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método que modela Quando consideramos a fé cristd diferente por ter como centro a posse da vida Deus, isto nos lembra que a educagdo cristd deve se concentrar na pessoa como ee todo. Considerar como tarefa da educaedo cristd o discipulado, o crescimento (pessoa que tem vida mais e mais em direpdo @ imagem de Deus, nos ajuda a com- que a transformacdo estd relacionada com a socializapdo: toda a Igreja Ouvindo Jesus dizer que os disctpulos bem treinados so como seus mestres 6:40), chegamos ao método da educagdo cristd: modelar Enquanto achamos que ensinar nossa fé é basicamente transferir informag6es, e certo conceber 0 professor como alguém que sabe. Enquanto presumir- ‘que comunicar fé significa fazer contato com a mente das pessoas, algo essen- te intelectual, é natural e certo desenvolver um sistema “escolar” de educa- crista. Porém tudo isto muda se focalizamos o ensino da fé-como-vida. Comuni- ‘%-como-vida significa que temos de fazer contato e fazer crescer as pessoas cO- ‘am todo. Comunicar fé-como-vida significa que o estilo de vida da fé e 0 con- da fé precisam ser aprendidos, e que precisam ser relacionados enquanto siio 0. ‘Quando procuramos estratégias de educagdo que abordem a pessoa integral, formam compreensio, percep¢do, emogées, valores e comportamento de ma- uunida e integrada, ficamos impressionados com 0 processo de socializagao. impressionados com a maneira de uma crianga aprender cultura ¢ lingua, pela orientago do mundo dos que esto ao seu redor. Ficamos impres- também, que Deus planejou o Corpo de Cristo como cultura. Que cren- ‘novos so exortados a “crescer em tudo naquele que é a cabeca, Cristo” (Ef 15). Talvez até a observagdo de Jesus a seus discfpulos, que precisamos “receber “szino de Deus como uma crianga” para entrar nele (Mc 10: 15) reflita a neces- do crente de aprender o estilo de vida e a semelhanca dos filhos de Deus uma crianga aprende. ‘A natureza da Igreja, estudada nos capitulos 1 a 5, deve nos ajudar a compre- que 0 método de discipular de Deus ¢ mais modelador que doutrinador. Depois da conversio n6s nos reunimos a outros crentes, formando um cor- po que interage. Ndo devemos “crescer sozinhos”. Corpo tem a finalidade de nos desenvolver: “Promovendo o seu cresci- mento em amor”. Cada membro do Corpo recebe dons do Espirito Santo, para poder contri- buir ao crescimento. Crescimento individual e do corpo provém da “colaborago de cada par- te”: crentes que trabalham juntos promovem e ajudam a tarefa da Igreja, que é de fazer crescer. Os ministérios do Corpo exigem que 0s seus membros estejam juntos e sit- vam uns aos outros. O exemplo de Jesus, escolhendo doze para “estar com ele” lembra a recomendagdo de Hb 10: 24, de que os crentes nfo devem es- 65 Teologia da Educagdo Crista quecer de se reunir. * Os lideres da igreja sfo escolhidos.entre os que, além de conhecer e saber ensinar a verdade, so capazes de ser exemplo (1 Tm 3, Tt 2). + ‘A énfase no relacionamento dentro do Corpo sublinha a singularidade da existéncia deste grupo como comunidade distinta dentro das sociedades e culturas humanas. Por isso nossa escolha da socializagdo como estratégia apropriada de educagd0 @ ser adotada pela educagdo crist{ nfo estd baseada nas ciéncias behavioristas, mas ns teologia. Tendo em vista a natureza da {6 cristd e da propria igreja € que nos nos: concentramos em modelar como método-chave. o que é “modelar”? Tenho dito que aprender a fé cristd deveria ser muito parecido com aprender uma Iingua ou boas maneiras, no sentido de que a fé ndo fosse transmitida somente: em situagGes artificiais que exigem infinitos tipos de reagdo, mas em situagdes reais, onde afeto, interesse, motivagdo, percepedo e comportamento esto unidos. Em es séncia isto € um processo de socializa¢o, “pelo qual as pessoas adquirem o conhe= cimento, a inteligéncia e as disposicdes que fazem delas membros mais ou menos capazes da sua sociedade” (Brim, Orville e Wheeler, Stanton, Socialization After Childhood, John Wiley & Sons, New York, 1966, pg 3). Neste sentido, socializagao inclui “todos os aspectos da personalidade: capacidade, conhecimento, motivagoes, consciéncia, sentimentos” (Baldwin, Alfred L., Theories of Child Development, John Wiley & Sons, New York, 1967, pg 351). Fica claro que tudo isto é “roubss do” de outras pessoas, no sentido de que teoristas do ego com freqiéncia olham pa: a 0 padréo do relacionamento com outras pessoas na mocidade como origem da personalidade. (Sobre tratamentos tipicos veja Hamachek, Don E., The Self it Growth, Teaching, and Learning, Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs, New Jersey, 1965, e Jersild, Arthur T., Child Psychology, Prentice-Hall, 1960). Também foi su- gerido hé muito que as atitudes e motivag6es profundamente enraizadas que caracs ferizam as pessoas sfo essencialmente “roubadas” de outras com as quais tenham tuma forte ligagfo emocional. De modo que foram feitas dissertagdes sobre desenvol vimento de moral, cardter € personalidade. “A natureza da moralidade de ums: crianga dependeré dos que est4o ao redor dela — ou seja, as identificagoes que ela faz” (Bull, Norman J., Moral Education, Routledge and Kegan, Londres, 1969, pg 15). Isto € um exagero, porém ainda est4 em harmonia geral com teorias de aprendizado social que insistem que “o ambiente social desempenha um papel di- reto na formaco, e experiéncias socials importantes sdo aquelas em que a autorida: de fornece a crianga padrdes pré-formados e age de maneira que surjam nocGes ne- cessirias para adaptar os padrGes” (Hoffman, Martin, “Desenvolvimento Moral”, Charmichael, R. Psicologia da Crianga, EDUSP,, Il, SP.) A instrugdo direta tem, sem duvida, sua importancia na socializagdo. Porém ou- tros processos foram muito pesquisados por tedricos do aprendizado social, confe- rindo-lhes destaque: observagdo de adultos. Bandura, Hoffman, Sears, A. Freud, ‘McDonald, Walters e outros tém mostrado que a obseryagdo de outros tem um ime pacto muito forte sobre 0 comportamento. A maior parte da sua pesquisa, todavia foi feita em situag6es de laboratorios, em que as criangas estabeleceram poucos ou nenhum lago emocional com 0 adulto, e se concentraram em assuntos limitados como proibigdes morais, culpa e violag6es de regras. Da sua pesquisa, entretanto, 66 Um Método Que Forma ‘sodemos concluir que a nogdo de que “semelhanga” é comunicada de pessoa para ‘pessoa est estabelecida com certeza. De fato, é sobre moldar (ou identificar) que recai a maior énfase como fonte da ‘comunicago de semelhanga, O desafio de querer ser como alguma outra pessoa ‘eolda mais 0 comportamento do que forga ou recompensas; “uma tentativa moti- ‘exda de parecer-se com uma pessoa especifica” (veja “O Estudo da Identificagao pe- ‘i Percepefo Interpessoal”, de Unrie Bronfenbrenner, em Person, Perception, and Jmterpersonal Behavior, ed por R. Tagiuri e L, Petrullo, Stanford University Press, Stanford, 1958, pg 118. Veja também Conduct and Conscience, de Justin Aron- ned, Academic Press, New York, 1968, pg 82). Encarando o assunto desta maneira, moldar ¢ identificar-se envolve mais que imitar. IdentificagZo ¢ um processo em que uma pessoa acredita ser igual a uma outra em algumas coisas, experimenta os sucessos e derrotas da outra pessoa como se fossem seus, e forma seu comportamento de acordo como desta pessoa, consciente ou inconscientemente... Por haver envolvimento emocional com a outra pessoa a identificagao € diferente da mera imitagdo (DeNike, L. Douglas ¢ Tiber, Norman, “Comportamento Neurético”, Foundations of Abnormal Psychology, Holt, Rinehart and Wuinston, New York, 1968, pg 355). Em um artigo muito citado Kelman (Herbert C. Kelman, “Compliance, Identi- Scation, and Internalization: Three Processes of Attitude Change”, Journal of Gonflict Resolution, n° 2, 1958) sugere trés tipos de influéncia social, compreendi- “es no sentido de trés processos psicolégicos diferentes: submissio, produzida ‘sqeando @ origem da influéncia tem algum tipo de controle sobre 0 individuo; iden- ‘Sreacdo, quando a influéncia esta baseada no desejo de estabelecer ou formar um “cacionamento satisfat6rio com outra pessoa ou grupo: e interiorizaedo, quando o “ceateido (idéias e comportamento) do comportamento induzido ¢ adotado como fosse intrinsecamente compensador. Na verdade a identificagdo vem antes da in- soriza¢do, Ver a realidade em outra pessoa e querer ser como ela permite 0 teste ¢ is a adogdo das suas feigGes, valores e cardter. De fato o estudo de identificagdo Sormago mostrou que na infancia e na adolescéncia os pais servem de modelo na soria dos tipos de comportamento e para o cardter (veja Hoffman, Martin L., ence, Personality, and Socialization Techniques”, Human Development, §3:90-126, 1970). Muitos estudos indicam que mera observagdo de adultos ou outros, mesmo com quem a crianga nao tem um relacionamento significativo, pode iniciar ‘no comportamento. Identificagdo, no entanto, vai além de imitagao de ento. Kohlberg destaca que a “identificagdo difere da imitagao em dois : 1) na identificagao todo o papel é assimilado, e 0 eu se forma em muitos de acordo com 0 modelo (nfo so em agGes evidentes), e 2) identificagdo se Za em um forte lago emocional com o modelo” (Lawrence Kohlberg, “Moral pment and Identification”, Child Psychology: 62° anustio da Sociedade Na- para Estudo da Educago, Imprensa da Universidade de Chicago, 1963, pg Moldar, entifo, é © mecanismo basico pelo qual ocorre a socializagdo. A crianga vvive com seus pais cresce na cultura deles e se torna como eles. J4 maior, outros 3 surgem, com os quais ela se idenfica, e pelos quais forma sua propria perso- de e comportamento. Escolha e compromisso pessoal também tomam seu lu- 67 Teologia da Educagéo Crista ‘gar, Mas a semelhanga é aprendida pelo reconhecimento da semelhanga em outros ‘com quem a pessoa se identifica. Tudo isto Jesus disse de maneira to simples hé dois mil anos atrés: “O discipu- Jo bem instruido seré como o seu mestre”, discipulado Nas ciéncias sociais os estudos sobre identificagao e formagao se concentraram no relacionamento entre criancas ¢ adultos. Porém as pesquisas mostraram que tam- bém para os adultos dncoras sociais para personalidade e comportamento sfo impor- tantes, Para todos os cristios, criangas e adultos, que esto aprendendo a viver na cultura do Corpo de Cristo e desenvolvendo personalidades novas, cristas, a medida que se tornam mais semelhantes com Ele, a existéncia de modelos e de uma identi- ficagdo intima de relacionamento com eles tem importincia. Importante também é que nfo somente individuos sirvam de modelo, mas toda a comunidade cristd. A existéncia de modelo miltiplos da vida de fé ¢ essencial. Um estudo da literatura da Ciéncia behaviorista sobre formagio e identificagdo reforga conclusdes ja tiradas de consideragGes teologicas e nos ajuda a descrever fa- tores na situagso da educago que realgam o ensino/aprendizado da fé-como-vida (p. ex. 0 proceso do discipulado). Precisa haver contato frequente e demorado com 0 (8) modelo (3). Precisa haver relacionamento agradével e gentil com o (s) modelo (s). Precisa haver acesso aos estados interiores do (s) modelo (s). 0 (s) modelo (s) precisa ser observado em muitos ambientes ¢ situagdes da vida, 5, 0 (s) modelo (s) precisa exibir consisténcia e clareza no comportamento, valores, etc. 6. Precisa haver correspondéncia entre 0 comportamento do (s) modelo (s) € as convicgdes (padrdes ideais) da comunidade. 7. O estilo de vida do (s) modelo () precisa ser explicado por conceitos, com experiéncias acompanhadas de instrugdes. Estes fatores nos ajudam a ver que instrugo e modelago nfo se contradizem nem se excliem mutuamente. Pelo contrario, eles nos indicam uma situago em que conceitos da Verdade sfo ensinados, explicados e expressados em palavras. Mas tam- bém nos indicam outras dimensGes da situag4o ensino/aprendizado que fazem mais provavel que os conceitos sejam reconhecidos como realidades que devem ser expe- rimentadas, endo simplesmente como idéias nas quais se deve crer. Para que a Pala- vra de Deus conquiste nosso coragio e seja aplicada com eficiéncia na transformagdo. precisamos ter um relacionamento intimo com 0 professor. Precisamos ser (e querer ser) como 0 professor. Precisamos conhecer bem 0 professor, ter acesso a0s seus sentimentos, seus valores, suas atitudes e suas maneiras de reagir a vida. Precisamos estar com o professor fora do ambiente formal de ensino, na vida. E 0 professor pre- ccisa ser uma pessoa que vive sua fé, e que reflete em sua personalidade o significado das verdades que a Escritura comunica com palavras, Para uma educae4o crist# adequada é necessdrio também compreender que cada um de nés precisa de muitos professores. Que o Corpo como um todo, ¢ os mem- bros do Corpo individualmente, contribuirfo para o crescimento de cada pessoa em Cristo, Em vez de pensar de “professores” como individuos especializados que tra- balham em uma sala de aula, precisamos ver uns aos outros como crentes-sicerdo- tes, que esto sempre e em todos contatos discipulando um ao outro. Bee 68 Um Método Que Forma Em resumo, precisamos romper nossos padrdes ¢ maneiras de pensar da educa- ‘=io cristd e comecar a refletir sobre o ministério de educagfo da Igreja de maneira ‘sova, mais corajosa... e mais biblica, WERIFICAGAO (casos, perguntas, incentivos & reflexao, notas adicionais) 1. Se alguém sugerisse que mudéssemos nossa terminologia na educagio cris- 14, para mostrar que compreendemos 0 processo de crescimento, em que termos vooé se fixaria para substituir os seguintes: ensino professor sala de aula conteido educacdo instrugao aprendeu 2. Aqui hé uma lista das perguntas sobre a educagdo crista que eu acho que dever‘amos examinar com seriedade.Leia-as todas e depois: a) acrescen- te outras que vocé acha que deveriam constar da lista, b) escreve respos- tas curtas e répidas para as em que vocé tem convicgdes, e c) marque com um “x"’ as que vocé acha “‘impossfveis de responder". 2. Se 05 pais so 0s primeiros modelos da crianga, por que treinamos pro- fessores, e ndo pais? b. Até que ponto o relacionamento entre membros de uma igreja local deveria ser fntimo? © O quanto ¢ importante falar do que sentimos sobre crescimento e de- senvolvimento cristo? d. ue diferenca faria em classes de adultos se encardssemos cada mem- bro como “professor'”? . Quanto de interagdo precisa haver entre cristos, se um deve discipular © outro? Que relacionamento deve haver entre os Iideres da igreja e outros cren- tes, se 0 lider lidera sendo modelo? De que maneira os crentes se identificam com seu pastor? Ou sera que isto no ocorre? Ou néo faz diferenca? ‘Qual a vantagem de um retiro com conferéncia brblica se nés somos ensinados por um preletor? ‘Que lugar ocupa a conferéncia b/blica (prelecdo) na educagdo crista? Que lugar ocupam retiros? Até que ponto 0 pastor deve ser pessoal quando esté pregando? “Uma hora por semana" é a melhor maneira de estruturar o ensino bi- blico? Temos alternativas? m. Qual seria a melhor relaeo professor/alunos em uma classe de escola dominical? roe eer Teologia da Educagdo Crista 10 n. Se voot fosse planejar a construgdo de uma igreja tendo em vista © ‘erescimento dos membros, como vocé construiria este prédio? 0. Que diferenca faz se as criancas nunca véem o professor adulto agindo no mundo “real’”? p. Ensino em equipe é melhor do que a estrutura de professor Gnico que ‘temos hoje em dia em nossas classes? q. Qual deveria ser nossa prioridade: educagdo cristi de adultos ou de criangas? r. Que critérios vocé estabeleceria para a selecdo de professores de es: cola dominical? s. Quantas vezes vooé viu a Biblia ser usada para explicar alguma atitude ‘ou valor de um crente? t. Que lugar tem a instrugo de conteddo da Biblia na educacdo crista? U. Quais sdo as trés pessoas que mais provavelmente tém um papel signi- ficativo em discipular uma crianga? v. Eum adulto? Ww. Que vantagens tem grupo de estudo biblico sobre o estudo ind dual? E vice-versa? x. O que faz com que vocé admire e queira ser como outra pessoa? Y.. Se nbs conseguissemos fazer cada “leigo" considerar-se um crente-sa- cerdote em vez de “leigo”, que diferenca faria? z. Os dons espirituais sio de fato organizacionais (p. ex. para nos tornar capazes de preencher postos como “‘superintendente”, “professor” ou “membro de comité” na educacao crista), ou séo eles essencialmente interpessoais, para serem usados em qualquer contexto, dentro ou fo- ra da organizado? Que diferenca feria? Falei neste capitulo que formacdo e socializago fornecem a chave tanto para a educagao cristé de adultos como de criangas. Em outras palavras, precisamos ver que 0 ministério do Corpo é discipular, e planejar toda nos- sa vida em conjunto, com este propésito. Leia as “diretrizes para comu- nhao” nas paginas seguintes, desenvolvidas pela lideranca da Capela Coun- tryside, uma igreja em Glen Ellyn, no estado do Illinois. Estas diretrizes ‘sf0 uma tentativa daquele grupo de planejar toda a vida da igreja em ter- mos de educacdo (discipulado). E um bom exemplo de uma tentativa cria- tiva de construir sobre muitos dos princfpios b/blicos que esto sendo apresentados por este livro,

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