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DOI: 10.2436/20.2003.02.72 http://scq.iec.cat/scq/index.

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Minicursos temáticos para alunos


de ensino secundário: uma
estratégia de ensino na formação
inicial de professores de Química
Minicursos temàtics per a estudiants de secundària: una estratègia per a la
formació del professorat de química
18
Thematic short courses for high school students: a strategy for initial teacher
training in chemistry
ISSN 2013-1755, SCQ-IEC Educació Química EduQ número 10 (2011), p. 18-27

Joice de Aguiar Baptista, Roberto Ribeiro da Silva e Ricardo Gauche / Universidade de Brasília. Instituto
de Química. Laboratório de Pesquisas em Ensino de Química (Brasil)

resumo

Este texto descreve as atividades realizadas em quatro minicursos temáticos oferecidos para alunos de Ensino
Secundário de escolas públicas em Brasília, Distrito Federal (Brasil). Esta estratégia enquadra-se no contexto de uma
proposta de inserção dos alunos do curso de formação de professores de Química (Licenciatura em Química) em ati-
vidades de regência de classe. Os minicursos, planejados e conduzidos por alunos licenciandos, abordaram temas
relacionados a alimentos, polímeros, atmosfera e metais. Os resultados observados mostraram ser esta uma estraté-
gia eficaz na formação inicial de professores de Química.

palavras chave
Formação de professores, regência de minicurso por licenciandos, ensino por temas, trabalhos práticos de química.

resum

El present article descriu les activitats dutes a terme en quatre breus cursos temàtics oferts als estudiants de secun-
dària d’escoles públiques de Brasília (Brasil). Aquesta estratègia s’inscriu en el context d’una proposta per a estu-
diants de formació del professorat de química (llicenciatura en química) per a la realització d’activitats de classe.
Els cursos, dissenyats i realitzats per estudiants del curs de formació del professorat de química, tracten temes rela-
cionats amb l’alimentació, els polímers, els metalls i l’atmosfera. Els resultats mostren que aquesta és una estratè-
gia efectiva en la formació inicial de professors de química.

paraules clau
Formació del professorat, cursos interdisciplinaris de curta durada, ensenyament per temàtiques d’interès, treballs
pràctics de química.

abstract

This paper describes the activities carried out in four thematic short courses offered for high school students attending
public schools in Brasília (Brazil). This strategy fits a proposal in teacher training in chemistry (BA in Chemistry). The
courses, designed and conducted by undergraduate students, discussed issues related to food, polymers, metals and
atmosphere. The results show that this is an effective strategy in the initial training of Chemistry teachers.

keywords
Teacher training, conducting a short course by undergraduates, teaching by themes, chemistry practical work.
Formació del professorat
Introdução escassez de professores de Quí- mica, Química Inorgânica, Quími-
O curso de Licenciatura em mica. De um modo geral, a escas- ca Orgânica).
Química da Universidade de Bra- sez de professores da área de Uma das características mar-
sília (UnB) iniciou suas atividades Ciências (Química, Física e Biolo- cantes do novo curso referia-se
em 1963, coincidindo com a pró- gia) é ainda um problema que ao conjunto de disciplinas deno-
pria criação da Universidade. aflige todo o país. minado de Formação Profissional
A estrutura inicial do curso espe- Uma mudança significativa Docente (FPD). A FPD, presente na
lhava a concepção dominante, na nesse quadro iniciou-se na déca- grade curricular atual da Licen-
época, no que diz respeito à for- da de 1990, com a criação do ciatura em Química da UnB, cor-
mação de professores. Essa con- curso noturno de Licenciatura em respondendo a aproximadamente
cepção preconizava uma forte Química na Universidade de Bra- um terço do curso (cerca de 810
formação inicial em conteúdos de sília. Na sequência, ocorreu a horas-aula), cujo objetivo é a con-
Química (Bacharelado em Quími- extinção da Licenciatura diurna, solidação de formação profissio-
ca), com duração de três anos e cujo ingresso, por ser uma habili- nal consistente do ponto de vista 19
uma formação pedagógica poste- tação, se dava em conjunto com o do uso de conteúdos específicos e
rior, com duração de um ano. ingresso no Bacharelado, também também da respectiva competên-
Esse modelo de formação foi este uma habilitação, devendo o cia docente. Visando à FPD, os

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caracterizado, na literatura, como ingressante optar por um ou licenciandos cursam disciplinas
modelo «3 + 1» (três anos de for- outro. Assim, os cursos de Bacha- de Formação Geral em Educação,
mação em Matemática, Física e relado (diurno) e de Licenciatura Formação em Psicologia, Forma-
Química, e um ano de formação (noturno) passaram a ter sistemas ção em Ensino de Química e For-

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«em disciplinas pedagógicas») de ingresso distintos, ou seja, pas- mação em Prática Docente
(Santos, Gauche e Silva, 1997). saram a ser cursos com identida- (Santos, Gauche e Silva, 1997).
A ideia subjacente a esse modelo des explicitamente distintas. No que diz respeito à Formação
era a de que, para ser um bom em Prática Docente, os alunos cur-
professor, bastava conhecer pro- De um modo geral, o sam as disciplinas Estágio em ensi-
fundamente o conteúdo específi- ensino de Química, no no de Química 1 e Estágio em
co de Química e saber utilizar ensino de Química 2, estando pre-
nível secundário, tem
«algumas técnicas pedagógicas». vista a criação, em breve, de outra:
Uma consequência daquele
sido realizado a partir Contexto escolar. Essas disciplinas
modelo de formação é que a de conteúdos são cursadas na etapa final do
maioria dos alunos não se inte- descontextualizados e curso e permitem ao licenciando
ressava em fazer a formação conhecer a escola em que atuará
não problematizados
pedagógica, isto é, a opção princi- como docente, as atividades
pal era a obtenção do título de Em síntese, um novo curso desenvolvidas por seus professo-
Bacharel em Química, que permi- voltado exclusivamente para a res e alunos e, finalmente, realizar
tia almejar empregos no setor formação de professores foi moti- regência no ensino. A regência é
produtivo (indústria). Dessa vado pelas seguintes razões: feita a partir de conteúdos deter-
forma, o número de alunos que necessidade de consolidação de minados pelo professor de Quími-
optava pelo curso de Licenciatura um curso com identidade pró- ca da escola, aqui denominado de
era pequeno e, por conseguinte, o pria, visando especificamente à professor supervisor. Os docentes
número de professores formados formação de professores; carên- da Licenciatura responsáveis pelas
era também baixo, algo em torno cia de professores de Química disciplinas de Estágio na Universi-
de cinco licenciados a cada ano. para o Ensino Médio na região; dade assessoram os licenciandos
Reformas curriculares promo- falta de um espaço institucional na elaboração e execução do
vidas nas décadas de 1970 e de para a formação de professores plano de regência. O que se desta-
1980 romperam parcialmente no âmbito do então Departamen- ca aqui é a pouca liberdade de
com o modelo «3 + 1», introduzin- to (hoje, Instituto) de Química da executar inovações, tanto na abor-
do as disciplinas iniciais de for- Universidade de Brasília; necessi- dagem dos conteúdos quanto nas
mação pedagógica nos primeiro dade de consolidação da área de estratégias de ensino. Comumen-
anos do curso. Mesmo assim, a Pesquisa em Ensino de Química te, o professor de Química da
opção preferencial pelo curso de como espaço acadêmico equiva- escola, por lecionar para várias
Bacharelado em Química conti- lente às demais áreas tradicio- classes de uma mesma série, não
nuou prevalecendo, acumulando, nais da Química (Química permite ao estagiário se distanciar
ao longo de décadas, uma grave Analítica, Bioquímica, Físico-Quí- de sua proposta, não permitindo a
inclusão de outras modalidades dia não letivo, iniciando às 8 vocadas pela tecnologia, na
didáticas, tais como: experimen- horas e finalizando às 13 horas. melhoria da qualidade de vida, e
tos, filmes, leitura e discussão de São ministrados dois diferentes consequências ambientais. Por-
textos. No entanto, no rol das dis- minicursos em cada escola e o tanto, a abordagem temática não
ciplinas de Formação em Prática número de alunos inscritos varia deve ter um caráter meramente
Docente, podem ser cursadas de 25 a 35 por sala. A regência é de enriquecimento cultural, mas
pelos licenciandos outras discipli- feita por um grupo de no mínimo 3 ser um aspecto constitutivo da
nas, a saber: Prática de ensino de e no máximo 5 licenciandos. Ao proposta curricular.
Química e Prática interdisciplinar final, os alunos da escola rece- Segundo Corazza (1992), os
em ensino de Química. Tais disci- bem declaração de participação. temas geradores contextualizam
plinas fornecem um espaço para a Diferentemente das disciplinas os conhecimentos propostos rela-
regência de conteúdos desvincula- de Estágio em ensino de Química, cionando-os com as condições de
dos das grades curriculares tradi- que são cursadas pelos licencian- vida concreta dos alunos; fortale-
20 cionais, bem como para fazer uso dos ao final do curso, as discipli- ce a confiança dos estudantes e
de estratégias diferenciadas. nas Prática de ensino de Química dos professores na capacidade de
Este artigo tem por finalidade podem ser cursada a partir dos criar e aprender novos conheci-
apresentar o trabalho que foi semestres iniciais do curso. mentos; permitem inter-relacio-
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desenvolvido na disciplina Prática A seguir são apresentados os nar conhecimentos de várias


de ensino de Química durante eixos norteadores dos minicursos áreas; minimizam o uso de roti-
quatro semestres letivos ocorri- elaborados naquele contexto. nas padronizadas e burocráticas.
dos nos anos 2009 e 2010. A disci- No ensino convencional, os
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plina se destina à preparação conteúdos são definidos a priori e


A abordagem temática situações reais são apresentadas
para a regência, envolvendo as
seguintes etapas: concepção de não deve ter um caráter como exemplo. No ensino por
minicurso temático; escolha e meramente de temas, esta lógica é invertida, os
organização de material instru- enriquecimento conteúdos são introduzidos a
cional; planejamento de ativida- posteriori, na exata medida para
cultural, mas ser um
des; avaliação. a compreensão dos fenômenos
O público-alvo dos minicursos aspecto constitutivo envolvidos no tema.
foram alunos do Ensino Secundá- da proposta curricular No que diz respeito à experi-
rio (Médio) de escolas públicas do mentação no ensino, Hodson
Distrito Federal. No Brasil, o ensi- O ensino por temas (1994) alerta que precisa envolver
no está organizado em Educação e a experimentação menos prática e mais reflexão. Ele
Básica (que compreende a Educa- De um modo geral, o ensino apresenta situações em que é difí-
ção Infantil e os Ensinos Funda- de Química, no nível secundário, cil lidar com as relações entre
mental e Médio) e Ensino tem sido realizado a partir de conceitos abstratos e fenômenos
Superior. A proposta do minicur- conteúdos descontextualizados e observáveis. Isto porque, ainda
so é apresentada para as escolas, não problematizados. que os estudantes percebam o
que normalmente recebem esta Uma alternativa para reverter laboratório como um espaço em
atividade com satisfação. O mini- essa situação é a articulação dos que estão ativos (fazendo algo), a
curso é divulgado pelos professo- conteúdos tradicionais de Quími- maioria é incapaz de estabelecer
res de Química, a todos os alunos ca (e de Ciências) com temas relações entre o que estão fazendo
da escola, indicando o tema, o sociais (temas geradores), ganhan- e o que estão aprendendo (tanto
período e a data. A inscrição dos do-se em flexibilidade e abertura, em termos de conceitos como de
alunos nos minicursos é livre, já que os temas podem ser esco- procedimentos manipulativos).
realizada na escola, compondo lhidos de acordo com as realida- Para Silva e Zanon (2000), o
uma sala multisseriada, isto é, des locais e novos temas podem uso da experimentação deve ser
com alunos das três séries do ser propostos. De acordo com San- uma estratégia de ensino que
Ensino Secundário (Médio). Dessa tos e colaboradores (2004), a abor- vincule a Ciência com o cotidiano
forma, participaram estudantes dagem temática deve ser feita de do aluno, deixando de ser desco-
dos cursos diurnos com idade de maneira que o aluno compreenda nectada e distante, repetidora de
14 a 18 anos e também adultos os processos químicos envolvidos conteúdos, sem inter-relações
do curso noturno, da Educação de e possa discutir aplicações tecno- problematizadoras. Nessa pers-
Jovens e Adultos. Os minicursos lógicas relacionadas ao tema, pectiva, o conhecimento escolar
ocorrem, na escola, em sábado, mudanças nos hábitos sociais pro- desempenha um papel mediador
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e dinâmico, capaz de articular o sempre que possível são inseridos secundárias envolvidas, foi feita
conhecimento teórico com práti- aspectos históricos relacionados uma apresentação oral sobre o
co e o científico com o cotidiano. aos fenômenos observados; e) que é a Ciência Química e sobre
A experimentação nos mini- apresentação da expressão repre- o que o químico faz. A Química
cursos de prática de ensino teve sentacional do fenômeno, como foi apresentada como a Ciência
como finalidade permitir que os uma síntese do que foi observado que estuda as substâncias, sendo
alunos das escolas secundárias e explicado; f) conclusão do expe- as quatro grandes atividades da
envolvidas pudessem estabelecer rimento, consistindo em respon- Ciência Química: 1) extração de
uma articulação entre fenômenos der a pergunta inicial e discutir a substâncias a partir de materiais
e teorias (Silva, Machado e Tunes, interface Ciência-Tecnologia- da natureza; 2) síntese de subs-
2010) e não o desenvolvimento de Sociedade, por meio da apresen- tâncias que existem na natureza,
habilidades manipulativas. tação de um vídeo e/ou leitura de visto que as fontes naturais não
A estratégia consistia em apre- um texto relacionado ao tema. atendem a demanda do mercado;
sentar fenômenos simples e de Durante os anos de 2009 e 2010, 3) preparação de novos materiais; 21
fácil realização, a partir dos quais foram concebidos e desenvolvidos, 4) síntese de substâncias não
os aspectos teóricos pudessem pelos licenciandos, quatro minicur- naturais (novas substâncias).
ser introduzidos. Outra caracte- sos que abordaram os seguintes Na etapa seguinte, as ativida-

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rística foi o fato de serem experi- temas: «Química e alimentos»; des foram selecionadas conforme
mentos abertos. Entende-se por «Atmosfera terrestre»; «Minerais e o tema, sempre envolvendo expe-
experimentos abertos aqueles em metais»; «Polímeros». Todos os qua- rimentos, exibição de um filme e
que os fenômenos são observa- tro minicursos tiveram um mesmo proposta a leitura de texto.

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dos e os alunos conseguem, sob padrão de organização, a saber: A avaliação dos conteúdos foi
orientação, relacioná-los com apresentação; introdução; realiza- feita por meio de um jogo deno-
uma teoria, não havendo necessi- ção e discussão dos experimentos; minado «Passeio através da Quí-
dade de se alcançarem resultados discussão da interface Ciência-Tec- mica» em que os alunos
quantitativos. Adicionalmente, nologia-Sociedade; avaliação dos responderam a questões relacio-
cabe comentar que se tomou o conteúdos abordados; avaliação do nadas ao tema desenvolvido.
cuidado de evitar que os experi- minicurso em si. Quanto à avaliação do minicurso,
mentos fossem desenvolvidos Em cada minicurso, as apre- foi solicitado aos alunos cursistas
com a perspectiva de «comprovar sentações consistiram de uma da escola secundária envolvida
na prática como a teoria funciona». dinâmica de grupo, permitindo que respondessem a um questio-
Os experimentos foram conduzi- aos licenciandos e alunos cursis- nário, cujos parâmetros de ava-
dos dentro de um mesmo padrão, tas da escola secundária envolvi- liação são descritos mais adiante.
conforme proposto por Silva, da, de forma descontraída, A seguir, são descritos os objeti-
Machado e Tunes (2010), a saber: apresentarem-se uns para os vos de ensino-aprendizagem de
a) formulação de uma pergunta outros, em uma perspectiva de cada minicurso, bem como as ativi-
que desperte a curiosidade dos aproximação para o trabalho a dades realizadas em cada um
alunos; b) realização do experi- ser desenvolvido. deles. As atividades «Realização de
mento, solicitando aos alunos Na introdução dos minicursos jogo» e «Avaliação do minicurso»
que registrem as observações voltados a alunos das escolas serão comentadas ao final do texto.
macroscópicas; c) solicitação que
os alunos formulem possíveis
explicações para o fenômeno
observado; registro de possíveis
concepções prévias/alternativas
dos alunos; d) apresentação da
Figura 1.
explicação microscópica, levando
Apresentação
em consideração as ideias prévias
do minicurso
dos alunos; nesse momento, de
aos alunos
forma dialógica, são formuladas
secundaristas
questões desafiadoras que possi-
por um aluno
bilitem aos alunos exercitarem
do Curso de
suas habilidades argumentativas,
Licenciatura
visando à reformulação das
em Química.
ideias prévias; nesse momento,
Química e alimentos Quadro 1. Descrição das atividades realizadas no minicurso «Química e alimentos»

Objetivos de ensino Atividade Título Conceitos/conteúdos abordados


O minicurso foi conduzido de
Leitura de texto «Os alimentos na linha Aborda os diferentes tipos de
forma que ao final os alunos cur-
do tempo» alimentos ao longo da história da
sistas da escola secundária envol-
humanidade.
vida se tornassem aptos a:
Projeção de filme Sabores artificiais Composição do limão, síntese de
a) reconhecer os alimentos como
substâncias naturais, uso de
porções de matéria que contêm
produtos sintéticos em substitui-
uma ou mais substâncias.
ção aos naturais.
b) realizar a extração de produtos
Realização 1. Extração das Soluto, solvente, solubilidade,
naturais, reconhecendo-a como de experimentos essências do cravo extração por solvente, materiais,
processo de separação e identifica- e da canela substâncias.
22 ção de substâncias. 2. Preparação Materiais homogêneos e heterogê-
c) reconhecer o papel da Química de um queijo neos, coloides, substâncias ácidas,
na síntese de produtos naturais. índice pH, reação de precipitação
d) reconhecer a importância da (coagulação), filtração, gorduras e
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conservação de alimentos. proteínas do leite.


e) identificar alguns processos que 3. Escurecimento Evidências de transformações
degradam ou conservam alimentos. enzimático da maçã químicas, substâncias ácidas,
f) relacionar conceitos químicos a índice pH, reações de oxirredução,
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agente antioxidante.
processos e reações em alguns ali-
4. Aquecimento Espectro eletromagnético,
mentos que ocorrem em seu dia a
de alimentos por micro-ondas, estrutura molecular
dia, valorizando a Ciência como
micro-ondas da água, momento de dipolo da
forma de interpretar tais fenômenos.
molécula de água, rotação mole-
cular, temperatura, calor.
Atividades realizadas 5. Preparação Estrutura do grão do milho
As atividades realizadas no de pipoca em (pericarpo, endosperma, embrião),
minicurso «Química e alimentos» micro-ondas vaporização, pressão, amido
estão descritas no quadro 1. natural e expandido.

Figura 2. Aplicação de ácido ascórbico (vitamina C) sobre uma maçã


recém-cortada inibe o escurecimento enzimático da fruta.

Figura 4. A interação de micro-ondas com a água


contida no interior do milho de pipoca promove a
vaporização da água e a expansão do amido.

Figura 3. A imersão de casca de canela e do fruto


do cravo em álcool etílico promove a extração das
respectivas essências.
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Polímeros Quadro 2. Atividades realizadas no minicurso «Polímeros»

Objetivos de ensino Atividade Título Conceitos/conteúdos abordados


O minicurso foi conduzido de
Leitura de texto «A farra dos plásticos» Crítica ao uso indiscriminado de
forma que ao final os alunos cur-
sacolas plásticas e sua implicação
sistas da escola secundária envol-
ambiental.
vida se tornassem aptos a:
a) compreender a diferença entre Projeção de filme Polímeros Questões ambientais e reciclagem
monômero e polímero. de polímeros.
b) exemplificar polímeros naturais Realização 1. Polímeros Reações de polimerização; macro-
e sintéticos; c) diferenciar fibras de experimentos termoplásticos moléculas; cadeias carbônicas;
sintéticas via teste químico. e termorrígidos interações intermoleculares; liga-
d) caracterizar polímeros termo- ções cruzadas em polímeros.
plásticos e termorrígidos. 23
2. Identificação Reação de combustão; produtos
e) explicar as propriedades de de polímeros naturais da combustão de proteínas e de
polímeros superabsorventes. e sintéticos carboidratos; lã natural e sintéti-
f) efetuar a síntese de uma espu-

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ca; seda natural e sintética; algo-
ma polimérica. dão; poliésteres.
g) avaliar as consequências de
3. Rasgando o jornal Orientação relativa de cadeias
descarte de polímeros no
poliméricas.
ambiente.

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4. Polímero absorvente Polímeros superabsorventes;
h) avaliar criticamente o uso
osmose; interações íons-dipolo da
indiscriminado de materiais poli-
água; ligações de hidrogênio.
méricos pela sociedade atual.
5. Síntese Reação de polimerização; monô-
Atividades realizadas de uma espuma meros; polímeros de cadeia hete-
As atividades realizadas no rogênea; poliuretanas; reação
minicurso «Polímeros» estão exotérmica; espumas naturais e
descritas no quadro 2. sintéticas.

Figura 5. A reação de quantidades iguais de um diisocianato e etileno-


glicol produz uma espuma do tipo poliuretana.

Figura 6. O poliacrilato de sódio (sólido no copo à


esquerda), um polímero superabsorvente, absorve
cerca de 300 vezes sua massa em água, produzindo
um gel.

Figura 7. Ao se rasgar um jornal, a orientação da


fissura reflete as orientações das cadeias de celulose
no papel.
Atmosfera terrestre Quadro 3. Atividades realizadas no minicurso «Atmosfera terrestre»

Objetivos de ensino Atividade Título Conceitos/conteúdos abordados


O minicurso foi conduzido de
forma que ao final os alunos cur- Leitura de texto «Gás carbônico: Aborda os principais fenômenos
um gás versátil» naturais ou antrópicos geradores
sistas da escola secundária e consumidores de gás carbônico.
envolvida se tornassem aptos a: Projeção de filme Compartilhando carbono A circulação de substâncias na
a) diferenciar materiais e subs- litosfera, hidrosfera, atmosfera e
tâncias a partir da composição biosfera; ciclo curto e longo do
carbono; Equilíbrio e desequilíbrio
da atmosfera.
ambientais.
b) relacionar a variação da com-
Realização 1. Interrompendo Teoria do flogisto; teoria da com-
posição da atmosfera com a alti- de experimentos uma combustão: bustão; combustão da parafina;
tude. a vela no copo pressão atmosférica; transforma-
24 c) explicar alguns fenômenos ção química.
químicos com base nas proprie- 2. Interrompendo Transformação química, reação de
uma combustão carbonatos com ácidos; proprieda-
dades de alguns dos gases
de anti-inflamáveis do gás carbô-
atmosféricos.
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nico; combustível e comburente.


d) reconhecer a importância da 3. Combustão comple- Combustível, comburente, energia
Ciência na explicação de fenôme- ta versus combustão de ativação; chama de difusão;
nos naturais e de laboratório. incompleta chama de pré-mistura de gases;
reação exotérmica; combustão
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completa e incompleta.
Atividades realizadas
4. Gás carbônico: Intemperismo; ação de ácidos
As atividades realizadas no fontes naturais sobre rochas calcárias; reação de
minicurso «Atmosfera terrestre» carbonatos com ácidos.
estão descritas no quadro 3. 5. Gás carbônico: Solubilidade de gases em água;
consumidores naturais transformação química, índice
pH; acidez natural da chuva; indi-
cadores ácido-base; reação gás
carbônico com água.
6. Gás carbônico: for- Estalactites e estalagmites; reação
mação de carbonatos de precipitação, índice pH.

Figura 8. A chama do fogão (cor azul) resulta da combustão dos gases Figura 10. A colocação de um comprimido eferves-
após sua pré-mistura (combustão completa); a chama da vela (cor cente em um copo contendo água e uma vela acesa
amarela) resulta da combustão dos gases misturados por difusão promove a extinção da chama pelo gás carbônico
(combustão incompleta). produzido.

Figura 9. A ascensão da água no interior do copo,


após a extinção da chama, é causada pelo resfria-
mento dos gases no interior do copo, tornando a
pressão interna menor que a externa.
Formació del professorat
Quadro 4. Atividades realizadas no minicurso «Minerais e metais»
Minerais e metais
Atividade Título Conceitos/conteúdos abordados
Objetivos de ensino
Leitura de textos 1. «Garimpeiros Descreve as condições sub-huma-
O minicurso foi conduzido de
e máquinas duelam nas existentes na extração da cas-
forma que ao final os alunos cur- por cassiterita» siterita na Brasil.
sistas da escola secundária envol-
vida se tornassem aptos a: 2. «O estanho prote- O uso do estanho na proteção
gendo o ferro» contra a corrosão em latas para
a) reconhecer os minerais como
alimentos.
materiais.
b) reconhecer os minerais com Projeção de filme Ferrugem A história do ferro; experiências
sobre como descobrir que subs-
fontes de substâncias (metais).
tâncias participam na corrosão;
c) diferenciar metais de ligas outros metais que podem ser uti-
metálicas. lizados na construção naval. 25
d) reconhecer a corrosão no Realização 1. Deposição espontâ- Solução; reação de oxirredução;
ambiente como um processo de experimentos nea do cobre agente oxidante e agente redutor;
reação espontânea.
inverso da metalurgia.

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e) descrever alguns processos de 2. Corrosão do ferro Reação de oxirredução; oxidação
proteção contra a corrosão. do ferro no ambiente; ferrugem.
f) realizar experimentos simples
3. Tinta anticorrosiva Mecanismo de proteção por tin-
envolvendo propriedades dos

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tas.
metais mais comuns.

Atividades realizadas 4. Metal de sacrifício Reação de oxirredução; tendência


relativa de oxidação para metais.
As atividades realizadas no
minicurso «Minerais e metais»
estão descritas no quadro 4.

Figura 11.As tintas funcionam como uma barreira na prevenção da


corrosão do ferro no meio ambiente.

Figura 12. A deposição espontânea de cobre metálico


ocorre quando um prego de ferro é colocado em uma
solução de sulfato de cobre.

Figura 13. Um prego conectado a uma placa de


zinco (metal de sacrifício) tem sua corrosão em água
reduzida drasticamente.
As atividades de avaliação

Jogo: «Un passeio através da Química»


«Um passeio através da Quí-
mica» é um jogo que contém
uma trilha em um tabuleiro, con-
forme pode ser visto na figura 14,
e foi construído tendo como refe-
rência um jogo infantil. Os alu-
nos cursistas da escola
secundária envolvida foram divi-
didos em equipes que competi-
ram entre si. A trilha contém
26 algumas casas com o sinal de
interrogação (?). Quando uma
equipe participante, após jogar Figura 14. Tabuleiro utilizado no jogo «Um passeio através da Química».
um dado, cai em casa com esse
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sinal, a equipe é solicitada a res- Para cada item, dentro de cada em se tratando de alunos de uma
ponder uma pergunta contendo parâmetro avaliado, cada aluno mesma série e mesmo turno,
aspectos do conteúdo abordado. cursista da escola secundária havia participantes de diferentes
Essa pergunta faz parte de um envolvida atribuiu uma nota cor- turmas. As médias das notas atri-
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banco de sessenta questões para respondendo aos valores de 0 buídas pelos alunos cursistas da
cada minicurso. Se a resposta for (ZERO) para FRACO, 1 (UM) para escola secundária envolvida à
correta, a equipe avança na tri- REGULAR, 2 (DOIS) para BOM e 3 integração entre eles foram as
lha. Existem casas na trilha que (TR S) para ÓTIMO. As médias seguintes: Integração entre alunos
incluem penalidades às equipes, foram calculadas, considerando-se de uma mesma turma, 2,78; Inte-
tais como retornar na trilha, não o número de alunos em cada gração entre alunos de turmas
avançar, ser excluído do jogo etc. minicurso, a saber: «Química e Ali- diferentes, 2,28.
A equipe vencedora é aquela que mentos», 20 alunos; «Polímeros», Finalmente, foi solicitado que
percorre a trilha mais rapida- 18 alunos; «Atmosfera», 37 alunos; os alunos se autoavaliassem em
mente, sendo premiada ao final. «Metais», 27 alunos. O valor máxi- relação aos conhecimentos adqui-
Os prêmios utilizados foram mo para atribuição em cada item ridos em função do tipo de ativida-
tabelas periódicas (tamanho A4), da avaliação correspondeu a 3,00. de. As médias das notas atribuídas
camisetas com temas sobre a Quanto ao parâmetro «Atividades pelos alunos cursistas da escola
Química, caixas de chocolate etc. realizadas», as médias obtidas foram secundária envolvida a cada uma
Um exemplo de questão as seguintes: Experimentos, 2,87; das atividades, referentes às res-
usada no jogo de avaliação do Texto, 2,57; Filme, 2,57; Jogo, 2,60. pectivas contribuições para a aqui-
minicurso sobre atmosfera: «Por A «Avaliação dos licenciandos» sição de conhecimentos, foram as
que a água da chuva, em que ministraram os minicursos, seguintes: Experimentos, 2,74;
ambiente não contaminado, por parte dos alunos cursistas da Texto, 2,47; Filme, 2,58; Jogo, 2,66.
apresenta pH igual a 5,6?». escola secundária envolvida, A análise de todas as médias
resultou nas seguintes médias: supracitadas permitiu constatar
Avaliação dos minicursos Segurança e domínio dos conteú- que, em três dos minicursos, os
pelos alunos cursistas dos, 2,54; Incentivo à participação, experimentos foram as atividades
da escola secundária envolvida 2,80; Flexibilidade nas discussões, que melhor contribuíram para a
Para a avaliação dos minicur- 2,75; Relacionamento, 2,71; Comu- aquisição de novos
sos, os alunos cursistas da escola nicação, 2,85. conhecimentos.
secundária envolvida responderam Quanto à «Integração entre os
a um questionário que procurou alunos cursistas da escola secun- Considerações finais
avaliar os seguintes parâmetros: dária envolvida», esse parâmetro As atividades realizadas no
1) avaliação das atividades realiza- se fez necessário, haja vista que âmbito da oferta de minicursos
das; 2) avaliação dos licenciandos; havia em cada minicurso alunos temáticos para alunos de Ensino
3) integração entre os alunos cur- de diferentes séries (1.ª, 2.ª e 3.ª Secundário de escolas públicas em
sistas da escola secundária envol- séries) e turnos (diurno e noturno) Brasília, Distrito Federal, Brasil,
vida; 4) autoavaliação. da escola secundária envolvida e, enquadra-se no contexto de uma
Formació del professorat
proposta de inserção de licen- de inovação curricular». Quí-
ciandos em Química da UnB em mica Nova na Escola, 31(2): 140-
atividades de regência de classe, 149. Disponível em:
por meio da integração Universi- <http://qnesc.sbq.org.br/onli-
dade-Escola, um dos eixos de ne/qnesc31_2/12-PEQ-
construção de uma proposta de 0609.pdf> [Acesso: 18 Joice de Aguiar
inovação curricular apresentada novembro 2011] Baptista
por Baptista et al. (2009). A vivên- CORAZZA, S. M. (1992). Tema gera- É professora adjunta do Instituto de
cia narrada neste artigo ratifica a dor: Concepção e prática. Ijuí: Química da Universidade de Brasília.
abordagem metodológica defen- UNIJUÍ. Atua no curso de Licenciatura em Quí-
dida nas Orientações Curriculares GAUCHE, R.; SILVA, R. R.; BAPTISTA, J. A.; mica nas disciplinas de estágio e práti-
Nacionais para o Ensino Médio... SANTOS, W. L. P.; MÓL, G. S.; ca de ensino e no Programa de
(2006), que «reafirma a contex- MACHADO, P. F. L. (2007). «For- Pós-Graduação em Ensino de Ciências,
tualização e a interdisciplinarida- mación de profesores de quí- com foco em educação ambiental, for- 27
de como eixos centrais mica: Concepciones y mação continuada de professores e
organizadores das dinâmicas propuestas». Alambique. Didác- experimentação no ensino de Química.
interativas no ensino de Química, tica de las Ciencias Experimenta- E-mail: joice@unb.br

número 10
na abordagem de situações reais les, 51: s. p.
trazidas do cotidiano ou criadas HODSON, D. (1994). «Hacia un enfo-
na sala de aula por meio da que más crítico del trabajo de
experimentação» (p. 117). As laboratorio». Enseñanza de las

Educació Química EduQ


temáticas trabalhadas na realiza- Ciencias, 12(3): 299-313.
ção dos minicursos oferecidos Orientações Curriculares Nacionais
conforme descrito no presente para o Ensino Médio. Ciências da Roberto Ribeiro
texto apontam para outras tan- Natureza, Matemática e suas tec- da Silva
tas, ampliando as possibilidades nologias (2006). Vol. 2. Brasília: É professor associado do Instituto de
de efetiva melhora na formação MEC; SEB. Química da Universidade de Brasília.
inicial de professores de Química, SANTOS, W. L. P. [et al.] (2004). «Quí- Atua no curso de Licenciatura em
razão pela qual se defendem mica e sociedade: Uma expe- Química e no Programa de Pós-Gra-
estratégias que insiram os licen- riência de abordagem temática duação em Ensino de Ciências, com
ciandos em diversas vivências para o desenvolvimento de ati- ênfase nos seguintes temas: forma-
docentes, em contextos reais de tudes e valores». Química Nova ção e educação continuada de profes-
ensino-aprendizagem, com abor- na Escola, 20: 11-16. sores, experimentação no ensino de
dagem experimental. A participa- SANTOS, W. L. P.; GAUCHE, R.; SILVA, R. Química e aprendizagem conceitual.
ção dos alunos no processo de R. (1997). «Currículo de Licen- E-mail: bobsilva@unb.br
avaliação da proposta de ensino e ciatura em Química da Univer-
na aprendizagem indica a aceita- sidade de Brasília». Química
ção das atividades diversificadas Nova, 20(6): s.p. Disponível em:
e, entre elas, enfatizam os experi- <http://quimicanova.sbq.org.b
mentos como a de maior valor. r/qn/qnol/1997/vol20n6/v20_n
6_17.pdf> [Acesso: 5 novem-
Agradecimentos bro 2011]
CAPES – Projeto PIBID (2009- SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L.; Ricardo Gauche
2010). TUNES, E. (2010). Experimentar É professor adjunto do Instituto de
Fórum Permanente de Estu- sem medo de errar. Em: SANTOS, Química da Universidade de Brasília
dantes – CESPE – UnB. W. L. P.; MALDANER, O. A. Ensino (Licenciatura e Programa de Pós-Gra-
de Química em foco. Ijuí: UNIJUÍ, duação em Ensino de Ciências). Tra-
Referências p. 231-261. balha com os seguintes temas de
BAPTISTA, J. A.; SILVA, R. R.; GAUCHE, R.; SILVA, L. H. A.; ZANON, L. B. (2000). pesquisa: formação inicial e conti-
MACHADO, P. F. L; SANTOS, W. L. A experimentação no ensino de nuada de professores; autonomia do
P.; MÓL, G. S. (2009). «Formação Ciências. Em: SCHNETZLER, R. P.; professor; pesquisa colaborativa;
de professores de Química na ARAGÃO, R. M. R. Ensino de Ciên- materiais de ensino; currículos e pro-
Universidade de Brasília: cias: Fundamentos e abordagens. gramas; avaliação; processos seleti-
Construção de uma proposta Piracicaba: CAPES; UNIMEP. vos e processo ensino-aprendizagem.
E-mail: gauche@unb.br

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