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Anthony Giddens CAPITALISMO E MODERNA TEORIA SOCIAL PARTE IL DURKHEIM 5 _aS OBRAS DE JUVENTUDE DE DURKHEIM _ndlferenga entre Marx ¢ Durkheim nfo & apenas a que existe entre unt goraoes diferentes de pensadores seis pois ent um outro cua Brum abismo no que se refere ao contexo institucional trad incectaal que informa 0 respetivo pensamento, Dos rs alo- 0 uals neste live foi Durkheim quem sempre se conservou mas es sudo, um nivel pessoal, dos grandes acontecimentos politicos do afm: es suas obras so quase todas de cadeter académico,e por= ‘ano muito menos disperas — e menos propangaistieas — do que as ears ou Weber! As inflaéniasinteletusis que mais contiburam fare constitugio da doutina teria de Darkneim foram também mais Fomogéneas e mais facilmenteidentiiciveis do que as que moldaram obra dos dois outeos autores. "As influéncias que mais contibuiram pars a formagio do pensa- mento da maturidade de Durklicim derivam todas elas de tadigbes Jeletunis ntidamente francesas. As interpetagies até certo pont Convergentes que Saint-Simon e Comte apresentaram do declinio do feudalism e da constituigo da sociedade moderna $30 as principais fonts da totlidade da su obra. O principal tema da obra de Durkheim consistiv na tentativa de recancitiagdo da eoncepes0 de Comte do “stdio «postivo» da sociedade com a exposigio parcsimente diver gente da caratersticas do cindustrialismoy feta por Saint-Simon” Durkheim foi ainda influcnciado por outros autores franceses de _geragies anteriores, tus como Montesquieu e Rousseau; acrescen~ faram-se ainda a todas as influgncias as dos ensinamentos eontempo- Taino yon ei nn sg se io ge tue rags Duc ins sO lon ttn. Re Bes Sia ibn, preheat 0 as Dry bbem ese in tac ator eter pap em Se Ge? rt ye cia clbons eam she tem ‘ct Ae Goes 9.1 19 rineos de Renouvier,¢ de dois professores da cole Normale, gue Durkheim frequentou de 1879 e 1882, Boutroux e Fusel de Coulanges’ [AS obras de juventude de Durkheim relacionam-se, contudo, om as idias de um grup de autores alemaes contemporincos, Hi deter- Iinados tipos de teori social que, se bem que contemporineos de ‘outras que continuam vives na sociologia dos nossos dias, foram ripida e quase completamente esquecidas. fo caso do organicismo, ” ‘Uma importante contribuig dos pensadores alemdes para 0 progreso| 4 sociologitconsiste em trem demonstrado quo as regras © 88 4yBes ‘mors podem ser cintficamente extudsdas, na sua qualidade de pro- ‘rcdades da organizago soil, Durkheim define neste ponto um preccto {que havia de vir a serum dos prineipis oriemadores de toda ‘a sua ‘obra. Até A data, os floxofOs tem part do principio de que a moral fasseata num sistema dedutivo de principios abstractos. A obra dos auto res alemes demonstra-nos, porém, que ¢ profundamente errado pro ‘eder desst manta, como se a vida social humana peso sr redU- ‘ia @ mela dzia de norma Tormuladasintelectalmente. Temos antes {partir da realidad, do esto das formas concretas das regras moras, {al como as encontramos nas sociedades concreta, Durkheim cita uma vez Schafle no que a este ponto se refer: foi SchafTe que demons- trou que as regras moras sio modelada pela sociedad, soba pressio «das necessidades colectivas, Nio se pode pois patt do principio de ‘qu essas regs, por operarem de facto empircamente, podem erred 2idas alguns principio a prov, dos quais todas as erengas ¢acg6es ‘speciicasconstitulram mera expresso. Os factos morais slo na fea Tidade de uma prodigiosa complexidades: 0 estudo empirico das die rentes Sociedades mosta-nos que hi «um nimero cada ver maior de ‘tengas, costumes e disposigdes legis». Essa diversidade nlo exclu 4 possibilidade de uma andlise, mas s6 os sociGlogos poderio levi-la cabo, classificando einterpretando esses elementos dvergentes ata ‘és da observagio da descrgao. ‘Durkheim dodica grande parte do sou atigo sobre os pensadores lemacs i andlise da Ethik de Wand, obra que considera como um dos ‘mais signiicatives fratos do ponto de vista aris refeido. Ua das Princpais contrbuigdes de Wundt consist, segundo Durkheim ass ry nal, em terchamado a aten¢20 para 0 significado basco das institu {hes reigiosas na sociedad, Wand demonstrou que se manifesta, ‘ns tligidesprimitivas duas espécies de fendmenos inter-claionados! por um lado, uma série de wespeculagdes metafisics relativas & natu yea ©@ ordem das cosas, c, por outo,reras de condutae discipina ‘moral. Além de fornecer idesis de conduta «religi#o ainda uma forga de cossto social, Durkheim aceite esse postlado de ordem ger se bem que os ideas possam varar de sociedade para sociedad, «pode sos tera eerteza de que nio hi nem houve nunea homens comple rente desprovidos de ideas, por muito humilde que estes fssem; pois ‘os ides correspondem a uma necessidadeprofundamenteenrzada na ‘nossa naturezay". A religido constitu nas Sociedadesprimitvas pode rosa fonte de altruism: as erengas eas pica relgiots tem 0 efeito ‘be areprimir oegoixmo, de inclinar os homens para osacrificio para ‘0 desnteressey. Os sentimentos eligiosos wlevam o homem a interes ‘ase por eutras coisas além de si mesmo, etornam-no dependente de poderes superores que simbolizam o idea, individalismo & ums produto da evolu social, segundo o demonstra Wand: a individual {dade nfo & de modo algum o facto primitivo ea sociedade o derivado, ‘is antes pelo contro, a primera a6 letamente emerge da segunda» ‘Uma das enticas que Durkheim dirige & Wundt € que este tltimo autor nfo parece compreender plenamente o earieter dual do efeito, egulador das rerasreligosase morais. Todas as acges morais podem ‘et considerads sob dois pontos de vista, diz Durkheim: um deles € 0 «ds atraceio positivaexersida por um ideal ou um conjunto de ides Mas a eyras moras presenta tambm caractristicas de obrigatorie- dade ou constrangimento, uma vez que a prossseucao de objectivos ‘orais nem sempre se haseia na valencia positiva dos ideals. Amos esses aspoctos das regras morais so essenciais 8 sua aplicagao, 0s objectivos que Durkheim se propunha em Divisde do Trabalho {As ertcas de javentude de Durkheim & obra de pensadores socais lemies indicam-nos que algumas das ideias que defendeu em obras SSSR pine de nme pat 2p IG. alien de Wee Tele «Lio de ee de ns posteriones datam do inicio da sua carrera inteleetuaP™, No € ici ‘eterminar até que ponto Durkheim ter sido direetamente inlunciado pela obra desses pensadores,e até que ponto essa influncia se teré Timitado 8 reforgr conclusdesdevivadas de outra fontes. Este iia hipotese & 4 mais provivel, Quando foi ertcado, muito mais tarde, ‘como tend «importado as sua idias da Alemanhay, Durkheim rep ‘iow essa acusagi, afrmando que inuéncia de Comte fora muito Inais marcantee que se haseara no pensamento de Comte para proce {dr a cli das conrbuighes dos autores alemaes em eauss™. As eri- tieasredigidas por Durkheim no inicio da sua carreitainelectual pro- ‘vamos que jé mesa altura se encontava conseiene de nogdes que s© ‘considerou teem sido express muito mais tarde”. Essa iiss sur- tems definidas de forma rudimentar,€ cero, ou terBo de ser inf Fidas da exposigio que Durkheim faz das ideias de outros autores, Encontramos, porém,nesiasprimeitas obras um esbogo dos conccitos «qe passo a refer importinci dos ideaisy eda unidade moral pare ‘ontinuidade da sociedade™, 0 significado do individue como agente tctivo « simultaneamente como reipiente passivo das influéncias Sociai, a natureza dual da lignsao do individuo & soviedade, que “Tomas mcm mini ste pot, pot 2 min do ents ss sen ftir an anise nar qe © pesto de Dis {ern sofado no deco nee nel evo rr esters pele treo Sel ton (tene, 194), pp. 01-0. Pr oa ves sient © ‘es 15) pp. 3S Ne fede amv pcm Robe A sit, fe Btn Eagnod Cit, 9) aren. 7. ees oe ‘Shem weiine fr Cfo nce woo sbi werent IB591. rit eas 08 em ee on a ee {trode cress etene Dune Deg, vie Ree oscar Yue de mao peril Pon, p 508-307; etn Aes Pz: Granda as ceToois, Gone Ges, Dain sien que msn depots des cede iia sa por oases nai ot ‘iss ne mal nid sae, Sound Din, Tomes parte do ipo {cha Gola prenatal re, Sh dee dm ra nt a re anne ae Sp. 7-34), neil Dut fn ica 6 inplica a brigagio ¢ o empenhamento postivo nos esis; a eoncep- {io de que uma organizagto de unidaes (sto €, de individwos come fhidades de sciedade orpanizadas) tem propriedades que nto podem fer directamente deduzidas das caracteristieas das unkdades compo- fentes consideradas independentemente uma das outras; a8 bases da futua tori da anomia; os rudimentos da futurateora da religito. Temos de terem mente estas consideraes a0 procedern um exame critica do conteido de 4 Divisio do Trabalho, obra aamente pol tic, que asume a form de um ataque rtieoorientado de tal mania ge cetos temas subjacents 4 bra tendem a fear na sombra, O con {wido polémico do livro dirge-se principalmente conta a individ tismo utitarista dos flsofose economist potios ingleses”. Porém, propie-se tn outro objectivo menos Sbvio, o da eriten a comrente de enstineno derivada de Comte erepresentada por auiores como SehaM, {fue aeeniua a importineia de um consenso moral fortemente definido fra perpetuagdo da ofdem social. Durksim aceita esse conce thas apenas para anilise das sociedadestradicionais. Mas ates prin- {Spel gue Durkheim se propde defender em 4 Divisio do Trabalho & {que a complexa sociedade moderna alo fede inevitavelmente para a ‘Esinegragio, apesar do declinio da signifeagdo das evengas moras Iradiconais que nela se vetifica, Polo contro, o estado «normaly em ique se verifea una divisio diferoniada do trabalho earacteriza-se Smullancantente pela esabilidadeorginica. O que nto signifia (como ‘implica, segundo Durkheim, a anaiise de Tonnies em Gemeinschaft lind Gesellschaft) que 0 eeito iteprador da divisio especializada do trabalho posst se intrpretado como o interpreta o tltarsmo, ou se), Como unt resultado de contratosindividuas multiplos Pelo contri, ‘ existéncia do contrato pressupte normas que no constituem uma fesultante de lagos contatais, mas antes compromissos morais mais {eris, sem 08 quais ndo seria possvel contra esses Ingo. O «eulto 4p individu, ideia que Durkheim va buscar a Renouvier — conviegbes abjevamos de Gumplowicr, que wan w meme feng str © sos A ‘elt ecde ua de i al pr fro Se ua cone eit 08 rg ow (p32). Sele de Dukcim soe o mit, 0 gil afin gu aco da tee do ing ohn slo Get nl ene 2 prosper ces Sic homme prope su lesb Se» righ dn cess ‘hor fe deer prchat enced ova pide eo ‘Giovani sso pe moo sponse sSoce tas le {Se bP vo 36 8p MO bisicas e consensusisrelativas & dignidade e ao valor do individuo human, tis como foam formuladas pelos pilosophes do século xv, { que esto na hase da Revolugio Francesa — pode conteabalangar 3 individualizagio produzida pela expansio da divisso do abatho, cons ‘ituindo o prineipal suport: mora em que esta so bases ‘0 ponte de vista adoptado por Duckheim no tratamento dos pontos que se propde abordat em A Disisdo do Trabalho 6 idénticg aquele que defends na sua critica 20s pensadores socials alemes. «ste livros, firma Durkheim logo no iniio do mesmo, «constitu antes de mais ‘aa nna tenttiva para anaisar of factos da vida moral pelo metodo das cincias postvas > Torna-se necestrio estabelecer uma distin- ‘0 bem clara entre esse métedo e 0 da filosofa ica: of moralsts partem sempre de um qualquer postulado a prior relative as earacte- "ties esseneiis da naturera humana, ot de proposes extras da Psicologia, constraindo depois a partir dessas premissase por deduglo Togiea um esquem ético. Durkheim propde-se, porkm, no extrait a fica da cinta, mas ants ciar uma eienci da moral, o que & muito diferente” As vegras moras surgem no sco da Sociedade, ligando-se integralmente és condigdes de vida social vigentes em determinado tempo ¢ local. A eléncia dos fendmenos morais prop-se pois anal sar 0 modo como a evolugdo das formas socias se repercute no cari {er das normas morals © wabservar, descrever classiticar» estas O principal problema subjacent is preaeupagdes de Durkheim em A Divisto do Trabalho & 0 da ambiguidade moral aparente da elago {entre individvo e sociedade no mundo contemporaneo. Por un lado, 2 evolueto da forma madera de sociedade ests ligada & expansio Jo ‘individualism, Este fendmeno relaciona-se com o ineremento da Aivisio do trabalho, que dt origem a uma expecalizacio das fongbes proissionas,contibuin portato para possibilitaro desenvolvimento os talentos, capacidade eatitudes espectficas que caraterizam grupos fistinos no interior da sociedade. facil demonstra, diz Duke, {ue existem na nossa época fortes corontes de ideias moras segundo {8 quais a personaidade individual deverdrealizar-se de acordo com 88 quaidades especificas de cada individu, pelo que a edcagio nto ‘eve ser uniforme", Por oueo lado, manifestam-se simultaneamente futras correntes moras contraditiias, que entoam louvores a9 «ind ° DST vide JA. Bes: suede Divito of Ltr Sait, Mon None us _ viduo universalmente desenvolvidoy. «De uma manera gera, 0 pre feito que ordna que nos especializeios parcce ser constaniement Con trriado pelo preceito que nos manda adoptar todos 0 mesmo ideal» ‘Segundo Durkheim, s8 nos € possvel compreender a Fontes desses idesis moras aparentemente contraditriog, através de uma anise his toreae sociolgica das causts dos efeitos da expansto da dvisbo do trabalho. A dvisto do trabalho, observa Durkheim, nlo € um Tenémena rmodemo; é paticada também as sociedades mais tradiionas, ass rmindo, poem, uma forma radmentr, econinando-se geralmente a uma , ov que a diversifcagdo & consequéncia apenas da indstalizagao. demos identiar 0 mesmo processo ca todos os sectors das socidades conten porineas — no govern, no direito, nas cfacasenasares. A espeializagdo ‘eau ver mais evident em toss areas da vida sci, Consideremos ‘ exemplo da cignca:antigamente havia ums nica discipina, «ilo sofas, que se dedicava ao estudo de toda a realdade naturale social © ‘que hoje se enconta dividida em inimerts diseiplinas independents Esse incremeonta da dfereniagao social que €earactersico do pr exsso de evolugdo das sociedadestradicionas para as formas sociis ‘modemas pode ser comparado & certosprincpiosbioligico, Os pri ios organisms que nos aparece na scala evoluiva so de estat ‘Simples; a esses orpanismos simples seguem- outros mais comple= ‘0s, caruetrizados por um grau mas elevado de espocalizagdo fun ‘onal intern: quanto mais especislizadas sao as fungbes do organismo, mais clovada € a sua posiglo na eseaa evolutiva®,Trata-se de uma ‘comparugdo entre a anise que Durkheim faz do desenvolvimento da Aivisto do trabalho e suas velagbes com a dem mor. Caso prelen= amos analisa a signticagio da diferencia na diviso do trabalho, temos de comparar e contrastar 0s principios seyundo os quais esto lorganizadas as sociedades menos evoluldas, com aqueles que regem & ‘organizagdo das sociedades wavangadas» ‘© que implica uma tentativa de medigao das mudangas que se verificam na natureza da solidariedade social, Uma ver que # sol Aavcdade social nto 6, sogundo Durkheim, dirctamente monsuravel 9 —0 que se verfca também em todos os outros fendmenos morais ‘aso pretendamos reistar a forma inconstante da soldariedade moral ‘temos de substtur a facto interno, que nos escapa, um indice externo Lat exterieur| que 0 simbolize®. Encontramos esse indice nos cédi- 0s legas. Sempre que haja ua forma estvel de vida social, as repras moras serio eventualmente codiicadas sob a forma de leis. Se bom ‘que possam surgir confit ocsionais entre as movalidades consuctalin- nes de camportamento eo dreit,o facto ¢excepcional, esse veiica ‘quando odiritoedeixa de coresponder ao estado actual da sociedade, mantendo-se pela forga do hibito, © em qualquer rio para tal” ‘Um preceito legal pode ser definide como uma regra de conduta que { sancionada; as sangbesdividem-se em dois tiposprincipns, Ax san- bes erpressivasy so caracteristicas dali penal, consistindo na impo Sigao de qualquer tipo de sofrimento ao indviduo que tanspide a ei, ‘como castigo da sus transgressio, seas sangSes incluem a privacio da Tiberdade, a imposigio de castigos fsicos, a perda da honra, etc. AS sangbes «reparaderas, por outro lado, implicar a restauragHo ou re labelecimento das relagdes tas quas estas se processavam antes de a lei ser vilada, Se um homem exigir a outro a'compensacso de danos {que este The causou, 0 objecivo do process legal consist em re ‘Thence polom Fan ology, Da ura of Saco, a 16, 14S, Ingres wnt de walc ¢ tse masta gies eso 130 rr Podemos inerr portanto do que acaba de ser dito que 0 facto de © ¢atolicismo ter um . pateridade & por um lado uma rlag biolbea: um homtem tomna-se pai de um filo a és do ato da procrigio. Mas a pateridade ¢ também um Fenémeno sia: 0 pa €abrigao, por convengioe por li agit de determinada ‘aneia para cam io (eos outtos menos Filia). Essis modal daes de aegaa nto so eiada pelo individ em questo, fzendo pate ‘de um sistema de deveres marais que oobriga tanto a ele como todos ‘os outrs homens, Se bem gue oindivido possa desrespeitar ests abr 2168es, f-lo sentido a forga que tém, confirmando assim o seu eae ter de constrangimento: «Mlesmo quando me libero desta regres ¢ a5 Volo com éxito, tenho sempre de Tutar com elas. Anda que veneides, a resiséncia que oferecem constitu prova sufciente do seu poder coer iv Isto foma.se mais vio no caso dak obrigages legis, que S10 RMS. Quando api nro, Daten onc ala Weber ome 16 _ sancionadas por uma sie de forgas eoercivas: a polica, os tibunais, fie, Hk porem uma grande variedade de sangdes de outros pos que Sivigam 0 individuo a respetar deveres que ndo sto exprestos pa le. Durkheim afims vepetidamente que a conformidade com as obs ages rarumente se baseia no medo fs sangBes apicadas em caso de {ntraceo. Na maoria dos easos o¥individaos aceitam a legtimidade ti obrigasio, no tendo portato conseignca do seu caieter coecivo: fequando me conform com elas de bom grado, esse constrangimento jquase pass despeteebido, uma vez que & desnecessrio. Consitu, no tanto, caracersti prove é que se afima sim que feno resistithes™", O facto de Durkheim tanto insist na immporticia do constangimentodeve-se a uma intengd polemicadrigida ‘conta outlitarismo. O constrangimeato moral tem porém dois aspee- fos, ¢ 0 out € 0 da aceitago de um ideal (por muito parcial que essa ‘scilaeZ0 soa) que também implica sempre. Durkheim havia de dizer ‘mas tarde que nunca otnkam compreendido bem quanto a ese aspect: «Uma vez que consideramos que o constrangimento era o sinal exe or que pesmita dferenciare identifier os factos sociais dos fatos ‘a picologia individual, uve quem parisse do principio de que esi vahos a afar que a coereio fisica era indispensivel na vida social, ‘Nunca considerimos, porém, que essa coergdo fosse mais do que a cexpressio materiale evidente de um facto inferno © profandamente fentaizado que € integralmente ideal reliro-me & aoridade moral” | ligicn da generalizagio explanatoria No preficio& segunda edicho de As Regras, Durkheim responde is ‘objecgdes que foram levantadas a uma proposta que &talvez a mais, ‘Slebre de todo 0 Livro: wconsideremse os factos socials como ea Sas. Este postelada & de order metodologicae no ontogies endo de ser interpretado em termos da concep¢io da modalidade de pro resso da ciencia que Durkheim fora busear a Comte, Antes de se cons ttuitem como disciplins conceptualmente precisas e empiricamente Figorosa, todas as ciéncas consistem em coleegoes de noes muito sgerais © inexactas, drivadasoriginalmente da religito:«...0 pens mento e @refleo slo anteriores 4 cigneia, que se limita servi-se roto Sill Thought (Lontes, 9, eles de forma metiica».Essas nogdes no sto porém submetids de forma sistematica ao teste da experiénca; wos fatosintervém apenas de modo secundiro, como exeriplos ou provas confimativasy”. Esse ‘stdio pré-clentfco ¢ ullrapassal por mio da introdugo do metodo tempirico, e nfo apenas pela mera dtcussto de conceto. Iso & talver ‘mais importante na ciécia socal do que na natural, uma vez que ext 8 activdade humana pelo que nela xe manifesta uma tendncia park Considerar os Tenémenos sociais quer como isentos de realidade subs cal (come eriagis da vontade individual) quer, pelo contro, como ‘enémenos js conhecidos:plavras como walemocracia, womtnismn, ee, sho tlizadas sem mais expicagdes, como se designassem fates Conesidos com proviso, quand a verdade € que wdespertam em nds ‘dias confusas, um aglomerado de impresses, preconccitos © emo~ ses vagos»”. A proposta de que os factossocinis devem ser tatados ome «coisas» & formulada cam o objetivo de contarar esse len- déncias. Durkheim assimila assim os faction seta 20 mundo da ea lidade natural, na medida em que as suas propriedades, tis como a8 dos objectos da natureza, ndo poem ser imediatamenteconhecidas por intuigdo directa, nem seF modificadas pela vontade human. «A carte {eristica mais importante de uma “coisa” & 0 facto de ser impossivel ‘modified-la pela simples acedo da vontade. Nao & que a coisa s3ja feffactirin a todas as modifeagdes, mas o mero acto da vontade nio basta para produzir nela uma modifcasao.. Vimos ja que os Tactos soviais partiham dessa caactristca.»™ 0 respeito pelo principio que manda trtar os factos socials como coisas, o principio da objetividade,exige da parte da investigador uma ate de distanciago em telagio & realidade social. O que nfo quer dizer que este no poss abordae um determinado campo de investiga ‘lo de um certo ponto de vista, mas apenas que tem de adoptar um ude emoeionalmente neuca em relago ao que se propoe investi 2e" Este ipo de aide s6 se tora por sua vez possivel mediante & formulagio de conceitos bem precsos que permitam evita a temino logia confusae imprecisa do pensamento popula. Porémy, n0 iniio 38 investigagdo no ¢ possvel ter um conhecimenta sistemtico do fend- ‘meno em questo: femos porianta de conceptalizar o tema da nossa nas "Duin cham aeneto paso to de oe wna dni demasinds zaneem ego ropa qu fam jst emo incense pane dec Schacht te pment teens Sa 0 138 ~~ ‘vestgagio em temos das propriedades que sb wsuicientemente ext rior pata poderem ser imediatamente apreendidas»®, Em 4 Divisdo tbo Trabalho, por exemplo, Durkheim tena defini o erie em terms ks ucaracteristica exterior» constituida pola existeneia de sangespun- tivas; um erime € qualquer aegto que ara o castigo. Mas tata-se de tam meio de elaborar um outro conceto de crime mais satisfatério: 0 rime € um acto que contraria erengase sentimentos colectvos". Pode bjectarse que esta abordagem atrbui um relevoindovido 8 atributos Saperiias de um fendmeno, a expensas de outros trapos mais funda- snentas, Durkheim responde a essa objecgio afirmando que a d {ho baseada nas caraeteristicas wextriren» io pasta de um primeira paso, que n0s permite westabelecer © contacto com as coisasy™. Esse {onceito permite ao inestigdor uma enirée num eampo de investiga ‘0, fornecendo como ponto de partidaTendmenos abservives. ‘Aquilo que Durkheim nos diz no que se refer & Tigi da ex 0 ea prova em sociologiarelaciona-se de eto com a sua andlise {as prinipais caractersticas dos factos socials. A expicagio dos fen menos sovais pode ser tentada a partir de duassbordagens, 2 funcional ts histiica. A andlise funcional de wr Tendmeno social implica oes blecimento de uma weorrespondéncia enteo facto em questo © 36 nocessidades gras do organism social, e determina em que & que essa correspondéncia consist... A fungion tem de ser distinguida da “fnalidade» ou eproposto» psicolgico, «porque os fendmmenossociais ‘fo exist gralmente em funeio dos resultados itis que produzem»™ ‘As motivagdes ou os sentimentos que levam os individuos a partcipar ‘nas actividades sociais no correspondem na mairia dos casos 4s fu (hes destas actividades. A soviedade no & apenas um agregado de ‘motivagbesindividuis, mas antes «um reaidade espetfiea que tm 2s suas propria caactristicasy os facts socials no podem por con Seguin ser explicados em termos dessa motivagbes. ‘A identificagio da funeio social nao explica portanto, segundo Durkheim, as rads da exstincia do fenémeno socal em questo. As ‘ausns qu produzem um facto socal sto independentes da fun gue teste desempenha na sociedade, Toda a tentativa de relacionagdo ene 2 fungao © a causa conduz a uma explicag telcologica da evelucio Social em termos de causa fina, observa Durkheim. A eexplicagion Dvr Pai 1920p. 9 ) fem termos de eausas fins conduz por sua vex 0 tipo de rciosnios, ferréneos que Durkheim evtca tanto em A Diviso do Trabalho como fm O Swi: «Comte reduz portanto toga a forga progressva da eapécie humana a essa tendéncia fandamental “gue leva homem a melhorareonstan- temente a sua condicdo, qualquer que esta ej, € em tots a circuns- tincias”; e Spencer relaciona esta forga com « necessidade de uma Este método confande, porém, dois problemas muito diferentes... A-necessidade que temos das coisis nao pode dar-thes ‘exisgnea, nem conferi-hes a sus natureza specifica.” ‘As causas que estio na origem de determinada facto 50 podem portano ser idemtiicadas com as Fungdes socitis que possa desempenhar. O procedimento metodoligicaadequad consi pois em determinar as eausas antes de tentarespecifcar as fangs ( conhecimento das eausas que dram origen «determinado Fenémeno pode com efeito, em cerascireunstncias,eslareer-nos quanto suas Possiveis funeGes,O eariterdstnta da causa eda fungao no implica que nio possa haver entre ambas uma relagdo reciproca, diz-nos Durkheim «Sem divide que o efeito nfo pode exstir sem ssa caus; ‘mas esta precisa também do se efeto. © efeito deriva da causa & sua ‘energia; mas fax por vezesreverer esta energia para a causa, © ni pode prtantodesaparece sem que a causa acuse os efeitos dessa des pari.» Num exempla que Durkteim vai busear em A Divisdo do Trabatho, existénca do aeastigo» depende assim do facto de prev lecerem sentimentos colectivos forte. A fungdo do castigo consise em ‘manter esses seatimentos com o mesmo gra de ilensdade: soa ras resides nfo fossem eastgadas, a forga do sentimento indispensivel 3 oesto socal no seria preservada, Normalidade e patologia ‘Uma parte importante de As Regras & eonsagrada 8 uma tentativa * (0 socialism propse-se pois regulamentare contolar a produgto, bem de todos os membros da sosiedade, Nenhums doutrin socialist rcconiza porte, segundo Durkheim, que o conto sejaabjecta de uma ‘egulamentagio centalizada pelo contro, os scilistas sto de opinito {que todos os indviduos dever tra liberdade de usureui ds fst da Produ para a sua propria realiagao individual. No eomunismo, pelo ontario, «é 0 consumo que & comuntirio, e a produgio que perma- nove privada «Sem dividay,acrescenta Durkheim, «— e iss €decep- " eine ns Cons Slt Try Nao, 5 158 © eardetr especial do sagrado manifesta-se no facto de estar ligado «1 presergbes proibigdes rituals que acentuam essa separaco radial de profano, Uma religido ndo é unicamente um eonjunto de crengas implica também priticasrtuaise uma forma institucional bem definids, [No hi nenhuma religito que no tenha uma igre se bem que a forma dessa ireja poss varia muito. © conecito de wigrejan, no sentido gue [Durkheim Ihe atribu,relacions-se com a existéacia de uma organiza «Ho cerimonial bem definida igada a um grupo preciso de erentes; no Iplica a existénca de um cero especializado. Durkheim define assim 2 rligto como um «sistema slidario de erengas © prices rlativas 4 ois sagradas.. crengas e prificas gue unem numa s® comunidade oral, que se dio nome de igreja, todos agueles que a elas aderem De acordo com esta dfinigto, o totemisme & uma forma de reli sito, apesar de nfo ter deuses ou spirits personficados. E sem divida tipo de religito mais primitive que conhecemos hoje, etalvez a mais Primitive de quanas formas religiosas jamais exstiram?, Se conseguir ‘os identifier os fatores que esto na oigem do totemismo,«deseabrir- ‘mos simultancaments a causas que esto na origem do aparecimento do sentimento religioso na humanidade>®, (© totemisio rolaiona-se absoutamente com 9 sistema deel caac- terstico da erganizagio das sociedades austalianis, Uma earactrs: ticaespctfiea do elf totémico€ o Tato deo nome que design aiden tidade do grupo clinico sero de um abjecto material — 0 totem — ‘que sto atribuidas propriedades muito especiais. Nio hi dentro da mesma tibo dois elas cam o mesmo totem. O exame das qualidades {que os membros de um elt atribuem ao seu totem demoastea-nos que ® totem é eixo da dicatomia ene 0 sagrado e 0 profano. O tolem &€ 0 protstipo de tudo o que & sagrado»'. O-earictersugrado da totem manifesta-se nas observinias rtais que o distinguem dos objec tos vulgares, ue podem ser usados para fis uilitirios. O emblem totémico — a representagdo do totem existent em certo objectos ou ‘que adorna a pessoa — & igualmente objeto de vias prescrgtes © proibigdes ritais; essasregras so por vezes mais respeitadas Jo que 485 que dizem respeto 20 objeto totémico propriamente dit, ‘0s memos d cla possuem além disso qualidade grads. Enguanio ‘ms religides mais avangadas o efente & um ser profane, no Totem oy, duns tema ie de io op. 9858), no € asim. Todos os homens tm o nome do seu totem, o gue sign fiea que partilham do carictr sagrado do totem peopriamente dito, ¢ considerase que hi uma relagto genealgic entre o individuo eo seu totem, Assim, o fotemismo considera sigrados tts tipo de objectos: 0 totem, 0 emblema totémico os membros do elt, Essah tes especies dd objects sagradoeintram-se por sua vez numa cosmologia ger ‘Para © australian, as proprias cosas, todas as coisas que povoam o ‘univers, fazem parte da tribo; slo elementos constitutes da mesma, ‘seus membros pemanentes, por assim dizer tal eomo os homens, tm ‘um lugar certo na organizagio da sociedade Por exemplo, as nuvens pertencem eum totem, o Sola outro: toda a natureza éobjecto de uma Classifica ordenada, based na organiza totémica do elt. Todos ‘8 objectos clasificados num determinado cli ou fata (combinasa0 ‘de um grupo de eis) so consderados como purtfhando de qualida {des comuns, © 0s membros wchamam-lhes amigos © pensam que sio feitos dt mesma came do que eles", Isto demontra-nos que a religito tem um dmbito muito maior do que & primeira vista se poderia pensar. ‘No 38 compreende 8 animals atémicos e os membres humans do ‘li, como ainda, e uma vez que tudo o que existe & classfieado como pettencendo a um eld estando ligado a um totem, nio hi, cons ‘ucntemente, nada que no sejadotado de uma ceria qualidade de reli Biosidade, embora em grau varvel"™ ‘Neshuma das és espécies de objectosreligiososatrs referidas deriva pois o seu arictersagrado de qualquer das outras, uma ver que todas partilham de uma religiosidade comum. O seu carkcter Sagrado derivari, portant, de uma origem comum, de uma forga de que todas parithara, mas que existe fora delas. No totemismo austaliano essa {nergiaragrida no se dstngue claramente dos objectos que a encar- ‘am. Noutos casos, ssa forga€diferencada: por exemplo, nas ere ‘8s dos indios da América do Norte na Melanésa, onde € designads Delo nome de mana”. A energiareligiosa que encontramos no tote ism ausraiano de wma forma difusa esti na origem de todas as, ‘ncarnagicx partcularizadas dessa forga ger que se manifesta em reli sides mais complexas sob a forma de deuses, espiritos ov deminios, Duh Mase imine Caan Cane 1983) ne 160 Se pretendermos pois explicar a existincia da reliido,teremos de idemtfcar a esséncia dessa enorgia que esth na origem de tudo 0 que {sngiado.E Obvio que nfo so as sensagGes imediatas prodzidas pelos {otemes na sua qualidade de objectosTisicos que expicam o facto de Tes Ser atribuida uma forea divina, Os abjestostotémicas sto fre «quetementeanimaisisignfiante ou planas pequenas, ie no pode ‘iam despertar 36 por si os poderososseatimentos de religiosidade gue om iis objectos fe rlacionam. Alem disso, a epresentagdo do tot geralmente consderada mais sagrada do que o objeto totémica em $5 Tudo isso nos prova que wo totem & antes de mais nad um simbolo, ‘ama expressio material de outa coisa, O totem simbolizs pois, smal taneamente, energiasgrada ea identdade do grupo clinica, Dire faz entio a seguinteporguntaretérica: «Se simboliza simultaneamente 19 deus a Sociedade, nlo srl porque 0 deus e a sociedade s¥0 uma e ‘mest cosa?» O principio totemico & 0 prdpro grip enc, «hipos: tasiado representado pura a imaginacao nas formas perceptveis da planta ou do animal que serve de totem. sociedads impoe obriga bese respeito, que sio as caracteristicas do sagrado, Quer assum a forma de uma forga impessoaldifusa quer sejapersonaizado, 0 object0 ‘grado & concebido como uma entidade superior, que simboliza a rea- Tidade e superioridade da sociedade sobre o inividuo. ‘De uma maneirageral,¢ indubitivel gue a soccdade tem tudo © que € necesirio para desperar no esprtohuano a sensagto do divino, Simplesmente pela influéncia que sobre ele exerce: pos é para os seus membros 0 que um deus é para os seus adoradores. Um deus & antes de mais nada um ser que 0s homens consieram superior asi mesmos fem certo aspects, ede quem eréem depender. Soja ele uma persona- 2m consciente, como Zevs ou Jeovi, ou meras forcas abstracts tl como as que enconiramos no totemisin, o erente cr, em ambos os, e1sos, que € brigado a agi de certas formas que Ihe so impostas pela raurera do principio saprado com o qual se sente cm comune... Ort sociedad impae também aos seus membros eertas modalidades de conduta que considera importantes e que por esse facto sto marcadas ‘or um sna dstntivo que evoca o respetto»" A telagio que Durkheim estabelece agui entre a wsociedade» © 0 scagradon no pode pom scr mal interpretads, Durkheim ndo afirma ‘qua religit cia a ociedade>; or, aqueles que afirmam que Durkheim loge 980 9 288 ‘reams ee on 61 aloptaem As Formas Blementares uma posi «idealist basciam-se ‘ese interpreta ervinea do Seu pensamento. Mas Durkheim defends {opinito contra saber, que arligido & a expresso da auooriagao, ‘da evolugdoauténoma, da soviedade humans. Nao se tata de uma tora idealist, mas antes da obedidnei a principio metodologico que diz que ‘facto soci em do sa explicados om eros de eur factossciis® Durkheim fen demonstrar de forma concreta como o simbolismo religioso&criadoerecriado em rita, As sociedades australian tra ‘vessm celos altemados, nm dos quis os graps de parentesco vivem separados uns dos outros, dedicando toda a sua energia a fins econé: nieos, juntando-se durante o auto ciclo, os membros dos cis ofr tras por um cert periodo de tempo (que pode ser de povcos dias ou ! Durkheim aprofunda este ponto noutto lado, recorrendo & andlise histrica®. 0 eristanismo, e de modo particular protestantismo, esti 1 origenimedita do individualistno moral modetno, ««Uma vez que, para 0 cristo, a virtude ea piedade nfo consstem ‘em acts materia, mas antes em extados de aa, o rene tem de man Ck Lion pape 32-346 326327 168 A ‘er uma vigincia permanente sobre si mesmo... Dos dois pos poss ‘eis de todo 0 pensamento, que sto, por um lado, a ntureza, © por ‘ufo, © homem, o pensamento das sociedades crits vria a gravtar recessariamente em tomo do segundo.» ‘Os prineipios morais em que se bascia 0 «clto do individvon foram extaidos da étea erst, mas o crstanismo encontrase em vias de ser suplantado por simbolos eobjectos sagrados de una nova spice, Os acontecimentos da Revolusdo Francesa constituem exem- plo dossa asserelo, na medida em que a lberdade e a razio foram tlorificadas eo entusiasmo colectivo,estimulado pelos ertuas» pb 0, alingiu um nivel elevado. Se bem que esses acontecimentos este- jam na origem dos ideas que presidem hoje em dia & nossa vida, 0 fardor coleetivo desses tempos fai elémero. O mundo modern ara ‘essa, pois, um hiato moral: ‘uma palavre, os velhos deuses envelheceram ou morreram, ¢ sinda nfo nasceram outros novos. E por esa razo que a tenatva feta por Comte no sentido de fazer reviverartifcialmente as velhs le Branca histricas foi vi: no & de um passado morto, mas da propria vida, que pode nascer um culto vivo. se estado de incertez eturbu- Tenciaconfusa ndo pode, portm, duraretemamente. Viti o dis em que ‘as nosstssociedades conhocorio novamente esses tempos de eferves- ‘inci eriadora cm que surgem ideas novas esto descobertas as novas formulas que serveio de guia & humanidade..0** ‘A Revolugdo Francesa eu um impulto decisive ao desenvolvi- mento do individuslisme nos tempos modernos. Mas 0 progresso do inividalismo, ae se manifesta de modo ieguar em diferentes peio- os da histriaocidental, nfo € o produto especifio de uma época specifica; 0 seu desenvolvimento processase wincessantemente no ‘evurso da historian®. O sentimento do valor supremo do individu Ihumano 6, pois, um produto da sociedade, e& isso gue faz com que se setimento se distinga deforma bem nitida do egoismo.O weulto do individuon basela-se no no egoismo, mas antes na divulgacao de fentimentos contéris, a saber, a simpatia para com o sofrimento hhumano eo desejo de justiga socal, Se bem que 0 individualismo no possa deixar de contrbuir para @ increment do epolsme, em om ‘Ho com o que se pasta nas sociedades dominadas pla slidarcdade Imecinica, nlo reriva de mado algum do egoismo, no produzindo, portato, um wegolsmo moral que tornatia impossvel toda a solida sicdaden, Consideremos o exemple da atividadecientifes. 0 ‘to delivteiavestgagao encarnada naeiéncia constitu um dos ramos Jectuais do individvelismo moral: Tonge, porém, de equivaler snarguiadaesfera ds ideas, investigacio cientifcas6 pode ser levada {cabo no interior de um enquadramento de regras moras que obi {gam a0 respeito polasopinioes dos outros, & publicaglo dos results tls das investigagdes © troca de informacdce, ‘A tendEaca para o desenvolvimento do individualism é ieversive, uma voz que constitu o resultado das mudangas soins profundas ung Tisadas em 4 Divtsdo do Trabalho. Esta iden est ma base da concepgio

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