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apontar para as fontes bibliogralicas e desenhar 0 cendrio «as ‘ganizagdes envolvidas, Ou sea, dar o “mapa da mina’. O wa ‘om si, de loitura 6 de busca do comproonstio deste cen 0 plexo, 26 pode ser um empreendimento individual, ento @ cu lativo, Processo este que pode ser apoiado através da partici fem cursos de especialzacao externos, realizados paralela ‘ou apes a graduagao, ‘Onde impera a polimorfia néo pode haver regras gerais; ‘a compreensio da complexidade e da diversidade e alguns st dos para que essa busca possa ser concrotizada, 140 . 8, A CONSTRUCAO SOCIAL DO PACIENTE INTERNADO Uma andlise psicossocial* jetivo deste ensaio 6 discuti as determinagées mais am- Atendimento que é prestado na instituigao hospitalar 38, portanie, a triangulagao entre a instituigtio hospita ativas Que nela S40 depositadas pela soctedade e as dos patientes/isuérios. Triangulagao esta que faz Juma determinada instituigao hospitalar emerja como lade sul generis’ 9 portanto;tyue estamos rejeitando, em principio, a éti- que a organizagéo hospitalar emerge apenas das éonicas, historicamente determinadas, relativas & tera- iedica. E ebvio, também, que estamos propondo uma oa que exige uma ampliagao do conceit de “social” de icluir no apenas a cultura interna da organiza hospi também a interface entre esta organizagao e a socieda- jum todo. Assim, em um primeiro momento da anélise, 0 J nstituicao/ paciente/ sistema social seré decomposto elementos constitutivos. om primeiro lugar, a instituieao hospitalar. His te, dois momentos distintos contrbuem para queo hos- me o ocus privilegiado da doonga. Em um primeira mo- ‘o hospital, como nos conta Foucault (1984) em O nasci- ‘hospitais, toma-se 0 epicentro da medicina ciantifica ddo século XVI, a medicina, centrada no duplo eixo da patologia, transforma 0 hospital no laboratério ideal, ido da doenca. Um laboratério deveras inealubre e, por- apenas dos desttuides ou dos moribundes, Mas um ‘que, em um segundo momento, se transfarmaré nao egalnent na Ror de Pcl Hosp, 22), 1062 p48 141 jo pela presenca fisica da mae ou, pelo menos, através de so psicoldgico, Diga-se de passagem que a maior abertura &s ‘qunsulias, a8 terapias breves © mesmo s perspectivas psi- ‘mals no lugar posstvel de estudo da doenga, mas no local apro do para seu tretamento. Esse segundo movimento se define: ‘controle da insalubridade, frato de campanhas travadas por p ‘agen pitorescos da historia da medicina como Semmel por suas abservaces contundentes sobre as causas da febra cexperal~ e Lister, pela introdugao de principios basicos de as sia, ambos em meados do século XIX. Constituido, assim, como opicentro do espago destinadody nga, a posigo do hospital em nossa sociedade se consolid palit de entdo reforgada pela crescente sofisticagao da tecnd ‘exigida pelas modemas terapéuticas. Um movimento em ascendente checado apenas pela equacao custo/beneficio ‘que so deparam as autoridades da sade, Relagto esta que, ‘veremos mais tarde, acaba, em certos casos, lovando a raver g pel possivel do hospital e devolvendo @ comunidad o culdad ‘carts tipos de pacientes. Com esta chamada comunidade passaremos ao seq ‘componente do nosso triéngulo original: pois, embora a lo ‘G20 do hospital continue central no espago ocupado pela fom nossa sociedad, as caracteristicas destas instituicbes ppondem, tambem, és damandas © expectativas cla sociedad uma totalidade, A dinamica da inclusdo/exclusdo de uma diversidade ‘pos doentes ¢ o exemplo mais claro desta imbricagao entre dade einstituicao hospitalar. Basta pensar na lepra, nos ho de febre, na doenga mental ou, mais modernamente, ne Aid perspectiva do estigma, aquilo que é anfeagador, seja pelo p cial de contégio ou simplesmente por.contestar una ordem, Delecida, tende a ser exciuido do convivio social. A fo cevidente dessa dinémica éa exelusto fisica: os leprosérios di tes, os hospitals pslquiaticos isolados fisicamente pela loo (¢ao geogrtica ou arquitetonicamente pelos altos muros eg Mas, num movimento oposto, a exclusao se contrap6: clusdo. Assim, a lenta humanizacéo do tratamento aos 4 mentais abre a porta dos asilos e reintegra 0 louco 20 dda comunidade. Ou, no caso de hospitals gerais, procur: malor contato entre o paciente e seus familiares. Por ext ctianga internada é pensada, hoje, também no que diz suas necessidades psicol6gicas, atenuando-se os efeitos dai Anda na perspectiva da sociedad como monitora da medict- ospitalar possivel, lembramos que as culturas locals sto, tam- us, poderosos determinants do lugar mais ou menos cen: {low hospitais no espago da doenga, Por exemplo, a nuclear » da familia deixa desabrigados os idosos, aumentando a H\vkla por servigos de geriatia, Aiona, também, a vivéncia da i, enliegando-a a competéncia da instituigao hospitalar. Pou- {lo nds sabemos, hoje em dia, como proceder diante da moct: pont, preparar nossos mortns,reverencia-los em vekiios real Ww 1a intimicade do domiciio passaram a ser tarefas pouco fa ips até mesmo ameagadoras. Téo mais facil detxa-los morrer Hostal, com todos os servigos complementares & mo. Mins ndo so a morte... também o nascimento passou a ser um jo institucional, Pesquisando a experiéncia de gravider.epar- Jj npos de pbs-graduagao, acompanhamos com avidex 0 lo juose travava entre as autoridades médicas inglesas sobre i cvteto de nascer, © estudio classico de Butler e Bonham, iondo om 1963, havia apontado sértas deficiencies na detec po casos para enceminhamento para par hospital. Desta ni, 0 objetivo de realzacdo de 70%; de partos hospitalares es- ion no telaonio Cranbrook de 1969 foi aumentado para 0 iolatbrio Peel de 1970. Entretanto, muitos estudiosns da \icordaram desta diretriz apontando que o parto hospitalar 0.0 nica forma de diminuir o indioes de mortalidade peri- 6 ovogando altemativas como a melhoria dos servicos de lou mesmo, a exemplo do que ocorria na Holanda, a ado- ih moctidas que tomassem o parto dorniciiar mais seguro. Em Holnivto da Inglaterra, o debate que se travou até a aprovago jv clirotrizes desquatficando o parto domiciliar fot pabio. java méicos com visbes variadas assim como 0 pubieo pil, vendo esses debates amplamente divulgados em radio, J jovi, Entretanto, apesar do debate acinrado, fot aprovado 11)00 0 relatério Short, reiterando a diretriz de 100% de partos lve (SPINK, 1962). Qualquer psicdiogo soctal decodifica- 2 143 a a ee Mas, passatla a wigéncia, emerge o segundo plang ‘éncia hospitalar: a relago do paciente com o siste esse nivel, o pactente quer ser tratado como pessoa @ ‘gia tiizada para isto ¢ relacional, De um lado ha uma manda de informacao: os porqués do tratamento. De ol ‘uma demanda de reconhecimento de sua integridade ot ‘50a, Aqui se iocalizam os subterfigios da infléncia paso pola Teconquista da identidade ameagada, Hi, ainda, segundo Orfali, um texceito nivel de dessa experiéneia permeando a redefinicao da identidad Eo nivel da relagao com a organizagio hospitalar, ou sistema de sade. Neste nivel, o paciente quer ser tatado 0 ‘onte se cliente ele for. Ou espeitado como usta, isto tonomia jé ndo tiver sido minada pela via cracis das fi ‘maus-tratos destinados aos usuirios de nossos servigos Masnao sojamos naives. A perda de poder impliitan ‘ociagao entre o doente ea sua doenga érelativa, pois ad frlmento, a fravlizacao pela doenga tom também seus ‘rganizagao do trabalho na instituicao hospitalar Eliot Jacques, em artigo publicado em 1956, aplicou: psicanalitica de defesa contra a ansiedade a organizacéo d Iho, e Izabel Menzies, em pesquisa uploads em 1970 esta perspectiva na analise de uma instftuioa0 hospitalat cade por um grande hospital de ensino de Londres para ajud entender a rotatividade de enfermeiras estudantas, Menai ‘curou analisar 08 aspectos ansiogeénices,mbricados na ta ccuidar de doentes internados e os 3108 coletivos de desenwvolvides para a defesa contra a artsiedade. Partindo da observagio de que a situaga0 de trabalho fermagem susctta sentimentos muito fortes e contraditorio como piedade, compaixéo, amor; culpa e ansiedade: dai ‘sntimnento em relacao aos pacientes que fazem emer ta timentesse até mesmo inveja dos culdados oferecidos a0 te -, Menzies procurou entender as defesas que sio rol ‘mente ergidas para que as enfermeitas possam dar conta Tefa que Ines 6 delegada e assim fugir da ansiedade, culpa) dae incertaza. Pata os objetivos deste artigo, vale destacal ‘mas destas clefesas Hiyomentagao do relacionamento enfermeira/pactente [nl moo que cada enfermeita executa tarefas ~ desem- pis para muitos pacientes ~ evitando assumir 0 cu fo por um nico pactente e ter que entrar em contato ii hin subjettvidade; Dewpersonalizagao, categorizagdo ¢ negagio da impor yin lo individuo a pair da ética de que um paciente & | qualquer outro. Técnica de defesa que também pode | 00 reverso, poise aplica a propria enfermeira: tam- ‘jon ola dove serintercambiével escondendo sua individua- Jidnle através de unitorme e comportamentos rotinizacos; 1) Diotanciamento e negagao de sentimentos ou, em outras| Jolovias, adesdoa uma ordem moral local onde o imperat- Yo 6 “aguentar firme"; 4) inuzaio das tarts rotinees,Hoaueando qualaver thus ara a toad ce doi fc a espnsabltade através da dogo Qo un Seta de veicagtese contaveicagbs © 2 igi Rerrqua de atoade bles so funciona na media em que ees evtam a cs de asedadeeeletvamentepoupam ovo do cota com a, as om contapaie ainters0 i doaslodade ocae pot corfundraanddade reali que fo igs real con anwiedade palin, Iie, a yada para odesenlvinetoplno da hblidage do runente com arealdade, ibe, ada sudo Mena, svete da atecorpodnete odo etoconhectnens ta cea patos de deseo ela, tamer ein a sreptrce ene oer de dele irivootndvigun 6 mut garde, odeseneatamento doin aod natu ona se nevi. © gad mer do iio pelo menos entre o pessoal de enfermagem. Teses como.a ‘Tokohashi, defendida na USP em 1991, evidenciam a necessi- recomhecer a existéncia das emoges no desompenho da flwsi0 e exploram formas menos defensivas de lidar com a ex- 146 147 i 9. 0 PSICOLOGO E A SAUDE MENTAL Ressignificando a pratica* pressdo destas emogdes. Também outras categorias se ox bem vitimas © néo apenas cimplices deste sistema, Por plo, o estudo desenvalvido por Avolino Rodrigues (1998) pt ‘entender o stress implicito no trabalho do médico ¢ suas i (90es para a pratica ‘ais estudos vem a luz dodia porque a propria instituiga bitalar,organizada como um sistema de defesas contra a ang Go, encontra-se em crise. Crise esta gerada de certo moda ificuldades econdmicas enfientadas pela sade. Mas get também pelo confronte de ideotogias diversas provententes d Estranhe- existéncta de velhos e novos paradigmas, como a visSo o: gal 7 Deck 12 biologizante e as perspectivas holisticas, integradotas da a Peas ects hio-psico-sociais Mas as crises, apesar das conotagées negativas do term {dom e devem gerat mudancas. Nesse novo cenério, as construg ‘ignifcads imputaos a doenca e@ intemaedo por parte de cad dos integrantes do trngulo (instituigéo/sistema social/pactent ¥o que ser consideradas: ou sea, as expectatvas geradas a pal ‘ordem social vigente, a vivencia cos profissionais da saide @ a rléncia dos pacientes. A tarofaé monumental e como tal exigea pPlexficagao do posicionamento dos atores neste cendrto. A I ‘monia médica tera que coder lugar & postura interdisciptinr {tos prafissionais terdo que ser chamdos, nao apenas para a ‘ho apoio diteto ao paciente, ou mesmo aos prafislonais da ‘mas também para awalar na leiturd desse censrio comple ‘Nesse novo cenétio, & o paciente internado ~ ¢ nao a ena que deveria ser o elemento cattral do complexo sist atendimento que emerge e que, em yirtude dessa complet ‘exige monitoragéo ao nivel iterdisciplinar. A cura médica, {dado cam os aspectos psicolégicas do adoacer e da doent ‘ndmica intema da organizacao de trabalho ea inserga0 do ho 20 Contexto sociocultural mais amplo, formam um sistema ‘Para seu funcionamento, requer a contribuiggo direta ou ind de médioos, enfermettos, profissionais da gale de éteas con Imontares, administradores, economistas e cientistas 904 ‘versos. Como psicSloga social minha tarefa é contribu in ‘mente para esta reflexdo, apontando que a prética possivel n da.salide ¢fruto das construpées sociais sobre a doenca ques Jam em uma determinada época e comtexto e da consequ sergao do portador da doenga em nossa sociedade. nila recebido a devida atengao de minha parte. Vontoza, ainda, que se justifica em especial por duas ca: itis da minha atuagao como psiobloga. A primeira destas coo pesquisa, OW f - Como isso ¢ fato pitblico e notorio, fs rar que conve ft por Tozon el um conte para WW) cliscutisse a prética do psicdlogo a partir da perspectiva lair: do ensio de ps greduageoe da pesca om st, portant, do impero das perguntas inconvenion ort? 0 que? para quer? como? os espectco desta palestra,a perguntainconveniente é Mh omega oes sgn xt “yuuide mental”, Ao me debrucar, como pesquisadora ou na W\ivlo de otientadora de pesquises de alunos, sobre u cao a pan Oppo tne nr de anise met Code ws dopachegnenece dr eimgn on one til CRP“@ ea 8 149

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