinação passiva, começa a ter uma introversão ati- pelos adultos que cercam o jovem
isolamento, indiferença ou introver- va que visa à descoberta do “eu - esse vai-se engajando aos outros
são. psicológico”, buscando a sua pró- grupos sociais fora da família, vai-
Os pais, demais familiares e pria entidade, procura auto-afirmar- se harmonizando consigo mesmo e
educadores necessitam estar aler- se dentro de um turbilhão físico, passa para a etapa de afirmar-se e
tas, vigilantes, abertos ao diálogo, psíquico, espiritual e social. Luta por escolher uma filosofia de vida pró-
para detectar as características desvencilhar-se dos entraves aos pria, que naturalmente terá raízes
destas crises, que devem ser natu- seus projetos; ainda com um “pé” no tipo de educação que ele teve
rais e passageiras se o jovem fôr na infância, sonha em reformar o na infância, sofrendo também a in-
amparado, acompanhado e orien- mundo que o cerca e que agora fluência dos condicionamentos
tado com segurança e amor. percebe “deformado” pelos adultos socioculturais e econômicos que

420 41
am temerosos. O jovem
defendeu-o, acompa-
nhou-o até os últimos
momentos, e amparou
Maria, mãe de Jesus,
naquela hora tão difícil.
Fiel ao convite do Mes-
tre, permaneceu traba-
lhando em prol da divul-
gação da boa-nova até
extrema velhice.
Joanna de Ângelis, na
obra citada acima (p.
16), esclarece:
“O Espiritismo ofere-
ce ao jovem um projeto
ideal de vida, explicando-
lhe o objetivo real da
existência na qual se en-
fazem parte do quadro da vida do ele pode superar com tranqüilidade contra mergulhado, ora vivendo no
adolescente. as fases críticas desta faixa etária, corpo e, depois, fora dele, como um
A adolescência finaliza quando como por exemplo o apóstolo João, todo que não pode ser dissociado
o Espírito reencarnado consegue que foi convidado por Jesus a par- somente porque se apresenta em
planejar completamente o seu des- ticipar do grupo apostólico quando etapas diferentes. Explica-lhe que
tino, escolhe a profissão que vai tinha cerca de dezesseis anos: era o Espírito é imortal e a viagem or-
exercer e prepara-se para consti- o único adolescente do grupo de gânica constitui-lhe recurso preci-
tuir a sua própria família. doze apóstolos. No entanto, foi um oso de valorização do processo
Vamos encontrar registrados na dos mais fiéis e competentes discí- iluminativo, libertador e prazentei-
história da humanidade feitos de pulos do Cristo. ro.”
grande valor moral e educativo que No momento mais difícil do tes-
foram realizados por Espíritos re- temunho de Jesus, que foi a prisão,
encarnados na fase da adolescên- julgamento e crucificação, João
cia, comprovando que, se o espírito permaneceu ostensivamente ao
já possui um grau de desenvolvi- lado do Mestre, destemido, enquan-
mento moral e intelectual elevado, to os apóstolos adultos se escondi-

Falhamos...
Na foto ao lado, inserta na página 34 da edição anterior
(nº 419), vemos o Dr. Ildefonso da Silva Dias, segundo
presidente eleito da FERGS (e não primeiro, como
constou na legenda), em conferência pronunciada no
recinto da Biblioteca Pública do Estado. Em segundo
plano, vemos: o Dr. Pompílio de Almeida Filho, que
presidia os trabalhos; à sua direita, o Gen. Roberto
Pedro Michelena; à sua esquerda , o Cel. Hélio de
Castro.

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