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CAPITULO 4 7 Consumo de t alimentos = Justificativa A abordagem do consumo poderia perfeitamente estar no capitulo anterior. A decisdo de fazer uma anilise em separado (objeto do presente capitulo), apesar da in- terdependéncia que © consumo guarda com a demanda, teve 0 intuito de dar destaque para o assunto pela sua relevancia A apresentagao dos aspectos de consumo aqui discutidos sera feita de forma prag- mitica, de modo a possibilitar ao leitor um entendimento objetivo dessa questao, tanto no que se refere ao Ambito nacional, em especial, quanto ao que se refere ao Ambito mundial, com destaque para as tendéncias de consumo das tiltimas décadas nos Estados Unidos A principal razio para mostrar 0 comportamento do consumo de alimentos nor- te-americano porque esse aspecto permite entender melhor o que ver ocorrendo, atualmente, no consumo brasileiro e também antecipar possiveis tendéncias para os prOximos anos Objetivos a) Permitir o entendimento de como o crescimento populacional e a expansao da renda podem afetar os desejos dos consumidores e os bens € servicos finais gera- dos no agronegocio. b) Apresentar os principais aspectos referentes ao consumo de alimentos no mundo € no Brasil, bem como a evolugdo do consumo ao longo do tempo e as tendencias para o futuro. 5.1 A populagao é, sem daivida, o fator mais importante para explicar a demanda por alimentos. Afinal, sem populagao nao existiria necessidade humana e, sem esta, nao haveria razao para a existéncia da economia e, em particular, das atividades agrope- Cuarias edo agronegocio. Na relacdo entre demografia e consumo, é importante analisar 05 seguintes aspectos: tamanho ¢ crescimento populacional, distribuigao geogrifica, composigao (idade), mobilidade e educagdo da populagao. ORF titan scenic mee Aaronegi Quanto maior a populagao, maior a demanda para todos os bens ¢ SEIVicos, ¢ Vice. versa. Por exemplo, a demanda por leite (ou por qualquer outro Produto que se Posy imaginar) em Curitiba, cuja populagao ja se aproxima de 2 milhdes de habitantes muito maior da que ocorre em uma outra cidade cuja populagao esteja ao Tedor de 10 mil habitantes. O crescimento da popula¢ao implica maior ntimero de consumidores, Tesultandy no deslocamento da curva de demanda para a direita, conforme ja visto, e, Portanto, no aumento do nivel global de consumo de uma regido ou pais. Isso significa que, s, Populacao de um pais cresce, por exemplo, a uma taxa de 1,5% ao ano, mantendo.se constantes todos os demais fatores, tanto a curva de demanda estaria se deslocando para a direita quanto o nivel global de consumo estaria apresentando um crescimento anual a essa mesma taxa. Com relagao a estrutura etaria da populagdo, pode-se dizer que, quanto maior a Froporcio da populacao em uma dada faixa etéria, maior é a demanda por certos tipos de bens e servigos usados pelo grupo dessa faixa de idade A seguir, algumas observacdes sobre a populacdo brasileira e mundial, 5.1.1 (Gontideragées sobre a demagaala braseia pa Foy le sid ua nts om m0 5 - Consumo de alimentos = 95 atengao no nosso pais, princi Pal razdo pela q volvida, apesar do inig ‘alavel potencial de Um fator complicador adicional 6 rural-urbano, que contribui para o elev, a0 ano) nas maiores cidades do pais Jual o Brasil nao ¢ ainda uma nagao desen- TecUursos naturais, @ rapidez no ritmo do processo migratério ado crescimento da populagio urbana (5 a 7% Outro aspecto a ser observado é g demografica é superior a 19 pessoas por goes: 3 habitantes na Regiao Norte quanto 4 distribuicao geografica: a densidade quilémetro quadrado, mas com grandes varia- a mais de 320 pessoas no Estado do Rio de Janei- ro. Aproximadamente 60% da populagao brasileira est concentrada nas regides Sul e Sudeste (Fig a 513) & quais produzem, em conjunto, trés quartos do agronegécio e geram mais de 80% tanto da producao industrial quanto da renda nacional. A distribuigao geografica da populacao influencia a eficiéncia do comércio de al mentos, Porque, normalmente, é mais econdmico fornecer produtos em Areas de po- pulacdo concentrada do que em areas onde os consumidores estao dispersos. O sistema de comercializacao de alimentos enfrenta o desafio de distribuir uma grande variedade de alimentos a essas diferentes areas do Brasil m relaao a mobilidade da populagao, esta também influencia o sistema de comercializacao de alimentos e dos demais produtos do agronegécio. Um em cada sete brasileiros (15%) nao reside em seu estado de origem e, a cada ano, um numero signi- ficativo muda-se de um estado para outro e se expde a padroes de consumo de novos alimentos. Como resultado dessa migracéo, na década de 1990, a populagdo cresceu mais tapidamente nas regides Norte e Centro-Oeste (2,4% ¢ 2,2% ao ano, respectivamen- te) e nas dreas urbanas, ao passo que ha estados (como o Parana, por exemplo) cujo crescimento populacional foi inferior a 1% ao ano, Isso altera a rede de distribuigao de alimentos, uma vez que a produgao, além do crescente volume, tem de percorrer uma distancia maior para chegar aos mercados. Quanto a relacao entre educacao da populagao e consumo de alimentos, espera se que o nivel educacional do consumidor esteja diretamente relacionado com o nivel de consumo de produtos de maior valor nutritivo e, de forma inversa, com os alimentos de menor valor nutricional. Nesse aspecto, o Brasil convive com quase um quinto de sua populacao ainda analfabeta, notadamente nas regides Norte e Nordeste (um terco do contingente populacional), em especial na area rural, onde metade das pessoas nao sabe Jer nem escrever. 5.1.2 A populagao mundial . Em uma sucinta observacao sobre a populagdo mundial," pode-se dizer que, no século passado, cla experimentou o maior crescimento de sua historia, ¢ essa tendéncia "Por mais paradoxal que pares, um telatorio do Unice undo das Nagdes Unilas par a tna agin da ONU ~ Organizagao das Nagdes Unidas) mostra que, no peiodo de 1960-1998, houve uma subtancial methora em alguns indicadores sock ‘oes em desenvolvimento eem 38 nagoes em estado de pobreza crénica, apesar de ter havido agravamento da concentragao de renda, Nesses 136 paises, entre outros Indicadores, a expectativa de vida média saltou de 47 anos, em 1960 para 62, em 1990; a escolaridadle basica (entre criangas de 6 a 11 anos) passou de 48% para 77%; a mortalidade infantil cai de 216 por mil criangas ascidas vivas para 107, e 0 nlimero de filhos por casal baixou de 6 para 3,8. 96 : aa Agra deve prosseguir até o final do ano 2100, quando deverd estabilizar-se A partir 150 d.C., 0 numero de anos necessarios para que a populagao mundi ram: 1.500, 200, 80 e 45 anos. Atualmente, somando 6,5 bilhdes de habitantes, a populacao do Planet trapassado 0s 7,5 bilhdes de habitantes no ano 2020, segundo 0 US. Censu 2006. Aproximadamente 60% desse contingente (3,86 bilhdes de pessoas) centrado em apenas dez pafses (por ordem): China, India, Estados Unidos, [r Brasil, Paquistao, Bangladesh, Russia, Nigéria e Japao. 9 tera yy 8 Bureay €St& Con, ndonésig Um grande problema ¢ 0 elevado crescimento populacional nos Paises em desen. volvimento (que j4 concentram 76% dos habitantes do planeta, Figura 5-1b), 05 quais tem problemas tanto de producao de alimentos quanto de baixo nivel de renda de suas Populagdes para adquirir alimentos, que, alids, sobram nos paises desenvolvidos, Gabe destacar que mais da metade da populacdo mundial vive no lado Apenas 6% dela esta concentrada em acima de US$ 25 mil por ano. Esse: asiatico, paises cujo nivel de renda média per capita esti 5 paises sao Japdo, Australia, Hong Kong e Taiwan, Alem da concentra¢ao da populacao mundial nos paises em desenvolvimento, outro fenomeno relativamente recente, a exemplo do que acont Cesso migratério rural-urbano. No inicio do século mundial vivia em cidades com mais de habitantes do planeta vivem em cidades, das quais 15 tem contingente populacional superior a 9 milhoes de habitantes. Para o ano de 2025, estima-se que mais de 60% da | Populacdo mundial viveré em cidades, e mais de 60 cidades terao Populagdes de pelo | ce no Brasil, € 0 pro. passado, apenas 4% da populaca | 20 mil habitantes. Atualmente, cerca de 37% dos menos 5 milhoes de habitantes. Na realidade, os pré-requisitos para controle da adequada, niveis elevados de acesso universal aos cuid, do crescin alfabetizagao, educacao d; jados de satide, methor nutric: mento da populacao sao: ren- __| ‘as mulheres, melhor higiene, | 40 €, talvez o mais importante, | FT aan 'stribuicio relativa (%) da populagdo brasileira (a) e Mundial (b), por regiao e continente, 2006 9 on América ag AMY do Nordeste Europa 11% Sul sxe” / Nene 8% 28% dena Oceania 1% suteste * CentioDeste 7% fia 60% Figura S-1a ~ Populacao brasileira Figura 5-1b - Populagdo mundi ' 5 — Consumo de alimentos a transigiio demografica, na qual se verifica declinio da mortalidade e acentuada queda da fecundidade (reducao no tamanho médio das familias e aumento da proporgao de familias menores na populagao). $2 ESSE Além do tamanho e do crescimento da populacao, 0 consumo de alimentos (e de todos os demais produtos) depende mais ainda da capacidade de compra (leia-se: nivel de renda ou poder aquisitivo) da populagao. Por exemplo, um pais como a Suiga, com 7,5 milhoes de habitantes e renda per capita em torno de US$ $3 mil, mesmo gastando apenas 21% de seus rendimentos com produtos alimentares, constitui um mercado de compra de alimentos de cerca de US$ 80 bilhdes por ano, valor muito superior ao da Colombia, cuja populacao € de 43,6 milhoes de habitantes e a renda 6 de US$ 2,5 mil por pessoa por ano, dos quais metade se destina a aquisigao de alimentos. No tocante a renda pessoal (a qual mede o poder aquisitivo do consumidor), pode- se dizer que, no caso brasileiro, ha dois sérios problemas: baixo nivel de rendimentos (em torno de USS 4.100 por habitante por ano) e péssima distribuigdo desses ganhos (por causa da forte concentra¢ao) E indiscutivel que houve um substancial aumento real da renda per capita no Brasil nos tiltimos 35 anos (150%), principalmente até o inicio da década de 1980. Esse valor atual de USS 4,1 mil per capita € pouco menos da metade da média mundial que, segundo © Banco Mundial (2006), é de US$ 8.968 (apesar de o PIB - Produto Interno Bruto ~ do Brasil estar entre os dez maiores do globo), e muito abaixo da média de varios paises desenvolvidos, cujo rendimento individual supera USS 35 mil 0 paradoxo de um pais injusto No Brasil, além de a renda per capita ser baixa, sua reparticdo é extremamente de- sigual e sua concentracao tem aumentado nas quatro diltimas décadas. Historicamente, pode-se dizer que 0 rico ficou mais rico, ao passo que o pobre ficou mais pobre. De fato, com base no rendimento da populagao economicamente ativa do Brasil (PEA), aos 10% mais ricos dessa populacao cabiam, em 1960, 39,7% do total da renda agregada; atual- mente, essa participagao se aproxima de 50% Por outro lado, os 10% mais pobres, que detinham 1,9% da renda agregada em 1960, viram a sua participagao cair para 0,9% em 1985 e para 0,7% em 1993. Felizmen- te, com a estabilizacio econdmica gerada pelo Plano Real, ¢ seu efeito nos tiltimos anos, houve uma melhora dessa participacao, que ja esta em torno de 1%. Destaque-se que a parcela da renda agregada (17%) pelo 1% mais rico da popu- lagao economicamente ativa € superior a parcela apropriada pelos $0% mais pobres (13%). Isso significa que 0 19 dos mais bem remunerados fica com uma parte da renda social superior a que é canalizada aos 50% mais mal remunerados. Cabe ressaltar que concentragao de renda existe em qualquer pais do mundo, mas, No caso brasileiro, a desigualdade ¢ muito acentuada. Por isso se diz que o Brasil nao & um pais subdesenvolvido, mas sim um pais injusto. Além disso, também ¢ paradoxal: se Por um lado grande parte das regides Sul ¢ Sudeste, em varios aspectos, se assemelha ao 2 : Aaroegs, Distribuigio de renda das familias, no Brasil e nos Estados Unidos, 2095 rte Acima de ] Entre USS 75 mil | Abaixo de US$ 25 mile 27% il a [15975 Aisi | US$ 25 mit | 2% | Entre ‘Acima de US$ 25 mile, US$ 75 mil US$ 75 mil 1% 45% | Figura 5-2a ~ Renda das familias: Brasil Figura 5-2b - Renda das familias: Estados Unidos 1 primeiro mundo, por outro lado, o interior da Regido Nordeste esta proximo de padres africanos (baixa concentracao e ma distribuigao da renda). Por exemplo, nos Estados Unidos (que tém 110 milhoes de habitantes a mais que © Brasil), a renda per capita é de US$ 42 mil por ano, a renda média por familia é de USS 60,528 por ano e a distribui¢ao por familia (isto 6, por habitacaio) em 2005, segun- do 0 US. Census Bureau, Current Population Survey, era a seguinte: abaixo de USS 25 mil, 28,3% das familias; entre US$ 25 mil e US$ 75 mil, 45% (sao as familias de renda media); ¢ acima de USS 75 mil, 26,7% das familias norte-americanas, Convém registrar que, nos tltimos 30 anos, também houve uma tendéncia de concentragio de renda nos Estados Unidos, uma vez que, em 1973, 52,7% das familias estavam na faixa de renda média (entre US$ 25 mil e US$ 75 mil), cuja participagio foi perdida para as familias de renda alta (que era de 8,2% e agora 6 de 26,7%). _OS autores deste livro, com base em varios estudos e informacoes, do Brasil, a distribuigao por familia seja a seguinte: 90% am ‘mil: 7 9% recebem entre U: I 5 - Consumo de alimentos 99 - " Distribuicao (% do Gtr (%h) do poder de compra No Brasil, por regiao ‘ Nordeste Sul Norte 12,0% 17,5% \, 3.5% Centro-Oeste 5,0% seus consumidores, Na realidade, o mercado ¢ feito de pessoas com dinheiro, ou seja, nao ha mercado quando nao hé tenda. As 11 regides metropolitanas (Belém, Belo Horizonte, Brasilia, Curitiba Fortaleza, Golania, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Sao Paulo), Segundo dados da Pesquisa de Orgamentos Familiates (POF), tém quase 13 milhoes dle familias, com um gasto mensal médio de RS 2 mil por familia, o que representa um dlispendio global anual, de todas as familias residentes nessas regides, proximo de R$ 307 bilhoes. Estima-se em BS milhoes 0 numero de domicilios no Brasil que somam despesas globais de RS 715 bilhoes por ano, o que corresponde a cerca de RS 1.324,00 por familia por més Assim, combinando-se a distribuigao da populacdo entre as grandes regides bra- sileiras com a respectiva renda nacional de cada regido, é possivel fazer uma (grosseira) estimativa do poder de compra regional, que mostra, por exemplo, que mais da metade (62%) da capacidade de aquisi¢ao de bens de modo geral, no Brasil, esté concentrada na Regido Sudeste (Sdo Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo) A Regiao Nordeste, embora concentre 28% da populagao brasileira, detém menos de um oitavo (12%) do poder de compra do pais, seguida pela Regido Sul, com 17,5% (Mabela 5-1 € Figura 5-3). Essa é uma importante informacao para dirigentes do agrone- g6cio, uma vez que fornece elementos para orientar os seus negocios no que diz respeito 4 localizacao dos potenciais consumidores de seus produtos. 5.2.1 Comoa renda afeta o consumo Vimos que a renda dos consumidores pode deslocar a curva de demanda para a - eita (quando a renda se eleva) ou para a esquerda (quando o poder aquisitive cai). A renda dos consumidores ¢, seguramente, 0 mais importante fator que influencia o consumo. e de consumit, ou seja, utilizar de Convem diferenciat consumo de demanda, Por consumo entende-se o ato de consumir, ou seh e possivel aquisiqa, que nao resulta fat um bem (por exemple, angerit un lime, deman ¢ um ato deposi aqui, ae m0 eeu hecssaiamente et consumo ou po rev er consi apes fur as vere in taal pode aukqurir metcadonias em uma regido (ele esta demandarido, mas nae consumundo) pasa reverie en outra tegiao (onde serao consumidas); ow uma dona de casa compra hoje um alimento (ou seja, cla esta seri consumido em um futuro distante, wander ¢ cai — Aatonegis, Outra maneira de relacionar a renda com 0 consumo sao as famosas CUTVas ie Engel,’ as quais mostram as quantidades de um produto que o consumidor adquitir por unidade de tempo, nos varios niveis de renda, permanecendo constantes as demeis varidveis que afetam 0 processo. Embora se saiba que para cada produto e para cada individuo existe uma curyg de Engel diferente, no caso dos alimentos ha basicamente duas importantes Telacdes entre o consumo ¢ 0 nivel de renda, sempre tendo em vista que o nivel de consumo (c) depende do nivel de renda disponivel do consumidor (Yd), ou seja: C = f (Yd), ondeg Yd expressa o rendimento liquido, isto é, o rendimento bruto menos 0s descontos (aqy; inclufdos também os impostos) No primeiro tipo de relacao, que é a mais importante, pode-se dizer que, para 1 maioria dos produtos agroalimentares (in natura ou processados), 0 aumento de renda resulta em expansao do consumo, porém geralmente esse crescimento do consumo ¢ menos que proporcional elevacdo da renda, pelo menos para niveis maiores de renda Em outras palavras, o consumo do produto aumenta com a elevacao da renda, mas cres- cea taxas decrescentes. Portanto, a proporgao da renda gasta com esse produto decresce com 0 aumento da renda. Os produtos clasificados nesse tipo de relacdo sio chamados pelos economistas de bens normais. Uma maneira de determinar os bens considerados normais é pela elasticidade- renda (Ey), que mostra a variagdo percentual do consumo de certo produto dividida pela variagao percentual (por exemplo, 1%) da renda do consumidor, ou seja: y= 4% Consumo (C) ~~ A% Renda (Yd) Por exemplo, se a renda do consumidor aumenta de R$ 1.000 para RS 1. elevacao de 20%) e isso faz.com que o consumo de carne de frango eevee oa Pode-se dizer que a Fy da carne de frango ¢ de 0,95 (valor positive). conheciment® - do valor (da magnitude) da elasticidade-renda para os varios tipos de alimentos é 1a importancia para os administradores do agronegécio, pois, assim, podem m seus tu Consumo de alimentos 5 a ~ ‘ 101 {aces tedricas en icidade- : Relacdes tedricas entre a elasticidade. renda e 0 nivel de renda dos consumidores para alguns tipos de produtos i: wisn] [rae & aa ) Mais produtos processados & es produtos agricola, < Nenos produtos in natura Ds tey=155) De (ey =23) p, autos ecu Produtos processados 1 (€y=0.2) D, y= Quantidade Quantidade Figura 5-4a ~ Ey para produtos Figura 5-4b ~ Ey para produtos agricolas e pecuarios processados e in natura . Mais renda: ° Mais rend S Mais produtos de qualidade | Mais produtos normais & eros produtos menos nobres| c= Nenos produtos inferiores Ds ey=1) D, (ey=1.2) Produtos de qualidade p, *Produto normal D; (ey-03) 1, Produtos menos nobres Ds Key =-03) Quantidade Figura 5-4c ~ Ey para produtos de qualidade e menos nobres Isso quer dizer que a Quantidade Figura 5-4d ~ Ey para produtos normais e inferiores Ey para produtos pecuarios é, via de regra, maior que para Produtos agricolas (ligura 5-4a e Tabela 5-2). A Ey para ambos oy grupos de produtos é Positiva, mas, de modo geral, inferior a um (ou seja, 0 < Ey < 1). Ha alguns produtos, Como flé mignon, peito de frango, lombo de porco, leite A ¢ longa vida, peito de peru, entre outros &Ey>1) De modo geral, os alimentos ricos em calorias ¢ carboidratos tém elasti mentos ricos em proteinas. da menor do que os a! , OU Seja, partes nobres, cujas elasticidades-renda sao superiores a um (isto lade-ren- a AOR a . - ‘atoni, Mais renda, mais produtos processados O consumo de produtos mais processados, ou seja, mais elaborados oy ¢, valor adicionado, cresce proporcionalmente mais do que 0 dos produtos fF alo, a medida que a renda dos consumidores se eleva, e vice-versa. Por Rena consumo de produtos como carnes processadas, enlatados, derivados do a f massas, biscoitos, derivados do leite (como iogurte, queijo, requeijio, rasa, @ mesmo leites mais nobres (tipo A ou longa vida), conservas, sucos (de ‘a entre outros, tende a crescer mais em relagdo a produtos menos elaborados A menor valor nutricional. b) Estimativas de elasticidades-renda (Ey) para alguns alimentos, Brasil e Estados Unidos | Ey ou efeito da variacdo de 1% na renda dos consumidores sobre 0 consumo (variagao em %) Estados Unidos 0,01 0,42 0,15 Banana 0,10 Batata-inglesa 0,10 Café 0,30 Came de boi 0,47 Carne de frango 0,50 Carne de porco , 0,18 Farinha de mandioca 5 nd Farinha de milho nd 5 ~ Consumo de aliments 103 Outro exemplo: a medida que a renda se mit, por exemplo, mais leite, mas a demands pe porcionalmente mais do que a de leite processados é, de modo geral, maior agregado (Figura 5-4b), leva, os consumi OF leite tipo Ae Em outras palavras idores passam a consu. longa vida cre do qu Mais renda, melhor qualidade ) Mesmo em relagao a produtos in 1 variagOes de renda, Produtos co; qualidade, dependem muito natura ha diferencas n; a mo frutas e verduras, Tesposta do consumidor a rincipalmente as de melhor maior 0 poder aquisitivo dos elevado de renda, e quanto ser a qualidade do produto o entes (ou seja, melhor deve leve ser). Consumidores, mais exig 1 Mais selecionado ele d Eo elevado nivel de renda dos japoneses que faz com que as melhores frutas da California, por exemplo, se destinem (por via aérea) ao li mercado niponico, que esta Bias bbe? altos ptevos por clas. Isso significa que produtos in natura male rote, classif c nt ‘Permitem definir a qualidade, ¢ o diferen- Ag 104 Toney anda para 20 paises, segundo 0 nivel de ren, Elasticidade-renda da dem '4a Der capi, im relacao a dos Estados Unidos) inda do pais em relacao aos Est [Fasticidade-renda e percentagem da ados Un pats LE : Unido 08 i Tanzania india ot ger. 0,76 | 10 a 10% ' a. eal | 23% 1 Coréia do Su = E a 23% ai Pen : et a ; 60% Irlanda 2 15 = i o 90° ce ee ce ore 2 1104. za abil - 4 0s, opseeeea treet ea renee (eterna Fonte: Henri Theil; Ching-Fan Chung; James L. S Observacdo: os ntimeros dentro dos retdngulos so as clasticidades-renda; os ntimeros no final dec retaniuls representam a percentagem da renda per capita disponivel de cada pais em relagao a end Cabe um comentario: 0 que é essencial e 0 que é supérfluo depende do nivel de renda dos consumidores. Por exemplo, para uma pessoa cujo nivel de renda € baixo, 0 filé mignon pode ser supérfluo, mas nao € para os Consumidores de alta renda Os dados da Tabela 5-3 mostram 0 efeito da renda sobre a Ey para alimentos e 20 paises. Em locais como Tanzania e India, por exemplo, que tém baixa renda per capt {inferior em media a 5% da renda média norte-americana), a elasticidade-renda da de manda para alimentos é alta, ao passo que em paises com elevada renda, como Estado» Unidos ¢ Canada, é baixa. Um aumento de 10% na renda induz a uma expansie consumo de alimentos de mais de 8,4% na Tanzania e na india, mas de menos & 7 nos Estados Unidos, 3 ir Isso significa que: a) 4 medida que a renda aumenta, a Ey da demanda paras mentos diminui; b) para consumidores de baixa renda, uma maior proporga0 4 quer aumento de renda € gasta com alimentos, comparando-se a consumidores nivel de renda ¢ alto. 105 10 Assim, pode-se dizer que, embora a clasticidade-renda média para atime yu! Brasil esteja em toro de 0,50, a Fy é alta (préxima a 0,70) nas camadas da POPU 30 renda baixa (menos de 5 salarios minimos) ¢ baixa (proxima a 0,30) entre Pel mais rica 5 ~ Consumo de alimentos . ms CT ST a Por dificuldade de estimar a influéncia de outros fatores sobre 0 consumo, ja men- cionados no capitulo anterior, considera-se, para simplificer, que o crescimento da de- manda (d) de um produto depende, fundamentalmente, de variagoes na populacao (p) ena renda (y) dos consumidores, sendo esta ponderada pelo coeficiente de elasticidade- ida (Ey), ou seja, d= p + Ey -y rel O crescimento do consumo de alimentos tende a ser relativamente acelerado em uma economia que ainda est nos estagios iniciais de desenvolvimento, em que tanto ‘o crescimento populacional quanto a Ey sao elevados, Ey elevada significa, conforme ja visto, que no caso de um aumento, por exemplo, de 1% na renda real dos consumido- res, a maior parcela desse acréscimo ser destinada 4 compra de alimentos Convém ressaltar também que ha uma relagao inversa entre nivel de renda per capita e By, 0u seja, para um pais cuja renda é elevada, aumentos de renda quase nao resultam em expansao de demanda, porque o nivel de consumo ja é elevado, 0 que cor- responde a baixa Ey. Vejamos, a seguir, dois exemplos baseados em situagdes distintas: Brasil e Estados Unidos Primeiro exemplo: a populagdo brasileira esta crescendo a uma taxa média de 1,4% ao ano; a renda per capita (admita-se) estar se elevando em 6% no transcorrer dos proximos anos. Calcular 0 crescimento do consumo de alimentos, admitindo que a Ey é igual a 0,30 para alimentos de modo geral d 1,4 + 0,30 (6,0) = 1,4 + 1,8 = 3,2% ao ano, Isso significa que 0s alimentos no Brasil deverdo crescer a uma taxa ao redor de 3,296 ao ano, € a expansao no consumo de alimentos deve-se ao crescimento popula- cional e, principalmente, ao efeito renda, ou seja, a elevacao de renda tem importancia relativamente maior do que o aumento da populacao. Segundo exemplo: a populagao e a renda per capita norte-americana esto cres- € 3%, respectivamente, e a Ey para alimentos nos Estados cendo a uma taxa de 0,7% Unidos é de 0,14. d=0,7 + 0,14 (3) =0,7 + 0,42 ,12% ao ano Desse modo, 0 alimentos, nos Fstados Unidos, deverio crescer em torno de 1% 0 resulta do crescimento da populagao; o efeito a0 ano, e mais da metade dessa expan renda tem uma contribuigao menor, ao contratio do que acontece no Brasil 5.4 (ORR eu Agora que ja analisamos e entendemos 0s principals fatores que influenciam o. Comportamento dos consumidores quando decidem comprar determinado produto (@ a lista desses fatores, como vimos no capitulo anterior, chega a quase duas dezenas), vamos fazer uma sucinta abordagem da evolugao do consumo des principals produtos

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