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Poder Judicidrio oe Z G Conicllle Newimal de Justia RESOLUCAO N° 4'74,DE 12 DE ABRIL DE 2013. Disp6e sobre a atividade de juiz leigo no Sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do Distrito Federal. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIGA, no uso de suas atribuigdes legais e regimentais, tendo em vista 0 decidido na 165* Sesso Ordindria, realizada em 19 de marco de 2013; CONSIDERANDO a Recomendagao n? 1 do Conselho Nacional de Justiga, de 6 de dezembro de 2005, que estabelece medidas de aprimoramento dos servigos prestados pelos Juizados Especiais; CONSIDERANDO que o Sistema dos Juizados Especiais (Leis n. 9.099/1995 e n. 12.153/2009), bem como a Constituigao Federal (art. 98, |) preveem a atuago de juizes leigos nos juizados especiais; CONSIDERANDO que varios Estados ja contam com a atuagaéo de juizes leigos em seus juizados especiais; CONSIDERANDO a necessidade de definigéo de uma politica judicidria nacional que discipline a atividade dos juizes leigos; CONSIDERANDO os estudos realizados pelo grupo de trabalHo instituido pela Portaria n. 81, de 21 de junho de 2012; Poder Judiciario Conwile Neional le Juste RESOLVE: Capitulo | DA SELECAO Art. 1® Os juizes leigos so auxiliares da Justiga recrutados entre advogados com mais de 2 (dois) anos de experiéncia. Art. 2° Os juizes leigos, quando remunerados ou indenizados a qualquer titulo, seréo recrutados por prazo determinado, permitida uma recondugao, por meio de processo seletivo puiblico de provas e titulos, ainda que simplificado, conduzido por critérios objetivos. Pardgrafo Unico. O processo seletivo sera realizado conforme os critérios estabelecidos pelas respectivas coordenagées estaduais do sistema dos Juizados Especiais Capitulo I DO EXERCICIO DA FUNCAO E DA CAPACITACAO, Art. 3° O exercicio das fungées de juiz leigo, considerado de relevante carater publico, sem vinculo empregaticio ou estatutario, é tempordrio & pressup6e capacitacao anterior ao inicio das atividades. Ant. 4° Os Tribunais de Justia deverdio providenciar capacitacéo adequada, periddica e gratuita a seus juizes leigos, facultando-se ao interessado obter a capacitagao junto a cursos reconhecidos pelo Tribunal de Justica da respectiva unidade da federacdo, preferencialmente por meio das escolas de formagao. Paragrafo unico. Os Tribunais de Justiga deverao providenciar a capacitacéio de seus juizes leigos, no minimo por 40 horas, observado o conteudo programatico minimo estabelecido no Anexo | desta Resolucao. Art. 5° Os juizes leigos ficam sujeitos ao Cédigo de Etica constante, do Anexo Il desta Resolugao. Poder Judiciario Censclli Nacional be Mipee Art. 6° O juiz leigo nao podera exercer a advocacia no Sistema dos Juizados Especiais da respectiva Comarca, enquanto no desempenho das respectivas fungdes. Pardgrafo Unico. Na forma do que dispée 0 § 2° do art. 15 da Lei n 12.153 de 22 de dezembro de 2009, os juizes leigos atuantes em juizados especiais da fazenda publica ficarao impedidos de advogar em todo o sistema nacional de juizados especiais da fazenda publica. Capitulo III DA LOTACAO Art. 7° A lotagao de juizes leigos devera guardar proporgéo com 0 numero de feitos distribuids em cada unidade judiciadiria. Capitulo IV DA REMUNERACGAO, Art. 8° A remuneragao dos julzes leigos, quando houver, sera estabelecida por ato homologado, isto é, projeto de sentenga ou acordo celebrado entre as partes, observado 0 disposto no art. 12. § 1° A remuneragao, em qualquer caso, nao podera ultrapassar 0 maior cargo cartorério de terceiro grau de escolaridade do primeiro grau de jurisdig&o do Tribunal de Justica, vedada qualquer outra equiparagao. ; § 2° Nao seréo computadas para efeito de remuneragao a: homologagées de sentenga de extingéo do processo, no caso de auséncia do’ autor, desisténcia ¢ embargos de declaracao, sem prejuizo de outras situagdes, que venham a ser regulamentadas pelo Tribunal. Poder Judiciario ‘vonella Nasional de Justira Capitulo V DA GESTAO. Art. 9° Compete ao juiz togado e a Coordenagao do Sistema dos Juizados Especiais a responsabilidade disciplinar e de avaliacao dos juizes leigos, entendidas como meio para veriticar 0 bom funcionamento e estimular a melhoria continua dos servicos prestados pelo Sistema dos Juizados Especiais. Pardgrafo nico. O juiz leigo fica subordinado as orientagdes e ao entendimento juridico do juiz togado. Art. 10. Ao magistrado da unidade incumbe o dever de fiscalizar ¢ coordenar 0 trabalho de juizes leigos, devendo estar presente na unidade do Juizado Especial durante a realizacao das audiéncias. Art. 11. O juiz leigo terd 0 prazo maximo de 10 dias, a contar do encerramento da instruc&o, para apresentar o projeto de sentenca, que s6 poderd ser entranhado aos autos ¢ disponibilizado para o publico externo no sistema de informatica caso seja homologado. Pardgrato Unico. A Coordenagao do Sistema Estadual dos Juizados incumbe regrar as sangdes para 0 caso de descumprimento injustificado do prazo estabelecido. Capitulo VI DA AVALIACAO DO TRABALHO DE JUIZES LEIGOS Art. 12. Cada unidade do Juizado mantera sistema de avaliag: desempenho das atribuigdes dos juizes leigos, aferindo também a satisfacao d usuario do sistema, para fins de verificar 0 bom funcionamento e estimular melhoria continua dos servigos prestados pelo Sistema dos Juizados Especiais. Poder Judicidrio Conslla Nacional de Jastiza Capitulo Vit DO DESLIGAMENTO Art. 13. Nao obstante submetidos a procedimento de selegao, os juizes leigos poderao ser suspensos ou alastados de suas fungées, ad nutum. DISPOSIGOES FINAIS Art. 14. E vedado aos tribunais estabelecer politica de remuneracdo de conciliadores se nao contarem com juizes leigos recrutados na forma desta resolugao. Art. 15. Os Tribunais teréo o prazo de 120 dias para se adequarem aos termos desta Resolucao. Art. 16. Esta Resolugao entra em vigor na data de sua publicagao. Ministro Joa jarbosa Presidént Poder Juciciario ANEXO IDA RESOLUCAO N? 474 ,DE 2 DE ABRIL DE 2013 CONTEUDO PROGRAMATICO MiNIMO |- PARTE TEORICA 1. Juizados Especiais - Nocées Gerais; 2. Direito do Consumidor, Direito Civil, Direito Penal, Direito Administrativo e/ou Constitucional aplicado aos Juizados Especiais; 3. Etica; 4. Jurisprudéncia das Turmas Recursais, Turmas de Uniformizacao e Tribunais Superiores; 5. Técnicas de Conciliacao; 6. Audiéncia de instrucao; 7. Técnica de Sentenga Aplicada ao Sistema do Juizado Especial Il - PARTE PRATICA 1. Assistir audiéncias dos Juizados Especiais; 2. Debate e Estudo Dirigido sobre relatérios de observagao de! audiéncias, Poder Judiciario Conselle Nacional de, Justipa ANEXO II DA RESOLUGAO NP {'74 ,DE 12 DE ABRIL DE 2013 CODIGO DE ETICA DE JUIZES LEIGOS Art. 1° Fica instituido 0 Cédigo de Etica de Juizes Leigos, nos seguintes termos. Art 2° No exercicio da fungaio de auxiliares da justiga, os juizes leigos tém 0 dever de buscar a resolugéo do contlito com qualidade, acessibilidade, transparéncia @ respeito & dignidade das pessoas, priorizando a tentativa de resolugao amigavel do litigio Art. 3° So deveres dos juizes leigos, sem prejuizo daqueles estabelecidos pelo respectivo Tribunal: 1~zelar pela dignidade da Justica; Il - velar por sua honra e reputagdo pessoal e agir com lealdade e boa-fé; Ill - abster-se da captagao de clientela no exercicio da fungao de juiz leigo; IV - respeitar 0 hordrio marcado para o inicio das sessdes de conciliagéo e das audiéncias de instrugao; V - informar as partes, no inicio das sess6es de conciliagao e das audiéncias de instrucéo e julgamento, sua condicéo de auxiliar da justica subordinado ao juiz togado; VI — informar as partes, de forma clara e imparcial, os riscos e consequéncias de uma demanda judicial; VIl = informar & vitima com clareza sobre a possibilidade de / intervengao no processo penal e de obter a reparacao ao dano sofrido; VII — dispensar tratamento igualitario as partes, independente de sua condigéo social, cultural, material ou qualquer outra situagdo d vuinerabilidade e, observar o equilibrio de poder; IX ~ abster-se de fazer pré-julgamento da causa; Poder Judiciario 2 an og, ‘nicl Nacional te, feasipe X — preservar 0 segredo de justiga quando for reconhecido no processo; XI — quardar absoluta reserva e segredo profissional em relagao aos fatos ou dados conhecidos no exercicio de sua fungao ou por ocasiao desta; XIl — subordinar-se as orientacGes e ao entendimento juridico do juiz togado; Art. 48 Os juizes leigos tem o dever de fundamentar os projetos de sentenga, em linguagem que respeite as exigéncias técnicas e facilite a compreensao a todos, ainda que nao especialistas em Direito. Art. 5° Os juizes leigos esto sujeitos aos mesmos motivos de impedimento e suspeigao dos juizes togados. Art. 6° © descumprimento das normas contidas nesta Resolucao resultaré na suspensdo ou afastamento do juiz leigo que, neste caso, ficard impedido de atuar como auxiliar da justica em qualquer outra unidade do Siste dos Juizados Especiais. Paragrafo unico. Em caso de descumprimento de seus deverds, juiz leigo podera ser representado por qualquer pessoa perante 0 juiz togado ou a Coordenagao Estadual dos Juizados.

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