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A OALElO SCANT Ex AN ee Pa eS) 2) e 3 ta 4 : oy SUMARIO PREFACIO INTRODUGAO TL Arquitetura como arte SISTEMAS DE ARQUITETURA AS divisdes da arquitetura segundo Vitnivio edificio: FIRMITAS Y. As fungées da arquitetura: UTILITAS 34 40 Pace tL ‘A FORMA NA ARQUITETURA VIt-O esto da forma arqittéica ‘VIII, Forma volumétrica ... IX. Forma espacial X. Forma mural Xt Categorias da forma arquitet Parte 1V 0 CONTEUDO NA ARQUITETURA XII. Os diversos conteddos da arquitetura ... 2X Contetido formal ermine XIV. Contetido hist6rico .. XVIL Arquiteturae contexto Pare V PANORAMA DA ARQUITETURA ATUAL XIX. A arquitetura ¢ o século XX .... XX, Arquitetura brasileira contemporinea cCONCLUSAO ILUSTRAGOES .. Anexo I “ GLOSSARIO Avexo 1 (QUADROSINOPTICODOS PERIODOS ARQUITETONICOS ‘Avexo IL BIBLIOGRAFIA... me Silvio Colin éarquiteto/urbanista i Ain daestudante, sentia como teria sido importante se, ao decidir cu sar a Faculdade de Arquitetura,tivesse recebido alguma orienta- abragar. essa orientagio As dificuldades que sentiu como estudante|e como professor certamente levaram Silvio a assumir 0 de algum dia cecever sess repo, Dafoe. o presente Ho Uina irae to prea sen aquela conversa que ele desejava e procurava como vestibulando. Objetiva, também, despertar a sidade e 0 interesse pela arquitetura em pessoas néo famniliatiza- das com textos técnicos especializados e ori¢nté-las para uma bibliografia em que as idéias, apresentadas de forma simples, pu- dessem ser desenvolvidas e aprofund assunto criram dificuldades quase insupersveis para ele alcan- sar seus objetivos 1 Procurou abordar o objeto arqutet®nico “sob todos os &ngulos possiveis e entender suas manifestagSes e sua estrutura interna, pois isto nos aproximard de sua verdade”. Porém, alerta: “.. € necessério advertir que tal multiplicidade de visdes nfio deve in- duzir a um exerefcio puramente racional ¢ dispersivo, muito peto ccontrério, que se mantenha certo distanciamento para que nena ‘ma viagem particular a qualquer desses universos prejudique a apreensio viva do edificio...”. Silvio conclui sua obra com observagdes muito oportunas s0- bre 0 momento atv; momento em que os arquitetos brasileiros estio perplexos e desorientados em face do esgotamento do re- 6rio formal modernista. ‘As formas arquitetOnicas aqui adotadas, sob o pretexto de las emprestadas por puro mimetismo, fal- js profunda sobre a nossa vocagio, uma jam momento em que o priprio pais (..) serem atuais, s40 tom: tando uma reflexto reflexo talvez di ‘busca sua identidade, “no mundo em que vivemos sobram apelos para uma atua- (¢do mimética e irrefletida, envolvida com a legitimago de um estado de coisas insatisfatério € comprometida com préticas cconsunistas e mercadolégicas.” Este livro ¢ fruto de um longo aprendizado e da vontade de servir a uma causa. Os leitores certamente ittio beneficiar-se com a experiéncia e 0 idealismo de Savio. AwTonto Pepro Gomes DE ALCANTARA (Ga memoriam) Penton | Durante vinte anos fiti professor no Curso de At da Universidade Santa Ursul ‘a alunos dos primeiros periodos. Quer izessem cle trabaos prticos — modelos tridimensionais —, onde forma e proporglo setiam objeto de andlises e reflexes, ques estivessem voltados para as Drimeiras questdes tevticas da arquitetura — debatendoe intr- etn exo a bibliogafisindzada—ankdvames que tas abordagens permitissem aos estudantes realizar a “ponte” entre teoria e prética rear De certo modo as injungdes curriculares tendiam a separar 0 ae "tesa" do que 6p, gun ao nas enero 4 que 05 modelos construidos (matecialmente pulpdveis e vis veis) seriam estranhos as leituras teGricas e que esta, aparente- atavam de abstragces. Quando muito as leituras pode- siam referir-se a teorias aplicdveis as dos grandes mestres. A suposta dicotomia gerava uma fenda a custo tat pelos pro- fessores, em sua disposigio de se articularem ¢ reaizarem uma cia & formagdo do pensamentd do estudante. E nessa ltt buscavamos um “texto sintese", capaz de constnuir com 13 clareza a “ponte” desejada, Mesmo sabendo que tal fusto s6 teria seus véus dissipados ao alcancarem os alunos maior grau de ‘maturagio de conhecimentos, coligiamos os excelentes textos de Zevi, Benevolo, Liicio Costa e outros pensadores com a esperar ‘ga de fornecer aos iniciantes clareza, objetividade e, sobretudo, informagoes sistematizadas, BE 6 justamente neste ponto, em minha opinido, que o traba- ‘0 Colin cumpre com largueza a fungo que buscava- ‘abordagem do autor neste Uma introdugio a Arquite- 6 preciosa para os estudantes quando traz para si, com Idade, a grande questo que o assaltou ao iniciar seus pas- ‘o que € arquitetura? Mesmo admitindo que nfo se- jo Colin revela, baja abrir para os estudantes 0 pelo autor, ardua tarefa que, afinal, s6 fez estimular-lhe a arga- tia de pesqusadot ‘soso ver, oabalho em fco tz contribu signif pela capacidade de Colin em diatizare sistematizar 0 assunto, emrepundo israratraves das obras epigonis que completam 0 fento unidade enteo que se faz eo que se pasa, Ao realizar a sproximaglo entre os resuladostridimensionis da obra a8 teo- Th que a embasan frmece anda modelo ov método preiminar {ease erica, incpiente em nosso mio profissona, ainda que professors dos cursos de Arquitetra pos ro como referncia nos debate umn shit o nas avalings de vabahos de atlié, Av longo do curso pagerto os estudantesientiiar onde oie do objeto cise fl coresponde is interpretagSesvtuvians ou em qu categoria formal esta insert tal objeto, em estimulante proceso de est- dove pesquisa, Ganhao os memoria dos projets em ueidez © com os consisténcia ao procurarem a aproximaga0, por exemp! 4 contetidos expostos na Parte TY do livro, enriquecidos ainda pelas ppossibilidades comunicativas e contextuais na abortlagem semi feta pelo autor. fet Ganhando abrangéncia,o breve panorama da aruitetrabra- sie abrird perspectvasnos ests e debates, ho faltando “a0 vivo" exemplos c exemplares para oapoio dito ao avaiarm a produgiio nacional. a Nas sucessvasreleituras do trabalho, tho, convenci-me de que Cin no 86 respond, nfm, ao jovem indagator dn ano 80 como realizou trabalho categsrcopirareflexao consulta de e- tudantes, professes e profissionais da aruitetf, pois afuén- cia daesrita informa e desvenda (em aborreced leitor) a qual quer tempo questdes que permanecem no ee dos que trabalham no métier. Ao leigo que. di ite dos ediffcios de uma cidade, pergunta-se: ‘emplagto do forte testemunho cultural chamadd arquitetara. Heo Bras. IntRopucAo | Viviamos os idos de 1965, 0 Brasil recém-ingresso no auto- titarismo do regime militar, e eu me preparava para entrar na faculdade. Embora ainda nos orgulhasse o prestigio internacional que nossa arquitetura havia conseguido com a Exposicio Intemacio- nal de Nova Yor, com a Pampulha e, sobretudo, com Brastia, bro de que estes fatos tenham tido qualquer influéncia ‘pa minha escolha: faltava-me informagio para tal. Creio mais em inio do desenho a - desse ganhar dinheiro fazendo profiss4o, que me daria prest ‘mas com a vantagem de ser ligeiramente... contracultura, Era luma deciséo pouco refletida e emocional, como costumam ser as grandes decisées de nossa vida, Nio sabia nada sobre arquitetura. O arquiteto “fazia plantas de casas"... “desenhava fachadas”... Ito de forma alguma me satisfazia. Bu precisava saber mais sobre aprofissto que eu havia cscolhido, embora no tivesse nenhume dGvida quanto & escolha Nio conhecia nenhum arquiteto, mas perguntava a todos aqueles ” «que eu imaginava com alguma condigto de me adiantar os conbe timentos: “Seré somente isso? Desenhar plantas ¢ fachadas?” Pouce consegui como resposta. Apesar disso, entrei para a fa dade, e aos poucos a idéia da arquiteturafoi-se formando na nha cabeca. © texto que se segue consiste nas primeiras palavras que devem ser ditas a alguém que deseje as informagdes bésicas so- tre arquitetura, © que se deve saber antes de tudo, Partimos do pressupostode que o leitor nfo é pessoa familiarizada como texto tspecializado, por isso evitamos a forma academia, fazendo cita- G6es e assinalando os eréditos das idéias expostas Preferimos @ Forma coloquial. Abrimos mao também da inguagem técnica, evi- tando mencionar conceitos que © leitor supostamente nfo possi Estas dias opgbes trazem consigo o beneficio da fécil comu- nicabilidade, mas tém um inconveniente: diminuer um pouco & preciso daquilo que estamos dizendo, Todavia, parte das idias texpostas poderd ser encontrada nas referéneias bibliogrficas men- ‘ionadas 2o final dos capitulos ou na bibliografia bésica, fomecida no final do livro. "Passemos entfio ao nosso tema, que pretende ser aquela con- versa que eu desejava e procurava nos jé distantes anos 60,¢ que ‘me traz A meméria aquele jovem que fui, preocupado com o mew destino € do meu pats. ‘Facamos uma primeira e definitiva pergunta: “O que é arqui- Parre I © QUE E ARQUITET! a CONCEITUACAO DE ARQUITHTURA Capitulo UMA PROFISSAO Arquitetura 6, em primeiro lugar, uma profissto de nfvel su- peti, O sea cumculo de graduagio compée-se de matéras re- fereates a ts distintas éreas do conhecimento: a érea*técnica inclu disciplinas como Mecanica Raciona, Resisté ‘ais, Céleulo Estrtural e Instala6es Domiciliared; na rea cha- ‘ada “humanidades” temos as matérias concer LaIrRooUGKO A AAGUTETURA e Teoria da Arte e da Arquitetura, Psicologia e Sociologia aplica~ das & arquitetura ¢ ao urbanismo; a terceira érea destina-se 20 disciplinas relacionadas com a representagio ia Descritiva, Representagio , Desenho Arquitet6nico © CComposigio de Projetos de Arquitetura. “Arquitetura como um curso ou tima profissio ¢ osentide mais pritico que pode adotar a palavra, UM PRODUTO CULTURAL ‘maginemos wm estudioso do futuro, um antrop6logo ou wm ar- queélogo, que deseje saber como viviam seus antepassados do sé- culo XX 4.C. O quanto nko Ihe poder informar a observagio € © ‘estudo de nossas cidades? Saberd este estudioso como comfamos, ‘como trabalhévamos, como nos divertiamos; como utilizivamos ‘nossas disponibilidades téenicas e como nos apropridvamos de nos- 503 espagos domésticos e urbanos; como nos agrupévames € como ‘nos segregévamos. Da mesma forma, muito do que sabemos sobre 1s sociedades € civilizagdes anteriores &s nossas, o aprendemos pela observagio e andlise da arquitetura desses povos; sabemos sobre hdbitos, grau de conhecimento técnico, grau de sensibilidade e jdeologia através do estudo dos seus edificios ¢ ruinas. ‘stamos agora falando de arquitetura de uma maneira dife- rente, nfo mais como uma atividade, mas como um produto cul- tural. No primeito caso, fakévamos sob 0 ponto de vista do de “sempenho; agora falamos sob 0 ponto de vista antropolégico. EXCELENCIA ESTETICA OU — UMA ARTE Sob o critério estético, apenas uma parte do conjunto de edi- ficios seré considerada arquitetura: somente aqueles que, para sua 2 oe des Pre 1-0 QUE € ARQUITETURA .predonina «agua so abl, con uma art pag ssn estar or ultapssndo.Critesos ees, os exes qe deveemes sempre ter pe. sn tm ep one tor uma meta; 0 produto cultural, um fato compulst faite ‘omogio wedénlea umm. AS OBRAS-PRIMAS ‘servagao € importante, pois, ao folhearmos os livros de Histéria e Teoria da Arquitetura, encontramos um rol de ediffcios emble- los srep0s; termas,* baslicas © axfi- romanicas e goti¢as; palazzos* e a s © palécios barroeos. No periodo modemo, despontam alguns nomes de arquitetds: Le Corbusier, de arqutetura. Nao é necesstio ao edificio ser uma obraprima ara caber dentro do conceito de obra de arte. Assim como temos arandes obras iterérias que nfo foram escrta por Goethe oa 2 ‘wus nTpO0UAOA AROUTETURA Dante Alighieri potemoster gress dea wes dls por dese rol de ern rims, Se estamos a inguagem pottica é mais forte € Capitulo 11 ARQUITETURA COMO 7. 0 EDIFICIO COMO OBRA DE ARTE mmamente com a escultura, a pintura, a mtisica e 0 teatro. Este critério exclui grande nimero de edificios a0 nosso redor, Para ser considerado art, além do atendimento aos requi- tos técnicos, como a solidez estrutural ea qualidade dos mate- mo a adequago dos esp so, podemos descobrir uma intengio de fazer algo ‘nos emocionar, como uma bela melodia nos emociona, ou uma bela pintura, Somente assim poderemos considerar um edificio uma obra de arte 25 ‘uwainTmoougAo A AROUFETURA Fazendo parte da famflia das artes visuais, como a pintura e a cescultura, tem a arquitetura suas semelhangas com estas: traba~ tha com matéria semelhante — luz, sombra, cores, figuras. Com fas outras artes — miisica, literatura, danga — possui também pontos comuns, de natureza mais abstrata. Porém, existem condi- ges que fazem a arquiteturatinica, mantendo-a, de certa mane! ta, to ligada a um mundo diverso daquele das percepgdes sens(- veis, que muitos chegam a se perguntar se € 14, no mundo da rmisiea, da pintura e da escultura que deve estat LIMITAGOES TECNICAS ‘Uma curiosidade, constantemente citada nos cursos de Bsté= ‘vra fechne. Este fato nos mostra que, para nossos ancestrais, nfo hhavia diferenga entre fazer algo belo ¢ algo correto teenicamen- te, Desde a Antiguidade até a Idade Média, a arte cra definida ‘A diferenciagio centre o objeto artistico e aquele apenas utilitario ou eficiente tecni- ccamente & recente, e nos chega junto com a modernidade € a Revolugéio Indust Pois & justamente esse aspecto téenico o primero fator de diferenciagio entre « arquitetura e as outras artes. Toda arte tem ‘ua tScnica: nfo se pode conceber um pintor que nao saiba prepa- rar convenientemente suas tintas, sua paleta de cores ou substrato da tela — faz parte de sui ‘© mesmo acontece com 0 Porém, estas artes, a técnica desempe- dependente. Na arqy acontecers de ‘maneira diversa: a técnica antecede a preocupacto estética, Pen: sa-se antes na solidez estrutural, na estanqueidade das paredes para, depois, pensar-se na expresso, Além disso, a técnica, na 26 Pe -© QUE € ARQUTETURA ‘arquiteture, tem desenvolvimento independente, podendo influir na concepsfio dos edit para a criagio, ives, © PRETEXTO FUNCIONAL | a oo ee ein eee icos eram o tinico registro iconogréfico (os anteriormente ao apatecimento da fo- at ee eee nie thiamin as et (So coer emer neg pr Coma neqiiture woontoco dus fgbo tteckde saaloacr oo. tro dado, no a fungio estética, mas a fungdo prética. Antes de se eee eee Seen ee ee papel importante na definigo de sua forma. Enh nenhuma outra arte a fungio desempeniha papel tio importante, tio defini 0. 0 CONTATO OBRIGATORIO Qualquer pessoa pode deixar de er um ivro|quando este nto Ines spradand; pode iron nao a cinema confor savor, ids pde vista ou nfo aexpseo oe um pinto ov exctor famoso. Toda arte ter seu piblicoespectfcoclimitadoe nempatia ence o artista seus admiradores governa esta relacdo. Ninguém, entretanto, pode evitar um ediffeio que no Ihe agra a se estiino 27 LAIN TRODUGRO A AROUTETURA seu caminho, 0 edificio constréi a paisagem da cidade, 0 censrio de nossa vida cotidiana. A arte da arquitetura nfo se exp6e nas gilerias ou nas salas de concerto, mas nas Tuas por onde passa- ‘mos, por onde se desenvolve a nossa vida. ‘Tota é a terceira caracteristica a diferenciar a arquitetura das c obrigatéria. Por fazer parte do nosso cotidiano, de maneira tio freqient impositiva (e também por possuir outras funges fora da estéti- tea), faz-se necessério um esforgo de distanciamento para que seja observada como arte: a arguitetura nfo se apresenta como tal; 6 preciso que nds a descubramos. Por outro lado, 0 fato de ser publica Ihe confere caracteris- ticas de um meio de comunicagio de massas, chamado pelos especialistas de mass-media. Ora, uma are que impOe sua Pre jades quanto a forma e.con- gama ili freré restrigdes nao somente quanto as disponi ‘cas ou quanto ao pretexto funcional, mas tambés Timitado ao que convém a uma exibigdo publica e permanente, ada de possibilidades de expresso. O arquiteto so- des técni- 28 Pare IL OS SISTEMAS DA ARQUITE' TURA Captaio AS DIVISOES DA ARQUITE" SEGUNDO VITRUVIO 0S DEZ LIVROS Vitravio é um nome de conhecimento obriga tudiosos de arquitetura, autor do intitulado Os dez livros rio Romano, na época de Augusto. Nio se conhete nenhum tra- ho anterior cuja matéria seja especificamente a arquitetura ou wesmo as artes plésticas em geral. Porém, a importincia de Os dec livros... nfo € apenas historica e éocumental. Sua forma ins. Piro diversos tratados a partir do Renascimento atéo século XIX, além de ainda hoje observarmos grande atualidade em algumas de suas postulagbes tebricas. jo nfo deixou de sero primeiro a percbber que, sobre arguitetura, nfo se pode predicar apenas uma coisa; nfo se pode simplesmente dizer “arquitetura € isto", mas “arquitetura € isto, Siio famosas e sabia as suas divistes e ages, das quais destacamos as duas de : atualidade, iio para os es- 3 Luma neTROoUGKO AAROUTETURA Pe = OS SSTEMAS DA ARQUCTETURA SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE tamente os usos a que se destina; é pre 1a € preciso nos incitar & contern- plo ia. Nas ales do mete agit rman, eza est presente “quando a aparécia da cba & agradvel © fo, € seus elementos si proporcorados de acoréo nina pee Virosis a tne he a ao ou a reer real: i mtn Se tica de arte do século XX: a lingiiistica ‘estrutural.. NOTAS | "Inarcitectura haee duo insunt: qu signicatret quod SOLIDEZ, UTILIDADE, BELEZA ‘A outra divisio a que nos referimos interessa neste momento, quando vamos falar dos sistemas da arguitenra. “Tudo o que se VITRUVIO, Marco - Polio, MORGAN, Monts Heck constr deve ter solidez, wilidade e belezd” (em stim, Iingua do texto original, firmitas, vyenustas). Em linguager atual podemos dizer que a arqutetra se divide em tés grandes siste- ton que deve atender simultaneamente a estes ts grandes vos. A solidecse refere as sistemas estruturais, 20 ¢n¥ 3s tecnologias, aqualidade dos materiais uilizados. Vtrivio | nos diz: “A solider, pode ser conseguida quando as fundagdes lo plantadas em solo fieme e 05 materiais sio ssbidamenteescol fos.” A utilidade vai tratar da contigo dos espagos eriados, correto dimensionamento para atender aos requisitos fsico oldgicos dos usuios, e da maneira como estes espagos sere cionam. Pat io, a condigdo ¢ atendida “quando 0 arranjo | ddos ambientes € correto e nfo apresenta obsticulos ao uso, ¢ @ ‘cada categoria de edificio € assegurada sua adequagio © proprie- ddade”. A beleza, palavra que hoje hesitamos em usar, efere-se ds preocupagées estéticas que devemos ter a0 projetar € cons- tru em arquitetura, no se trata apenas de edificar algo sélido, ide oa técnica e com materiais de qualidade, e que abrigue come BORISSAVLIEVTCH, ‘Ateao, 1949, 32 Capitulo lV TORIO DO TEMA DA ESTRUTURA EDO ENVOL! _ EDIFICIO: FIRMITAS MATERIAIS NATURAIS ‘A arquitetura deve ter solidez, resistir is intempéries, perma- necer, Para atender a estes requisitos, duns ordens de ftores precisam ser consideradas: a durabilidade dos materiais e a exce- cia técnica. : ‘ en propicia ao homem trés materiais de construgao uilinsveis sem nenhum processo mas sfisicado de bene ciamento: a madeira, a argila ea pedra. Com ets materi fo feita a quase totalidade das construgSes que conhecemos século XIX, Amici 6 tlizada in nati: & corads das vrs € simplesmenteafigoada, pars rosber forma de plas, vets fu tabuas, Muito pouco mudou da maneira que os antigos a ut 34 —— zavam pres das de hoje, sv pelos de eran el cae lugar dos atgos machads, ena manns ken Aanana ‘A argila pode serusada em estado natural, na forma de adobe (jlo osido ao sa), de taipa de pila também chamada aia apiloada),téenica presente nas nossasconstrugbey urbana até fins do século passado,e de pau-a-pigue (parede com etramado de madeira preenchido com argia), mato freqdente nas constr, $5 rras e proletévas. aga cozida a altastempertures nox dia cerdmica, na forma detijolosetelbas, com caaerstica de perenidade bem maior do que em seu estado nat Areora | Dos materiais naturals, o que possi maiores qualidades ¢, sem duvida, a pedra; € também o mais dificil de thabalhar. Sua dreza, resistencia e, claro, sua beleza afizeram o mbtetial nobre, ‘o material dos tempos e pakicios. ‘Aozouan | Para completar o quadro dos materais naturais,teremos que citar a pozolana, cimento natural de lavas vulcdnicas com que os romanos faziam seu concreto. As termas,* anfitestros* e tem- los a arquitetara monemental romana, eram edficado téenica mista, na qual conviviam a cerimiea, 0 cor poeolan e a pedra | De posse desses materiais, com os quais péde contar até pas- sado recente, 0 engenho humano sempre se fez presente pata splicar-thes a melhor técnica, para descobrir a methir mescla das 35 be. UMA INTRODUGAO A ARQUITETURA pelhor m= s, 1 melhor feramenta para o afeigozmento, 2m he ‘materiais, conseguindo assim um desempe- tho cada vez melhor, FORMAS ESTRUTURAIS Com «pede, difamos, foram consruos os grandes mont menos a arguitetura do pasado. Para tal cispusham os argue; tos de das formas estrturas # esta tten © 0 arco. A esta iia (a palavra rita quer dae felt com us Pe dras consis em dois apoias uma vig sobre ces, formando um quaciro, O arco, mais engenhoso, permite a abertura de mai yento etn abébodas ctipulas, presentes ymbém com relaglo as formas estr pouco vai mudar até 0 século XVIU, exceto o apuro na ct fo e uilizagao. MATERIAIS MODERNOS | © século XVII vai registrar © aparecimento de dois novos smaterias, alterando profundamente o quado relativamente sim- ies que acabamos de pintar: 0 ferroe ocimento portland, Ambos Sve soa ns oto pose de Ahan ita a substituicao do carvao | Darby (1711-1768), a quem se eredita veal lo coque (carvo mineral), mais barato ¢ de melhor de- sempenho, nos alto-fomos. da produgio, 0 ferro, antes ut somente na a bélica, omega a servi 8 constigso civil ¢ industrial: ferovins, ponte, locomotivas, navios passam a | ‘me 08 SISTEUAS DA ARQUTTETURA }ovo material, O uso de prfis de fetro nos edit 11 no $6 a execugZo de vios muito maiotes e ini baratos como ainda sua completa industrializ4gko, isto é,a construgSo poderia ser inteiramente fabricada emi um lugar & montada em outro. Sob este aspecto, 0 primeizo exemple da Nelocidade e eficigncia da construgo pré-fabricada foo Palé- cio de Cristal, um pavilhio de 74,000 m-, proj dias e construdo e montado em cinco meses p. ido em nove 'a Exposigao Universal de Londres, em 1851 O-concreto aRMApo Ocimento portland (cimento art to para constra 0) aparecers no final do sé XVIII concretoskmado (mes. ad, eontendo bales de feo como arma) serd pela primeira vex utliado enh meados do stealo XIX. Estes dois materia, «pair de ent, face do mundo, mudardo a AINDEPENDENCIA DAS PAREDES | ‘Temos como uma das primeiras conseqiénciad do uso das «struturas de ferro © de concreto a liberagdo das paledes de sua {angio estrutural;anteriormente, sobre estas recaiaolduplo papel de suportar as cargas dos pavimentos e cobertures e vedat 0 ed fico, isto 6, separaro inte ‘inham, pois, a fang Portante€ a Fungo vedi ria Com as esteturas inde pendentes de ferro ¢ concreto, as paredes ganham mhiorliberda. 4, dspensando-se da fanga0 portante | Onovos sistemas Oengenho humano, que com os antigos materiais havia sido értl na exploragao das estruturas trlitieas e aréos, com os ‘novos materiais viu descortinar-se sua frente um horizont Fe. Feo ‘wwAINTRODUGAD A AROUITETURA tado de formas. Com o ferro surgem as teligas planas © ¢spa- ciais, as estruturas de cabo, as estruturas verticais; com 0 conere- to, material plistico que pode assumir qualquer forma desejada, a anquitetura ganha nova liberdade; surgem as cascas, of grandes palangos (formas que se projetam sem apoio para fora da cons- trugo) © vinro £ 0s pLAsticos ‘Nao apenas materiais estruturais sio agora oferecidos. No- ‘yas técnicas de produgio de vidro e 0 desenvolvimento da indis- tia petroquimica vao contribuir para & mudanca da aparéncia das hnossas cidades. O vidro vai servir para expressar aleveza e trans- paréncia desejadas pelos tempos modernos, nas grandes cortnas {que envolvernos edifcio atuais. A indistria téntileapetroquimica, ‘com a produgo de plésticos, vio trazer para a arquitetura acadé- ‘ica um dos pritefpios mais primitivos de construgao: a tenda. ESTRUTURA E FORMA O sistema estratural nfo 6, entretan tera, da forma e da Fungo. B desejavel — 0s a taram sem ceasat — haver uma integracso Uo grande entre os reeba onde comeya um ¢ finda 0 outro eepyo estutaral toma a frente na de- grandes feitos da arquitetura gética, quando se elevou A maxima texpressio a estrutura em arco. As abobadas géticas sio ao mes- ‘mo tempo elementos estruturais e elementos formais. 38, Pore 08 SISTEMAS DA ARQUTETURA IBLIOGRAFTA DEREFERENCIA FOSTER, Mice Pree aa FRAMPTON, Kemet th Hira Citic | Macs Fonte 107 Citica de Arauteura Moterna So Psi, ) The Principles of Architecture, New York, Mila JORDAN, R, Fumes JORDAN, R. Fumeaux. Histiia da Argutenra no Ocidele Lisbon. Veto, i Pave 08 SSSTEWAS DA ARQUITETURA A FUNCAO SINTATICA Oediticio possui tes categoria de funcbes. A primeira delas refere-se sua relagdo com a cidade, como terren0 04 seja una de que abriga, mas por sua simples existence, pelo simples estar naguele local. Chamamos esta funcio desempenhada pelo edii- cio unto a0 seu contexto imediato de fungio sintitica (a sintaxe é o estudo das relapses dos objetos entre si). Capitulo V AS FUNGOES DA ARQUITETURA: UTILITAS A FUNCAO SEMANTICA Por outro ado oeifici sempre significa lguma coisa para ae ib i , sua privacidade e prote- ‘A UTILIZAGAO DO EDIFICIO arte das atividades humanas necessita de um edi- A maior p 3 . rgar uma atividade, também a : jetado para elas, assim, além de resist . atividade, ficio que tenha sido projetad << i bs Poe aes eos para a sociedade. Esta outra fungo chama-se funcio ‘as intempéries, deve 0 edificio abrigs ae méantica (a semantica estuda a relacio entre ds objetos e seus vio ede reeo- es que seja, teré reas de conv ipatcaia, ventes, areas secvidas ¢ dreas de ligagio; fm umn escola, 6 necesséio que as alas de ala ofE5AM | 4 FUNCAG PRAGMATICA devido conforto 20s alunos e ao professor, que a iluminagao & io sejam adequatdas, que as areas de recreio e adh Ce eal eu at aplntgdee dimensionameato convenient sw i dara meadian eco, tanbérn os hospi, enna deylado, nie moradia, por simp! Ihimento, Areas ser aan ea eaiticic ‘cada vez mais de saide € diferente de uma dele- edificios de eseritérios exigem espagos eg F Btls de um teatro, uma vez. que suas atividades sio diversas, tose Hevea, capes de ain 8 conse | Ensen de abt uma ane cama fone mutagbes no nosso modo de vide. Todas estas considera arctan mieeecineenn tie dige at pertencem 20 dominio do segundo sistema: funo ou ui gio do edificio. 41 40 Fe.23 Uma irRO|UGAG A ARCUTTETURA FUNCIONALISMO [Embora a preocupacdo com a funedo sempre tenha sido parte da arquitetura, nos tempos modems ela adguire importincia bem maior. Isto porque nos tornamos essencialmente funcionalistes Quando nos defrontamos com um objeto desconhecido, a primeira pergunta que nos vem &: “Para que serve?" Desde que a socieda de é assim, a arquitetura nfl podria ser diferente. Daf decorte que ‘uma das caraeteristicas da arquitetura moderna ¢ seu finncionalis~ ‘mo; além de atender as demandas de uso, que sempre the foram pertinentes, agora o edificio seré julgado bom ou mau na propor {Gio em que atende mais o1 menos & fungio a que se destina, A FORMA E A FUNCAO, smo passou a ser, desde as primeiras décadas deste século, palavra de ordem dos arquitetos. Tratava-se de uma reagio a0 academismo, que utilizava nos ediffcios uma forma jé consagrada, porém anacrOnica, uma vez.que as exigéncias jé ndo ‘mesmas; era a muito custo que uma fibrica ou estaga0 adaptava-se & forma de um palazzo* renascentista. Dai surgiu o epiteto “a forma segue a funglo", que direcionava os arquitetos a buscarem formas inovadoras para os novos progra- mas. A frase foi trazida das ciéncias biol6gicas, onde procura ex- 1 forma dos diversos érgios, células ¢ organismos como iéncia da fungo que lhes ¢ destinada. A TIRANIA DO FUNCIONAEISMO Retirada do universo pleno de cientificidade da biologia, onde reina absoluto, ¢trazido para 0 universo movedigo da arquitetura, o lema gerou muites controvérsias, primeitamente porque muitos 42 Pleve = OS SISTEMAS DA ARQUTETURA. pln i ee (08 sistemas, abandonando a tirania do funcionalismo. a 43 Capitalo VI PACAO COM A FORMA: A PREOCUP NE NUSTAS é abel Or ao ks eens ans er yue hoje fazemos. Para nds, 0 oF bern do a platividade das determinas6es Jim, ‘yam com mai i ceit de heeza est vinead pea ead do gosto pessoal das tradigheseultris ‘mente desconlecida no inicio da era erst ‘uma situago certa- [A BELEZA CLASSICA rn geen serps a ae a uve ain ee vit 0 oo Eeteed modelos ideais. Danae, oe “Fc hcen aees el eeenie 7 = imitativas (pintura e escultura, sea asim aes nia (la ¢ Se ae astra, pel ers, aa 44 Pre I-08 SISTEMAS DA ARCUTETURA a seem sin ‘mais abstrata e indireta; a coluna do templo grego procurava i Sect iat ree retrace cere Selita ‘ate clissica buscava estabelecer normas, regras, cfnones que a A IDADE MEDIA. octet tetten te valores morais ito sobrepor-se aos estéticos. As figuras sera ae © pecado); Jesus Cristo, Maria e 45 pessoas comuns; o c&u (o para representar a iluminagao da fé sobre o mundo de trevas. O pensamento clissico, entretanto, ser preservado e rein- texpretado sob a légica cristé pelos seus Prinipais fil6sofos, entre eles Santo Agostinho e Sao Tomés de Aquino, OMITO DA ORIGINALIDADE KOMANTICA Aindividualidade do artista, que chogeré a um pont | 45 Uma ntpoUGAo AARQUTETURA Pum 08 S1STENAS OA ARGUTETURA maximo no perfodo romantico (século XVII). O “belo” deixa de ‘a, a0 produzir a sua obra, a “contaminaria", a “envolveria” com ‘ser um ideal externo ao homem, procurado na imitago da nature- ‘suas emogées profundas, que seriam recuperadas pelo trabalho ‘za, passando a ser, a0 contsério, um atributo interior de alguns de recriagao do espectador. A teoria de filiagio|subjetivista mais scres especais, os artistas, gnios de subjeividade privilegiada © conhecida no dominio da arquittura € a “teoria do enfuhbung”,* ‘grande imaginagio criadora. A imitagdo deixou de ser aceita como de Theodor Lipps (1851-1914) pritica necesséria & busca da beleza ideal; a questio de ordem Agora seria a expresso interior, diferenciada, que recebeu.o nome de oviginalidade, Com esta situagio, a “beleza” perdeu seu eX- nos mais evidentes da obea — figuras, cores, ‘iho de “verdade absoluta”, atomizando-se em manifestagées in- em sua reefproca relacdo de proporgo, ritmo, dividuais,cuja validade passouadepender doprestigioqueoartis- | estético viria do entendimento da exceléncia, Soomtceraca mis Conipimrseentie nemecti-gstec- | dagtr eons dhcnue an rubra que, de certa maneira, hoje seguimos: algo relativo, depen- dente do contexto cultural, do gosto pessoal e da autoridade do As teorias objetivistas concentram sua ateni¢io nos fendme- 1m que o artista O CLASSICO E 0 ROMANTICO ation. NA ARQUITETURA MODERNA | | contraremos na arquitetura moderna sinais da|tradigéo cl Paralelamente & proliferaglo de modelos de atitude em rela- (candnica, normativa) no somentena obra de seus grandes p go A arte e8 valorizagio da originalidade, comega com Alexander ccursores (na primeira fase de Le Corbusier ou na fase americana fic. 9 Baumgarten (1714-1762) um trabalho sistemético de especulagio | deMics vander Rohe) como também, esobretudo, na aplicagao de Fc. 10 duo e fruigfo da obra de arte —a estética, que, a partir de entéo, passard a contar com a contribuigd0 dos mais pensadores: Kent, Schiller, Schopenhauer, Hegel, nels conhecidse provade da pro qe chanames " sontraion’, comespondente ns ans 30, past Jos anos Sma Europa not Estar Unies. tdi bnnica do , Marx, Freud, nalidade, imaginacio criadora e subjetividade apareceré nos traba- ‘hos finais de Le Corbusier, na obra de Oscar Niemeyer, em gran- Fic. 11 OBJETIVISMO E SUBIETIVISMO des momentos de Frank Lloyd Wright, entre tantos outros. Fa 12 Fob ‘As diversas teorias formulatias a partir daf, e que vio interes 0 SUBJETIVISMO E 0 OBJETIVISMO sar diretamente & arquitetura, podem ser 2l ‘pos: as posticas subjetivistase as poéticas obj ras sustentam que o fendmeno artisti ‘lo de nossas emogées no objeto estético; desta maneira, 0 atis- NA ARQUITETURA MODERNA No que se refere ao outro corte que fizemos do pensamento tual, caracterizado pela oposigao objetvismo-subjeivismo, oqua- | 46 | 47 Fe 13 Fe. 33 yaa nTRODUGKO A AROUTETLRA dro da arquitetura do século XX mostra clara preferéncia pelo primeiro. As poéticas objetivistas (purismo,* neoplasticismo,* construtivisma,* elementarismo*) predominam sobre © pensa- ‘mento subjetivista, que fica limitado apenas ao expressionismo,* embora possamos encontrar em muitos arquitetos de relevante produeio alguns momentos de inspiragao subjetivista. Voltaremos ‘ap assunta quando falarmos do contetido psicol6gico na arquitetu- ra, na Parte IV. ‘A PREOCUPAGAO COM A FORMA Voltando a classificagao vitruviana, embora a discuss bre beleza nos leve « um terreno em que sobram questdes © min- ‘guam respostas, podemos recolocar o problema de maneira que nos faga caminhar mais seguramente em diregdo ao maior conhe- cimenta do nosso objeto. Qualquer que seja sua relagio com 0 conceito de beleza, 6 certo que a preocupacio com a forma consttui-se no mais importante elo da trade vitruviana; €aquilo que distingue a arquitetura de construgdo ou edilicia [BIBLIOGRAFTA DEREFERENCIA BAZIN, Germain, Hlstria da Historia do Are, Sio Paulo, Martins Fontes. 1988. FUSCO, Renato de. lea de Argitentra, Lisboa, EdigSes 7.1988 a A Evolugdo do Conceio de Bel, Sto Paulo. Martins ta Arquitetura?o Pavlo, Matin Fores. 1983 in Nuc. Sto Pas. Martins fontes. 1986, 48 Parte I A FORMA NA ARQUITETUR Captto vir | 0 ESTUDO DA FORMA ARQUITETONICA MATERIA, FORMA, CONTEUDO A palavra forma tem significados diferentes, quer se fale de filosofia, matemética ou artes. Utilizamos aqui sua acepgio nas artes plisticas em geral, em nada diferente de : ‘acepgtio em arguitetura, O conceito de forma est ligado a dois gatos que Ihe contiguos: um que Ihe é anterior, a matéria; ouo qu Ihe & Posterior, 0 contevido. Com relagio & primeira, forina é a e rag dada & matéria coma finalidade de ober uth objeto lizado. Em oposigio 20 segundo, ocontetido, forma de wm € aquilo que se apresenta aos nossos sentidos imediata. ate, antes de qualquer reflexio que possamos tkr sobre este % aguilo que podemos ver, tocar, wit. A forma de um ediff. & pois, sua silhueta, sua massa, sua co e textural, seu jogo de es € sombras, a relacdo e disposigdo de seus cheios evazios, ‘Como primeiros passos no vasto tereno do estud da forma arquitetdnica, impem-se duas importantes abordagens: a prime’. Aiscemindo e analisando seus principais elementos consttuin. SI Lua nernoDUGAO A AROUTETURA tes, 0 volume, 0 espaco ea superficie; a segunda, sist do as diversas categorias da forma arquitetOnica ‘VOLUME, ESPAGO, SUPERFICTE Podemos ver 0 objeto arquitet®nico sob angulos diferentes. Podemos vé-lo de fora, observando a ‘que estabelece ‘com o meio ambiente, abservando sua silhueta, sua composigo de massa; quando 0 fazemos, consideramos a forma volumétrica do edificio. Em seguida, estando em seu interior, desaparecem as tengo para aquilo que se- ¢ divide os ambientes ou superti ‘Em uma mesma obra, raramente estes trés elementos tém igual peso; 0 mais comum dar-se relevo a um deles em detti- ‘mento dos outros. CATEGORIAS FORMAIS ‘A forma arquitetnica nasce de um conjunto de idéias que 0 sui a respeito da arquitetura em si, de sua relagéo importincia de sua histria, de sua téenica, do programa que vai abordar et. Este conjunto de ids, varivel de fcordo com a €poca, locale outed condigdes, alinha-se em detr- tninadas eategorias, que cumpre sejam conhecidas para um me ihor entendimento do objeto aquitetbnico. Capitulo VIE FORMA VOLUMETRICA, VOLUME REAL OU VIRTUAL ‘A forma volumétrica consid od msidora a aparéncia externa do eiff- . oe les intervenges dos planos reguladores. E sob est spi. fogs eas 50 € 60 do século XIX, aparecem as aranes wi gras boulevards retilineos, regulares e simétricos, le Paris, promovida pelo Batdo Haussmann (1809. | 93 LUMA INTRODUGRO A ARQUITETURA 1891), que, por sua vez, vai inspira o plano de Barcelona de Hde- fonso Cerda. ZONEAMENTO E SEGREGACAO Com a reforma de Paris so resolvidos alguns problemas, sobretudo aqueles relacionados com a higiene e eststica das Sidades. So colocades, entretanto, outros, relacionados com # {g0s, seus usos, sua simbolizagio © com 10 a mente dos arquitetos até hierarquizagao dos espa 9 problema fundidrio, que ocupara ‘nossos dias. "Anteriormente, com as cidades menores, tod: sociais desfrutavam os mesmos espagos, 0S mesmos equipamen- 1s, teatros, pragas) ¢ os mesmos servigos (transports, inagio etc.). Com os planos reguladores, surge a idéit fe consegiiente hierarquizagao dos espagos da reas funcionais: 0 centro comercial, 0s 08 baitros proletériose las as classes tos (parqui gua, ilumi do zoneamento* cidade, isto 6, divisao em ar ‘pairtos industriais, os bairros residenciais, outros “Tal separagdo implica uma abordagem caracteristica do pro- bblema fundifrio: a quem pertencem os terrenos da cidade, em principio? Ao povo? Ao Estado” Quem tem poder de intervengio sobre eles? ‘Com as cidades maiores, as pessoas perder o conhecimento integral de suas fisionomias, de suas paisagens, perdendo conse aiientemente a capacidade de apropriar-se simbolicamente de espagos, de sentir que tal rua ou tal praga The pertence porave ni que esté a sua casa, é acolé que seis filhos brincam... or fim, 0 zoneamento™ geralmente promove a segregagie das classes mais baixas — que serio afastadas dos centros, prin cipal mercado de trabalho — fazendo-as dispender vétias hons didrias com a locomogéio. 94 Pre W = ©.CONTEDDO NA ARQUTETURA As diversas form: | ‘ 1s de enfrentame Ho ahistoia do utara caenameno desses problemas fa. UMA “PARIS” BRASILEIRA | ir problemas semelhantes, embora devido a cau “ 2 vido a cau- fire eset a industrializagZo, mas a fa- Mii riria que provocou as grande: 6 = a. O Rio de Janeiro, capital do pats, e sua maior metdrrla 2s foes apresentava, na segunda metade do seca XIX amen a inslubridade ¢ falta absoluta de setvigossatisatcroe, epide, 7 ae febre amarela e gripe es raat ‘ , ie " am antes as cidades européids haviam evidencind 7 slang miistascesplblicsesiveram as volts com _ enna das habitagbes coletvas(cortigh, esta rn eet do = os) tetan inibiro seu estbelecimentoe mesmo pon = wns anno peg ee = no lendério caso do cortigo “Cabeca de Po em = ta Rgienizago e snetment cidade Pats como estas medidi 3 paisa epee as autoridades ofereciam incentivos S para as classes pobre: ra cena pees rs pedi tam, porém, medidas timidas,se compares sree on Se comparadas Arreforma produzida ; M1 por Pereira Passos, entr om a demoligdo de grandes éreas do Centro do R eae Praticamente extinguiu os corti sister 4 sub-habi favelas. cidade. Para compensar igos, mas nao eliminow 0. sma problema jue tomaria daf por diante a forma das atuais a [UMA INTRODUGAO A ARQUITETURA (© MODERNO COMO UMA CAUSA SOCIAL, |A grande maioria dos arquitetos iniciantes do movimento ‘modemno tinham uma profunda inspiragio social. Estes profissio- nais de vanguarda so marcados pelas preocupagdes da époc: de como resolver os problemas humanos, estéticos e funcionai propostos pela industrializagao e agravados pela Primeira Guetr de 1914 a 1918. A nova arquitetura deveria ser simples, atender {do 208 reqquisitos de conforto e higiene compativeis com a dignid de dos usuarios, quer operdtios, quer funcionérios burocratas, quet intelectuais ou artistas. ‘(Os nomes mais caros da arquitetura desse periodo — Le Corbusier e André Lucart, na Franga; Walter Gropius, Bruno ‘Taut, Hannes Meyer, Emest May, na Alemanha; Mart Stam, na Holanda; Moise’ Guinzburg, Aleksandre Viktor Vesnin, El Lissitzky e Ivan Leonidoy, na Unido Soviética — estardo empenhados em conceber e produzir edificios que representem uma nova mane de viver em sociedade, que corresponda as necessidades © as rag6es das categorias mais baixas da populagio, que reoriente & rojetagdo arquitetOnica da abordagem técnico-formal para a ab dagem econ6mico-funcional. Temas como habitagao minima, trutura independente, papel das teas serventes, como a cozinha, nna habitagfio passam a ocupar o Iigar antes dispensado a decor Fic. 8 gfo mural. A proposta de Le Corbusier para as casas Dot teve esta inspiragio. Os temas ligados a estética nfo eram desprezados, mas rearticulados, juntamente com fungao ¢ estrutura, de maneira que a resultante fosse um todo integrado, onde nao se distinguisse onde terminavam as preocupacoes estéticas ¢ onde comegavam as pre ocupagies técnicas ¢ funcionais. 96 ¥-© CONTEUDO Na ARQUTETURA © CONSTRUTIVISMO RUSSO. No que se refere a re as 5 Iovinento modern coubenaunineste revolugio de 1917 imprimi verno. Este, tendo como 8 ideranga natralment 2 Unio Sov ee im direcionamento soci ialista a0 go- eros pune pane ot doen peli maior precsto, pel das pedrase pela \TIDES ~ Colunas com forma dle futher sustentando & arquitrave® de dmpdrtico,* como na caso do tem- plo [Erecteion, em Atenas. Segundo Vitrvio, as cazitidesrepresentam un ast}0 inligdo pelos pregos ao pove de Grin, que foi alindo de seus i 05 persas na Guerra do Pelops Mottos os seus guereiros, destruts m LUMA INTRODUGAO A ARGUITETURA ‘Axe 1+ GLOSSARIO — Expressio genética que de- cupshorzots, ann Por eka Deve pte desu proeo ‘issn ea eupce ‘undaldexeapiocepinoaponste bobada ou arco. (Fig. 7) 1988, no Museum of Modem Art de CORNUA-Pate nisin esas Nowe oa ec A comma Frank Get 925.) See oeabanent dem eiioeant : senna 952", Danie eck, SAME mips ue mE senobenvrpodevmediicn io, Peta So (rerfg 23) M8 28 DE STI _Revsm publiendaemtel 0. (ver fig. 23), den, Holanda, de 1917. 1931, porpin. CUBISMO ~ Movimento da pinta toes, aiquitetose poeta lignes co {ops cote 190Geaproximadamen: —edplastciono®, dente os eas Pag te 1925, que tem como principals re. ‘esentantes Pablo Picasso, Georges Braque e Juan Gris. O cubismo preten a representagao tridimensional do ‘bjeto sem 0 concurso da perspetiva, uillzando-se simultaneamente de di ets0s Pontos de vista. A palavra, no Ambitodearuitetua, deveserencara. mabifesto

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