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Introdução ao tema:
‘A libido’.
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A primeira grande diferença então, entre a filosofia da vontade única e da
psicanálise é que para o primeiro a vontade pode ser suprimida, e pelo
segundo não, só sendo possível encerrar a chave desejante com a morte ou
desaparecimento do próprio sujeito. A vontade ainda assim permaneceria.
O desejo é então o desdobramento da busca do prazer, do qual o sujeito
quer sempre se lembrar e retornar a ele, no sentido de satisfação. A
dualidade entre o afeto e a representação é uma matriz formada através e
pelo nascimento e não como uma ideia platônica ou traço da coisa em si.
Ferenczi fala da paranoia e da parafrenia, sendo que o psiquismo é
marcado, na teoria freudiana, pela forma alucinatória do desejado e do
pensado (fantasia). Essa concepção abre caminho para os aspectos
narcisistas que dão a pulsão um outro encaminhamento, ou seja, o
narcisismo abre a oposição entre as pulsões do eu e as pulsões sexuais.
Isso aparece no texto “três ensaios sobre a sexualidade” de onde extraímos
a noção de libido, do qual Ferenczi faz alusão a Jung.
Se o desejo se volta ao próprio eu, num movimento novo (conquistado) e
reflexivo, voltado em torno de um si próprio, no qual o sujeito permanece
aprisionado e apaixonado por si mesmo, isso só se quebra a medida em
que há uma necessária dose de identificação com os outros eus. A assim
chamada realidade externa, ou princípio de realidade. No caso da vontade
schopenhaueriana, nada disso acontece, pois ela continuará sendo única e
unilateral, ou seja, independente de identificação com os demais pares da
espécie ou de conciliação subjetiva (alteridade).
Se a libido freudiana caminha em direção a um eu ideal, a vontade única
caminha não em uma dialética representacional e simbólica do sujeito
entre as pulsões e o outro, mas sim de um elevar-se a si próprio como
sujeito do conhecimento (e não de outros sujeitos ou objetos), em que o
mundo aparece como vontade de representação, numa objetividade
adequada a razão cognoscente.
Em não existindo mais as coisas individuais ou a distinção sujeito objeto,
a vontade em sua objetividade adequada se volta a si mesma, ou seja, nada
mais sendo que ímpeto cego. Vontade como um algo a espera de
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subjetivação, desdobramento, configuração, que dizem respeito de uma
ideia (platônica) de um plus, de um querer viver, ‘que possui sua mais
perfeita objetividade’ (Schopenhauer), e como reflexo de Dionísio, que
mostra as suas diversas faces no âmbito das paixões, enganos e astucia,
genialidade, por entre as múltiplas configurações de sujeitos que existiram
e ainda existirão enquanto a vontade não for suprimida totalmente.
A vida dentro da vontade é inesgotável e infinita, em sua variedade,
percorrendo a linha espaço tempo como único acontecimento em si. Assim
sendo temos que uma orientação objetiva do espírito – contemplativa -
que anuncia uma estética do sujeito puro do conhecimento, se contrapõe a
uma orientação subjetiva, narcisista do sujeito, que no máximo chegará ao
modo cientifico de comportar, ou seja, percorrendo, sem nunca alcançar, as
causas e efeitos das coisas últimas.
Um sujeito isento de vontade (individual, narcísica), é um espelho
luminoso da essência do mundo. A fantasia aqui não é usada para alucinar
um objeto desejante, mas para formar o gênio, a procura de objetos novos
e dignos de consideração, fora do dia a dia, e portanto fora do horizonte e
da experiência pessoal, ou seja, no campo das obras de arte. A orientação
do sujeito é intuitiva, ou seja, um conhecimento subtraído em parte da
vontade, que o aproxima de uma loucura adorável – dionisíaca – que alia
loucura e sofrimento. Nietzsche se reportara a esse mesmo ponto em sua
discussão sobre a sabedoria trágica (da ordem dos sábios meio loucos), que
se distingue dos ideias ascéticos e da própria ciência.
De um lado vimos um eu freudiano nostálgico de seu objeto perdido,
atravessado por uma alteridade dele próprio, e de outro o instinto de viver
pleno, gratuito, sem valores ou interessada em fim algum. A vontade
engendra e comporta o desejo, o sofrimento, a fragmentação, combate a si
mesma, devora a si mesma, mas o contrário não é verdadeiro. O desejo não
cessa, é como a roda de Íxon, mas a vontade é possível abandonar, é um
estado de alma epicuriano, sem dor, sem querer, pura essência e liberdade
de contemplar a verdade.
O desenvolvimento do ‘eu’ se prende ao princípio de individuação, mas
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na vontade não existe diferença entre eu e o tu, entre bem e mal. Ver o
‘todo’, eis ai uma aspiração vinda do oriente e que contrasta com a
constatação de um lado psicológico e de outro filosófico, de onde a
corporeidade se faz imperativa, como algo de que a pulsão não pode se
esquivar, e do qual a força pulsional obriga sempre o sujeito a ir em busca
não só de representações, mas de destinação.
A destinação, via pulsão, é ainda um algo, um campo inexplorado, pois
remete ao dionisíaco, ao trágico, a tudo o que desordena as formas e forças
estabelecidas de subjetivação e sublimação, pois promove um
descentramento permanente desse mesmo sujeito que se quer racional,
pretendente a um estado ilusório de centramento dos processos volitivos
em torno dum eu todo poderoso.
Neste limite plástico, o estranho, o estrangeiro dionisíaco atinge o seu
grau máximo, e une freudismo e Schopenhauer num ponto muito caro a
Nietzsche, ou seja, um desejo do novo, um sujeito novo, liberto de tudo o
que já é da ordem da representação, arquétipo, objetos internos, num para
além das catexias, em direção ao horizonte em que, como diz a tragédia, e
mesmo Dostoievski, aproxima e faz tocar os paradoxos, reunidos num
mesmo instante mágico e supremo: dia e noite, claro e escuro, beleza e
verdade, inocência e crueldade.
Aquilo que de trágico toca a obra de arte, em Schopenhauer, o estético
pulsional em Nietzsche (Apolo e Dionísio), abre também o espaço
experimental para a criação, para o que ainda não somos nem
experimentamos. Schopenhauer lembra ainda que o trágico é luta e
padecimento, até que o herói renuncie seu ressentimento (Filoctetes), sua
paixão, os fins perseguidos, para abdicar ou renunciar a vingança, aos
prazeres e assim ela (a tragédia) revela se u sentido mais obscuro: ‘de que
o expiado pelo herói não são seus pecados particulares, mas sim o pecado
original, isto é a culpa da existência ela própria: pois o delito maior do
homem é haver nascido’ (Shopenhauer, idem).
Tragédia como mais alto grau de objetivação da vontade em luta consigo
mesma, tragédia como dimensão do terrível, do paradoxo, e mais além,
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como movimento da vontade, repleta de sentimentos, de paixões, e nas
palavras de Schopenhauer:
‘como a essência do homem consiste em que sua vontade deseja, é
satisfeito e deseja novamente, e assim indefinidamente, e como sua
felicidade e bem estar consistem apenas em que a transição do desejo a
satisfação, e desta ao novo desejo, prossiga com rapidez, uma vez que a
ausência da satisfação é sofrimento, e a do novo desejo, ansiedade vazia,
langor, tédio; ...’ (Schopenhauer, idem).
A transição do desejo em satisfação, a dor e o sofrimento presentes
eternamente neste circuito sem fim, aproximam numa certa perspectiva,
desejo (como expressão de uma vontade) e psicanálise, na chave da falta, e
de um algo (vontade e psiquismo), como processos inconscientes em si
mesmos.
O desejo alegre e veloz em oposição ao desejo retardado dificultado e
triste do filósofo, ingressados no corpo, na individualidade do sujeito traz a
quintessência da vida e de seus processos, nunca a expressão da vontade
ela mesma, que como visto, no homem, oscila e pende de uma lado a outro
(fastio e satisfação, renovação continuada entre uma ação e sua reação
frente a uma falta).
O desejo revisitado por Lacan indica a libido como energia psíquica do
desejo, como centro da teoria analítica de Freud. Passeando pela filosofia
antiga, Lacan parece tentar (como fez Jung), uma sistematização filosófica
a respeito do tema, só com efeitos diferentes da de Jung, ou seja, retoma a
libido freudiana (força quanti variável, investe em representações de
objeto), em forma pulsional, ou seja, um inconsciente dado pelos
significantes (articulação entre significante e corpo), que indicam e
demarcam as demandas do sujeito direcionadas ao Outro (imagem
totalizante, o olhar que me olha de volta). Temos aqui o caráter circular da
pulsão.
O circuito lacaniano das pulsões se apresenta então como uma força
constante (não natural como um impulso cinético em movimento em seus
altos e baixos a procura de satisfação). A pulsão quer a satisfação de
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alguma coisa, mesmo a custa de muito sofrimento (como no caso de todo
neurótico). O percurso psíquico da satisfação, segundo Lacan, é um objeto
que elevado a dignidade de ‘objeto a’, se torna causa do desejo, e por isso
o contorna (fazem borda, se tornam erógenas).
O que vai nos interessar aqui é a ideia de que o ‘eu’ ao endereçar sua
pulsão a um Outro, vai buscar uma alienação desse desejo não somente no
Grande Outro, mas também, como indica Lacan, num outro. E desse
encontro com o outro é o que faz surgir um ‘novo sujeito’ (eu me espelho
no outro). Temos no campo do amor (narcísico e pulsional), onde o que
vem do coração se rivaliza e luta com o que vem do ventre.
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aproximam perigosamente, onde morte e vida se unem e onde compaixão e
paixão forma um mesmo paradoxo. A loucura dionisíaca é resolvida na
chave dos muitos eus, da razão que se une ao coração, ou seja, na
possibilidade que todo convalescente tem, que é manter ao máximo e
dentro de todas as riquezas simbólicas manter um coração sempre integro
e intacto, o que pode significar, entre tantas coisas, o que Lacan
mencionou em seus escritos e seminários, ou seja, a libido passa em algum
momento pelo coração, pela cura do ressentimento (Hera deu a loucura a
Dionísio quando de seu ressentimento com Zeus).
O vinho (bebida dionisíaca por excelência), serve para a embriaguez e
também para abrir a loucura. O pharmacon é uma boa medida entre a
loucura e a expressão artística (música, obras de arte) nos casos de usar as
máscaras como símbolo da submersão da sua identidade na de um outro. A
perda da individualidade, ou do chamado ‘princípio de individuação’ é um
ponto comum a todos esses pensadores, que emprestam um lugar para
além do cotidiano, para um cuidado de si ou para encontro possível do
‘novo criador’. Ou ainda mais... para o encontro desse lugar único,
substrato do coletivo, impessoal, chamado ‘Uno primordial’.
A pulsão que passa pelo coração do deus, nunca mais é a mesma, fica
mergulhada num sentimento único (já uma mistura de Apolo e Dionísio),
especial por ter-se tornado outro, e disto resulta um afeto próximo ao
enunciado por Espinoza, ou seja, de que ‘o desejo, cupiditas, é a própria
essência do homem’ (Lacan, O seminário, livro 6).
Assim terminamos nosso ensaio, no cerne mesmo desta questão, ou seja,
de um desejo que se mostra polimorfo, problemático, tortuoso e que fecha
o circuito da pulsão nos limites estreitos da loucura e da criação, da paixão
e da compaixão, que indicam e sinalizam o quão complexo é estabelecer
uma terapêutica de um cuidado de si e de um cuidado para com o outro.
A constelação de irmandade entre Rogojin e o príncipe, pela troca de
cruzes ou de destinos cruzados (do grego tique), mostram mais do que uma
constelação familiar, sinalizam (cadeia de significantes) que a articulação
de um ‘objeto a’ introjetado – a imagem da beleza e do paradoxo de sua
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feira ressentida – levam a um morrer – um deseja matar e eliminar o outro
em prol da satisfação do desejo (de ter, de Nada). Mas esse gozar implica
num desmembramento, numa destruição do antigo sujeito, ou seja, abre a
possibilidade de aparição de um novo sujeito ou ainda de sua derrocada.
Da transgressão pela via dionisíaca, ao desejo do desejo de um Outro,
que no caso do Idiota, é o paradoxo entre o príncipe cuidar ou matar o
irmão de cruzes ou mesmo nada fazer para que o outro a mate, temos que
isso tudo nos leva não só ao fetiche (Lacan), que é a fixação do olhar,
perfilado nos modos de Nastácia, em seu jeito de falar, olhar, que ao
mesmo tempo ofendem e enfeitiçam ainda mais a paixão de Rogojin e a
compaixão de Mitchkin, mas que também comporta o inexorável como tal.
Entre a doença e a saúde, talvez o que exista seja apenas uma questão de
gradiente, entre um coração puro e inocente e outro maculado de sangue, a
diferença talvez seja não o sangue derramado, mas uma questão de
introversão psicológica, ou seja, de um recuo da libido, levando o sujeito
da ação a uma solidão (necessária ao convalescimento e o renascimento de
um novo sujeito).
Para além da unidade moral familiar, da hereditariedade, a má sorte
(ticke), a paixão, ou seja, o que fazer com seus males, indica sempre o
universo trágico, de onde não se pode sair ou prescindir. O bom
funcionamento pulsional obriga Fedra por exemplo a sinalizar que mesmo
os que sabem –supostamente – ‘pensar bem’, ou seja, conhecem e
compreendem o que é correto e mesmo assim não conseguem evitar o erro.
Por isso falamos em desejos e afectos, ou seja, tudo o que somos, o nosso
tornar-se, passa em algum momento, pelo outro. Um outro prazer, que
passa por Aristóteles que diz do sujeito (Homem) virtuoso que encontra na
ação virtuosa o seu maior prazer. E novamente chegamos a Lacan que
encerra seu seminário sobre o desejo do outro como tal é um enigma, é
uma fenda, pela qual passam os fenômenos, a fantasia, e tudo o que acossa
o sujeito ou na falta dele, em tudo o que há lá no umbigo do conflito, do
ponto limite (matar, morrer, enlouquecer ou ainda convalescer), em que o
eu ‘deixe de lado toda reinvindicação a sua própria unidade e,
eventualmente, se cinda e se divida’ (Lacan, idem).
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Desejo é então não a relação do sujeito com seu ser, mas com seu tornar-
se. Este trabalho criador da ordem apolínea (logos ou sublimação para
alguns), do reencontro do olhar que observa e é observado, como o
príncipe e seu outro, e que mais profundamente não se trata apenas de
voltar e reconstituir os passos para trás de sua ação, como fez Mitchkin no
momento em que se aproximou de sua verdade última (matar ou ser
morto), mas de que não se trata mais do casamento dele com ela ou de um
outro com ela, mas de que naquele olhar – o que ele comporta e extravasa
– é a não definição dela para com um ou com outro. Esse jogo de
indefinição permanente, de não fechamento do circuito pulsional leva não
só a loucura, mas ao ponto ou situação limite, lá onde tudo se dá, num aqui
e agora cuja borda são afectivamente falando, o mistério do que somos e
do que nos tornamos. É lá, neste lugar, paradoxal, onde a passagem ao ato
se faz. Esse grão de fantasia, de ideal ou mesmo de loucura que a demanda
do outro se abre ao indeterminado é o pathos que nos faz humanos. É lá
que Jung diz que o herói reencontra a Mãe e com isso Ferenczi concorda
plenamente.
É por aí que o sujeito novo passa, nasce ou renasce conforme a
ferramenta que se queira utilizar... filosofia, mais psicologia, e mais além,
mistério.
José nov 2018
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ARTIGO – INSTITUTO ERANOS
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C. G. JUNG
O LIVRO VERMELHO
O MAIS IMPROVÁVEL
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Retrato do artista quando coisa
A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.
No seu 'O livro vermelho' Jung lança a si mesmo uma propositura, quase uma
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provocação: buscar a alma num lugar improvável, ou seja, no inferno.
O pensamento de Jung vai retomar o universo cristão e lembrar que o Cristo desceu
primeiro ao inferno, para só depois poder subir aos céus.
Jung pode convalescer ao buscar sua alma no inferno. Esse processo simbólico só
pode feito na medida em que Jung ao buscar sua alma no inferno, enfrentou isto que
chamamos de mais improvável, de se utilizar de técnicas expressivas e de um texto
poético, onde dentro de um 'pathos' de um recuo e solidão diários, e ao longo de 14
anos, pode pensar naquilo que mais importava: sentir que estava se aproximando de
sua alma.
O mais provável é a crise, todo homem vivencia suas crises de tempos em tempos,
alguns teóricos chegam a afirmar que o homem dito moderno. Vive em permanente
crise. Para as situações de crise, a medicina criou inúmeras medicações que ajudam a
tamponar esses sentimentos ditos ruins de se experimentar. Para as crises inúmeras
terapêuticas foram criadas e desenvolvidas no século XIX e XX, mas nenhuma dizia
respeito a essa ideia de buscar a alma no inferno.
Jung não divulgou essa ideia de buscar a própria alma no inferno, ao contrário,
deixou esse segredo muito bem guardado e longe de suas obras publicadas.
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2) a partir do recuo e solidão voluntária, desenvolve-se diferentes perspectivas sobre
a alma doente, ou seja, de como se perdeu a sua alma.
9) o encontro com Dionísio é marcante, pois desta interação, nasce a criança divina
em nós, ou seja, dentro do mito de Dionísio, lança a perspectiva mítica, de uma
sabedoria trágica, de que o humano se forma numa combinação impossível, ou seja, a
reunião das cinzas do Titã com o coração puro do deus ainda criança. (vide mito de
Dionísio).
12)o simbólico é da ordem de Prometeu, o titã que faz uma transgressão divina,
desobedece as ordens de Zeus e dá o fogo ao homem, ou seja, que em algum
momento, principalmente no instante limite, podemos ser deuses, igual aos deuses, e
assim poder criar algo novo, o que inclui a nós mesmos (reinventarmo-nos).
13) ao brincarmos de 'fazer como os deuses', podemos também dizer que isso foi
importante a Jung e a todos que já desceram ou pretendem descer ao inferno, que
para que tal coisa aconteça, é preciso construirmos – criarmos – até atingirmos uma
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outra saúde.
15) finalmente é na solidão rica e não patológica, que podemos experimentar sair do
lugar onde o desejo dos outros nos emprestavam e também para além dos hábitos, e
considerar uma liberdade com relação aos deveres imperativos que possibilitem um
recuo e uma solidão.
Sair dos encantamentos da ilusão do Eu, implica em abandonar os valores que não
servem mais, em tresvalorar o que o espírito da época deu como verdade e luz, e isso
implica em renovação, em não tornar uma maldição a perca da alma, ao contrário,
encarar os enfrentamentos de frente, implica em ir além do olhar medusante e vencer
processualmente o medo do vazio e voltar a sonhar.
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