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MARQUIS, rg Coruna etic poli ape sense paige sews, — 25, Comunicagao, estética e politica: a partilha do sensivel promovida pelo dissenso, pela resisténcia e pela comunidade' Angela Cristina Salgueiro Marques Resumo: Este atigo busca tracaralgumas vias de aproximagio entre a comunicagio, aesética ea paltica, por meio da explorag3o das nogBes de partiha do sensivel, dissenso, resistencia e Comunidade. O conceit de patilha do sensvel mostra as fsuasexistentes no coma de uma comunidad fragmenta a ideia do grande corpo socal protegila por certezaspartilha das ¢ amplamenteunido por prncipios igualitiris previamente acordados © quase nunca colocados & prova, As aboragens proposas, sobretudo por Paret, Habermas e Ranciére me iliam a mostar que a8 ilersegdes entre a comunicasao, a esttca e a paltca emergem no contat situa com o aura, no dissenso relacionad a tentatva deestabelecer ligacdes “elte univers ralurados ena consanteresiséncia & peemanncia desses vinculos. Palavras-chave: comunicago; estica;potica;partha do sensvel; comunidade;resist@ncia Abstract: Communication, aesthetics and politics: the sensible sharing promoted by dissensus, fesistance and community. This pape’ objective is to elaborate some approaches among Communication, aesthetics and poltics through the investigation of the notions of distribu tion of the sensible, clssonsus, esstance and community. The concept of distrbusion of the sensible shows the existing gaps in the “common” of a community and it fragments the idea of the great social body protected by share cvtainties, widely joined by equaltarian Principles previously settled and almost never tested. The approaches proposed by Pare, Habermas and Ranciée helped me to show that the intersections among communication, aesthetics and polities emerge inthe field of placed contact withthe other, inthe dissensus related tothe attempt of establishing links Between broken universes and inthe constant resistance to the permanence of these bonds, Keywords: communication; sesthesies; polities; distribution of the sensible; community resistance 1 Emeaniga@ uma versio-ampllada do texto apresentado no GT *CamunicagioeExperiéncia sttica” «do XX Encontro da Comps, em junho de 2011. Sou grata 2s Ubservacbus e comentitios fot pelos professores Mauricio Lissovsky, Benjamin Picado, André Brasil, César Guimaraes, Kati Caetano, Feduardo Duarte, Jorge Cardoso, Catlos Mendonca ea todos os colegas que patticiparam dos debates 26 wARQUts Arla Canc, eica eptca:aartado sen pono ol dens, pelts cpt come Rata atin, Salm 22,2509, de 20% A relagao entre politica e estética vem sendo discutida por Jacques Ranciére desde a publicagdo de La Mésentente (1995, 2000, p.5-6), em que destaca o desentendimento, no 0 entendimento, como caracteristica essencial de uma base estética da politica, Para Ranciére, essa dimensio ests na possibilidade de uma constante reconfiguragao das relagies entre fazer, dizer e ver que circunscrevem o “ser em comum". Ele afiema ‘que © que constitui a base estética da politica slo as “lutas para transpor a bareeira entre linguagens © mundos, na reivindicag3o de acesso a linguagem comum e 20 discurso na ‘comunidade, provocando uma ruptura das leis naturais de gravitagSe dos corpos sociais", Ranciére (2000, p. 19) revela uma dimensio estética da politica quando trata no s6 da ordem do dito, mas sobretudo daquilo que & pressuposto, ds elementos extradiscursivos ‘que apontam para diferentes niveis de divisBes entre aqueles que podem fazer parte da ‘order do discurso e aqueles que permanecem fora de um espaco previamente definido ‘como “comum’. Ele acentua que uma estética da politica abrange a criago de dissensos a0 tomar visivel o que nao &; transformando os 'sem parte’ [aqueles que no conta em tuma comunidade] em sujeitos capazes de se pronunciar a espeito de questbes con dissenso, segundo Ranciére, é um conflito estruturado em torno do que significa “falar” da partilha do sensivel que delimita 0 horizonte do dizivel e determina as relagies centre ver, ouvir, fazer e pensar. O dissenso (ou desentendimento) & menos um atrito entre diferentes argumentos ou géneros de discurso e mais um conflito entre uma dada disti- buigdo do sensivel e o que permanece fora dela, controntando 0 quadro de percepgio estabelecido. Os dissensos ou, como veremos mais adiante, as cenas de dissenso que promover a emancipacio ea criacio de comunidades de partilha sto aces de resistencia ‘que buscam encontrar maneiras de transformar 0 que é percebido como fixo e imutivel (© dissenso mostra as fissuras e fragmenta a ideia do grande corpo social protegido por ‘certezas partilhadas e amplamente unido por principios igualitéios previamente acordados ‘e quase nunca colocades 3 prova. Hd na base do pensamento politico de Ranciére a crenca de que o dissenso promove uma forma de resisténcia expressa em um processo de subjetivacio politica que comega ‘com 0 questionamento do que significa “falar” e ser interlocutor em um mundo comum, tendo o poder de definireredefiniraquilo que & considerado o comum de uma comunidade, ‘A formagao de um mundo comum deve promover menos formas de *serem comutn” {que tendem a apagar ou a incorporardiferengas, suprimindo singularidades) e mais formas de “aparecer em comum”. Como assinala Arends (1987, p. 62-67), 0 su mundo comum & um acontecimento que registra os tragos de visibilidade dos individuos no espaco publico, conectando-os e separando-os, assegurando-thes o pertencimento a um mesmo espace social e multiplicando seus intervalos. Para ela, o mundo comum no ‘ferece nenhuma medida ou denominador comum pata formas de vida diferenciadas pois “embora 0 mundo comum seja 0 terreno comum a todas, os que estia presentes Jmento de un MARQUIS, Arg Coruna etic poll apie doses pom sews, 27 els a omnia Clin, Pau. 2, p25 de 20, ‘ocupam nele diferentes lugares". 6 justamente esse entendimento do mundo comum como cenario e espaco de “partilha” e resisténcia ~ ao mesmo tempo fratura e unigo dos sujeitos®-, que pode nos

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