You are on page 1of 21
educagio de seus funcionérios ou a0s filhos destes ou recolhida aos cofres piiblicos com aplicagio vinculada a esta modalidade de ensino, previsto no § 5." do art. 212 da CF, ndo fazendo parte dos recursos vinculados constitucio- ralmente & educagio. « Apesar de ser mais recente que os demais, a melhor alunado no ENEM deve rapidamente ser incorporado ras instituigbes, do desempenho do bjetivos deinime- BIBLIOGRAFIA BRASIL. MINISTERIO DA EDUCAGAO E DO DESPORTO(MEC). Legislagio ipo (Leis ni? 9394/96, n° 9428/96 , MP.” 1519/96 e Emen- 14/96). ito da Repiilica Federativa do Br BRASIL.Constituipio da Repsiblica Federation do Brasil, com as modificagoes introduzidas pela EC 14. Sio Paulo, Revista dos Tribunais, 1997. BRASIL. Emenda Constitucional n. 14, de 13/09/96. BRASIL. Lei n. 8.068, de 13/07/1990. Est (ECA). BRASIL. Lein®.9.131, de24/11/1995. Altera dispositivos da Lein’4.024, de20/ 12/1961, e dé outras providencias. BRASIL. Lei n®, 9.394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educa «0 Nacional BRASIL. Lei n°. 9424, de 24/12/96. Dispoe sobre o Fundo de Manutensio Desenvolvimer sino Fundamental e de Valorizacio do Magistéro. BRASIL. SENADO FEDERAL. Co es do Brasil de 1624, 1891, 1934, 1997, 1946, ¢ 1967 e suas alteragbes, Brasilia, Subsecretaria de Edigdes Técnicas, 2 vols, 1986. LIEBERMAN, Myron, Privatization and Ea Press, 1986, MANSANO F, Ricardo, OLIVEIRA, Romualdo Portela de & CAMARGO, Rubens Barbosa de. Tendéncias da matricula no ensino fundamental reg lar no Brasil In: OLIVEIRA, Cleiton et al. “A Municipalizagao do Ensino no Brasil”. Belo Horizonte, Auténtica, 1999. OLIVEIRA, Romualdo Portela de. O financiamento pt seus problemas. In. Politica Educacional: impasses eal Cortez, 1995. OLIVEIRA, Romualdo Por OLIVEIRA, Dalila Andrade. Gestdo deme rineos. Petropolis, Vozes, 1997. de out. 1988, tonal Choice. New York, St. Martin's ico da educacio € as. S80 Paul Ja de. A Municipalizagio do Ensino no Brasil. In rtica da educagto:desafios contempo- o A reforma da educagao superior no Brasil nos anos 90: diretrizes, bases e acdes" ‘Afranio Mendes Catani Joao Ferreira de Oliveira O historiador Eric Hobsbawm escreveu um livro fundamental sobre 0 nosso tempo e suas transformagdes econdmicas, politicas, sociais e culturais intitulado Eva dos Extremos: 0 Breve Século XX (1914- 1991). Por ocasido do langamento da tradugdo brasileira em 1995, Hobsbawm deu uma entrevista ao jornalista William Wack, nas, paginas amarelas do semanério Veja, em que falou a respeito da velocidade e da profundidade das transformagbes tecnolégicas ¢ sociais que ocorreram nos tiltimos 35 ou 40 anos e o seu efeito sobre as pessoas, levando a uma ruptura entre o passado eo presente. Em suas palavras, “as geragdes mais novas acham dificil entender 0 que aconteceu antes, pois vivem num mundo diferente, e as geracoes antigas nao se sentem a vontade nesse mundo novo [...] A tecnolo- gia avancada das sociedades de consumo produz uma maneira de perceber © mundo que é um eterno presente. O que vale é o que vocé vé na TV. Nao existe mais uma conexao organica com o passa- do. Grande parte das pessoas, principalmente as mais jovens, vive neste presente eterno. ‘Ontem’ deixou de ser uma referéncia, exceto para fins biograticos pessoais” Por essa razao, sar e organizar o presente texto considerando, por um lado, explo- rara relagao temporal entre passado e presente, mostrando que nem sempre “as coisas foram assim”, mas “tornaram-se assim’, e, por outro, analisar a atual reforma da educagao superior no Brasil a par- tir da segunda metade da década de 90, levando-se em considera- cao seus pressupostos e agentes, suas politicas e legislagdes, suas tendéncias e perspectivas. Nesta andlise, estudaremos as principais politicas e movimentos reformistas envolvendo as relagées entre o Estado e as universidades gamos ser de fundamental importancia pen- 95 piiblicas (discussdes acerca das organizagées sociais e da “autono- mia contratualizada”); a diversificagao e a diferenciagao institucio- nal (0 ideario da flexibilidade, da competitividade e da avaliagao); a constituigao de um sistema relativamente sofisticado de avaliagao da educagao superior; a questao da flexibilizagao curricular nos cur- sos de graduagao. Antecedendoa tais questdes, claboramos um breve panorama do ensino superior no Brasil. O ensino superior no Brasil: um pouco de Hist6riat A partir da implantagao do regime republicano, em 1889, obser ‘voutse que o ensino superior brasileiro cresceu enormemente. Pode- se apontar as caracteristicas principais daquele momento: a) forte participagao do governo federal nos Estados, em especial nas capi- tais, através da criagao e financiamento de faculdades; b) constituiga0 dessas instituigdes como locais em que as elites regionais prepara- vam seus futuros dirigentes, mediante a criagao e manutengao de fa- culdades estaduais nas capitais e nas cidades do interior politicamente ‘mais importantes; c) expansao de faculdades privadas, mantidas por onganizagées religiosas ou meramente empresariais, que ocuparam 0 espago que 0 setor piblico nao conseguia preencher, Luiz Antonio Cunha, autor de vasta obra sobre 0 ensino su- perior no pais, escreveu que essas trés caracteristicas vigoraram até aproximadamente a metade dos anos 90, devendo ser menci- onados, ainda, dois elementos que introduziram algumas modi- ficagdes. O primeiro deles ocorreu durante os anos 50, em que muitas faculdades estaduais e privadas transformaram-se em es- tabelecimentos da rede federal. O segundo diz respeito aos bene- ficios concedidos as redes privadas, que ficaram isentas do pagamento de impostos federais, estaduais e municipais (Cunna, 1985; 1987; 1989 e 2000). Em 1961, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educa- 20 Nacional (LDBEN), Lei n’4.024/61 com acentuadas tendéncias favordveis ao ensino superior privado: garantiram-se verbas e fi- nanciamentos a estas escolas, bem como observou-se o estancamen- todo processo de federalizacio das instituigdes particulares. Com 0 golpe militar de 1964, tais tendéncias se concretizaram, com a gran- de ampliagao de vagas nas escolas privadas, particularmente dos Estabelecimentos Isolados (Ver Cunsia, 1989; 2000) 96 Procurou-se, igualmente, adaptar as instituigoes académicas brasileiras ao modelo institucional norte-americano, contando governo nesse empreendimento com o apoio da USAID (United States Agency for International Development). Em 1968, com a Lei 1n°5.540 e com uma série de Decretos, esse nivel de ensino sofreu profundas modificagoes, particularmente no ambito das Instituicoes Federais de Ensino Superior (IFES). A Lei de Reforma Universitaria tinha normas rigidas que, em grande parte, perduram até hoje. Den- tre as medidas propostas com a finalidade de aumentar a eficiéncia ea produtividade do ensino superior sobressaem: * 0 sistema departamental - retinem-se num mesmo departamento as disciplinas afins, com a finalidade de se evitar a duplicagao de trabalhos e para aumentar a taxa de utilizagao de recursos, espa- cose instalagdes; 0 vestibular unificado - nao s6 unificado, como também classificat6- rio. Organizado por drea de conhecimento, a partir dele preen- chem-se as vagas de todas as escolas, 0 que de outra forma s6 ocorreria se os candidatos se inscrevessem em varios vestibulares. E classificatério porque s6 ingressam 0s candidatos que obtive- rem as melhores médias, relacionadas ao mesmo total das vagas; + ociclo bésico - os alunos fazem, durante um ano, disciplinas de um curso basico, preparatério a todos os cursos de determinada area de conhecimento, Posteriormente, seriam distribuidos nos diver- sos cursos, de acordo com a sua opgio, desempenho no ciclo basi- co, disponibilidade de vagas ete; #0 sistema de créditos e a matricula por disciplina - os alunos nao se matriculam mais em todo um conjunto de disciplinas, que consti- tuia uma série escolar anual. A matricula passa a ser feita por dis- ciplina, semestralmente, permitindo ao aluno maior flexibilidade na composicao do seu curriculo semestral, austando-o as suas dis- ponibilidades; + 0 desdobramento académico do grau de graduagio - 0s cursos de gra- duagdo tinham a duracdo de trés a seis anos, correspondendo a ‘um curso profissional completo. A partir da Lei de Reforma Uni- versitéria surgiram cursos de curta duragio (na realidade, sendo uma fragdo do curso completo); «+ a pos-graduagio - programas ou cursos de pés-graduacio, em nivel de mestrado e doutorado, prevendo que se cursassem disciplinas ¢ 7 se elaborassem, respectivamente, dissertacio e tese (isto é, traba- Thos de pesquisa que exigem a es Iha e 0 desenvolvimento de um liografia e documentacao especi- izada, bem como a discussao publica do texto escrito diante de banca examinadora composta por professores e especialistas. As dissertacoes de mestrado e teses de doutorado sio desenvolvidas nanciamento a pesquisa cientifica e tecnol com 0 fisica das atividade da cidade, 0 que dificultava aos tas e outros atos de protesto contra o regime militar; ‘* @ extingio da edtedra vitalicia ~ anteriormente cada disciplin: lum professor concursado, autoridade maxima naquele dominio de estudos, que dirigia os trabalhos até a sua morte ou aposentado- ria, sem que houvesse qualquer possibilidade de se compartilhar esse poder quase absoluto. Cria-se uma carreira académica em que 0s docentes s4o promovidos, basicamente, de acordo com os titulos obtidos em concursos, provas, defesas priblicas de dissertagées, te- ses, monografias etc. (Cf. CunHa, 1989; CHaut, 1980). Deve-se acrescentar, ainda, que a Constituicao Federal de 1988 efetivou todos os docentes e funcionérios técnico-administrativos, regidos por um regime juridico tinico, isto é, homogéneo para todas, as IFES do pais. Foram abolidas, também, as re: ias em campus afastado idantes a realizacio de passea- Observou-se que, se durante o regime mi federais conseguiram rel po docente e de funcionarios crescessem bastante, no periodo pos- terior a 1985 - em que pese certo afrouxamento do governo no referente a escolha dos dirigentes das unidades univer sua rede -, seus orgamentos passaram a ser rigidamente controla- dos. Consegtientemente, a reposigao de seus quadros tornou-s ‘mitada, quase sempre ocorrendo numa proporsao inferior ao ntimero de aposentadorias e de demissdes. As universidades piiblicas fede- rais passarama ser criticadas duramente pelo governo, especialmente em termos da sua eficécia na gestao dos recursos puiblicos, da pouca expansdo das vagas nos cursos de graduacao, da falta de flexibilida- de curricular para atendimento as necessidades do mercado e da pouca mobilidade na captagio de recursos alternatives. 98 Em dezembro de 1996, foi aprovada a Lei n’ 9.94/96, conheci- da como LDB, que tem um capitulo especifico sobre a educacao su- perior ~artigos 43 a 57. Comentaremos, em linhas gerais, as inovagées que esse dispositivo legal apresenta. Os artigos de 43 a 50 se ocu- pam da educagao superior de modo geral e os restantes referem-se especificamente s instituig6es universitérias. lar classificatério deixa de ser a tinica for- ‘ma de ingresso nas instituigbes de ensino superior. Ao invés de uma tinica prova, fixada em determinado perfodo do ano, abre-se a possi- bilidade de processos seletivos diversificados. Nesse sentido, 0 go- verno criou o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), objetivando fornecer mecanismo auxiliar de selesao a ser utilizado nos processos seletivos, bem como permitir uma avaliagao do ensino médio e o for- necimento de critério para contratagao dos profissionais pelas em- presas. Além disso, as universidades ¢ os centros universitarios podem, 1es e problematicas emer- criar cursos, com teméticas interdisci gentes (Cr. Cury, 1998). A autorizagao e 0 reconhecimento de cursos, bem como o cre- denciamento das instituigdes de educacao superior, terao prazos li- mitados, sendo renovados apés processo regular de avaliacao. Se 4 se elas ainda persistizem, prevé-se a desativacdo de cursos e habilitagSes, a inter- vengao nas escolas e, no limite, o descredenciamento. Estabelece-se que 0 ano escolar deverd ter, no minimo, 200 dias de trabalho efetivo, descontados os dias reservados aos exames fi- nais. Hé, também, jovidade interessante: os estudantes que tiverem excelente aproveitamento poderdo abreviar a duragio de as universi- linar, com dades. Define-se unis tuigdo pluri nalizada na pesquisa, na docéncia e na extensio de servigos a comu- idade. Prevé-se, ainda, a criagdo de instituigdes especializadas de alto nivel de um determinado campo do saber. Estd prevista, no artigo 53, a lista das atribuigées constantes de qualquer universidade, no exercicio de sua autonomia, dentre as, FACULDADE DE EDUGAY __Bistioteca 7 quais se destacam a fixagéo de vagas, curriculos, planos, projetos, a atribuigio de graus e diplomas, a aprovacao de planos de investi- mentos e a capacidade para assinar convénios e acordos de coopera~ cao. Todas essas decisdes devem ser tomadas pelos 6rgaos colegiados dessas instituigoes, inclusive aquelas relativas & contratagao e dispen- sa de professores, bem como a constituigao de planos de carreira Outro artigo da LDB estabelece que as universidades off terao um “esiatuto juridico especial”, o que contraria, no entender de varios estudiosos, a Constituigao Federal de 1988. Nesse senti- do, as universidades ptiblicas poderiam estabelecer seus planos de carreira, 0 quadro docente, técnico e administrative e os pa- drdes de remuneragao. A gestio democratica est assegurada mediante a existéncia de 6rgaos colegiados deliberativos, que contam com a participacio dos “segmentos da comunidade institucional, local e regional”. Toda- via, estabelece ainda que os docentes ocupem 70% das vagas em cada 6rgao colegiado ou comissao. Finalmente, o artigo 57 obriga os professores a ministrar, nas instituigdes ptblicas de ensino superior, um minimo de 8 horas se- manais de aula. Esse tipo de detalhamento contradiz 0 discurso go- vernamental de que a nova LDB foi pensada como uma Lei “enxuta” Por outro lado, mostra que o governo nao deixou pasar a oportuni- dade de instituir na Lei mecanismos que expressassem sta politica, especialmente para as instituigoes por ele mantidas. Carlos Roberto Jamil Cury (1998) entende que a atual LDB su- gere uma reforma em curso, estruturada em torno de dois grandes eixos: a avaliagdo e a autonomia. A avaliacao ser uma espécie de controle de resultados e dela dependeré a reestruturagao da comu- nidade académica e do aparato governamental, uma vez que é a partir dela que as instituig6es deverdo receber maior ou menor quan- tidade de recursos. J4 a autonomia esté associada a idéia de flexibi- lidade que, no que se refere as universidades, significa dizer que estas passam a responder por um conjunto de atribuicdes cada vez, temas de ensino. maior e praticamente livre de controle do: Nesse sentido, Cury (1998) escreve que tal reforma do ensino su- petior brasileiro poderia ser caracterizada pela denominagao de “au- tonomia universitaria avaliada”. Resta saber, entretanto, se sees dispositivos vao conduzir a uma qualidade maior das instituicdes 10 BisLiotecr aa nl universitérias ou se os recursos que serdo destinados as distintas unidades sofrerao restrigGes nem sempre adequadas as diferencia- gies desse conjunto de instituigdes. Com a promulgagao da LDB, em 1996, um conjunto de instru ‘mentos legais tratou (e vem tratando) de detalhar essa reforma na pratica. Os préximos pardgrafos do presente item serao dedicados a essa analise, bem como a explicitagao das mudangas recentes nas Instituiges de Ensino Superior (IES) do pais. Uma parte das instituigbes privadas comegou a investir, H alguns anos, na formacao de grupos de pesquisa e de pés-gradua- a0, melhorando a qualidade de seu corpo docente. Isso foi e esta sendo possivel gracas a aposentadoria precoce de grande contin- gente de professores, portadores do titulo de doutor, que traba- Iharam em universidades publicas e decidiram migrar para instituigdes privadas, por duplo motivo: receio de perder uma sé- rie de vantagens adquiridas e que o governo ameaca cortar; rece- ber um segundo salatio. ‘As universidades confessionais (catélicas, luteranas e metod tas) procuram diferenciar-se das demais e, assim, pleitear recursos pblicos com legitimidade. Com essa finalidade, criaram a ABRUC (Associacio Brasileira das Universidades Comunitiias). Sao u sidades néo-lucrativas, pertencentes & “comunidad” e que no tém sécios ou acionistas. Dessa maneira, pretendem diferenciar-se das universidades propriamente privadas, que se organizaram em torno da ANUP (Associacéo Nacional das Universidades Particulares) Luiz Anténio Cunha (1997) escreve que as universidades con- fessionais defendem “a montagem de um sistema de avaliagao am- plo, que fornega critérios objetivos para a premiagio ou a punicao das IES independentemente do fato de serem mantidas por associa~ ges privadas ou pelos governos federal, estaduais ou municipais. As instituigdes de baixa qualidade deveriam ser descredenciadas, devido a ganancia, a incompeténcia, ao desleixo ou a falta de ‘espi- rito puiblico’. Em contrapartida, as instituigdes de alta qualidade de- veriam ser premiadas com recursos para o financiamento do ensino e da pesquisa, em especial desta tiltima atividade”. Por sua vez, 0 Decreto presidencial n° 2.207/97 estabeleceu dis- tingdes inéditas para o sistema de ensino superior brasileiro, no que diz respeito a fronteira entre as esferas puiblica e privada. Assim, 101 ‘vamos ter as IES piblicas, as IES privadas sem fins lucrativos e as TES privadas com fins lucrativos; estas tiltimas ficariam obrigadas a pa- gar uma série de encargos sociais, parafiscais e trabalhistas, bem como impostos sobre o patriménio, que até entao nao desembolsavam. Acon- teceram fortes reag6es contrérias a tais medidas legais da parte das IES particulares com fins lucrativos, levando 0 governo a alguns re- cuios, coma finalidade de amenizar um pouco o alcance dessa legisla- ‘40. Foi com esse objetivo que o governo editou o Decreto n° 2.306/ 97, que revogava o Decreto n° 2.207/96 (Ck. Cuntta, 1997). O novo decreto estabelece, também, tipos de IES, devendo to- das elas ser periodicamente recredenciadas pelo MEC. Os tipos de instituigdes sio os seguintes: * Universidades - caracterizam-se por oferecer ensino, pesquisa € ex- tensdo; tém autonomia didatica; podem abrir e fechar cursos vagas sem autorizacao (exceto em areas médicas). + Centros Universitérios - caracterizam-se por oferecer ensino de ex- celéncia (na maioria dos casos nao tém pesquisa e extensa0); po- dem atuar em uma ou mais areas do conhecimento; podem, a exemplo das universidades, abrir e fechar cursos e vagas, sem au- torizacio. + Faculdades Integradas - constituem-se em um conjunto de insti- tuigdes em diferentes éreas do conhecimento; oferecem ensino e, as vezes, pesquisa e extensio; dependem da autorizagao do Con- selho Nacional de Educagao (CNE) para criar cursos ¢ vagas. + Institutos Superiores ou Escolas Superiores — atuam, em geral, em uma rea do conhecimento; podem realizar ensino ou pesquisa; depen- dem da autorizagio do CNE para expandir sua drea de atuacao, No final de 1995, instituiu-se o Exame Nacional de Cursos, 0 chamado “Provao”, mediante o qual os alunos que concluem 0s cur- sos de graduagao passam por uma avaliagao geral, através de prova escrita. Com 0 “Provao", teve inicio a montagem de um sofisticado mecanismo de avaliacao que prevé, além do descredenciamento de instituicdes de ensino cujos estudantes tiveram desempenho insa tisfat6rio, 0 reordenamento institucional das universidades, segun- do os tipos descritos nas linhas anteriores. Esse procedimento ira produvzir, de acordo com Luiz Anténio Cunha (1997), duas mudan- gas profundas no campo do ensino superior brasileiro, quais sejam, “a diferenciacio das instituigdes privadas com fins lucrativos, que am ficardo excluidas dos beneficios dos recursos ptiblicos” e “a diferen- ciagao das instituigdes dotadas de autonomia universitéria, tanto Gblicas quanto privadas, a maioria delas provavelmente ‘rebaixa- constitucional da necessidade conjunta entre ensino, pesquisa e ex- tensdo deixaria de prevalecer. ‘A partir de consideragdes realizadas por Cunha (1997; 2000) e por Silva Jr. e Sguissardi (1999; 1999a), podemos concluir, ainda que provisoriamente, que hoje a linha principal de demarcagao interna do ensino superior deixa de passar pela distingao entre 0 estatal e 0 privado para delimitar a diferenga especifica entre a exceléncia e a mediocridade; que é bem provavel, a continuarem as mudangas, 0 desaparecimento, a médio prazo, das instituigdes estatais publicas no formato em que existem hoje. Além disso, os estucos na drea destacam como tragos marcantes do sistema ou como tendéncias em curso, a(o): + heterogeneidade do ponto de vista quanti + intensificagao do processo de diversificagao, flexibilizacao, dife- renciagio e segmentacao horizontal e vertical do sistema; tivo e qualitativo; + ampla e excessiva regulamentacio; * controle do Estado através de diferentes processos e mecanismos de avaliagao; ‘ maior presenga do setor privado na oferta ¢ atendimento ao alu- nado (privatizagao); ‘ tendéncia de expansio do sistema, sobretudo nas IES estaduais ¢ privadas; + melhor qualidade dos cursos de graduagao das IES ptiblicas; ‘+ maior volume de pesquisas nas IES ptiblicas, especialmente nas estaduais da regio sudeste (USP, UNICAMP e UNESP) e nas IFES de médio e grande porte; + melhoria crescente da qualificagéo docente; + enxugamento das fungdes docentes no setor piiblico, principal- mente nas IFES; ‘+ aumento do ntimero de alunos por docente e a diminuicéo do custo aluno médio nas IFES; + crescimento da taxa de concluintes nas IES publicas; «+ redugao orgamentaria para a manutengao das IFES; 103 * aprofundamento dos vinculos universidade-comunidade-setor produtivo; + busca de maior eficiéncia e produtividade académica, Enesse quadro que o MEC, por intermédio dos seus érgaos t6c- nicos - e como prevé a LDB (Lei n° 9394/96) nas disposices transi- t6rias (art. 87, § 1°) -, apresentou, em agosto de 1997, sua proposta para a elaboragao do Plano Nacional de Educagao (PNE), indicando diretrizes e metas a serem atingidas nos proximos dez anos. Mere- cem destaque as seguintes metas: * prever oferta de ensino superior a pelo menos 35% da faixa ctaria jovem; ‘+ ampliar a oferta de ensino ptiblico na mesma proporsao, por meio de parceria da Unido com os Estados na criagao de estabelecimen- tos de ensino universitério (Centros Tecnolégicos, Centros de For- ‘mago Profissional, Centros de Formacio nas Ciéncias Sociais Aplicadas, Centros de Formagao de Professores); * estabelecer politica de expansao que diminua as desigualdades de oferta que existem entre as diferentes regides brasileiras; + ampliar o crédito educativo, associando-o ao proceso de avalia- ao das instituig6es privadas; ‘+ reformar os curriculos minimos, incentivando inovagées; * assegurar a efetiva autonomia didética, cientifica, administrativa e de gestio para as universidades puiblicas; + oferecer apoio governamental as instituigées comunitérias (que comprovem nao possuir fins lucrativos, mas que cobram mensali- dades e matriculas dos alunos); * estender competéncias de modo a assegurar a autonomia as insti- tuig6es ndo-universitirias puiblicas e privadas, com base no siste- ma de avaliacao; iversificar as instituigdes de ensino superior, com a finalidade de ampliar a oferta de ensino; * institucionalizar amplo e diversificado sistema de avaliagao que englobe os setores puiblico e privado; * institucionalizar sistema de recredenciamento periédico das insti- tuigées de ensino e dos cursos superiores, apoiado em processo regular de avaliagao; * estabelecer amplo sistema de educagao a distancia; 104 * criar politicas compensatérias que facilitem o acesso ao ensino superior das minorias, vitimas de discriminagao; + consolidar ¢ desenvolver a pos-graduagao e a pesquisa de ponta nas universidades; ‘+ generalizar a pratica de pesquisa como elemento integrante de todo o ensino superior. Essas metas tém levado muitos estudiosos & discordancia, uma vez que as véem como invidveis, irrealistas ou mesmo demago; cas. Entretanto, 0 que parece estar bem nitido para quase todo mun- do 6 que varias das metas articulam-se as recentes transformagdes introduzidas a partir da segunda metade da década de 90, funda- mentalmente com a promulgagao ou a edicdo de uma série de dis- positivos legais, caracterizando uma nova reconfiguragao da educacao superior brasileira Estado e universidade publica: organizagio social e “autonomia contratualizada” Desde o primeiro mandato presidencial de Fernando Henri- que Cardoso (1995-1998) tém sido implementadas uma série de politicas e um conjunto de medidas “cotidianas” que jé configu- ram a existéncia de “nova” reestruturagao da educagao superior no Brasil, que envolve, em especial, um “novo” padrao de moder nizagio e de gerenciamento para o campo universitério, inclusos no atual paradigma de produgao capitalista e na reforma da admi- nistracao ptiblica do Estado. Nesse processo, vem-se colocando em discussao 0 conceito de universidade’ e, principalmente, a natureza e a relevancia social das universidades puiblicas, em particular das federais. Além dis- so, 0 governo vem advogando e empreendendo agées que tornem, o ensino superior brasileiro cada vez mais variado, flexivel e com- petitivo, de acordo com a dinamica do mercado, embora controla- do e avaliado pelo Estado. Esse empreendimento governamental, entretanto, tende a tor- nar o ensino superior ainda mais heterogéneo e desigual se contra- posto a um modelo unificado e equilibrado que se perseguia por meio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensao e que, historicamente, vinha buscando constituir um sistema nacional com 105 ‘maior grau de integracao, homogeneidade, convergéncia e, inclusi- ve, afinado com o desenvolvimento econdmico e social do pais. O principal agente da reforma da Educagao Superior br tem sido 0 Estado, ou seja, o Poder Executivo federal, através do extinto Ministério da Administracao Federal e da Reforma do Esta- do (MARE) e do Ministério da Educagao e do Desporto (MEC). Como agentes coadjuvantes, encontramos a Associagao Brasileira das Man- tenedoras (ABM), a Associagao Nacional das Universidades Parti- res (ANUP), a Associagéo Brasileira das Universidades ‘Comunitarias (ABRUC), o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), a Associagio Nacional de Dirigentes de Institui- oes Federais de Ensino Superior (ANDIFES) ¢ a Associacao Nacio- nal dos Docentes do Ensino Superior (ANDE: © governo FHC, por meio do MEC e do MARE, efetua, desde 1995, uma reforma da educagao superior considerada fragmentaria, especialmente porque vem ocorrendo através de uma série de ins- trumentos legais, como leis ordinérias, decretos, portarias, emen- das constitucionais e diversas medidas provisérias. Para Silva Jr. € Sguissardi (1999 a), “trata-se de um conjunto significativo de altera- Ges pontuais, politicas, legais, estruturais e gerenciais da educacio superior, sem a esperada ampla discussao [..] com os envolvidos e diretamente interessados nesse processo”. J4 em 1995, 0 ministro Bresser Pereira, do MARE, previu em seu. projeto de reforma do Estado a implantacao das organizagdes saciais, entidades puiblicas nao-estatais (fundagdes privadas ou sociedades civis sem fins lucrativos) que prestariam servigos em diversas éreas, Assim, as universidades federais seriam transformadas em organiza- Bes sociais, regidas por um contrato de gestdo, Tal formulagao se coa- duna com ai ‘um espago crescente “entre 0 Estado e mercado: o puiblico néo-estatal” (Bresser Pereira & CuNiLt Grav, 1999). Na visdo do governo, esse espago seria 0 mais adequado para a pro- dugio de servigos sociais nao-estatais, tais como educacao e satide. 0 Estado, em seu processo de reestruturacio, deveria promover a am- pliagdo do espaco piiblico nao-estatal, chamado também de terceiro setor, através do financiamento limitado ou parcial das organizaoes sociais e da adogio do gerenciamento empresarial. Os servigos seri- am organizados de forma competitiva, “com financiamento em parte do Estado e em parte diretamente do setor privacio em forma de con- tribuigdes ou pagamentos por servicos prestados” (1999, p. 35) 106 Essa forma de organizacao da “propriedade puiblica” em “quase- mercados” e de geréncia da administragao puiblica é que promoveria a eficiéncia ea competitividade requeridas, uma vez que procuraria “na- turalmente” atender as necessidades e demandas dos diferentes clien- tes. Ao estimular a competigao nesse espago “entre a proviséo e a produgao”, acredita-se que haveria uma ampliacio das possibilidades de escolhas dos usudrios e, desse modo, uma maior eficiéncia produti- vva (Bxesser Perea & Cunt. Grav, 1999; Mora.ss, 1999). [Nessa formulagao governamental, as universidades federais fazem parte do setor dos servigos néo exclusivos ou competitioos do Estado (Bressex Pereira, 1999). Esses servigos “so aqueles que, embora nio envolvendo poder de Estado, o Estado executa e/ou subsidia”, uma vez que “nao podem ser adequadamente recompensados no mercado por meio da cobranga de servicos"(p.41). Caso fossem, “a privatizacao uma alternativa adequada quando a instituigao pode gerar todas as suas receitas da venda de seus produtos e servigos, e o mercado tem condigoes de assumir a coordenagao de suas atividades”(p.45). As universidades, portanto, so vistas como espaco privilegia- do para a criagao da propriedade piiblica nao-estatal, assim como todas as instituigdes que prestam servicos sociais ou cientificos. Por essa razdo, elas seriam controladas de forma mista pelo mercado e pelo Estado, especialmente mediante a cobranca ¢ a aferigdo dos servigos prestados. Além dos olhos atentos do mercado, as univer- sidades seriam controladas gerencialmente pelo Estado por meio de “novos” procedimentos burocraticos, dos resultados e da com- peticao administrada (Bressex Penta & Cunitt. Grav, 1999, p. 24) Nesse sentido, como parte fundamental desse esquema geren- cial de controle, seria celebrado um contrato de gestdo com o Poder Piiblico, por ocasio da transformacao “voluntaria” das universida- des em organizagdes sociais (1999, p. 46). Essa contratualizacao entre 0 Estado e as universidades federais garantiria, como contrapartida, a “concessio de autonomia financeira e administrativa”. ‘E evidente que nessa formulacao a “autonomia” é negociada caso a caso, a par- tir, especialmente, do estabelecimento de metas e obrigagbes que a organizagao social assume junto ao Poder Piiblico para obtengio de parte dos recursos que precisa para sua manutengao e expansio Como se vé, a proposta de reformulagao das universidades fe- derais implica numa autonomia bastante relativa,’ ou melhor, numa 107 autonomia controlada pelo Estado e pelo mercado. Na verdade, ela se insere no proceso de minimizagao do Estado e, portanto, de limi- tagéo dos fundos piiblicos no tocante ao financiamento das politicas, piiblicas. Insere-se também, como evidenciam Silva Jr. & Sguissardi (1999), num quadro de subordinacao da esfera educacional a esfera econémica, de restrigao da esfera puiblica e ampliacao da esfera pri- vada, num crescente processo de mercantilizagao da educagao supe- rior. Para esses autores, 6 de fundo ideol6gico liberal a identificagao de uma suposta existéncia de outros espagos intermediarios entre 0 ptiblico e 0 privado (0 semipiiblico ou o semiprivado), dando a im- pressdo da emergéncia de tais espacos. Trata-se, na verdade, da rede- finico dos espagos ptblico e privado diante da necessidade estrutural de expansao do préprio capital (1999, p. 81, 120) A “autonomia” proposta se vincula claramente ao aprofunda- mento da transformacao da natureza das universidades federais. Tais instituicdes deveriam assumir um perfil organizacional mais prdximo das empresas prestadoras de servigos ao mercado (organi: zages sociais), subordinando-se, de maneira crescente, ao setor pro- ditivo, O financiamento diferenciado, vinculado a um sistema de avaliagao de desempenho, estaria no centro desse processo de pro- mocio da diferenciagao institucional. O acirramento da concorrén- Cia interinstitucional levaria as universidades federais a um constante processo de ajuste, em termos da racionalizagao das formas de ges- tao e da prestacdo de servigos adequados ao contexto local e regio- nal. Nesse sentido, as universidades assumiriam, gradativamente, uma racionalidade operacional, produtivista e competitiva, a seme~ Ihanga da empresa capitalista (Craut, 1998, 1999). A diversificagao e a diferenciacao institucional: 0 idedrio da flexibilidade, competitividade e avaliago Nos tiltimos anos, aquilo que se iniciou de modo disperso e de- sarticulado assumiu, claramente, a forma de um amplo proceso de diversificagao e diferenciacao do sistema de ensino superior no Bra- sil, Esse empreendimento tornou-se mais visivel no final do primei- 10 governo FHC (1995-1998), em decorréncia de diagnéstico® que inclufa como problemas principais o(a): 4) esgotamento do modelo tinico baseado na indissociabilidade ensino- pesquisa-extensio; 108 b) tamanho do sistema extremamente modesto para as dimen- sdes e necessidades do pais; «) inadequagao do processo de credenciamento de novas insti- tuigdes, o que gerou um sistema sem competigao e de baixa qualidade; 4) falta de um sistema abrangente de avaliacio do ensino de graduacao; @) desafio de modernizar 0 ensino de graduacao; £) ineficiéncia no uso dos recursos ptiblicos na parte federal do sistema. Diante desses problemas, 0 governo tratou de definir e estimu- lar a expansio e a diversificagto institucional do sistema, bem como a integracto dos diferentes procedimentos de aoaliagao, credenciamento e recredenciamento, objetivando produzir um sistema baseado na fle xibilidade, competitividade ¢ avatiagao. © problema da expansao do sistema comecou a ganhar desta- que em 1997, Naquele ano, o MEC anunciava que iria liberalizar 0 ino superior,” ao mesmo tempo que, contraditoriamente, preten- dia alterar as formas de controle e avaliagao, 0 que veio a ocorrer depois, por meio da implementagao de mecanismos de centraliza- ao desse processo, particularmente mediante a criagao do Exame Nacional de Cursos e da redefinigao das bases do credenciamento das instituig6es. Naquele momento, o governo entendia que era pre- ciso “criar outros cursos universitérios” e permitir “a abertura de mais vagas na graduagao de instituigoes privadas”, objetivos que foram plenamente atingidos, conforme registra 0 Censo do Ensino Superior 1998, quando constatou-se que as matriculas no setor pri- vado haviam ultrapassado o percentual de 60%." Esse crescente dominio das instituigées particulares est ocor- rendo, em grande parte, porque o ensino superior jé ¢ considerado sum dos negécios mais lucrativos do lenciado pela rapida expansio do mercado educacional brasileiro. “Enquanto de 91 a 97 © PIB cresceu 22,6%, 08 servigos educacionais evoluiram 24,5% no ensino médio e 24,2% no ensino supe: representando 1% do PIB"? Nao é por acaso que a maior “universidade” do relagao ao niimero de estudantes em nivel de graduagao, i Universidade Paulista (UNIP), que conta com cerca de 53 mil al nos, seja uma IES privada."*E, ao que parece, nao ha intencao pol See de reverter esse processo de privatizagao. Pelo contrétio, 0 proprio zministro da Educagio entende que “queiramos ou néo [..] a cobranca de mensalidade ou antiidade estaré na agenda dos proximos anos”, no caso das federais. A expansio do ensino superior, segundo 0 ministro da Educa- §@0, Paulo Renato Souza, deveria ocorrer através de “varios tipos de universidade” e outros formatos institucionais! que gozassem de autonomia para se dedicar exclusivamente ao ensino, podendo ctiar cursos e expandir suas vagas. Segundo o ministro, esse arranjo fundamental para ampliar a liberdade de crescimento da oferta de vagas pois, no seu entender, “a universidade é um mito” que “esta restringindo a expansao da oferta” e que, portanto, precisa ser su- perado no Brasil, uma vez que seria possivel “expandir com quali- dade” fora daquela instituigao. Nesse sentido, como decorréncia da flexibilizagao do sistema promovida pela LDB, os chamados centros universitérios, criados como uma nova modalidade de instituigao, voltados para o “ensino de exceléncia”, deveriam assumir essa nova {arefa. Além disso, foram forjados também outros formatos institu cionais (faculdades integradas, faculdades ¢ institutos superiores ou escolas superiores) que poderiam contribuir para a expansio do ensino superior, disciplinados pelo Decreto n° 2.306/97, Essa formulagdo do MEC explicita, portanto, uma posigao contraria ao modelo unificado de universidade baseada no princfpio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensio, previsto no art.207 da Constituigo Federal de 1988" e considerado um “mito” © uma “asneira” por Castro (1999). Para Paulo Renato Sowza, “es- sas trés areas de atuacdo deveriam ser integradas em um sistema com diversos tipos de instituigao”, contribuindo para a constituigao de um sistema diferenciado.”® Desde 0 inicio do proceso de diversificacao e diferenciagio da educagio superior, como prinefpios orientadores da atwal reforma, havia, por parte do governo, uma forte conviegio de que a corrida das instituigdes privadas para se tomnarem universidades deveria ser Paralisada, mediante a oferta de vantagens comparativas em termos de autonomia para a oferta de ensino. Essa posigao 6 corroborada por Castro (1997), quando afirma que “ha que se concentrar os recursos naqueles que demonstram reais pendores ¢ promessas, em vez de dispersé-los a esmo” e pelo Reitor da UNICAMP e ex-presidente do CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), José Martins Filho, quando entende que a pesquisa avancada é “um atributo a ser mantido apenas na elite das instituigdes dedicadas a0 ensino superior”. Essas posigdes estao em consonancia com 0 “pro- grama do Banco Mundial”, que “visa financiar centros de excelén- cia em pesquisa cientifica”.* Além disso, 0 Censo do Ensino Superior 1998 registra, ainda, algumas tendéncias e, a0 mesmo tempo, medidas para a diversifi- cagao do sistema que objetivam a expansio e o “desafio da massifi- cacao do ensino superior no Brasil.” Sao elas: a) ctiagao de centros universitatios, com autonomia para o de- senvolvimento de atividades na drea de ensino e formacao profissional; ) regulamentagao dos chamados cursos seqiienciais, isto é, cur sos superiores de curta duragéo voltados para uma formacio, profissional especifica ou para complementagao de estudos, como “alternativa ao acesso da sociedade ao ensino de 3! gra ©) flexibilizacdo curricular que incentive o desenvolvimento de projetos pedagégicos mais especificos, procurando atender aos interesses regionais, combater a evasio, aumentar a par- ticipagao dos setores que integram a formacao e ampliar 0 espaco do aluno na definigao do seu curriculo, além de ade- quar os cursos as demandas do mercado de trabalho; 4) angamento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), com a finalidade de diversificar 0 processo de acesso, oferecendo alternativa(s) de associagéo ou substituigao do vestibular. Atualmente, 0 ensino superior convive com duas configura- Ges institucionais. Uma, fruto da legislacdo anterior ao primeiro governo FHC, divide as IES em trés grupos: a) universidad. federacdes de escolas e faculdades integradas; c) estabelecimentos isolados. Essas instituig6es apresentam fungoes diferenciadas ¢ podem ser publicas ou privadas. Quando puiblicas, sio basicamente dependentes financeira e administrativamente da Unido (IES fede- ral), dos Estados (IES estadual) ou dos Municipios (IES municipal). A coutra configuracio, resultante da nova LDB (Lei n° 9394/96) e da le- gislagao complementar, especialmente do Decreto n° 2306/97, esté tor- nando o sistema ainda mais heterogéneo e diversificado, Como vimos m1 anteriormente, na nova organizagdo académica encontramos as se- guintes IES: universidades, centros universitérios, faculdades inte- gradas, faculdades e institutos ou escolas superiores. Com essa mudanga, nesse momento de transicio, o Censo do Ensino Superior 1998 ja dividiu as IES em: a) universidades; b) faculdades integra- das e centros universitarios; c) estabelecimentos isolados. Enesse quadro de diversificagao e diferenciagao que 0 governo vem implementando a idéia de um sistema educacional competiti- vo. Para tanto, ele deve ser diversificado e avaliado permanente- mente mediante um sistema de avaliagao com incentivose punicoes, uma vez que se acredita que tal sistema promoveria a eficiéncia, o desempenho e a produtividade. Desse modo, os mecanismos ¢ ins- trumentos de avaliagio devem ser pensados ¢ instituidos objetivan- do estimular a competicdo, a modernizacéo e a ampliagao da qualidade do ensino de graduacao. O Estado avaliador e controlador: a constituigao do sistema de avaliacao da educacao superior Nos tiltimos cinco anos se vem constituindo amplo sistema de avaliagao do ensino superior que contempla um conjunto de meca- nismos e procedimentos®, incluindo alguns jé existentes anterior mente, como € 0 caso da sistematica de Avaliacio dos Programas de Ps-Graduagao, 0 Programa de Avaliagio Institucional das Univer- sidades Brasileiras (PAIUB) e as Avaliagdes de Cursos de Gradua- (0 pelas Consissaes de Ensino.* De um modo geral, o sistema de avaliacao do ensino superior vem adquirindo grande centralidade no processo da reforma, prin- cipalmente se se levar em consideracio 0s procedimentos de avalia ao introduzidos nos anos recentes, tais como o Exame Nacional de Cursos (ENC), iniciado em 1996, e a Acaliago das Condigies de Oferta de Cursos de Graduagio, a partir de 1997. Além desses instruments, © governo tem produzido censos com indicadores quantitati- vos globais, que fornecem estatisticas da evolucio do sistema e so- bre a situacao particularizada de cada IES. Vale lembrar, também, que no caso das IES, mantidas pelo Executivo Federal, o volume de informagies que vem sendo obtido é ainda maior, uma vez que 0 governo dispde de sistemas de acompanhamento e controle de pessoal e de aplicagio dos recursos orcamentarios, além de contar m2 enn pane a com as informagées obtidas através da Gratficagao de Estimulo a Do- céncia, programa criado em 1998. Observa-se, portanto, que o governo FHC vem instituindo um sis- tema de avaliagao que privilegia o ensino de graduagao,” sistema esse articulado a politica de expansao do ensino superior que esté sendo praticada no pafs. No contexto dessa expansio, a avatiagao tem a in- cumbéncia de zelar pela qualidade dos cursos e das instituigées, im- pondo uma “cultura de aprimoramento”, Segundo Paulo Renato Sours a “politica de avaliagao e expansio do ensino superior” adotada, devi- do as “distorgdes do sistema” e aos “baixos percentuais de oferta”, per- mite que ocorra uma “abertura de novos cursos”, sem restricio ou cerceamentos corporativos de algumas reas profissionais. Paraele, “as limitagdes orgamentérias a expansao da esfera publica, onde tentare- ar a oferta por meio do projeto de autor [1] faz com que dependamos da iniciativa privad: A vinculagdo da expanso do ensino superior com um determi- nado tipo de avaliagao teve inicio com 0 ENC. Todavia, foi melhor explicitada em 10 de outubro de 1996, quando o Presidente da Re- piblica baixou 0 Decreto n° 2.026/96, que “estabelece procedimen- tos para o processo de avaliagdo dos cursos ¢ instituigdes de ensino superior”, Esse Decreto promove ampla reorganizacao do sistema de avaliagao do ensino superior, inclusive ajustando os mecanismos avaliativos existentes anteriormente, Os procedimentos indicados no processo de avaliagao dos cursos ¢ instituigoes de ensino superior, sio os seguintes: conforme o ar I-andlise dos principais indicadores de desempenho global do sistema nacional de ensino superior, por tegiao e unidade da federagio, segundo as 4reas do conhecimento e 0 tipo ou a natureza das instituigdes; II avaliagao do desempenho individual das instituigdes de en- sino superior, compreendendo todas as modalidades de en- sino, pesquisa e extensao; IIL avaliagdo do ensino de graduagao, por curso, por meio da anélise das condigées de oferta pelas diferentes instituigées de ensino ¢ pela andlise dos resultados do Exame Nacional de Cursos; TV -avaliagio dos programas de mestrado e doutorado, por érea do conhecimento. ua Percebe-se a clara intengdo de imprimir uma orientagao mais, articulada aos diferentes instrumentos de avaliagéo existentes ou que vinham sendo implementados na educacao superior, como se fossem mecanismos ou procedimentos complementares e, portan- to, expressassem uma concepcao tinica e global de avaliagao desse nivel de ensino. O proprio Decreto deixa claro que os procedimen- tos de avaliacéo “sao complementares, porém independentes, po- dendo ser conduzidos em momentos diferentes e fazendo uso de métodos e técnicas apropriados a cada um’ (art2°) Para entender essa recomendagéo quanto aos procedimentos de avaliagao indicados, é preciso compreender que: a) os indicadores de desempenho global, que dio otigem aos Censos do Ensino Superior do MEC, sao anteriores ao gover- no FHC e, portanto, foram ampliados dentro da nova con- cepgao de avaliagao do governo; b) a avaliacao do desempenho individual das IES se daria, prin- cipalmente, por meio do ENC, conhecido como “Provao”; ©) aavaliagao do ensino de graduagao, em cada curso, seré feita mediante a andlise das condigdes de oferta desses cursos nas diferentes instituigdes mas, especialmente, pelos resultados obtidos no “Provao”; 4) o atual processo de avaliagéo dos programas de mestrado doutorado foi construfdo ao longo do processo de implemen- tagdo da pés-graduagao no pats, sendo considerado legitimo € eficaz, 0 que levou o governo a manter, em grande parte, a sistematica de avaliagao existente.* De um modo geral, pode-se afirmar que o sistema institufdo estd centrado na avaliagao individual das IES, mediante trabalho de anélise das Condigdes de Oferta dos Cursos a ser efetuado pelas Comissdes de Especialistas designadas pelo MEC, bem como na avaliagao dos cursos de graduacio, por meio do ENC. Na monta- gem do arcabouco legal, percebe-se que a andlise das Condigées de Oferta dos Cursos é complementar aos resultados dos exames na- cionais de cursos, O“Provao”, criado por lei em 1995, embora acopla- doa toda uma sistematica de avaliacao, tem um papel preponderante na remontagem desse cendtio da educacio superior. Essa sistemética de avaliagdo foi complementada pela nova LDB, em 20 de dezembro de 1996, dois meses apés a publicagéo us do Decreton®2.026/96. No tocante a avaliacao do ensino superior, essa lei limitou-se a estabelecer que “a autorizacio e o reconheci- mento de cursos, bem como 0 credenciamento de instituicées de educagao superior, terao prazos limitados, sendo renovados, pe- riodicamente, apés processo regular de avaliagao” (art.46). O §1° do art. 46 prevé que haverd reavaliagao, apés prazo de sanea- mento das deficiéncias, 0 que pode resultar “em desativacao de cursos ¢ habilitagdes, em intervencao na instituigao, em suspen- so tempordria de prerrogativas da autonomia, ou em descreden- ciamento”. De um modo geral, a instituicao de um processo de avaliaco permanente, ou melhor, de uma avaliagao periédica para autorizagao e reconhecimento de cursos e de credenciamen- to de instituicdes é considerada bastante positiva no quadro de crescente expansao, heterogeneidade e de diferenciacao qualita- tiva do ensino superior no pais Verifica-se, portanto, que a sistemética de avaliagao na reforma da educagao superior foi sendo constituida ou “costurada” no pro- cesso de implementacao das politicas de avaliagao do Executivo Federal. Isso nao significa que essas politicas sejam desarticuladas. Na verdade, elas foram sendo editadas como um “quebra-cabeca” que era montado em fungao da situacao politica em cada momento. Se as finalidades nao estavam suficientemente transparentes, a uti- lizacéo dos resultados, que vem sendo feita pelo governo, das dife- rentes sistematicas de avaliacao, explicita quais os fins do processo de avaliagao e controle, bem como quais os mecanismos de av sao privilegiados que dao conta da politica adotada, Na pritica, a avaliag’o vem ganhando grande destaque como forma de controle e de definicao de politicas que estimulem a ex- pansdo competitiva no ensino superior. & nesse sentido que se colo- ca.a introdugao do credenciamento periédico das IES, a criagao do "Provo", a anilise das condigées de oferta dos cursos de gradua- gio e 0s censos do ensino superior, que também estao se constituin- do em instrumentos fundamentais no proceso de ampliagao das informagoes gerenciais eno controle das instituigbes. O MEC enten- de que essas ¢ outras medidas estéo voltadas para estimular a ex- pansdo competitiva, modernizar o ensino de graduacao e estimular a qualidade. “Na realidade, 0 que se requer do sistema é algo tio diversificado que somente pode ser alcancado por um conjunto de politicas coerentes e articuladas”.® us O resultado desses novos processos centralizados de avaliacio, especialmente do “Provao”, tem sido a publicagao de rankings das universidades, a ameaca de fechamento de cursos ou o recredencia- mento automatico para os cursos que obtiverem A ¢ B nos trés iilti- mos “provdes". Como se vé, esses resultados corroboram a idéia de que o sistema educacional deve ser competitivo e que, para tanto, é preciso instituir um sistema de incentivos e punigdes, uma vez que tal sistema operaria na diregao da promogao da eficiéncia, do de- sempenho e da produtividade. Outro aspecto que deve ser considerado nesse processo de re- configuragao do sistema de avaliacio do ensino superior é, exata- mente, o volume de informagées que o MEC vem acumulando sobre cada IES, particularmente daquelas mantidas por ele. Essas infor ‘magdes sao montadas, especialmente, a partir do Provao, dos meca- nismos de credenciamento e recredenciamento, do levantamento das condigdes de oferta dos cursos, da GED, dos Censos do Ensino Su- perior e, no caso das universidades federais, dos sistemas de acom- panhamento e controle de pessoal e das despesas. Como resultado de tudo isso, o MEC co de informagées do ensino superior”, objetivando um “sistema ficado de informagbes educacionais’. Parece evidente, portan- to, que todo esse controle tem por finalidade estabelecer padrdes de ferigdo e comparagio que incentive a competicio no sistema, espe- cialmente a financeira, e permita atingir metas de desempenho esta- belecidas pelo proprio governo. esté implantando “ban- Em que pese todas essas formas de controle, jé ha quem afirme 1 0 “ensino superior cresce sem controle no pais” e que ha claros inais de deterioragao”,* atestados pelas Comissées de averigua- ga0 do préprio MEC Questiona-se, portanto, se nao estaria 0 pro- cesso de aceleracéo da oferta de vagas ¢ das matriculas no ensino superior produzindo uma “armadilha social”, uma vez que tere- mos um sistema diversificado e, ao mesmo tempo, diferenciado em termos de qualidade. Isso, no entanto, nao parece ser uma preocu- pagao para os gestores do sistema de ensino superior no Brasil, pois, parecem assumir a diferenga, a distingao e a desigualdade como principios de organizagao e metas a serem alcangadas. Além do que, talvez rejeitem a pertinéncia da “universidade publica como bem social”, a servigo do bem comum, e a responsabilidade do Estado para com o seu financiamento. ne Formagio profissional e curriculo de graduacio: a flexibilizacao curricular em questo ‘A questo dos curriculos de graduagao comesou, também, a ganhar importancia na reforma da educa¢ao superior a partir de 1995. Dentre os principais elementos que desencadearam essa mo- vimentagdo na érea estao: a) a Lei n® 9.131/95 que, ao criar Conse- tho Nacional de Educagao (CNB), definiu como uma das competéncias desse érgao deliberar sobre as Diretrizes Curriculares propostas pelo MEC, para os cursos de graduagio (alinea “c”, pardgrafo 2° do art 9°); b) a nova LDB que, no inciso Il do artigo 53, cria a necessidade de Diretrizes Curriculares para os cursos de graduacao e permite a eliminagao dos chamados “curriculos minimos”, tornando os curti- culos de graduagao mais flexiveis; ¢) a intensificagao das discussdes internacionais e nacionais sobre diplomas ¢ perfis profissionais, face as mudangas na sociedade contempordnea e, particularmente, no mundo do trabalho; d) o processo iniciado pela Secretaria de Educa- a0 Superior (SESu) do MEC, em 1997, objetivando a implementa- cao das Diretrizes Curriculares para os cursos de graduacao; e) 0 posicionamento assumido pelo Forum de Pré-Reitores de Gradua- cio, especialmente no Plano Nacional de Graduagito, em prol de Dire- trizes Curriculares gerais e fortalecimento dos projetos pedagégicos institucionais e dos cursos de graduagao. Areforma curricular dos cursos de graduagao foi iniciada, con- cretamente, pela SESu/MEC, através do Edital n° 04, de 04 de de- zembro de 1997 em que se solicitou as IES 0 envio de propostas para a elaboracao das Diretrizes Curriculares dos cursos de graduagao, Em seguida, tais propostas serviram de base para o trabalho d. Comissoes de Especialistas de Ensino de cada érea. Conforme o edi- tal, a idéia basica do Ministério era (e é) adaptar os curriculos as mudangas dos perfis profissionais. Para tanto, 0s prineipios orienta- dores adotados para as alteragdes curriculares dos cursos de gra- dluacao foram os seguintes: a) flexibilidade na organizagio curricular; b) dinamicidade do curriculo; ¢) adaptagao as demandas do merca~ do de trabalho; d) integracao entre graduacao e pés-graduacio; e) énfase na formacao geral; f) definigao e desenvolvimento de compe- téncias e habilidades gerais. O objetivo geral que vem orientando a reforma é, justamente, o de “fornar a estrutura dos cursos de gra- duagao mais flexivel” 47 Ao mesmo tempo, 0 CNE aprovou, em 03/12/97, 0 Parecer n° 776/97, que trata da “orientagao para as diretrizes curricula- res dos cursos de graduaga - Neste, o Conselho assume posigio a favor da eliminagao da “figura dos curriculos minimos”, que teria produzido “excessiva rigidez” e “fixagao detalhada de m ‘mos curriculares”, especialmente no que tange ao “excesso de dis- ciplinas obrigatérias” e 4 ampliagao desnecesséria do tempo de duragio dos cursos. No lugar dos “minimos”, 0 CNE propoe mai- or flexibilidade na organizagao de cursos e carreiras profissionais que inclui, dentre outros, os seguintes principios: ampla liberdade na composicao da carga hordria e unidades de estudos a serem ministradas, reducdo de sua duracdo, s6lida formacao geral, prati cas de estudo independentes, reconhecimento de habilidades e competéncias adquiridas, articulagao teoria-pratica e avaliagoes pe- riddicas com instrumentos variados. Essas proposigdes parecem ter encontrado eco e parceria, parti- cularmente no Forum de Pré-Reitores de Graduacao das Universida- des Brasileiras (FortGRAD). O Forum entende que “as Diretrizes Curriculares devem assegurar que as IES proponham o Curriculo em seu sentido mais amplo”, devendo apresentar “flexibilidade de sua estrutura, permitindo ao aluno diversificagao de sua formagao [..]; variedade na oferta de tipos de atividades para a integralizacio curti- cular [...; articulagio entre atividades desenvolvidas pelo aluno no Ambito da Universidade com aquelas de seu campo de atuagao pro- lade ena fissional [...]; énfase em atividades centradas na criativ capacidade de (re)construir, (re)estruturar, (reJordenar e buscar no- vas interpretagdes as " De um modo geral, 05 parametros propostos pelo ForGRAD (1999, p. 19) para as dire: trizes curriculares terio um projeto pedagigico construido coletivamente; serio sxiveis, de modo a absorver transformagées ocorridas nas di rentes fronteiras das ciéncias; ensejarao formagio integral que ompreensio das relagdes de trabalho, de alterna- jeas de transformagio da sociedade, de ques relacionadas ao mei ambiente 8 saiide, na pperspectiva de construcio de uma sociedade susten ceberio a graduagio como etapa inicial, formal, que constroi a base para o continuo e necessirio processo de educagio conti iades complementares em relag30 20 ruada; incorporardo ativ us yrmagio «© pratica; promoverio a Parece haver também, por parte do ForGRAD, entendimento de que é preciso flexibilizar os curriculos dos cursos de graduacio com a finalidade de nao prejudicar em demasia os alunos, espe- cialmente aqueles que trabalham, pois sao bastante elevados o: dices de evasio.” A rigidez curricular é responsabilizada pelo MEC como sendo a principal causa da evasio e, conseqiientemente, pelos baixos percentuais de diplomados."* E interessante observar que nessas formulagées 0 curso de gra- duagao é considerado etapa inicial da formagio dos profissionais, ‘uma vez que prevalece a compreensio de que o acompanhamento “as répidas mudancas no mundo moderno” exigirao educacao con- tinuada. Por isso, as Diretrizes Curriculares deverdo garantir ampla liberdade para a definicao dos curriculos plenos. $6 assim seria pos- sivel formar “profissionais dinamicos, adaptaveis as demandas do mercado de trabalho” e “aptos a aprender a aprender”. Todo esse idefrio da flexibilizactio lar, a0 que parece bas- tante “consensual” nos documentos das instancias executivas res- ponsdveis pela sua formulagio, decorre da compreensao de que estio surgindo mudangas profundas no mundo do trabalho e, conseqiien- temente, nos perfis profissionais, ocasionando a necessidade de ajus- tes curriculares nos diferentes cursos de formacio. Entende-se que o perfil profissional e o modelo de formacio exigidos pelo “novo” paradigma de produgao capitalista podem ser expressos, resumidamente, em dois aspectos: polivaléncia e flexibi- lidade profissionais. Isto estaria posto, com maior ou menor inten- sidade, para os trabalhadores de todos os ramos ¢ para todas as instituigdes educativas e formativas, especialmente escolas ¢ uni- versidades. Além disso, o desenvolvimento dessa polivaléncia e fle- xibilidade profissional (profissional multicompetente)* incluiria a identificagao de habilidades cognitivas e de competéncias sociais requeridas no exercicio das diferentes profissdes, bem como nos dis- tintos ramos de atividade. Inclui também o repensar do perfil pro- fissional e dos programas de formagao/qualificacao /requalificagao de diferentes instituigées formadoras (escolas, universidades, sin- dicatos, empresas, ONGS). Esse entendimento nao esté presente somente nas instancias executivas de formulagao da politica de curriculo. Atualmente, sto intimeros os atores, principalmente institucionais, que engrossam os debates em prol de mudangas que tornem os curriculos mais flexiveis. © Instituto Euvaldo Lodi, por exemplo, entende que a elevacio da competitividade industrial passa pela flexibilidade e inovagao permanente e que, para tanto, é indispensavel adaptar as IES e seus cursos as reais necessidades de formagao de pessoal para todos 05 setores. Isso implica que tais instituig to mais liberdade e possibilidade de adaptar os cursos a cada nova realidade do mercado”.” A UNESCO também vem-discutindo “a importancia de estudo aliado ao trabalho” »* Uma das questdes centrais para esse organismo internacional é fazer com que “a escola se torne o espago de formacao de cidadaos capazes de se adaptar as exigéncias de um mercado que requer profissionais que dominem a ‘inteliggncia de um processo’ nao se limitem a desenvolver uma competéncia especifica”. Por isso, propée “uma formagéo que garanta a aquisicao de habilidades base- adas em uma combinagao de aptidées”. Na mesma diregao, 0 toAprendiz”, sobretudo por meio dos escritos de Gilberto Dienst vem debatendo questées como as alteragdes nos perfis profissionais, o fim dos diplomas, a aprendizagem permanente ¢ a certificagao das habilidades e competéncias, que estariam a exigir mudangas profun- das nos curriculos de formagao profissional. Como decorréncia de todos esses processos e debates na érea, se observa ampla movimentagio nas IES, especialmente no ambito da administracao superior, objetivando introduzir mudangas culares, em que pese existirem resisténcias. Tais resisténcias, no inte- rior das instituigbes, tem sido decorrentes, exatamente, das alteragoes que as reformas curriculares sugerem ou produzem nas praticas do- centes ¢ nas diferentes culturas institucionais. As reformas curricu- lares sao vistas, por parte de alguns docentes, como uma ameaga as crengas, aos valores, as opsdes politicas, as praticas didatico-peda- gogicas etc. Ha, também, vozes discordantes quanto aos pressupos- tos e finalidades dessa reformulagao curricular. Todavia, mudangas, adaptagdes ou experiéncias comegam a ser testadas, Muitas universidades ja iniciaram, por exemplo, proceso de elaboragao de diretrizes curriculares gerais para reformulagao dos seus cursos de graduagio, antes mesmo da conclusio das diretrizes 120 curriculares no CNE, Dentre elas, podemos citar a Universidade de Sao Paulo (USP), que realiza experiencia de adocio de curriculos ‘mais flexiveis e menos especializados, iniciada nos cursos de Letras ede Engenharia, além da discussdo acerca da criagao de ciclo basico para todos os cursos da instituigao.” Do mesmo modo, a Universi- dade Federal de Minas Gerais (UFMG), assim como outras institui- Ges federais, vem propondo maior flexibilizagao curricular nos cursos de graduacao. Em geral, tem-se atualmente a impressdo de que, doravante, 0s curriculos estarao se modificando permanente- mente. Pode-se, inclusive, falar que jé se observa, atualmente, um certo reformismo curricular ganhando espago em quase todas as ins- tancias de formagao profissional A intensificagao do processo de diversificacao e diferenciacao nas universidades federais Na anilise das politicas de ensino superior no Brasil, merece destaque, também, 0 caso das universidades federais, mantidas his- toricamente pelo executivo federal. Nestas, o empreendimento pela diversificagao e diferenciacao parte da idéia de que “essas institu des sao ineficientes no uso dos recursos ptiblicos”, o que se coaduna com a orientagao do Banco Mundial que inclui reduzir,gradualmente, a aplicago de recursos pitblicos para o financiamento da educagto superior. critica do governo se faz acompanhar de uma crescente limitagao de recursos para manutengio ¢ desenvolvimento das universidades fe- derais, o que tem interferido diretamente na configuracio das identi- dades institucionais e nos respectivos projetos de desenvolvimento. Isso ocorre porque as universidades se véem, cada vez mais, forgadas a obter recursos alternativos para a manutengio e expan- sio institucional; a aumentar a produtividade (institucional e de seus docentes); a afinar os cursos e as carreiras profissionais as de- mandas especificas es necessidades do mercado de trabalho; criar tecnologias mais produtivas e competitivas para as empresas) a con- tribuir para a resolugao de problemas sociais para o desenvolvi- mento local e regional. A partir dos principais documentos do governo,"" é possivel in- ferir 0 que se espera das Instituigoes Federais de Ensino Superior (IFES), especialmente de pequeno e médio portes. No geral, face aos objetivos da diversificagao, entende-se que cada instituigao deve se m repensar e redefinir-se (CataN! & Ouivetra, 1999 a). Dentre outros aspectos, para 0 governo essas instituigoes deveriam: a) definir qual natureza e identidade fundamental possuir no cenério académico, bem como sua missao bai Ges e potencialidades especificas; b) contribuir decisivamente para o desenvolvimento econdmi- co da comunidade onde se insere; ca, reais voca- ©) expandir as vagas, sobretudo no perfodo notumo, sem am- pliar o quadro de docentes e técnico - administrativos, objeti- vando aumentar a relacio aluno professor; 4) otimizar a utilizagao das instalagoes fisicas e dos equipamen- tos, bem como das habilidades docentes; ©) diminuir as taxas de reprovagao e evasio; 4) diminuir os recursos destinados a residéncia estudantil, res- taurantes, bolsas e subsidios; 8) flexibilizar ensino, os cursos, os curriculos e os progra~ mas de estudo, adequando-os as necessidades do mercado de trabalho; 1h) ampliar a oferta e prestagao de servicos de extensao; 4) aperfeigoar mecanismos de avaliacéo; }) qualificar a gestao, racionalizar o uso dos recursos ¢ estimular a produtividade; k) buscar alternativas de financiamento; 1) flexibi trativa; 1 politica de pessoal docente e técnico-adminis- 1m) qualificar e titular docentes e servidores; 1n) integrar, cfetivamente, graduagio e pés-graduacio; ©) ampliar a produgio tecnolégica e otimizar a capacidade cien- tifica instalada. Esses objetivos e a eficiéncia no uso dos recursos publicos nas instituigdes federais s6 serdo alcangados,*' segundo 0 ministro da Educagéo, com “a plena autonomia universitaria”, que ira “pre- miar a eficiéncia e o desempenho”.* A partir dai, os recursos pas- sarao a estar vinculados a eficiéncia na gestao e ao desempenho de cada instituigdo”." Nao obstante, desde o inicio do primeiro man- dato de FHC, 0 MEC vem tomando algumas medidas paralelas m bastante sintomaticas para 0 processo de remodelagem institucional Uma delas consiste no empenho em forcar o aumento de vagas nas federais, pois 0 governo entende que a média de alunos por professor 6 muito baixa, ou seja, 9 alunos nas piiblicas (federais e estaduais) e 16,2 nas particulares.". Acredita que “o universitério nas federais custa muito caro”, sendo o gasto/ano no ensino superior um dos maio- res do mundo.** Essa média, no entanto, nao leva em conta os alunos da pés-graduagao e de extensio, bem como nao considera o fato de que a maioria das IES privadas nao realiza pesquisa No entanto, 0 governo FHC quer mais vagas na Universidade e insiste que ¢ preciso “otimizar a estrutura existente e ampliar as vagas” sem que seja necessdrio liberar a reposigao de vagas pata realizagao de concursos piiblicos que viabilizem a contratagao de pprofessores e funciondrios. Os dirigentes das universidades fede- rais, no entanto, afirmam que a capacidade de expansao de vagas nas instituigdes jé esta no seu limite maximo, embora tenham assui- ‘mido compromisso puiblico para expansio,” caso 0 governo se com- prometa “com a qualidade do ensino nas IFES", incluindo a modernizacio das bibliotecas, dos laboratérios ¢ hospitais; a expan- sao de bolsas de pés-graduacao para acompanhar 0 aumento de ma- triculas para mestrado e doutorado; a criagao de fundos para a recuperacao ¢ ampliagio das instalagoes fisicas, a modernizacao gerencial eo uso de novas tecnologias. Enquanto isso, ctesce nas uni- versidades federais o ntimero de professores substitutos, com contra- ieago, sendo pagos com os recursos tos precarios e com menor destinados as despesas de custeio ou com recursos préprios. Outra medida bastante significativa nesse proceso de remode- Jacdo das identidades institucionais foi a adogao, no final do primei- ro semestre de 1999, de novas matrizes de financiamento para as universidades federais, “conforme seu desempenho nos servigos prestados & sociedade”,# especialmente na area de ensino. Obser- ‘va-se que, no caso das IFES, 0 MEC elegeu oensino de graduagio como prioridade, entendendo que este tem sido “o primo pobre das uni- versidades” e, por isso, carece de uma politica de investimento € modernizacéo do Ministério.* A idéia dessa politica é levar os pro- fessores a “um ganho financeiro equivalente a ele trabalhar na pes- quisa”, intengdo que se concretizou com a ctiacdo da Gratificagao de Estimulo a Docéncia (Lei n® 9.678 /98), que valoriza mais o ensi- no (hora-aula) no proceso de avaliagao do desempenho.* 3 Toda essa remodelagio das IES mantidas pelo Poder Piblico federal jé pode ser observada por meio de um processo “cotidiano” de metamorfose das IFES, mediante mudangas que estao se dando, principalmente, nos padroes de gestao e de financiamento, no tra- balho académico, nos mecanismos de avaliacao e nas reformas dos curriculos dos cursos de graduacao. O mais grave é que essas trans- formagées jé configuram um novo modo de pensar o trabalho aca- démico e a Universidade, distanciado dos parametros histéricos dessa forma de trabalho e do papel dessa instituigdo. E 0 que nos leva a crer a fala de um professor de universidade federal, quando afirma: “Temos de aprimorar a universidade em questdes popula- res, regionais. Com isso, estaremos formando melhores profissio- nais, poderemos vender servigos, atender os interesses da industria eda populacao e, por fim, ainda lucrar e reinvestir”." Essas possiveis mudangas nas identidades das universidades federais impoem, concretamente, questdes fundamentais e urgen tes para a pesq) ssa racionalidade, em processo de implementa trabalho docente, sera capaz de subordinar os fins da pro- .cadémica? Seré que os métodos e tcnicas para aperfeigoar o empresarial podem ser aplicados na mente em termos da separagio das atividades meio (ou a universidade tem uma racionalidade presa eapitalista)? Sera que a producio académica, quando volta- da para atender aos interesses de toda a sociedade, pode impedir a adogao dessa racionalidade empresarial? Como pensar versidade que tenha como norte a efetividade social? na drea, quais sejam: Consideragées finais A anélise das atuais politicas de educagao superior no nos mostra que a pluralidade e a diversidade dos interesses globais do capital, associada a um projeto neoliberal de minimizacao do Estado, estao a exigir uma correspondente diversificagao e diferen- ciagao desse nivel de ensino, corroborando teses centrais e hist6ri- cas do capitalismo//liberalismo concorrencial. Tais politicas buscam, exatamente, adaptar a educacdo superior ‘as demandas do mercado e ao proceso de reconfiguracao do Esta- do, Essa idéia de adaptagao vincula-se, por sua vez, ao discurso 1 ideol6gico, segundo o qual os paises periféricos precisam se ajustar, liberalizar e desregulamentar a economia, conformar-se as imposi- oes dos mercaclos financeiros. Essa exigéncia de adaptagéo ven se dando desde a expansdo do capital ocorrida nas décadas de 70 e 80, perfodo em que se intensificaram as presses competitivas, Nessas décadas, surgiram poderosos conglomerados , corporacées empre- sariais ¢ blocos econémicos, levando o capital a ficar cada vez mais transnacionalizado e livre para circular e se auto-reproduzir. Promover a adaptacao da educacao superior, no formato consi- derado, implicaré fazer, em grande parte, 0 jogo dessa racionalida- de mercantil em beneficio de firmas, Estados ¢ classes hegeménicas. Acreditamos, no entanto, que ainda é tempo de colocar em discus- sio a questio da modernizacao tecnol6gica capitalista, especialmente dos seus efeitos sobre a vida social e sobre o mundo do trabalho. Isso implica, todavia, repensar 0 projeto de nagio numa perspectiva soberana e emancipadora da vida social. No momento, é extremamente preocupante verificar que as politicas de diversificagao e diferenciagao, em curso no pais, estio acentuando quatro pressupostos fundamentais do neoliberalismo: a) buscam favorecer a concorréncia e o atendimento as diferentes demandas ¢ clientelas; b) procuram “naturalizat”, ainda mais, as dife- rengas individuais, instituindo paulatinamente um sistema meritocré- tico onde cada um teré 0 ensino superior que “possa” ter;c) ampliam a subordinagao do ensino superior ao mercado, particularmente no tocante formagio e a privatizacao das atividades e servigos; d) ex- itam a forma de funcionar do sistema mais do que as. suas lidades sociais. Sabemos que o Brasil jé possui um sistema de ensino superior bastante heterogéneo, complexo, diversificado e diferenciado, sem que isso tenha sido fruto de uma politica “deliberada” de governo. E ne- cessério lembrar, igualmente, que a universalizagio e a homogenel- zagdo do sistema educacional brasileiro nao foi conseguida sequer na ediucacao basica, o que se evidencia na falta de uma educagao ptiblica consistente e mantida com recursos dos fundos piiblicos. E evidente que tudo isso nao isenta as universidades puiblicas de um amplo controle social, que inclui a avaliagao interna e exter- na. Todavia, é preciso garantir que a universidade, mantida com recursos governamentais, como bem social a servigo do bem comum, possa contribuir para o desenvolvimento do pais como um todo, 2s reduzindo as desigualdades regionais ¢ tornando as realidades nacio- nais mais homogéneas e equilibradas. No caso das IFES, isso implica em assegurar financiamento publico, autonomia, avaliagao interna e externa, manutengao do sistema federal e gestiio democratica. Notas © presente texto retoma um conjunto de preocupagSes que vimos desenvol- vendo sobre as reformas da educagio superior na América Latina e, em espe- sobre o Brasil, tend icasespecializados e, tam- bbém, sob a forma de capitulos de livros. A pesquisa que arrima este estudo foi realizada no Ambito de amplo programa de investigagSo junto ao Centro jvulgadas em per www.ilea.ufrgs.br/cipedes/ * Parte desse item foi desem ‘Ao longo de 1997, conforme apontam Dourado e Oliveira (1998), ocorreram varias iniciativas objetivando a consolidagio do PNE, “..destacando-se a rea acto de consultas a entidades sindicaise cientificas, debates, audiéncias ea realizagio do Il Congresso Nacional de Educagao (CONEd). Resultaram desse pprocesso duas propostas de PNE: a do CONEd, denominada proposta da Sociedade Brasileira, e a do Executivo Federal, ambas protocoladas no Con- ‘gresso Nacional” ida com base em Catani, 19988, 2 Ver: "BID reavalia oconceto de universidade”.In:Folla dS. Pat 2 se 19%, p10 *Nobojo dessas mudangas, 0 pro orma constitucional do MARE prev 2 extingfo do Regime Juridico Unico que, desde a Constituigio Federal de 1988, estabelece as normas de conduta dos funcionéris federais, que $6 po- dem ser demitidos e e is, além de receberem 0 mesmo salério em igbes ris, com aries 2 Cotidiano, res para contratar mais fan es de trabalho, “que dispae sobre a aautonomia das universidades federais", concede uma “autonomia parcial € lada” via contrato de desenvolvimento institucional (1999, p. 1). * Vero artigo “A agenda positiva do ensino superior”, escrito por Paulo Renato Souza, publicado em O Estado de S. Paulo, em 23 nov. 1998, p. A-2, bem como © documento "Uma nova politica para o ensino superior brasileiro: subsidios para discussio”. Brasilia: MEC, dez, 1996, 63p. " Ver: “Governo quer liberalizar ensino superior”. In: Folha de S. Paulo, Coti iano, 31 ago. 1997, p. 1. 16 * Se forem mantidas as atuais taxas de crescimento, a privatizagio do ensino superior brasileiro deverd se intensificar nos préximos anos”. Ver: "Particuls- res dominam ensino superior”. In: Folha de S. Paulo, Cotidiano, 26 jun. 99 * Ver: “Educagio virou negéc 1999, p. 14 ™ Ver: “O dono do ensino”, In: Veja, Educagio, 01 set. 99, p. 91-98, "Ver: “Ensino pago pode estar nos planos do MEC”. In: O Estado de S. Paulo, 25 jun. 1998, p. AS ® Ver: "A agenda positiva do ensino superior”, Estado de S. Paulo, em 23 nov. 1998, p. A-2. © Na nova legislagdo, a universidade passa a ser uma instituigdo caracterizada, Jectual institucionalizada, ou sea, pela excelén 31 centros universitérios s30 marcados pela neces “ensino de exceléncia”. Os demais formatos institucionais estio voltados exclusivamente para o ensino. A universidade de campo passa 1 conviver com a universidade especializada, como € 0 caso da Universidade I de Sio Paulo, antiga Escola Paulista de Medicina Claudio Moura, Asneiras sobre o ensino. In: Vea, Ponto de Vista, de ago. 1999, ® Ver: “A agenda positiva do ensino superior”, jécitado. “ CASTRO, Claudio Moura. Uma her In: Veja, Ensaio, 4 jul.1997. p. 142 Vers “Governo quer liberalizar ensino superior” In:Folha de S. Paulo, Cotidia- no, 31 ago. 1997, p.3 separacio entre ensino e pesquisa. ™ Ver: Folha de $, Paulo, Cotidiano, de 3 abr. 1999. © Ver: Diversificago surge como alternativa. In: www-inep govibr/ noticias news (INEP/ Noticias, 13 mal. 9) omo mais abrang. sistema de avaliagio" (Veja, 5 jan. 2000, p. 21) * Bsses mecanismaos também sofreram ajustes no processo de definigio da siste mitica de avaliagio do sistema. 220 sistema de avaliagio contempla, ainda, o: Educasio Bisica (GAEB) e 0 Exame Naci Souza, Paulo Renato, Avaliagio e Expansio do Ensino Superior. In: Folha de S, Phulo, Tendeéncias Debates, 21dez. 1999, » Ag alteragbes efetuadas em 1998 buscaram amy instrumentos de avaliaglo, de modo a estimular tos programas, ® SOUZA, Paulo Renato. “A agenda positiva do ensino superior”.O Estatio de S.Paulo, 23 now. » Ver: Folha de S. Paulo, Cotil jaro poder discricionsrio dos sompeticio entre os distin- Bago. 1998. w * No caso da educagio, em ger Integrado de Informagies Educacionais" entendido como “Bases para sino de Qualidade”. Ver: MEC. Bases para um Ensino de Qualidade. Bra: INEP, 1998, 38p. *O governose defende dessa acusacio procurando most de avaliagao e expansio” adotada. Para o ministro da educagio, nio| © MEC vem des éxito da % ® A SESu/MEC informa que recebeu discutidas e sistematizadas pelas 38 Co pela Secretaria. Em segu NE para discussio pilblica e d eragio, Yio mais lexiveis”. In: Foe de S. 8 Ver: “MEC quer tomar cursos de grat respeito consultar: ForGRAD. Doc zagio das Diretrizes Curriculares. Dispontvel na Inter forgrad, ®Tais indices se manifestam, principalment , de transferéncias, de abandonos e de, * Por essa rao, propSe-se uma redlucio do tempo de permangncia do akuno na graduagfo, ou melhor, uma diminuicdo no tempo de duracio dos curses. Essa 6, também, uma das reivindicagSes das escolas privadas. A esse respeito consultar: “Escolas privadas querem mudar graduagio”. In: O Estado de S. Paulo, 29 mar.1998; “Curriculo deve ser mais flex Folha de $. Paulo, 13 mai 1998, p.3 Ver: "Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduagto Superior”. Dispo- nivel na Internet: www.mec:br /sesu/ditetriz. htm. 1: www.prg.ufpb br/ através do trancamento de matré- Jamentos. ® Ver: "Profissional ser multicompetente”, In: Folh de S, Paulo, 02/01 /2000. wolagia. Instituto » Ver: “Cursos se adaptam ao mercado”, In: Es vel na Internet, Ver: “UNESCO discute importincia de estudo 126 abr. 1999, p. 2 onsultar: “Graduasio prepara mudangas nos curr 3, de 4-10 de mai. 1988. a0 documento os para Discusst A esse respeit ' PEC 370/4 (1996) eao anteprojeto de ria nas universidades federais (1999) Ver: “A agenda posit que regula a autono i citado, 128 In: Ed rial da Folha de S. Paulo, 26 abe.1998. © Enquanto isso, 0 governo adotou, em 1999, uma nova matriz de distribuigdo de recursos orgamentirios (entre as IFES) que privilegia 0 ensino através do riimero de alunos matriculados em nivel de graduagio, In: Fotha de S. Pa * Ver: “Federais: Qual Autonom * Ver: “MEC vai forcar aumento de vaga © Ver: "A espera da reforma”. In: Veja, 15 jul. 1998. p. 38-43. “Vers “Brasil gasta com educagio igual pafses da OCDE". In: www inep.govbr/ as /news, de 23 nov. 1998, Consultar 0 “Protocolo para expansio do sistema publico federal de ensino superior” firmado pelas 52 IFES, em 15 dez. 1998. Esse Protocolo esté dispont- vel no endereca: www prg.ufph br /forgrad /andifes2. htm ‘SOUZA, Paulo Renato. Universidades que dao o exemplo. In fa, de 20 jul. 1988, p. 3 © Nesse sentido, ver matéria: “Graduagio € primo pobre das universidades” In: O Popular, 8 mar.1998, bem como a Portaria MEC n’ 469/97, que insti Programa de Modernizacio e Qualificagao do Ensino Superior. 26 jun.1999, E prec ES, teve papel importante a redefinigSo da escolha de dirigentese da composicio dos 6rgaos iados (Lei n® 9192/95), que redue as listas de candidatos a trés nomes © ssumenta 0 peso dos dacentes no processo decisSro. Sobre a GED, ver Ca & Oliveira, 1998 Ver: “Cien a trabalham no centro”. In: Folha de. Paulo, 3 aby. 1999, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS [ACUERDO de Santiago. Chile: Dirigentes de Uni 05 ago. 1999 [NESPERA da reforma. In: Veja, 15 jul. 1998, p.3843. (Oficio ANDIFES n’ 298/99, de 12 ago. 1999 [ARRIGHI, Giovanni. O Longo Século XX. Traducio de Vera Ribeito. Rio de Janeiro Fditora UNESP, 1996 "ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. A nova p ino Brasil In: Tempo Sacal ~ Revista de Sociologia da USP. Sto Pi ut, 1999, p, 219-229. BELLONI, Isaura, GED ~ Andlise de distribuigao de p 1999. (Mimeogr). «conceito de universidade. Folia de S. Pa satraponto; Sao Paul a de Pés-Graduagio wl, 1agio ¢ critérios, Cotidiano, 2 set. 1996, p. 10. BRASIL gasta com educagdo igual paises da OCDE. In: www. inep.gov.br/n cias/news, 23 nov. 1998. 129 BRASIL. Lei n° 9.131 - 24 nov. 1995, Altera dispositivos da Lei n, 4.024 -dee. 1061, ¢ dé outras providénci BRASIL. Lei n°9.394 -20 dez. 1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educacio Nacional, BRASIL. Lei n’ 9,678 -3 jul. 1998. Institui a Gratificagdo de Estimulo a Doctincia ‘no Magistério Superior, e dé outras providéncias 1° 2.026 - 10 out, 1996. Estabelece procedimentos para © pro- iagao dos cursos e instituigbes de ensino s BRASIL. Roteiro para o Documento (Roteiro e metas para orientar o debate sobre o Plano Nacional de Educagao). Brasilia 0 Nacional de Estu- dos e Pesquisas Educacionais, 1997, BRESSER PEREIRA, L.C. Uma reforma gerencial da administragio puiblica no Brasil. In: PETRUCI, V. e SCHWARZ, L. AdministragSo Publica Gerencial a reforma de 1995. Brastlia: Editora Universidade de Brasilia: ENAP, 1999, p. 17-62, BRESSER PEREIRA, LC. e GRAU, NC. Entre o Estado e o mercado: 0 pablico ‘ndo-estatal. In: BRESSER PEREIRA, LC. e GRAU, NC. (orgs). © ndo-estatal na reforma do Estado, Rio de Janeiro: Funda 1999, p. 1548, CASTRO, Claudio Moura. Asneiras sobre o ensino. In: Veja, Ponto de Vista, 11 ago. 1999, CASTRO, Claudio Moura. Uma herética separagdo entre ensino e pesquisa, In Veja, Ensalo, 4 ju.1997, p. 142 CASTRO, laudio Moura. 0 Brasil se converteu no pais com o mais abrangente sistema de avaliagio. In: Veja, de 05 jan, 2000, p 21. CATANI, Afranio Mendes (Org). Universidade na América Latina: tendéncias © perspectias. Sao Paulo, Cortez Editora, 1996, Mendes. Brasil: avaliando a avaliagio dos avaliadores. In: inerstdrio. Buenos Aires, ao 6, n. 7, out 1998 b, p. 50-54 NO, Liicia (Org) Ea turas selecionadas. Sio Paulo, Atlas, 19%, p. 188-204 © Ensino Superior no Brasil: perspectivas. In: KUPSTAS, Marcia (Org), Educagio em Debate. S Moderna, 1998a, p. 121-141 CATANI, Afrinio Mendes, GUTIERREZ, Gustavo Luis. “Universidades Pi icas do Estado de S40 Paulo (Brasil): Reformas Internas © Autonomia iva”. In: CATANI, Afrinio Mendes (Org). Novas Perspect de Educacio Superior na América Latina no XXI. Campinas, SP: Autores Associados, 1998, p. 17-136. 130 CATANI timulo & Docéncia (GED) Gestao das Universidade Publica: Politica ¢ Identidade Institucional. Campinas, SP: ‘Autores Associados; Goidinia: Ed. da UFG, 1999, CATANI, Afrinio Mendes & OLIVEIRA, Joo Ferreira de. A universidade pui- blica no Brasil: identidade e proj DE, Hélgio (Org). A Universidade em Rutnas na Reptiblia dos Professors. Petspolis, RI: Vozes; Porto Alegre: CIPEDES, 1999 a. CATANI, Afranio Mendes & OLIVEIRA, Jodo Ferreira de. A reestruturagio da educagao superior no debate internacional: a padr diversificacio e diferenciacéo. In: Universidade e Sociedade. Bra ANDES, v.10,v.21, jan/abr. 2000, p 92-101. (no Prelo: Revista Port Educagio, Braga, Portugal, 1° sem. de 2000). CATANI, Aftinio Mendes & OLIVEIRA, Joi Ferreira de. Asp cago e diferenciacio da educagio superior no Brasil alteragoes nos sistemas © ‘nas universidades br i fas. In: SGUISSARDI, Valdemar (Org). Educngo Su perior: Velhos ¢ Novos Defias. S CATANI, Afrinio Mendes & OLIVEIRA, Joo Ferreira de. O sistema ea politica de avaliagio da educagdo superior no Brasil In: Avaliagi. v. 5, n.3 (17), set 2000. (no prelo). HAUL, Marilena. A Universidade Hoje. In: Praga ~ Estudos Marxistas. S80 Paulo, Ed. HUCITEC, n. 6, 1998. (HAUL, Marilena. Uma Ideologia Perversa, In: Folla de $. Paulo, 14 mar. 1999 (Caderno Mais!) (CHAUI, Marilena. Ventos do Progresso: Universidade administrada, In: PRA- ‘DO JR, B., TRAGTENBERG, M,, CHAUL, MS, ROMANO, R. Desexminhos dda Educagdo Pés-68. Sio Paulo: Brasiliense, 1980, p. 31-56, CHESNAIS, Frangois. A Mundializagto do Capital. Tradugao ana Finzi Fos. CIENTISTAS ja trabalham no centro. In: Falla de S. Paulo, 03 abr-1999, CCNE, Parecer n"776- 3 dez. 1997. Orientagio para as diretrizes curriculares dos ‘cursos de graduagio, CURRICULO deve ser mais flexivel. In: Folha de S. Paulo, 13 mai. 1998, p. 3. CURSOS se adaptam ao mercado. In: Ensing ¢ Tecnologia. Instituto Euvaldo Disponivel na Internet, CUNHA, Luiz Antonio. © pribico o privado no ensino superior brasileiro: fron teira em movimento? Texto apresentado no XXI Congresso da ALAS (Associa 80 Latino- Americana de Sociologia). So Paulo, set. 1997. ( Mimeogr.). CUNHA, Luiz Anténio, Qual Universidade? $0 Paulo, Cottez-Autores Asso: ciados, 1989 (CUNHA, Luiz Antinio. Nova reforma do ensino superior a légia reconstruida In: Ce ders de Pesquisa, Sto Paulo, Fundagio Carles Chagas, n. 101, ju 1967, p. 20-48 ma de Vargas. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1985 ‘CUNHA, Luiz Antonio, Universidad y Estado en Brasil: pasado y presente. In Universidad y Politica en América Latina. México, UNAM, 1987. 101 CURSOS podem ser descredenciads. In: Fol de . Pale, Cotiia 1999, p 4 CCURY, Carlos Roberto Jamil A edueagéo Superior na Nowa Lei de Diretrizes ¢ Bases da Edueagio Nacional: Uma Nova Reforma? In: CATANI, Afrénio Mendes (Org) Novas América Latina no Lim dos, 1998, p. 75-81 DIAS SOBRINHO, José. Programa de A\ 13 ma Mendes (Org.). Nowns Perspectivas nas Polticas de Educapio Superior ‘América Latina no Limiar do Século XXI. Campinas, SP: Autores Assoc os, 1998, p. 137-154 DIAS SOBRINHO, José. Evaluacion de la educacién superior en Brasil In YARZADAL, Luis & VILA, Ana & RUIZ, Roberto (Editores). Avaluar para Transformar. IESAUC/UNESCO ~ Caracas, 1999 DIRETRIZES Curriculares para os Cursos de Graduasio Superior. Disponivel na Internet: www.mecbr/sesu/d DIVERSIFICAGAO surge comoa {INEP/ Noticias, 13 mai. 99), DOURADO, Luiz Fernandes, OLIVEIRA, de Educagio (PNE) e as Po Reunido Anual da ANPEd, GT Estado e Fo iagio out, 1993, p. 5 DURHAM, Eunice Ribeiro. A p fio do nove século. In: CATANI, Afrinio Mendes (Org,) Novas Perspect nas Politicas de Educacdo Superior na América Lat XXI Campinas, SP: Autores Associados, 1998, p. 9-27. DURHA\ 0. In: Tempo Social ~ Rev 1998, p. 231-254 ie EDUCAGAO virou negécio. InformaANDES, jun. jul-1999, p. 14 EENSINO pago pode estarnos planas de MEC. © Estado dS. Paul, 25 un.1998.p. A, ENSINO Superior mantém tendéncia de crescimento e diversificas ‘www inep.gov.br /noticias/news - INEP / Noticias, 25 jun. 99. ESCOLAS privadas querem mular gradual. In: O Exada de S. Pa FALTAM vagas no ensino superior. In: www.inep.gov.br/ mar. 1998. al da Folla de S, Paulo, 26 abr.1998, p. 2 8, 30 jun 1999, p.5 10, 3 050.1999, p 5. LHA de 8 Paulo, Cotidiano, 27 abr. 1999, p 4 FOLHA de, Paulo, Cotidiano, 3 ago. 1999, p.6 FOLHA de S. Paulo, Cotiiano, 7abr. 1999. p. 4 FORUM de Pri-Reitores de Graduagao das Universdades Brasileitas. Docu Concetwal para Sistemati Diretrizes Curriculares. Disponi- na Internet: www. prgufp.br/forgrad. FORUM de PrésReitores de Graduagéo das Universidades Brasleiras. Plano Nacional de Graduagdo: Um Projeto em Construglo. ForGRAD, mar. 1999, VERNO quer liberalizarensino superior. Flla de S. Paul, Cotidiano,31ago. 1997, p1 GRADUAGAOE 1988 GRADUAGAO prepara mudangas nos curiculos. In: Jornal da USP, Ano XI 1.428, de 4-10 ma. 1998, KROTSCH, Peco. Gobierno de la Educacién Superior en Argentina: La ‘en la Coyuntura. In: CATANI, Afrinio Mendes (Org.). Novas Pers- 1as Politicas de Edueagto Superio primo pobre das universidades. In: O Popular, Conia, 8 mar. Carlos Benedito. Notas sobre o sistema de ensino superior brasile sntemporineo. In: Revista USP. Sio Paulo, CCS, set-nov. 1998, p 58-82 [MEC. Bases para um Ensino de Qualidade. Brasilia, INEP, 1998. 38p. MEC. Sinope Estatistica do Ensino Superior Graduagao 1998. Br MEC, Portaria MEC n’ 469/97, institui o Programa de Modernizas: cagio do Ensino Superior. 133 EC. Projeto de Lei (dispde sobre a autonomia das uni outeas providéneias) Brasilia, 1999, MEC vai forgar aumento de vagas. In: Flha de S. Pa iddades federais eds 1 26 jun. 1998. iro: subsidios para dis- MEC. Uma nova politica para o ensino superior bra 0, Brasilia, MEC, de2.1996, 63p. MORALES, C. A. Provisio de servicos s no estatais: aspectos gerais. In: BRESSER PEREIRA, L-C., GRAU, N.C. (Orgs). 0 reforma do Estado. Rio de Janel Gettlio Vargas, 1999, p. 51-86 O DONO do ensino. Ve, Educaga 1 set. 99, p. 91-98, O RANKING das universidades no provio-98, In: www.uol.comibr/aprendiz/

You might also like