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DO eeeied 2 Bernoulli la - Filosof r arlo Sum Frente A 01 02 03 04 05 06 a 7 35 87 89 O que é 0 ser humano? A busca pelo conhecimento Autor: Richard Garcia Os primérdios da filosofia grega Autor: Richard Garcia A busca pela verdade: Sécrates e Plato Autor: Richard Garcia A vverdade est no mundo real e a busca pela felicidade: Aristételes e o helenismo ‘Autor: Richard Garcia O nascimento do cristianismo e o auge da Idade Média Autor: Richard Garcia Escolastica: do auge a decadéncia da Idade Média e a formacao do mundo moderno Autor: Richard Garcia 2 T tatete Eade LEME OE POCPEL OPEL OND ONE PNENTOOTrororg eee SESEKRKREVVPVELERRKDEEEERE EEE EERE REE FILOSOFIA O que é o ser humano? A busca pelo conhecimento O SER HUMANO: UMA SINTESE ENTRE NATUREZA E CULTURA O que é 0 ser humano? Homem Vitruviano. Para comesar a compreender a Filosofia, precisamos antes conhecer aquele que a exercita, ou seje, 0 ser humano. Quando nos perguntamos *o que € 0 ser humano?”, ‘comecemos nossa investigasSo floséfics, que tem como fundamento 0 seguinte problema filoséfico: 0 que hé de especial no ser humano que Ihe permite buscar respostas sobre @ origem e 0 funcionamento do Universo € sobre a cua prépria natureza? MODULO 01 ‘Muitos pensadores, ao longo dos séculos, buscaram definir ‘a natureza humana, diferenciando-a da dos demais animals. O flésofo espanhol Jaime Balmes fol um desses pensadores. ‘Aesse respeito, ele afirma: Somente @ inteligncia examina a si mesma. A pedre cal sem tomar conhecimento de sua queda; (...] 8 lor nada sabe de sua encantadora beleza; 0 animal bruto segue seus Instintos, sem perguntar 2 razdo de té-os, apenas 0 ser humano, na frégil organizacéo que aparece um momento sobre terra para desfazer-se em p5, abriga um espinto que epois de abarcar o mundo, ansela por compreender-se, recolhendorse em si mesmo [..]- BALMES, 3 los fundamental. Disponvel em: -hitp://900.g/MHD95>, Acesso em: 17 out. 2012 (Tradugio nossa). De acordo com a definicgo do filésofo, a marca distintiva entre os seres humanos e os demais animais & @ capacidade que es humanos tém de pensar. No entanto, podemos ‘questionar essa definicdo e nos perguntarmos se 0 que Cistingue a natureza humana é 0 pensamento, O animal humano Existem relatos de criangas que teriam crescido fore de convivio humane @ que, portanto, na teriam pacearin pelo processo de adaptacio necessério para desenvolver habilidades e caracteristicas préprias de sua espécie. lm caso interessante ¢ 0 das meninas-lobo, Amela e Kamala. Embora nd possa ser considerado um relato veridico, esse eso ilustra a capacidade adaptativa do ser humano 20 meio social. Diz-se que, em 1920, na india, foram encontradas dduas criancas, Amala (1 ano € meio) e Kamala (8 anos), vvivendo em melo a uma familia de lobos. Segundo relatos, ‘elas se comportavam camo animais, caminhavam de quatro, ‘apolando-se sobre os joelhos e cotovelos, allmentavam-se de ‘carne crua ou podre, no possuiam caracteristicas humanas fe nunca rlam ou choravam. Apés serem recolhidas por ‘uma instituigo, Amala viveu por mais um ano e Kamala, por mais nove, Nesse periodo, Kamala fol se humanizando lentamente, tendo aprendido a andar e a falar, embora com um vocabulério bem restrito. Tonbenat | 9 Méduto 01 Esse relato instiga 2 discussdo sobre o que distingue © ser humano dos outros animals. Levando esse caso em consideracgo, é possivel afirmar que o ser humano no nasce com caracteristcas culturais e socais, tipicamente humanas, mas as adquire devido ao processo de socializacio decorrente de sua integragio em uma cultura, De acordo com o relato, lssas criangas, por terem sido privadas do contato humano desde o seu nascimento, no realizavam agées como chorar, sorrire falar, e seu processo de hummanizacdo ocorreu apenas quando elas foram levadas para o convivio social, 0 que Ihes Permitiu desenvolver algumas caracteristicas, afestando-se, ‘assim, do mundo desumanizado no qual estavam inseridas. ROmulo e Remo, segundo 2 mitologia romana, foram os fundodores de Roma e teriam sido amamentades por uma faba. Liberdade e determinismo ‘Com excesgo do ser humano, os demais animais viver, ‘em harmonia com sua natureza, agindo de acordo com seus instintos, © que tora possivel prever seu comportamento ‘em diferentes situacdes. Por esse motivo, dizemos que os. ‘animals so seres determinados, uma vez que herdam de sua espécie @ programacao biolégica que dita as regras de comportamente, no sendo pussivel yve uit inal, or vontade ou raciocinio, “decida” ndo fazer algo ou possa agir de maneira diferente daquilo que jé esté predeterminado por sua natureza. Nesse sentido, € possivel afirmar que os animais (a exceco do ser humano) no sdo livres. Os animais ndo humanos ja nascem com os aparatos naturais necessérios pare a sua sobrevivéncia e, portanto, ‘com a possibilidade de adaptacao ao meio em que vivern. Suas ferramentas naturais, como asas, pelagem, garras, dentes, além de tantas outras caracteristcas, thes permitem superar obstaculos e sobreviver a muitos desafios. Ainda que ‘existam animais com um maior greu de “inteligéncia" ~ como 05 chimpanzés, os golfinhos, aigumas racas de ces, entre outros -, tal raciocinio & incompardvel ao raciocinio humano © & sua Capacidaue Ue contiever e Ue comuniver-se por melo de uma linguagem simodiica. © ser humano € 0 nico animal que no possui nenhuma caracteristca fisica especial que o capacite a lidar com os desafios das forcas da natureza, sendo um dos animals mais frégeis © um dos Unicos desprovidos de aparatos natureis, que garantam sua sobrevivéncia, No entanto, devido & sua capacidade de pensar, o ser humane consegue criar mecanismos {ue Ihe permitern superar as suas limitacSes fisicas. Nia histéia evolucionéria,relatvamente curta, documentada pelos restos fésseis, © homem no aperfeicoou seu ‘equipamento hereditaro por melo de madiicagtes corporais perceptvels em seu esqueleto, Néo obstante, pide ajustar- ‘se 2 um nero maior de embientes do que qualquer outra ature, multiplicar-seInfnitamente mais depressa do que qualquer parente préximo entre os mamiferos superiores, derotar o urso polar, a lebre, 0 gavido, 0 tigre, em seus recursos especiais. Pelo controle de fogo e pela habilidade {de fazer roupas e casas, o homem pode viver,e vive e viceia, desde 0 Circulo Arteo até 0 Equador. Nos trens @ carros {ue constréi, pode superar a mais répidalebre ou avestruz Nos avides, pode subir mais alto que 2 Sguia, e, com os telescéplos, ver mais longe que © gavige. Com armae de fogo, pode derrubar animals que nem o tigre ousa atacar. Mas fogo, roupas, casas, trens, avides, telescéplos © revélveres no s80, devemos repetir, parte do corpo do homem. Pode colocé-los de lado 8 sue vontade. Eles no 80 herdades no sentido biolégico, mas o conhecimento ‘ecessério para sua produgo e uso & parte do nosso legado social, resultado de uma tredigso acumulada por multas| geragfes e transmitida, no pelo sangue, mas por melo da fala e da excrita, CCHILDE, V. Gordon. evolucdo cultural do hamem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1966. p. 40-41, Enquanto os outros snimais agem puremente por instinto, vivendo em umn mundo fechade e sem literdade, adaptando-se ’ natureza e cumprindo as determinagées de sua heranca biolégica, o ser humano pode superar suas imitacSes naturals porque é capaz de adaptar a natureza &s suas necessidades, © que constitu 0 traco caracteristico da presenca humana no planeta. Ao afirmar que “toda 2 nossa dignidade consist, pois, no pensamento, 0 fiisofo Blaise Pascal estava dizendo que 0 ensamento & 0 que tora os seres humanos especials, pois, Por meio dele, 0 ser humano pode encontrar respostas para superar os constantes desafios de sua existéncia. Assim, entre todas os seres vivos, 0 ser humane é@ tinlco que pode escolher ‘agir de uma forma ou de outra, ou seja, se autodeterminar, endo capaz, por esse motivo, de produzir cultura e de Uuarinit-ls eus seus descendentes por melo, princpalmente, da linguagem simbéica | eetoesuto IPP PPO PPP OPO NPP PE PPE PLCEPPCLKLLLLTTLPUVETTT TED PSFSSESFIFSEVIIIFSIFSIFFIVFESIFIS FEET EFFEC EKKO O que é o ser humano? A busca pelo conhecimento O ser humano é livre ou determinado? CO conceito de liberdade, tomado no sentido antropolégico, no se refere eo sentido usado no senso comum, de que a pessoa ¢ livre para ir e vir, mas & possibilidade do sujelto de se autodetarminar, ultrapassando aquilo que Ihe fol ditaco por sua natureza. Por outro lado, de acordo com a nersnectiva de determinismo. as acées humanas, tal como {dos outros animals, esto previamente determinadas por condicionamentos, sejam biolégicos, socials, psicolégicos, politicos, entre outros, de modo que as ages podem ser antecipadas em uma relacio de causalidade, nao havendo, portanto, liberdade. Veremos como algumas posicées filoséficas diferentes tratam dessa questéo. © pensador renascentista Pico della Mirandola & considerado um dos maiores representantes do humanismo renascentista devido & sua reflexo sobre a dignidade humana, a qual esté expressa no texto Discurso sobre 2 dignidade do homem (1486). Nessa obra, Pico della Mirandola defende que o ser humeno é um verdadeiro rmilagre, visto que, enquanto 0s outros seres nascem com uma eeséncia predaterminada, sendo ontologicamente obrigados cumprir aquilo que a sua natureza determinou, ne por ventade prépria, mas por uma vontade anterior a eles rmesmas, 0 ser humano , por sua vez, 0 inico responsével por si mesmo, pois € 0 Unico que pode se construir. (0 ser humano foi colocado entre dois mundos, com uma natureza nao determinada e capaz de, por sua inteligéncla, escolher ser o que quiser. Veja, no texto a seguir, como Mirandola expe essa questao. 40 contrério dos demals animais, que esto presos aos seus instintos, 0 ser humano tern a capacidade de se autodeterminar or meio de suas escolhas. AS, Ado, no te temas dado, nem um lugar determinado, nem um aspecto proprio, nem qualquer prerrogativa s6 tu, pare que obtenhas e conserves 0 lugar, o aspecto © as prerrogativas que desejeres, segundo tua vontade e teus motives. A natureza imitada dos outros (seres) esté conta entra das leis por nds preseritas. Mas tu determinarés @ tua sem estar constrito por nenhume barrelra, conforme teu atbltrio, e cujo poder eu te entreguel. Coloquel-te no meio do munde pore que, da tu parecbecces tude © que existe no mundo, Ngo te fz celeste nem terreno, mortal nem imortal, para que, come live e sobereno artifice, tu mesmo te esculpsses ete plasmasses na forma que tvesses escolhido. Tu poderas degenerar nas colsas inferiores, que so brutas, e poderds, segundo 0 teu querer, regenerar-te ras coisas superiores, que s8o divinas” ied 6 suprema liberalidade de Deus, 6 suma e maravilhosa, bestitude da homem! A ele foi dado possuir 0 que escotnesse; ser 0 que quisesse, Os animals, desde o nascer, 38 trazem em si, no 'ventre materno’, 0 que irdo possuir depois. [..] No homem, todavia, quando este estava por desabrachar, 0 Pal Infundiu todo tipo de sementes, de tal sorte que tivesse toda e qualquer variedade de vida. ‘As que cada um cultivasse, essas cresceriam e produziiam pele os seus frutos. [1] MIRANDOLA, Pca dalla. A dgnidade humana. Tredugée ce Lui Feracine. Sto Paulo: Escala. p. 35-42 De acordo com a posicéo de Pico della Mirendola, apenas o ser humano é verdadeiramente livre, enquanto (08 outros animais, nas palavras do filésofo, "desde 0 nascer, $4 trazem em si, no 'ventre materno’, 0 que iro possuir depois”. Assim, apesar de um péssaro aparentar ser livre pare yoar de um lado 2 outro, © 0 ser humano ser, muites vezes, absorvido em suas tarefas e obrigacoes alarias, © péssaro nio é livre porque ele age de acordo com uma determinaco de sua natureza. Por mais que ele possa se locomover de um lado a outro, ele nlc o faz porque escolhe ‘ou quer fazé-lo, mas tZo somente porque obedece aos seus, instintes, agindo de forma mec&nica. O ser humano, por ‘outro lado, tem a possibilldade de se autodeterminar, ¢, inclusive, de controlar seus instintos, no sendo escravo de sua natureza. Dessa forma, para Mirandola, o ser humano se constitui de caracteristicas advindas da natureza © de cultura, sendo, portanto, uma sintese entre os dots polos, (0 que possibilita que ele transforme a natureza, mas também seja influenciado por ela, sem, no entanto, ser determinado, & criatura e criador do mundo em que vive. ausenous |B aml aL Médulo 04 Asintese humana Refletindo sobre @ natureza humana, @ fildsofo francés Jean-Jacques Rousseau escreveu: | terra abandonade & ferilidade natural e coberte por Norestas imensas, que 0 machado jamais mutiou, oferece, 2 cada asso, provistes e abrigos aos animais de qualquer lespécie, Os homens, dispersos em seu selo, observam, imitam sue indistrie €, assim, elevar-se até os instintos os animais, com 2 vantagem de que, se cada espécle ‘Bo possul sendo 0 seu préprié Instinto, © homem, no tendo talver nenhum que Ihe pertenca exclusivamente, apropria-se de todos, igualmente sa nutre da maioria dos varios alimentos que os outros animals dividem entre si ; consequentemente, encontra sua subsisténcia mais faciimente do que qualquer deles poderé conseguir. ROUSSEAU, Jean-Jaques. DISCUNSO sobre a origem e os Tundamentos da desiqualsde entre os homens. Traduso de Lourdes Santos Machaco, S30 Paulo bri Cultural, 1978, p, 238. (Os Persacores) Nesse trecho, Rousseau chama a atencio para a capacidade do ser humane de aprender, 0 que 0 difere dos demais animals. Aristételes j4 dizia que 0 ser humano, or natureza, ama as sensagées, porque é por melo delas ‘que ele obtém o conhecimento, Assim, enquanto os outros animais guiam-se apenas pelos seus instintos, determinados previamente pelas caracteristicas naturals de sua espécle, © ser humane pode cbservar os outros animais e, fazendo uso de sua inteligéncia, copiar aqullo que um animal fez por Instinto para adequar-se ao ambiente no qual se encontra A capacidade humana de aprender amplia sua rede de possibilidades, pols o ser humano consegue ultrapassar ‘cour aparatee natursie, Os outros animals nie podem ‘escolher fazer uma coisa ou outra, porque suas acées S50 determinadas pela heranca biolégica de sua espécie e, Por Isso, elas ndo so considerados livres. O ser humano, ‘20 contrério, pode fazer uso de sua razdo e escolher agit. ‘Considerando essa caracteristica humana, muitos flésofos aplicaram a Idela de liberdade & condigdo humana. Contudo, ha no ser humano fatores biolégicos ditados por sua espécie dos quais ele no pode se privar, tals como a necessidade de comer, dormir e beber agua. Diante do fato de que o ser humano tem um aspecto determinado em sua natureza e, por outro lado, tem a possibiidade de escolher, diversas respostas foram fornecidas 2 esse problema filoséfico: 0 ser humano é livre ou é determinado? ‘Alguns pensadores consideram que 0 ser humano tem, além de suas necessidades fiscas, instintes que direcionam certas agées e que tendem a determiner alguns modos do ser hhumano viver e agir no mundo. Como se sabe, a linguagem corrente usa a palavra “instinto” corn muita frequéncie,falande sempre de acées “instintivas", quando setem dlante de sl um comportamento ‘em que nem os motivos nem a fnalidace sao conscientes @ {ue 56 fe ocasionado por uma necessidade obscura. Essa pecullaridade 6 fore acentuada por um eseritor inglés mais antigo, Thomas Reid, que: [..]"Por instnto,entendo um Impulso natural cego para certas ages, sem ter em vista um determinado fim, sem deliberaglo, © muito frequentemente ‘sem percepeo do que estamos fazendo'. ...] Se alguém topa de repente com uma serpente e é tomade de violento pavor, este impulso pode ser considerado instinto, pois nada o diferencia do medo Instintive que um macaco sente dante de uma cobra. S80 justamente essa similaridade do fenémeno e a regularidade de sua recorréncia que constituem a propriedade mais caractaristica do instinto, [nd [0] medo de uma cobra trata-se de um processo teleolégico, que ecorre universalmente [...J. Assim, 6 se deveria considerar como instintos 05 processos Inconscientes @ herdades que se repetem uniformemente ce com regularidade por toda parte. Ao mesmo tempo, eles ever possuir a marca da necessidade compulsive, ou sela, um cardter reflexo[..].No fundo, tal processo s6 se istingue de um reftexo meramente sensitivo-metor por sua natureza bastante complica. (..]. AS qualidades que (0 Inctintes tém de comum com 08 simples reflexes 2f0 2 Uniformidade, a regularidede, bem como a inconsciéncla de suas motivacies. UNG, Cart Gustav. A Natureze da Pique. Traducio de Pe, Dom Mateus Ramana Rocha, Ptrépcis: Vozes, 1984, captule Vi, v. VEI/2. Obras Completa (264-266) Jung considera que o ser humano & constitulde por uma natureza que determina alguns aspectos da vida humana, sobre os quals ele no tem 0 poder de controlar nem de eliberar, tis como temer um animal que pode colocar sua vida em risco. Contudo, hi caracteristicas humanas que no so determinadas instintivamente, mas so fruto de sua cultura, uma vez que o ser humano é frequenternente capaz de adaptar suas agdes de acordo com valores e ideias que ihe foram transmitidos pela cultura. Outra caracteristica que marca a diferenca do ser humano em relacéo 20s, demais animais & 2 sua possibilidade de se projetar 20 futuro, tomando como baliza o passado e as experiénclas o presente para tazer suas escolhas. 6 | ColesdoEstudo SPPP OP PPP PPP PPPPPPPPPPLP HHH HHEKEKE TELL LLLLLL:! SHH HHH SSSKHHKS NNSA SASSI SS ASAE EE EEE EEE EGS O que 6 o ser humano? A busca pelo conhecimento Vou contar-te um caso dramético. 34 ouviste falar des: ‘éimitas,essas formigas brancas que, em Africa, constroem formigueirsimpressionantes, com vérios metros de altura fe duros como pedra. Ume vez que © corpo das térmitas & ‘mole, por no ter a couraga de quinina que protege os outros insetos, oformigueire erve-Ihes de carapace coletiva contra ccertes formigas inimigas, mais bem armadas do que elas. Mas por vezes um dos Formiguelros & derrubado, por cause ‘duma cheia ou de um elefante (os elefentes, que havemos nds de fazer, gostam de cogar os flancos nas termiteras) |A seguir as térmites-operério comegam a trabalhar pare reconstivir a fortaleza afetada, e fazem-no com toda & pressa. Entretanto, j@ as grandes formigas Inimigas se fangam ao assalto. As térmitas-soldado saem em defesa a sua tribo € tentam deter as inimigas. Como nem no temanho nem no armamento podem competir com elas, penduram-se nas assaltantes tentando travar o mais possivel o seu avanco, enquanto ferozes mandibulas invasoras a5 vio despedacando. As operirias trabalham com tode a velocidade e esforgam-se por fechar de novo ‘a termiteira derrubada... mas fecham-na deixando de fora as pobres e neroicas termiras-soldadu, que seuificam a3, suas vidas pela seguranca das restantes formigas. N30 merecerdo estas formigas pelo menos uma medaihs? N8o ‘erd justo dizer que S80 valentes? Mudo agora de cenario, mas ndo de assunto. Na Ifada, Homero conta @ histérla de Heitor, o melhor querreiro de Trola, que espera 2 pé firme, fore das muralhas 3 ‘sua cidade, Aqulles, o enfurecido campedo dos Aqueus, embora sebendo que Aquiles & mais forte e que ele provavelmente vai maté-lo. Fé-lo para cumprir 0 seu ever, que consiste em defender a familia ces concidadsos do terrivel assaltante. Ninguém tem duvidas: Hettor & tum herd, um homem valente como deve ser. Mas serd Heltor hernira e valente da mesma maneira que as térmitas-soldado, cuja gesta milhdes de vezes repetida nenhum Homero se deu ao trabalho de contar? Nao faz Heitor, afinal de contas, @ mesma coisa que qualquer luma das térmitas andnimas? Por que nos parece © ‘seu valor mais auténtico e mals dificil do que 0 dos: insetos? Qual é a diferenca entre um @ outro caso? SSAVATER, Fernand. Etce para um jovem. Lisboa Presenga, 1995. p. 21-22 Nota-se, com os exemplos de Savater, que as formigas térmitas “salvam" as outras no por escolha, mas por instinto, enquanto © personagem de Trofa fez uma Geliberacio para defender seus concidadios de Aquiles. Heitor é considerade um herd! devido ao fato de sua ago ‘Bo ter sido, como no caso das formigas, instintiva, mas deliberada, Nesse sentido, Heltor poderia ter escolhide no defender seus companhelros para salvar sua propria vida [Assim, o texto de Savater nos leva a pensar no fato de que © ser humane tem a possibiidade de escolher agir de um modo ou de outro, enquanto cutros animais ndo podem fazer deliberagdes sobre aquilo que Ihes foi ditado pela natureza. A NECESSIDADE DE CONHECER” [ula Filosofia ndo é a revelaciio feita a0 ignorante por quem sabe tudo, mas 0 dislogo entre iguais que se fazem cimplices em sua mitua submissdo & forca da rezo € no & razio da forcs. SSAVATER, Fernando. As perguntas da vida. Teducto de Ménica Stahel, $80 Paulo: Mars Fentes, 2001. p. 2. Dos deuses nenhum filosofa, nem deseja tornar- se sébio, pols 0 6; nem se algum outro é sébio, ndo filosofa. Nem, por sua vez, 05 Ignorantes filosofam ou desejam tornar-se sabios. Pois ¢ isto mesmo que & dificil com relacfo & ignordncia: aquele que no é ner belo nem bom nem sébio considera sé-10 0 suficiente. [Aquele que nia ce considera ser desprovide de alao no deseja aquilo de que ndo acrecita precisar. PLATKO. Banquet, 204 81-7. A busca pelo conhecimento ‘Sdcrates disse, celebremente, que uma vida sem reflexBo ro merece ser vivida, Queria ele dizer que uma vida viva ‘sem ponderaco nem principio é uma vida tao vulnerdvel 20 ‘caso € tdo dependente das escolhas @ acoes de terceiros| ‘que pouco valor real tem para a pessoa que a vive. Queria| ainda dizer que uma vida hem vivida & aquela que possui objetivos e integridade, que é escolhida e orientada pelo {que a vive, tanto quanto é possivel a um agente humeno cenredado nes telas da sociedade e da Histéria, Como e exprecoe augera, 3 "vida com raflevaa” Suma vida enriquecida pelo pensamento acerca das coisas relevantes: valores, objetives, sociedade, as vicssttudes caracteristicas| da condicéo humane, aspiragBes tanto pessoals como piblicas ..1. NSo é necessério chegar a teorlas apuradas sobte todos estes assuntos; mas preciso conceder-thes pelo menos um nadiinha de reflexdo J. Psat sobre estes ‘assuntos é como examinar um mapa antes de comecar a viagem [J Uma pessoa que ndo pense na vida € como um forasteiro sem mapa numa terra estrangeira: pare alguém assim, perdido e desorientado, um desvio no caminho é to om come qualquer outro e, se o rumo tomado conduzir 3 tum local que vale a pena, teré sido meramente por a€3so, GRAYLING, A C.O slgnincade das cls. ‘Usboa: Edges Grediva, 2002. p, 11-12. Gwstenoa | i i wey ge ese aoaths Méduto 01 © ser humano, tinico ser que pensa de forma spurada € ‘com avancado grau de abstracéo, tem uma necessidade intrinseca de procurar o conhecimento sobre todas as coisas, buscando, assim, respostas para as mais diversas perguntas, Para tentar alcancar 0 conhecimento e responder aos questionamentos que surgem em sua vida, 0 ser humano, dispde de duas ferramentas basicas que ihe possibiitam, conhecer 0 mundo ea si mesmo: 1. ~ Razio: Por meio dela, a pessoa é capaz de produzir um conhecimento elaborade ¢ fundamentado em argumentacio sictemstea, buscando o conlievin rita verdadeito sobre o mundo que a cerca a partir do encadeamento de ideias e de juizos e elaborando uma conclusio. Da razSo, surgem 0s dois modos de conhecimento tradicionalmente conhecidos: a Filosofia e a Ciencia, 2~ Imaginagao: Em geral, quando o ser humano no ‘conseque explicar 0 real por melo da razo, ele usa «2 sua imaginacdo, de forma a tentar expicar, por meio de manifestagdes miticas, religiosas ou artisticas, = questées pare as quais ainda no encontrou respostas. Por meio da arte, por exemplo, 0 sar humano busca ‘compreender 0 mundo ea si mesmo, manifestando sua visio de mundo em sua prépria criacSo, O que é 0 conhecimento Aristételas $8 dizia que & préprio do ser humeno buscal © conhecimento e, por isso, nao hé a possibilidade deo ser hhumano se contentar em ndo realizar essa busca, ignorando. lum problema e abdicando da tarefa de pensar. Surge, com isso, a pergunta sobre como o ser humane pode obter 6 conhecimento, 0 filésofo italiano Nicola Abbagnano propés uma definicSo de conhecimento em seu Dicionério de Filosofia 1— A primeira interpretagio (de conhecimento) & 2 mals comum na Filosofia ocidental. Pode, por sue vez, ser dlvicida em das fases diferentes: A) na primeira, a Identidade ou a semelhanca com 0 objeto € entendida como identidade ou ‘semelhanga dos elemantos do conhecimento cor 05 elementos de objeto: p. ex, dos conceitos ou das representagBes com as coisas: 8) na segunda fose, @ identidede ou @ seis restringe-se & ordem cos respectivas elementos: esse caso, a operacdo de conhecer na consisteem Feproduzir'o objeto, mas as relagies constitutivas 0 préprio objeto, Isto é, a ordem dos elementos, Na primeira fase, 0 conhecimento é considerado imagem ou retrato do objeto; na segunda fase, tem como objeto e mesma ‘elagio que um mapa tem cam a palsagem que representa ABBAGNANO, Nicola, Diconsra de Flos, Tradugo de Arad Bos. Seo Paulo: Nartins Fortes, 1998. 9.175. De acordo com 0 filésofo itallano Nicola Abbagnano, ‘© conhecimento é alcangade quando o individuo pode trazer para a sua mente a representacio exata daqullo que esté fora dele, ou seja, do objeto que est sendo investigado. Pra que existe o conhecimento, & necesséria, portanto, que haje ums relacdo entre sujelto cognoscente (sujeito que conhece) ¢ objeto cognoscivel (objeto a ser conhecido). Como é possivel alcancar 0 conhecimento Conhecimento intuitivo e conhecimento demonstrativo © conhecimento intultivo € obtide sem nenhuma intera¢do com conceitos previamente estabelecidos. Esse tipo de conhecimento é imediato, ou sefa, independe Ue intermeaiérios para que aconteca. conhecimento Intuitivo pode ser: ~ _ empirico: quando a pessoa se basela em seus cinco sentidos (tato, olfato, viséo, paladar e audi¢io) para elaborar um conhecimento sobre aquilo que percebe, ~ intelectual: quando a pessoa busca captar a cesséncla de um ser por meio do pensamento. Néo & ossivel, entretanto, compreender 0 encadeamento de ideias que levou a tal pensamento, j& que se chegou 2 ele de forma imediata, No se pode provar ou justificar 0 pensamento. © conhecimento demonstrative ¢ chamado também de discursive. Esse tipo de conhecimento se basela em um encadeamento de idelas, juizos ou conceitos gerando uma conclusio @ partir da organizagao de pensamento. Para que tal conhecimento seja possivel, faz-se necesséria linguagem, ao contrério do conhecimento intuitivo, no qual 2 pessoa experimenta os seres e as coisas por melo dos, sentidos, formando, em sua mente, a idela sobre aquilo que fol experimentado, Realismo e idealismo 1- Realismo: Segundo 0 reallsmo, @ conhecimento| ‘corre quando, na relacdo entre sujelto cognoscente € objeto conhecico, 0 sufeite consegue apreender, pelos sentidas, a realidade do objeto em sua mente, Assim, 0 objeto ou ser pode ser apreendido pela ‘pessoa quando ela "saz" pare sua mente as suas Caracteristicas sensitivas captadas por um dos cinco sentidos, havendo uma predeminéncia do objeto fem relago 30 sujeito cognoscente, uma vez aue © objeto tem uma realidade em si. Dessa forma, ‘© conhecimento acontece quando @ realidade do ‘objeto ¢ impressa, tal come a imagem de um carimbo, na mente humana. 2- Idealismo: Ne concepgéo Idealista, a0 contrarlo da realista, hd uma predominancia do suijeito em relacéo a0 objeto no proceso de formacso do conhecimento, acreditando-se que 0 conhecimento do objeto é determinada pelo sujoto cognescente, Nese sentido, 2 realidade do objeto no € problematizada, mas Sim 0 que 0 sujeito pensa sobre ele, uma vez que o conhecimento consiste na idela formulada pelo sujelto sobre o objeto. Dessa forma, ndo se busca saber se tis caracteristicaé esto em si e por si no objeto durante processo do conhecimento, mas sim como ' pessoa formula uma idela acerca desse objeto. QB | coterdo Estudo See PPP rerEE rE rrrP CECE recereoeer cere erent Bi yeoman at) eee eee ea Roe ey aes Cree ae ee eae’ a eee a en cee eel yer ea eee MM eet oem rete uscam compreender e cesvendar, cada um a sua mancire, Beer a i erent Marte Peseta eee er ua Bee eure eee ta Piao eae rete sate Tn ors Crete recs ao re eeretteg seen sea ete a ee peer ee eae Tce eee ee ero pe ee aot tet er te ir eee eeere ened teen iat Racy Sete Oe ec Perr een Rie es pea cuae een hae ear Yipee rea ea ee oie ees pescinacs eect peer era Re tana Cn na merce ne ty pel ee eee OC Latta eco pele ee eee Beene rn ee ay et ag ce er an ror or ena Pe errno eee eck eileen ete Co Bee are er en tea ee ae rein he Pte ere eats eee Eat ee en See Bie ear eest en eC SENS (oe) WICI get a a el eee Pe ene ar eats Sapna eae a a cee Peat Saree ane eo Heese ae ca careers CS aca Pee tee mart er Rete poet arte ee pierre ee et ar eas eee ee eee an eee eve eee ee ead Eyres eer teenie rerio eles es ecu a ee Pe eect ee ce os peer eer eu ee eee a Pare ernest en mee as eer to ar eas Pee eos ee ec em Pee arate ee Te pee ree ere ee Meee a Facional, O conhecimente do senso commun caracteriza-se, eee ee ee ad ee ae eee ee Paes eee Te Rec Ree eee Serer ee eta Peter ere eae Tear cea ea peeeee iter ae oe nat Se te eee eee er a San Peer eaters gece omc ee ee ee ea (@} Méduto 01 E possivel conhecer a verdade? Uma das principais quastdes floséficas & saber se 0 ser humano é capaz de conhecer a verdade, se & possivel aeancar © conheclmento da realidade prépria do ser. Primeiramente, deve-se ressaltar que, por verdade, entende-se equilo que corresponde & realidade do ser, Ao longo da histéria da Filosofia, multos pensadores buscaram encontrar © principio fundamental (conhecido ‘também como essncia, substancia ou realidede primeira) do 3eF, cease probleme hivsbfivu, ainda ioe, €considerado por muitos teéricos como um dos mais impartantes da Filosofia. Para buscar responder as perguntas sobre a possibllidade de conhecimento, muitas teorias foram formulades ao longo da histéria, destacando-se, dentre elas, por seu grau de generalidade, 0 ceticismo e 0 dogmatismo. Ceticismo: tomando o ceticismo sob uma abardagem mals geral, de acordo com essa corrante flosstica undada pelo grego Pirro (365-275 a.C.), no & possivel ‘conhecer nada com seguranca, sendo que tudo aquilo que-2 pessoa considera sera verdade ndo passa deuma ‘ius8o, pois se fundamenta em Impressées subjetivas. ‘Aatitude do cético deve sar de divida, de investigagao de posicdes contrérias e da consequente suspensio dos julzos, uma vez que alcancar 0 conhecimento \erdadeiro impossivel ¢ nfo cabe ao ser humano se dedicar a essa busca, Fm linnae gerais, edtico 6 aquele ‘ue, 20 contrapor duas afrmacoes opestas e constatar que ambas s2o plausiveis, ndo reconhece nenhuma dolas como verdadeire, suspendendo o seu juizo acerca de tals afirmacies, Dogmatismo: A corrente dogmética, a0 contrério de cética, defende ser possivel encontrar a verdade sobre os seres e as colsas. O dogmatico acreita ser capaz de conhecer o mundo jé que, para isso, baste uma atividade perceptiva. No entanto, multas vezes, 2 posigio dogmatica & prépria do senso comum, que ‘no percebe os problemas existentes entre o sujeito, ccognoscente e 0 objeto conhecido. De acordo com © dogmatisme critico, o ser humano pode conhecer (08 seres e as coisas em sua realldade por meio co esfarco racional e empirico, sequindo os caminhos precisos do método cientifico que leva o ser humano a0 conhecimento da reslidede. Os caminhos para o conhecimenti Epistemologia ou Teoria do conhecimento Outro problema importante da Filosofia (para alguns estudiosos, 0 seu problema fundamental) é determinar qual & ‘© caminho correto que leva o ser humano ao conhecimento de sie do mundo. Esse conhecimento é construlde pela pessoa @, para chegar a ele, é necessério percorrer um caminho, 0u seja, seguir um método. Contudo, os fldsofos discorcam quanto ao melhor método para garantir que o sujeito conhecedor elcance a verdade sobre o objeto conhecido. ‘Acerca desse problema, surgiram, 20 longo da Historia da Filosofia, varias teorias, dentre as quais destacamos as trés ‘mals importantes: racionalismo, empirismo e criticismo. i Discussio noite adentro. A discussio & a "matéria-prima” fundamental para se fazer Filosofia. = Racionalismo: © racionalismo é ume doutrina Rloséfica ue defende que o conhecimento somente pode ser adquirido por meio da razdo (pensamento humano).. De acordo com essa posicao, hé a prevaléncia do sujelto cognoscente em relagdo 20 objeto pensaco, © processo do conhecimento nao ocorre, assim, or meio da expenéncia dos sentios, fonte de enganos, luma vez que duas pessoas podem perceber a mesma realidade de formas distintas. Apenas a razo, a pertir ) ) racionalizagse da presenca de Ideats entropolégicos nas academia nas socledades. (Uneisal-2013) No mundo em que vivemes, onde nos defrontamos com 0 "corre-corre’, a concorréncia € & ‘ambigdo, necessitamos desenvolver cada vez mais = capacidade de argumentar, de discutir, de Interpretar € {e nos pasicionarmos para termos concigées de conviver ‘com essas situagdes, fazendo presente nas nossas vidas 6 sentido arco € 0 respeity pete com e= pessoas co meio. Com tssa, seremos capazes de nos desenvolvermos ‘como individuos mais equllbrados, mais felizes © mais satistetos, criando um clima de solidariedade mator, de amizade @ respeito pelo outro. ‘isponivel em: . Ccomperando os varios tipes de conhecimento, qual & ‘opcdo CORRETA? |A) A atitude questionadora & 0 fundemento de tods pritica filesfice, sendo a defesa dos dogmas ume atitude caractericica do conhecimento cientiico, 8) Assim como na religiéo, 0 ceticismo marce © pensamento itive « filesfico. ) Devido 20 seu excessive subjetivisma, osenso.comum no se apresenta como uma explicario ca realdade, ‘came um tipo de conhecimento. D) As artes e os saberes que elas possibilitam Valorizam os sentimentos, a emogao € @ intuicéo raciosentimental humana. O saber das artes busca fo belo. Nesse sentido, 0 saber das artes valorize as cexperiéncias estéticas do humano, proporcionando- Theo refinamento do espirito ao oferecer-ihe 2 elacio ‘com senso do gosto, do belo e do grotesco. E) © conhecimento técnica invalida as experiéncias sensivels, 0 conhecimento empirice, 9 razéo Caters Beroall | 13 | _Frente A EM 05. (Uncisal-2013) A ocorréncia de constantes problemas ambientals em nosso planeta despertou a consciéncia humana para uma questi ica de grande importéncia: qual o destino de nossa cviizacio? Realizamos grandes feitos tecnolégicos, obtivemos inémeros avancos lentificos; todavia, pensando criticamente, no que Isso resultou de plenamente salutar no apenas pare a vida humana e a estrutura socal, mas também para a rmanutencSo da orcem planetérla? Dentro desse contexto de crise ambiental, Edgar Morin sentencia:"Estarmos num periodo em que a disjuncSo entre os problemas dices eos problemas cientiices pode se tornar mortal se perdermos rnossas vides humanistas de cdadéos e de homens” BITTENCOURT, Renato Nunes. Portal Céncae Vida. Com referncia aos problemas ambientais es questées hloséficas, assinale a opco INCORRETA. 1A) © avango da civilzacée e a desentreada expanséo industriel que destré a natureze de inimeras formas, praduz uma ampla degradacso estética da realidade 2 nossa volta, 8B) O estado de miséria existencial em que o homem se ‘encontra faz com que ele explore o meio ambiente de forma inconsequente @ predatéria, tomando toco «© qualquer postulado ético vazio na medida em que no afirma a vide como eritérlo primeira de todas as relagdes humanas, ©) A ética socioarnbiental tem na razo instrumental o ‘seu principio norteador. Assumindo a vida como uma relacdo totalizante entre o homem e a natureza, ela procura impor uma légica preservacionista que tem no Ideal de sustentablidade um dos seus fundamentos mais importantes. 1) Aculizagso impos uma logica perversa que subverteu «2 relago positive do homem com a natureze e criou uma nova mentaidade obcecada pelo tecnicismo, onde as estruturas ci zadas, enquanto regra, pensam © homem @ a natureza como forcas antagénicas. E) A aco predatéria sobre © meio ambiente eria uma situagio generalizada de extrema ameaca 8 sociedade moderna. © proceso de modernizacdo volta-se para si mesmo como tema e problema por melo a reffexividade, gerando uma instabilidade ampis que tende @ conduzir a humanidade a0 ca0s total © a extingéo, 06. 07. (Unicamp-SP-2013) A sabedoria de Sécrates, féso%e ateniense que viveu no século V a. C,, encontra 0 seu ponto ce partida na afirmacéo "sei que nada sei, ragistrada na obra Apologia de Séerates. A frase fol uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sibio dos homens. Apés Interragar arteséos, politicos e poeta, ‘Sécrates chegou @ conclusdo de que ele so dferenciava dos demais por reconhecer a sua prépriaignarincla (© "sei que nada sel” 6 um ponto de partida para a Fllesofia, pois A) aquele que se reconhece coma ignorante tomna-se mais siblo por queraradquiirconhecimentes. 1B) um exercico de hurmildade diante de cuure dos sébios do passado, uma vez que a funcdo da Filosofia era reproduit os ensinamentos dos fisofos aregos (©) actvida€ uma concigao para o aprendizado ea Filosofia 6 osaber que estabelece verdades dogmaticas 2 partir de ‘métodos rigorosos. D) @uma forma de decerarignoréncia e permanecer distant dos problemas concretns, preocupando-se apenas com cauens abetratas, (Unicentro-pR-2013) Assinale a alternativa CORRETA. ‘A Filosofia tem como principal caracteristica 2 AA) tendéncia 2 oferecer respostas reticentes para os problemas, isto &, colocado um probleme, sua solurso runca écondusiva, send sempre submetda 8 dscussio, ‘unea sendo aceita como uma verdade absoluta, 8) tendéncia & raconalidade, isto 6, a raz8o e somente 2 ra2Bo, com seus principlos e regras, & 0 ritéro de explicago de alguma coisa ©) exiéncia de que © pensamento seja sempre dialticn, Isto 6, 0 Mlésofo 4 aquale que sustinea suas idelas provando que seque uma le universal do perisemento: ‘que a contradigSo no indica err ou falsiéade, mas sim devi transformagio, D) recusa de explicacdes imanentes do problema em ‘questdo «, portanto, exlgéncla de que, para cada problema, eja buscada uma expcaco preestabelecide, 58 que © pensamento filaséfico & um fato histérico ‘enralzado no passado. E) tendéncia & particularizago, isto 6, mostrar que uma ‘exoicagio no tem vafdadeirrestrita, pode to somente ‘ser aplicada ao problema em sua especificidade, pois 0 pensamento no opera por semelhancas ¢ dentidades. 14 T eater Eaado sooooocoocorgoperergercrrrceecerereeeerere reese HASSHSSSHKHSH KIS SSIS SSSI ISSO b3sh ub O que é 0 ser humano? A busca pelo conhecimento 09. (Unioeste-PR-2012) Se compreendermos a Filosofia em lum sentide amplo -como concepcBo da vida e do mundo =, poderemos dizer que sempre howve Filosofia. De fato, cla responde a uma exigénci da prépria natureza humana; ‘onamem, imerso no mistério do real, vive a necessidade ‘de encontrar uma razio de er pare 0 mundo que. cerca @ parao enigma a exstincia. ..] Mas se compreendermos 3 Filosofia em um sentido prépro, Ito &, como o resultado de uma atvidade da razio humana que se defronta com 2 totalidade do real, torna-se impossivel protender que a Flosofia tenha estado presente em todo e qualquer tipo ddecultura.[..] [esse cas0,] 2 Filosofia teve seu inicio nas calbnias da Grécia, nos séculos VI eV a.C. BORNHEIM, Gar. CConsiceranda o texto anterior © 0 Inicio da Filosofia na Grécia, € INCORRETO afirmar que 1A) & busca pelo significado da existéncia e do mundo no 6 2lg0 exctusivo dos gregos antigo, 8) 28 hi um modo de 0 homem abordar 0 enigma da existéncia: usar e pensamento raconal para investigar a totalidade do real ©) @ Filosofia enquanto pensamento racional sobre 2 totalidade do real surge nas colonlas gregas nos sécuios eva. ) podemos atribuir & Filosofia um sentido mais geral {(concepg30 de munce) © um sentido mais préprio. (‘eflexéo sobre a tetaidade do real). ) Filosofia no seu sentido mais préprio no fl inicialmente bem racebida em Atenas, © que & demonstrado pela condenaglo de Sécrates & morte (Unioeste-PR-2013) Nada indigna mais uma cabecs Hloséfica do que ouvir dizer que, de agora em dante, toda flosofia tem de ficaraprisionada nos grins de um inico sistema. Nunca esse espinto se sentira maior do quo 20 ver diante de si a infinidade do saber. Toda = sublimidade de sua ‘encra consisuna justamente em une pode ye faust -oe No instante em que ele préprie acreditasse ter perfeto seu stoma, ele se tomariaincuportével para si mesmo, Nesse mesmo instante, debxaria de ser ciador e se reduzitia @ ‘um Instrumento de sua eratur, [..] rada pode sor mais pemicioso para = dignidade da flosoia que @ tentativa ‘de forcé-la 2 entrar nos limites de um sistema tebrico Lniverselmente vali. SOELUNG. CConslderando 0 texto anterior, é INCORRETO afirmar que A) afilsofa tem, além de seu aspectotesrico, um aspecto préticoligado & criagSo de sistemas 6) dignidede da flosofiaesté em colocar-nos diante de lum harlzonte infinite de conhecimento. 10. 11. ) 2 flosofia, enquento atvidade criadors humana, tem Inimerss possiblidades de expressio teérica, ) a Mlosotia & ume ativdade que no deve atingir um ‘acabamento definitive por meio de um sistema terico. £) 2 fiosofia, para a grandaza do espirto humana, deve realizarum sistema taéroo universal, perfetoe defntivo. (UPE-2013) Aflosfia, no que ten de reaidade,concentra-se na Vide humana e deve ser referda sempre a esta pare ser plenamente compreendida, pls soments mela © em fungso ala adquir sou ser eetvo. VITA, Las Washington, Inrocuedo 3 Flosofa. 1964, p. 20 ‘Sobre esse aspacto do conhecimento filoséfico, é CORRETO afemar que A) aconsciéncaflosficaimpossiblitao dstanciamento para avalar os fundamentos dos atos humanos @ cos ins 208 qusis eles se destinam. 2) um dos pontos fundamentals da fllosofia € 0 desejo de connecer as raizes da realfade, investigando-hne 0 sentido, 0 valor € 2 fnalidade. CC) 2 ficsota éo estudo parcial de tudo aqullo que é objeto ‘0 connecimento paricus. 1) econhedmento esénic @trabslho intelectual, decartor assisterdtica, pls ce contenta com as ress para as questes colocadas. ©) 2 flosofia € a consciénca Intuitva sensvel que busca a ‘compreensio da reaidede por melo de ceros princpios cestabelecdos pela razlo. (Unimontes-MG-2013) Deleuze e Guattari entendem 2 Fllosofe come possiblidade deinstauracio do caos. Nesse sentido, @ Filosofia ¢ capaz de eriticar asi mesma etambém {s outras formas de ponsare agit Com relagdo & Filosofia, podemas afirmar: A) A Filosofia no é um conhacimento absoluto © ndo permite uma atitude critica sobre todos os saberes, ‘AFilgofiaimpoe verdades endo permite que serecriem 0s expagns de dscusstes. £8) A Fiasofia nfo é um conhecimento exato, uma atitude desprovida de critica sabre todos os saberes. A Flosona no impie verdades, mas cria¢ recria cnstantemente ‘espagos de ciscussBes, (©) A losofa no é um canhacimento acabado, mas uma atitude erica sobre todos os saberes. A Filosofia nao Impde verdades, mas cria e recria constantemente lespapos de cscussbes. D) A Filosfia no é um conhetimento, mas uma attude dogmética sobee todos os saberes. A Fosofia impde verdodee © elu ae poseose dor expague de discussAe= Editora Bernoull T 45 Médulo 01 (UEG-GO-2013) © sor humana, desde sua origem, lem sua existéncia cotidiana, faz afrmagées, nega, cesele, recuse € aprova coisas e pessoas, elaborando julzos de Tato e de valor por meio dos quais procure arientar seu comportamento teérico e prético. Entretento, houve um ‘momento em sua evolugéa histérico-socal em que o ser humane comeca a conferir um cardter floséfica bs suas ingagacdes @ perplexicaces, questionande racionalmente suas crengas, valores e escolhas. Nesse sentido, pade-se afirmar que a Filosofia A) € algo inerente ao ser humano desde sua arigem © que, par meio da elaboracdo dos sentimentos, as percepcbes e dos anseios humanos, procura consolider nossas crengas e opinites. 8 existe desde que existe o ser humano, nd havendo um local ou uma época especifica para seu nascimento, 0 que nes autora @aflrmar que mesmo 2 mentalidade mitics é também floséfica © exige © trabalho da razso, 9 Inicia sua investigagie quando aceitamos os éogmas € 25 certezas cotidlanas que nos s80 impostos pela tradic80 © pela sociedade, visando educar o ser humano como cidedéo, ° surge quando o ser humana comeca a exigr provas e Justiieagées recionais que valigam ou invalidam suas crengas, seus valores suas préticas, em cetrimento da verdade revelada pela codificago mica, SECAO ENEM os. A palavra Fiosona é resultado da composigae, em grego, {de duas outras: phifo sophia, A partir do sentice dessa composicdo e das caracteristicas hstéricas que tomaram ossivel, na Grécia, o uso deta palavra, &correto afrmar ue |A) a Fllosofia é um saber técnico que possiblta, pela posse ou no de uma habilidade, tomar algumas pessoas melhores do que outra. 'B) qualquer pessoa pode ser incluida na lista dos Flésofes, pas todos sSo dotados de um saber prético, © que thes concede sabedoria para agi de forma correta, CC) a Filosofia indica que o sar humane no possul um saber, mas o deseja, procurand a verdade por mela a Investigaco de natureza e do ser humane. 3) a palavra filosofia Indica a posse de um saber divino € pleno, tornando as pessoas portadoras de um cconhecimento sobre-humano, B) a Filosofia, em sua esséncia, significa @ atitude daquele que sabe que sabe pouco eacredita que suas Investigacées 0 loverdo & vardade completa sobre as ‘causas e origem de todas as cosas. GABARITO Propostos 1. € aa 19. 6 ue 2d Secao Enem oc 16 eect T caerao Eade | MHHELEE PC LPLPLPEEC ELLE LE LE LEK L ELL HLL LLL LLL CL: WU MMMRES SS KVVSSSVVS SSS ILLAVV AAAS FILOSOFIA Os primérdios da filosofia grega 0 2 A MITOLOGIA GREGA O mito: uma forma especial de explicar o ser humano e o Universo A civilizegéo grega teve suas origens no século XX a.C, treze séculos antes do nascimento da Filosofia. No entanto, ainda que tenha significade uma revolugio na forma de 0 ‘ser humano conhecer ¢ entender 0 mundo, o surgimento da Filosofia, conhecimento baseado na razBo, nfo é anterior & busca humana de conhecer o mundo e sua origem. Como dizia Aristételes, “por natureza, todos es homens asplram pelo saber", ou seja, faz parte da natureza humana buscar © conhecimento [Antes do surgimento da Filosofia, os gregos respondlam as perguntas sobre 3 origem do mundo por meio dos rmitos, fezendo uso da imaginacdo. Assim, eles elaboraram uma cosmogonia buscando, como outros poves do mundo, explicar © Universo e sua origem por melo de narratives que remetiam a formas religiosas e miticas, basicamente fantasiosas, Dessa forma, os helénicos utilizaram-se amplamente dos mitos a fim de explicar as questées que se colocavam & mente humana, tals como o funcionamento da natureza, da cociedade @ 0 préprio cor humane, 0 que é0 mito A palavra mito vem do grego mythos, que significa “fébula’, “relato’, Isto é, uma forma particular de discurso ficticio, proveniente da imaginacdo, sendo, até certo ponto, identificado camo uma “mentira’. Ne contexto da cultura grega, entretanto, o mito era considerado um modo particular de ver e tentar compreender 0 mundo. Por ser intuido, 0 mito no seguie o rigor ‘metodol6gico de um raciocinio elaborado partir de alguma Informacdo empiricamenta campravada na raalidade MODULO Rasearla na Imaginacgo @ voltado mals para oc afetos sentimentos humanos do que para 0 rigor I6gjco-clentific, ro havia, no mito, ume preocupagéo com a coeréncla dos seus discurses e argumentos, tampouco com as provas que poderiam torné-to verdadeiro, © que nao impedia que as pessoas acreditassem em suas explicacBes. Por meio des explicacies miticas,o ser hurmano podia situar~ ‘se no mundo, como ocorria nas sociedades tribals nas quals ‘© mito apresentava-se como um modo acritico de explicar os fenémenos naturais e estabelecer algumas verdades da vide humana, como os habitos, os sentimentos € a moral de uma determinada sociedede. Diante da ferocidade e dos mistérios da natureza, como os Fenémanos naturals; 6 dia e 2 nelte, 2 trevio, 0 torremote, © nascimento e a morte das pessoas e dos outres seres, (© mito exerceu, durante esse periodo da histéria grega, um Papel tranquilizador, protegendo as pessoas contre aquilo que «era incontrolivele desconhecico. A natureza e seus fenémenos ‘eram qualificados com caracteristicas humanas, como bons ‘© maus, amigos ou inimigos, aliados ou contrérios aos seres humanos e as socledades. ‘Assim, a natureza ganhou vida prépria com os mites e, de ‘coro com essa perspectiva, ela sempre agiaintencionalmente 2 favor ou contra os seres humenos, segundo a crence da tradiclo, Era necessério, portanto, aplacar ou cultivar asforcas € vontades da natureza ¢ isso era feito por melo dos rites, 2 tencarnaco dos mitos em préticas cerimoniais. Assim, o mito estava intimamente ligado 4 magia, aos sentimentos, & fantasia © &s forgas sobrenaturals que agiam, inexplicavelmente, na Vida das pessoas e nas manifestacées da natureze. A funcao do mito A principal fungéo do mito, dentro das sociedades primitives € tribals, era acomodar e tranqullizar 0 ser humano diante de um mundo que the aparecia como misterfoso e assustador. Assim, 0 mito, encarnado nos rites, consistia em uma forma de apaziguamento das forcas sobrenaturals, servindo como baliza pare garantir ‘um comportamento linear e moral e, consequentemente, possinilitando @ ordem social Baio Bevoalt | 47 BEN vscuto 02 Dessa forme, 0 mito representou a primeira tentativa de expllcar a natureza e o ser humana, tanto em sue dimenséo Interna quanto externa. Nesse modo de conhecimento, a imaginacao exercia papel precominante, atuando como ferramenta capaz de levar o ser humano @ uma harmonia com o mundo e de dar sentido a sua existéncie, ajudando-Ihe a encontrar sentido no cosmos. Cg pO) Na natureza, eno préptio ser humane, vernostransfermagies que se repetem, como as quatro estagSes © o cio do nascimento& maturidade. A mitologia grega (0s aregos, como a maior parte dos povos da Antiguidade, eram politelstas. Acreditavam que 0s seus deuses habitavamn © Monte Olimpo, a montanhe mais alta da Grécia, e lé se reuniam para dancar, comer, cantar e se dlvertir. Além de serem fantropemérhcos (antropo: homens; mérfico: forma), 0s deuses gregos possulam outras caractersticas que se assemelnavam 3s dos seres humanos, Eles sentiam prazer, ravam-se, vingavam-se de outros deuses ou mesmo dos seres humencs, apeixonavam-se, traiam, sentiam climes, enfim, todos os sentimentos identificados como tipicamente humanos, fossem bons ou maus, eram encontrados nos deuses gregos. Here, irmé e esposa de Zeus, 0 rei dos deuses, 6a deusa do Hércules e Atena, figuras da mitologia area. coaamonts 78 Temes eeeeeee SOME MOLE E HE PHP PLPEPPE LLL LLL LLL LLL LL PUMVPVVS SS GISSS SSAA IIIS VSS LAVAS SEY YY ss Os primérdios da filosofia grega porém, esses deuses dferiam dos seres humanos por serem Imortais, permanecerem jovens eternamente e por possulem poderes sobrenaturais. Cada deus detinna um atributo especial, sendo responsével pela origem e ordem da natureze ou or algum aspecto da vida humana (come o artesonato, a argumentacBo, a seducéo, os sentimentos), interferindo na vida fem sociedade. 0s relatos miticos ne Grécia Antiga no provinham de um dnico autor, sendo produtos da tradigéo folclérica e cultural ‘ajo inicio & impossivel determinar. Hesiodo, autor de Teogonia (século VIII a.C.), ¢ Homero (século DX a.C.), @ quem so Suibuidas as obras llada e Odissela, s8o considerados importantes poetas desse periodo e por meio deles tem-se a malor parte do conhecimento atual sobre a mitologla grega. Contudo, esses poetas ndo s8o os autores do que descreveram, tendo pense registrado oc relains da tradicdo oral dos povos que habltaram Grécia desde a século XV a.C. Reprecentacin dos ceuses oreaos. ‘Segundo a mitelogia grega, no alto Monte Olimpo lacalizava-se a morada dos deuses olimpicos, os principals deuses 0 pantedo grego. Dentre os mais importantes deuses gregos, temos Caos, deus do indefinido, da desordem, daqullo que navia antes do cosmos. Fina de Ca0s, Gaia, deusa de terra é a mBe de Cronos, o pal de Zeus, Poseidon ¢ Hades: Seas era 0 chefe do Olimpo e o mais poderoso entre todos os deuses. Possuia 0 poder do rato, com 0 qual castigava todos os que por ventura 0 desafiassem ou se opusessem as suas determinacées. Poseldon era o deus dos mares © com seu tridente causava maremotos, terremotes e fazia brotar gue do solo. Uniu-se a Zeus para detronar seu pal Clones. Hades era o deus dos mortos e do mundo inferior, também chamado de Hades. Outros deuses importantes erem Siredite, » deuse do amor; Apolo, deus da misica e da poesia; Ares, deus da guerra; Artemis, deusa das montanhas, dos bosques e da caca; Atena, deusa da sabedoria e da estratégie militar; as Cérites, deusas da beleza; Eros, deus do amor e multos outros. ‘A mitologia grega refere-se também aos semideuses, nascidos da relacio amorosa entre deuses ¢ humanos ¢ que so herdis responséveis por feltos extraordindrios. Entre os mais importantes semideuses, estéo Teseu, que derrotoy 6 Minotaur; Hercules, que, para ser perdoado per matar sua esposa e seus filhos em um ataque de loucura, teve de Cumprir doze tarefes dadas a cle pelo ordculo de Delfos; Prometeu, que roubou o fogo dos deuses 0 entregou 20s scree humanos; Perseu, que decapitou a Merlusa: Edina, que, além de ter desvendado o enigma da esfinge, matou seu pal e se easou com a prépria mae. Atrajetéria do mito ao logos para alguns estudiosos, a passagem da conscléncia mitica & filoséficasignificou uma ruptura radical com a tradi¢lo e com a cultura grega, No entanto, para entender essa transic#o de uma vis8o imaginéria para uma visio racional da realidade, ‘devernos analisar duas perspectivas distintas: a da forma @ a do conteddo. ‘Ao analisar a forma como se dava a explicaglo das fatos pela mitologia, em contraposiglo com a da Filosofie, 6 possivel perceber que houve uma rupture dos primelros filsofos (os pré-scrétices) em relagéo & miologia. Enquanto os provsocritieos fundamentavem suas explicagées na razdo ¢ na observecso da natureze (physis), 2 mitologia baseave-se ra imaginacéo. Por outro lado, pode-se perceber que a Filosofia n&o rompeu definitivamente com o mite, uma vez que, em grende parte ambas as formas de conhecimento buscavam responder aos mesmos problemas. Por exemplo, Srquanto 2 mitologia buscou explicar a origem do Universo e seu funcionamento por melo de fundementos divines, s riosona tentou explicar esse problema com a busca pré-socrética pelo principio primeiro e unifcador da natureza, denominado pelos fildsofos de acne. Tiiwstereall | 49 aimee BEY vscu1002 ‘Assim, 9 que se observou, principaimente no inicio do pensamento filoséfico - perfodo pré-socrético ou cosmol6gico e periodo antropolégico ou sacratico -, foi uma ‘complomentaridade entre Filasofia e mitologia enquanto tentativas de conhecer e de explicar a realidade. Os videntes, poetas rapsedos, receblam as mensagens dos deuses por meio de revelacdo © as transmitiam 4s pessoas. Por ser recebido por revelaco, 0 mito ere aceito como verdade pelos que ouviam, sem necessiaace ae provas ou Justificativas para ser acelto © seguido, padendo, Inclusive, haver contradicdes em sau discurso. A Filosofia, ‘30 contrario, deve ser justiicada racionalmente, no sendo aceites contradiges em suas idelas, uma vez que o elscurso filoséfico deve ser racional e coerente com os principios bésicos do pensamento légico. Porém, néo hi de se pensar em mito como uma mentira (eu algo que seja errado) e em Filosofia como ume verdade (ou algo que seja certo), porque trata-se de formas de Conhecimento distintas. Enquanto 0 mito se fundamenta na autoridade daquele que o enuncia, pressupondo a aceltacio daqueles que o recebem, 2 Filosofia se fundamenta na autoridade daquilo que se afirma, exigindo, ao contrério do mito, uma atitude critica e investigativa [LJ mito fogos so 2s duas metades da linguagem, duas Fung igualments fundamentals da vida co espirto, 0 gos, ‘sendo uma argumentacdo, pretende convencer. 0 fogos ‘verdadeiro, no caso de ser justo e conforme a"Iégica" also {quando dissimalaalguma burl secreta (sofiema). Maso mito ‘tem por finalidede apenas a si mesmo. Acreita-se ou no) nele,conforme a prépria vontade, mediante um ain de, caso pareca "belo" ou verossil, ou implesmente porcue se quer _acreditar.O mito, assim, atral em torno de s toda percela do iracional existente no pensamento humeno; por sua prépri, natureza, & aparentado & arte, em todas as suas cries. GGRIMAL, Plo. A maogia raga, So Paulo: Brasliense, 1982. p. 8-9. (Primetos woos) O NASCIMENTO DA FILOSOFIA Diante das indimeras transformagéies histéricas, polticas e sodiais ocorridas na Grécia durante os séculos VII @ VI a.C., {as narrativas miticas foram se tormando insuficientes para explicar 0 ser humano € 0 cosmos. Os poetas rapsodos passaram gradativamente @ perder seu poder social f, consequentemente, os mitos foram perdendo @ sua forca, tormando-se aistantes das aspiracbes dos gregos 20 conhecmento. (© mito foi perdende pouco 2 pouco sua forca explicative a realidade, devido também a interacdo de diversas culturas nas colénias gregas da Jénia, principalmente em Mileto, berco da Filosofia, o que representou ume importante transformagio na Grécia nesse periodo, 20 [ coterie eoco t_ AUEIRRISIREROSSE Essas cidades, por possuirem importantes portos e entrepostos comerciais, recebiam constantemente inimeras earavanas provenientes, entre outros locais, do Oriente, e traziam para as cidades gregas suas mercedorias, que eram levadas em seguida para outras regides do Mediterraneo. Movidas por interesses comerciais, as varias culturas que ai se encontravam trocavam informagies sobre comércio, rmercadorias e, inclusive, sobre as tradigies micas de cada ove, evidenciands ae indmerae vereBae da uma means histérla. Com Isso, esses povos perceberam que o unico objetivo dessas narrativas era explicar a realidade, e dessa Percepcéo surglu a divida sobre quel dessas versées seria a correta. As inimeras variacées miticas levaram os gregos @ perceber a possiidade de haver uma relativizaro dos mitos ,consequentemente, vislumbram a possibilidade de nenhurn doles ser absolutamente verdadelro. Dessa maneira, surgiram, como uma tentetiva dos ‘gregos de explicar o cosmos, a natureza e o ser humano de forma diferente das narrativas miticas, as explicagies floséfico-cientificas. © Universo deixou de ser visto como ‘algo secreto e mistertoso, passivel de ser decifrado somente Por poucos escolhides, e, a partir desse momento, todas as coisas passaram 2 ser encaradas como passiveis de serem ‘conhecidos pelo ser humeno, que, apsiado em sua capacidade racional e em sua curiosidade observadora, colocou-se a buscar a explicacéo da realidade que se encontra dentro do ‘mundo e no em uma dimenso sobrenaturale inacessivel © cosmos abre-se & possibilidade do conhecimento, (0s mistérios s80 descartados e o ser humano pée-se a refleti. Nascia, assim, a Filosofia. A ORIGEM HISTORICA DA FILOSOFIA eae Mapa da Grécia Antiga PELE LLCO LPCEL CELE EPEC LEEK CH LCLCELL LEC ELL LLL | | VEVALAVIIISSSSSVVVI SASS Os primérdios da filosofia grega CONDICOES HISTORICAS PARA 0 NASCIMENTO DA FILOSOFIA Embora a Filosofia tenha data e local de nascimento, uma das grandes questdes em relacio ao seu surgimento é saber por que ele ocorreu especiicamente entre os gregos. Dues teses foram levantades para explicar esse Fato: ‘ese do milagre grego: afirmava que a Filosofia surgiu na Grécia como um verdadeiro milagre, ndo havendo Uusiquer pietedeile para u seu sestiieti. Esse rele de pensar e conceber 0 mundo e o ser humano, tendo sido lespontaneo e sem um contexto predefinido para justificar a sua origem, teria aparecido na Grécia devido 3 genialidede do povo helénico. Tese do orientalismo: afirmava que a Filosofia nasceu na Grécia devido as transformacdes realizadas pelos oregos sobre as influénclas dos povos orientais, como a Agrimensura dos egipcios, 2 Astrologia dos babilnios, entre outras. Essas duas teoriasforem superadas © hoje acrecita-se ques Filosofia fol fruto das condicies historicas da Grécla do século Vil 20 século V a.C., 35 quais proporcionaram os elementos favoréveis a esse novo modo de pensar. Por isso, alguns eestudiosos da Filosofia, ao se referirem ao nascimento dessa, nova forma de pensamento, afirmam que ela é"flha da polis” Condicées historicas da Grécia gens maritimas: A pouca fertilidade do solo acidentado, caracterstica do teritério ocupado pelas comunidades gregas, fol compensada pela presenca de excelentes portos naturals, 0 que permitiu 0 grande desenvolvimento das viagens maritimas, {Que contrbuiram para o desencantamento do Universo & para a desmitificacSo da natureza. Ao viajar para o alto ‘mar, 2s pessoas puderam verfcar que os mites nfo eram. verdaderos, que os monstros marinhos, abismos eterras, dos deuses ndo existiam. Assim, as viagens marttimas levaram a um gradativo descrécito das expicacdes mégico-imaginérias da natureza, (© mar exerceu, sinda, um papel de grande Importincie para o progresso da cilizacdo orega, que, diente do ‘aumento expressivo de sua populagao nas principais, Cidades-estadio, como Atenas, viu-se obrigada a fundar mmuitas colénias na regigo do Mediterraneo em busca de terras férteis para a agriculture @ para o sustento da populagto, Escrita alfabética: At determinada época, 0 mito ea transmitido de geragio em geracéo pela faa, 0 que Justiicava a existénda de diversas verses para um ‘mesmo mito. Coma invengio da escrtaafabética,o mito de ser escrito, e1ss0 possibltou que fossem percsbidos ‘Sus pormenoreés e suas contradigées interna, 3 ~ Invengde do calendario: O calendério concedeu 205 gregos 0 “dominio” sobre o tempo, que, no contexto dos mitos, pertencia apenas aos deuses. Com a possibilidade de dividir o tempo e tendo se estabelecido um modo de calculd-lo, as pessoas tomaram-se capazes de identificer a regularidade de alguns eventos da natureza, antes atribuldos & Infludneia doe deuses, como as eetagSes do ano. 4~ Surgimento da vida urbana: Com 0 crescimento do comércio, impulsionado pelas trocas comerciais, possibilitadas pelas viagens maritimas, algumas cldades despontaram como centros comerciais. [A primeira delas fol Mileto, no por acaso a cidade natal da Filosofia. Esse crescimento das cidades fez surgir uma nova classe social, constituida por comerciantes e artesdos, que se opunha, como ‘outro polo de poder, @ aristocracia de sangue e aos proprietérios de terra, que, até entéo, detinham © poder na cidade. Essa nova classe, como uma espécie de mecenas da Antiguidads, estimulou © desenvolvimento das artes, das técnicas © do conhecimento, criando um ambiente propicio para o surgimento da Filosofia. Politica: A politica fol um dos fatores que mais contribuiram pare o nascimento da Filosofia e teve como caracteristica fundamental a presenga do discurso racional, 0 logos, como expressao de suas verdades, as quais se sustentavam por melo de principios légicos. Dois aspactos da pol destaque’ Com a formacko da pélis. governada democraticamente pelos cidadios, surgiu a Agora, ou praca publica, um espaco para as discusses politicas, por meio das quais se organizava e se administrava a cidade. A agora situava-se no coracdo da cidade e rela aconteciam as deliberagées sobre as leis © outros assuntos para o bem da cidade. Com a consolidacdo das cidades-estado, 0 grega descobriu-se como pertencente a um todo coletivo (a pélis), posigéo que constitula a esséncia de individu grego. 2. Devido participacéo das pessoas nos processos decisérios da cidade ne égora, as leis da cidade passaram a coincidir com a vontade do seus ‘ldaaies, nao mais sendo impostas pela tradigao ‘ou pela autoridade religiosa, A lel tornou-se, assim, expresso da coletividade humana, que tentou reproduzir, pela racionalidade, 2 orcem do cosmos na legislacdo da cidade. Verifica-se, assim, 0 papel da politica como fator decisivo para que a Filosofia despontasse no mundo grego, uma vez que a discussSo das leis e das deliberacées, relativas & vida da pélis estimulava um discurso racional, exigindo um alto grau de inteligiblidade e de caeréncia para permitir a comunicacdo clara entre os cidad8os e seus pares. Esse foi 0 gérmen do pensamento filosético, © qual, obedecendo a regras e principios ldgicos, no edmitia outra explicagdo que no aquela fundamentada na razgo livre, ano nae explcagéee misterioeae e incempreensivale de mito, Editora Bernoulli 21 Médulo 02 OS FILOSOFOS DA NATUREZA OU FISIOLOGOS (FILOSOFIA PRE-SOCRATICA) O que buscavam os primeiros filésofos Os primers filésofos, considerades os fundadores da Filosofia, eram chamados de pré-socréticos ou filisofos da natureza, seu pensamento voltava-se pare a compreensio da natureza e de sua origem. Apesar de alguns flésofos pré-socraticos serem contemporaneos de Sécrates, a terminologia deve-se ao campo de estudo adotado. Enquanto os pré-socréticos dedicavam-se 4 busca da compreensio da natureza (physis) € da origem do cosmos, @ partir de Sécrates hé uma reviravolta na Filosofia, que comege @ se prescupar ci piublaiias relacionados ao Ser humano e a sociedade. (Os persauures gragos eram constantemente retratados como exemplos de sabedoria © objetive dos pré-socréticos era explicar o mundo e @ realidade por melo da razio, acreditando que 2 natureze poderia ser compreendida unicamente pela razlo humana, sem precisar apelar 8s explicacées fantasiosas dos mitos, que compreendiam a realidade por melo da imaginagso. Assim, 05 pensadores pré-socrétices, chamados por Aristoteles de fisidlogos (physioiogo!, em grego, physis: natureza; logos: razéo, pensamento) foram os primeiros = buscar uma explicagae puramente racional para a origem do Universo. © objeto de estudo dessas pensadores era a physis, ou realidede natural. Para os pré-socraticos, @ chave que levava 20 conhecimento da natureza encontrava-se na ratureza e no fora dela, @ tudo na natureza agia © se transformava de acordo com uma relagdo de causa e efeito. ‘esse modo, a causa de um efelto se constituria como efeito de uma causa anterior e, da mesma forma, essa segunda ‘causa seria oefeito de uma terceira, assim sucessivamente. Fol desse nexo causal entre tudo 6 que existe no Universo, entre os fenémenos da natureza, que nasceu a ciéncia dos fisilogos. No entanto, o pensamento pré-sacrético deparou-se cam lum problema: se toda cause ¢ efeito de alguma outra causa, ‘Que, por sua vez, é também o efelto de outra causa anterior, tentéo, 2 busca pelas causas e seus efeitos consistiria em lum proceso infnito, o que, 2 semelhanca dos mitos, seria algo misterioso e inexplicdvel. No aceitando a hipdtese de sair de uma explicacao fantasiosa para entrar em outra, 5 pré-socréticos precisaram admitir 3 existéncia de uma ‘causa primeira, um principio, uma matéria-prima original ue teria dado inicio a todo 0 processo de transformacso da natureza. Os fil6sofos da natureza buscaram determinar qual ‘ra e889 principio, chamado por esses pensadores de artic. © termo grego arché possui dois significados principais: 1) Origem, aquilo que esté & frente e, por isso, é 0 come¢o ou o principio de tudo; 2) questa a frente e, porisso, comanda todo o restante. Interessa-nos, aqui, 0 primeiro sentide, no qual arché € fundamento, principio, aquilo qua esté na origem, no ccomeco absoluto. Para compreendermos a cosmologia elaborada pelos ‘gregos, cabe destacar © significado de alguns conceitos importantes: Caos X Cosmos i Os pré-socraticos compreendiam que © cosmos era racionaimente organizedo por uma relacSo hierérquica de causa € efeito e que 0 Universo seguia essa ordem, {que 56 era possivel por haver uma racionalidade no cosmos. Por essa razéo, a0 se compreender essa racionalidade, sera possivel compreender o Universo, objetivo primeiro dus pré-socraticos. 29 | Game POSS SSS SSS SSKHSSSSSSSSSSSS SSSA DEVAL VAL ASG Os primérdios da filosofia grega lim mesmo evento pode ser expiicedo de ito: Basendo na magracie, na naratia potion fareascom pra compres brea nao necestendo, por bso, de aes, ieaos! sustentado pelos razdes dadas Saullo que se conhece cu que se COSMOGONTA (sn muerciia a a2. (0s pré-soeréticos busearam elaborar o Jogos, que consistia em uma explicacko racional cujas raz6es eram sustentadas por meio de luma argumentago sistematica, mas, ainda assim, sujeita & eritica 8 discussao. Uma caracteristica que marcou fundamentalmente a filosofia desses primeiros pensadores fol o fato de no pretenderem edoter posicbes Gogméticas. As respostas apresentadas por eles no buscavam se impor como verdades absolutes, sendo passivels de critica ediscussé0 justamente por se tratarem de posices construidas pelo ser humano @ nao reveladas por alguma civindade, as quais no admitiriam ‘oposicio ou reformulacdes, lum exemplo dessa caracteristica tipicamente floséfica & a de [Anaximandro e Anaximenes, 05 discipulos mais importantes de Tales de Mileto, que nao concordaram com o mestre sobre sua arché, & dgua, ¢ propuseram respostas diferentes para explicar a origem Go Universo, come © apeiron (Anaximandro) eo ar (Anaximenes). as formas. A cosmogonia busca explicar por meio da Imaginacao e a casmologia, por Teatoroa | 93 Médulo02 O que pensavam os pré-socraticos: a arché Uma das principals dificuldades ao se estudar o pensamento dos pré-socréticos consiste em encontrar escritas desses pensadores. Seja porque as obras se perderam na Antiguidade, ou porque, possivelmente, alguns deles nem sequer detxaram obra escrta, tendo sido seus ensinamentos transmitides exclusivamente pela oralidade. © pouco que se sabe desses pensadores provém de fontes indiretas, conhecendo-se somente aquilo que outros, entre eles o fildsofo grego Aristételes, escreveram sobre esses fil6sofos, 0 que nos permite ter contato apenas com partes diminutas de suas obras. Em relagdo aos pré-socraticas e as suas investigacées acerca da arché do Universo, a tradig&o interpretativa dos filbsofos Giferencia © poticionaments dacces pancaderae no qua diz racpelte 3 arché, ceparande cezes filézofo om trés grandes grupos: 0s pensadores da Escola Jonica, os pensadores da Escola Italiana e os pensadores da Escols Pluralista. As duas primelras ‘escolas acompanham as diferencas de pensamento dos dois mais importantes filésofos pré-socraticos: Parménides e Herdelit, Escola J6nica: caracterizava-se por buscar nos elementos da natureza fisia 0 principio e a causa de todos os seres do Universo, o principio da physis (natureza). A essa escola pertencla Herdcllto, Escola Italiana: caracterizava-se por buscar a arché do Universo no em substéncias materials, que poderiam ser percabidas pelos sentidos e encontradas na natureza, como a dgua ou outros elementos, mas em conceites no perceptivels pelos sentides, como os numeros para os pitagéricos. A essa escola pertencia Parménides. Escola Plurallsta: pertence 2 segunda fase do pensamento pré-socrético, cujo posicionamento hasela-se no fato de considerarem ndo haver apenas uma arché para 0 Universo. As escolas filosdficas do periodo pré-socratico A seyulr, falaremus Uas tres escolas do perfodo Tales de mileto fol consicerado, por anstotsies, 0 primero pré-socrético e de seus principais representantes. fliésofo da histéria, com sua flosofia da physis (natureza).. Toda informagdo que temos sobre Tales provelo de fontes Escola Jénica secundérias, uma vez que ele nBo deixou nada escrito. Tales ficou conhecido por ter previsto um eclipse solar € por ter descoberto a constelagio da Ursa Menor, Tales (cerca de 625 / 624-558 a.C.) Filosofia: Para Tales, a arché do Universo - 2 causa primeira, matéria bésice e fundamental da qual todas as coises se originaram - ere 2 agua. No entanto, Tales no estava se referindo apenas & substinca agua, mas a tudo aguilo que era Umido, Um dos provaveis motivos para Tales imaginar que @ arché fosse a agus deve-se 20 fato de que, a0 observé-la, ele constatou que ela se apresentava sob diversos estades, nos quals esto inserides, de uma forma ou de outra, todos os seres da natureza: sSlido, liquido © gasoso. Outro motivo seria que @ égua esté intimamente ligada & vida, {4 que tudo o que é vivo ou traz vida é imide. Tales, ‘ao chegar ao Esto, percebeu como a tera desértica tornava-se Tales de Mileto fol o primero pensador a receber 0 nome de _fértil quando ocorria a cheia do Rio Nilo Acredita-se ainda Fiésofo, ou sea, 'aquele que busca o conhecimento”. ue 0 filésofo tenha observado que nas altas montenhas foram encontrados alguns fésseis de animais marinhos, [sd Tales, 0 fundador de tal filosofia, diz ser agua sae |o fevou @.con cain ie Oe erg emia ee cuberto [co principio] (por este motivo também deciarou que a terra pele dgue. esté sobre = gua), levado sem divida 2 esta concepcéo or ver que © alimento de todas as coisas é timido [1 ARISTOTELES, Metafsc, 1, 3.983 b ‘Agrandeza do pensamento de Tales estd no fato de que, pela primeira vez na histéia, fol questionada no a qualidade da natureze (se é boa ou mé), mas sim do que ela éfeita, 24 | eee PTLHLTLCELLELLCHLCLELLLKLALLLLTLLLLLLL LLL LLL SUSTKSS KSAT HTH H HH HKKGVSS HHH HHH ISI AMIDA I OSS ‘Anaximandro (cerca de 610-547 a.C.) Representacéo de Anaximandro em um recorte da obra ‘A cescola de Atenas, Principio (arené) dosseres J ele dsse queer ofimited| SIMPLICIO, Fistca, 26,13. [Fragmento} Anaximandros [..] afrmou que o principio e elemento 3 0 infitito, sem defile como ar, ou Squa ou qualquer cutra coisa. Bisse também que as partes sofrem mudangas, orém o todo & Imutivel[-] LAERTIOS, Bégenes, vidoe doutina dos mésofos lustres. “radu de Mia da Game Kur. Bact: UnB, 1988. p47 Palo pouco que se sabe sobre sua vide, Anaximandro, discipulo e sucessor de Tales, teria sido geégrafo, matematica, astrénomo e polttica. € autor da obra Sobre {2 natureza, da qual no se tem multo conheclmento, pois se perdeu com 0 tempo, restando dela apenas alguns fragmentos. Esse livro € considerado a primeira obra ‘losétice escrita em lingua grega. Filosofia: Enquanto Tales acrecitava que a arché do Universo ere @ équa ou 0 imido, portanto, ume matéria (Sova) ou qualidade (mido) verificével na natureza por meio dos eentldos, Anaximandro, indo contra as ideias de seu mestre, sfirmava que o principio e causa geradora 0 Universo era 0 dpairon, que ere o Ilimitado, indefinido ¢ indeterminado, aquilo que, no sendo nada material, neshum elemento da natureza e nenhuma qualidede da java origet Luu» a Wises. Os primérdios da filosofia grega © dpeiron consistia em aigo totalmente abstrato, néo sendo possivel de ser conhecido em termos de exsténcia sensivel, mas somente podende ser concebido pelo pensamento. Segundo Anaximandro, 6 mundo toda teria sido criado pelo ‘movimento circulsrdo dpeiron, que primelro fez surairaquente (ogo) e © frio (ar) e, em seguida, 0 seco (tetra) e © Umida (qua). Pare esse pensadar, da mesma forma que a épeiron s6 poderia ser concebido pelo pensamento, a natureza, a physis, ‘6 poderia ser compreendida pela razao humana, ‘Anaximenes (cerca de 585-528 / 525 a.C.) Representago de Anaximenes. ‘come nossa alma, que & er, soberanemente nos mantém Unidos, assim todo © cosmos, sopro € af, © mantém. ‘ECIO, 1,34, [Freamento} [Anaximenes & considerado por alguns estudiosos como um os mals importantes pensadores de Escola Jénica. Filosofia: Anaximenes acreditava que a arché do cosmos ‘era 0 ar (pneuma). Segundo ele, 0 4peiron de Anaximandro aproximava-se muito do caos, da desordem anterior & criaco do cosmos (Universo ordenado), Pera Anaximenes, ‘essa concepeao era inaceltével, uma vez que, embora © Universo fosse ilimitado € eterno, seu principio no poderia ser indeterminado, j4 que a raz80 no poderie penser aqullo {que néo tivesse determinacéo. Percebemos que Anaximenes, 20 escolher 0 ar como arché, ro optou por algo palpével, como @ agua de Teles, nem por algo completamente indeterminado e abstrato, como 0 Speiron de Anaximandro. Uma das razées que poderia ter levado esse pensador a escolher 0 ar como sus arché deve-se 20 fato de que o ar esté presente e em todos os lugares, senda 0 primeirg e uitimo ato de um ser vivo. iaioebenoa | 25 Médulo 02 Heréclito (cerca de 540-470 a.C.) Heréclita de Efeso, conhectio como "0 obscura” devide 8 maneira Gift e misteriasa pela qual se comunicava, foi um dos mais Importantes pensadores naturalistes. 'Ndo podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque PLUTARCO. Contolano, 18 9.392 8. [Fragmento 91] Nascido na cidade de Efeso, Herdclito ficou conhecido como "0 obscuro” ou "Herdciito, 0 fazedor de enigmas" devido & sua escrita de dificil compreensao e interpretacao. Junto com Parménides, pode ser considerado um dos grandes fundadores da Filosofia Filosofia: Herdclito & considerado um dos principals defensores do mobilismo, concepcéo segundo 2 quel toces as coisas naturals estariam em constante movimento, sendo que tudo 0 que existia no mundo mudava o tempo todo, lem um constante devir. Além dessa dela, a mais conhecida de sua flasofia, Heréclito desenvolveu 0 conceito de fogs como © principio unificador da realidade e 0 elemento basico da racionalidade do cosmos. Segundo Heréclto, ainda que toda a realidade estivesse em constante fuxo, 0 logos representaria uma unidade dentro dessa pluralidade do Universo. Essa nidade em meio A mudanca poceria ser compreendida como a unidade dos opostos. Assim, dia enolte,frio equente, vida ‘© morte seriam opostos que se complementariam. Herdclito afirmava, nasse sentido, que 0 fogo representava o elemento ‘que dava dinamismo & realidade, pois ele tudo transforma. Heréclito afrmava ainda que a realidade s6 poderla ser compreendida por melo dos sentidos, j8 que, uma vez que tudo estava em constante mudanca, no haveria nada que estivesse além da aparéncia e, portanto, o que se percebia dos seres era apenas sua aparéncia em constante mudanga. Contudo, a rezao titima das coisas ~ 0 logos ~ sé poderia ser encontrada pelo pensamento. Escola Italiana ou Eleata Pitagoras epresentacao ae Mcagoras. (0s assim chamados pitagéricos, tendo-se decicado as matematicas, foram os primeires a fazé-las progredir. Dominando-as, chegarem a conclusio de que © principio daz mateméticas é 0 principio de todas as coisas. ARISTOTELES. Netafsea. 1, 5, 985 b. a vida de Pitégoras, nada se sabe. Alguns estudiosos afirmam que ele pade nem sequer ter existido e que seu ‘nome foi utiizado para unir os adeptos de determinada seita floséfico-religiosa. Outros consideram que PitSgoras asceu em Samos € estabeleceu-se mais tarde ern Croton, ha Magna Grécia, onde fundou uma confraria religiosa rmisteriosa, a qual mais tarde chegou a tomar 0 poder rnaquela cidade, Porém, descobrir qual & a verdade sobre Pitagoras néo é essencial j6 que nos interessa compreender sua flosofia mais que sua biografia. losofia: Os pensadores pitagéricos (termo que se refere aos seguidores de Pitégoras ou aos pertencentes dessa seita religiosa) afirmavam que a arché do Universo fra os niimeros. Eles acrecitavam que os nlimeros, ov as proporcées harmoniosas entre as colsas, constituiam 2 verdadeira natureza, ou physis, e, portanto, o mundo seria regido por essas proporgBes. Assim, os nlimeros seriam a causa primeira de todas as coisas. Devido & sua filosofia, 0¢ pitagéricos axerceram fort influénca no desenvolvimento dda Matematica, sobretudo no campo da Geomettia. 26 | cotecéo Estudo JOPPP PP PPP PPP PHP EPP PPP PPP HPP EHH H EEOC KEK HTK TEL 0 SddSbdSS SSS OAS 5 DdSSSISIIIIHISSSIS SSS Os primérdios da filosofia grega Parménides (cerca de 500 2.C.) Representacio de Parménides na obra A escola de Atenas. Necessério € 0 dizer e pensar que © ente é; pois é ser nada ni 6. Sobre a Notureza,v. 3; 6. In: Os pré-soritics. So Paul: ‘Abn Cultural, 2000. p. 123. (Os Pensacores) Nascido na cidade de Elela, Parménides foi um dos mais importantes pensadores pré-socrétlcns. De acorda com alguns ‘autores, ele fol o fundador da Ontologla enquanto discipina {que busca 0 conhecimento do ser em sua realidade mesma, ‘ou seia, oconhecimento da esséncla ditima dos seres. Ao que tudo indica, Parménides encontrou-se com Sécrates enquanto este ainda era jovern, tendo seu pensamenta influenciado de forma determinante a Filosofia, principaimente a de Plato 2 2 de Aristételes, uma vez que é concedida a Parménides a prerrogativa de fil6sofo do ser (@ realidade vitima de todas, 2 colsas em seu sentido mais abstrato e fundamental), inaugurando, assim, a Metafisica. Filosofia: Ao contrério dos filésofos mobilistas, ue acreditavam que tudo & mével, tudo se altera e esté ‘em constante transformacéo, Parménides no acreditava na existéncia do movimento, tendo ficado conhecido, por |sso, como defensor de uma concep¢o monista dos seres. Foto responsdvel por introduzr,na Filosofia, a diferenca entre fessencia (Imutavel) e aparéncia (mutavel). Contreriando, assim, 0 mobilismo de Herécito, Parménides afirmava que o ser hhumano poderia seguir duas vias na busca do conhecimento: Via da opinigo: constitul 0 caminho da doxa (opInigo), sendo a via da experiéncia sensorial. Essa via se refere 8s opinies sobre os aspectos mutdvels e passageiros das coisas, consistinda em tum conhecimento instavel, e, por isso, distante do ‘conhecimento verdadeiro. Via da verdade: constitul 0 caminho da alétheia (verdade), sendo a via da atividade Intelectiva (pensamento) sem 0 uso dos sentidos. £ por meio dessa via que o ser humano chega 20 conhecimento daquilo que estava além de aparéncia, ou seja, 4 verdade imével, imutével, indivisivel, nica, sem Principio nem fim e eterna. Essa via era considerada © nico caminho de acesso & verdade do ser, 8 que, nela, o Individuo, com uso da razio, afastava-se da opini8o imprecisa e mutavel formada pelas impressdes sensiveis. Por isso, ao afirmar que o ser 6, Parménides se referia a0 caminho para se conhecer o mundo além da mera aparénca, buscando alcancar o seu aspecto tinico, eterno, continuo, Indivisivel e imével, j8 que 0 ser exclui toda mudanca © transformagao. Desse modo, aqullo que muda é 0 no ser, lie, paen ParmAniding, aKa exictia, pais, ma var qule até lem constante mudanga, no mesmo momento que ¢, ele debxa de ser, ndo sendo, portanto, absolutamente nada. Escola Pluralista ‘Anaxagoras (cerca de 500-428 a.C.) Representasio de Anaxagoras. ‘Anaxégoras de Clazémenas [...] afirma que os principios 580 Infinitos. Quase todas as cos, formadas de partes semelhantes (hiemeomerias) como a agua eo fogo, cz ele (ue s8o geradas e destruidas por combinagdo e destrucéc, ARISTOTELES, Metaisice, , 3. 904 2 11 Em sus opiniao os primeiros prncipios s80.as homeomerias; © flésofo sustentava que, da mesma forma que 0 ouro se compte de particulas finas chamadas pé de cur, ‘ universo é constituido de corpisculos formados de partes hhomagéneas. Seu principio de movimento ere 0 Espirito [1 LaERTIO5, Dbgenes. Vise ecotina dos nisofes tastes “Treo de Mério da Game Kur. Basia: UnB, 1988. p45 cmon benoit | 9 Méduto 02 Anaxagoras foi fisico, matemético, astrénomo e meteorologista, além de ter sido o fundador da primeira escola de Atenas, cidade na qual viveu por cerca de trinta anos. Em 431 a.C,, afirmou que o Sol era uma pedra incandescente e que a Lua era uma terra, ¢ no uma deusa, Por essa afirmaco fol preso sob a acusacéo de descrence ‘nos deuses, tendo, em seguida, fugido para a cidade de Lampsaco, também na Jénia. Filosofia: Anaxigoras defendia que a realidade era composta de uma infinidade de pequenos elementos, 0 quais ele denominava de homeomerias, que seriam 2 UlIZU Ue Ludo v que existe 110 Universo. Para 0 mésOro, ‘tanto os quatro elementos (terra, fogo, agua e ar) quanto todas as oposicSes encontradas na natureza, como quente- {rio estavam presentes em todas as coisas em proporcbes diferentes. Dessa forma, 2 physis seria composta dessas sementes, ou homeomerias, e nisso consistiria a sua arché. ‘Além disso, 0 filésofo considerava haver uma relacéo de mobilidade ~ que ele chamava de espirito (nous) - entre as coisas, de modo que as homeomerias que faziam parte de um corpo, com a sua morte, passavam a fazer parte de autro. Deméerito (cerca de 460-370 a.C.) Representacdo de Demécrite, que ficou conhecide come "a Mbsofo que rr. tomo (i. &,, n80 cortavels), macigos (ie., unidades), ‘grande vazio, segao, ritmo (|. e.; forma), contato, direcso, ‘entrolagamento, turbihgo. PAPIRO HERCULANO, 1788. Terms encontradas num patio restaurado, em que Deméorto & acusado de plagiar ‘A grande ordem do mundo, ce Leuelpo (Fregmento} 03 primeiros princpios do universo 380 03 tomas € 0 vvazi; tudo mais apenss se pensa que existe. Os mundos 80 infrites, sujeitos 8 geracdo e a0 perecimento. Nada & {gerade pelo néo-ser e nada perece no nio-ser. Os étomos 80 Infinites em tamanho e nimero, movem-se como em lum uértice e geram assim tocas as coisas compostas ~ Fogo, qua, ar terra -, porque esses elementos também $80 Unies de determinados tomos, que, por sua solide? s8o Impassiveis e imutéveis. LAERTIOS, Didgenes. Via @coutrina ds flésfos ustres Tralugo de Miro da Gama Kur. Basia: UnB, 1968. p. 263 Nascido em Abdera, coldnia jonica da Trécia, Oemécrito 6 considerado um dos pré-socrdticas que mais produziu e escreveu. Segundo relatos, esse pensador teria viajado pelo Egito, Mesopotimia e Pérsia antes de se estabelecer em ‘Atenas. Seu pensamento se confunde com o de seu discipulo Leucipo e, por esse motivo, no se pode afirmar que todas ‘utorias de obras consideradas de Demécrito tenhem sido, de fato, dele. Filosofia: Demécrito foo grande sistematizador do atomismo, outrina que defendia que. Universo, 3 physiz, ars formado por ‘tomes. A pelavra tomo significa ndo dvisvel, ena filosofia ‘de Demécrita se refere @ menor parte das coisas que néo se Pode diviir em outras partes, pertculasinfiitas e invisiveis que ‘compiiem os objetos materials danco origem aos fenémenos ‘observados na natureze e a0 movimento de transformacio dos seres. Empédocles (cerca de 490-435 a.C.) Representaso de Cmpéocles. ‘Aum dado momento, do uno salu Miiplo, Por divisSo-foa0, gua, tera € ar atanetras; © 0 Uno se formou do Miltipo Octo, temivel, de peso igual a cada um, e.0 Amor entre aes. SIMPLICTO. Fisica, 157. [Fragments] (Ora so unidas em uma todas as colsas pela Amizade, ora ada uma élevada em ciregéo diferente pelo 6dlo da Discria, LAERTIOS, Diogenes. Vide € doutrna dos isos lustre. Trade de Méro 68 Gama Kir, Bria: UnB, 1988. p. 246. Natural da cidade de Agrigento, Sicilia, Empédocles, considerado o inventor da eloquéncia, fol um politico, poeta, dramaturgo, médico, cosmélogo e mistico. 2B | cedetsuce PUOLTELLCL ELE LLL | ELOCLLLLLLLLLL CLL LLL LLL TUFF Sed OK SK SKIKE DSI dIIS ISI II ISS I II IIOS Filosofia: Ao contrario dos pré-socraticos das escoles Italiana e Jénica, que buscavar um Gnico principio das coisas, como € 0 caso de Tales, que considerava sera égua a arch do Universo, Empédacles defendia que o fogo, a terra, a agua eo ar constitulam o Universo. Para ele, @ arché erem esses quatro elementos junto 8 Amizade (ou amor), que os nla, € & Discérdia (ou dio), que os separava em formas diversas e em proporgées diferentes, formando os seres da naturaza, O dio buscava a diferenga, € © amor agrupava 29 seiteliongas entre esses elementos Emnédoctes acraditave ser imposstvel defini um inico elemento {40 qual teria surgido todas as coisas e, por Isso, defendla que todes a5 coisas continham, em proporcées variadas, 0s quatro elementos: terra, égva, fogo © er: EXERCICIOS PROPOSTOS 01. (1FSP-2011) Comparando-se mito ¢ Filosofia, 4 CORRETO afirmar 0 seguinte: 1A) A autoridade do mite depence da confianga inspired pelo narrador, 0 passo que # autoridade da Filosofie Fepousa na razio humana, sendo independente da pessea do fésofo, 18) Tanto 0 mito quanto a Filosofia se ocupam da explicaglo de realidades passadas a partir de interagio entre forgas natursis personalizaaas, crianda um discurso que se aproximado da Historia es2 opte 20 da ¢)_Enquanto 2 funcéo do mito ¢fornecer uma expiicagéo parcial da realidade, limitendo-se 20 universo 43 tultura grega, a Flasona tem um caréter universal, buscando respostas para as inquletagbes de todos 05 homens. D) Mito e Filosofia decicam-se & busca peles verdades, absolutas e $80, em esséncia, faces distintas do ‘mesmo processo de conhecimento que culminou com 0 desenvolvimento do peansamento cientifco. a A Filosofie € 8 negacéo do mito, pois no accita contradicbes ou fabulagtes, admitindo apenas explicagées que possam ser comprovadas pela ncavaeia deere ou pela experiénca, 02. 03. Os primérdios da filosofia grega (UEG-GO-2013) & Filosofia, para muitos filésofos ‘¢ comentadores, tem data @ local de nascimento ~ séc, VIL a.C. ~ € 0 primeiro fidsofo terla sido Tales de Mileto (640-550 a.C.). Esse nascimento da filosofie rmarcou toda histéria do Ocidente, deixando um vasto legado de conquistes que ainda hoje influenciam nosso modo de ser. Dentra esses legados, destaca-se 1A) a desconfianca nas decisGes puramente racionais, texigindo que os sentimentos @ as paleSes tivessem prioridade sobre a rardo. 2) a visto fatalsta da realldede, j8 que os gregos ‘ereditavam que a vontade humana era concicionada por determinismas sociais’® histiricos, 6) © nascimento da filsofia enquanto fato histérico- Social, circunserito & realidade grega, exercendo ouca influéncie.-e desenvolvimento posterior do Ocidente. ) pensamente operendo conferme leis e principios {que permitem distinguir o verdadeiro do falso, além de postular que as préticas humanas eram resultado da deliberacdo da vontade. (UEL-PR-2013) No livro Através do espelho e 0 que “Alice encontrau por Id, Rainha Vermelha diz uma frase ‘enigrntica Pois aqul, como vé, vacd tem de correr 0 mals que pode para continuar no mesmo lugar CARROL, L través do esptho © 0 que Ale encantrou por, Rl de Jano: Zar, 2009. p. 186. 34 na Grécia antiga, Zeno de Eleia enunciara ume: tese também enigmética, segundo a qual o movimento 6 ilus6rio, pois [...] numa corrida, @ corredor mais rapido jamals conseque ultrepassar © mais lent, visto @ perseguidor ter de primelro atngiro panto de onde party 0 perseguido, ce tal forma que o mais lento deve manter, sempre a diantera ARISTOTELES. Fisice, Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. $.j RAVEN, 3. Ej SCHOFIELD, N. Os Pré-socrdas. 4. ed. Lisboa Fundagio Calouste Gulbenkian, 1994, p. 284 ‘Com base no problema flleséfico da lluséo do movimento em Zeno de Elela, é CORRETO afirmar que seu argumento 1A) baseia-se na observagio da natureza e de suas transformacbes, resutando, por essa razio, em uma ‘explicagao naturalsta pautada pelos senticos.. ') confunde a order das colsas materials (sensivel) © @ ‘ordem do ser (intelicive!), pols avalia © sensivel por condigSes que Ihe sa estranhas. CC) ustra a problematizago da crenga em uma verdadera ‘exsténdia do mundo Sensvel 8 qual se chegarla pelos sentidos. ) mostra que © corredor mais répido ultrapassaré inevtavelmente © corredor mais lento, pols isso nes ‘apontam as evidéncias dos sentido. )_pressupBie a noglo de continuidade entre os instantes, contida na pressuposto da aceleragio do movimento centre os corredores. Eaters Bema] 29 Médulo 02 04, os. (UEMA-2013) No contexto histérico da génese da Flosofia, dencando de lado a polémica sobre a ruptura ou 2 continuidade entre mito e Filosofia, importa destacar, precisamente, @ perspectiva Inovadora da Filosofia, rasceme. Novidade na Filosofia é |) 2 capacidade de fundamentar, racionalmente, 2s narratives teogénicas. 8) 2 tendéncia & arqumentacdo racional, aeneralizada em torno das coisas. ©) cexerccio do distanciamento das coisas terenas pelo pensamento abstrato. D) 0 estabelecimento de competéncias argumentativas ‘com justificativas para a politica © a relioiéo. ) a racionalizac3o da compreensée do mundo © © consequente abandano das crengas nos deuses (UENP-pR-2013) Origem da filosofia or que o homem se pée a filosofar? Poucas vezes fem que esta questio foi formulada de modo suficiente, Aristételes @ abordou de tal maneira que exerceu sua Influéncia decisiva sobre todo © processo ulterior da flosofa. © Inicio de sua Metafsica 6 uma resposta a essa pergunta: Todos os homens tendem por natureza a saber A razdo do desejo de conhecer do homem &, para ‘Aisttoles, nada menos que sua netureza. E a natureze € a substancia de uma colsa, aqulo em que realmente cansiste; portanto, 0 homem aparece defnido pelo saber; 4 sua propria essncia que move 0 homem a conhacer E aqui voltamos a encontrar uma implicacéo mals clara fentre saber © vida, cujo sentido iré se tornando mals didfano e transparente 20 longo deste livro. Mas Aristteles diz algo mais. Um pouco adiante escreve: Pelo assombro ‘comegaram os homens, agora e num principio, a flosofar, ‘assombrande-sé primeiro com as colsas estranhas que tinham mais & mo, © depois, a0 avancar assim pouco 2 pouca, indagando-se sobre as coisas mals sérlas tals come os movimentos da Lua, do Sel e dos astras e @ ‘geracio do todo. Temos, pois, como ralz mais conecreta do Miosotar uma atitude humana que é 0 assombro. (© homem estranha as colsas proximas, e depois a totalidade de tudo o que existe.” MARIAS, Juli. Hite do Flos ‘So Paulo: Martins Fontes, 2004, Com relag#o a0 surgimento da Filosofia, o que é INCORRETO afirmar? |) A Filosofia surgiu com os chamades flbsofos pré- socréticos, cuja preocupago central privlegiava as, ‘uesibes cosmoligicas. 8) Tales de Mileto era um dos pré-socréticas; relatos antigos atribuem-he muliplasatividades: engenhelro, politico, astronomo. ©) primeira miso de que ce tem noticia & Sherates, Porisso ele considerado 0 pai da Filosofia e expoente maximo de todos os tempos. ) Enquanto no mundo mitolégico @ imaginacso era ‘amplamente explorada € os mitos néo podiam ser ‘questionados, a Filosofia valarizave © pensemento racional E)_Folem Mieto que apareceu pela primeira vez a Flosofa, {2050 formar a escola jBnica composta por trés figuras centrais: Tales, Anaximenes e Anaximandro. (UFLA-MG-2013) Fol ne Jénia que se efetuaram os primeiros esforgos de caréter completamente racional para descrever a natureza do mundo, Ai, a prosperidade material Pas exreprinnaic onrtuniartes para ectaheler=r contatos com outras culturas aliaram-se, pelo menos durante algum tempo, @ uma forte tradigéo cultural literéria que vinha do tempo de Homere. No espaco de tum século, Mileto viu nascerem Tales, Anaximandro © ‘Anaximenes, todos eles dominados pela assuncio de urna substanciaprimria simples, cuja determinacSo folo passé ‘mais importante em qualquer das descrlgSes sisteméticas a realidade, KIRK, G. S; RAVEN, 3 E. 8 SCHOFIELD, M. Os fldsofs pré- socrtcos ~ Hist crtca com seleo de textos. Usb: Fundasio Calouste Gulberidan, 1994. p71 (Adaptagio), ‘Com base na leitura do texto anterior, € correto afirmar, EXCETO: 8) 05 autores prociiram dectarae 6 carter precursor dos fildsofos jGnicos e o fato de todos eles terem se referido a um principio racional de unidade. 8) As condigGes culturais © econdmicas ndo chegaram 2 exercer Influéncia sobre © desenvolvimento da Filosofia pré-socrética. ©) A referéncia dos pré-socréticos 3 uma arkné, 2 uma substéncla priméria simples, correspondeu a uma estratégia para subordinar & rarBo a multialicidade sensivl. D) ArelacSo entre o nascimento da Filosofia €2 mitologla = por exempio, aquela presente na literature de Homero ~ no pode ser descrita como uma relagio e total ruptura. 30 [ tateeiotsade PHOMHHLLLLLOLOCLOLOOLHELELLL LLL LLL LE TEP VY E VV V VV ddd ddd ddd dda Os primérdios da filosofia grega S = os. 09. (UFU-MG-2013) A atividade intelectual que se instalou na Grécia a partir do séc. Vi aC. esté substancialmente ancorada num exercico especulative-acional De fat, [..] ‘Go é mais uma atividade mitica (porquanto o mito ainda Ihe serve), mas Rlosdfica;e sso quer dizer uma avidade regrada a partir de um comportamento enistémico de tipo préprio: empirico e raciona. SPINELLI, Miguel. Filbsotos Pré-socrticos Porta Alegre: EDIPUCRS, 1998. p32 Sobre @ passagem da atividade mica para a filoséfica, na Gréca, assinele a alternative CORRETA. |A)_Amentalidade pré-filoséfica grega é axpressio tpica dde um intelecto primitivo, proprio de sociedades selvagens. 8) A Filosofia racionalizou 0 mito, mantendo-o como base da sua especulacio teérica e adotando a sua metodolovia ©) A narrative mitico-religiosa representa um meio importante de difusto © manutencéo de um saber prético fundamental para e vida cotidiana b) A Tifada e a Oelssela Ge Homero so expresses culturais tipicas de uma mentalidade filoséfica labored, etic e radical, baseada no logos. (UFU-NG-2013) De um modo geral, © concelto de physis no mundo pré-socrético expressa um principio de movimento por meio da qual tudo © que existe é geraco ese corrompe. A doutrina de Parménides, no entanto, tal como relatada pela trediclo, abollu esse principio e provecou, ‘consaquentemente, um sério confito no debate filssinca posterior, em relagSo a0 modo como conceber 0 ser Para Parménides e seus discipulos: |A) Almobitidade € 0 principio do no-ser, na medida em que © movimento esté em tudo o que existe. 18) Omovimento& prncipo de mudanca 22 pressuposiS0 de um ndo-ser ) Um Ser que jamais muda nio existe e, portanto, 4 fruto de imaginacéo especulatva, D) © Ser existe como gerador do mundo fisico, por isto a realidade empirica € puro ser, ainda que ‘em movimento, (Uncisal-PR-2013) € corrato atirmar que © homem procure ncessantemente responder perguntas que deem sentido a sue vida. A partir do momento que buscou impor outra légica a0 seu pensamento, superando as expllcactes fantasiosas produzides pelos mitos,focou na recionaldade o fundamento da verdade. Querer entender ‘9 mundo © seus fendmenos moveu os primeirosMiésofos. Eles se cebrucaram sobre a natureza e agullo que codons © Cusunus, eatebelecendo noves conhecimentoa, 10. Com relagio aes primeiros fésofos, qual sopso CORRETA? 1A) Produiram um pensamanta votado assencialmente pars ‘os temas metafscas, delxando de lado ohomern no seu fazer politico. £8) Entre os pensadores pré-socrétios nao hé preocupagéo com questionamentos mais profundes que exponh a ligica de funcionsmento da naturezs, seu princislo ordenador, sua esséndia, ©) Preceupados com a vida pibica nas pélis, 0s primeiros filésofes centraram no hornem suas andlises 2 respetto {do Cosmos, D) Longe de toda e qualquer busca racional, os fidsofes pré-socréticos admitiam certo contaiido cosmogénico fem suas expbcacies, pois atiicavam aqullo que Homeso € Heslodo haviam afirmado ser verdade em rolago 30 Cosmos. ) 08 pré-socréticos buscavam explicar 0 Cosmos € ‘encontrar 0 principio ativo que Ihe impunha ordem. \alorizado os astudes sobre a natureza, pouco ou nada Aisutam sobre 8 moral, a potica ou a metaisica, (Unicentro-PR-2013) Embora o mite se caracterize, Fistoricamente, por cer‘um tipo de conscanci primitiva © anterior 20 advento da eserita, ainda hoje subsist em nossa fetulaytes, nos contos da acbederia popular, no foelore, ‘constituindo parte do nosso imaginari. Até mesmo Plato oo descartou intetemente; pelo contro, aproveltou-se de sua riqueze, narrendo, na obra A Repdblica, pelo menos dols episédios com essa conotacé0: ora dizendo os prisionctos acorrantados 20 fundo de uma caverns, ora naranda a histéria de Er. Pode-sse mencionar ainéa 2 Ltiizaglo do mito de Epo na psicanis, CConsiderande que a aiscurso mitico ainda persiste segundo vvariadas formes, assinale a aterativa CORRETA. A) Devido 20 Tato de que. mite constitu a primetra lelture e mundo, o anarecmento de outras interpretactes, como a crtico-refexiva, faz dele um disourso sem Intelgbiidade. £8) Em sentido lato, tudo 0 que desejamos e pensamos Uevelia exclu, desde © inféncia, toda forma d= imaginagdo cujos pressupostos 80 miticos, pols Impedem um posterior wabalho com 2 préaria re280 presente nas coisa, CC) ustamente porque omito prope relatos exrancdinris, ‘escapendo & nossa compreenséo, hd enorme difculdade da conecincia de dspor @ seu respelto ereconhecer-he tanto a validade, quanto a import8nca ) © pensamento crtce-reflexivo permite, heje, oexercico de um pencamento capsz de istnguir os mitos que sso prejuticals e aqueles que comptem postivamente © hrfzonte da imecinacto. )_Omtoresuta de vaclo do medio racional,constuindo-se dispensivel no exstr humana, e880 se justice porque tal dimensto primitive se apreserta, alnda hoje, com 2 magma sbrangéaria que tove nas cocleades tribal. or venoat | 3q Médulo 02 44. (uFF-#0-2010) 12. ‘como uma onda Nada do que foi seré De novo do jelto que 38 fo! um cla ude passa “Tudo sempre passard ‘A vida vem em ondas Como um mar [Num indo e vindo infinite Tudo que se vé néo é quel 20 que a gente Viu né um segundo Tudo muda.o tempo todo No mundo Nao adlanta fugir Nom mentir Pra si mesmo agora Hé tanta vide 6 fora ‘Aqui dentro sempre Come uma onde no mar Como uma onde no mar Come uma onde no mar Lulu Santos Nelson Motta ‘A letra dessa cangdo de Lulu Santos lembra ideias do filésofo grego Heréclito, que viveu no século VI a.c. € que usava uma linguagem postica pare exprimir seu pensamento, Ele & 0 autor de ume frase famosa “igo se entra auas vezes no mesmo 07 Dentre as sentengas de Heréltoe seguir itadas, marque aquela em que o sentido da cangSo de Lulu Santos MAIS se aproxima delas. |A) Morte € tudo que vemos despertos, etude que vemos ormindo € sono. 18) Ohomem tola gosta de se empolgar a cada palavra, €) Ao'se entrar em mesmo rio, as éguas que Nuem so outres. 1D) Multa instruggo no ensina a ter inteligénci. E)Opovo deve lutar pela lei come defende as muralhas a sua cidace. (Unioeste-PR-2012) £ no plano politico que a razio, na Grécla, primelramente se exprimiu, constituiu-se © formou-se. A experléncla social pode tarnar-se fentre os gregos 0 objeto de uma reflexdo positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate piblics de argummentos. © deciinio do mito data do dia em que 05 primeiras sabios puseran em discussao @ ordem humana, procureram definila em si mesma, traduz-la fem férmulas acessivels a sua intelloéncla, aplicar-ine 2 norma do nimero © da medida. Assim se destacou © 28 definiu um pensamento prepriamente politico, exterior 8 religifo, cam seu vocabulrio, seus conceitas, ‘seus principios, suas vistas tedricas. Este pensamenta ‘marcou profundamente a mentaidade da homem antige; caracteriza uma civilizacSo que ndo deixou, enquanto permaneceu viva, de considerar a vida publica como 0 coroamento da atividade humana. Considerando a citago anterior, extralda do livro ‘As origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant, € 05 conhecimentos da relagio entre mite @ filosofia, INCORRETO afirmar que 1A) 05 flésofos gregos ocupavam-se das mateméticas © delas se serviam para constituir um Ideal de ppensamento que deveria orientar a vida publica do homem grego. ) a discussio racional dos sébios que traduaiu a ordem humana em formulas acessiveis&inteligéncia causou ‘© abandono do mito e, com ale, 0 hm da raligifo @ 2 decorrente exclusividade do pensamento racional a Grécia, C) a atividade humana grege, desde a invencéo da politica, encontrava seu sentida principalmente na vida pdblica, na qual o debate de argumentos era orientado por principlos racionals, conceltos & vocabulério prépros. ) apoltice, por valorizero debate pice de arguments que todos 0s cidados podem compreender € dliscutir, comunicar e transmitir, se distancia dos liscursos compreensiveis apenas pelos inicados em rmistérios sagrados e contribul para a constituigao do ppensomento filoséfico orientaco pela razSc. ©) ainda que o pensamento filosético prime pela ‘acionalidade, alguns Mlésofes, mesmo apés.0 dectnio do pensamento mitolégico, recorreram a narratives rmitolégicas para expressar suas elas; exemplo disso (20"Mito de Er” utilizado por Plato para encerrar sua principal obra, A Repdiica 32 | wae FEL LHKCKKLEKL LLC LL LE LLL LLL ft rere eee eq OOO HTTHT, IIIT IIIIIII ISI IIo ddI III ddI OIG bi Os primérdios da filosofia grega 133 14. (UnB-DF-2012) No Inicio do século Xx, estudiosos esforgaram-se em mostrar @ continuidade, na Grécia Antiga, entre mito @ Filosofia, opondo-se a teses anteriores, que advogavam 2 descontinuidade entre ambos. ‘A continuldade entre mito € Filosofia, no entanto, no ol entendida univacemente. Alguns estudloses, como Camtnrd @ laeger, eansideraram que as perguntas ‘acerca da origem do mundo € das coisas haviam sido responcldas pelos mitos e pela Filosofia nascente, dado ‘que 0s primeiros Ridsofos haviam suprimid os aspectos antropomérficos e fantisticos dos mitos. ‘Ainda no século X%, Vernant, mesmo aceltando certa continuldade entre mito e Fllasofia, criticou seus predecessores, 20 rejeitar a ideia de que 2 Filosofia ‘apenas afrmava, de outra maneira, mesme que o mito ‘Assim, a discusséo sobre a especifcidade da Flosofia em relagdo 20 mito fol retomada, Considerando 0 breve histérico anterior, concernente & rolagio entre © mito e a Filosofia nascente, assinale a pete que expresso, de forma mals ADEQUADA, c239, relagio na Grécia Antige. 1A) O mito & 2 expresso mals acabada da religlosidade arcalca, e@ Filosofia corresponde ao advento da razo lberada da religiosdade. 8) © mito é uma narrativa em que 2 origem do mundo 6 apresentada imaginativemente, ¢ a Filosofia ‘aracteriza-se como explicagio racional que retoma ‘questbes presentes no mito, Q (0 mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-légico ¢ Irrecional, @@ Filasofia, também fundamentada no rito, correspond ao surgimento da razdo na Grécia antiga, 3} (© mito desereve nascimentos sucessvos, Inciuida @ origem do ser, © Flosofia descreve a origem do ser 2 partir do dllema insuperével entre cans e medida, (Uncisa!-2012) 0 conhecimento mitico apresenta caracteristicas proprias que o diferencia de outros modes de conhecer: Ele invrlavelmente se vincula 20 conhecimento religioco, mes conserva suas fungies espacficast accmodar € tranqulizar © homem em melo a um mundo caético € host. Nas sociedades em que ele se apresenta como ‘um modo vélido de explicacko da realidade assume uma ‘brengéncia tamanha que determina a totalidade da vids, tanto no Smite piblico como privado. Com referéncia 20 conheciments mica, € INCORRETO afer que A) a adeséo a0 conhecimento mitico corre sem necessidade de demonstracSo, apenas se ecelts 3 autoridede do narrador 8) as explicacées oferecidas pelo conhecimento mitico escencialmente so de natureza cosmogénica. ) as representacées sobrenaturais so utilizadas no intuite de explicar os fenémenos naturals. 1) anarrativa mitica faz uso de uma inguagem simbélica e imaginara ) se pauta na reflexdo, apresentando a racionalidade © ‘a cosmologia coro componentes definidores do seu modo préprio de ser. SECAO ENEM on. (Enem-2010) Quando Eaipo nasceu, seus pais, Leio & Jocasta, 05 reis de Tebas, foram informados de uma profecie ne quel 0 filho matarla o pai e se casaria com a mnie, Pare evité-a, ordenaram 2 um criada que matasse ‘© menino. Porém, penalizado com a sorte de Edina, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de “Tebas para que o case. Eulpu soube da prufecta wuatido se tomou adulto. Salu ento da casa de seus pals para evitara tragédia. Els que, peramibulando pelos carinhos a Grécia, encontrou-se com Lalo € seu séquito, que, Insolentemente, ordenou que salsse da estrada. Ecipo reaglu @ matou todos os Integrantes do grupo, sem saber due entre eles estava seu verdadeiro pal. Continuou 3 viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrouo enigma da Esfinge, tornou-se rel de Tebas © ‘cas0u-se com 2 rainha, Jocasta, 2 me que desconhecie, Dicporivel em: ‘Acasco am: 28 ago. 2010 (Adapta¢30)- No mito Edipo Rel, 580 dignos de destaque os temas do destino © de determinismo. Ambos so ceracteritices do mito grego ¢ abordam a relacSo entre liberdade humana & providéncia cvina, A expresso filoséfica que toma como pressuposta a tese do determinism & A) “Nasci pare satistazer a grande necessidade que eu ‘nha de mim mesmo.” Jean-Paul Sartre B) “Ter f6 6 assinar uma folha em branco € deixar que Deus nela escreva o que quiser” Santo Agostinho C) "Quem néo tem medo da vida tamogm no tem mado da morte.” arthur Schopenhauer 1D) "No me pergunte quem sou eu eno me diga pars permanecer 0 mesmo.” Michel Foucault ) "O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua Imagem e semelhanga Piedvich Nietzsche Eanara Berna ] 38 Médulo 02 02. (Enem-2012) Texto T Anaximenes de Mlleto disse que 0 ar & 0 elemento ongingro de tudo © que existe, existu e exist, e que ‘outras coisas provém de sua descedéncia, Quando o ar ‘= lata, transforma-se em fogo, a0 paso que os ventos sSe ar condensado, As nuvens formam-se a partir do ar per feitragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em égua. A dgua, quando mais condensada, transforma- se em terra, e quando condensada ao maximo possivel, transforma-se em pedras: BURNET, 1. aurora do Alosofa gree. Ro de Janek: PUC‘Rio, 2006 (AdeptacSo)- Texto It Basilio Magno, filésofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as colses, esté no principio do ‘mundo € dos tempos. Quéo parcas de conteido se nos ‘apresentam, em face desta concepeéo, as especulacses contraditérias dos flésofos, para os quais 0 mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como censinam os Jénies, ou dos dtomos, come julga Deméerito.. Na erdade, d80impressao de quererem ancorar o mundo numa tela de aranna. GILSON, €.; BOEHNER, P. stria da Flosola Criss. ‘So Paulo: Voues, 1991 (Adaptor). Flosofos dos diversas tempos historens desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partirde uma cexplicagSo racional. As teses de Anaximenes, Alésofo 97290 antigo, € de Basilo, fiésofo medieval, tém em comum na sua fundementacio teorias que 1A) ram baseadas nas cléncias da natureza 5) refutevam as teorias de filsofos da reliido. C) tinham origer nos mites das ciilizagbes antiga. ) postulavamn um principio originérlo para © mundo. ) defenciam que Deus é 0 principio de todas as coisas. GABARITO Propostos aa ao 03. ¢ ose 06. 8 07. € 08, 8 10. eg 12.8 138 14. € Secao Enem 01 8 02,9 34 —— PPOKPOTOOC CPC CELE CEE EEEEETTTEEE, i b POTITIITIIIIIIIIIIITII TI VEE dEE OEE E FILOSOFIA A busca pela verdade: Socrates e Platado MODULO 03 SOCRATES E OS SOFISTAS - 0 SER HUMANO COMO CENTRO DO PROBLEMA FILOSOFICO Contexto histérico: Atenas, o centro cultural e politico do mundo grego Os filésofos naturalstas ouscavam explicar a origem do cosmos a partir de um (ou mais de um) principio ordenador do universo (a arché). Nos séculos VI e V a.C., apés diversas tentativas de explicar racionalmente a natureza, alauns filésofos comecaram a restringir 9 camne le suas investigagBes, buscando compreender uma parte da nnatureza: 0 ser humano ea sociedade. Sécrates eos sofistas foram importantes fldsofos desse momento. Um aspecto importante acerce do desenvolvimento do pensamento Mlosdfico ¢ que as reflexées floséfices 80 resultado do context ristérica vivenciado pelas pessoas. Isso significa que, quando 2 histéria mude, a Filosofia também muda, Multas vezes, 0 objetivo da Filosofia € compreender 2 realidade, buscando sua verdade titima. Por essa razSo, © ponto de partda da reftexdo é a realidade, caso contrrio, 2 Filosofia poderia se tornar um modo de pensar e de viver ‘sem conexdo.com a realidade do ser umano, perdendo toda 2 sua beleza e sua razfo de ser. Para compreendermas a Mosofia de Sécrates e dos soistas, ea guinada loséfca que ls representaram na Hstéria da flesofia (a ponto de mutes considererem Sdcrates 0 verdadero Inciador desse modo de pensar), precisamos compreender 0 contexto histérco em {ue seus pensamentos surgiram. O periado de Sécrates e dos sofistas pode ser caracterzado por duas mudangas que serviram como referéncia para as reflexes daquela época: 1) A mudanca da Filosofia na perspectiva geografico-politica, posto que ela se desloca da Asia menor e da Magna Grécia, onde ficam as cidades {de Célofon, Efeso, Mileto e Samos, que foram o berco a Filosofia pré-socrética, para a Grécia continental, a Atica, mais especificamente, para Atenas. 2) A mudanga da problemética filoséfica: os pré-socréticos preacupavam-se com @ natureza € ue origem, e nesse novo momento a Filosofia busca compreender o ser humano e a sociedade, ‘ApS. vitéra na guerra contra os Persas, Atenas despontou como a maior e mais importante de todas as cidades-estado (P6ls) gregas, representando 0 que havia de melhor no mundo grego. Com o crescente comércio e a expansio maritima e pelo consequente enriquecimento progressivo, a grande pélis desenvolveu uma classe comerciante multo influente, que exigia uma participacSo mais consistente na tomede de decisis da cidade, tornando, portanto, essencial 2 consolidaco das instituctes democréticas ea participacao do demos (povo) na vida poltica. ‘Atenas hoje. Historicamente, 0 poder estava nas mos de pouces pessoas, que representavam a aristocracia dominante desde os primérdios daquela civilizago, tempos em que as pessoas ainda viviam em pequenas vilas e se corganizavem em torno da agricultura © da posse de terras. Com a formagao das pélis @ partir do século VII a.C., essas aristocracias ainda se Impunham como representantes do poder inclusive 0 religioso ~ pelos lacos de sangue, pela tracicso pala autoridade. Porém, nesse cenérlo de trensformactes. ‘aaaristocracia comecou a perder seus privilégios. Prove disso foram as reformas pollticas realizadas nesse periodo, Editora Bernoulli | 35 ¥ Méduto 03 Em 594 2.C., Sélon fundou a democracia e as leis @ que todos deveriam se submeter sem poder apelar as tradigies Particulares patriarcais. A partir de $10 a.C., Clistenes organizou a politica, principalmente as InstitulgSes que representariam o lugar para as manifestacées dos cldadsos no governo € na tomada de decisées na cidade. Entre essas institulcées, havia a Boulé, conselho de quinhentos cldadies escolhides por sortelo, que culdava das questies politicas cotidianas, a 2 Euklesia, szsemblola garal de todce 0s cidados atenienses. 0 poder de fazer lels, de resolver confitos, de decarar inicios ou fins de querras, de administrar 2 cidade estava nas mBos do povo, estabelecendo-se, assim, 2 democracia (demos: cidadios, povo; krétos: poder). Apesar de o termo democracia ter sua origem na Gréca, © mado como os gregos viviam sua democracia era muito distinto do modo como as democracias modernas se organizam hoje. A democracia atual é representative, © que significa que alguns so escolhides para representar 0s interesses e as necessidades do povo. No caso do Brasil, cles sio os vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidente da repibica. Diferentemente da democracia contemporinea, na Grécia antiga cram considerados cidadios somente os homens maiores de 21 anos, lives, naturais de Atenas e que tinham posses, pelo menos uma casa e alguns escravos. Assim, no havie Ses 5:62 deitoco' pavoiéi cule; muneres, catancest estrangeiros e escravos ndo eram consideracdios cidadaos. Em segundo lugar, era uma clemocracia direta ou participativa, fem que 0s cidadsos poiam manifestar em praca publica (gore) suas opiniGeseldeias, de moco que oscidados podiam participar diretamente do processo de tomada de dectséo. (0 voto nd existia como meio de eleger um representante no ‘governo, mas como instrumento de manifestacdo da vontade particular para a decisio em casos especiicos A Guerra de Peloponeso Esse confronto entre Atenas € Esparta, um dos mais importantes e conhecidos da ‘Antiguidade, aconteceu em Peloponeso, peninsula ao sul da Grécia. Atenas constituia o ‘mais importante polo politico e comercial do mundo no século V a.C,, e Esparta, cdade- estado grega de tradicao tipicamente miltarista, cultivava hébitas austeros para formar o cardter guerreiro de seus cidadios. Segundo Tucidides, a razao fundamental da guerra foi o crescimento do poder ateniense e o temor gerado par esse crescimento entre os espartanos devido & ascendente influéncia dos atenienses na peninsula de Peloponeso. Diante do poderio militar de Esparta, Atenas se rendeu, culminando com execucéo de um golpe politico, encabegado pela antiga aristocracia ateniense, acabando com 2 democracia e implantando um sistema de governo autoritério, a Tirania dos Trinta, que durou menos de um ano, ‘Ao contrario do que ocorria antes, na nove politica ateniense no havia mais espaco para que alguns se impusessem, pelo poder ou prestiglo, aos outras, sendo todos os cidados igusis perante a cidade nesse nove momento. Por essa razio, 0 conhecimento de alguns sobre um assunto especifico néo os fazia melhores do que os outros, ‘sendo considerada tirania a imposicdo do saber ou forca de individues sobre a opinido dos demais, posture néo mais ‘2dmitida. Na politica atenience, aquele que possula mals ‘técnica ou mais competéncia nao tinha mais poder do que (0 outros cidaddos que no as possulam Dols principios fundamentals gularam a democracia grega: 2~ Isegoria: o direita de todo eidadso expor em pica suas oplni6es e Idelas e té-ias em consideracdo nas tomadas de deciséo. Economicamente, Atenas também se transformou em uma poténcia sem precedentes na histéria da Grécia, Pelo desenvolvimento do comércio e do artesanato, ‘tomou-se um porto cosmopolita pelo qual chegavam & partiam praticamente todas as mercadorias produzidas comercializadas entre os varios povos do mundo conhecidos nessa época. Consequentemente, passou @ ser um centro Urbano Importantissimo, com um poder bélico € naval também sem precedentes, 0 que trouxe problemas sérios de rivalidade com outros povos; sendo um dos resultados 2 Guerra de Peloponeso, narrada detalhadamente por ‘Tucidides e Xenofonte. Mesmo em meio & Guerra de Peloponeso, Atenas conheceu ‘.auge de seu desenvolvimento. Esse period ficou conhecido como “O século de Péricies” (de 440 a 404 a.C.). Guerreira grego. T cassie Bnede 36 PPPPPPPP PE PECE ELE LEECHOLCEKLEAIELLUCL LCI LUC Gg LddSIAIIIIIII IASI Idd ddd ddd ddddad A tragédia grega: educando a partir dos novos valores da pélis esse contexto de alteracies em Atenas, o género lterério| e teatral, denominado de tragéaia grega, ocupou um papel de suma importéncia para os gregos, principalmente durante 08 séculos V e VI a.C. Os principals representantes foram sorocies, Esullo © Curfplues. Podemos descrever trés aspectos importantes da tragédia esse perfodo: A relacao da tragédia com o aspecto civico do povo e da cidade As tragédias eram escritas e representadas durante as festividades cvicas de Atenas pare serem utiizadas como InstituigBo social de caréter democrético€ levarem os gregos 2 refletirem sobre a cidade € o surgimento da democracia A propria cidade financiava os escritores @ as apresentagbes, @ um grupo de cidadaos ou um colégio formevam © coro da tragédia. Leis divinas versus leis humanas Esse segundo aspecto da tragédia, intrineacamente ligado ‘20 seu papel civico, tem come fundo as transformagées, das relagdes entre as pessoas que, inicielmente, 5, fazendo, de acordo com 0 direito dado pelos deuses, com que as leis ¢ as se vingavam umas das 0} tradicdes aristocraticas permitissem tals atitudes. Porém, ra terceira parte da tragédia (em geral as tragédias eram trilogias), os deuses davam as pessoas a possiblidade de decidirem, mesmo contra as leis divinas tradicionalmente aceitas, as penas aos crimes cometidos por eles. essa forma, 2 democracia, efetivada na discusséo € no didlogo, seria a responsével pela deciso sobre os destinos ddas pessoas por mela das lels criadas @ dos julgamentos realizados em seus tribunals, independentes das divinas. Essa contraposieo, porém, gerou um conflto entre as pessoas, o qual foi bem exemplificado na tragédie Antigone, de Séfodes. Nessa obra, Antigone desele enterrar Policine, seu Irmo que havia sido morto apés atentar contra a cidade, {que era governada por Creonte (tio de Antigona). Pela lel da Cidade, como Polcine foi acusado de traicéo politica, seu corpo ‘So poderia ser enterrado nem receber as honras do ritual Fancbre, tende de Ficar exposto até ser devorade por animals. A busca pela verdade: Sdcrates e Platao Desrespeltando a lel imposta pela cidade — e no pelos deuses =, por amor 2o seu mao e pelo dever da tradicéo, segundo @ qual as mulheres deveriam enterrar 0s mortos de suas familias, Antigona enterrou seu imo, ‘A esséncia do enredo é 0 conflito gerado pela contraposiclo centre a tradicio © as novas possibildades de democracia Esse confit é exerpiifcado pelo seguinte questionamento: fntigona deve obedecer &s lets da dau & dus sere Ina, (ou deve seguir af lis naturais ou divinas que the garantiarn 0 lreito de enterrar seu Ino? Se, de um lado, temas os dreltos garantidos aos seres humanas pelos deuses ou pela prépria natureza, ou soja, a tradicSo, do outro temos as les da cidade que podem conftar com esses direitos tradiconais, Na tragédia grege Antigona, 2 protagonista quer enterrar seu Irmo, para que ele nao perca 2 honra, indo contra as leis da cidade, as quais @ proibiam de fazé-lo, ‘essa representacdo, Antigona e seu ino Edi reacdo das pessoas por ter enterrado seu im Esitora Berno 37 r Méduto 03 Anova educacao ateniense: Uma nova Areté ‘Com as reformas realizadas por Sélon e Péricles, surgiu um nove cenario socal, poltico, econémicoe cultural em Atenas. A situaco de Atenas nesse periodo era constitulda de: rnascimento da democracia; gradativa perda do poderio por parte da aristocracia dominante, ligada & terra, 20 sangue 8 guerra; desenvalvimento de uma nova classe social, Composta pelus ailesdus v wmeiciantes; 9 nascimento dé Nalores caros 2 essa nova classe que surgi, “Anteriormente, para aarstocraci, classe socal fundamentada ro sangue e na linhagem,o termo areté se referia a formacéo o jovern guerreiro belo e bom, forjado pelo treinamento fsico,, ppossuldor de uma coragem impar pare @ guerra e decidido, ‘aso necessério, a morrer na frente de batalha, coroado pela bela morte", Os guerreiros deviam ficarno éclo durante toda a vida, sem poder trabalhar até o dia em que sariam paraa guerra. Par S30, de acordo com esse modo de vida, era imprescindivel 3 presenca do escravo para os trabalhos manuals, que erem Cesprezados.econsideredostarefaindbana paralhomens superiores. ‘A educacio ca guerreira era feta no ginéso, visando & perfeicSo do corpo. Com preceptores (mestres) que Ihes ensinavam poesia, com base na letura de Homero e Hesiodo, buscavam a Derfeicio do espinito, Esses belos e fortes guerraros pertenciam, 4 estirpe dos éristl (os methores). Nesse novo momento, ¢ terme arcté ce modificou, Jé que o modo de vida ideal do ateniense mudou. A nova ‘ret agricultores, artestioe @ comerciantes deveriam ser educados para o estrito cumprimento de sua funcSo, @ de cuidar da sobrevivencia da cidade. A classe dos {guerreiros ou soldados deveria ser educada para guardar € protegere cidade. Os guerreiros deveriam ser escothidos por um processo de educaglo ainda quando criancas, processo do qual participariam tanto homens quanto mulheres € em que haveria uma escolha daqueles que deveriam seguir para 0 treinamento civic (gindstica, masica, danga e arte). (0s soldados no terlam absolutamente nenhuma posse particular, nem mesmo formariam familias. Eles deveriam ‘ser como ces de guarda: carinhosos e aféveis com 0s seus € terriveis e implecéveis com os inimigos. EXERCIC/OS PROPOSTOS 04. (1FSP-2011) Mas escuta, a ver se eu digo bem. O principio que de entrada estabelecemos que devia observar-se ‘em todas as circunstancias, quando fundamos a cidade, ‘esse principio & eegunda me parece, ou ele ou ume das suas formas, a justia, Ore nds estabelecemos, segundo upon, erepetimo-lo muitas vezes, se bern te eras, que cada um deve ocupar-se de uma funcéo ne cidade, ‘aquele pare qual a sua natureza é mets adequada. PLATA. A Repdbic, Trad. de Maia Helona da Rocha Pereira 7 ed, Liste: Calouste Gubenion, 2001. p. 185. 02. com base no texto € nos conhecimentes sobre a concepedo platnica de justice, na cdade idea, assinale 2 alternativa CORRETA. A) Para Plato, a cidace ideal 6 a cidade justa, ou soja, ‘a que respelts o principio de igualdade natural entre todos os seres humanos, concedendo a todos os Individuos os mesmas direitos perante a lel 2) Plato defends que 2 democracia # fundamenta cessencial para a justice, uma vez que permite a todos 05 cidade o exercico direto do poder. ©) Na cidade ideal platOnica, a justica é 0 resultedo natural das ages de cada indiviuo na persegui seus interesses pessoals, desde que esses Interesses jade também contribuam para o bem comum. D) Para Plato, a formacSo de uma cidade justa s6 & possivel se cada cidado executar, da melhor manera possivel, a sua Fungo prépria, ou seja, se cada um fizer bem aqullo que lhe compete, segundo suas eptiddes, £) Plato acredita que a cidade s6 é justa se cada membro do organismo social tiver conaicoes ae perseguir seus ideais, exerconde fungdes que promovam sue ascensdo econémica © social (PUCPR-2013) A obra Apologia de Sécrates, de Piatdo, descreve a defese de seu mestre perante as acusacBes de nfo aceitacio dos deuses reconhecicos pelo Estado, de introduair novos cultos @ de corromper a juventude CConsiderando a proposta geral da obra, € INCORRETO izer que Séerates 1A) assumiu a responsabilidade dos atos aludides pelos denunciantes, mas repusiow a atitude destes por nso valorizarem a literdade de pensamento em busca da veruaue. 8) em sua autodefese, procurou recordar quem ele era, cu sefa, realizou uma revisio sobre 2 questo "quem 6 Sécrates" C) cansiderou inaceitével um homem livre valer-se de sofisticade retérica ou de apelos emocionais pare obter sua absolvicio. 1p) recomendou sua condenacdo & morte, uma vez que considerava mais digno uma morte na verdade que uma vida na mentira. ) tinha a preocupario de refutar qualquer perspective religiosa, uma ver que suas criticas levavam 20 50 | Same IMEELEPELELLELEELELELLEKLLLLHK CLC LE KKK LLL LLY FHSS SSS US HKHISSSS SISSIES ° e 04, (PUCPR-2013) Natercelra parte da Apoiogla de Scerates nd ‘a seguinte afiemacdo: "6 possivel que tenhals acresitado, {6 cidados, que eu tenha sido condenado por pobreza de raciocinies, com 05 quais eu poderia vos persuadi, Se eu ‘tvesse acreditado que era preciso dizer e fazer tudo pars cevitar a condenegio. Mas nfo ¢ assim. Cai por falta, no de raciocinios, mas de audécia e Imprudéncie, © nBo por ‘querer dizer-vos coisas tais que vos teriam sido grtissimas Ge ouvir, choraminganda, lamentando @fazendo © dizenéo multas outras colsas indignas, as quais, & cert, estais hhabltuades a ouvir de outros” Considerando esta passagem, {8 sendo a transcricéo de ‘suas ditimas palavras, € POSSIVEL afirmar que Séerates, |A) lamenta sua fraqueza argumentativa perante 2 ‘uantidade de pessoas que o condenou. 2) ressalta preacupacSo de seu discurso com a verdade fe no com elegante retérica, como os pretensos sSbios" 0 faziam. ©) reconhece sue difculdade em elaborer um discurso persuasive, mesma com todo seu esforco para Iss. ) desculpa-se por decepcioner tantos admiradores © 08 aconselha @ no empregar seus recursos ‘argumentatives. F) conclui que sue derrota decorreu de seu discurso ‘audacioso e imprudent. (UeL-PR-2013) Lele 0 texto & seguir. ‘Tudo isso ela (Diotima me ensinava, quando sobre 5 questies de amor [eros] discorria, © uma vez ela ime perguntou: ~ que pensas, 6 Sdcrates, ser o motivo ddesse amor e desse desejo? A naturezs mortal procure, nha medida do possivel, ser sempre eficarImortal. E ele ‘sb pode assim, através da geracio, porque sempre deixe lum outro ser novo em lugar do velho; pols é nisso que se diz que cada espace animal vive e € a mesma. em virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e esse ‘amar acompanham. PLATA. 0 Benquete. S80 Paulo: Nova Cultura, 1987. 1p 3-20 (Adaptacae). (Os Pensadores) com base no texto @ nos conhecimentos sobre © amor ‘em Plato, assinale a alternative CORRETA. |) A aspiragio humana de procriacSo,Inspirada por Eros, restringe-se 20 corpo © & busca da belezafisca. 8) 0 eres limita-se 2 provocar os instintos irefletidos © ‘vulgares, uma vez que atende & mera satisfag3o dos petites sensuais \ ©) © e10s fisico representa a vontade de conservacso, a espécle, © 0 espirtual, @ Snsia de eternizacdo por ‘obras que perdurarao na meméria 1D) © ser humano é idéntico © constante nas diversas. fases da vida, por isso sua idertidade iguala-se & dos deuses ) Os seres humanos, como criaggo dos deuses, sequer, {lei dos seres infnits, o que hes permite eternidade. A busca pela verdad 05. 06. Sécrates e Platao (PUCPR-2013) Séerates representa umm marco importante da Histira da Filosofia; enquanto a filosofia pré-socrética ‘52 preocupava com 9 conhecimento da natureza (physis), Socrates procura © conhecimento indagando © homem. Corn base em seu conhecimento da flosofe de Séerates, assinale a alternativa CORRETA. 'A)Sécrates, para no ser condenado & morte, negou,dionte dos seus juzes, 0s prncpios éticos de sua flosfi 1s) viscipuio de Séxraie,Platu utlizou, como protagonista ‘da maior parte de seus didlogos, o seu mest. C) © métedo socritico compte-se de quatros partes: © maidutica, a Ironia, a poética € a metafisica, ) Tal como os sofistas, Sécrates costumava cobrer dinheiro pelos seus ensinamentos. ) Sécrates, 20 afirmar que $6 sabia que nada sabia, ‘queria, com sso, snalizara necossidade de adotar ume atitude errogante e dogmatice dante do conhecimento ‘© apontar um novo caminho para a sabecoria (UENP-PR-2013) Desde 0 ano de 2008, 2 Grécia tem fenirentado uma grave crise econémica, fato que tem ‘atraida a atencéo dos noticérios internacionais pare & ‘ituacia dessa nacio. Situads ao sul da Europa, em um arquipélago de relevo bastante acantuado, muito antes da atual crise ecanémica, teve seu espaco ocupado por ‘grupos que delxaram marcas signficativas nas socedades posteriores. A respelto dos gregos na Antiguidade {lassica, assinale 2 afrmativa INCORRETA. 1k) Na Grécia Antga, ex\stram diversas cidades com ‘governos independentes, que se chamavam pais. ‘Tembém conhecidas por nés como cidades-estado, {2 pls apresentavam diferencas entre si, mas tinham ‘uma base cultural comum, relacionada & lingua (embora houvesse dialetos)e &relgio, por exemple. 1B) As duas pélis que mais so destacaram foram Atenas ‘eEsparta, Ambas exerceram, em diferentes periodos, omino police sobre as demas cidades-estado gregas. ) € comum atrbuir, 20s gregos antiges, a invencéo 02 Filosofia; dentre os maiores pensadores do periodo, trés s80 03 mais conhecidos: Sécrates, PlatSo = Avistteles. |lgumas palavras que utizamos em nosso cotidiane tém origem graga. A palavra democradi, por exemplo, deriva da lingua grega e significa, de maneira cere, uma forma de governo na qual 0 pove (demos em ‘grego) exerce poder isto, participa, de siguma forme, as decisbes polities. ) Atenas foi ume cidade-estado que ficou marcads pelo desenvolvimento da democracia na Grécia Antiga. Seu sistema politico envolvia todos os cidadzes, ‘0 que, ciferentemante de outros paves 9e90s,Inciuie mulheres e estrangetros nes cecistes politics. 2) Eaora Bernoul | 51 Méduto 03 07. (ueNP-pR-2010) Conesco homens, ai se diz, Se passa © mesmo cue com prisioneros, que s€ achassem numa caverna subterines, encadeados, desde o nascimento, 8 um baneo, de mado @ nunca poderem voltar-se, € assim sé poderem ver 8 parede oposta & entrada. Por detrésdeles, na entrada da caverna, corre por toda @ largure dela, um muro da altura de um | hhomem, e por tr deste, arde uma fogueira, Se entre esta e o muro passarem homens transportando Imagens, exttuas, fguras de animals, utensflos etc, que ultrapassem a altura do muro, entdo as sombras desses objetos, que o fogo faz ‘aperecerem, se projetam na parede da cavarna, ¢ os prisioneiros também percebem, além da sombra, 0 eco das palavras ‘pronunciadas pelos homens que passem. Como eases prisioneiros nunca perceberam cutra coisa seno as sombras e 0 eco, tm eles essas imagens pela verdadeira realidade. Se eles pudessem, por uma vez, voltar-se e contemplar, a luz do fogo, préprios objetos, cujas sombras foram apenas o que até agora viram; e se pudessem ouvir dlretemente os sons, além dos ‘ecos até ent ouvidos, sem divide ficariam at6nitos com essa nova realidade. Mas se além disso pudessem, fora de caverna {23 luz do sol, contemplar os préprios homens vivos, bem como os animals e as colsas reais, de que as figuras projetadas na cavema eram apenas cbpias, entéo ficarlam de tedo Fascinacos com essa realidade de forma tao diversa. PLATRO. 7.2 nro do Rep, p. 514 oxistisee oatra, eaisa af existisse outra, coisa ‘epyirt 2002 Muro de Sues rarer em Toar areas eae Relacionando 0 fregmento do texto de Plat € a trina de Turma de Ménica, de Mauricio de Souza, com os seus conhecimentos sobre 0 Mito da Cavema, assinale a alternativa INCORRETA. 1A) 05 homens acorrentados no fundo da caverne so aqueles que passam a vide contemplande sombras, acreditando que ‘las correspondem & realidad e & verdade. 55) Pare Plato, existem trésniveis de conhecimento: 0 primeiro € chamado de agnosis, que significa ‘gnorSncia, e corresponde 20 estéglo das homens no interior da caverna; o segundo & denominade de doxa, ou opinide, © & 0 primero estagio de onnecimenta, que se forma logo apés os homens sairem da caverna e contemplarem a realidade; o tercelro& éesignado pele palavre grege epistheme, que significa clénca, ou © conhecimento em sua integralidade. CC) Para Plato, existe um {nico mundo sensivele inteligivel, de forma que os homens devem aprender com a experiéncia a distingulr o conhecimento verdadeiro de ImpressBes falsas dos sentido. ay © visivel, para Plato, correspende ao impérlo dos sentidos captado pelo olhar e dominado pela subjetividads. # o reine do homem comum preso &s coisas do cotidiano. ©) Olinteligivel, para Plato, lz respeito & raz8o. € oreino do homem séblo, que desconfla das primeiras impress0es e busce um conhecimento das causas da realidade. 52. | eam ene VALLI V ELEC OOL TOC CELE LETHE ETEE CECI CEE VESTS SEE E SVN N AANA ASANO A busca pela verdade: Sécrates e Platao os. 09. (UFLA-2013) Ne carta VIL, Plato, referindo-se & situagdo politica de sue époce em Atenas ~ épaca imediatamente posterior ao término da Guerra do Peloponeso -, afima 0 seguinte: A legislacio e a moralidade estavam corrompides 2a tal ponto que eu, iniciaimente pleno de ardor para trabalhar a favor do bem publico, consideranco esta situaglo e vendo como tudo caminhave & deriva, acabel por ficar confuso, No deixei, entretanto, de procurar nos conhecimentos ¢ especialmente no regime politico 0s possiveis indicios de melhoras, mas esperel sempre ‘0 bom mamento para agir. Acabel por compreender que todos os Estados atuais so malgovernados. Ful centdo iresistivelmente conduzido a louvar a verdadelra filosofe e @ proclamar que somente & sua luz se pode reconhecer onde esté a justica na vids publica & privada. PLATAO. Cartes. Lisbos: Eéltoral stampa, 1980. p. 50 (Adaptaco). Sobre a relacio entre politica ¢ 2 Filosofia de Platao, CORRETO afirmar: A) Plato defende no haver relacto entre o pensamento racional ¢ sua constatacSo a respeito dda mé qualidade dos governos de sua época 2B) 0 fato de existirem reftexdes sobre a politica na flosofia de Patio € algo profundemente relacionado fags eventos de sua prépria biografia, ) Came Platdo se desiludiu com a politica a partir 63 situacdo que observava na cidade onde ele mesmo vivia, no hd, em sua obra, reflexdes diretamente relacionadas a esse tema. D) Para Plato, no faz sentido relacionar flosofia fe politica porque @ politica se resume a relagdes de forca (ou de poder) que, como tals, no s80 passiveis de conhecimento © nas quais a flosofie ‘no pode intervir. (UFPA-2013) Em Atenas [...] 0 povo exercia o poder, diretamente, na praca pablice[...]. Todos os homens adultos pediam tomar parte nas decisbes. Hoje elegemos quem decidir por nés. A democracia antiga E vista, geralmente, come superior & moderna, Mas 3 cemocracia moderna nao é uma degradacéo de antiga la raz uma novidade importante 0s direitos humanos. A questo crucial dos direitos humanos é limiter @ poder do governante. Eles protegem os governados dos caprichos e desmandes de quem esté em cima, no poder JANINE, Renato, A demacraca. Pubtitolha, ‘S80 Paulo, 2001p. 8-10 (AdaptacHo). [A superioridade da democracia antiga com relaco & moderna pode ser atribulda 2ota) |) poder dado aos homens mais velhos, dotados e virtude € sabedoria, para decidirem sobre os destinos da cidade. B) conducio, de forme juste, da vida em sociedade ‘garantia do direito de todos os habitantes da cidade de participarem des assambleias. €) poder dado aos homens que se destacaram como (0s mals corajosos nas guerras e aos mais capazes decisées nas assembleias realizadas em praca pablica. cas e nas artes, pare estes tomarem as D} {ato de o povo elager seus representantes politicos para tomar decisdes sobre os destinos da cidade @ definir os seus direitos, em praca pablica, de modo @ evitar atitudes arbitrarias @ injustas dos governantes. 5) participagie direta dos cidadios nas dacisaes de interesse do toda no &mbito do espaco publico, 10. (UFU-MG-2013) 0 didlogo socrético de Plato & obra baseade em um sucesso histérico: no fato de Sécrates ministrar 05 seus ensinamentos sob a forma de perguntes e respostas, Sécrates considerava 0 dislogo. como a forma par exceléncia do exercilo flosétice © ‘9 nico caminho para chegarmos a siguma veraaae leaftima. e acorde com @ doutrina socritica, |) 2 busca pela esséncia do bem esté vinculada a uma, Visio antropocéntrica da flosofa, 8) &a natureza, 0 cosmos, a base firme da especulacso Floséfice. ©) ¢ exame antropolégico deriva da Impossibilidade do auteconhecimento ¢ é, portanta, de naturez= sofistica 1) a impossiblidade de responder (aporia) 20s cilemas humanos é sanada pelo homem, medida de todas Taio bereal | 53 Médulo 03 11. 12. (Unicamp-sP-2013) A sabedoria de Sécrates, flbsofo ateniense que viveu no século Va.C, encontra o seu panto de partida na afrmacdo "sei que nada sel" registrada na ‘obra Apologia de Sécrates. A frase fol uma resposta aos ue afrmavam que ele era 0 mais sabio dos homens. Apos interrogar arteséos, politicos e poetas, Sécrates chegou 2 conclusio de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua prépria ignordncia, © “sei que nada sel” & um ponto de partida para a Filosona, pois. |A) aquele que se reconhece como ignorante torna-se ‘mais sSbio por querer adquirir conhecimentos. 2) € um exercico de humildade diante da cultura dos sébios do passado, uma vez que a funcéo da Filosofia, cera reproduzir os ensinamentos das filsofos gregos. ©) @ divida & uma condicSo pars o aprendizado € 2 Filosofia é 0 saber que estabelece verdades \dogmmticas a partir de métodos rigorosos 1D) € uma forma de declarar ignoréncia e permanecer distante dos prablemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. (Unicentro-PR-2013) A Filosofia se destina ao homam fenquento homem, ou a uma elite fechada em si mesma? |) Para Plato, poucos homens so aptos para a filosofia, € sé adquirem tal aptidio apds longa propedéutica. B) Ha dois tipos de vide na terra, disse Arstételes, uma propria dos sSbios e a outra da massa dos homens. Para Aristoteles, 2 Felicidade & possivel apenas para 0s sébios. ©) Sécrates no costumava conversar com todos, entre velhos @ jovens, optava pelos jovens, por isso & ‘acusado de corromper a Juventude. Entre nobres © escravos, optava pelos nobres, pols na Grécia antiga apenas aos homens livres era concedida @ Permissao de filosofar,além do que, entre os gregos, acreditava-se que as escravos eram desprovidos de rato. 1) Para Kant, afilsofa no esta af para todos, pertence 2 pouces eletos, ©) Descartes dizia que a Filosofia & 0 conhecimento perfeto de todas as colsas, mas nem todos os seres hhumanes podem aleancé-lo, s6 acuele que & capaz de se lIbertar dos desejos mundanos pare usufruir dos prezeres puramente intelectuais oriundos do ato contemplative, Isto é, do coalto ergo sum. 3: 14. (Unicentro-PR-2013) Leia o texto a seguir [A ética como parte da Fiasofia © come reflexBo sobre 85 questdes morals pretende desdabrar conceitos argumentos que permitam compreender a dimensio ‘moral da pessoa humana, (CORTINA, A; MARTINEZ, E ica Trad. Sivana C. Lit ‘S80 Paulo: Loyola, 2005. p. 9 (Adentac30) Com base no texto e nos contiecimentos sabre étce, assinale a alternative CORRETA, A) A ética é um tipo de saber que diz respeito & reflexéo sobre as diferentes morais as ciferentes manelras 4e justfcar racionaimente a vida moral 5) A ética & um saber descritive que se ocupa em _averiguar 0 que acontece de fato ne mundo, quais so {5 causas objetives ¢ o que sio tais acontecimentes. ©) AFilosofie Moral limita-se a aneliser os componentes psicolbgicos, soclolégices © econdmicos da acko humana nos casos concretos em que @ moral é solctada, ) A tarefa do saber ético consiste em praserever arias Segures @ concratas que os seras humanos deve ‘adotar para conduzir diariamente suas vidas. ) Compete 0s especialistas em ética citar, rente & ‘lversidade de doutrinas, os juizos morais, as regras definitivas, corretas e validas para todos. (Unimontes-MG-2010) Via oe ragra, of sofistes eram homens que tinham felto longas viagens e, por isso mesmo, tinham conhecido diferentes sistemas de governo. Usos, costumes € les das cléades-estado odiam verlar enormemente, Sob esse pano de Fundo, fg safista Iniiaram emn Atenas ima dierieeBn snare ue seria natural e 0 que seria criado pela sociedade, GGAARDER, J. 0 Mundo de Sons, Sto Paul: ‘Companhia das Letras, 1995. Sobre os sofistas, € INCORRETO afar que |) eles tiveram papel fundamental nas transfermacées cultura de Atenas. 8) les se dedicaram 8 questo do hiomem ede seu lugar ra sociedade, CC) les eram mercenérios e 6 visavam ao lucro na arte 6e ensinar ) eles foram os primetras @compreender que o “homer <é medida de todas as coisas" 54 T cate Eada SUCOOLOC CH PCL HP OCHOP PL OLOCKELKEKCECL ETT a IIIA I IASI AIDS ddI ddd Id Idd Ode sds (VENP-PR-2010) Sécrates fol consideredo um dos principais fildsofos da antiguidade cléssica. Ao propor ume reflexBo sobre o problema da consciéncla, levou as tuttimas consequéncias @ preocupasio antropolégica que hhavia se iniciado com os sofistas. Uma das principsis, contribuigdes de Sécrates fol o desenvolvimento da categoria *consciéncia” que esté associada & concepsao que yussula Ue yue o ser humano era dotado de uma alma racional, na qual estavam depositadas verdades eternas, € que © conhecimento cessas verdades era imprescindive para 0 desenvolvimento de ume vide Gtica. Depois de Sécrates, as preocupacées sobre @ natureza da alma, e sobre a Etica jamals abandonaram 2 flosotia. Sobre a tema, assinalee alternative CORRETA: A) Sécrates desenvolveu uma ética relativista, defendende que os valores nao podem ser considerados absolutes, ¢ estio relacionados 20s ‘consensos existentes em cada contexto histérieo, devendo ser considerados validos na medida em {que possuem alguma utilidade pragmstica, 5) Plato, um dos mals importantes discipulos de Sécrates, se afastando do modelo desenvolvide por fle, que desconsiderava @ Incontinéncia (ekrasia) como fator relevante para a formagéo da conduta, desenvolveu uma metéfora de alma tripartite, segundo a qual, @ alma seria semelhante 20 ‘condutor da briga de dois cavalos, sendo que um eles seria ative @ elevado, e 0 outro atarracado © indolente. q Sécrates concordava com os sofistas quande aficmavam que 0 "homem era a medida de todas ‘as coisas”, sendo esse aforisma um dos principals postulados de cua éticn ) As virtudes para Plato no estavarn associadas & natureze des almas, segundo 0 fidsofo tados os homens possuem a mesma natureza racional, © suas talmas sdo iguais, sendo desejével, portanto, que desenvolvam as mesmas virtudes. ) Platio, era relativista do ponto de vista ético, considerava que embora as virtudes © 08 valores fossem paradigmas existentes no mundo das idetas, como eles deveriam se realizar no mundo fisico, cestariam relacionados a condicBes multo particuleres, de concretizagéo, € no poderism ser considerados Gesvinculados da histérla e de circunsténcles particulares, A busca pela verdade: Socrates e Platao SECAO ENEM on. 02. tas Testo, evar coneceetaré al preparado vos eta nvesigaeo, ou 20 menos ter eta aude coca nae cele ee ee Tomene, ser su dertomente adets par o Sur i was git Ne nec 8 iia oa: ix tort RSE. Ce ae A prt da cto antarre de outros cnnecmentos sim cain Sonaric nr ak ellen perso, to endo apa fo rnp ce cic Scene Ceamheinents verde ne resiade eve £5. nestipen reac ete tesa ance cacao aS © coven se atmenigarasimesa bus verdes na acorn aise 0) tale 8 gorda ds era, prt sem aia i rechtece modern 186 ser ole! ener eric pos ton utes iid (€nem-2012) Pare Platio, o que havia de verdadeiro em Parménides era que o objeto de conhecimento é um objeto de ranto e ndo de sensaclo, e era preciso estabelecer uma reiacdo entre abjeto racional e objeto sensivel ou material {que privilegiasse o primelro em detrimento do segundo, Lenta, masiresistivelmente, 2 Doutrina des dei frmave se em sua mente. ZINGANO, M, Plato @ Aristales: 0 fascnio da Filosoi. ‘So Paulo: Odysseus, 2012 (Adantacéo).. © Lento faz referéncio & relaglo entre razio = concacho, uum aspecto essencial da Doutrina das Ideias ce Plato (427 a.C-346 2.C.). De acordo com o texto, como PlatBo se situa dlante dessa relagio? 1A) Estabelecendo um ablmo intransponivel entre 8s ‘uas. 8) Privilegiando os sentides e subordinando © conhecimento a eles. ©) Atendo-se & posigdo de Parménides de que rez8o © sensagée sto Insapardvels, ) Afiemande que @ razBo & capaz de gerer conhecments, mas a sensago nBo. ) Rejeitando a posigho de Parménides de que = sensecao supetor 3 eae, ee Taio Boros] 5g Mesto 03 03. Logo, desde © nascimanta, tanto os homens como os GABARITO animais tém o pader de captar as mpressdes que atingem 23 alma por Interméio do corpo. Porém relaciond-ies com ‘a esséncia e considerar a sua utildade, & 0 que s6 com Propostos ‘tempo, trabatho © estudo conseguem os raros 2 quer” € dada semelhante faculdade. Naquelas impressées, 01D pur carseyuinte, ne & que racide 0 conheciment, mas no raciocinio a seu respelto; é 6 Unico caminho, a0 que see parece, para atingir @ esséncia e a verdade; de outra 03.8 forma € impossivel. y 04 PLATRO, Teeteto, Treducio de Caros Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Par, 1972. p. 0. 05. 8 Plato acredita que 9 conhecimento vercdeiro pode ser 06. € aicangado pelo ser humano. Aparte da Filosofia que trata sobre a possiblidade do conhecimento € denominada mae epistemologia. De acordo com a epistemologie de Plato, seria necesséria para chegar ao conheciment® oo. © seguro que 09, & |A) as pessoas confiem nas impressbes que recebem do mundo sensivel, pos lever formagao de Tdelas por fh melo da repeticio das experiéncies. A 2) as impresstes fossem comuns @ todas as pessoas, ‘uma vez que todas passuem as mesmas capecidedes sath sensitivas que permitem o conhecimento do mundo. oe ©) as pessoas desconfiassem dos sentidos, pois suas variates entre oa Individuec podem levar § a Imprecisto sabre os objetos, Fonte do conhecimento. ae D} © raciocinio humano a respelto das impressées fosse analisado em seus pormenores, uma vez que Secao Enem © conhecimento verdadeiro no pode admitirfelhas oc ) as pessoas se dedicassem ao exercicio da razlo, ume vez que os sentidos, sendo Imprecisos e veriando eae ‘em seus dados de pessoa para pessoa, podem levar ados de pessoa para pessoa, podem awe a0 engano. 56 | Cotecio Estudo AVVENVEONVLLLLLLELLLLLLELELL ALLEL LL LL ELL LL TOTS SV VS NOV OSS SSSA SASSANID ddd : FILOSOFIA A verdade esta no mundo real e a busca pela felicidade: MODULO 04 Aristételes e o helenismo ARISTOTELES: IMPORTANCIA DA REALIDADE SENSORIAL Vida e contexto histérico Excultura representand Aristételes. Alstitele> nasveu Jem 204 8.C,, ne eldade groga Ectogira (por isso é também conhecido como o estagirita). Seu pai, Nicémaco, era médico e descendia de uma familia de ‘médicos, pertencendo @ uma corporago em que a pratica da Medicina passava de pal para filo. ‘Ans 18 anos, Aristételes se transferiu para Atenas, pasando a acompanhar as ligGes minlstredas por Plato na Academia. Ali permeneceu por 19 anos, até a morte de seu ‘mestre, tornando-se seu discipulo mais importante. ‘Ssindo de Atenas, fai convidado por Filipe da Macedénia para ser 0 preceptor de seu filho, Alexendre, que mais tarde se tornou Alexandre, 0 Grande. Em 335 a.C., quando Alexandre herdou o trona de seu pai, Aristételes voltou para atenas, onde fundou sua prOpria escola, oLiceu. Feleceu em 321 @.C, 205 63 anos. As diferencas e objecoes entre Aristoteles e Platao Para se conhecer Aristételes, é nacessério antes compreender afilosofia platnica. Isso porque muito dafilosofiaaristotélica ‘se apresenta como uma critica & posicdo filosifica de Plato. 1350 pode der a Impressio de inimizade ou oposiglo entre os dois, mas, ao contrério, Arstételas fol um genuino platénico, principaimente por desenvolver uma viséo critica, ou sefa, por ser um flésofo propriamente dito, aquele que busca o saber ‘com seu proprio estorgo e atte. Fartindo da teoria de seu mestre, Aristétees tenta superé-la. Uma diferenca fundamental entre os dois que Platéo nutria lum grande interesse pela Matersstica, que era vista por ele come © meio de aleancer 0 conhecimento verdadeiro, pols, nna concepeso platénica, a verdade esté além da materia, uttrepassa aqullo que pode ser experimentado. Aristételes, ‘20 contrério, volta-se diretamente para os fenémenos da natureza, para aquilo que pode ser experimentado, com © objetivo de conhecer as colsas e 0 mundo por meio da observacio empirica.. Porém, adiferenca mais importante entre os dois pensadores 2 rejeicdo de Aristételes 20 dualism platinico expresso nas. reelidedes soncivel (rel) e inteligivel (ideal) Aristételes apnnta ‘as diflculdades de se estabelecer as relagies existentes entre inteligivel eo sensivel. Segundo ele, existem dois problemas ‘em se admitir a dlferenga entre essas duas realidades: como garantir a existéncia da realidade superior e como admitir 05 efeitos dessa existénca para o conhecimento dos seres. Aristételes afirma que aquilo que Platao chama de ideia intligive, que estaria na origem de todos os seres - como 2 dela de beleza -, no passa de uma caracterstica des préprios ‘eres, uma qualidade, no existindo, portanto, uma ideia de beleza separada dos seres reais. Para o estagirita, quanco 3 pessoa conhece, por exemplo, a beleza, o que permanece na mente so 2s representacbes ou abstragées daqullo que se cconheceu ¢ no uma entidade metafisica, uma idela separada {que existe por canta pine fora da intelecto humano. tose | 67 A metafisica 'A metafisica & 2 busca por aquilo que esté além da materia, ou seja, € 2 busca pela esséncia das coisas ou daquels substncia Imaterial que seria o conhecimento por exceléncia, 0 conhecimento do ser enquanto ser. Na filosofa aristotética, chamamos essa investigacio de filosofia primeira. A flosofia primeira ou metafisica € 0 mais alto grau de conhecimento que o ser humano pode alcancar soore o mundo & u se [Ao afirmar que “concebemos a Filosofia como possuindo 2 totalidade do saber, tanto quanto isto € possivel, mas sem possuir a ciéncia de cada objeto determinado”, Aristoteles esté dizendo que a flosofia primeira, ou metafisica, & a ‘mais difcll e @ mais ampla de todas as ciéncias, uma vez que sua busca se concentra nas colsas que esto mais, distantes das sensacGes, ou seja, nas esséncias que, apesar de estarem nas proprias coisas, s6 podem ser concebidas enquanto ideias ou conceites dos seres. & precisamente a Ciéncia que se ocupa das realidades que esto acima das realidades fisicas. Desse forma, a flosofia aristotélica busce fo conhecimento daquilo que esta além do mundo empirico, uma realidade metaempirica. Aristételes, 0 pai da Logica Aristételes buscou compreender como o ser humano pode alcancar o conhecimento verdadeiro. Para o fildsofo, se 0 conhecimento ¢ fruto do pensamento, deve-se, na sua constituigdo, seguir regras légicas que garantam a verdade do conhecimento encontrado. (© juizo alcangado € fruto de um encadeamento de ideias ‘segundo um métedo constituido por etapas devidamente ispostas, Caso haja algum erro no percurso da construcéo do fulzo, a conclusio seré necessariamente incorreta. AA Légica nos possibilita avaliar 2 disposicio das idelas em argumentos, [Um ergumente é um conjunto de sentencas estruturado de tal forma que uma sentenca é a conclusio e as outras ‘0 as premissas do argumento, A conclusio é a sentenca que expressa a Idela ou tese que queremos defender © 03 premissas slo as raz6es epresentadas para sustentar a verdade da concluséo. A lgica (também chamada légica dedutiva ou formal) parte inclspensdvel de uma teoria da arqumentacéo. Um estude amplo dos critrios que determiner quando um {dado argumento sustente satisfatoriamente sua conclusso néo se limite & dgica, mas a ligica & como que a estrutura de uma teoria da argumentacéo em geral RODRIGUES FILHO, Ablo. Dporive em: -. Acesso em: 22 out. 2013. Dessa forma, para que uma conclusdo seja corrata, © argumente do qual faz parte deve ter uma estruturagao légice valida. NEo € admissivel, em nenhum juizo, seja flosérico ou cientfic, que a concluséo esteja em desecordo com a estruturacio légica devida. Tipos de argumentos Aristoteles afirma que o ser humano proauz connecimento de duas formas, por meio da inducSo ou pela deducéo. Indugée: é © processo de raciocinio pelo qual se parte de experiéncias particuleres para alcancer uma conclusdo geral. Para Aristételes, era necessério experimentar cada ser pare encontrar as caracteristicas comuns a todos eles. ‘A regra geral da indugio é a experiéncia de particulares para se alcancar, por meio de uma generalizacso, uma lel ‘eral. Perceba que, na inducdo, os elementos observados sustentam a conclusio, que pode ser forte ou fraca, dependendo do numero de seres observados, ou seja, da amostragem experimentada, e também da pertinéncia do que esté sendo observado. Para os argumentos indutives, ha ‘sempre uma probabllidade de certeza, que pode ser grande ‘ou pequena. Se, por um lado, forem cbservados poucos ‘elementos em um universo muito grande, o argumento tem pouca probabilidade de ester correto. Se, por outro lado, for observada grande parte dos elementos de um universo, 2 probabilidade de a conclusio estar correta aumenta. ‘A forga do argumento indutivo aumenta proporcionalmente ‘em relaco 20 nimero de seres analisados. Exemplo: 75% dos entrevistados declararam que vo votar no candidato X. Logo, © candidato X vencerd as eleicbes, [esse exemplo, veifica-se que as experiancias particulares ‘ocorrem quando se verifica, por melo da pesquisa eleitoral, ue, entre todos os individuos entrevistados (100%), 75% deles votaro no candidato X. Assim, a conclusio geral que pode ser inferida dessas experiéncias (da entrevista realizada ‘com os eleitores), generalizanco os dados obtides, é que © candidate X iré vencer as eleicdes. [A indugo pode ser considerada uma analogia quando, 20 invés de se experimentar varias situagées particulares, considere-se apenas um caso particular, sendo sua conclusso também particular. Na analogla, o que ocorre é na verdade ‘uma comparacao entre um ser particular com outro também particular, Exemplo: Maria disse que comprou na loja X e gostou Logo, se eu comprar na mesma loja, também vou gostar 5B | Coeaetoue . . q t t t q t q q q . . Y { iy , > t p iW ? iy . 0 iW iy " p \' ° ? {’ (? \" pr ( iy . { . { t SESS SIFIIIISIIIIISIISIIISSIISSIII ISI IDD OU UUUU Averdade est4 no mundo real e a busca pela felicidade: Aristételes e helenismo Dedugéio: & © processo de raciocinio que acontece unicamente a partir do pensamento, sem o uso de experiéneias para se alcancar @ conclusée. Na deducso (ou silogismo), tem-se uma premise (denominada maior), dizendo respeito a um conjunte dos seres, fem uma perspectiva geral. A seguir, temos uma premissa (denominade menor) que pode se referir a esse conjunto de seres tento em uma perspectiva geral quanto particular. Por fim, aleonca se ume concluese particular ou geral arerca do conjunta referido. Um exemplo cléssico de um raciocinio dedutive &: Premissa maior ~ geval: Di respelto 2 todas os seres humanos. Premissa menor - particular: Sse refere a um ser especico, no caso, Séerates. Conclusd ~ particular Se refere a um ser especiico, Sberates. Para 0 filésofo, o objetivo da Cléncia deve ser trabalhar ‘com o universal e no com o particular, alcancando, assim, conhecimentos verdadelros sobre a realidade. Por exemplo, 2a esséncia de Joo ndo & objeto de estudo da Ciéncia, tuma vez que esta no se preocupa com a esséncia de um nico ser humano, mas sim da humanidade como um todo, ~aleangando, desse modo, o concelto de ser humane. Temos, portanto, uma defesa, na flosofia de Aristételes, de um conhecimento categoria. Ao alcangar @ estrutura essencial do objeto, @ qual é universal, torna-se possivel aplicar esse conceito aos Inumeras abjetos concretos observados na realidade. Alcancando a esséncla do ser humano, sempre, {0 observermos um ser humano particular, poderemos reconhecé-lo como tal, uma vez que J4 conhecemos o concalte abstrato de ser humano. Como compreender a realidade: a teoria do conhecimento Ao contrério de Platio, para Aristoteles, a realidade € nica © material, Enquanto Plato buscava 0 conhecimento verdadeiro dos seres na realidade inteligivel, Aristételes buscave 3 esséncia dos seres na prépria realidade sensivel. Essa realidade é constituida por seres singulares, concretos 2 mutévels, @ é nela que o ser humano deve buscar as verdades, por meio da observacio desses seres. E 2 partir das experiéncias da realidade empirica que es pessoas devem estabelecer definicBes essencials dos seres © atingir 0 universal, que é 0 objetivo da metafisica. Para isso, © sujeito cognoscente deve partir dos dados sensiveis que Ine mostram o individual @ o conereto pare aleancar, por um proceso de induco (da experiéncia dos seres particulares pare lum concelto gerel), as verdades universais ou esséncias dos ‘eres. Dessa forma, o concelto universal seria um produto do intelecto hurmano e ne uma ideia em si e por si buscada em ura realidade, come queria Plato. Assim, para Aristételes, fo ser humano pederia alcangar as estruturas primeiras dos ‘seres ~ 0 objeto da metafisica ~, que seriam os conceites gerais btidos por meio des dados capturados pelos cinco sentides. Pera compreendermos como & possivel alcancar 0 conhecimento dos seres, precisamos antes entender alguns conceltos fundamentais da teoria do conhecimento de Aristételes, Matéria e forma + Matéria: segundo o estaginita, éa matéria que compoe ‘0 mundo fisico, aqullo de que uma coisa € constituida. Eo principio de individulicayo do ser. A metéria é aquile que € perceptive aos nossos sentides e contém a poténcia (possibilidade) de o ser se transformar em outra coisa Em si, é indeterminada, pols pode receber a forma de uma coisa ou outra. Por exemplo, a madeira a matéria dos méveis de uma casa. A madeira tem a possibilidede de se tornar uma cadelra, mas pode se transformar fem outra coisa, por Issa dizemos que se refere a uma poténcla ~ poder ser ou no ser uma coisa, apés ter passado por uma transformacgo. ‘+ Forma: é a maneira de acordo com a quel 2 matéria de cada ser se individualiza e se dispée. E 0 que fez com que o ser seja aqullo que ele é. Ea prépria esséncia do ‘sor que the & intrinseca. O que faz com que o objeto de madeira seja cadcira é sua forma de cadeira, Dessa maneire, 2 matéria contém as caracteristicas particulares dos seres, enquanto a forma € comum aos individuos da mesma espécie. As formas, na filosofia de ‘Aristételes, seriam as ideias de Plato. Porém, se para este 2 Ideia existe fora dos sores, para Aristételes, as Ideias ‘so abstraidas dos préprios seres por meio do pensamento indutivo, Por exemplo: 2 idela de ser humano s6 € possive! por meio de uma abstracdo da forma que esti contida em todos os individuos reals. Pela experiéncia de vérias pessoas particulares, 0 intelecto separa matéria e forma e alcance a forma, a idela de ser humano por meio da abstracSo (partindo sempre da empire). Eitora Boreal | 59 FILOSOFIA BE cate oe Substancia e acidente + Substincia: na filosofia aristotélica, esse conceito tem Guas definicbes. Substancia pode ser entendida como 2 existéncia de seres particulares, chamados também de substncias individuals ou esséncias individuals (exemplo: este cavalo, Joo, Maria, esta casa). AIEm cilsso, ela também pode ser entendida como 0 objeto da metafisica, que busca encontrar a substancla do ser, ‘que seria o seu tunaamento, sua causa e sunstrato, aquilo que € Imaterial dos seras, sendo que 0 seu conhecimento represents o conhecimento verdadeiro. No segundo sentido, Abbagnano afirma que essa 6 2 esséncia necessaria ou substancia, que é 0 verdadelro objeto do saber ou da ciéncia aristotdlice. ‘Sem 3 esséncia, no poderiamos conhecer o ser em su realidade primeira, Segundo Aristételes, faz parte da substincia do ser humano ser um animal racional eum animal politico. + Acidente: é. caracteristica circunstancial do ser. Aquilo que varia entre os seres da mesma categoria sem, no entanto, atingir ou modificar a sua esséncia. ‘A pessoa ser alta ou baixe, magra ou gorda € uni case de caracteristicas acidentais. 36 a pessoa ser raclonal e politica é uma caracteristica essencial. Necessidade e contingéncia Juntamente a esséncia e ao acidente, podemos diferenciar as caracteristicas do ser em necessérias e contingentes. + Necessério é a esséncia ou substéncia, pols sem elas 1s coisas no seriam © que so (néo pode néo ser). + Contingentes sdo as caracteristicas no essencials {0 ser, 0 acidentes (pode ser ou pode néo ser). Poléncia e alu + Poténcia: relaciona-se com a matéria. A matéria madeira é poténcia, pois pode receber a forma de uma cadeira, de ume mesa, de um objeto artistico, etc. © bronze é poténcia da estétua ou de uma moeda, oraue possul a efetiva capacidade de receber e de ‘assumir essas formas. 0 ferro & poténcia de indimeros ‘objetos que podemos construir com ele, pols pode ‘assumir as formas desses objetos, ‘+ Ato: relaciona-se com a forma. O ato é a atualizacdo da forma na poténci. O ato ¢ oposto & poténcia, que é 0 ser na sua capacidade de se desenvolver Exemplo: Asemente 2 Srvore em poténcia. A érvore é 0 ato da semente. ‘A importincla desses conceitos esté na possibilidade de ‘explicar, por meio deles, © movimento de transformacao, dos seres. Os seres se transformam da poténcia para o ato. Aquilo que & possivel se torna real, atualizado. A madeira poténcia e pode se transformar em uma cadeira. Quando a transformagao acontece, a poténcia se transforma em ato. ‘A forma, por ser sempre um ato, & 0 real; a materia, por ser sempre uma poténcia, & 0 possivel. O real é mais perfeito do aue o possivel, por issn, @ forma é mals perfelta da que ‘a matéria € a direclona pare a atualizacio da sua poténcia, que é a sua realizago em ato. Ateoria das quatro causas Se a metafisca ¢ 0 estudo das causas primelras, temos de defini quais s80 essas causas a que Aristoteles se refere. Ou seja, para se alcancar o conhecimento verdadeiro dos seres, é necessério conhecer também as causas que o constituem. ‘Causa material: é a matéria de que a coisa é feta. Exemplo: A madeira é a matéria de que a cadeira é feita, logo, 2 causa material da cadeira é a madeira. Causa formal: é a esséncia que constitul a colsa, & 0 principio sem o qual a coisa no seria o que é. € a forma ‘ou modelo do ser Exemplo: A cadeira & a forma do objeto que 2 madeira ‘adquire para se tornar uma cadeira real Causa eficiente: é aquela que realiza a transformacao de poténcie em ato. Eo ser que age sobre a poténcia imprimindo nela 0 ato. £ 0 agente da transformacio. Exemplo: © cerpinteiro é a causa eficiente da cadeira, ‘Causa final: é o objetivo, o porque da cosa, a sua fnalidade Exemplo: 0 carpinteiro que fez 2 cadeira para ser utlizada como assento. ‘Segundo Aristétoles, todas as coisas existentes tém um pproposito, uma finalidade, e deveriam cumprir a finalidade pela qual existem ou foram criadas. Etic: Apés considerar as cléncas teoréticas, Aritételes trata as cgncias préticas, que dizem respeito 20 comportamento das pessoas em sociedade e a0 fim que eles querem tingly, tanto come Individuos quanto como seres polices. 0 principio fundamental que guia a reflexdo aristotslica 6 a nosdo de felicidade. Para o filbsofo, todas as acées humanas, a mediania ou justa medida ‘tém um fim que devem alcangar, que seria o seu "bem" Lltimo, Todas essas agées, em conjunto, tenderiarn para 0 bem supremo humano, que é a felicidade. 60 | celeste Estado >HLOCHLE ELE PLE CEP LECCE LELCELELLELECLECECLELE Averdade esta no mundo real e a busca pela felicidade: Aristételes e o helenismo Por felicidade, Aristételes entende a busca pelo aperfeicoamento. Dessa forma, © ser humano precisa se tomar perfeito exatamente naquilo que o separa de todos (08 outros seres, ou sefa, na capacidade racional. A felicidade no seria a posse de bens materials, nem o prazer do gozo desmedido, nem a honra diante das pessoas. O ser humano, fenquanta racional, tem como fim a realizagéo de sua natureza especifca, a racionalidade. A felicidade consiste, portanto, na realizagéo de sua natureza de ser racional Como J4 vimos, 0 ser humano no tem somente luma aims racional, mas possul também uma alma ou natureza apetitiva, que busca a satisfacio dos prazeres. Porém, ele nfo deve se entregar a esses prazeres, devendo submeté-los 8 sua capacidade racional de escolha ‘ais apetites e instintos se opéem & razdo, mas podem ser requlados e submetidos a ela por melo das virtudes éticas. As virtudes so forma pela qual a razlo impde sua ddeterminagio aos apetites e instintos, dominando-os. Para ‘Aristételes, o termo "virtudes” se refere 8 "justa medida” ou medlanla’, que seria a medida intermedidria entre 0 excesso © 2 falta. Por exemplo, o sentimento original 0 prazer, ‘seu excesso € 2 libertinagem, sua falta é 3 Insensiblidade, ‘sua mediania & a temperanga. Honra: seu excesso é a vulgaridade, sua falta € a vileza, sua virtude € 0 respelto réprio. Generosidade: seu excesso é a prodigalidade, sua falta é a avareza, e sua virtude é a liberalidace. essa maneira, praticando constantemente a virtude, tomando-a habite, modo de ser, ela se torna a vitéria da razdo sobre os instintos. Segundo Aristételes, o ser humano nde nasce bom, mas torna-se bom a partir da prética da virtude, alcancando, assim, a felicidade. Dessa maneira, a virtude no é uma caracteristica humana, mas uma forma de agit no mundo, que ¢ adquirida por meio do habito de ‘exerc-la, criando na alma uma disposicSo para praticé-la. Acidade e o cidada politica Segundo Aristételes, 0 ser humano é um “animal politico” Isso significa que as pessoas nasceram para viver em comunidade e no podem encontrar felicidad e serealzarem sem que convivam com as demas pessoas. Aristételes afirma {ue o homem politico, o cidade da pls, éaquele que participa Lienges veriovom cy ‘muita vezes, contradeiam-se. Dante disso, surglu anecessidade ‘dese realizar uma insttuclonalizagdo que promovesse a unidade dda nova religiZo, de seus ritos, textos sagrados, doutrinas fe objetivos. Tal unidade ceveria ser rapidamnente confirmada, lima vez que o crstianismo crescia vertiginosamente e agregava ‘cade dia mais iis, que compunharn comunidades espathadas por toda a Judelae pelo Oriente Médio. Diante do desafio de se promover uma unio ¢o crstianismo, faria-se urgente @ construcio de uma unidade doutringria. [AS perguntas fundamentals que deveriam ser respondidas ‘eram: Em qué acrecitar? Como aslelse regres morais deveriam ‘Ser pregadas 20s novos cristéos? O que é permitido € 0 que & proibido fazer? Quem e quais povos poderiam se torner Cratos? Seriam todas as pessoas de boa vontade ou somente ‘3s provenientes do judaismo? Como defender doutrinariamente 6 wristisnismo contre as outras reigibes e seltas que surgiam na mesma época? Era urgente munir cristianismo de explicagies Iogicas ave ‘se fizessem compreender tanto pelos cfticos da nova relgizo Quanto pelos Intelectuals neoconvertidos. Era inaceitave! partclpar de uma nova religla0 que no trouxesse consigo Srgumentos vélidos de suas bases doutrinérias, 0 quais ‘everiam ter uma fundamentacBo lossfica, dado que @Flosofia fozia parte da vida de praticamente todos 0s pensadores © intelectuais, tTezida pela tradicBo helénica. Para os filbsofos medievais, 0 feto de ocristanismo representara verdade era urn ‘dado inquestiondvel. A questzo que se impunha era a de saber fe a¢ pessoas deveriam simplesmente acrediter na revelagSo tistd ou se tombémn deveria haver uma compreenséo dessas erdades por meio da raz. Existria uma relagio entre os flbsofos gregos e a Blblla Sagrada? Haveria ume contradiglo entre @ revelacéo de Deus aos seres humancs, representada bela Biba Sagrada e pela Interpretagao da Igreja, e 2 razB0 — Gu seja, 8 losufia -, uu se'd que ambas poderiom eonviver em hharmonia7 Esse fol um dos principals desafios de Idade Média, representando, quase que totalmente, agrande questo medieval. [as respostas a essas questies vieram com os Padres da Igreja, conjunto de fldsofos cristos do inicio do cristanismo, principalmente a partir do sSculo III, que aproximaram, por meio Ge seus eseritos © pregactes, 2 flosofia grega do cristanismo, Entre os Padres Apologistas (applagia: defesa, justificacéo), ‘0 mals importante foi Justino Martir (100-165/167). Justino fcreveu duas importantes obras, denominadas Apoiogias, fhas quais buscou defender o cristianismo, considerando-o a "verdadeira Flosofa", adotando, portanto, uma posicio Contratia & de alguns principios flosices antiges que ndo se hharmonizavam completamente cam o cristianismo, Justino fot lum grande estudieso de Pat e, a0 se converter ao cistianismo, reviu suas crengas na flosofia platonica, principalmente no tneante & possibldade de, por melo dela, alcancar a verdade. ‘A passager 2 seguir demonstra o posicionamento de Justino ‘em relacio a Flosofa: Eusou crstao,glario-me disso e,confesso, desejo fezer-me ‘onhecer come tal, A doutrina de Pat3o ndo é incompativel ‘com a de Cristo, mas no se casa perfeltamente com ela 1a [MARTIR, Justina, In: REALE, Giovanni. Histére de Flas: Patrica e Escodsticn, S80 Paulo: Pauls, 2007. p. 32. ease modo, os Padras Apologictas representaram uma primeira tentativa de compreender a fé crista. epresentacéo de Séo Justina Mérti, decapitado em 165/167. (Os romanes perseguiam e matavam com crueldade os mértires por defenderem o cristlanismo. Com 0s Pedres Apolagistas, comeca a atividade filoséfica ists, A tese comum que defendem &de que o cristianismo a tine flosofia segure e itll e resultado Gkimo a que 2 razao deve chegar. Os fidsofos pagios conheceram Sementes de verdade que ndo puderam entender plenamente; os cristos conhecem a verdade inteira porque Cristo € logos, isto €, a rez80 mesma da qual participa todo fo género humana, A’apoiogética desses padres constitu, portanto, a primeira tentativa de inser ocristinismo ne Fistoria da flosofia cldssica, [ABBAGNANO, Nicola. Diionrio de Fesaf, “Tradugio de Alfredo Boss. So Paulo Martins Fontes, 2007. p. 75 Porém, nos interessa mais 0 momento posterior 20 dos Padres Apelogistas, denominado Perfodo dos Padres ce lareja, ‘ou Patristica, no qual varifica-se uma crescente aceitacSo da fllosofe grega pelos cristdos e ideres do cristianismo. Nesse contexta, a Filosofia teve um papel primordial, servindo como base a formulacdo de argumentos que defendessem, de modo compreensivel, 2 doutrina cristS frente 8s heresias, comuns tanto dentro quanto fora do cristianismo. Era considerada heresia toda © qualquer Goutrina contréria a uma verdade estebelecide pelo cristianismo. Tawasenowt | 75 Médulo 05 E visto que a f€ ocupava lugar primordial e precedente 8 razo. Devido & necessidade de se munir a fé de arqumentos racionals, a filosofia grega se tornou imprescindivel para fesse proceso. No entanto, no era qualquer filosofia que podia ser aceita, sendo os textos, as idelas & 0s pensadores gregos culdadasamente selecionados. Aqueles textos, ideias ou pensadores que pudessem representar, mesmo que timidamente, alguma ameaca & doutrina Crista € 8 revelagso foram delxados de lado, buscando-se somente aquelas que servissem de base para uma nova interpretacdo dos textos € dos pensamentos a partir da lgica e da visio crists Desse forma, os textos, idela efilésofes seriam selecionados, ‘se servissem a0 objetivo da Igreja, que era o de fortificor ‘a f6 com base nesses textos, agora interpretados & luz da revelacio divina. Essa posture cristé fol amplamente difundida, prncipalment nes Coneilios de Niceia (325), Constantinopla (381) € Celcedénia (451). Com o abjetive delegitimare construir uma doutrina que atendesse a todo o cristianismo, as reunies da Igreja em tomo de questdes teol6gicas e morals se dedicaram a uma conciliacgo entre fé erazao, entre Filosofia, fe revelagio, que pudesse atender aos anseios do cristianismo rascente, nessa época, j4 reconhecido como religigo (313) e, mais tarde, elevado ao patamar de religi8o oficial do Império Romano (391). Durante a realizac3o dos Conciios, foi camuim a utlizacka re tearing @ ravine Alaséfcas com 0 Intuito de defender uma postura favordvel ao cristianismo ede condenar as heresias, ‘esse momento delicado do crstianismo, encontraram-se, ra Filosofia, bases sélidas de comunhao com a doutrina rist8. Alguns conceitos dos principais flésofos gregos, Platgo e Aristételes, foram amplamente utilizados como fundamento taérico para a doutrina crist8. Exemplos disso ‘80 0s conceltos de essEncia, substancia, alma, corpo, ideia ‘© causa, entre outros. A Retdrica e a Légica também foram ‘eplicades de forma a defender a fé e justifcar a Teologia, fornecendo a esta as bases de uma ergumentagéo clara & Tavor das verdades reveladas. Algumas idelas das escolas filoséficas do Periodo Helenistico também foram usadas como auxillares da fé, principalmente aquelas que se referiam & vida simples 8 mortificada. Par exemple, na perspectiva filosdfica dos festoicos, as Idelas de austeridade, sacrificio, abnegagio, disciplina e autocontrole foram amplamente utlizadas como forma de preparar o cristo para se tornar digno da vida future, depois da morte, junto a Deus. Apesar da constante tentativa de aproximacéo, o problema 2 relacao entre fé e razéo ainda ho}e é um desafio enorme para a Igreja e para a Filosofia. De um lado, temos os defensores de uma verdade revelada inquestionével e, do outro, aqueles que defender um conhecimento construide sem necessidade do transcendente. © texto a seguir, de Nicola Abbagnano, mostra a necessidade de unio entre f6 e razo. Segundo o autor, essa unigo € importante para a compreensSo das verdades, de forma racional. Fllosofia e cristianismo devem, portanto, se complementar em alguma medida e no simplesmente se excluirem. A filosofia grega e a tradicSo crist& [A Gréca fol 0 berco verdadeiro da Filosofia. Fela primeira vvez 0 mundo ocidental compreendeu e realizou a Filosofia ‘como investigagéo racional, isto &, como investigacio autOnoma que, em si mesma, encontra 0 fundamento © 2 lel do seu desenvolvimento, A flosofia grega demonstrou que a Filosofia s6 pode ser procura da liberdade. Alberdade implica que a disciptina, 0 ponto de partda, ofim ‘ométodo da investigacso sejam justinicados e pastes por essa ‘mesma investigagéo, © ndo aceitosindependentemente dala A influgncla do cristlanismo no mundo ocidental determina uma nove orientagso da Filosofia. Toca a religizo implica um conjunte de erengas que no so fruto de qualquer investigacio| Dorgue consister na aceitaco de uma revelaco. A religi6o| 6 3 adesdo a uma verdade que o homem aceltou devia a lum testemunhe superior. Tel &, com afeito, 0 cristianismo. [Ros fariseus que Ihe diam: "Tu alegas de ti mesmo e, portanto, o teu testemunho no tem valor, Jesus respondeu: “Eu nBo estou sé, somos eu e aquele que me enviou” (5.2080, VI 13, 16), apoiando, assim, 0 velor de sue doutrina no testernunho Co Pa. A relgiZo parece, portanto, nos seus prdprios principos, excuirainvesigacSo e consiste antes numa _attude oposta, ada aceitacdo de uma verdade testemunhiada Go alto, independentemente ce qualquer investigacso. Tadava, lege que homem se interroga quanto 20 significado da verdad revelada € tenia saber por que caminho pode realmente compreendé-la e fazer dela came da sua carne e sangue do seu sangue, renasce a exigéncia da investigacSo. Reconhecda| a verdade no seu valor absoluto, tal como & revelada © testemunnada por um poder transcendente, imeciatamente se impSe 2 cada homem a exigéndia de se aproximar dala fe de a compreender no seu significado auténtico para com fla e dela viver verdadelramente, Essa exgéncia sé pode ser satsfita pela investigaco flosfica. A InvestlgagSo renasce, o's, da propria religiosidede, pele necessidade que o homer religioso tem de se aproximar, tanto quanto the for possvel, da verdade revelada. Renasce com uma tarefa espectica, que the & imposta pela naturezs de tal verdede © pelas possibidades cue pode oferecer & sua efetiva compreenso pelo homem; mas renasce com todas as caracteristcas, roptlas Ue sue Haluneza, w Lon! faga tanto maior quanto maior foro valor que se aribu 8 verdade em que se acredita fe protende fazer sua. Da reliciéo cristé nasceu, assim, ‘aflosofia cst, Esta tomeu, também, como objetve conduzit ‘0 homer a compreensio da verdade revelada por Cristo, de modo a que ele possa realizar 0 seu auténtico significado. Os instrumentos indispensévels para esse fim encontrou-os a fllsofia crist8, prontos a servirem, na fllosofia grega. As doutrinas da especulacio helénica do timo periodo, essencialmente religioso, prestaver-se 2 exprimis, de mado acessivel 20 homem, 0 significado da revalacBo crt; e, com esta fnaldade, foram, efetivamente, Utiizadas da maneira mais amp. [ABBAGNANO, Nicla. Hiséria da Flosofa, ‘Teadugae de Antinio Borges Cosa, Lisa otter Presenca, 1969. v.2.p. 108-108. 76 | colegio Estudo POHOLCLCLHLLLCLELE CLE CELL LLLELELELLLLLLL LLL TEL: TOT TTT TESS SSIS SSSI SII IIS ISOS ISIS OOS O nascimento do cristianismo e o auge da Idade Média A PATRISTICA E SANTO AGOSTINHO [Agostino de Hipona fol um dos principais expoentes d& Filosofia no Periodo Medieval. Suas Ideias so fundamentos importantes para 0 cristianismo. Para compreendermos melhor 0 pensamento ea filosofiacrist de Santo Agostinho, Enecessério entender o mamento histérico no quel ele viveu ‘tamioém o mavimenta flachificn-teolégico, orrido entre os ‘séculos IT e VIII, denominado Patristica, do qual Agostino {ol o principal representante. A patristica [A eatristica fo o perfodo da histéria ocidental marcado pela presence atuante dos chamados Padres da Ioreja. A palavra patristica origina-se de Pater (padre, pal), designacao dada S esses homens, Foram elas os responsdveis pelo inicio da testruturaciio teoldgica do cristianismo, exercendo um papel fundamental na historia crista, J4 que foram os primeiros a se dedicarem a uma teorizacdo def, ou seja, 0s primeiros que buscaram construir os argumentos racionais que sustentariam légica e argumentativamente a fé crist ‘A nova fé, que Jé completava 100 anos, precisava ser ‘Aefendlida. No inicio. com as primeiras comunidades, ndo era fundamentalmente necessaria 20 cristianisino uma dees argumentative de suas verdades estruturada em principios I6gicose inteligivels, uma vez que a doutrina cristé baseava-se tem prindipios morais e em uma Fé inabaldvel na selvacao traaida pela morte de Cristo na cruz. Nos séculos II e Ill, essa necessidade tomou-se urgente. Por um lado, era necessério defender a fé contra os ‘questionamentes dos pagios e de outras seitas reigiosas, e, por outro, era preciso convencer os romanos, principalmente as utoridades, da pertingncia eda legtimidade da doutrina cst Diante disso, 0s Padres da lareja, dentre os quais destacarn-se Santo Agostinh, Justino (século 11), Clemente de Alexandria (séculos Ife 11 ¢ Origenes (séeulo I), inauguraram uma nova rmaneira de pensar o cistianlsmo e buscaram instrumentos para justficara fée defender a doutrina rst. Parasso, utiizaram-se da flosofia grega e do pensamento helénico, formulando, ent8o, 2 filosofe patristic. ‘Santo Agostinho é o principal pensador desse periodo, promovendo uma interessante inédita sintese entre a doutrina Erstd e 0 pensamento de Plato. £ nocessério ressaltar que ‘Santo Agostino no platoniza o crstianisme, mas crstianiza Plato, © sistema filosdfco platOnico, pelo menos em suas bases fundamentais, € utllizado por Santo Agostinho como ‘ferramenta de Justficacéo da fé revelada. Porém, se houvesse ‘algo confltante entra Piatéo e a f& crisia, evidentemente, © revelacio, @ Biblia Sagrada, ocuparia lugar de destaque. essa forma, Santo Agostino contribulu de forma decisive para 2 aproximacéo entre a fé cristé e a filosofia grega, prineipaimente ao formular uma doutrina, um conjunto de ideias cristls, com base no pensamento platénico. Por Cause disso, podemos afirmar que Santo Agostinho foi um dos pencacores mals destacados e importantes desde AristSteles (Gecule 1V a.C.) at6 So Tomas de Aquinn (<éruln XT) Santo Agostinho eo platonismo cristao Nascido em 13 de novembro de 354, na pequena cidade de Tagaste, provincia romana da Numidia, a0 norte da Africa, onde hoje se localiza a Argélia, Aurelius ‘Augustinus, desde muito novo, mostrou inteligéncia & perspicdcia de pensamento notévels. Durante a infancia, fstuclou em sua cidade natal e na cidade vizinha, Madaura. ‘Seu pai, Patricio, homem de habitos rudes, vida simples @ entregue 20 aleoolismo, ainda pago, empenhou-se temeenviarofiho, to logo terminasse seus primelros estudos, 3 cidade de Cartago, onde terla a oportunidade de receber lume educacéo liberal ¢ trilhar a carreira do magistério ou dda magistratura, Sem condigGes financeiras para custear 0s, testucos do fino, o pal valeu-se da amizade de Romariano, ‘amigo rico, que 0 ajudou na ida de Augustinus a Cartago para ‘cumprir seus estudos superiores. Em Cartago, Agestinho estudou Literatura, Filosofia ¢ Retérica, Apesar de sua inteligéncia e de sua capacidade intelectual, nfo se mostrou um bom aluno, eno se afeicoou 20 estudo da lingua orega, fundamental para a leitura dos léssicos. Devido a isso, sua educaco deu-se principalmente fem latim, afastando-o quase que por completo da leitura dos ponadores heléniens, da exegese e da Teoloaia. Mais velho, orém, buscou reparar tal lacuna. Devido aos seus estudos, Agostinho afastave-se da leitura da Biblia Sagrado, insistentemente incentivada por sua mée, por consideré-la uma leitura indigna de homens cultos, Chegando a afirmar que se tratava de uma obra simpléria e rmal-esenite. 1A Filosofia entrou em sua vida com a leitura do tivro Horténsio, de Marco Tilo Cicero (106-43 a.C.). Nesse texto, Cicero afrmava, com um estilo elegante de escrita, que 2 Filosofia seria o caminho para se alcancar felicidade. ‘Agostinho se encantou com tal novidade e logo se apaixonou por essa via do saber. Antes de se aproximar da cultura crist, Agostinho levou uma vida mundana, cometendo pequenos deiitos & envolvendo-se em uma relac8o amorosa proibida para sua poca (a muller no pertencia & mesma classe social QUE fle), que terminou por gerar um filho, Adeodato, a quem ‘Agostinho, depois de sua converséo, trouxe para junto de si. ‘Antes de sua conversio, aproximou-se de doutrinas filoséficas, como o maniqueismo, e também as de Aristételes, lendo as Categorias. Porém, encontrou muitas dificuldades nesses estudes, devido & sua ignoréncia na lingue grege. |A inquietude foi uma de suas malores caracteristicss, evando-o a uma busca por algo que nem mesmo ele sabie {do que se tratava, Havia alguma coisa que pulsave em seu pelto e he causava um descontentamento imenso, um vazio interior Sua inteligéncia e genialidade no eram capazes de lhe trazer a paz interior, vivendo atormentado por divides ‘existenciais¢ Intelectuais. Eatorsberoali | Médto 05 O maniqueismo ‘Antes de se mudar de Cartago, aos dezenove anos de idade, Agostinho contieceu 0 maniquelsmo, selta que reivindicava para sia verdadelra esséncia do eristianismo. Essa corrente de pensamento, fundada pelo persa Mani (215-276), tinha como premisse © dualismo do universo. Duas forcas contrérias, © bem eo mal, a luz e as trevas, teriam gerado todas as colses em uma luta na qual uma queria se sobressair 8 outra, tanto na formaco césmica quanto em relagSo aos principios morais que regem as pessoas e a sociedace. Mais tarde, Agostinho, em sua obra Sobre o Génesis contra os maniqueus, descrevau tal selta: | exsténcia de dois princpios cversos e adversos entre sl, ‘mas, 20 mesmo tempo, eternos e coeternos [..] 2, seguinds outros heréticos antigos, imaginaram duas naturezas ¢ Ssubstancias, a do bem e a do mal. Segundo seus dogmas, afirmam que eseas duas substincias esto em luta mescladas entre si AGOSTINO. Conssdes. Traduco de . Olvera A. Arbrésio dena, Szo Paulo: Nova Cultral, 2000. Lio I, 6,10. Essa selta era marcada tanto pela perspectiva dualista quanto pelo materialismo e pelo racionallsmo, o que atralu Agostinho, devide & sua formacgo intelectual. Segundo 0 Maniqueismo, essas forcas contrérias sao inerentes ao ser hhumano, send representadas pelos princpios nternos.do bem edo mal. Assim, as pessoas seriam dotadas de substancias contrérias em constante luta, como se fossem duas almas; dduas inteligénclas, uma boa e outra mé, que representariam © corpo e a alma, sendo que, quando a pessoa peca, seu pecado néo é fruto de seu livre-arbitrio, mas da inclinagSo interna que a levou a tal ato. Em 383, Agostinho se afastou do maniquetsmo apés se encontrar com obispo maniqueu (de maniqueismo) Fausto, ‘a quam expds uma série de questoes, das quais néo obteve respostas, convencendo-se da fragilidade daquela doutrina. Oceticismo Frustrado com a empreitada reallzada no maniqueismo, Agostinho sentiu-se tentado a abracar o ceticismo da ‘Academia Platénica, a qual pregava que 0 individuo deve Guvidar de tudo, que no existem verdades exatas sobre ada, cevendo a pessoa, portanto, contentar-se com 3s aperéncias das colsas, acessivels somente pela experiéncia Gos Sentidos, Porém, o ceticismo deixava algo @ desejar a0 espirto de Agostinho, que, mais uma vez, néo encontrara, nessa corrente, o nome e a consolacao de Cristo, embora, até entdo, ndo tivesse se convertido a0 cristianismo. ‘Ceticismo académico: Corrente floséfica segundo @ qual © individuo, na auséncia de um ertério de verdade para a ‘btenglo do conhecimento, suspende o juizo sobre tudo. ‘Assim, a0 perceber no ser possivel obter nenhurna certeza a respeta da verdade, a ctico académico considera que 0 ser humane éincapaz de alcangar a verdade sobre os fenémenes, ‘uelsquer sejam eles, tais como metafisices,religiosos ou Tslcos, O entéro de acso para o ten, 14 que no pode ‘assent como verdadeiro acerca denada, 6 de aderi quo ‘ue he & mais plausvel Oneoplatonismo “Agostinho, nessa época, entrou em contato com os escritos neoplaténicos, principaimente os de Piotino (205-270 .C), ue traziam uma versio mistica do pensamento de Patio. © neoplatonismo, interpretando conceitos platOnicos com lum viés cristo, mostrou a Agostinho um novo caminho para suas divides, possibilitando que ele se aproximasse do cristianismo, preanunciando sua conversao. Aleitura de Plotino fez com que Agostinho percebesse ser possival compraander, ds forma racinaal, a feuitrina cei, constatando que esta ndo era apenas destinada aos mais ignorentes” ou intelectuaimente fracos, sendo possivel laborer, a partir do cristianismo, uma teologia robusta «e racionéimente sustentavel. Neoplatonismo: Corrente de pensamento iniciada no século III e baseada nos ensinamentos de Platéo, cujo principal representante fol o filésofo Patino. Seus escritos foram reunidos pele neoplaténico Porfirio nas seis Enéadas. De acorco com Plotino,aideia de Uno & 0 principio e cause de tudao que existe. 0 Una, concelto relatvo a Idela de Bem fem Plato, sendo Indescrtvel e sé podendo ser pensado de ‘maneira indireta, & causa do intelecto,e este, por sua vez, 60 Jocus co que seriam as formas platBnicas. Aconversao do cristianismo Em seu livre Confissées, Agostinho narra como, em seus 32 anos de dade, nos jardins de sua residéncia, tomado por ‘grande angiistia ¢ Inquletude espiritual & procura da verdade, ‘uve uma voz de crianca que diz: "Tolle, lege, tolle, lege” (toma e Ie, toma e Ie). ‘imediatamente, mudando de semblante, comecel com maxima tengo a considerar se as criancastinham ou no 9 costume de cantarolar essa cancio em algum de sous Jogos. Vendo que em parte algumma stints ouvido, repriml 0 iempato das lagrimas e levantel-me, persuadinde-me de que Deus 36 me mandava uma coisa: abrir o cidice (a Biblia) ler primeiro capitulo que encontrasse. AGOSTINHO, Canfas, TradusSo de J, Ofveirs Santos © Ambrésia de Pina. S30 Paulo: Nowa Cultura, 2000. Livro Vil, £2, 25, ‘Tomando em suas mvs a Bb Sayraula, deparuu-se writ ‘a seguinte passagem da carta de Sao Paulo aos Romanos: Comportema-nos honestamente, come em pleno dia: nada de orbias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissolugées; nada de contendas, nada de cidmes. ‘Ro contrrio,revest-vos do Senhor Jesus Cristo e no facals, caso da carne nem Ine satisfacais os apeties.. CCARTA de So Paulo aos Romanos, 13, 13-14 [Apés esse episédlo, Agostino pediu demisséo de seu cargo de professor municipal e exilou-se em Cassiciaco, descansando e meditando, juntamente com sua mae, seu flno ‘Adeodato e alguns amigos. Fol introduzide na comunidad Crist e abriu as portas & salvacdo na Péscoa daquele ano, respaltando os costumes, sendo batizado por seu amigo confessor Ambrésio. 78 ] cotecdo Estudo POP LPEP PPE PPP ELE? eee ’ y , , q q TOE TTee greg eree qy HHVTITITIVIV SSS F ISI III III IIIS III III Logo em seguida, voltou a Tagaste, sua terra natal, ‘onde vendeu todas as propriededes da familia e fundou uma comunidade mondstica. Pretendia permanecer ali, ‘entregue & vida mandstica de contemplagzo, mas, um dia, Visitando a Igreja de Hipona, contre a sua vontade © por vontade do povo, fol conclamado sacerdote, responsavel, principalmente, pela pregacso. Viu-se, entdo, obrigado a Gelxar 0 6cio filosofico e intelectual e a se dedicer &s functes paastorais. Aos 41 anos, j8 assumia a funcio de Bispo de Hipona, sucedendo Valerio, que hava falecido. Faleceu aos 76 anos de dade, de morte natural, torando-se santo da Igreja Catdlica, e Doctor gratiae, devido 8 sua ‘ampla obra teolégico-filosérica.. A Filosofia Crista de Santo Agostinho (© préprio Santo Agostinho formulou o termo “flasofia cristé” para se referir & sua producSo filoséfica. Nela, encontra papel fundamental o conceito de beatitude ou Felicidade. Essa ideia fol a grande linha mestra pela Qual toda @ producéo filosdfica do hiponense se pautou. Para ele, @ verdadeira vocacio da Filosofia & a de levar © ser humano a felicidade. Opserve-se que, nesse ponto specifica, s80 claras as influéncias de Cicero, com sua ‘bra Horténsio, e do Helenismo na filosofia agostiniana, Entendida sob essa perspectiva, a Filosofia nao teria, como objetivo, a exolicecéo do ser humano ou co cosmos, mas traria 0 caminha antropolégico, pois pretence conhecer profundamente 0 que é 0 ser humano e como este pode ser feliz, mesmo vivendo na “cidade dos homens”, isto , no mundo representado pelo pecado e pelo apego & matéria.. -Apesar das influéncias floséficas, a beatitude é encontrada, substancialmente, nas Sagradas Escrituras, afinal, Deus © toda a sua criagSo querem a felicidade do ser humano, ‘Agostino fez Filosofia coma tediogo, e fez Teologla como flésof, VELOSO, Agestinho. Nes encruzhadas do pensamente. Port: Apestoiado, 1957, Tomo Ill. P. 77 Asslin, v Bisyy Ue Hina amuxina o [E ~ @ revelayéu ~ dd Filosofia. Compreendendo a verdades da t8 por melo da raz, a pessoa poderia ser feliz, uma vez que o conhecimento ‘az parte do pracesso de ascensio espiritual do cristo. E claro que, na concepso agostiniana de Filosofia, esta ndo deve ser entendida como um caminho para a critica &f6 cist, ‘mas como um caminho para a beatitude, Dessa forma, 2a Filosofia ngo teria © papel de colocar em xeque as verdades sts reveladas, uma vez que a fé se autojustifica, isto é, a5 verdades da fé S80 Irrefutévels endo alvo decrticas. Na relacgo tentre 6 e razao, Agostinho reconhece claramente 0 papal da azo, a qual, em todas as ocasiées, &simplesmente “escrava" da fé, Guiado pela sua histéria de destacado intelectual, “Agostinho vé na raz8o 0 caminho para entendimento e uma Via de acesso & verdede eterns. {A Filosofia é vista, por Agostinho, como um carninho que leva @ um fim, um instrumento utilizado pelo cristianismo cam vistas 8 compreenséo da t6 O caminho do conhecimento ‘Apés sua conversio, Agostinho no apresentava dividas sobre em que acrediter. Seu itinerério espirtual, que culmina com sua radical mudanca de vida, deixa claro que as verdades $6 padem ser alcancadas pela intuiglo intelectiva dada pela 16. Mas qual & © caminho para se conhecer ‘0 mundo € as coisas? Caso se apegasse a0 pensamento da Academia de Plato, da qual participou durante algum tempo, Agostinho trilharia © caminho do ceticismo. Mas, s@ a verdade esta no préprio ser humano, como pode nido haver verdades absolutac, come pragava 0 ceticiemo? ‘Talpensamento ¢ insustentvel e absurdo para o neoconverso. Assim, com 0 objetivo de combater os céticos e de encontrar © caminho do conhecimento, Agostinho argumenta que os sentidos, em s\, nao S30 os Instrumentos do erro, uma vez que, a0 experimentar (Empirismo") algo, essa experiéncia 6 real. © problema esté em tomar tal experiéncia como fonte da verdade. Segundo Agostinho, seguindo as trilhas de Platdo @ antecedendo Descartes, a verdade s6 pode ser atingida pelo processo do conhecimento de si mesma, atividade puramente intelectiva (Racionalisma®), que néo se deixa confuncir pela acdo da matéria, da deblidade do corpo. Desse modo, de acordo com Agostinho, Deus, presente no interior do ser humano e a propria verdade, ilumina a mente humana para que esta, sob a direcSo de seu criador, oosa encontrar © eonhecimanto verdadeirs. Perceba que tal verdade no fruto somente de aco humana em seu esforce pessoal, mas deste com o auxllo de Deus. Tal teoria é conhecida come Teoria da Iluminacgo Divina: * Referéncla a obra de Santo Agostinho, cenominads A cidade de Deus ou De Civitate Dei. Nessa obra, Santo Agestinho Ldesereve o mundo, dividide entre o ces homens (9 mundo terrena), au a “cidade das homens’, ec dos céus (o mundo espiritval), ‘ou 2 “cidade de Deus” Iniciada por volta de 413 e finalizada por volte 426, A cidade de Deus constitu uma das obras mais Importantes do niésofo. > Empirismo: Pensamento flosérco, igado& Teorla do Conhecimente, que acredita na experiéncia como tinico meio de conhecer 0 que as coisas so. A experiéncia,realizade por meio dos cinco sentides, € a Gnica fonte das ideias, discordando da nogéo de Ideas Inatas. Entre os principals emplristas encontramos aristteles, Locke © Hume. prrente flosfica que teve inicio com a definicdo do raciocinio, que é a operacio mental, discursiva ¢ i6qice. ‘Segundo essa correnta, orice camino para alcangar 6 conhecimento ¢ 0 pensarmento puro, livre Gas influéncias dos senticos, Entre os prncipais racionalistas encontramos Plato, Santo Agostinho, Descartes e Leibniz Eaiersdeneut | 79 Arelacao entre alma e corpo Acompanhando © pensemento de Plato, Agostinho afirma que alma © corpo so substancialmente distintos, apesar de coexistirem no mesmo ser. Préprio de mundo material, com suas instablidades e suas transformacdes constantes, 0 corpo é a parte do ser humane que constitu! sus dimensio materiale Lerrena. Do corpo, nada de eterno © estvel pode nascet, mas to = seus hor, em todas 28 pessoas nascéas depois dees. ss0 sonifcaq Jue 0 leva ao mal, 20 desejo material, 8 concupiscéncia. eee ECE LY VEO V SSPE OHHH HHHH SHEESH ERRER ESSERE ROS O nascimento do cristianismo e 0 auge da Idade Média Sendo assim, © conhecimento verdadeiro no pode ser aleancado pelos sentides, pols estes esto no corpo & participarn de sua corrupglo. © que 0s sentidos apreendem da realidade & provisério, tal como a realidade sensivel & instével, mutavel. Portanto, o conhecimanto proveniente dos ‘sentidos no é confidvel, pois os préprios sentides, estando no corpo, ndo 0 so. Mac qual ceria, anti, 2 fonte ca canihecimento verdadeiro eterno? Segundo a teoria do conhecimento de Agostinho, 0 saber verdadeiro s6 alcangado por uma ago da alma, dda mente. Tal como na taoria platnica, 2 razdo €2 Unica capaz de alcancar um conhecimento no provisério, uma realidade no sensivel, que seria, por sie em si, verdadeira e eterna. Concise que, para o hiponense, existem dois tipos de cconhecimento: o primeira, proveniente dos sentidos,refere:se 2 realidade extema e sensivel, e, por sua natureze, ¢ no necessério e mutével; € 0 outro, eterno e imutével,¢ aleancado por meio da razSo, devendo retornar para dentro do ser humano, pols ai estdo as verdades, ai esté Deus. Porém, no & possivel ao ser humano, sozinho © por seu proprio esfuryy, elcencar esses vordadee eternas. vimos que o ser humane € marcado pelo pecado e, como tal, indo consegue alcancat, por si mesmo, nada além do engano fe da iusto. Novamente, seguindo 2 linha do pensemento platénico, especialmente da “Alegoria de cavern’, é necessério {0 ser humano buscar 0 conhecimento essencilmente pela razio, Na “Alegoria da caverna’, o prisioneiro que se liberta das correntes enxerga, gradativamente, es verdades, até alcangar 2 viséo do Sol em si, 2 mais “iluminada" e perfeita das ideios, Desse modo, para Plato, o conhecimento da vverdade seria resultado, em titima insténcia, do conhecimento 0 Bem e do Belo, Seguindo essa linha de pensamento, para Agostinho, o conhecimento da verdade eterna, que habita © interior do ser humano, é resultado do Bem Supremo de Deus. Este lumina a mente humana, de modo que ¢ possivel encontrar a verdade somente com 0 auxilio dessa “iluminado". ‘Tal como acreditava Plato, para o Bispo de Hipona, ‘o conhecimenta tambsém & lembranca. Conhecer é relembrar Porém, diferentemente da teoria platonice, 2s idcias ndo existiriam previamente, mas a iluminagio divina, dando-se no presente, tomaria as verdades da sabedoria scessiveis ‘também no agora, |Assim, a Teorla da TuminacSo Divina afirme que a origem de todo 0 conhecimento verdadelro é @ mente jluminada por Deus. Agostinhe reconhece o papel da razo humana no pprocesso do conhecimento, uma vez que é ela, iurninada por Deus, que atinge a verdade, as ideias e os origens sternas de toga a realiaade. A antropologia agostiniana Embore criado & Imagem e semelhanga de Deus, 0 ser humano, na viso agostiniana, € miserével, pecador & incoerente, uma vise pessimista nascida de sua propria ‘experiéncia de vida, Agostinho, antes de sua conversio, experimentou, em sua propria vida, 2 debilidade, o limite, a fraqueza e @ incoeréncia de sua came, de sous desejos © de sua vontade, 0 que 0 fez concluir que © ser humano, sem aus e esté absolutamente & mercé de sua propria vontade © do pecado. Se, por um lade, 0 serhumano é pecador, por outro, 60 tnico| que desfruta de um privilégio inigualvel em relacio.a0s outros eres. Sendo criado & imagem e semelhanca de seu Deus, ‘oserhumano, apesar deter em sl as raizes do mal, que olevorn 20 pecado, ter também a presenga do préprioctlador em seu Interior, ¢ & nele que a pessoa deve buscar 2 forca necesséria para vencer © mal que hé dentro de si e que determina sua vontade. A vontade seria livre e, portanto, facilmente corruptivel, (0 que levaria 0 ser humano a0 mal, afastando-o de Deus, ‘necce mari, a vantade no pode ser auténome, ito 6, ndo pode decidir por si mesma, pois, dessa maneira, inevitavelmente, @ pessoa se afastaria do ber, js quea vontade poderia querer onal Ennecesséro, portante, quea pessoa se entregue de corpo eaima ‘a0 comando de Deus, 38 que viver sob o comanda da sua prépria vvontade seria um perigo & alma, No entanto, entregando-se _a0 comand dlvino, a pessoa caminharia segundo a verdade. © pecedo sé se estabelece na alma quando @ pessoa age por conta prépria, deixando que o corpo assuma © comando da vida, incluindo © pensar e © agi, ficando & mercé de suas vontades e debando a alma em segunda plano, Utlizando-se de seu lvre-arbitrio, a pessoa Inverte a ordem divine, fezendo ‘com que © mal se sobreponha ao bem, que 0 corpo s¢ sobreponha alma, caindo, assim, no pecado e ne ignoréncia. Esse pensamento de Agostinho encontra suas reizes em Plato, que, a0 falar sobre a triparticdo da alma, divide esta ‘em racional, irascvel e apetitiva, A parte racional da alma deve assumir o comando da vide e dos pensamentos, uma vez {que somente ela poderé levar 0 ser humane ao conhtecimento do inteligivel e, consequentemente, a agir de forma correta. 1H uma luta interior, em que a razSo deve controlar as demnals partes, principaimentea apettive, uma vez que esta esta presa’d rmatéra e insiste em satisfazer 05 seus desojos e vontades. Em Platéo, a razio deve ser mals forte que.o corpo, deforma que 2 pessoa trilhe o caminho da justica para encontrar a verdade. [A ela de ser “mals forte que eu mesmo” resume bem esse pensamento, como se houvesse duas forcas em luta pela peeponderéncia nn interior a pess03. Tewwterwals | QY Médulo 05 Liberdade e livre-arbitrio Em Agostinho, liberdade e livre-arbitrio se distinguem. Agir guiado pelo livre-arbitrio significa agir de acordo com seus préprios impulses ¢ desejos, fazer que se quer, sem nenhuma determinaco das atitudes. A vontade, nesse caso, quiaré a vida da pessoa, ¢ como ela no se delxa determinar pela razo, a pessoa, inevitavelmente, calria no pecado. $6 hé uma maneira de a pessoa superar seus desejos e voltar-se para Deus: quando a alma encontra refiigio no Criador que nela habita, Para Agostinho, o ser humano deve obedecer a Deus e, nesse caso, ser livre é obedecer. A aparente contradic se Gesfaz 20 compreendermos que liberdade é fazer 0 correto segundo a vontade divina, a qual, por sua vez, est em Deus € no ser humano. Considerando que Deus néo pode querer o mal do ser humano, se este 0 obedece, ele estaré sempre fazendo o bem, ndo se tornando escravo de seus desejos e de sua vontade. i i i Para Santo Agostinho, agir segundo o lvre-arbitrio, que diferencia es seres humanos dos demais animals, nla & 0 mesmo que agit com iiberdade. A Teoria da Graca Divina Estando na situagSo de pecador, na qual a alma esté dominada pelas vontades do corpo, restam poucas chances para 0 ‘ser humano. Permanecendo assim, 0 ser humano no encontraré a salvacSo, ficando fedado & danacBo, & condenac8o eterna |A concupiscéncia é resultado do proprio live-arbitrio humano. Entéo, 0 que fazer para reverter tal estado e tal destino? 82 | colecio Estudo a ~ fp p iW ~ p ? ~ p p PPP PLP PPP POPPE LE TLL EEL POLL HLLLO bbdddddbbddbbbbbdbdbb]dbdbbd DODD OODOOS bdbdbdbubi O nascimento do cristianismo e o auge da Idade Média ‘Segundo Agostinho, a salvaco no é resultado do querer humano nem uma recompensa pelas boas acdes, mas sim uma graca superior concedida por Deus 0s seus eleltos. ‘Aqul se encontra 0 ponto mais controverso da doutrina agostiniana, denominada de Teoria da Predestinagéo Divina, Segundo esta, para que a pessoa alcance a salvacdo eterna, so necessérios dois requisitos: 0 esforgo pessoal {do sujelto, que busca viver ae acordo com a vonitaué divine, e a grace de Deus, concedida somente a alguns eleitos. Dessa forma, para obter a salvagio, é necesséria a unio dessas duas dimensées, pols uma sem a outra € estéril Assim, Se a pessoa, mesmo se esforcando no caminho da santidade, seguindo corretamente os mandamentos divinos, no for um elelte, um predestinado, ela nfo seré salva, isto 6, no desfrutaré das benesses ¢ da graca de estar junto de Deus apés a morte. A graca precede todos 08 esforgos de salvacio e seu instrumento necessério. Essa teoria € um dos aspectos que geraram mais polémicas a respeito da doutrina agostiniana. Assim, epeser das influéncias de Agostinho na estrutura © noe fundamentos da cultura e da religiéio cristS ocidental, a Igreja Catélica ha multa culdou de reverter tal Idela de predestinacdo em sua doutrina. A Teoria da Pradestinacdo Divina foi 0 motivo de um dos grandes confrontes da vida de Agostinho. Pelagio (360-420 4.C), monge contemporaneo de Agostinho, efendia que a salvacio do ser humano seria fruto de seu ‘esforgo pessoal e da pratica de boas obras (Pelagianismo) ‘Assim, 0 ser humano deve se autodeterminar em suas Bes. Essa doutrina, na énoca, foi classificada como heresia pelo papa Z6zimo, no Concilio de Cartago, em 417, porque, de acordo com ela, 0 ser humano poderia ser salvo pelo seu préprio esforca e dedicacdo, desconsiderando, assim, a necessidade da graca divina (predestinacéo). Agostinho combateu veemente tal teorla, que perdurou por muitos ‘séculos nos circuls Mlaséficas € teolégicos do cristianismo, influenciando Calvino (1509-1564), quando ele defendeu que, para a salvacio humana, bastava somente a vontade divina manifestada na concesséo da graca, uma vez que 0 ser humano, por si mesmo, é pecador e indigno de estar junto do Pai apés sua passagem pela Terra. Tal dualidade, pregada pela Teoria da Predestinacdo Divina, 0 ceme do pensamento agostiniano expresso na obra A cidade de Deus. Nesta, 0 Doctor Gratiae expe 0 dualismo entre alma e corpo, terra e céu, espirito e materia, Imutdvel e mutvel, sensivel e inteligivel, afirmando que a vida terrena, a “cidade dos homens", onde estéo @ concupiscéncia, 0 pecado, o mal, 0 egoismo, caracteristicas préprias da matéria, é contréria 4 “cidade de Deus", onde esto a graca, a oléria © a vida plena, realmente feliz fe verdadetea, O tempo Para Santo Agostinho, 0 tempo sio trés dimensdes do presente. A questo do tempo ocupa lugar central na flosofia| agostiniana, uma vez que, como dito anteriormente, a beatitude, 2 felicidade @ 0 estado de graca relacionam-se Intrinsecamente a esse concelto. Agostinho afirma, em seu livro A Trindade, que nés sabemos que todas as pessoas querem ser felizes. A Felicidade & o fim a felicidade ndo se 8 na mobilidace, ou melhor, no se alcanca o estado de vida feliz por melo das coisas mutaveis e transitérias da “cidade dos homens", mas somente tendo em imo da existéncia humana. Porém, vista algo de eterno e permanente. A Felicidade no admite a mutablidade, por eso 0 Bispo de Hipona afirma, em seu livro A vide fellz, que é "necessério que se procure por um bem permanente, livre das variagies da sorte e das vicissitudes Portanto, 6 mister & felicidade a posse de algo perene, eterno, livre das varlacies temporais. “Ora, todos esses bens sujeltos @ mudanca podem vir a ser perdidos. Por conseguinte, aquele que os ama e os possul no pode ser feliz de modo absolute.” a vida". Editora Bernoulli | 83 Médto 05 ‘Assim, 2 Felicidade 6 pode ser encontrada no tinico bem permanente e eterno, 0 préprio Deus: “quem possul a Deus & feliz!" S6 Ele esté livre das transformacées, da mutablidade, uma vez que 6 eterno. Para Agostinho, Deus & aquele “aujo movimento no se pode dizer que foi, que ja no € ou seré ‘© que ainda no &, Desse modo, @ felicidade consiste na comunhéo que 0 ‘ser humano, mutével e temporal, estabelece com Deus, ‘ser Imutével, eterno @ atemporal, que se faz presente no interior do préprio ser humano: "Se alguém quiser ser feliz, deveré procurar um bem permanente, que no Ihe possa ‘er retirado em algum revés de sorte” (Os bens erlados, por sua vez, so perecivels e mutéveis; ‘80 criados no tempo e, por Isso, assumem a caracteristica da mutabilidade, da mudanga constante. O préprio tempo, ‘segundo Agostinho, sendo criatura, € passageiro: “Como 0 tempo passe, porque & mutavel [.... © fdsofo também afirme, no texto Comentéria literal 20 Génesis, que o"tempo também é uma criatura e, por isso, teve um principio endo & coeterna com Deus” Nesse ponto, compreendemos que a beatitude, {2 verdadeira felicidade, nfo pode estar nes coisas criadas no tempo, pois este & passageiro e fragmentado, assim como. ‘as colsas que nele existem. Camo Deus ndo est no tempo, cele € 0 dinico Bem Supremo, criador de tudo a partir do nada ‘© 0 Gnico capaz de proporcionar ao sar humano a beatitude. (0 tempo, criacio de Deus, ¢ abordado de manelra singular or Santo Agostino, pois, segundo ele, é muito comum queas pessoas compreendam o tempo dividida em passado, presente ‘efuturo, Para ele, esas trés dimencSes fazem parte de nosso cotidiano e, costumeiramente, pensamos o dia, 0 més, © ano, enfim, a vida, sob esta perspectiva: Passado: sucesso de fatos que jé aconteceram. Presente: sucessio de fatos que esto acontecendo, Futuro: sucesso de fatos que ainda iro acontecer. Porém, essa forma de entender 0 tempo ndio é precisa Desse maneira, Agostinho afirma: Agora esté claro @ evidente para mim que o futuro ¢ 0 passado ndo existem, e que nao & exato falar de trés tempos = passado, presente e futuro. Seria talvez justo dizer que © tempo sio trés, isto &, 0 presente dos fatos passados, © presente dos fatos presentes, © presente dos fatos futuros. Esses trés tempos estio na mente e no os vejo fem outro lugar. O presente do passado é a meméria © presente do presente @ a visto, O presente do futura & 2 espera /AGUSTINHU, Connssaes. | AQUGAO Oe J. vei Santoss A. Ambrtsio de ina. Sa Paul! Nova Cutural, 2000. 11,20, 26. ‘Agostinho admite a existéncia somente do tempo presente, pois este € © agora, aquilo que acontece no instante, (© passado nada mais é do que 2 meméria dos fatos jé ocorridos e relembrades no agora, no presente, por Isso ele se refere 20 ppassado como "o presente dos fatos passados’, E 0 presente, o que €? 0 presente é 0 momento. Agora, neste instante, ele &, no instante seguinte, i$ no é mais, tomou-se ppassado. E um tempo to imediato que no pode sequer ser metido, 0 tempo presente no tem nenhum espaco, € 0 presente das coisas presentes. 84 | colecio Estudo VEKSE EHS EGTA EGE SSH EEEE HERES Eee ERE S ERR ROD O nascimento do cristianismo e 0 auge da Idade Média EE quanto ao futuro? Se no existe passado, existindo somente ‘as lembrancas dos fates j6 ocorridos, trazidos a0 presente pela meméria,ofutura néo pode ser ao menos trazido @ meméria no presente, uma vez que ele sequer aconteceu. Do futuro sé temas 2 expectativa de sua chegada. Por isso, Agostinho se refere a0 futuro como "presente das coisas futures’, isto é, 2 expectatve, 2 espera por aquilo que vird. ‘Assim, Agostinho, no livro Confissdes, conciui a andlise do ‘vamp proponeia uma nova terminolocia: (© que agora claramente transparece é que nem hi tempos futuros nem pretérites.€ impréprio afrmar que os tempos, sBo trés: pretérto, presente e futuro. Mas talvez fosse prépro dizar que os tempos s8o trés: presente des coisas passadas, presente das presentes e presente das futuras. Exlstem, pois, estes tr&s tempos na minha mente que ro vejo em outra parte; lembranca presente des coisas passadas, visto presente das coisas presentes e esperanca presente das coisas futures. Se me é lcto empregartais ‘expresses, velo enti trés tempos e confesso que sao rs. [AGOSTINHO. Confcses. Tradusio de 3. Olvera ‘Santos € A. Ambrisio de Pina. Sdo Paul’ Dessa forma, podemas concluir que, segundo Agostinho, nao ha trés tempos, mas sim trés dimensées do presente que se relacionam ou @ meméria, ou 20 instante, ou & expectativa. EXERCICIOS PROPOSTOS 01. (Uncisal-2013) A Filosofia Medieval tem, na Escoldstice, seu principal momento, Nela, continua ocorrer @ subordinacko da razéo a fé, sempre seguindo a doutrine cristd. Em sua formacSo, contudo, entraram outros ‘lomentos que nn aram e#tet308 Dentre as opgées a seguir assinale aquela que traz alguns esses elementos. 1A) Signifcativa infuéncle do pensamento de Averréis, de fvicena e de Maimonides. ) Superioridade das verdades humanas sobre os verdades reveladas. CC) Negagie total das prncipios dalticos, que cotrompem ‘a coutrina e pervertem a esséncia religiose da Igrejo catoica ) Desvinculagie dos Interesses catblcos, 8 mecida que fundamenta 0 conhecimento recional advindo das universidades medievais. ) Pouca importéncia dada 20 pensamento platénico, antes Pho Infuente na Patistica. 02. (Uncisal-2012) A flosofiade Sarto Agostinho é essencelmente uma fusdo das concepsses crist8s com 0 pensamento platnico, Subordinando & razBo & f&, Agostinho de Hipona ‘afirma existrem verdades superiores ¢ inferires, sendo as primeiras compreendidas a partir da ago de Deus. Come se chama a teoria agostiniene que afirma ser a ago de Deus ‘que leve ohemem a ating as verdades superiores? |A) Teoria da Predestinago ) Teoria da Emanacao. 8) Teoria da Providénela €) Teoria da tluminagao ©) Teoria Dualista 03. (UFU-MG-2012) Na medida em que 0 Cristlanismo se consolidava, @ partir do século Tl, vérios pensadores, convertides & nova Fé e aproveltando-se de elementos de filosofia greco-romana que eles conhieciam bem, comecaram a elaborar textos sobre 2 fé e a revelagio ists, tentando uma sintese com elementos dafilsofia ‘rega ou utlizando-se de técnicas e conceltos da flosofia ‘orega para melhor expor as verdades reveladas do Cristlanismo. Esses pensadores ficaram conhecidos ‘como 0s Padres da Igreja, dos quals o mais importante. 2 escrever na lingua latina foi Santo Agostinho. CCOTRIM, Giberto. Fundamentos de Flos ‘Ser, Saber e Fazer. S50 Paul ‘Seve, 1996. p. 120 (AdoptogSo). Esse primeira periodo da filesofia medieval, que durou de séeulo I 20 séeulo X, ficou eonhecido como A) Escoléstica. ) Antiguidade tarda. 8) Neoplatonismo, ) Patristica (04, (UFU-MG-2011) Segundo o texto a seguir de Agostinho de Hipona (34-430, C.), Deus ca todas as coisas a partir de modelos imutiveise eters, ue so asielasdivnas. Essas ideias ou raxdes seminais, como tamvém s80 chamadas, no existe em um mundo & parte independentes de Deus, mas residem na prépria mente do Cradr, [.n]amesma sabedoria divina, por quem foram criadas todas as coisas, conhecis aquelas primeiras, divinas, immutSvele a atarac ea7ses de todas as colsas. antes de serem criadas [1 ‘Sobre 0 Ginese, V. Considerando as Informacées anteriores, € CORRETO afirmar que se pode perceber |A) 2 modificagéo, falta por Agostinho, decertasideias do caistenismo a fim de que este seja concordante com 3 flosofia de Plato, que ele considerava a verdadeire. 1B) uma critica radical filosofia platOnica, pois esta é ‘contraditéria com af crist ©) 2 infludncie da flosofa platénica sobre Agostinho, ‘mas esta é modiicada aim Ge concordar coma doutrine criss, ) ume crtica violenta de Agostinho contra 2 flosofis em geral Gaon benoat | BB Médlto 08 os. 06, (UEG-GO-2011) A casa de Deus, que cremos ser uma, est, pos, civdida em trés: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham, BISPO ADALBERON DE LAON, século x, apud LE GOFF, Jacques. A c\vlizego do ockente medieval Lisboa! Edtoal Estampa, 1984. p. 45-46 A secledade do periade medieve possula, come uma de suas caracteristicas, a estrutura social extrememente rigida © segmentada. A sociedad dos homens era um reflexa da sociadade aivina, Essa estrutura é uma heranca a hlosona |) patrstica, de Santo Agestinho. 2) escoldstica, de Abolardo. ©) racionalista, de Prats. D) elalétea, de Hegel. (UFU-MG-2010) A filosofia de Agostinho (354-430) & estreitamente devedora do platonismo cristo milanés: foi nas tradugSes de Mario Vitorino que leu os textos de Plotino e de Porfirio, cujo espritualismo devia aproxims- lo do cristlanisma, Ouvindo sermBes de Ambrésio, Imiuenciados por Piotino, que Agostinno venceu suas Litimas resisténcias (de tornar-se cristdo) PEPIN, Jean, Santo Agostino e a patitica ocidental Tn; CHATELET, Frangos (Org.) A Fosofia medieval. lo ce lanero: ZaharEakores, 1983. p. 77. ‘Apesar de ter sido influenciado pela Flosofia de Platéo por mela dos escritos de Plotina, © pensamento de ‘Agostinho apresenta multas dferencas se compareco 80 pensamento de Plato. Assinale@ alternative que apresents, CORRETAMENTE, uma dessas diferencas, |) Para Agostinho, € possivel ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro, enquanto, sara Plato, 2 verdade a respelto do mundo é inacessivel a0 ser humane. 8) Para Plato, a verdadelra realidade encontra-se no mundo das Téelas, enquanto, pare Agostino, nBo existe nenhuma realidade além do mundo naturel fem que vivemos. CC) Para Agastinho, a alma éimertal, enquanto, para Plato, 2 alma ndo mortal, j8 que é apenas a forma co corpo. 1) Fara lato, oconhecimento &, na verdade,reminscénci, ‘alma reconheceas deias que ela contemplau antes de nascer; Agostinho az que o conhecimento é resuttado da Tuminacio divina, a centeiha de Deus que existe ‘em cada um, 07. os. (UFU-NG) Leia trecho extraido da obra Canfissdes. ‘quem nos mostraré @ Bem? Oucam a nessa resposta: Esti gravada dentro de nés a luz do vosso resto, Senhor. INés no somes @ luz que llumina a tede homem, mas somos iluminados por Vés. Para que sejamos luz em Vos 1 que fornos outrora trevas. SANTO AGOSTINHO. ConfssSes JX. So Paulo Nove Cultural, 1987. 4 10 p. 158, (Os Pensadores) Sobre a doutrina da lluminagSo de Santo Agostinho, ‘marque @ alternativa CORRETA. 1A) A TeraciagSo da luz divina faz com que conhecamos imediatamente as verdades eternas em Deus. Essas verdades, necessérias e eternas, nfo estdo no interior do homem, porque seu intelecto & contingente e mutavel 8) A irradiagao da luz divina atua imediatamente sobre 0 intelecto humano, deixando-o ativo para © conhecimento das verdades eternas, Essas verdades, necesséiias © imutdvels, ext8o no interior de homem, ©) Ametafora da luz significa a acdo divina que nos faz recordar as verdades eternas que a alma possula antes de se unir 20 corpo. ) Ametéfora da luz signifce @ aco divina que nos faz recordar as verdades eternas que 2 alma possula © que nela permanecem mediante os ciclos da reencarnacéo. (UFU-NG) Agostinho escreveu a histéria de sua vida 20s 43 anos de dade. Nes Confissdes, mals do que 0 relato da conversdo 20 cristianismo, Agostinho apresenta também as teses centrais da sua flosofa, Tanto é assim ue, 20 narrar os primeiros anos de vida e a aquisigéo da linguagem, 0 autor jéfazia mencéo& teoria da iluminago dlivina. Vejamos: Nao eram pessoas mais velhas que me ensinavam ‘as palavras, com métodos, como pouco depois o fzeram para as letras. Gragas & inteligéncia que Vés, Senhor, me destes, eu mesmo aprendi, quando procurava ‘exprimir os sentimentos do meu coracéo por gemides, frites © movimentos diversos dos membres, para que ‘obedecesser 8 minha vontade. [AGOSTINHO. Confissdes. Traduca de J. Olvera Santos @ [A Ambréio de Pina, SSo Paul: Nova Cultural, 1987. p. 35. 86 [ tee Esato VOMIT TOPNNOECHOHHDONOONHHHCHHCLCHHCHCHLOTTCOCE 4 adoode bbbibbbibbibibbbbbubbbbbdbbbbbbbbdbdbd n Dibcbbub bbb bed cdebebebebad O nascimento do cristianismo e o auge da Idade Média Analise as assertivas 8 seguir. 1. A condigéo humana & mutével e perecivel, por isso no pode ser a mestra da verdade que 0 homem busca conhecer, cu seja, 0 conhecimento da verdad Bo pode ser ensinado pelo homem, somente & uur imutavel de Deus pode conduzir & verdede. TL A Inteligéncia, dada por Deus, é Idéntica & Luz limutvel, que conduz ao conhecimento da verdade, _ambas proporcionam a certeza de que oentendimento human é divine e detado da mesma forca do Verbo Ge Deus, que a tudo crou, L.A azo humana & lluminada pela luz interior da verdade, Assim, Agostinho formulou, pela primelra vez, na historia da filosofia, 2 teorla das Idelas inatas, cuja existéncia @ certeze so independentes ‘© euttnomas em relagio a0 intslecto divina. Iv, © conhecimento daquilo que se dé exclusivamente 8 inteligéncia no é aleangado com as palavras de ‘outros homens, porque elas soam de fora da mente ‘de quem precisa aprender Portail, esta verdade 36 6 encinada pelo mestre interior Assinale @ alternativa que contém as assertivas VERDADETRAS. a) tell 8) lev ©) vem ) ew (UFU-MG) A teorla da lluminacio divina, contribuigso original de Agostinho & filosofia da cristandade, ‘olinfuenciaga pela losafia de Plato, porém,clferencia-se ela em seu aspecto central. -Assinale a altemativaa seguir que explicita esta diferenca, |A) A fllosofia agostiniana compartilha com a flosofia, platénica do dualismo, tal como este foi definido por ‘Agostinno na “Cidade ce Deus” Assim, luz da teorie da iluminaglo esta situada no plano suprassensivel f¢ 96 & alcangada na transcendéncia da existéncia terrena para a vida eterna, 8) A teoria da iluminado, tal como sugere o nome, esté fundementada na luz de Deus, lu? interior dada 20 hhomem interior na busca da verdade das colsas que ‘no sBo conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo, (que ering © hebite ny homer Interior 10. aa C)Agostinho foi cantemporanes da Terceira Academia, recebendo os ensinamentos de Arcesilau © Carnéades, 0 que resultou na posigao dogmatica do fldsofo cristo quanto & impossibilidade do conhecimento da verdade, sendo © conhecimento humane apenas verossfiil. ) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento rela repousa, Assim, a posicao de Agostinho afasta-se da filosofia platénica, 20 admitir que a alma possui ume existéncia anterior, na qual ela contempiou 2s idelas, de modo que o conhvecimento de Deus é anterior 8 existencia (UFU-MG) Sobre a Filosofia Patristica (séc. 1 20 sé, VIE d.C.), assinale a alternativa INCORRETA. 1A) Fé @ razBo s8o lrreconcilidvels porque pertencem ‘a dominios distintos, Isto , 8 f& convém cuidar apenas da salvacio da alma eda vida eterna future, nario convém euidar apenac dac coisas 60 mundo 2) Fée raze sfo Irrecondiiéveis porque a fé € sempre superior & razao. ) Fee razBo so concldveis, mas a fé deve subordiner a razto. ) Fé e razio s8o concillévels porque Deus, crlador perfeito, no intraduziu nenhuma discérdia no interior da homer. (UFU-MG) A Patristica, Filosofia cristd dos primeiros séculos, podria ser definida como & |A) retomeda do pensamento de Plato, conforme os modelos teoldgicos da époce, estabelecendo estreite relagio entre Filosona e religizo. 8) configuracie 6e um nove horizonte filoséfico, ppropesto por Sante Agostinho, inspirado em Platlo, de modo a resgater @ importancla das coisas sensiveis, da materialidade. CC) adaptagio do pensaments arstotélic, conforme os moldes teoldgicos da época. 9) criagéo de uma escola fileséfica, que visava ‘combater os ataques dos pagdos, rompendo com © duslieme grogo: Fara Bernall | 87 SOFIA FILO: ee BEY escu1005 12, (UFU-MG) Sobre a doutrina da luminacSo divina de Santo ‘Agostino, considere o conteido das assertivas a seguir: 1 Alluminagio divina cispensa ¢ homem de terintelecto préprio. I, Alluminagéo divin capacita@intelecto humano para entender que hé éeterminada ordem entre © mundo criado @ a8 realidades inteligives. LL. Agostinhe nomeia as realidades inteligivels de forma Pouce precisa como, por exemplo, ideia, forma, espécie, regra ou razio e afirma, platonicamente, que essas realidades 6 foram contempladas pela alma, IV. A lluminacgo divina exige que © homem tenha Intelecto préprio, a fim de pensar corretamente os conteddos da f8 postos pela revelacéo. Assinale a alternative que contém somente as afirmacées CORRETAS. A) Went omew 8) Tel D) Mel 13. (Uncisal-2011) Ums das oreocupacies de certa escola ‘loséfica consistu em provar que as Ideas platBnicas ou ‘os péneros ¢ espéciesaristtilices sao subst&nclas reals, ‘Tiadas pelo intelecto © vontade de Deus, existindo na mente divina. Reflexes dessa natureza forem realizadas, majoritariamente, no periodo da histria da flosofa 1A) pré-socrética. _D) modem. 5) antiga ©) medieval E) contemporsines, SECAO ENEM 1. (Gnem-2001) Otexto2 seguirreproduz parte de um cislogo centre dois personagens de um romance. = Quer dizer que a Idade Média durou dez horas? ~ perguntou Sofia, = Se cada hore valer cem anos, entéo sua conta esté certa, Podemos imaginar que Jesus nasceu & meia- noite, que Paulo salu em peregrinago missionéria pouco antes da meia noite e meia e morreu quinze minutos depois, em Roma. Até as trés da manna a {8 cristal foi mais ou menos proibida. (..] Até as 0ez horas as escolas dos mosteiros detiveram @ monapélio dda educacSo. Entre dez e onze horas so undadas as primelras universidades. CGAARDER, Jostein. O muna de Sofa: romance da Htca da ices, So Paulo: Cia ae Ltrs, 1987 (adapta). 0 ano de 476 dC, ép0ca da queda do Império Romano do Ocidente, tem sido usado como marco para 0 inicio da Idace Média, De acord com a escala de tempo apresentada no texto, que considera como ponto de partida 6 inicio da Era Crist, pode-se afirmar que |A) as Grandes Navegacses tiveram inicio por volta das ‘uinze horas, B) a Idade Moderna teve inicio um pouco antes das dez horas. ©) © cistioisma comesou 2 ser propagado na Europa no inicio da Tdade Médla, 1) as peregrinagies do apéstole Paulo ecorrera apis 0s primers 150 anos da Era Crist )_osmosteros pederam 0 monopélo da educaco no fra a Ieade méci, GABARITO Propostos oA a € 03> oc 05.8 05. > on. 8 10. D aA A me Enem rary BR | cotecso Estado PPPL PEELE ELELE PEPE EEL L EEO EEEELELELLLL ELL LLL, Vdd ESA SEI KHH KODE EEEE EERE EEE EEE FILOSOFIA Escolastica: do auge a decadéncia da Idade Médiaea MODULO 06 formacao do mundo moderno A ESCOLASTICA E SAO TOMAS DE AQUINO Contexto histérico ‘Apés a queda do Império Romano do Ocidente, a Europa se tornou um territério marcado pela fragmentagao politica, geogréfica, econémica, linguistica e cultural. Desde Santo Agostinho até os séculos XI e XII, ndo se ‘vlu uma produgdo filos6fica que pudesse ocupar lugar de Importancia para a histéria da Filosofia. Santo Agostinho foi considerado o tltimo dos pensadores antigos (devido ‘20 tempo histérico em que viveu e produziu sua flosofia) © o primairo pensador medieval (devido ao caréter de sua producéi filoséfica, que buscava uma comunicacéo entre a religige cristé, com suas verdades, e 0 pensamento antigo, principalmente o plat6nico). Em virtude d3 formacdo dos reinos bérbaros na Europa Ocidental, consolidados algum tempo apds a queda do Império Romano, no houve, pelo menos em um primeira mamento, qualquer preocupacdo com a Filosofia, Diante dese nove cendrio mundial, marcado pela queda do poder pela unidade politica garantidas pelo Império Romano, a Tgreja, que ganhava forca, prestigio, riqueza © poder desde 391, devido a oficializagdo do cristianismo como religigo co Império, tornou-se a Gnica insttuicdo forte & ‘capaz de ocupar um papel de destaque nesse novo contexto. Dessa forma, a cultura e a educagéo torneram-se praticamente restritas a religifo. As obras e os textos da [Antiguidade Clissica greco-romiana forem mantidos, em sua ‘maloria, tendo em vista sua afinidade com o pensamento cristo, nos masteiros, que se tornaram centros de culture @ de preservacéo do saber. All, os monges copistas, responsiveis por fazer as cépias manuscritas dessas obras, contribuiram de forma decisiva para a preservacio e cifusao dessas obras, Jé que a Imprensa sé seria inventade na plimeie metade do século XV. ARenascenca Carolingia Ao longo do tempo e de maneira gradativa, 0 mundo europeu comesou a se reestruturar. Uma des grandes contribuigées para a fllosofia medieval foi a formagao do ‘Sacro Império Romano-Germénico, no inicio do século 1X. No ano 800, Carlos Magno foi sagrado imperador pelas ‘mos do entéo Papa Lego Ill. Com o intuito de formar lm Estado forte e consolidado, Carlos Magno promoveu @ Renascenca Carolingla, fato que marcou definitivamente 2 Idade Média e o inicio da Escoléstica. Na intencao {e formar pessoas capazes de exercer caryus pablus fem fungBes administrativas, educacionais e culturais fem seu Império, Carlos Magno buscou, na Antiguidade Cldssica, 0s conhecimentos necessérios para que seu ‘governo fosse realmente consolidado. Nesse momento, tele perceneu ser necessério educar e formar pessoas intelectualmente preparadas para as funcdes do governo. Fundou, ento, as chamadas Escolas Palatinas, nas quais 2 Filosofia teria uma funcao determinante. ‘Além de fundar essas escolas, a Renascenca Carolingia foi responsével por organizar 0 ensino, dividindo-o em dois segmentos: o trivium (Gramética, Retérica e Logica), fem que os estudos estavam mais voltados para 2 linguagem, e o quadrivium (Misica, Geometria, Aritmética € Fisica), em que os estudos estavarn mais voltados pare ‘as cignclas mateméticas. Trivium e quadrivium também foram chamados de as “trés vias” e as “quatro vias", respectivamente. Uma figura de suma importncia nessa formagéo ¢ consolidagao do ensino foi 0 monge Alcuine de York (730-804), que, em 781, fora chamado pelo imperador Carlos Magno para dirigir @ Escola Palatina e transformou- se no organizador dos estudos dentro do Império Franco. Fol ele quem ordenou 0s estudos segundo as sete disciplinas ‘u artes liberais, do trivium e do quadrivium, chamando-2s de as sete colunas da sabedoria. Dante de todo contexta histérico exposto e de sues nuances para a Fllsofia, pademos afirmar que o periodo conhecido ‘como Escoléstice, iniciado por volta dos séculos XI e XII, rofere-se a toda a producio filoséfico-teolégica presente ras escoles e também a todas as pessoas que pertenciam ‘a uma escola especifica ou que se identificavam com o ‘eu poncamente. eas teveat [BQ Mésuto 06 O problema filosdfico da Escolastica © objetivo central da Escoléstica era o mesmo da Patristica: compreender, racionalmente, aquilo em que se acreditava por meio da revelago. A funglo do pensamento produzido na Escoldstica era a de explicar, na medida do possivel, tal verdade por meio da inteligéncia humana ¢ da ajuda de Deus. Tudo o que ultrapassave essa intencéo debxava de ser verdadeiro, e quem julgava 2 verdade era 2 Igreja, me © mestra dos seres hurnanos. ‘Outro aspacto importante da Escoléstica é 0 fato de que seus representantes no se dedicavam a criar nada de novo, rio havendo, absolutamente, 2 intencio de cbter novas verdades, novos conceitos ou novas doutrinas. O principal objetivo se restringia a compreender a verdade revelada. Assim como na Patrstica, os intrumentos para tal explicaco e compreensio foram retirados da filosofia cléssica, principalmente de Piatdo e Aristételes. Desse modo, a Filosofia era somente um caminho ue servia & fé, motivo pelo qual a Filosofia era considerada escrava da fé nesse perfodo, © pensamento escoléstico pode ser dividide nas seguintes fases: igeasieniees ‘hs fases 80 pensamento estoltstico “he Sp iy Pa Adenia 94 armonia ais simon ds ae isohgi da Essie, que eta enn rand rans dferencas entre sitamasflesfics er els ingionoaporcimen de oe fesse oleae se aincasuehciea ah gubgurens que uscavam expla a fé &fendiam aso ‘por mes a raz, cre rans eu 39, que ricgninone aicuition sronbne fe nanyainn oor ints por trata ce just iamerranante ests. O surgimento das universidades Entre os séculos XI e XIII, as escolas fundadas na Renascenca Carolingla comegam a se configurar como universidades. No inicio de suas fundacGes, as universidades nao eram centros de estudos, mas uma espécie de associacdes corporativas, tal como sindicatos, que se preacupavam em defender e garantir os interesses de uma determinada classe de pessoas. ’s primeiras universidades foram a de Bolonha (Itélia), fundada em 1088, @ 2 de Paris (Franca), fundada por volta de 1170. [A Universidade de Bolonha fol organizada por uma corporacio de estudantes; jé a de Paris fol fundada por uma espécie de ‘corperacio mista, formada por estudantes @ mestras, 90 | eames TOTP PHOHHHHHEL HEC LOCH CEECEELELEL EEE EEE EEE dddddddddddddDdD ddd ddd ddd db ddd Odd OOO Escolastica: do auge a decadéncia da Idade Média e a formacao do mundo moderno “Todas as universidades estavam sob a influéncia da Tgrej2, que redigia seus estatutos a fim de limitar tudo 0 que se pensava e se produzia em seu interior, Contudo, com 0 tempo, 1a produgée filoséfico-teolégica das universidades ndo se conteve, manifestando seu cardter questionador, chegando a criticara prépria Igreja. Assim, as universidades acabavam por deter uma certa “liberdade” em relagdo as escolas, ‘0 genhar cada vez mais notoriedade, desvinculando-se do Selo da Universidade de Bolonha, 2 mais antiga do mun¢o, fundada em 1088. Dols foram os efeitos da fundacdo das universidades para © erstianismo: O surgimente de um grupo de mestres, que poderiam ser sacerdotes ou leigos, aos quais a Tareje confiava a tarefa de transmit a doutrina cristé, Sse, até entdo, a tarefa de ensinar estava somente nas mos da hierarquia eclesléstica, agora havia um terceiro poder além do eclesidstico e do régio, o dos intelectuais, que exerceram papel importante na formacéo cultural da sociedade. Ii) A abertura das unlversidades para que estudantes fe mestres de qualquer classe social pudessem ter ‘acesso ao ensino @ ao estudo, Apesar de, mais tarde, as universidades se tornarem aristocrdticas, em um primeiro momento, elas eram populares, de modo que os filhos de camponeses © de artestis e outros jovens pobres, com o auxilio de beneficios, incentivadares, como isencao de taxes, bolsas de estudo @ alojamento gratuite, podiam ingressar e terminar seus cestudos na instituiggo. Uma vez membro de uma universidade, _asdiferencas entre classes socials praticarmente desapareciam. Assim, os estudantes eram diferenciados, sobretudo, pela cultura adquirids © pelo conhecimento acumulado & demonstrade no dia @ dla da Jectio-disputatio, o que Ihes garantia a quelidade de "nobres” Paralelamente as unlversidades de Bolonha de Paris, ‘outros centros de estudos surgiram em toda a Europa: Oxford, na Inglaterra (1167); Padua, na Itélia (1222); Népoles, na Telia (1224); Cambridge, na Inglaterra (1730), entre outras. epresentacio de uma ldo por Henricus de Alemania em uma Universidade medieval. (0 corpo doutrinério conhecido como Escoldstice se construiu dentro desses centros de estudos, primeiramente nes escolas (scholae) e, posteriormente, nas universidades (universtes) Devido 20 apurado senso critco @ grande capacidade légica desses intelectual, cresceu a necessidade de compreensio da f. Howve, assim, mais do que na Patrstica, uma tentative de aplicagdo da razdo a0 campo da é, buscando uma sistematizacio as crernas relyivsas. Contudo, a raze continuava sarva ds fé, de forma que 2 Filosofia servia & Teologia apenas para a interpretagso (exegese) da Biblia Sagrada e para 2 sistematizacdo doutrindria (referente aos dogmas da Igreja). Dessa forma, 2 utilizagdo dos textos classlcos de Plato e de Aristételes era felta de forma seletiva (j4 que nem tudo servia & fé cristé) 2a fim de encontrar argumentos para a defesa e explicacéo da. objetive era mostrar que as verdades reveladas no eram contrérias 8 re2o, sendo possivel encontrar, na racionalidade: humana, sua perfelta realizago enquanto mensagem ce Deus aos seres humanos. caortermitt | 94 Méduto 06 SAO TOMAS DE AQUINO EO ARISTOTELISMO CRISTAO ‘So Tomas de Aquino, o Doutor Angélic, titulo recebido como Doutor da Tgreja. Suas idelas esto entre as mals importantes que comedem a base doutrindria da lgraja Catdlica. (© pensamento de Tomas de Aquino (1225-1274) 6 reconhecido por muitos tedricos como um dos mals bem ‘laborados da histéria da Filosofia. Dentre suas indmeras ‘obras, desteca-se a Suma Teolégica, em que o pensador discute 512 questées acerca do mundo natural e do mundo spiritual. Inspirando-se em Aristételes, desenvolveu um pensamento Iégico que representa uma das mais slgnificativas sinteses entre cristianisme e Filosofia Uma caracteristica da flosofia de Tomés de Aquino é a dde opor argumentos acerca de um mesmo problema, tendo ficado conhecido por sua honestidade intelectual. 0 Fiésofo, 20 expor um problema em relacdo a fé cristd ou a Deus, no escondia os argumentas contrérios em relago & questa0, discutida, trabalhando tanto os pontos positives quanto os, rnegativos, buscando encontrar, pela raz8o, a solucéo para 2 questao discutida. Néo tinha medo da verdade, pois tinha conviceBo de que, em iiltima instancia, a verdade da razdo 1o poderia contrariar a verdade da fé. Arelacao entre fé e razao Diferentemente de Agostinho, para Tomas de Aquino, «2 pessoa pode e deve pensar por conta prépria, inclusive ;podendo alcancar verdades sobre o mundo utlizando somente sve rezéo natural, sem 0 auxilio de Deus. Fé e razio so Inseparéveis, complementam-se na medida em que 2 raz0 leva é f&e esta, nor sua vez, é racionalmente comoreendida. | A Filosofia tem, portanto, sua autonomia, mas no pode dizer tudo sobre o que esté investigando, sendo incapaz, de conhecer tudo © que se tem para ser conhecido. De forma anéloga, para o filésofo, & a Fé que qualifica & raz8o. Assim, segundo Tomés de Aquino, 0 conhecimento filoséfico ¢ parcial e necessita da Teologia para conhecer completamente as coisas. ‘A fé, portanto, melhora a raz8o, assim como a Teolosia melhors a Filecofa. A grace no suplonte, mes aperfeicoe a natureza. E isso significa duas colses i) a Teologia retifica a Filosofia, no a substitu, assim ‘como a f6 orienta 2 razio, nao 2 elimina; ii) a Filosofia, come predmbulo da Fé, tem sua ‘2utonomia, porque é formulada com instrumentos © métodos ndo assimiléveis 20s da Teoiogla, REALE, Giovann. HStra do Filosofia: Patrica .@ Escolstica, So Paula: Paulus, 2007. p. 213. Para Tomas de Aquino, no hé contraposicéo entre fé € rezio. Pelo contrério, para ele, hd verdades que dizem respelto a problemas simples, sendo, por isso, acessiveis, ‘20 ser humano por meio da razéo natural, e hd outras que 1ido so acessiveis pela razo, como as verdades sobre a cexisténcia de Deus. Peta Turnids de Ayuiiu, o que urre todas {aS pessoas, cristas ou no, € a razio, comum a todos, por meio da qual haveria um encontro de vontades e de verdades, base de um conhecimento teolégico posterior A teologia de Tomas de Aquin as cinco provas da existéncia de Deus ‘Ao elaborar as cinco provas ou vias da existéncia de Deus, 3 intencSo de Tomas de Aquino era provar, de forma racionel e necesséria, que Deus existe. Para tanto, o flésofo partiv dda existénci dos seres reais no mundo, para, dai, alcancar {2 Deus, partinde no do ser em si, Deus, fundamento e forigem de todas as coisas, mas deste sendo a base para a cexisténcia de tudo. i) Aprimetra via ou a via do movimento: Esse argumento antecipa, de alguma maneira, os demais, principalmente o segundo e o terceiro. ‘Tomas de Aquino parte da premissa de que tudo o que se ‘move precisa, para se mover, da aco de outro ser. Dessa Forma, tudo tem o movimento em poténcia (ou possibilidade = poder ser), que se transforma em ato somente quando outro ser age sobre ele, fazendo-o movimentar-se. Ora, se buscarmos "0 que movimenta 0 qué", ou seja, qual ser colocou em movimento o outro ser, cariamos em lum proceso infinito, 0 que no resolveria © problema. ‘Assim, Tomas de Aquino condlui que é necessério que exista, tum primeiro ser, 0 primeiro motor, que movimenta tudo, {dando inicio ao movimento dos demais seres, mas que no 6 movimentado por nada. Esse ser sé nade ser Deus, 92 | amen POPPELELEPEEHPELOLOLLLELE TIPE TOOTS ARERR RENN PeSEEEE HESS EERE EEE OD Escolastica: do auge a decadéncia da Idade Média e a formacao do mundo moderno i) A segunda via ou a via da causa eficient E importante perceber que os termos utilizados por Tomas de Aquino s80, em sua maioria, retirados da fiosofia de ‘Aristételes. Nesse sentido, de acordo com o pensamento aristotélico, por “cause eficiente” entende-se aquilo que produz, Dessa forma, a esséncia argumentativa da segunda ‘via acompanha a da primeira, alterando somente o principio: se um ser existe, é porque fol causado, produzide por outro ser. Cote, por ua vez, também foi prin por outro. assim sucessivamente. Assim, se fossemos procurar @ ‘causa efciente de todas as coisas, cariamos em um process Infinite, no chegando a uma resposta para o problema, tal como na primeira via. Portanto, € necessério acrecitar ‘que existiu uma primeira causa eficiente que no fol criada por algo anterior e que € causa eficiente de todas as coisas. Essa causa $6 pode ser Deus. Ill) A terceira via ou via da contingéncia: (© argumento da tercelra via segue o mesmo caminho da primeira e da segunda vias, mudando somente o principio. 0 principio do movimento (primeira via) afirma que tudo 0 que se move é movido por outro ser. O principio da causa ‘eficiente (segunda via) prova aue tudo 0 que existe s6 existe porque hé uma causa eficiente que o produ © principio da terceira via atesta que tudo 0 que existe & criado; sendo criado, & contingente (no tem fem si a causa de sua prépria existéncia), dependendo de outro ser, 0 ser necessério, pare que possa exist. Se assim ndo fosse, hoje nada existila, pos, se tudo é criado ppor outro ser, tendo ento um inicio e um fim, antes de seu inicio, ele n80 existia, e, se no houvesse algo antes de seu inicio que fosse a causa de sua existéncia, hoje também nada existria, jé que, alguma vez, nada existlu. Da mesma forma dos demais argumentes, se buscéssemos saber qual é 0 ser necessério de todos 0s seres existentes, indo de um a outro, sempre compreendendo que 0 ser necescérin a & em relacdo a0 contingente, mas este ¢ contingente porque também foi criado por outro que fot Seu ser necessério, cairiames num processo infinito que nao resolveria o problema, Dessa forma, é forcoso acreditar que exista um primeiro ser necessério, que criou tudo nfo fol criade por algo anterior, no sendo contingente, mas, pelo contrério, @ Unico absolutamente necessario. Esse ser é Deus. lv) A quarta via ou via dos graus de perfeicéo: Esse ergumento se distancia um pouco da argumentacSo presente nas vias anterlores. Nele, Tomés de Aquino utiliza 2 Idela de quelidade que os seres podem ter. Para que se ‘firme que um er tem mais ou menos qualidade positiva, G necessdrio que s2 tenha um referencial. Dessaforma, umserserdmaisou mensbeloemrelagoaautro ser, que é mais ou menos belo também em relacéo a um outro [Assim, se 08 seres tém ou no alguma qualidade positive, ‘sempre em relacéo @ outros seres, € necessério acreditar ‘que exista um ser com 0 maximo desse qualidede para que seja o referencial maximo com base no qual todes os outros ‘sero qualificados. Esse ser & Deus, que ¢ o méximo em bondade, beleza, justica, etc. vy) Aquinta via ou via do fnaltsmu: (© quinto argumento diz que existem seres inteligentes (o ser humano) e outros seres no inteligentes. Esses eres néo inteligentes agem sempre da mesma forma, ‘de modo a alcangar um fim para o qual foram eriados. Ora, se eles tém um fim, mas no so inteligentes, hd de se acreitar que um ser superior de suma inteligéncia ‘os eriou e deu, a cada um deles, uma finalidade prépria, sempre da mesma forma, buscando atingir tal im. Assim, 6 necessério acreditar que exista um ser sumamente inteligente que criou, direcionou ¢ deu uma ordem, uma regularidade e uma finalidade a todos os seres no inteligentes. Esse ser 6 Deus. Pare Tomés de Aquino, Deus € o ser que criou, ordenou € Girecionou todos 05 seres vivo. ‘Com tais argumentos, utlizando os principios e a logics aristotélices, Tomas de Aquino prova que Deus existe. ‘Seu pensamento parte de fundamentos fisicos pare aleancar ‘a existéncia de um ser sobrenatural, Deus, o criador de tudo ‘0 que existe. Giosematl | 93 Méduto 06 FILOSOFIA RENASCENTISTA E MODERNIDADE: NOVAMENTE O SER HUMANO NO CENTRO A modernidade Representaco do quadro O Nascimento de VEnus, cisco da arte renascentista, ‘Taditivnalmente, entende-se 0 periodo aenominaco Modernidade como aquele que vai do século XVII 20 século XIX. Mais precisamente, esse period iniciou-se com a filosofia de Blaise Pascal e a de René Descartes, conhecidos como os “fundadores" da Modernidade, | idela de Madernidade, ou de Periotlo Maderna, esta Intrinsecamente ligada a idela de novidade, de novos tempos. Nessa perspectiva, percebe-se a oposicao entre 2 Idade Média, conhecida como a “Idade das Trevas’, © @ Madernidade, caracterizada pelo revigoramento do espirito investigative e crtico do ser humano, que renasce das ideias, de conhecimento tipleas do pensamento antigo, Trataremos da modernidade inciuindo nela 0 perioce denominado Renascimento, porque o que permela esses dois periodos da Filosofia € @ idela de navidade e ruptura com 9 pensamento anterior, 0 qual, tide coma retrégrado, deve ser substituido ou ressignificado. Por isso, Imprescindivel que nos voltemos ao contexto hist6rico no qual o Perfode Moderno surgiu, j4 que a Fllesofia sempre filha da Histérta, que traca os caminhos e desafios a serem compreendidos pelo pensamento filoséfico, Diversos fatores histéricos e flloséficos constituiram as bases para o pensamento moderno. Entre eles, apontames ‘08 mais importantes: Passagem do feudalismo para 0 capitalismo, representando o surgimento de uma classe social

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