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ALCOOLISMO ‘A maioria das pessoas ingere loool socialmente © esporadicamento sem nunca (ou quase = nunca) se embriagar, sem abusar do consumo e nunca se fornam alcodlicas. Mas 0 consumo imoderado S de alcool pode levar a situagées de risco pessoal ou para tercairos por embriaguez asporédica, por abu- ‘80 crbnico do alcool ou por alcoolismo. Alcoolismo é um conjunto de disfungoes bioldgicas, psicolégicas @ sociais relacionadas ao uso persistente, excessivo ¢ incontrolével de bebidas alooolicas (etanol) com Uma certa tolerancia aos seus efeitos, que leva ao uso de doses progressivamente maiores e sinais de abstinéncia com a interrupedo do seu consumo, No abuso do dlcool existe 0 habito de ingerir bebidas alcodlicas de forma excessiva mas ndo aparecem sinais de abstinéncia com a interrupgdo da sua ingestéo, ou seja, sem dependéncia fisica do alcool. A embriaguez significa a ocorréncia de episédios igolados de consumo excessive de legal ou seqiienciais ao longo de varios dias, em certas énocas. No Brasil 0 abuso do alcool ¢ 0 alcoolismo ¢ suas consequéncias sdo a tercelra causa de morte ¢ esté relacionada principalmente com a uma produgéo e consumo anual de 7 bilhoes de litros de corveja e 5 bilhdes de litros de aguardente de cana (cachaga). Etlistas pesados consomem melade des- se volume de bebida e so responsaveis por quase iodas as complicacdes sécio-econdmicas e de satide publica relacionadas ao éleool, pelas graves complicagdes para a Salide do individuo (sobretudo cirrose alcodlicay; pela sua relacao com a incidéncia de traumas, acidentes de transito e violencia e pelas suas Tepercussées nas relagbes interpessoais na familia, no trabalho e na comunidade em geral Enlre 12 © 16% das pessoas (20% dos homens e 8% das mulheres) apresentam problemas «de alcoolismo em alguma época da vida © esse risco tem origens mulifatorais genéticas, ambientais da personalidade. Eslima-se que cerca de 20 milhdes de brasileiros sejam dependentes de alcool. Gran- de parle desses casos no s40 diagnosticados por néo se encalxar no esteredtipo de pessoas problema. ticas e de dificil relacionamento. Dos casos diagnosticados, uma grande parte nao recebe tratamento médico racional. A condiao de alcodlico e dependente encurla a expectativa de vida em cerca de 17 anos. __| Principais fatores de risco: Principals complicaches organicas: * Sexo masculio (iso0 2 vezes maior) |» Hepatopatta += Hipoglcemia «+ Pais aleodlioos (ig00 4 vezes maior) | « Grose aleodlioa (em S0% dos casos) | » Hipogonadiemo * Familia desgregada ou confiltugsa | Deficiéncia nutricional (proteina, tamina, | » Anemia, leucopenia, plaquetoperia = Esquizoirenia felaio,pridoxina) + Pancreatite aguda += Depressao « Pheumonias de repatigao ou asprativas. | + Pancreatite erenica = Tabagsmo += Gasirte @ hemorragia dsgestva * Diabetes | 0 * Uso de dragas ilegeis «= Deméncia alcodliea + Ca hopatico ou de beviga ' Comportamento anti-social + Hipertensao arterial + Wernicke-Korsakott | + Miocardiopatia diatada + Sindrome do alcoolismo fetal + Arimias “4 + Doenea cuténea uloorasa ‘© abuso do alcool e 0 alcoolismo comegam com {requencia na adolescéncia e adultos jovens, como droga Ii- ita e recreativa que potencia a associagao e a sociabilidade lem programas sociais notumos, festas © comemoracoes. O lacompanhamento atento quanto a freqiéncia ¢ volume da ingesiao de bebidas alcodlicas e a treqliéncia de episédios Ide embriaguéz deve alertar amigos © pais quanto ao risco Jde evolugao para um quadro de abuso ou alcoolismo. x © consumo do alcool em volumes que ndo provoca embriegués & nolado pelo halito aleodlico| (ou uso de colutorio para disfarcar o halito), alteragdes de humor (euforia, desinibigdo, loquacidade) e de lcomportamento (agressividade ou tristeza ¢ depressdio. O actimulo de acetaldeido no plasma, originado| Ida metabolizacao do etanol, provoca rubor facial, néusea, vomitos, hipotenséo, sudorese, taquicardia. ‘A embriaguez esporddica é facilmente notada pela tipica fala artastada, diffculdade de equil- brio e marcha, nausea, vomilo © sonoléncia, Quando intensa pode levar a letargia com crises de agresst lvidade, fala incoerante ou ininteligivel, diplopia, nistagmo, ataxia, torpor e coma e, em casos extremos, Jpode levar a cepressto respiratéria o morte. Nos otlistas crdnicos os sinlomas de embriagues fornam-se mais discretos, manisfestando-se pela euforia, loquacidads e inevordenagao que podem ou nao estar re- lacionadas a depressao e alleragGes emocionais e de comportamento nos periodos de sobriedade. ‘0 alcoolismo se torna tipico quando a busca da bebida na vida diria se torna frequiente, re- Icorrente e depois, sequencialmente, perseverante, descontrolada, compulsiva e desesperada quando] |surgem os sintomas de abstinéncia durantes os periodos mais prolongados sem beber. + Ansiedade ou depresséo iopatia Cefaléia de dificil controle |+ Neuropatia periférica |» Hepatomegalia > Dispepsia ou gastrite |» Pancreat > Ascite ‘> Aranhas vasculares: "= Circulacao colateral + Redugéo da saliva + Pelagra (deméncia, diaréia, > Disfungéo sexual » Distirbies do sono + Traumas mal explicados = Glossite Hipertensao iabil ‘Amnésia alcoolica Problemas e comporlamentos associados a0 alcoolismo @ abuso do alcool > Auto medicagdio Separagdes, divércio = Defensividade @ evasividade sobre o assunto |» Dificuldades de relacionamento com filhos. + Posicao duvidosa sobre dirigir apés beber ‘Traumas mal explicados (Ex. fraturas de costelas) | |= Problemas com a justiga * Envolvimento em violencia e acidentes de transito = Dificulades no trabalho, perda de emprego _ | Perda de amigos ou predominancia de amigos con-) + Problemas financeiros sumidores pesados de alcool |» Labilidade emocional ‘+ Fracassos, incapacidade, ineficé Em toda consulta deve ser perguntado se 0 paciente costuma beber & Icom que treqiéncia e, dependendo da resposta, complementar a informacao pes Jquisando com que frequéncia bebe (quantas vezes por semana ou por dia), 0 vo- lume de bebida ingerido na ultima semana e em cada um dos ultimios dias e qual oi a uitima vez que bebeu. Caso essas respostas apresente indioios de abuso ou {de alcoolismo, complementar com mais perguntas ‘eitas de forma cuidadosa para lobter respostas sinceras como: 4 Alguma vez vooé achou que devia parar de beber definiivamente ou que prec saya diminuir a bebida ? + Ficou chateado com alguém que o eriticou por estar bebendo ? ®. Sentiu-se mal ou com sensagao de culpa por bober ? Usou algum estimulante para ficar acordado ? % Tomou alguma bebida alcodlica pela manha ao acordar para se acelmar ou melhorar a ressaca ? Uma resposta positiva a mais de uma dessas cinco perguntas esta associado @ depandéncia de élcool eo problema, {deverd ser abordado de forma objetiva com o pacionte ‘A dopendéncia do alcool 6 um grau mais grave de Jalcoolismo, porém 0 seu abuso pode também ser problematico. [Critério para detinir a presena de dependéncia pelo alcool: ‘A presenga de pelo menos trés dos sete oritérios a- baixo esta relacionado a dependéncia: 2 Tolerdincia ou necessidade de doses maiores (pelo menos 60% ‘a mais que antes) ou passar a usar bebidas com maior grada-| ‘¢40 alcoolica para alcancar o efeito obtido anteriormente com| ‘as mesmas doses. A tolerancia nao significa menor alcoolomial por dose de bebida: uma pessoa de 50 a 70 Kg de peso atinge uma stanolemia de 25 a 35 mg/dl com a ingestdo de 30 gramas de etanal que equivale a uma latinha cer vveja (830 mi) ou 110 mi de vinho ou 30 mi de bebida destilada # Ooorréncia de pelo menos dois sintomas tipioos. ia 20 alcool e que surjam horas a dias apds a) ‘sua redugo Ou interrupeao, ou 0 consumo freqtiente de dlcoo! para aliviar ou evitar estes sinlomas. Bobor mais e por mais tempo do que protendia + Desejo compulsive de beber levando a falha de esforcos para interromper 0 seu uso ‘Tempo excessivo gasto em conseguir a bebida, beber e recuperar-se dos efeitos do Alco! as atividadles ou compromissos importantes devido ao uso de alcool > Continuidade do uso de dlcool apesar dos problemas persistentes ou recorrentes causados por seu habito Volume de consumo de bebida alcodlico relacionado a dependéncia e abstinéncia: Consumo. Homens Mulheres Por semana > 14 doses: > 7 doses Por ocasiao > 4 doses > 3 doses [Amnésia alooslica: difculdade para lembrar dos eventos ocorridos na note anterior em que bebou ou mesmo Ido eventos novos ccorridos apés melhora da embriaguez. Delirium tremens: forma grave de crise de abstinéncia com aluici- Inagbes tateis (como se pequenos inselos estivessem caminhando =” sob a pele), aucitivas ou visuals, confuséo, desorientagao, dlafore se, fete, insénia, midriase, obnubilacéo do senséro (intermiténcia 0 nivel de consciéneial, taquicarcia, tremor e viglia aaitada. Inicia Gos @ quatro dias apés a interrupedo da bebida e geraimente dura lum a trés dias mas pode persistir por dias ou semanas, ser reci ‘vante, ¢ intercalada com lucidez. Convulsdes tendem a ocorrer nas primoiras 48 horas apés a abstinéncia, na maioria das vezes so {generalizadas, tonico-cldnicas ¢ limitacas a um ou dois epis6dios devetn ser diferenciadas de outres causas de convulsbes em alco- ‘slicos como abstinéncia por sadativos, encefalte, hipoglicemia; in- {toxicacao exégena por substéncias ndo-alcoslicas (anfetaminas, lanticolinérgicos, cocaina, fenciclidina), meningite, septicemia, tireo- {toxicose ete. A gravidade da abstinéncia varia conforme a duragao fe 0 volume da ingestio de bebida alcodiica. Pode provocar a morte '9e nao for ratada adequadaments Aranha vascular ‘Como confir- mar |glutamiliransferase que retomnam ao normal apés semanas de abstinéncia.. = 625- Nao existe marcador laboratorial para o diagnéstico do alcoolismo mas os exames podem a ljudar a detectar repercussdes e complicagies da doenga. (Gama-glutamiltransferase: 0 consumo macica de élcool associa-se com niveis aumentados de gama ‘Aminotransferases: Aumento discreto a moderado na hepatopatia alcodlica e na cirrose. Os niveis da| ‘transaminase oxalacética tendem a ser mais elevado do que os da pirdvica. Tamibém podem estar eleva- ‘dos os niveis séricos de fosfatase alcalina Hemograma: macracitose nos casos com deficléncia de Acido félico @ microcitose nos pacientes com hemorragia gastrintestinal crénica. \Outros exames: aumento do acido urico, colesterol ¢ trigliceridios. ‘Quadros aqudos graves: Diante da intoxicacao alcodlica aguda ou do delirium tremens pode haver @-| emia, hipopotassemia, hipofosfatemia, hipomagnesemia e hipoglicemia. Solicitar nesses casos: grama, ionograma, glicemia, osmolaridade sérica ¢ 0 nivel sangiiineo de etanol ‘A ctanolomia (se no houver a presenga de outras toxinas de baixo peso molecular) pode ser determina-| da multiplicando o hiato osmolal em mg/dL. por 4,6. O hiato osmolal é determinado pela osmolalidade me-| dida - [2Na (mEq/L) + ureia (mgdL)6 + gicemia (mgdL)'18] _ Como ajudar 0 paci- ente a parar de beber (© sucesso na luta anti-alcoolismo depende de vencer a negacao do pacionte sobre seu pro- blema, de sua aceitagao de que tem dependéncia ao dlcool, da sua forca de vontade para parar de ingerit bebidas alcodlicas, da qualidede da orientagao e do suporte dado pelo médico e de medidas de apoio da| familia € da comunidade. jentacdo pelo médico: 0 passo mais importante ¢ fazer o paciente aceitar que 6 um aloodiico, depen: dente do alcool e que precisa parar de beber @ vai precisar de ajuda para isto. Compete ao médico apon-) iar para o paciente os indicios e evidéncias de que ele nao é mais um bebedor social e sim um dependen- te de alcool ¢ ajudé-lo a ver os problemas que 0 icool jé trouxe a sua saiide, suas relagdes ¢ sua vide @| (0s riscos das doengas e complicagSes que poderao ocorrer se continuar bebendo. A forma como o méci- (co deve abordar o paciente requer treinamenio pois precisa ser convincente, firme, suportiva, persistente durante as consultas. A incriminacao do paciente nao é a estratégia adequada ¢ tende a gerar maior de- fensividade e negagao. E necessério manter uma relacdo positiva com o paciente, sem participar da sua negagaio, explicando e repetindo tirmemente, de forma simpatica mas clara, a necessidade de abandonar 1 loool. O médico precisa demonstrar preocupacdo ¢ alfetividade com o paciente, transmitir esperanga € ‘ispor de tempo para orientar sobre o processo da luta contra o alcoolismo ¢ do longo curso da sua recu- peragto. ( paciente precisa entender definitivamente que nao é possivel tratar sua dependéncia, ja que ‘ela nunca vai passar e que a unica safda 6 nunea ingorir bebida alcodlica em nenhum volume € por ne- nhum motivo. (© médico precisa se disponibilizar para acompanhar junto com o paciente e sua familia todo 0 proceso de recuperacao, readaptando estratégias e reiniciando o tratamento com melhor suporte em ca- 30 de recaidas, Nao existe um programa ideal de trata- mento para conseguir © manter @ abstinéncia © o- ldos apresentam algum grau de sucesso © muitos Jeasos de recorréncia. A abotdagem comportamental Jé a base de todo 0 processo de retirada do aco) Em todos 0s casos é necessério proce- Jder a acompanhamento evolutivo proximo, com lconsultas ambulatoriais freqilentes e, inclusive, tele- fonar para avaliar como esta, rever 0 seu progresso, uP [sempre estimulando e recompensando com elogios, sf reforgando 0 esforeo em abandonar o dlcool. Mes- imo os pacientes que foram encaminhados a um es- ipecialista em tratamento de alcoolismo devem con linuar sendo acompanhados pelo seu médico de rer feréncia para cuidar dos outros problemas ciinioos e| participar do suporte abstinéncia, buscando rever ‘com eles as recomendagbes do especialista, monitorizando problemas como depressao ¢ ansiedade. | ‘Suporte emocionel: em alguns pacientes o alcoolismo 6 @ expresséio de desajustes emocionais maiores: fe suporte com um psiedlogo ou psiquiatra com experiéncia em cuidar do problema é de grande ajuda. Al-| igumas vezes a decisao de parar de beber esa relacionada com alguma situagao tragica provocada pelo) ipaciente, como um acidente ou perda e, nesses casos, a necessidade da abordagem psicolbgica espe- ‘ializada ¢ ainda mais importante. [Alcodlicos Anénimos e outros suportes: grupos de apoio como AA sdo de enorme ajuda na maioria| dos casos. Os grupos de AA existem ha 50 anos e a parlicipagao regular do paciente em suas reunides: lest associada a muilos casos de abstinéncia prolongada (nunca as considerar como difinitivas). Esses| \grupos oferecem apoio, ajudam os participantes a resistirem as compulsbes, e oferecem estratégias paral lidar com as pressoes que forcam o retorno & bebida. Os AA também sao excolontes para eliminar a ne-| \gaco do paciente alevdlico. A intervencaio precoce tem maior prababilidade de ser efetiva. Outros grupos| [nao profissionais apresentam programas do tipo "auto-ajuda em 12 etapas” com boa chance de sucesso. ev Pode haver outros programas disponiveis na comunidade, em igrejas, empresas, sincicatos etc. = 626- Suporte familiar a presenca da familia é importante nas vistas médicas e no suporte ao paclente, na re-| tirada de alcooi da casa € evitar situagdes em que 0 Alcool esté disponivel. Em muitos casos, as ferufias| Iprecisam ser tratadas junto com o paciente por profissiona's especializados em tratamento do alooolismo, a fim de possibilitar 0 desenvolvimento de novas estruturas familiares © sociais, capazes de promover ¢) imanter a sobriedade. ‘Tratamento medicamentoso: © ttatamento farmacolégico ainda nao possul uma ordem estabelecida) nem elicécia determinada quanto a protegzio ou redugao da impulsividade ao alcool. O dissuffram e a nal- ‘rexona podem ser usados, como medicagéo coadjuvante ao tratamento comportamental mas 0 uso de} 'medicamentos como medida principal nao deve ser presorto (O dissultiram (Antietena’ -comprimicos de 250 mg- ver pagna 232) & de uso limitado pela sua toxicidade mas) [pode ser ttl para 0 bebedor impulsivo/compulsivo. E um medicamento aversivo que interage com o élcool ingerido © causa cefaléia intensa, hipoienséo arterial sistémica ¢ rubor. A sua dose habitual é de 250 ‘mg(dia. Uma vez que 0 pacienie conhece seus efeitos, o uso da dose diaria do medicamento 0 obriga a) Imanter a abstinéncia para evitar a crise de mal estar. Seu uso deve ser precedido de uma avaliagao das laminoiransterases jd que ele pode causar hepatotoxicidade além neuropatia e cardiotoxicidade. Os paci- lentes devem ser informados exaustivamente sobre as reagdes entre 0 lcool e o dissulfram, e alertados ‘para evitarem 0 alcool mesmo que soja om colutérios ou bochechos, om colénias © mosmo em vinhos na) iculindria e de que a reacao pode ser tao grave que pode provocar a morte, 'A naltrexona (fovia ~ odpsuias do '50 mg ~ ver pégina 235) 6 um anta- gonista de receptores opidceos que reduz 0 dasejo dos pacien- tes abstinentes ao alcool © pre- vine a recaida. Nao promove o' habito, @ seus efeitos colaterais consistem em artralgia, cefaléia, tontura. A sua dose habitual é de '50 mg/dia © 05 estudos disponi- ‘eis nao lultrapassaram 8 a 6 meses de duracdo. ‘© acamprosato (Camprel ~ comprimidos ce 323 mg ~ ver pagina 282) 6 um auxilar no controle dos sintomas de| |dependencia alcodlica, menos usado que as alternativas anteriores. A dose habitual é de 4 a 6 comprimi- |dos por dia divididos em 3 tomadas. [Tratamento sob internagao: As primeiras lentativas devem ser feitas ambulatorialmente mas pode ser necessério a inter- nagao em clinicas especializadas nos casos graves e refratérios, seja associados a dongas psiquiat cas, depend&ncia cruzada com outras drogas (iliitas) ou com benzodiazepinioos @ nos casos de depres ‘820 grave com risto de suicidio. O suicidio ocorre em até 10% dos casos de alcoolismo grave ¢ retratario| ao tratamento.. "= Sedativos e diazepinicos nao devem ser usados nessa fase (sao uteis no conttole da abstinéncia) '* Manter a observagdo continua do paciente alé a normalizago dos sinais vitais © da fungao mental |» Protager 0 paciente agitado com grades na beirada da cama e contengfo adequada (risco de se ma ‘chucar em crise de agiiagdo ou convuls6es) ‘= No paciente torparoso ou em coma, considerar a necessidade de ventilagéo art eid hipoventilagao acentuada por depressao central ou acumulo de secregies AQUA |. Considerar a possibilidade de complicages como encefalopatia hepatica, hematoma subdural, hipogli- comia, meningite, sinais corebrais focais, trauma eraniano. Em caso de divida solictara interconsulta de um neurologista e considerar a indicagao de tomogratia cerebral '* Lavagem géstrioa pode ser necesséria mas envolve risco de aspirag40 no paciente obnubilado ou co-| maloso e deve ser precedida de intubacao orotraqueal nos casos mais graves. '* Hemodilise deve ser pravidenciada nos casos em que a alcoolemia 6 superior 2 500 mg/dl. ou houver ingestao de meianol ou etlenogiiccis js Fazer uma glicemia capllar ou convencional ou, se esses recursos para afasiar hipoglicemia nao estive-| rem disponivels, conseguir uma acesso venoso ¢ infundir 25 a 50 mL de SGH 50% (12,5 a 25 gramas de glicase) © 100 mg de tiamina = © paciente sem comorbidades ou complicagées importantes pode ter alla quando se tornar sdbrio com! nivel de alcool sérico abaixo de 100 mg/dl, acompanhado por um adulto responsével e sdbrio © com a recomendaglio de que ndo pode dirigir. Se ha sinais de abuso crénico ou recorrenie deve ser enca- minhado para tralamento espectico ial prolongada se ha ‘outras vitaminas: dose do ataque de tamina de 100 mg EV ou IM e manutengao oral com 30 mgidia. Iniciar suplementagao oral de riboflavina, 80 mg/dia; piridoxina, 100 mgldie; niacina, 500 ma(dia; biotina, 10 mg/dia; cido folico, 15 mg/alia ||» Hidratagdo venosa: ndo € necessaria como rotina mas deve ser usada no paciente desidratado ou hipatenso ou com vamitos incoerciveis. : Se 0 ionograma mostra hipomagnese- mia @ nao existe disfungao renal, infundir EV len- tamente 4 mi de sulfalo de magnésio a 50% a cada 6 horas até a normalizacao. jo: deve ser considerado nos casos em lependéncia associada de outras drogas ou de diazepinicos, comorbidades (cetcacidose diadética, pneumonia, cistirbios hidroeletrolticos S, graves, necessidade de ventilagao etc), desnutri- go grave ou quando os sintomas de abstinéncia. yajnus woRses uhh forem muito graves. (Controle dos sintomas de abstinéncia: Os benzodiazepinicos por via oral ou venosa poder ser usados para controlar os sintomas signiticativos de abstinéncia (no paciente que nao esta aleoolizado no momento). Os sintomas leves a moderados da suspensao do élcool podem set tratados ambulatorialmente com benzodiazepinioos. Nos ‘casos graves, quando for necessaria a via venosa, usar injogdes bem lentas, vigiando a possibiidade de \depressao respiratoria. As altemativas 60: Lorazepam: 2-4 mg VO, IM, IV ou sublingual a cada 6 horas ou Glordiazepoxido: 50-100 mg por via oral ou 12,5 mg EV a cada 2-4 horas Diazepam: 10-20 mg por via oural ou 5-10 mg EV a cada 2-4 horas Essas doses devem ser usadas apenas no primeiro dia e a cada dia é preciso tontar diminuir 20 a 25% da dose anterior titulando a menor dose necesséria para manter o paciente tranaoilo. A retirada “otal da droga pode ser feita em menos de uma semana na maioria dos casos com a reversao dos sinto- mas de abstinéncia. A persisténcia do uso de diazopinicos implica em grande isco de adi¢ao cruzada ‘com 0 alcool. O lorazepam é a droga preferida em pacientes com disfungao hepatica (Crise de hipersensibilidade autonémica: Nos casos mais intensos, com sofrimento ou risco cardiaco, usar §-bioqueador (atenolol na ‘dose ora de 50 mg por dia) ou um agonista alfa (conidina na dose oral de 0,2 mg a cada 8 horas) Delirios ¢ alucinagées: Haloperidol: 0,5 a 5 mg por via intramuscular ou 5 @ 10 mg por via oral a cada 2 horas até 0 controle dos sintomas. IConvulsées: [Fenitoina: apesar do efeito controverso, usa-se 10 mg/kg por via EV lento (50 mg/minuto) como dose de ataque € manutengdo de 100 mg por via oral a cada 8 horas. O uso crénico de anticonvulsivantes 1ndo esta indicado nos casos de convulsio por abstinéncia alcodtica. | ‘© combats ao abuso do alcool alcoolismo crénico e su- Jas conseqiéncias deve ser encarado como uma questo prioritéria de | satide publica e precisa ser planejada © executada em todos os niveis de | acministragao de saude e envolver campanhas publicitarias © proibicao ‘|formal da propaganda de bebidas alcodlicas, sobretudo volladas para adolescentes. Séo importantes ainda as iniciativas da sociedade civil, organizagdes nao goveriamentais, sindicatos, empresas. prefeituras | municipais, igrejas num trabalno constants de conscientizagao das gra- | ves consequéncias do alccolismo, da necessidade de identiicar 0s ca- | sos € pessoas em situacdes de risco na implentagao de grupos de su- | porte © apoio aos pacientes, Paniletos, livretos, cartazes, palestras podem ajudar 0 u- | suario de élcco! a identiicar se Seu consumo de élcool ullrapassou limi- | tes de risco ou se id apresenta evidéncias de dependéncia, ajudando-o a Fontes: (1) BENZER, 06. Quantification of the alechol withdrawal syndrome in 487 alcoholic patients. J. Subst. Abuse Treat, 7: 117- 128, 1990. (2) BRAUNWALD, &; FAUCI, AS; KASPEA, DL; HAUSER, SL; LONGO, DL: JAMESON, JL. Harrison. Medicina In- tema. 15° edigdo, Rio de Janelro, 2002, MacGrav-Hil,Interemericana do Brasil Lida. (3) GOLDMAN, |; AUSIELLO, D. Cecil Tratado de Medicina Intema. Rio de Jancira, 229 edieaa, 2005, Ealtora Elsivier. (4) LEHMAN, J; ANDERSON, W. AbusO de ‘Substéncias e Dependéncia. In, KUTTY, K; SCHAPIRA, RM RUISWYK, JV: KOCHAR, MS. Tratado da Medicina Iniema. Rio dde Janero Guanabara-Koogan, p. 117-24, 2006; (6) LIEBER, CS. Mecical disorders of alcoholism. N. Engl. J. Méd, 333: 1058-65, 1995,

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