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Alunos: Dione Kelly da Silva / Julia Cunha da Silva / Matheus de Almeida Oliveira / Suellen Toledo
da Matta / Vinicius Fernandes Viana.
1a Avaliação – 2017/01
Rio de Janeiro
2018
1. INTRODUÇÃO
O texto a seguir aborda, ainda que de forma breve, a temática sobre as relações raciais no Brasil
dentro de uma perspectiva crítica, tendo como base as aulas da disciplina de Relações Sociais de
Gênero e Etnia, o texto de Nilma Lino Gomes apresentado em aula e também o debate trazido pela
mestranda Marillac Faustino sobre o encarceramento da população negra.
A Lei Aurea ocorreu há 130 anos e ainda sofremos o impacto da escravidão na atualidade,
embora exista no discurso popular a ideia equivocada de que não há racismo no Brasil, há sim
existência de atos violentos e discriminatórios contra os negros; os movimentos sociais, de forma clara
e efetiva, seja nas academias ou nas suas variadas formas de organização, vêm demostrando através
de produção acadêmica e/ou atividades socioeducativas que a discriminação (e suas implicações) está
longe de ser abolida.
As leis que antecederam a Lei Aurea, o sistema prisional e o campo de trabalho pós-cárcere
são algumas formas de abordar a falta de interesse pelo tema “relações sociais” por parte das políticas
brasileira. Há um constante reforço na manutenção das diferenças, da não reflexão do papel do negro
e sua importância na construção efetiva do Brasil; e na prática de desqualificar e ocultar, seja nas
escolas ou outros locais de reflexão, a identidade negra compreendida enquanto construção social,
histórica, cultural e plural e não de submissão.
Somente debruçando sobre o tema e compreendendo sua construção histórica poder-se-ão
construir ações e políticas que efetivamente criem oportunidades iguais para negros e brancos e/ou
qualquer cidadão independente de sua identidade de cor. Essa forma de pensar e olhar, não deve estar
limitada somente a questão da cor da pele, mas deve expandir para o respeito as questões culturais
negras, como as religiões de origem africana.
Sendo assim, não é calando a verdadeira história que teremos progresso, nem tão pouco
evitando reflexões no dia a dia do nosso campo de trabalho; o que as estatísticas comprovam é que a
sociedade brasileira ainda coloca limites e empecilhos na luta contra o racismo.
O papel do Movimento Negro tem sido importantíssimo nessa desmistificação do que é a
democracia racial no Brasil, e os grupos de profissionais da educação (de todas as áreas), devem criar
e pensar em ações afirmativas, que visem à superação e o rompimento do que é a democracia racial,
hoje.
2. AS LEIS
Dentro do tema abordado pela palestrante, um destaque dado foi com relação a importância das
leis antiescravistas para a inserção dos negros na sociedade, mostrando uma mudança de visão,
deixando a ideia de objeto ultrapassado e sendo visto, como deve ser, como um humano.
Desde de cedo é ensinado que as leis abolicionistas têm como grande influenciador o fator
econômico, o interesse do sistema econômico vigente na época, porém quando se pesquisa um pouco
podemos notar que desde o ano da Revolução Haitiana, 1791, há movimentos com o intuito de dar fim
a escravidão na Inglaterra, ou seja, não meramente uma questão econômica, possivelmente uma
influência da revolução.
No que diz respeito ao Brasil diretamente, algumas leis foram muito importantes. Num contexto
de abolição em diversos países, e o Brasil já independente tendo recebido ordens em 1826 de abolir a
escravidão em três ano, mas não cumprindo, é aprovada uma lei na Inglaterra que dava direito ao Reino
Unido de aprisionar navios que praticavam o tráfico negreiro da África para a América, Lei Bill
Aberdeen.
Apesar do Ato Aberdeen ter sido posto em pratica, não adiantou muito para o fim do tráfico,
porém o recém Imperador Pedro II precisava de apoio com a guerra no sul do país. Para isso aprovou
a Lei Eusébio de Queiroz em 1850, proibindo de fato o fim do tráfico Negreiro, dando início a uma
maneira de ver o negro no Brasil. Vale ressaltar que apesar da lei, somente em 1856 que a o tráfico
caiu drasticamente.
Após o pequeno passo a favor da liberdade do negro em solo brasileiro, algumas leis começam
a aparecer com a ideia de dar direitos a população predominante no Império. A Lei do ventre livre,
1871, determinava que todos os filhos de mulher escrava, que nascessem a partir da promulgação de
tal lei, seriam de condição livre. Um problema muito discutido na lei é que os recém-nascidos iriam
ou para os cuidados do governo, ou dos latifundiários até os 21 anos, sendo mais comum a segunda
opção e com isso eram usados para trabalhos até a idade da liberdade.
Outra lei destaque a favor do negro, porém de grande discussão, era a Lei do sexagenário, 1885
que dava liberdade aos escravos com mais de 60 anos. O problema é que quando pegamos dados de
até quantos anos viviam os escravos, poucos eram os que passavam dos 60 anos. Apesar de toda a
discussão entorno disso, um ponto era certo, a escravidão estava chegando ao fim.
A Lei de maior importância e de grande discussão até hoje foi a Lei Áurea, em 1888, que deu
fim à escravidão, tornou negros e brancos "iguais", as aspas por conta de apesar da liberdade, poucas
foram as condições dadas para o negro viver na sociedade.
3. O SISTEMA CARCERÁRIO
O campo prisional brasileiro tem cor, ele é negro, segundo dados do Relatório do INFOPEN
de 2016, 64% da população encarcerada é negra, consequência do racismo instituído em nossa
sociedade desde o período colonial, que deixou o homem negro mais distante da sociedade, e esteve
mais perto do cárcere.
O preconceito e segregação racial na sociedade brasileira é principalmente voltado para a
população com descendência africana, sendo assim segmentados na sociedade, como consequência,
afeta a inserção da população negra no mercado de trabalho, onde são negados postos de trabalho por
causa da cor e quando ofertados, cargos com baixa remuneração.
A população negra, ainda sofre com o racismo institucional com relação ao direito penal, onde
o senso comum o culpa por diversos crimes e reproduz preconceito com criminalizando o negro
somente por sua cor de pele. Não se pode mais ignorar o fato do racismo institucional, e ter a
ignobilidade de não perceber os efeitos disso, dentro da nossa sociedade. Cabe tanto ao poder público,
quanto ao restante da sociedade brasileira, um verdadeiro combate ao racismo, e uma verdadeira
garantia de equidade e de humanização de sua população.
Ao falarmos do campo de trabalho do negro pós cárcere, as possibilidades de inserção do
mercado de trabalho são ainda mais escassas, por carregar a marca de ser um ex detento, sendo alvo
de exclusão social, com o agravante por conta da cor da pele, só conseguindo trabalhos informais ou
através de projetos sociais voltados a ressocialização.
5. CONCLUSÃO
PERES, Thiago Brandão, A única alternativa dos presos é filiar-se a uma facção, a qual garantirá sua
sobrevivência e propiciará, portanto, uma conexão muito mais profunda com o crime organizado, Nexo
Jornal LTDA, 2017, disponível em https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/ Criminaliza %C3%
A7%C3%A3o-de-jovens-negros-e-pobres-um-retrato-do-sistema-penitenci%C3%A1rio-brasileiro, ac
essado em 13 de março de 2018.
GOMES, Nilma Lino, Alguns Termos e Conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil:
Uma breve discussão, disponível em http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/
10/Alguns-termos-e-conceitos-presentes-no-debate-sobre-Rela%C3%A7%C3%B5es-Raciais-no-Bra
sil-uma-breve-discuss%C3%A3o.pdf, acessado em 14 de março de 2018