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COLEGIADO DE DIREITO
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Bacharelando em Direito pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.
“O homem precisamente é a consciência de
si e consciência do mundo, porque é um corpo
consciente, vive uma relação dialética entre seus
condicionamentos e sua liberdade”. J.J. Calmon de
Passos
RESUMO
RESUMEN
Fatores que levam a uma forte dimensão emotiva dentro dos conflitos
buscando, o entendimento de que ao resolver o litígio, não sanou todas as
demandas, emocionais, espirituais e morais elementos que tem postos fincados
desde o início de um conflito.
Ante o exposto
3
Ibid. fl.9
Como afirma (COSTA 2003), “ a identificação do conflito com a disputa a
cerca de um bem [...] é uma concepção demasiada restrita do conflito” Assim, ao pôr
fim em determinada demanda ou disputa, não significa, que o conflito foi
solucionado, uma vez, que ao resolver o litigio significa dizer que resolveu parcela
do conflito, não restabelecendo a harmonia entre as partes que iniciaram a disputa.
Assim é que esse modelo foi, ou deveria ser superado com a concepção do
Estado Democrático de Direito4, pois este, como afirma Streck (2000, p. 90-1 “tem
um conteúdo transformador da realidade, não se restringindo, como Estado Social
de Direito, a uma adaptação melhorada das condições sociais de existência”. O que
se parece como fato, é a busca de uma justiça fundada em interesses subjetivos
muitas vezes sem querer perceber o outro que está do outro lado do conflito. Não se
resolve o conflito emocional meramente com a aplicação pura da norma. Embora, “o
Estado Liberal não seja um Estado democrático em sua origem”. (SOUZA SANTOS.
2000.p.17).
Essa enorme quantidade de direitos individuais e as interpretações destoadas
daquilo que realmente significam para o interesse da sociedade, põe em xeque a
resolução de conflitos no caráter coletivo, é a busca incessante para resolver “o meu
problema e não o nosso problema”. Para Alexandre Araújo Costa, esse “modelo de
resolução de demandas via judicial, aponta para uma resposta ao individualismo das
sociedades, pois tende a tratar as pessoas de forma igualitária e possibilita a
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A superação do liberalismo colocou em debate a questão da sintonia entre o Estado de Direito e a Democracia,
a superação do liberalismo desvendou a insuficiência do Estado de Direito e o conduziu ao Estado Social de
Direito, que a Constituição de 1988 acolhe no art. 1º como conceito chave do regime adotado.
O Estado Democrático de Direito reúne os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, e não como
simples reunião formal dos respectivos elementos, porque em verdade, revele um conceito novo que os supera,
na medida em que incorpora um componente revolucionário de transformação do status quo. (SILVA.2005
p.112)
resolução de conflito entre pessoas estranhas entre si e que não têm qualquer
interesse convergente” ver. (COSTA. 2003.fl.19.)
Uma vez que a luta pela busca de resolução dos litígios individuais, procura-
se a aplicação da letra obscura do texto legislativo e as interpretações dos tribunais,
acabam por ignorar a realidade? Tais aspectos originam cada vez mais, buscas
para a realização de direitos garantidos constitucionalmente pelo Estado
Democrático de Direito. A aplicação de regras ao caso concreto, tende ao
desligamento do litigio do conflito. E por outro lado, ao optar por opções formalistas,
a tendência é que não atendem devidamente aos anseios sociais e da justiça.
Não se reduz mediação a acordo, ela é mais ampla. Ainda que o acordo é
uma norma a ser cumprida. Uma vez, que a mediação, lida com seres humanos,
com interesses convergentes, e relações humanas que se metamorfoseando a partir
dos próprios sentimentos e interesses. Dessa forma verifica-se uma abertura do
leque para além de um ceder de direitos. O objetivo da mediação, não seria pôr fim
ao conflito, mas a realização de uma transformação do mesmo.
Para COSTA5. “Essa visão parte do pressuposto de que o conflito não é fruto
direto de situações objetivas, mas consequência do modo como as pessoas
interpretam uma situação e reagem a ela (uma mesma situação pode gerar para
certas pessoas e não para outras)”. O mais interessante desse fundamento, é que,
ao mudar a forma das pessoas pesarem o mundo, é capaz de mudar o conflito. A
pacificação social apresenta como fim próprio desses dois requisitos, agora novos
dentro do processo.
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Ibíd., fl 11
Para isso, a própria Resolução Nº 125 de 2010 do CNJ em seus
Considerandos, confessa que
Obviamente, não será aqui a resposta para essa questão emblemática, não
obstante, o modelo de autocomposição, frente a mediação e conciliação proposto
pelo novo código do processo civil, aparece como tentativa de dar as condições de
autocomposição dos conflitos. Embora, o art. 334 do NCPC, expressar que, ao ser
elaborada a petição inicial não tendo caso de improcedência liminar do pedido, o juiz
designará a audiência de conciliação ou mediação.
A questão é que não se pode fazer uma interpretação literal do texto legal, só
basta, a “manifestação expressa” de uma das partes sobre o desinteresse na
audiência de autocomposição. No caso do autor manifesta-se na petição inicial e o
réu manifestará por petição, no prazo de dez dias de antecedência, contados da
data de audiência. Ou seja, a interpretação dar-se no sentido, de que uma vez, uma
das partes não aceitando a audiência de conciliação, inicia-se o contraditório,
abertura do prazo de defesa.
Conclusão