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INSTRUMENTOS DA ORQUESTRA ROY BENNETT Jorge Zahar Editor INSTRUMENTOS DA ORQUESTRA A série didética da Universidade de Cambridge comeca com este utilissi mo caderno destinado aos instrumen- tos da orquestra: Nao é preciso subli- nhar o quanto material deste tipo fazia falta 4 nossa bibliografia — aos estudantes, aos professores e mesmo 208 jovens compasitores. A orquestra moderna, com efeito, ¢ © resultado de uma longa evolugéo de que mal suspeitamos a riqueza. Seria possivel escrever um romance sobre cada instrumento — sobre a sua histéria, sobre os usos a que se prestou. Um pouco de pesquisa sobre © assunto leva muito longe no tempo © no espaco; mostra que cada instru- mento moderno € 0 resultado de uma longa evolucao, onde as vezes, até, perdeu-se um pouco no colorido ori- ginal do som em nome das necessida- des técnicas a que os instrumentos de agora devem atender. Aqui ndo se contard essa longa hist6- ria, mas apenas 0 seu ponto de chega- da — mesmo se, ao falar de cada ins- trumento, sugere-se uma pista para as suas origens. Com toda a clareza que se possa dese- jar, este caderno diditico fala dos per- sonagens que compdem a grande or- questra sinfonica moderna, Mostra como 08 instrumentos sao feitos, reve- lando suas caracter/sticas essenciai sua fungdo na orquestra. A explicacao utiliza 0 texto, as fotos, 0s diagramas. Ressaltam, assim, as grandes familias em que se divide a orquestra ~ cordas, madeiras, metais, percussdo. Mesmo para quem freqiien- ta as salas de concerto, a grande or- questra ainda encerra os seus misté- ios. Nao ¢ facil identificar, 8 distan- cia, instrumento por instrumento, tanto mais quanto muitos deles tem formas aproximadas, ou quase seme- thantes. Instrumentos da Orquestra CADERNOS DE MUSICA DA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE Volumes da séri Aprendendo a compor Uma breve histéria da musica Como ler uma partitura Elementos basicos da musica Forma e estrutura na musica Instrumentos da orquestra Instrumentos do teclado Roy Bennett Instrumentos da Orquestra Titulo original: Instruments of the Orchestra ‘Tradugio autorizada da primeira edigio inglesa, publicada em 1982 por Cambridge University Press, Inglaterra, na série Cambridge Assignments in Music Copyright © 1982, Cambridge University Press Copyright © 1985 da edigdo em lingua portuguesa: Jorge Zahar Editor Lida. rua México 31 sobreloja 2031-144 Rio de Janeiro, RY tel: (21) 240-0226 | fax: (21) 262-5123 ‘e-mail: j2e@zahar.com.br / site: www2aharcom.br ‘Todas os direitos reservados. A reprodugio nio-autorizada desta publicag0, no todo ‘ou em parte, consttui violagéo do copyright. (Lei 5.988) Impresstio: Cromosete Grafica e Editora CIP-Brasil. Catalogacio-na-fonte Sindicato Nacional dos Euitores de Livros, RJ. Bennett, Roy B4Tli__Instrumentos da orquestra / Roy Bennet; tradugao, Luiz Carlos Cséko. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985. (Cadernos de misica da Universidade de Cambridge) ‘Tradugio de: Instruments ofthe orchestra ISBN: 85-7110-460-3 | Instrumentos musieais.2. Orquestra. L Cstko, Luiz Carlos. I. Titulo, 85.0844 DD - 781.91 Agradecimentos: Pela permissio para reprodugio de material com copyright, o autor e os editores ingleses desejam agradecer as seguintes pessoas e insttuigSes: p.9, Staatliche Kunstsammlungen Dresden; p.13, The Hallé Orchestra; pp.16, 53, San Lorenzo de el Escorial: p20, Ashmolean Museum, Oxford; p.27, Victoria and Albert Museum: p.44, 58, 68, Orquestra FilarmOnica de Londres; pp.53, 55, The Mansell, Collections; p.62, The British Library, Add. MS. 42130, F13. Diagramas: Technical Art Services. Desenhos: Judith Yates. Fotografias: Nigel Luckhurst Agradecemos ao Dr. Reeve, Diretor de Masica do Cambridgeshire College of Arts and Technology, € 20s seus alunos, cujas fotografias aparecemh neste livro, pela sua ajuda e cooperacio. Sumario a “4 30 45 a7 60 62 69 Apresentagdo capitulo 1 © que é uma orquestra? capitulo 2 Cordas Violino, 16; Viola, 225 Violoncelo, 243 Contrabaixo, 25; Harpa, 26 capitulo 3 Madeiras Flauta, 32; Flautim, 33; Oboé, 34; Come inglés, 36; Clarineta, 38 ; Clarineta baixo, 40; Saxofone, 41; Fagote, ‘ontrafagote, 43 Exereicio programado especial A capitulo 4 Metais ‘Trompa, 51; Trompete, 53; Cometa de pistdes, Trombone, 55; Tuba, 57 Exercicio programado especial B capitulo 5 Percussio ‘Timpanos, Bombo, 63; Caixa clara, Pratos, 64; Glockenspiel, Xilofone, Celesta, Vibrafone, 65; Triangulo, Pandeiro, Castanholas, Blocos de madeira, 66; Carrilhfo de orquestra, Tant ou gongo, Outros instrumentos de percussao, 67 Exereicio programado especial C capitulo 6 A orquestra completa Apresentagao ‘A série didatica que Jorge Zahar Editor resolveu em boa ho- 1a langar comega com este utilissimo caderno destinado aos instrumentos da orquestra. Nao é preciso sublinhar o quan- to material deste tipo fazia falta & nossa bibliografia — aos estudantes, aos professores mesmo aos jovens composi- tores. ‘A orquestra modema, com efeito, é 0 resultado de uma longa evolugo de que mal suspeitamos a riqueza. Seria pos- sivel escrever um romance sobre cada instrumento —sobre 2 sua hist6ria, sobre 05 usos a que se prestou. Um pouco de pesquisa sobre 0 assunto leva muito longe no tempo e no espago; mostra que cada instrumento modemno é o resulta- do de uma longa evolucio, onde as vezes, até, perdeu-se um pouco no colorido original do som em nome das necessida- des técnicas a que os instrumentos de agora devem atender.. ‘Aqui no se contaré essa longa historia, mas apenas 0 seu ponto de chegada — mesmo se, ao falar de cada instru- ‘mento, sugere-se uma pista para as suas origens. Com toda a clareza que se possa desejar, este caderno didético fala dos personagens que comptem a grande orquestra sinfonica modema. Mostra como os instrumentos sao feitos, revelando suas caracteristicas essenciais, sua fun- fo na orquestra. ‘A explicaco utiliza 0 texto, as fotos, os diagramas. Res- saltam, assim, as grandes familias em que se divide a orques- tra — cordas, madeiras, metais, percusstio. Mesmo para quem freqlenta as salas de concerto, a grande orquestra ainda encerra os seus mistérios. Nao é fécil identificar, @ distancia, instrumento por instrumento, tanto mais quan- to muitos deles tém formas aproximadas, ou quase seme- Ihantes. ‘Neste pequeno manual, eles se apresentam com 0 neces- sitio relevo. Para os estudantes e professores, terto valor especial 0s abundantes exercicios; aos estudantes e leigos, interessardo as sugestOes de pecas suplementares que exem- plificam 0 colorido sonoro de cada instrumento ¢ a sua ex- ‘tensdo na escala. S6 se pode desejar a melhor acolhida a ‘Ho ttil acréscimo as nossas estantes de misica. MARIO TAVARES Maestro titular da OSTM 1 O que é uma orquestra? Os naipes da orquestra ‘Orquestra € uma antiga palavra gre- ga (orkhéstra) que, por incrfvel que parega, significa exatamente “lugar para dangar”. Na Grécia, durante 0 século V a.C., os espetdculos eram encenados em teatros ao arlivre, cha- mados anfiteatros. Orquestra era 0 nome dado ao espaco que se situava em frente & rea principal de repre- sentagBo e que se destinava as evo- Tugbes do coro, que cantava e tam- bém dancava. Bra ali que ficavam igualmente os instrumentistas. Passou-se muito tempo, até que no inicio do século XVII, na Itélia, as primeiras 6peras comeca- yam a ser executadas. Essas 6peras originalmente pretendiam ser imita- Ges dos dramas gregos e, portanto, a mesma palavra, orquestra (em ita- iano, orchestra), foi usada para des- erever 0 espago entre o palco ea audigncia ocupado pelos instrumen- tistas. Porém, apés_algum tempo, orquestra passou a designar 0 pré- prio grupo de musicos e, finalmen- te, 0 conjunto de instrumentos que eles tocavam. Orquestra de um antigo teatro de épera Assim, hoje em dia usamos a palavra orquestra para indicar um conjunto razoavelmente grande de instrumentos que tocam juntos. Mas quais sto exata- mente esses instrumentos? E quantos formam “um conjunto razoavelmente grande”? O fato é que o mimero e os tipos de instrumentos podem variar consi- deravelmente de uma pega musical para outra de acordo com a combinagio instrumental especifica usada pelo compositor para expressar suas idéias musi- cais. A formacao e o tamanho da orquestra também tém mudado continuamente durante os ultimos quatro séculos. Certos instrumentos, particularmente os metais, tém sido habilmente aperfeicoados para se tornarem mais faceis de tocar. Esses aperfeigoamentos também permitiram aumentar o mimero de notas que eles podem tocar. O limite e a variedade dos timbres instrumentais aumentaram gradualmente & medida que novos instrumentos foram sendo inventados e incor- porados A orquestra. Antes de comegarmos a estudar esses instrumentos em detalhe, vamos observar a disposicdo da orquestra na plataforma de concerto. Imagine vocé que est sentado em uma sala de concerto, com a orquestra distri- burda & sua frente. Esse “‘conjunto razoavelmente grande de instrumentos”” nao 6, em absoluto, um agrapamento ao acaso dos elementos dispontveis. Na verdade, trata-se de uma unidade altamente organizada e equilibrada, composta de quatro naipes ou “familias” de instrumentos: cordas @ madeiras @ metais @ percussa0 Cordas Madeiras 0s instrumentos de cada naipe compartilham certas “caracteristicas comuns a fa- miflia”. No naipe das cordas 0s sons sto obtidos pela vibragao produzida quando se passa um arco transversalmente nas cordas retesadas ou quando se dedilham as cordas também retesadas, No naipe das madeiras e no dos metais 0s sons sao pro- duzidos pelo sopro do executante. Os instrumentos conhecidos como madeiras sfo feitos, na sua maior parte, de madeira, e os metais sio totalmente feitos de metal. Hé, porém, uma diferenga muito maisimportante entre essas duas familias de instrumentos: a maneira como 0s sons sio realmente produzidos. Essa diferen- ga se esclarecerd mais tarde quando estudarmos esses dois naipes detalhadamen- te. Todos os instrumentos de percussao sao percutidos ou agitados. A localizago dos naipes da orquestra na plataforma de concerto obedece a uma razio prética. Por causa das caracterfsticas comuns a cada familia, 0s instru- ‘mentos de cada naipe so dispostos lado a lado ou uns atris dos outros, forman- do grupos. A plataforma é construfda em planos sucessivamente elevados e os naipes so dispostos de forma a proporcionar um equilibrio e uma combinagao dos variados sons e timbres instrumentais. O regente deverd poder ouvir cada ins- trumento com a maior clareza e, naturalmente, preciso que cada instrumentista possa ver o regente. PERCUSSAO METAIS MADEIRAS CORDAS REGENTE As cordas, que desempenham o papel mais importante na maior parte das misi- ‘cas, so colocadas na frente e dispostas ao longo de toda a plataforma no sentido de sua largura. As cordas sto a “espinha dorsal” de uma orquestra: mais da meta- de dos membros de uma orquestra ¢ instrumentista de cordas. O naipe das cordas ¢ formado por: violinos contrabaixos violas hharpa violoncelos Qs executantes dos instrumentos de madeira, aos quais muitas vezes cabem solos importantes, sentam-se no centro da orquestra, diretamente em frente do regen- te, em um plano mais elevado que o das cordas. O naipe das madeiras é composto por: 0 Metais Percussao Miéssica para ouvir Exerefcio Programado 1 flautas e flautim oboés e corne ingles clarinetas e clarineta baixo fagotes e contrafagote s instrumentos de metal sio dispostos atrés das madeiras para nao abafar os sons mais suaves destas e das cordas com o seu som poderoso e de muito volume. Entretanto, por estarem colocados em um plano mais elevado do que o das ma- deiras e das cordas, os metais podem, quando se faz necessério, projetar-se atra- vés da textura da misica, produzindo um efeito eletrizante. O naipe de metais inclui: ‘trompas trombones trompetes tuba Por trds dos demais naipes, na parte mais elevada da plataforma, fica o naipe de ppercussdo, que inclui tambores, pratos e tudo mais que possa ser percutido, agita- do, batido ou que cause algum som audivel. Este naipe as vezes é chamado de “a cozinha da orquestra”, por causa do barulho excessivo que pode produzir quando necessério. Apesar de a percussio poder oferecer maior variedade de ins- trumentos do que qualquer outro naipe da orquestra, os instrumentos de percus- sao sto distribusdos entre relativamente poucos instrumentistas. Os principais instrumentos de percussio sa0: timpanos pandeiro castanholas bombo Glockenspiel locos de madeira ccaixa clara xilofone tanta (ou gongo) pratos celesta chicote ‘ridngulo carrilhto maracas, Para distinguir o som especifico de cada naipe da orquestra, procure ouvir 0 ini- cio de uma gravagao da musica de Benjamin Britten, Guia dos Jovens para a Or- questra (The Young Person's Guide to the Orchestra), que também € conhecida pelo seu outro titulo: VariapBes sobre um Tema de Purcell. Britten comeca esta ‘pega com seis exposigdes da melodia de Purcell: 1 por toda a orquestra 2 somente pelo naipe das madeiras 3 pelo naipe dos metais 4 pelas cordas (incluindo a harpa) 5. pela percussaio, com os timpanos tocando as trés primeiras notas da me- lodia 6 por toda a orquestra, uma vez mais, Ouca o inicio de cada uma das seguintes pecas musicais. Veja se vocé consegue identificar, em cada pega, o naipe de instrumentos que o compositor escolheu para comegar a miisica. (@) Mozart: Segundo movimento da Sinfonia N° 39, em mi bemol maior. (b) Mussoxgsky: Quadros de uma Exposieao (orquestraao de Ravel). (©) Debussy: Nuages, dos Noturnos (@) Berlioz: Segundo movimento da Sinfonia Fantéstica, intitulado “Um baile”. " Exercicio Programado 2 Exercicio Programado 3 Projeto de Fichério Instrumentos de dois n: Rossini: Abertura de La Gaza Ladra (A Pega Ladra). Tehaikovsky: Abertura-Fantasia Romeu e Julieta. ‘Verdi: Grande Marcha, da 6pera Aida. Sibelius: Terceiro movimento da Sinfonia N° 2 em ré maior. Bizet: Variagio 1, do Preludio de L’Arlésienne (A Arlesiana). s da orquestra tocam no inicio de cada uma dessas pecas: @ b) (©) (d) @ B @ () Borodin: “Danga das jovens escravas” uma das Dangas Polovisianas, da pera Principe Igor. Bizet: O balé de Carmen (arranjado por Shchedrin) Grieg: “Danga arabe”, de Peer Gynt. Bruckner: Adagio da Sinfonia N° 7, em mi maior. Tandcek: Sinfonietta Escreva © nome dos naipes da orquestra na ordem em que vocé os ouvir tocar no inicio da seguinte pega: Sibelius: Finléndia, Em cada uma destas pecas 0 compositor usa somente trés dos quatro nai- pes da orquestra. Ouvindo-as, procure descobrir que naipe estd faltando. Bizet: Preliidio do segundo ato (“*Les dragons d’Alcalé”), da épera Carmen, Kodaly: “O relogio musical vienense”, de Hary Jénos, Uma solugio pratica para auxiliéo a rever os assuntos estudados & comecar 0 projeto de um fichério no qual voc® poderd anotar todos os pontos principais a respeito dos instrumentos da orquestra. Para comecar o seu fichério: A B Anote como a palavra orquestra chegou 0 seu significado atual. Desenhe um diagrama para poder visualizar como os quatro naipes da or- questra esto dispostos na plataforma de concerto. Por que vocé acha que 08 naipes estto dispostos nesta formagao specifica? 2 , 0 rea e a 3 TROMPAS TROMPETES TROMBONES em eecee qed iid e AAs an cone || ge eo yy i. t ae LL |gere||-20— oo Aun == we ww el bd a ad |e o- : SEGUNDOSVIOLINOS ‘Violas pe ent te ate al | We eg } cele <0 9 ne ow ee ee | PRIMEIROS VIOLINOS Ea vlotoncaos a ee A Orquestra Hallé Cordas Violino Viola Violoncelo Contrabaixo As cordas sfo a “espinha dorsal” da orquestra. Mais da metade dos membros de uma orquestra ¢ instrumentista de cordas e portanto o som de uma orquestra completa é fundamentalmente composto de uma s6lida base de som das cordas. O naipe de cordas da orquestra consiste em: primeitos viotinos _violoncelos segundos violinos _contrabaixos violas harpa s violinos de uma orquestra estio divididos em dois grupos: primeiros vio- Tinos e segundos violinos. A diferenga no se encontra nos préprios instrumentos (exatamente idénticos) mas na miisica que eles tocam: os primeiros violinos ge- salmente tocam notas mais agudas que os segundos violinos. Os violinos, violas, violoncelos e contrabaixos produzem os seus sons exa- tamente da mesma maneira, Eles podem ser tocados com um arco (uma vareta de madeira com crinas de cavalo retesadas ao longo da mesma), ou as cordas podem ser dedilhadas com as pontas dos dedos — efeito conhecido pelo nome de pizzi- ato. A harpa é sempre dedilhada. Ainda que a harpa possa ser classificada como um instrumento de corda, sua construcdo ¢ a maneira como ¢ tocada situam-na A parte dos outros integrantes do naipe das cordas da orquestra Apesar de violinos, violas e violoncelos terem tamanhos diferentes, tém em comum a mesma forma basica. Os contrabaixos sfo ligeiramente diferentes: tem as espaldas mais caidas, ¢ a sua parte posterior é plana, em vez. de ser ligeiramen- te abaulada como a do violino, da viola e do violoncelo. © naipe das cordas esté disposto a frente da orquestra. A disposigio real dos diversos grupos de instrumentos de cordas pode variar. Esta, porém, é a dis Posigo que se encontra mais comumente: 4 Misica para ouvir Projeto de Fichério PERCUSSAO METAIS vaaras MADEIRAS y y oo oe CONTRABAIIOS eee EEL ee Oo SEGUNDOS VIOLINS yio.as ——=——— Apesar de ser maior do que o violino, a violaé relativamente pequenaem ta- manho se compareda as notas graves que prodiuz. Essa extensdo do reyistro grave, 22 juntamente com o fato de as cordas serem um pouco mais grossas que as do vio- lino, confere a viola um timbre mais escuro, menos brilhante que o do violino, mesmo quando ela toca notas exatamente na mesma altura. As notas agudas tm uma tendéncia a soar rarefeitas e estridentes, mas 0 timbre dos registros médio & grave da viola € intenso, escuro e rico: Canciio, de Hairy Janos, de Kodély accel. — In 2 crese f ors. As diferencas entre os timbres da viola e do violino sto claramente audiveis na Sinfonia Concertante (K. 364) de Mozart: Andante Gioling solo), a ——— (iota solo) — as I apy dace pe ree Até a época de Mozart, a viola era usada principalmente para tocar as notas inter- nas da harmonia ou dobrar as notas dos violoncelos. Durante o século XIX, po- 16m, 08 compositores comegaram a escrever partes mais complexas e mais inte- ressantes para a viola. Miisica para ouvir Para viola e piano Hindemith: Primeiro movimento da Sonata, Op. 11 NO 4. Para viola ¢ orquestra Bach: Concerto de Brandenburgo N? 6 (duas violas solistas). Berlioz: “Marcha e oracdo dos peregrinos”, de Haroldo na Iidlia, Concertos para Viola de Walton e Hindemith (Der Schwanendreher). Solos orquestrais para viola Adam: Pas de deux, do balé Giselle, Britten: Infcio da Passacaglia da pera Peter Grimes. Para o naipe de violas da orquestra Bartok: “Intermezzo interrompido”, do Concerto para Orquestra. Rimsky-Korsakov: Terceiro movimento da suite O Galo de Ouro. Para violino solo, viola solo e orquestra Mozart: Sinfonia Concertante (K. 364). 23 hi O violoncelo € também muito Mioloncelo Qvisiowe pelo nome de cello, {Em italiano: violoncello, que Constitui o diminutivo do em francés:violoncelle, __termo emitaliano, Ele 6 obvia- sm aiemto: Violoncell.| mente grande demais para ser Comprimento:1.23m colocado sob 0 queixo como © Violino ou a viola. Por isso 0 violoneslo ¢ austentado, « Sy ercmente pert peas artes internas dos joelhos do executante, apoiando-se no solo por um espigio regulavel de metal. AS quatro cordas do violoncelo sfo afinadas em quintas, uma oitava abaixo da viola, nas seguintes notas: O Violoncelo tem a maior extenséo dinmica de todos os instrumentos de cordas, tanto no piano quanto no forte; sua extensio em altura é também bastante ample, cobrindo quase quatro oitavas. As notas mais graves so escritas na clave de fa © as mais agudas, na clave de d6 na quarta linha (clave de tenor) ¢ até na clave de sol d6 médio + clave de dé (clave de tenor) clave de fi (clave de baixo) © fato de possuir cordas mais longas e grossas, e de ser maior que o violino e a viola, confere ao violoncelo um som cheio e penetrante; seu timbre & gloriosa, mente intenso e rico: ‘Schumann: Concerto para Cello em ld menor Re Apesar do seu tamanho, o violoncelo pode ser bastante dgil, quando executa me- lodias répidas e ritmicas. Misica para ouvir Para violoncelo sem acompanhamento Bach: Bourrées da Suite N° 3 em d6 maior. Kodaly: Sonata, Op. 8. Para violoncelo e piano Saint-Saéns: “O cisne”, de O Carnaval dos Animais. Britten: “Dialogo” e Scherzo-Pizzicato da Sonata em dé, Op. 65. 24 Contrabaixo (Em italiano: contrabasso ou violone, em francés: contrebasto, ‘em slemBo: Kontrabass.) Comprimento: 1,85m Extensio: Para violoncelo solo e orquestra Concertos de Haydn, Schumann, Dvorak, Elgar, Shostakovich Tchaikovsky: Variacdes sobre um Tema Rococé. Lloyd Webber: Variagdes (sobre um tema de Paganini). Para o naipe de violoncelos da orquestra Schubert: Primeiso movimento, segundo tema da sinfonia Jnacabada. Brahms: Terceiro movimento da Sinfonia N° 3 em fa maior. Para violino, violoncelo e orquestra Brahms: Concerto Duplo em lé menor. © contrabaixo, também co- nhecido pelo diminutivo bai Xo, € muito maior que o vio- loncelo. Portanto, suas cordas sio ainda mais longas e mais grossas. As distancias que a mao tem que cobrir para pro- duzir as diferentes notas tam- bém sto proporcionalmente maiores do que no violoncelo. Para tocar 0 contrabaixo, € necessério que o instrumentis- ta ou fique de pé ou parcial. mente sentado em um banco ou tamborete bem alto. © formato do contra- baixo é ligeiramente diferente do formato do violino, da vio- la e do violoncelo. A parte posterior & plana, e as espal- das sio. mais inclinadas — duas_caracteristicas proven entes da velha familia das vio- las antigas, que, de modo muito adequado, permitem 0 instrumentista praticamen- te abragar o instrumento para tocar. Originalmente os con- trabaixos tinham trés cordas. Hoje em dia, porém, possuem quatro e, as vezes, cinco, e882 quinta corda aleangando 0 dé grave e dese modo situando a extensfo do contrabaixo uma oitava abaixo do violoncelo. ‘As partes para 0 contrabaixo so escritas na clave de f¥,s6 que uma oitava mais acima do que 0 som real das notas. Essa notagao evita um excesso de linhas suplementares abaixo do pentagrama. O contrabaixo tem uma afinacdo comple- tamente diferente da do violino, da viola e do violoncelo, que sio afinados em quintas, enquanto o baixo ¢ afinado em quart = escritos sons reais ES (46) mi 1416 sol 2s Hi poucos solos escritos para o contrabaixo, que é menos dgil do que os ‘outros instrumentos de cordas; como suas cordas s40 muito grossas, produzem 'um som 4spero, seco e rascante quando tocadas com o arco, Alllegretto pomposo Saint Saens: “0 elefante”, de O Carnaval dos Animais 4 a 10 W 12h 4h as 6 1 F (soa uma oitava abaixo) Py 8 BE > 19, 8 4 1 16 y, legato ‘Mas as notas tocadas em pizzicato no contrabaixo sto redondas e cheias, com um som de espléndida riqueza e profundidade Bach: “Esurientes”, do Magnificat em RE Pitsicato (Goa uma oitava abaixo) Os contrabaixos dio profundidade ¢ ressonncia 20 naipe das cordas e pratica- mente a toda a orquestra. Até o fim do século XIX, os contrabaixos geralmente dobravam a parte dos violoncelos, uma oitava abaixo, mantendo a linha do baixo Se 08 violoncelos estivessem com a melodia. Os compositores modernos, entre. tanto, freqiientemente escrevem partes independentes para violoncelos e contra. baixos. ‘Miéisica para ouvir Para contrabaixo solo e orquestra Dittersdorf: Concerto em mi maior; Sinfonia Concertante (com viola). Solos orquestrais para contrabaixo Mahler: Terceiro movimento da Sinfonia NO 1 em ré maior. Prokofiev: “Romance”, do Tenente Kijé. Stravinsky: “Vivo”, de Pulcinella (dueto cOmico com o trombone). Para 0 naipe de contrabaixos da orquestra (com violoncelos) Beethoven: Primeira parte do Finale da Sinfonia N° 9 (Sinfonia Coral). O contrabaixo no jazz Discos em que Charlie Mingus atua como contrabaixista. Harpa 4 harps éum dos instrumentos mais antigos. Provavelmente, origina das vibra. ges de um arco de cara. As harpas mais antigas tinham poucas cordas, mas a (Em taino:arpe, _haspa moderna possui 47 cordas, distribuidas por comprimento, © harpista nfo necessita pressionar as cordas para encontrar as notas, como faz 0 violinista, por exemplo. Entretanto, ¢ imprescindivel que o harpista verif ue rigorosamente se cada corda esté afinada perfeitamente antes de tocar. Esse cuidado especial envolve muito tempo ¢ assim o harpista necessita estar na pla. taforma bem antes da hora prevista para o inicio do concerto a fim de afmar 8 cordas, A partir e acima do d6 médio, as cordas da harpa sf0, hoje em dia, comu- a mente de ndilon. As cordas graves sfo feitas de tripa e as onze mais graves, enro- ladas com fio metélico. Para ajudar o harpist a localizar corretamente as cordas, aS | todas as cordas d6 que no sto enzoladas com fio metdlico tém a cor vermelha © as cordas fd sto azuis. Harpa medieval Vocé deve estar imagi- nando como 47 cordas conse- guem abranger toda essa am. pla extensio de notas que a hharpa pode tocar. Na base da hharpa se encontram sete pe- dais, um para cada nota da oi- tava — um pedal para todas as cordas lé, outro para as cor- das si e assim por diante. 2 ; 06 S018 si OH pé esquerdo pé direito Cada pedal pode encaixar-se em trés posigbes, para poder rapidamente ajustar 0 com- primento de suas cordas ¢ assim produzir qualquer ume de trés notas diferentes. To- ‘me-se 0 pedal dé como exem- plo: na sua posigdio mais ele- yada todas as cordas 46 soam a nota dé bemol em varias of tavas. Se o pedal for colocado ‘no encaixe imediatamente inferior, encurtara as cordas ligeiramente, fazendo entdo soar 0 dé natural. Colocando-se 0 pedal no encaixe mais baixo, as cordas produzem o d6 sustenido, © harpista pode dedilhar simplesmente uma melodia ou tocar a melodia e fazer o acompanhamento ao mesmo tempo. Os sons mais caracteristicos da har- pa na literatura orquestral so 0s acordes (com notas dedithadas simultaneamen- te ou tocadas uma apés a outra, como arpejo) ¢ o glissando (em italiano, escorre- gando, deslizando) no qual o instrumentista desliza os dedos rapidamente no sentido transversal as cordas O instrumentista pode dedilhar as cordas perto da caixa actistica, produzin- do um som rarefeito e seco; ou tocar harménicos — sons misteriosos, sobrenatu- ais, que sfo obtidos colocando o lado da mao delicadamente no meio de uma corda e dedilhando somente a metade superior Harpa sem acompanhamento Ravel: A cadéneia de Jntroduedo e Allegro. Harpa solo e orquestra Debussy: Danse Sacrée et Danse Profane, para harpa e cordas. ‘Uso orquestral Solo — Tchaikovsky: “‘Valsa das flores"’, da Su/te Quebra-Nozes. Acompanhamento — César Franck: movimento lento da Sinfonia em ré ‘menor. Bizet: Preliidio do 39 ato de Carmen. 2 Missica de cordas OQ naipe das cordas de uma orquestra também pode ter existéncia independente, Para ouvir atuzndo por conta propria, sendo enifo chamado de “orquestra de cordas”” Mozart: Eine kleine Nachtmusik. Dvorak: Serenata para Orquestra de Cordas, Op. 22, em mi maior, Vaughan Williams: Fantasia sobre um Tema de Thomas Tallis (a instrv- mentagto dessa peca requer duas orquestras de cordas — uma grande ¢ outra pequena — e um quarteto de cordas: dois violinos, viola e violon. celo).. Penderecki: Treno para as Vitimas de Hiroxima (nessa peca, Penderecki utiliza novos sons para instrumentos de cordas. Para representar muitos esses sons, ele precisou criar também uma notagiio musical propria). Exercfcio __Identifique quais instrumentos do naipe das cordas da orquestra tocam amelodia Programado 7 no inicio de cada uma destas pecas: (a) Prokofiev: “Romeu no timulo de Julieta” (de Romeu e Julieta), (bo) Tehaikovsky: Segundo movimento da Sinfonia N° 6 (Patética). (c) Bartk: Misica para Cordas, Percussao e Celesta, (d) Shostakovich: Segundo movimento da Sinfonia N° S, em ré menor. (©) Kodaly: Intermezzo, de Hary Jénos. Exerefcio Enquanto vocé ouve 0 inicio de cada uma dessas pepas, escolha entre os quadra- Programado 8 dos abaixo o termo correto para descrever a maneira especial como os ynstru. mentos do naipe das cordas esto sendo tocados: tremolo \| harménicos || col tegno |{ pizzicato || con sordino (a) Tchaikovsky: Terceiro movimento da Sinfonia N° 4, em fa menor. (b) Mahler: Sinfonia N° 1, em ré maior. (©) Grieg:““A morte de Ase”, de Peer Gynt. (4) Stravinsky: Final da Berceuse e o Finale do Passaro de Fogo. (©) Rachmaninov: Variagio 9, da RapsOdia sobre um Tema de Paganini. (8) Borodin: Nas Estepes da Asia Central, (g) Mussorgsky: “Cum mortuis in lingua mostua”, segunda parte das “Cata- cumbas” de Quadros de uma Exposicao, (h) César Franck: Movimento lento da Sinfonia em ré menor. (8) Beethoven: Movimento lento do Concerto para Piano N° S (Concerto Im- erador). G) Holst: “Marte, o mensageiro da guerra’, de Os Planetas. (&) Manuel de Falla: Noites nos Jardins da Espanha, Exercfcio da Sinfonia N° 1 de Brahms Prepeeaisy Allegro non troppo So of Reescreva o fragmento de melodia acima em: (a) Clave de d6 (ou contralto), para ser tocada por uma viola; (b) Clave de d6 na quarta linha (ou tenor), para ser tocada por um violoncelo; (©) Uma oitava abaixo, na clave de fé (ou do baixo), para ser tocada por um contrabaixo; depois escreva a melodia novamente, nos sons reais produzi- dos pelo contrabaixo. 28 Exeretcio Programado 10 Exercfcio Programado 11 Projeto de Fichério Ouga a Variagao 6: “Valsa vienense”, das Variacdes sobre um Tema de Frank Bridige de Benjamin Britten. Essa pega esti dividida em trés seqBes. Na primeira segio: (2) Os contrabaixos estado sendo tocados com arco ou em pizzicato? (b) Quais so os instrumentos que tocam a melodia nessa valsa t20 pouco comum? Na segHo intermediéiria, mais lenta: (©) Quais instrumentos estao tocando em pizzicato” (@) Qual o instrumento que toca um solo, um pouco depois? E uma viola, um violoncelo ou um contrabaixo? A terceira seg comega com um trinado nos contrabaixos, seguido por dois acordes em pizzicato ; a valsa, ent3o, comeca novamente: (@) Que palavras em italiano descrevem a maneira como 0 acompanhamento € tocado? (©) Que palavras em italiano descrevem a maneira como a melodia da valsa é tocada? (@ Oacorde final ¢ tocado com arco ou em pizzicato? Continuando com as Variagdes sobre um Tema de Frank Bridge, de Britten, des- creva como as cordas s4o tocadas no infcio da: (@) Introdugio. (b) Variagao 7: “Moto perpetuo”. (©) Variagdo 9: “Canto”. ‘A Quais sto as diferengas em extensio e timbre entre os instrumentos de cada um dos pares seguintes? violino : viola violoncelo : contrabaixo B_ Apesar de as quatro cordas de um violino serem do mesmo comprimento, elas produzem notas diferentes. Quais as razbes que explicam este fenéme- no? C 1. Escreva o significado de cada um destes termos em relagdo a técnica de tocar a harp: arpeggios sglissando harménicos 2.Como € possivel obter mais de 80 notas da harpa, uma vez que ela possui somente 47 cordas? D_ Pesquisa: Descubra que instrumentos de cordas esto associados a cada um destes famosos instrumentistas: Josef Joachim William Primrose Pablo Casals Kyung Wha-Chung Mstislav Rostropovich Itzhak Perlman 3 Os instrumentos de sopro conhecidos como madeiras so, como seu nome suge- - te, feitos basicamente de madeira, apesar de os modernos flautins e flautas Madeiras stem de metal. 0s sons sio produzidos pelo sopro do instrumentista, que faz vibrar uma palheta, ou, no caso da flauta e do flautim, penetra no instrumento através de um orificio oval. Em qualquer dos casos, uma coluna de ar € posta em vibragao dentro de um tubo oco. O comprimento da coluna de ar determina a altura da nota: quanto mais curta a coluna de ar, mais aguda serd a nota quanto mais longa a coluna de ar, mais grave serd a note (Compare estas relagdes com os sons dos instrumentos de corda: as cordas do violino, sendo mais curtas, produzem as notas mais agudas; as cordas do contra- baixo, sendo mais longas, produzem notas mais graves.) Contrafagote Fagote Clarineta Clarineta Baixo Saxofone Tenor Oboé Corne Inglés Flauta Flautim 7 Em cada instrumento de sopro hé uma série de orificios perfurados 20 longo do tubo. Estes orificios sao controlados por um sistema de chaves, molas ¢ alavancas, algumas das quais controlam orificios que, de outra forma, estariam fora do alcance dos dedos do instrumentista. Quando todos os orificios esto fechados, o instrumento produz sua nota mais grave. Porém, quando o instru- mentista abre 0 orificio mais baixo, deixando assim 0 ar escapar, através dele, © comprimento da coluna de ar em vibragao tomase menor e, a0 encurtarse um pouco a coluna de ar, uma nota mais aguda é produzida ‘<0 comprimento da coluna de ar em vibraedo torna-se menor.» portanto nota serd mals aguda As flautas, os oboss e os fagotes produzem notas uma oitava mais agudas quando sto soprados com muito mais forga que na oitava grave. O instrumentisia abre um pequeno orificio, a chave de oitava, para dar entrada ao ar, a uma certa altu- ra do tubo do instrumento. Assim, a coluna de ar é impedida de vibrar como um todo ¢ ent#o uma nota mais aguda é produzida. As clarinetas produzem notas uma décima segunda acima através do mesmo process0, 30 ‘Misica para ouvir No final do século XVIII — quando Haydn estava escrevendo suas ultimas sinfonias ¢ Beethoven estava para escrever a sua primeira ~, o naipe das madeiras consistia em duas flautas, dois obods, duas clarinetas e dois fagotes. Durante o século XIX, versdes maiores ou menores de cada um-desses instrumentos princi- pais foram sendo incorporadas orquestza, aumentando assim a extensio das notas e a variedade de timbres, de tal modo que a formac%o do naipe das madei- ras na orquestra moderna freqiientemente inclu flautas ¢ flautim oboés e come inglés clarinetas e clarineta baixo (€ ocasionalmente saxofone) fagotes e contrafagotes Enquanto os sons produzidos pelo naipe das cordas fundem-se em um todo, os sons do naipe das madeiras so mais distintos, mais individuais, tendendo mais a0 contraste do que a fusto. No naipe das cordas, vérios instrumentos do mesmo tipo tocam a mesma parte, a0 passo que cada executante dos instrumentos de ‘madeira tem sua parte individual para tocar. Muitas vezes cabem solos as madei- as, E por esse motivo que se dispdem no centro da orquestra, em um plano mais elevado que 0 das cordas e diretamente em frente do regente PERCUSSAO METAIS = =a 73 | | ‘CONTRA. ‘neon vierianctll! INGLES CORDAS Regente at ‘As quatro variagdes para as madeiras do Guia dos Jovens para a Orquestra, de Benjamin Britten: 1 Flautas e flautins — gorjeando ¢ tremulando acima dos primeiros e segun- dos violinos (tocados em zremolo), da harpa e do trigngulo. 2 Oboés — tocando frases suaves e melancélicas, acompanhados pelas cordas graves e por nufos abafados no timpano, 3 Clarinetas — em um jogo de pular carniga musical, acompanhadas pelo izzicato das cordas e pela tuba 31 Projeto de Fichério Flauta (Em italiano: flauto, em frances: fle, fem alemBo: Flore.) Comprimento: 68em Extensdo Cen ———| Flauta doce ou bloch ~ uma flauta de bico 4 Contrabaixos — tocando uma marcha solene e zombeteira contra um enér- gico acompanhamento das cordas ¢ da caixa clara, com as esteiras levanta- 4das (Sem tocar a pele da caixa). A Escreva como as madeiras produzem sons. B_ Desenhe um diagrama para melhorar visualizar a disposigao das madeiras na plataforma de concerto. Por que esto localizadas no centro da orques- tra? Pcs E muito fil identificar a flauta entre as madeiras pois o instrumentista a segura para o lado, em vez de aponté-la para a frente, como acontece com os demais ins- trumentos desse naipe. A flauta nfo possui palheta. Os sons sto produzidos pelo rinefpio de soprar-se um orificio aberto na extremidade de um tubo (euja outra extremidade ¢ fechada), colocandose o lébio inferior perto da borda deste orif cio. O flautista sopra por um orificio ovalado, situado a mais ou menos 7om da extremidade fechada do instrumento (a outra extremidade & aberta). Este orifi- cio para a boca (embocadura) é colocado exatamente abaixo do Idbio inferior do instrumentista. A borda do orificio mais distante dos lébios é a que divide o so- Pro, causando assim a vibragdo da coluna de ar que est dentro do instrumento, © que por sua vez produz a nota. (Pode-se conseguir um efeito similar ao soprar- Se, colocando-se os labios perto do orificio, a boca de uma garrafa ou a extremi. dade aberta de uma caneta.) As primeiras flautas a serem usadas-na orquestra eram tocadas no sentido vertical e sopradas no préprio oriffcio do tubo, ou eram do tipo flauta de bieo. Estas flautas incluiam a flauta doce ou bloch. A flauta transversa (basicamente a mesma flauta transversa que conhecemos hoje em dia, porém com menos cha. ves) incorporouse 8 orquestra nos meados do século XVIL. Durante algum tem. Po, tanto as flautas de bico quanto as transversas foram usadas, mas raramente hha mesma pega. Por volta da metade do século XVIII, a flauta transversa jd se havia tornado a favorita dos instrumentistas, por sua maior expressividade, poder © vatiedade de som. As notas mais agudas da flauta sfo claras,frias ¢ penetrantes: Andantino, quasi allegretto z e Dein. fe Eee Bizet: Minueto de L‘Arlésienne, Suite N° 2 3650 4 iam le pee 1 oP coo agement tee Leet BP Misica para ouvir Flautim {Em italiano: flauto piccolo ‘ou simplesmente piccolo, fem francés: petite f10¢e, ‘em alemto: kleine Fidte.) ‘Comprimento: 32cm, Extensio: bs ie Seer eS —=_—a “(com repeticaio ornamentada) As notas mais graves so suaves, intensas e doces, freqiientemente com uma qua- lidade sobrenatural e Iiquida. A diferenca de timbre entre o registro grave © 0 agudo pode ser claramente percebida no inicio da “Pavana da Bela Adormecida”, da suite Ma Mere Oye de Ravel. flautista pode tocar as notas suavemente, uma ap6s a outra, ou ataci-las de modo claro e definido, pronunciando as letras “t-k--k” com a lingua, enquan- to sopra, Outro efeito caracteristico € 0 chamado frulato, ou flutter-sound ou Flattercunge, produzido ao articular a letra r enquanto sopra. Este efeito pode ser ouvido durante a segunda parte da Sequenza para flauta solo de Luciano Berio. Para flauta sem acompanhamento Debussy: Syrinx (contraste entre o registro grave e o agudo). Varése: Density 21.5. Para flauta e teclados Haendel: Sonatas para Flauta, Op. 1, especialmente N° S e NO 9. Para flauta solo e orquestra Bach: Daneas, da Suite Orquestral NO 2 em si menor. Mozart: Concertos para Flauta; Concerto para Flauta e Harpa (K. 299). Nielsen: Allegretto, do Concerto para Flauta. Solos orquestrais para flauta Bizet: Prelidio do segundo ato de Carmen, Sibelius: “Notumo” e “Danga de Khadra”, de O Festim de Baltazar. Bizet: “Danse bohéme” (Danca cigana), de Carmen (duas flautas). ‘Tehaikovsky: “Danga das flautas”, da Sutte Quebra-Nozes (trés flautas). O flautim, também conhecide como piccolo (em italiano: pequeno), tem a me- tade do comprimento da flauta. Como o seu dedilhado ¢ o mesmo da flauta, todos os flautistas sto igualmente capazes de tocilo. A extensto do flautim alcanca uma oitava acima da flauta, e suas notas agudas sfo penetrantemente brithantes. Para evitar um excesso de linhas suplementares acima do pentagrama, a parte do flautim é escrita uma oitava abaixo do seu som real. excerto do Tenente Kijé, de Prokofiev SpE pe eee iE#EAER22 PO ssesasZehazs iron Seria SSE Py reais) (sons escritos) * (oa uma oitava acima) Ouve-se facilmente o flautim acima do som de toda a orquestra. Devidlo & estridéncia do seu timbre, porém, os compositores evitam usé-lo com muita fre- qléncia. O flautim é tocado pelo segundo ou terceiro flautista, 0 qual troca a flauta pelo flautim sempre que houver indicagZo para isso na partitura. Para ouvir Pierné: “A entrada dos pequenos faunos”, de Cydalise. Sousa: The Stars and Stripes Forever (repetigao da terceira melodia). Stravinsky: “Danca do passaro de fogo”, de O Passaro de Fogo. Tchaikovsky: “Danea chinesa”, da Suite Quebra-Nozes (para duas flautas e flautim), Dois outros tipos de flautas so as vezes usados, hoje em dia, na orquestra. O primeiro deles era conhecido como flauta baixo, e sua extensio aleanga quatro notas abaixo da flauta comum. Entretanto, uma flauta ainda maior € por vezes também usada, ¢ sua extensio € uma oitava abaixo da flauta comum. E empre. gada principalmente em musica pop e em miisica para filmes ¢ televisto. Esta flauta maior, por seu tamanho avantajado, agora é conhecida como flauta baixo, A anterior, menor, que se chamava baixo, passou a chamarse flauta contralto ov flauta em sol. coopmaediae™ = Flautim Flauta contralto ]) Flauta baixo Oboé © vb0¢ tem uma patheta dupla. Uma pequena e delgada tira de uma cana espe: ial é dobrada em dois e um pequeno tubo de metal (staple) é colocado entre os mirancerncrgbce, dois lados da tira dobrada, a qual é entdo passada em volta do tubo e firmementes “Talecaraitas, amarrada a ele. A parte dobrada da tira é cortadae as dues extremidades, delica- CON ear oe ine damente!destaneadesiccrntiainids entao a palheta dupla. O tubo de metal encai- Exton: ae em uma base de cortica que ¢ firmemente fixada na extremidade superior do oboé. = © oboista coloca a extremidade da palheta dupla entre seus Iébios, retrain- ¢ do-os levemente para dentro da boca contra os dentes. O instrumentista deve oS ‘manter um sopro continuo entre as duas extremidades da palheta dupla, colo. cando-as assim em vibraedo, uma contra a outra (da mesma maneira que as bor. is de uma folha dobrada vibram quando apertadas entre os dedos e sopradas), A vibragdo das duas palhetas coloca a coluna de ar existente dentro do oboe também em vibrago, produzindo deste modo as notas. As notas graves do obo€ sao densas e ricas; as mais agudas, rarefeitas e pe- netrantes. O som do oboé € nasalado, caracteristicamente mais 4spero (mais pa Iheta) quando comparado com o timbre claro e aberto da flauta: Allegretto pastorate Grieg: “Mana”, de Peer Gynt (repeticao, uma terga acima) © oboé tem uma extensio de notas menor que os outros principais instra- mentos de sopro, mas é capaz de grande variedade de timbres e de estilos de to. car. Em melodias lentas, 0 oboé tende a soar melancélico: 34 N24, em fa menor, de Tchaikovsky 1 8 : Andantino in modo di canzone 3 10 515 1 2 SS SS Mas 0 oboé pode executar melodias alegres e chil- Teantes, com um timbre cortante e mordaz. Devido ao seu timbre penetrante, é 0 oboé que toca a nota ld, antes de 0 concerto comegar, para que todos os outros instrumentistas afinem seus instrumentos. Qs oboés foram incorporados 4 orquestra Por volta de meados do século XVII. Palheta dupla Pequeno tubo de metal Cortiga Para oboé sem acompanhamento Britten: Seis Metamorfoses Segundo Ovidio, Op. 49. Berio: Sequenza VII para oboé solo. Mosica para ouvir Para oboé e piano Poulenc: Scherzo e Lamento (Deploration), da Sonata para Oboé. Para oboé solo e orquestra Concertos de Haendel, Marcello, Richard Strauss, Vaughan Williams e Henze (Concerto Duplo para oboé, harpa e 18 solistas de cordas). Solos orquestrais para oboé Tchaikovsky: “Scne", de O Lago dos Cisnes (Introduglo a0 segundo ato). Delius: La Calinda, da Opera Koanga, Haendel: A chegada da rainha de Sabd, de Salomao (para dois oboés). Corne inglés {Em italiano: carne inglese, fem francés: cor anglais, ‘em alemao: anglisches Horn.) Comprimento: 80cm Extensto: (Gons reais) (Sons escritos) O significado literal da palavra come implica que este instrumento seja de alguma forma relacionado & familia das trompas. Na realidade, porém, 0 come inglés nlo se relaciona em absoluto com as trompas. é na verdade um oboé de maior com. primento, um obo¢ contralto. Sugeriu-se a possibilidade de que o nome em fran. és, Co” angiais, fosse um erro ortogrifica, sendo a palavra real anglé, que signifi. ca “em Angulo”, provavelmente referindo-se maneira como a boquilha ou bocal em que a palheta se encaixa est inclinada formando um Angulo, para melhor ser colocada nos labios. O fato € que, nos modelos mais antigos do corne ingles, Boquitha ou _Boquilha ou bocale palheta bocal e palheta itojoboe Semacocomelimaies) 4 ioaalo matrumenioen curvado, com um formato semelhante ao chifte de um animal, para facilitar que os dedos do instrumentista alcancassem os orificios. AS notas tovadas pelo come inglés mio s80 as mesmas notas que esto ! eseritas para sexem tooadas. Este fendmeno requer uma explicacto, Instrumentos Existem varios instrumentos na orquestra para os quais as notas estdo escri- “transpositores” tas a uma altura diferente da altura das notas tocadas. Estes instrumentos sae co. ‘hecidos como instrumentos “transpositores”. Hi sempre uma boajustficativa pa. a explicar por que as notas escritas no correspondem @ altura das notas tooatas ~ geralmente, € apenas para simplificar o trabalho do instrumentista. Vimos ante. Fiormente que as partes para 0 contrabaixo so escritas uma oitava acima das notas tocadas, ou sons reais; ¢ que a miisica para o flautim é escrita uma oitava abaixo dos sons reais. Em ambos os casos, tentase evitar um excesso de linhas Suplementares. Entretanto, no caso do come inglés, nfo se trata de mera transpo- siggo de oitavas. A altura do corne ingles se situa cinco notas abaixo da do oboé. O deditha- do ¢ exatamente 0 mesmo; portanto, todo oboista é capaz de tocar o come inglés. Assim, para faciltar o trabalho de leitura do instrumentista, as partes para © come ingles sd escritas cinco notas acima das notas que esto soando. Isto significa que o instrumentista le e dedilha as notas exatamente como se elas esti. vessem escritas para o obo¢, porém as notas soam uma quinta absixo, na altura exata do come inglés. Por exemplo se o instrumentista executa o dedilhado ue produziria a nota ré no ‘oboé, no come inglés a nota produzida é 0 sol, uma quinta abaixo, Oboé Core ingles Masica para ouvir Projeto de Fichério oboé: OP er come inglés, escrito: soa entretanto: Mp epres—— ™ pra Assim como 0 oboé, 0 come inglés tem uma palheta dupla. A campanula do come tem um formato de péra, as bordas convergindo para um cfrculo relati- vamente pequeno, reduzindo assim a abertura. Este fato tora o timbre mais sua- ve, mais rico, até mais melanedlico do que o do obog, sendo assim 0 corne inglés © instrumento indicado para tocar melodias delicadas e suaves, com uma ponta de tristeza: Dvorak: Sinfonia N° 9 (Novo Mundo) nee Ste Ses ?(soando uma quinta abaixo) Se) Te ere ie tl —=_—=_— —— Para come ingles solo e orquestra Donizetti: Concertino em sol maior Solos orquestrais para come ingles Franck: Movimento lento da Sinfonia em ré menor. Sibelius: O Cisne de Tuonela Borodin: “Danga das aias"’, uma das Danpas Polovtsianas do Principe Igor (0a oportunidade de comparar os timbres do obo¢ e do come inglés). A. Quais so as diferencas importantes entre a flauta e 0 oboé, especialmente em relagao & maneira de produzir 0 som? B Porque: 1. a milsica para o flautim esti eserita uma oitava absixo dos sons reais? 2. a miisica para o comme inglés estd escrita uma quinta acima dos sons reais? C Pesquisa: Descubra por que ra2%0 0 nome Boehm é importante para os oboistas e flautistas. Clarineta (Em italiano: elarinerto, ‘am frances: clarinerte, ‘em aler3o: Klarinetce.) ‘Comprimento: CClarineta em si bemol: 68,7em CClarineta em I6: 69,8em Extensio Clarineta em si bemol i be = (ons resis) (sons eseritos) Clarineta em lé * (Gons reais) (sons escritos) Entre os principais instrumentos de sopro, a clarineta foi o ultimo a ser incorpo- rado 4 orquestra. A clarineta foi inventada por volta de 1690 por Johann Denner, um construtor de instrumentos, de Nuremberg, ao aperfeigoar um instrumento conhecido como chalumeau. Ele dev o nome de clarineta 20 novo instrumento devido a suas notas agudas parecerem similares em brilho as do trumpete agudo, cajo nome em italiano era clarino, Entretanto, foi necessério que se passasse um século até a clarineta consolidar seu lugar na orquestra, A clarineta utiliza uma palheta simples — a talisca de uma cana especial é cuidadosamente desbastada em uma extremidade, até tornar-se bastante delgada e flexivel — que € colocada sobre uma abertura de formato oblongo situada na boquilha, a qual tem uma extremidade em forma de cunha. A palheta é mantida na boquilha pela bragadeira e por parafusos reguléveis, clarinetista coloca a boquilha nos Idbios, a palheta em contato com o lébio inferior, repuxando ligeiramente os labios para dentro da boca e sobre os dentes, para apoiar e acolchoar a palheta. A boca se fecha em volta da boquilha para impedir escapamento de at. Quando o instrumentista sopra, 0 ar passa entre a bo- quilha e a palheta causando assim a vibragio da palheta. A vibragio da palheta poe a coluna de ar situada dentro do instrumento em vibragfo, produzindo assim uma nota. Enquanto o formato do tubo do obvé € cdnico, o da clari- neta € principalmente cilfn- drico. Devido a essa caracte- ristica, os sons produzidos pela clarineta so mais graves em relagio a0 seu compri- mento. Bragadeira aS Palheta Boquilha As clarinetas eram originalmente construidas em trés tamanhos: afinadas em d6, em si bemol ¢ em ld. (A clarineta em dé tornou-se por fim obsoleta devi- do a superioridade do som das outras duas.) Para maior conveniéncia do instru- ‘mentista, as partes eram escritas de maneira a nfo haver mudanga de dedilhado, qualquer que fosse a clarineta que se estivesse usando. Mas isso significa que as notas da clarineta em 46 soavam exatamente como estavam escritas, enquanto asnotas para as clarinetas em si bemol e ld tinham de ser escritas mais agudas ara soarem na altura real. Esses sto exemplos de instrumentos transpositores, que foram mencionados na pagina 36 A clarineta em si bemol produz a nota si bemol quando s escreve a nota 6, Para produzir a nota d6, devese escrever ré. Assim, todas as notas para a clarineta em si bemol devem ser escritas um tom acima do que elas soam. 38 ‘A clarineta em Id produz a nota Id quando a nota d6 estd eserita. Portan- to, todas as notas para essa clarineta devem ser escritas uma terca menor (ou trés semitons) acima do que elas soam. ‘A escolha de qual clarineta, si bemol ou Id, deve ser usada é feita na reali- dade pelo compositor, que decide qual das duas ter menos sustenidos ou be- ‘méis quando a miisica for escrit Escrito para Escrito para clarineta em 1 clarineta em si bemol uma terga menor Sons reais um tom acima acima SSS 5 Bessey Nec cemvle acatta = # em si bemol seria usada. ronalidade: Mi maior) maior) sustenido maior a (Tonalidade: Mi maior) "(Sol ) (Fa id ) ? Escrito para Escrito para clarineta em 1a Fn: clarineta em si bemol uma terca menor eels um tom: acima acima ae PS FSS Cnet exerplo, a clarineta E ev cy da.) alidade:Mi bemol maior) * (Fé maior) Galtcneineo ie cas cuncman instrumentista usa a clarineta indicada e dedilha as notes escritas. De acordo com o tipo da clarineta ea transposicao, as notas produzidas estargo na tonalida- de e altura corretas, combinando perfeitamente com 0s outros instrumentos que esto tocando. De todos os instrumentos de sopro, a clarineta possui a maior extensto de notas. O timbre da clarineta, menos nasalado e rascante que o do oboé, varia de acordo com 0 registro. As notas graves abaixo do dé médio sto chamadas de re- gistro chalumeau. Essas notas s60 ricas, com pouco corpo de som, mas aveluda- das. As notas do registro médio so mais brilhantes e o brilho aumenta & propor- Go que se sobe para o registro agudo, onde os sons chegam a ser penetrantes € estridentes. clarinetista tem grande controle sobre a expresso e a din&mica, poden- do tocar stibitos crescendos e diminuendos com facilidade. A clarineta € igual- mente capaz de tocar melodias suaves ¢ expressivas ou répidas e ritmicas. Ela pode ser extremamente dgil, tocando grandes saltos intervalares com pouca difi- culdade. Arpejos répidos e borbulhantes sto particularmente efetivos. excerto das Danas de Galinta, de Kodaly fg it en ; = =F Eee) DP crese, poco a poco em Id, sons reais) gp Para clarineta sem acompanhamento Stravinsky: Trés Pegas para Clarineta Solo (particularmente a N2 2). Para clarineta e piano Poulenc: Segundo e terceiro movimentos da Sonata para Clarineta. Para clarineta solo e orquestra ‘Concertos de Mozart, Nielsen (abertura e cadenza); Finzi (Rond6). Stravinsky: Ebony Concerto (para o clarinetista de jazz Woody Herman). 30 Clarineta baixo (Em italisno:clarineeto basso, em francés: oarinerte basse, em alemto: Bascklarinette.| Comprimento: 1,4m Extensdo: al > (Sons reais) (sons escritos) Misica para ouvir Para clarineta e quarteto de cordas Quintetos para Clarineta de Mozart, Brahms, Reger, Bliss (terceiro movi- mento). ‘Solos orquestrais para clarineta Respighi: “Os pinheiros de Janiculum”, de Pinheiros de Roma. Tehaikovsky: Abertura da Sinfonia N9 5 (duas clarinetas, registro grave). Mozart: Trio da Sinfonia N° 39 (duas clarinetas: uma no registro grave, ‘outra no registro agudo). A clarineta no jazz Pegas tocadas por Johnny Dodds, Benny Goodman, Artie Shaw. A clarineta baixo é duas vezes ‘maior que a clarineta normal, € se sifta uma oitava abaixo, A parte superior do instrumen- to € curvada para trés para que © instrumentista possa facil- mente alcangar a boquilha com sua palheta simples. A parte in- ferior do instrumento se abre em uma campanula metélica voltada para cima, Quando a clarineta baixo 6 requisitada na orquestra, ela é geralmente tocada pelo tercei- to clarinetista, Para facilitar a leitura do instrumentista, as notas séo geralmente escritas na clave de sol, uma oitava e um tom acima dos sons reais. © timbre da clarineta baixo é suave, esplendidamente rico e ressonante, porém com pouco corpo de som, ligeira- mente nasalado. Alois Haba: Suite para a Clarineta Baixo Solo, Sibelius: Seeao do meio de “Danga de Khadra”, de O Festim de Baltazar. Wagner: Cena 3 do segundo ato de Tristifo e Isolda, Delius: Preliidio de /rmelin (solos curtos perto do infcio e do fim). Dois outros tipos de clarinetas sio as vezes usados na orquestra. A pequena clarineta em mi bemol (requinta) tem um som agudo, estridente, claramente audivel no final de Till Eulenspiegel, de Strauss, 20 imitar os guinchos de terror de Till sendo enforeado. No movimento final do “Sonho de uma noite de sabé”, da Sinfonia Fantdstica de Berlioz, sugere 0 gargalhar diabélico de uma bruxa enquanto cavalga sua vassoura. © outro tipo, a clarineta contrabaixo, raramente usada, soa uma oitava abaixo da clarineta baixo, duas oitavas abaixo da clarineta normal. Saxofone (Em italiano: saxofono ou saztofono, om francés: saxophone, escrites — soando uma ‘maior abaixo para 0 saxo- contralto em mi bemol; itava e um tom abaixo © saxofone tenor em si ) Andante molto ‘sxofone contralto saxofone foi inventado por volta de 1840 por um clarinetista belga e constra- tor de instrumentos chamado Adolphe Sax. O saxofone ¢ feito de metal — por- tanto, vocé pode estar pensando que ele deve pertencer A segio de metais da orquestra. Entretanto, na realidade, 0 saxofone produz som através de uma pa- Iheta simples e um sistema de chaves que abrem e fecham orificios perfurados 0 longo do tubo cOnico. Tanto a palheta quanto o sistema de chaves sto carac- terfsticas fundamentais das madeiras nao dos metais. O dedilhado é muito similar a0 da clarineta; portanto, quan- do 0 saxofone é usado na or questra, 0 que acontece muito poucas vezes, ele é tocado por um clarinetista e assim sera devi- damente encontrado, na plata- forma de concerto, no naipe das. madeiras e ndo no dos metais. Hé uma familia completa de saxofones, no total de oito, em uma variedade de tamanhos e tonalidades. Os mais usados na ‘orquestra so 0 saxofone con- tralto em mi bemol ¢ 0 tenor em si bemol, ambos similares, em formatos, a clarineta baixo. Devido ao fato de 0 saxo- fone utilizar uma palheta sim- ples, ter uma campanula alargada € ser feito de metal, seu timbre tomase claramente distinto dos outros instrumentos de sopro, sendo extremamente ico ¢ sua- ve, freqiientemente lirico: ‘Saxofone contralto Preltidio de L ‘Arlésienne, de Bizet 4 8 Como a clarineta, o saxofone pode ser extremamente égil, com uma ampla ex- tens&o dindmica, variando do extremamente delicado ao rascantemente forte — qualidades que, obviamente, tornaram o saxofone um dos instrumentos mais utilizados no jazz, especialmente pelos instrumentistas Coleman Hawkins, Charlie Parker e Ornette Coleman. Debussy: Raps6dia, para saxofone e orquestra. Mussorgsky: “O velho castelo”, de Quadros de uma Exposiedo (orquestrado por Ravel). ‘Vaughan Williams: “Dance of Job’s Comforters” (trés saxofones) de Job. Glazunov: Quarteto para Saxofones (soprano, contralto, tenor e baixo). a Fagote {Em italiano: fagotro, ‘em frances: basson, fem alemao: Fagott.) Comprimento: 2.8m Extenso: (Vivamente) © fagote tem muitos pontos em comum com 0 oboé. O seu tubo, cdnico como 0 do bog, € tao longo que € do- brado contra si mesmo, pri- meiro para baixo, depois para cima, estando a campanula acima da cabega do instru- ‘mentista. (Em italiano e ale- mio, a palavra fagote significa um feixe de varetas.) A palhe- ta dupla do fagote, mais curta © mais larga que a do oboé, é encaixada no “s” de metal que é curvado para trés e para baixo até alcancar os lébios do instrumentista. O instru- mento € seguro por uma ban- doleira ou por um espigio apoiado ao solo, de maneira similar ao violoncelo. As partes para o fagote so escritas na clave de fé, ou na clave de d6, na quarta li- nha nas notas agudas. O fago- te nfo é um instrumento transpositor. O seu timbre é Fascante, granuloso, um pou- Co seco, porém muito rico. As notas do registro agudo podem soar apertadas, um tanto tristes. © fagote € um dos membros mais uteis da orquestra. As vezes ele toca solos. Mais freqientemente, porém, executa a linha do baixo para os outros so- pros, fundindo-se com as trompas ou dobrando com os violoncelos, para dar um Pouco mais de contorno e vitalidade ao som. Tocando staccato, o fagote pode casquinar com muito humor: O Aprendiz de Feiticeiro, de Dukas Porém, tocando legato, 0 fagote pode soar com seriedade, se no com alguma tristeza: Mesto (Triste) Panga Inglesa N° 3, de Malcolm Arnold 1 1 Fi SS qe oe ar =~ —? 0 fagote foi incorporado a orquestra no infcio do séeulo XVII. 2 Mésica para ouvir Para fagote solo ¢ orquestra Mozart: Concerto para Fagote e Orquestra. Senaillé: Allegro Spiritoso. Elgar: Romance, para fagote e orquestra. Solos orquestrais para fagote Bizet: Preliidio do segundo ato (“Les dragons d’Alcalé”), da épera Carmen. Grieg: ‘“No saldo do rei da montanha”, de Peer Gynt. Rimsky-Korsakov: Segundo movimento de Sheherazade. Stravinsky: Abertura da Sagracdo da Primavera (registro agudo). © contrafagote soa uma oitava Contrafagote fc0 do tgote nomal¢ toca st notas mais graves do naipe de so- eee comtrtepone: &prost Para sobre aces omaleméo: Kontrafegort) cm suas grandes dimensbes, 0 con- Comprimento:5m trafagote é dobrado em quatro. Extendio: Assim como o fagote, 0 contrafago- te usa uma patheta dupla. O contrafagote 86 6 inclufdo na orquestra se ela for azoavelmen- = te grande, Ele raramente faz um solo, porém é usado para reforgar a Tinha do baixo, estabelecendo uma base s6lida para os sopros ou dando ‘mais contomo e definigao a0 som das cordas graves. A parte do con- trafagote é escrita uma oitava acima dos sons reais. O timbre do contrafagote é profundo, seco e pode assemelhar- se a um rosnado. Em A Bela e a Fera, da suite Ma Mere 1Oye, de Ravel, o contrafagote foi obviame: te escolhido para representar a fe O som do contrafagote no inicio do Concerto. para a Mao Esquerda, também de Ravel, tem sido comparado a0 de um monstro pré-hist6rico emergin- do de um pantanal. Teais) (sons escritos) A Bela e a Fera, de Ravel Concerto para a Mo Esquerda, de Ravel © contrafagote € ouvido grunhindo em O Aprendiz de Feiticeiro, de Dukas (quando as duas metades da vassoura comegam a mexer). Ble é também ouvido na segdo em ritmo marcial do movimento final da Nona Sinfonia de Beethoven, e na Variacdo 4 (em dueto com 0 flautim) das Variagdes sobre uma Cangao de Ninar, de Dohnanyi, Masica para ouvir: madeiras Exerefcio Programado 12 Projeto de Fichério As madeiras da Orques- tra FilarmOnica de Lon- dres. Primeira fila: flau- tim, segunda flauta, pri- ‘meira flauta; primeiro oboé, segundo oboé, come inglés. Segunda fila: clarineta baixo, se- gunda clarineta, primei- ra clarineta; tés fago- tes, Os compositores raramente escrevem somente para as madeiras. A maior parte das pegas abaixo mencionadas inclui também a trompa que, apesar de pertencer 20 naipe dos metais, combina muito bem com as madeiras e é muito wtil para dar unidade a um grupo de sopros. Frangaix: Quarteto para Flauta, Oboé, Clarineta e Fagote Nielsen: Movimento final (variagbes), do Quinteto de Sopros (para flauta, oboé alternando com core ingles, clarineta, fagote e trompa), Jandcek: Mladi (Juventude), para sexteto de sopros (Flauta altemnando com flau- tim, obo, clarineta, clarineta baixo, fagote e trompa), Mozart: Serenata em si bemol (K.361), para 13 instrumentos de sopro (as vezes, 4 parte do contrafagote ¢ executada por contrabaixos), Dvorak: Serenata em ré menor (para sopros ¢ cordas graves), Tentifique as duas madeiras que sto ouvidas tocando altemadamente no inicio de cada uma destas pecas: (a) Delius: Intermezzo de Fennimore and Gerda, (b) Tehsikovsky: Pas de deux de “O péssaro azul” de A Bela Adormecida, (©) Beethoven: Variago 3 do quarto movimento do Septeto em om Bernal (@) Berlioz: Terceiro movimento da Sinfonia Fantésticn (2) Mozart: Trio do terceiro movimento da Sinfonia NO 39. ( Dohnényi: Variacao 4 de Variardes sobre uma Cando de Ninar (_ Massenet: “Madriléne” de Le Cid, (h) Mussorgsky: “O velho castelo”, de Quadros de uma Exposigfo (orques- trado por Ravel). (Neste exemplo, uma terceira madeira toca por pouco tempo com as outras duas.) A’ 1. Que instrumentos da seco de madeiras da orquestra possuem: (D palheta simples; (1) palheta dupla; (III) nenhum tipo de palheta? 2. Quais sao, entre as madeiras, os instrumentos transpositores? 3. O que significa o termo instrumentos “transpositores"? Anote dois motivos que justifiquem a escrita especial para os instrumentos “trans. ositores”, “4 B__Descreva os virios tipos de clarineta usados na orquestra. C Escreva cada uma das melodias abaixo, corretamente transpostas para: (@) clarineta em si bemol; (Il) clarineta em Ia. (Beethoven: Nona Sinfonia) (Beethoven: sinfonia Pastoral) as ee Fa Sa= Re ot a eS oS lidade: ré maior) (Tonalidade: fé maior) ‘Apés ter escrito as melodia, decida que clarineta, em si bemol ou Id, € mais ade- quada para tocar cada melodia. Justifique sua resposta. D__ Explique as similaridades e diferengas entre os pares de instrumentos: [[clarineta = saxofone [lobe : fagote E Pesquisa: Descubra qual instrumento de sopro do naipe das madeiras se re- laciona com estes famosos instrumentistas: Anton Stadler Heinz Holliger Leon Goossens Severino Gazzelloni Benny Goodman Frederico, o Grande Exercicio, 222 wm: destas pecas utiliza instrumentos dos naipes de cordas ¢ madeiras. O seu exercicio programado consiste em examinar as diversas maneiras usadas pelo compositor para trabalhar com os instrumentos destes dois naipes da orquestra. programado Ouvindo cada peca, siga cuidadosamente a linha mel6dica escrita e descubra as respostas para cada pergunta. A leitura e a audicfo da peca deverdo ajudar-se mu- especial A tiene arabe”, da Suite Quebra-Nozes Tehaikovsky (1840-1893) Allegretto (Wiolase violoncelos) 7 fiero a ? = 5 f — Gandcivoyy BO) > a) 7 Oe Gene eis Sat 1)» @ SD) 1D = ——— Sess in, io f = = agi = ————— Ones <<< > = TE TE. —— TT JH) PE J2a) THR) 1 lity dod yb e dimin Pee (2) Que instrumento de sopro, donaipe das madeiras, toca a melodia no nime- 1012 () Identifique o instrumento que toca a melodia no mimero 2. (©) Que instrumentos tocam a melodia no mtimero 3? Qual dos termos em ita- Nano, inscritos nos quadrados abaixo, descreve a maneira como os instru. ‘mentos sto tocados? pizzicato con sordino | tremolo] (4) Que instrumento de sopro do naipe das madeiras toca o néimero 4? (©) O niimero 4 ¢ repetido, um pouco abaixo da altura anterior. Qual é 0 ins- trumento que toca essa repeticao? (0 fragmento de melodia do nimero $6 tocado por uma flauta, um oboé ou uma clarinet? (g) Identifique a clave usada pelo fagote quando ele toca a longa nota final, comecando no mimero 6. Dé o nome dessa nota, 2 Berceuse de O Passaro de Fogo Stravinsky (1882-1971) Op ? (violas) ? ies Sey La (cae) (@) Que instrumento dobra as notas da viola no niimero 1? (©) Que instrumento toca a melodia da cangdo de ninar no mimero 2? (c) Identifique o instrumento que toca as frases descendentes no nimero 3. (@) Que instrumento continua a frase descendente no numero 4? Um violonce- Jo, um fagote ou um saxofone? (e) Que instrumentos tocam a melodia aguda e ascendente no numero 5? (© Nos nimeros 6 ¢ 7, 0s contrabaixos estdo tocando em pizzicato ou com arco? (8) Qual destes termos descreve os sons dos violinos no nimero 8? Pissieato || harmonicos || tremolo ] | cottegn (h) _Descreva como as cordas sfo tocadas no mimero 9 (@ Em que ilustracao a harpa ¢ ouvida tocando um glissando? 4 Os sons do naipe de metais, assim como os das madeiras, stio produzidos pelos x sopros dos instrumentistas. Os instrumentos de metal so, hoje em dia, construi- Metals 4s de uma liga de metais, em vez de puro latto ou bronze. Cada instrumento consiste em determinada extenso de tubos, dobrados ou enrolados, para facili- tar o seu manuseio pelo instrumentista. Um bocal é encaixado em uma das ex- tremidades do tubo e a outra extremidade se alarga para formar uma campanula. A segio de metais da orquestra moderna freqiientemente inclui: ‘Trompete Trombone tenor eel _| Trombone tenor-baixo em si bemol e fa Comneta de cies 4 trompas 3 trompetes (¢ ocasionalmente cometas de pistOes) 3 trombones (2 tenores; 1 baixo ou tenor-baixo) tuba O nimero desses instrumentos, especialmente os trompetes e trompas, pode ser aumentado. ‘A lovalizagio da segdo de metais na plataforma de concerto atrés e acima das cordas madeiras. PERCUSSAO aes TROMPETIS TROMBONES, Tuan 6bEE det ted £ MADEIRAS CORDAS Regente Sy a7 Bocais Trompal} Trompete A série harmonica ‘rompa produz notas mais graves do que o trompete- Seeremumentista coloca 0 bocal em contato com os labios © sopra para fe- tensiio dos labios do Ma ats Coluna de ar que estd dentro do instrumento, farondeg vibrar ‘mals rapidamente, assim produzindo as notas mais agudas Qualquer tubo quando soprado poderé, 20 mudar-se a tensto dos labios (tornan- do-0s mais tensos ou mais relaxados), produzir uma determinada série de notas. (notas mais agudas sf0 possiveis orém diffceis de tocar) ba = (fundamental) Entretanto, hd vériaslimitagdes para esse fendmeno. Nos instrumentos de diame- Ge interme esteito, a nota fundamental é geralmente imposefel ge produzir. Os intervalos entre a notas iniciais sio demasiadamente espagados, e nenhuma prada He ees intevalos pode ser produaida com o comprinente do nae que as notas 7, 11, 13 14 sao desafinadas. Obviamente, um tubo com comprimento diferente Produziria uma nova nova fundamental (mais aguda se 0 tubo fosse mais curto, hake rave se ele fosse nas longo) ¢ assim uma nova e completa série harmoniee poderia ser utilizada, ‘Mas as notas continuariam a guardar a mesma relagao entre elas — a segunda asin una gitava acima da primeira, a terceira uma quinta avin da segunda e Wee nee eaante. O espagamento, juntamente com a festigio de neta dispont- veis, no se alteraria em absoluto, Os trombonistas sempre aplicaram esse principio, aumentando ou encurtando ‘© comprimento do tubo do trombone ao mudar a posigao da vara, deslizando-a até ajusté-la a0 comprimento requerido. Os trompistas e 0s trompetistas necessitavam porém de um jogo de voltas — que adicionavam um comprimento de tubo extra ao comprimento original do ins- trumento —, sendo essas voltas temporariamente encaixadas no instrumento, au- mentando assim o seu comprimento, Mas cada volta produzia apenas as notas re- sultantes da série harmonica do novo comprimento total do tubo. Também era necessario um certo intervalo de tempo para trocar e encaixar as voltas. Trompa do inicio do século XIX, com Jogo de voltas Os trompistas descobriram que algumas notas a mais poderiam ser obtidas colocando-se a mgo dentro da campanula do instrumento, mas o timbre dessas notas “falsificadas” era sensivelmente diferente do das outras notas. Uma das tentativas de aumentar a extensto do trompete foi o modelo de instrumento surgido em 1795, que tinha orificios laterais e chaves. Infelizmente, © fato de possuir orificios no tubo diminuiu bastante o timbre brilhante do trompete, descaracterizando-o e assim tomando esse modelo inaceitével. Uma idéia mais bem-sucedida foi a invencdo de um mecanismo de émbolo, similar a0 do trombone. Esse mecanismo, apesar de ajudar a obter as notas situadas entre 08 intervalos da série harm6nica, tornava 0 trompete um instrumento bem menos agi Esses problemas foram finalmente resolvidos por volta de 1815 com a inven- ¢40 do sistema de vélvulas. Este sistema funciona como se houvesse um jogo de voltas permanentemente encaixado no instrumento, cada volta podendo ser ime- diatamente selecionada e entrar em funcionamento pelo simples toque de um dedo. Cada uma das trés vélvulas adiciona um novo segmento de tubo a0 tubo original do instrumento, aumentando o comprimento original. Quando uma val- vula € pressionada para baixo, o ar é direcionado para a volta extra (conforme ¢ demonstrado na ilustraga0 simplificada do trompete, no fim do parégrafo). As valvulas podem ser usadas individualmente ou em combinacto, oferecendo a es- colhia de sete notas fundamentais e suas respectivas séries harmonicas. (0 com- primento de tubo ao se usar a vélvula 3 ¢ 0 mesmo que ao se usar as valvulas I ¢ 2, simultaneamente, donde se obtém o mesmo efeito ao se usar a vélvula 3 ou as valvulas 1 e 2 combinadas.) O instrumentista usa as valvulas de acordo com a necessidade e, a0 aplicar determinada tenso nos labios, seleciona uma nota espe- cffica da série harménica produzida pela combinaco de comprimentos de tubo que o sistema de vélvulas torna possivel. As notas vidveis de todas as sete séries harménicas se sobrepdem, tornando o trompete e a trompa completamente cro- iiticos (isto é, capazes de tocar todos os semitons) em toda a extensto. Misica para ouvir Projeto de Fichério E importante entender que a diferenga principal entre os instrumentos do naipe de metals ¢ os do naipe de madeiras nfo é 0 material com que eles sto construidos, mas a maneira como eles produzem seus sons, Os instrumentos per. fencentes ao naipe de madeiras tém oriffcios ao longo do comprimento do seu tubo © os seus sons sto produzidos pela vibragao de palhetas, ou no caso da flau. {2 € do flautim, quando 0 sopro do flautista € dividido pela borda do orificio da embocadura. Cada instrumento do naipe de metais tem o seu som produzido pela vibragdo dos lébios do instrumentista, em vérias gradagbes de tenszo, « em contato com um bocal de metal AAs trés variagdes para metais do Guia dos Jovens para a Orquestra, de Ben- jamin Britten: 1 Trompas — uma seqtiéncia de toques, partindo do misterioso e suave até © ameagadoramente forte, contra um fundo de violas violoneelos, on- dulagbes da harpa e rufos serenos do timpano, 2 Trompetes — sempre tocando alternadamente, em galope furioso, ener- sgicamente acompanhados por cordas e caixa clara, 3 Trombones e tuba — os trombones entram solenes, com muita majesta- de; a tuba, pomposamente, mais tarde. Catacumbas”, de Quadros de uma Exposicdo (orquestrado A secdo de metais, constitufda de 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones ¢ tuba, ¢ serenamente apoiada pelos sopros mais graves, criando uma atmosfera so. brenatural, as vezes aterrorizante, como se alguém estivesse explorando, a luz de uma lantema ou archote, as antigas cémaras fUnerérias que esto sob a cidade de Paris. No meio dessa pega, hd um curto solo de trompete. A Desenhe um diagrama Para melhor visualizar como os instrumentos da se- Gao de metais estdo dispostos na plataforma de concerto. Por que eles fo. Fam colocados nessa posica0? B_ Descreva como um instrumentista pode produzir notas diferentes em um ‘nstrumento de metal, usando apenas os seus labios. C__Descreva estas tentativas para aumentar a extensdo das notas do trompete e da trompa: voltas trompete com chaves | [ trompete de vara Sugira por que nenhuma delas foi completamente satisfatGria. D__Anote as vantagens oferecidas 20 trompistae ao trompetsta pela invengao do sistema de vélvulas. O principal ancestral da trompa moderna era simplesmente um tubo com um certo comprimento, passado em volta do ombro e terminando em uma campanu- la aberta, usado para chamar a atenodo e dar toques e sinais durante a cagada. O primeiro tipo de trompa a ser incorporado 4 orquestra era muito semelhante 20 acima descrito, e passou a fazer parte da orquestra nos fins do século XVII. ‘em alemBo: Horn.) Comprimento do tubo: ‘cerca de 3,75m Extensio: ons reais) (sons escritos) trompista da orquestra moderna usa sua mo esquerda para controlar as trés vélvulas, apoiando o instrumento 20 colocar sua mfo direita dentro da camp4- ula, As vélvulas sto do tipo conhecido como rotativas, nas quais, a0 premir-se uma alavanca, 0 percusso que leva o ar para o tubo adicional gira, colocando-se spade caca do século XVII em posicao — em ver. de ser abaixado como no caso do trompete, com suas vAl- vulas de isto. ‘A trompa é um instrumento transpositor, geralmente afinado em féportan- to, sua parte ¢ escrita cinco notas acima do som real. O timbre varia de acordo com a forma como se toca. Em melodias suaves e tranqiilas, o seu som é redon- doe suave, intenso e um tanto escu nte cantabile; con alcuna licenza ‘Tehaikovsky: Sinfonia N° 5 7 : A P i fi Ea pd EET peal pe EET uma quinta abaixo) —— «Press aes wae aed Smee as sas, 0 » é be 0 p it ” Saris aa iS are Saran ee ee ee =—s = eepeslaaels Mas a trompa pode ser tocada muito'vigorosamente, para que 0 seu timbre tor- nese mais vibrante — muito mais brilhante e com um ataque claro e enérgico. Allegro Sibelius: En Saga 1 eae eee cor ee £ —— p+ = ee SS po = te pa Teg Mo saben leo =letrtec e i g f a am dP 51 Tromipa dupla em fé esi bemol Mésica para ouvir As vezes o trompista encontraa indicagao para tocar stopped notes, chiuso, bouché. Para executar essa indicacao, o trompista introduz a mao mais firme- mente dentro da campanula, tormando o timbre menos ressoante, mais rarefeito e mais metalico. Rimsky-Korsakov: Capricho Espanhol (aotas comuns) —_(notas stopped, chiuso, Bouché) A palavra francesa cuivré (que significa metdlico) indica que o instrumentista de- veré introduzir sua mo, em forma de cunha, muito para dentro da campénuta, com bastante firmeza, e soprar com uma forga considerdvel. Esse procedimento torna o timbre da trompa realmente metdlico. © compositor pode escrever con sordino embaixo do pentagrama. O trom- pista encaixa entio uma surdina, com o formato de uma péra de madeira, metal ou papelfio, dentro da campénula. A surdina torna o som rarefeito, abafado, como se estivesse sendo tocado a distancia. Os trompistas usam freqientemente, hoje em dia, a trompa dupla, que consiste em duas trompas combinadas em uma. As trés vdlvulas rotativas contro- Jam dois jogos de voltas adicionais, um tendo como nota fundamental fée 0 ou- tro, si bemol, uma quarta acima. trompista pode mudar de uma afinagdo para outra (ou de um jogo de voltas para o outro) por intermédio de uma quarta val- vula, acionada pelo polegar. Quando a trompa dupla estd em ff, oa intensa e rica. Ao mudar para si bemol, tomna-se mais brilhante. ‘A maior parte das pecas estd instrumentada para quatro trompas, mas fre- qiientemente se encontram cinco trompistas na plataforma de concerto. O pri- meiro trompista, tendo que tocar muitos solos cansativos, é substitu/do, nas pas- sagens menos importantes, pelo quinto trompista, também conhecido como “teserva” (bumper). A trompa — ds vezes erroneamente chamada trompa francesa — é conside- tada um dos instrumentos mais dificeis de tocar. Para trompas sem acompanhamento Trippet: Sonata para Quatro Trompas. Para trompa solo e orquestra Concertos de Mozart, Richard Strauss ¢ Hindemith (segundo movimento) Para trompa e conjuntos Mozart: Quinteto (K. 407) para Trompa, Violino, Duas Violas e Violonce- Io, Brahms: Scherzo, do Trio em mi bemol para Trompa, Violino e Piano. Solos Orquestrais Mendelssohn: Notumo, de Sonho de uma Noite de Verao. Sibelius: Intermezzo, da suite Karelia (notas normais e notas bouché). Beethoven: Trio, da sinfonia Herdica (3 trompas “naturais”).. Rimsky-Korsakov: Variazioni (tema) do Capricho Espanhol (4 trompas). Britten: Serenata para Tenor, Trompa e Cordas. 52 Trompete (Em italiano: trombe, ‘em france: tromperte, em alemao: Trompete.) Comprimento do tubo: 1,37m Extensio: (Sons reais) (sons escritos) Dentre os instrumentos da sego de metais, o trompete é o mais antigo. Quando © timulo do faraé egipcio Tutankhamon foi aberto, em 1923, foram descober- tos dois trompetes retos — um de prata e o outro de cobre datando aproximads- mente de 1350.a.C. Na época medieval, os trompetes eram usados em acontecimentos militares ou cerimOnias, executando fanfarras brilhantes, baseadas no limitado ntimero de notas da série harmonica (vide pég. 48). Logo apés 1600, 0 trompete (agora dobrado em um formato oblongo) foi incorporado 4 orquestra, no infcio tocando principalmente em 6peras e em miisi- ca sacra, para reforear as passagens que expressassem estados de espirito como alegria ou triunfo. No final do século XVII, os trompetistas estavam desenvolvendo a dificil arte de tocar no registro agudo, o clarino, onde as notas da série harmonica se encontram mais proximas. Essa técnica tornou possivel tocar melodias em vez de rmeras fanfarras, Entretanto, durante a época de Mozart ¢ Beethoven, a arte de tocar no clarino hhavia desaparecido quase que completamente. Os compositores estavam uma vez ‘ais limitados a eserever para a extensao de notas produzidas pelo ‘“trompete na- tural” —o trompete que, antes da invencdo do sistema de valvulas, estava restrito as notas “‘naturais” da série harm@nica. As voltas (tubos adicionais) eram usadas para mudar a afinagao bésica, mas as notas disponiveis continuavam limitadas a série harmOnica do novo comprimento total do tubo. A fanfarra tipica da ilustragao abaixo é da opera Fidélio, de Beethoven, e anuncia a chegada do governador da priso para salvar Florestan, injustamente aprisionado ¢ condenado & morte. A fanfarra ¢ inicialmente ouvida fora do palco © depois no pogo da orquestra, criando uma sensaedo de que se est aproximan- do do ouvinte 1 6 Varias tentativas foram feitas para aumentar a extensto das notas (tals ‘como 0 trompete de chaves e 0 trompete de vara, descritos na pagina 51), mas somente com a invengao do sistema de vélvulas que o problema foi resolvido com sucesso, por volta de 1815. O sistema de vélvulas toma o trompete moder ‘no, hoje em dia, um rival dos instrumentos de sopro, tanto na extensio quanto na agilidade: 53 Andante flessibile i pad {trompete em sibemol) | Tchaikovsky: “Danca napolitana”” de O Lago dos Cisnes 12 a A 8 5. ‘Mp espresivo “4 Alllegro brillante ae a. eto F con brio Quando necessério, o timbre brithante e penetrante do trompete pode soar de modo emocionante sobre toda a or- questra. Varios tipos de surdina podem ser usados para modi- ficar 0 timbre ou produzir efeitos especiais. Quando se toca moderadamente, a surdina (straight) suaviza 0 som, produ- Zindo um efeito misterioso, como se estivesse soando a distincia, Porém, se tocada vigorosamente, seu timbre pode tomar-se fspero e sinistro. Os outros tipos de surdina — usados particularmente no jazz e na musica pop — sto: we, cup, plunger. Surdinas Bah wa-wa plunger straight cup © trompete mais usado na orquestra é afinado em si bemol (sua parte, assim como a da clarineta em si bemol, é eserita um tom acima do som real). Entretanto, o trompete em dé também ¢ comumente encontrado na orquestra, assim como os trompetes menores, afinados em ré e fi agu. do, so usados para tocar pecas que requeiram o registro agudo, clarino, por exemplo, algumas composigbes de Bach. Misica para ouvir Para trompetes sem acompanhamento Britten: Fanfare for St. Edmundsbury, para trés trompetes (trés fanfarras solo separadas, depois tocadas simultaneamente), Para trompete solo e orquestra Bach: Concerto de Brandenburgo N? 2 (registro agudo, clarino). Purcell: Melodia e Aria para Trompete; Sonata para Trompete e Cordas em 16. Concertos de Haydn (para trompete com chaves) e Hummel. Solos orquestrais para trompete Verdi: Grande Marcha, da épera Aida, ‘Shostakovich: Concerto N° 1 para Piano (no meio do quarto movimento). Panufnik: “Vision 1”, da sinfonia Sacra (quatro trompetes situados nos “quatro cantos da orquestra”). Mussorgsky: “Samuel Goldenberg e Schmuyle”, de Quadros de uma Expo- siedo (orquestrado por Ravel), trompetes com surdina. 0 trompete no jazz ravages de Louis Armstrong, Dizzy Gillespie, Miles Davis. 54 Corneta de pistoes (Em italiano: cornetto, fem frances: cornet 3 pistons, ‘em alemBo: Kornett.) (© comprimento do tubo e 2 extenso sB0 os mesmos do ‘trompete em si bemol.) ‘Masica para ouvir Trombone (Em Italiano: trombone, ‘em francés: trombone, ‘em alemBo: Pasaune. Comprimento do tubo, ‘com a vara: 2,75m Extensto (trombone tenor): fs Estas notas graves (Conhecidas como “notas pedais”) também sao obtidas: SS] A cometa de pistes é um descen- dente do post horn — um instru- mento de metal, de forma alonga- da, que anunciava a chegada da carruagem do correio na cidade ou vila. A corneta de pistes foi in- ventada na Franca por volta de 1825. Ela tem um formato mais quadrado do que o trompete. O diametro interno é principalmente ednico, ¢ 0 bocal € afunilado. O timbre é menos brilhante que o do trompete.e menos suave que o da trompa. As cometas de pistes sao instramentos extras da secdo de metais, e so usadas somente em algumas pecas. Allegro fastoso Prokofiev: Tenente Kijé : (soa um tom abaixo) == ‘Stravinsky: “Marcha real”, de L Histoire du Soldat. A palavra em italiano significa “trom- pete grande”, e o trombone é, na verdade, um trompete mais alon- gado, dobrado, com um bocal em forma de taga, porém com maior profundidade. No seu for- mato medieval, o trombone era chamado sackbut — da antiga pa- lavra francesa sacqueboute (que significa, literalmente, “puxe- empurre”). O trombone mudou surpreendentemente pouco, des- de os tempos medievais. Af macsioso Em lugar de vélvulas, 0 trombone utiliza uma yara mével — uma extensio de tubo, com o formato de um “U”, que se encaixa no tubo principal, deslizan- do sobre ele com extrema facilidade e suavidade (também existe um trombone de pistdes). O trombonista pode ajustar, fécil e imediatamente, a vara de forma a encurtar ou aumentar 0 comprimento total do tubo. Devido a essa facilidade, 0 trombone nunca foi prejudicado pelo problema do espacamento entre as notas a série harmOnica. Hé sete posigbes para a vara, baseadas nas sete notas fund: mentais. O trombonista, ao variar tensfo dos labios, seleciona notas das séries harmGnicas das fundamentais. DODDS. 0 trombone pode soar solene, digno e nobre: Mozart: “Tuba Mirum”, do Réquiem em é menor s 10, ae aa Tocado vigorosamente, o timbre tomase inflamado, excitante e agressivo, po- dendo dominar facilmente o resto da orquestra: Rimsky-Korsakov: Sheherazade 8 Mas o trombone pode ser tocado com um estilo mais leve, as vezes incluindo o glissando, no qual 0 trombonista continua a soprar enquanto move a vara —lite- ralmente deslizando ou escorregando de uma nota para outra: Copland: Rodeo (Com humor), suum ee of—mp P=fy sree 10 ‘Também se usa a surdina no trombone, da mesma forma que no trompete, tor- nando o timbre sinistro e com um ataque mais definido. Ha geralmente trés trombones em uma grande orquestra: dois tenores e um baixo, ou tenor-baixo. O verdadeiro trombone baixo é afinado uma quarta abai- xo do tenor, porém, devido ao grande comprimento da vara, é de dificil manu- seio. Hoje em dia, o trombone baixo é substituido pelo tenor-baixo. O compri- ‘mento do tenor-baixo € 0 mesmo do tenor, mas com o diémetro interno do baixo. O trombone tenor-baixo possui um tubo adicional, que amplia sua exten- sio até a do trombone baixo, e que pode ser utilizado por intermédio de um me- canismo de alavanea, também conhecido como chave, acionado pelo dedo pole- gat. As vozes, um trombone contralto (afinado uma quarta acima do tenor) e um trombone contrabaixo (uma quinta abaixo do baixo) slo incluidos na orquestra Os tombones no so instrumentos transpositores. 56 Mésica para ouvir Para trombone sem acompanhamento Berio: Sequenza V. Malcolm Amold: Fantasia para Trombone. Beethoven :Equali, para quatro trombones. Solos orquestrais para trombone Berlioz: “Oragao fiinebre”, da Symphonie Funébre et Triomphale. Ravel: Bolero (depois da metade da peca). Stravinsky: “Vivo”, de Pulcinelfa (em dueto com um contrabaixo). Para a segdo de trombones da orquestra Wagner: Abertura de Tannhduser (3 trombones: 2 tenores, 1 baixo). Schumann: Quarto movimento da Sinfonia N° 3 (3 trombones, pp). Wagner: Tema principal do Prelidio do terceiro ato de Lohengrin (primei- 10 com as trompas; depois com 3 trombones e tuba, ff). Rossini; Abertura de Guilherme Tell (seco da tempestade; coda) Gravagbes de jazz de Tommy Dorsey, Jack Teagarden, J.J. Johnson, Kai Winding, ‘A tuba toca as notas mais gra- yes da seeto de metais. E 0 ‘membro mais jovem da se- ‘Go, tendo sido inventada por volta de 1820, As tubas si construi- das em diversos tamanhos e alturas, e tém de trés a cinco valvulas. As tubas mais comu- mente usadas na orquestra ‘moderna sao a tuba tenor (ou eufonio) em si bemol, e a tuba baixo em f4. Atuaimen- te, a maior parte dos tubistas usa a tuba dupla que, assim como o trombone tenor-bai- Xo € a trompa em fie si be: mol, combina duas afinagbes em um s6 instrument. © diémetro interno, am- plo e cénico, ¢ 0 bocal com o formato de taga conferem a tuba um timbre redondo, cheio, rico, porém um pouco co e surdo. As vezes, a tuba € utilizada para tocar uma melodia: (tubs baixol :3,65m Extensio: 2 (Notas pedais”) Wagner: Abertura de Os Mestres Cantores 2 3 4 5. Molto moderato 1 6. 2. 8 °F ma molto marcato crese. poco poco 97 Misica para ouvir metais: Mais freqilentemente, porém, a tuba reforga a linha do baixo da pega e estabele- ce uma base sdlida para a seco de metais. Ocasionalmente, a tuba é ouvida to- cando 0 caracteristico “um-p4” (oom-pahs), Como todos os outros instrumentos de metal, a tuba também pode em- regar o recurso da surdina. A surdina consiste em um grande cone, geralmente de papeldo, com mais de 60cm de altura ‘Vaughan Williams: Concerto para Tuba e Orquestra. Mussorgsky: “Bydlo” (“O carro de boi”), de Quadros de uma Exposicdo (orques- trado por Ravel). ‘Tchaikovsky: Finale da sinfonia Parética (perto do final, sublinhando a passagem solene para trés trombones), A sepito de metais da Orquestra Filarménica de Londres. Da esquerda para a di- reita: cinco trompas (incluindo 0 “reserva”; quatro trompetes; dois trombones tenor eum tenor-baixo; tuba baixo Dukas: “Fanfarra”, de La Péri, para a segao normal de metais da orquestra. Poulenc: Allegro, da Sonata para Trompa, Trombone e Trompete. Amold: Con brio, do Quinteto de Metais para 2 trompetes, trompa, trombone tuba. Dodgson: Poco adagio, da Sonata para Metais (sons dos metais com surdina).. Pecas da Renascenga de Susato ¢ Giovanno Gabrieli tocadas em instrumentos modernos (comparar com as execuces em instrumentos originais). Locke: Music for his Majesty’s Sackbuts and Cometts (composta para a coroago do Rei Carlos II). Bliss: Antiphonal Fanfare para trés coros de metais (composta por um antigo ‘mestre de miisica da Rainha para a Investidura de Sua Alteza Real, o Prin- cipe de Gales). (Todas as pecas acima relacionadas esto inclufdas no disco da Decca SPA 464: The World of Brass.) 58 Exerefcio Programado 13 Exerefcio Programado 14 Exerctcio Programado 15 Exercicio Programado 16 Exerefcio Programado 17 Projeto de Fichério Ouvindo as gravagdes das peras abaixo, identifique 0 primeiro instrumento de ‘metal que toca um solo: (a) Richard Strauss: Till Eulenspiegel. (b) Mussorgsky: “Bydlo” (“0 carro de boi”), de Quadros de uma Exposigao (orquestrado por Ravel). (©) Holst: The Perfect Fool (@)_ Bizet: “La garde montante”, da opera Carmen, (©) Ravel: Pavana para uma Princesa Morta. (Rimsky-Korsakov: Suite da pera O Galo de Ouro. Cada uma destas pegas comega com dois ou mais instrumentos de metal do ‘mesmo tipo. Quais S80 esses instrumentos? (@) Dvorak: Movimento final da Sinfonia N° 8, em sol maior. (6) Schumann: Quarto movimento da Sinfonia N° 3 (Renan). (©) Beethoven: Trio do terceiro movimento da sinfonia Herdica (@ Tchaikovsky: Variagdo 3 (“Miettes qui tombent”), do Pas de Six, ato 1 do balé A Bela Adormecida, (©) Delibes: Preltidio do balé Copelia. (©) Delibes: “A procissio de Baco”, do balé Syhvia. No inicio de cada uma destas pegas, um tipo de instrumento de metal é ouvido e logo depois um outro tipo comega a tocar, juntamente ou nfo, com o instrumen- to anterior. Identifique os dois tipos (a) Haendel: Allegro Deciso, de The Water Music (Mitsica Aqudtica). (b) Wagner: Abertura da 6pera O Navio Fantasma, (©) Stravinsky: “Marcha real”, de L'Histoire du Soldat. (@) Rossini: “Galope”, da abertura da Opera Guilherme Tell. Observe cuidadosamente a fanfarra para o trompete natural na pégina 53. Com- pare as notas dessa fanfarra com as notas da série harmOnica baseada na funda- mental dé, na pagina 48. Quais sio as notas numeradas da série harmonica que a fanfarra utiliza? Examine os fragmentos de musica abaixo. Explique como o instrumentista agiria para tocd-los, e descreva os sons que os instrumentos produziriam. A 1. Quais sto as principais diferengas entre os instrumentos da segdo de me- tais e 0s da secdo de madeiras? 2, Escreva trés raz6es que justifiquem o timbre caracteristico de um ins- trumento de metal a Tromba = Como Trombono_ ‘con sordino 7a B_ 1. Descreva algumas das maneiras usadas pelo trompista para alterar o tim- bre do seu instrumento 2. Que significa o termo “*trompa dupla’”? C 1. Qual € a diferenga timbrica entre um trompete e uma corneta de pis- tes? 2. Que diferencas de timbre e efeito sto perceptiveis quando um trompete com surdina é tocado: (I) pianissimo, (Il) fortissimo? D__Até 0 século XIX, as voltas eram usadas nos trompetes e trompas. Por que no se usavam voltas no trombone? 59 Exercicio programado especial B E 1. Descreva — e, para methor visualizar, desenhe talvez — como o instru- mentista produz. diferentes notas no trombone. 2. Que significa 0 termo trombone tenor-baixo? F 1, Quando a tuba foi inventada? 2. Que significa o termo “tuba dupla”? 3. Escreva duas razGes que tornem o timbre da tuba rico e um tanto gor- do, redondo. G__Escreva cada um desses fragmentos de melodia para: (D trompete em si bemol (i) trompa em fa (I) uma oitava abaixo, na clave de d6 na terceira linha (temor), para trom- bone A B ee =P legato H_ Pesquisa: Descubra que instrumento de metal esté associado com 0 nome de cada um destes famosos instrumentistas: Denis Brain Dizzie Gillespie Alan Civil Philip Jones Barry Tuckwell Tommy Dorsey “Satchmo” John Fletcher Bix Beiderbecke “A batalha e a derrota de Napoleao” Koilily (1882-1967) Essa mnisica € parte de uma suite de pecas tirada da musica que Kodaly escreveu para acompanhar uma peca teatral sobre um soldado hingaro, Hairy Jénos, fa- moso por contar est6rias extremamente exageradas sobre sua bravura © suas aventuras. Essa pega descreve como ele conquistou todo o exército francés e obrigou o seu grande general, Napolefo, a ficar de joelhos. ‘Aqui estdo as quatro melodias prineipais: Alla marcia Dri: my (ere) f front a otal Sapna (ee) = — Fepressivo ‘Ouga essa pega e responda a estas perguntas: (a) Que instrumentos da sego de metais da orquestra tocam a melodia A? (6) A melodia A é imediatamente repetida. Que instrumentos tocam essa repe- tigdo? © @® ©) © ® a) @ 0 Que instrumentos tocam o distante eco da fanfarra (melodia B)? A melodia A € ouvida uma vez mais e ento repetida como anteriormente: (@ Descreva os sons produzidos pelos trompetes na repetigio. (TT) Que palavras em italiano deveriam estar escritas embaixo do pentagra- ‘ma nesse caso? ito compassos depois, embaixo dos trinados dos trompetes, est escrita a expresso italiana senza sordino. Que significa ela? Dois tipos diferentes de instrumentos de metal tocam as notas graves da melodia C. Identifique ambos. (D Que instrumento toca a melodia da grotesca marcha fiinebre que termi- nna essa peca (melodia D)? (ID) A que secao da orquestra esse instrumento pertence, na realidade? Jus- tifique sua resposta. Em quais melodias (dentro dessas quatro acima) os trombones si0 ouvidos tocando glissandos? Vocé percebe alguma similaridade entre a melodia D e a melodia A —ou oct acha que Kodly compos uma melodia completamente nova? Qual é 0 instrumento importante da segto de metais da orquestra que niio ouvido nessa pega? 8 5 | Percussao Misica para ouvir Os instrumentos de percussao sfo 0s que precisam ser agitados ou percutidos para poderem soar. Alguns desses instrumentos se situam entre os mais antigos conhecidos, datando do infcio da histéria humana, quando eram usados para dangas, rituais, envio de sinais de comunicagao e guerra. Apesar disso, a secio de percussao da orquestra é a mais recente a ser estabelecida. Os instrumentos de percussao podem ser divididos em dois grupos. O primeiro grupo contém os instrumentos de percussao que podem ser ‘afinados” — aqueles capazes de tocar uma ou mais notas com altura definida e, portanto, possivelmente tocar uma melodia. Esse tipo inclui: timpanos celesta Glockenspiel vibrafone xilofone carrilhao O segundo grupo ¢ maior e inclu os instrumentos de percussdo que “nao podem ser afinados”. Esses instrumentos produzem sons de altura indefinida, podendo tocar apenas ritmos Nao obstante quo coloridos e excitantes esses instrumentos soem, eles devem ser chamados, na verdade, de “fazedores de ruido”: bombo triangulo tanta (ou gongo) caixaclara —_pandeiro chicote caixa tenor _castanholas guizos pratos locos de madeira maracas Como a segao de percussio é a que provavelmente produzird maior volume de ba- rulho, ela est situada no fundo e no nivel mais alto da plataforma de concerto: eee po Ar iw lT@ 9eee MeTAIS MADEIRAS CORDAS _ As variagbes para percussio do Guia dos Jovens para a Orquestra de Benjamin Britten: 1 timpanos $ xilofone 2 bombo 6 castanholas e tanta 3 pandeiro e triangulo 7 chicote 4 caixa clara e bloco de madeira e Timpanos (Em italiano: eimpani, 1m frances: timbales, ‘em alemio: Pauken.| Dismetros extensbes: Tem Bombo (Em italiano: gran casse, em francés: grosse casse, fem alemio: grosse Trommel.) Didmetro: 76cm, O timpano € 0 tinico tambor da or- questra que produz notas de altura definida. A membrana do timpano, de couro de bezerro ou plistico, € esticada sobre uma bacia de cobre. A tensio da membrana ou pele € re- gulada ao se apertarem os parafu- sos em forma de “T”” que estio'co- locados em volta da borda do tim- pano. Ao aumentarse a tensto da Pele, obtém-se notas mais agudas; a0 diminuir-se a tensio, obtém-se as notas graves. Os timpanos afinados por pedal (ou “‘cromticos”) so co- mumente usados hoje em dia, pro- duzindo notas de alturas diferentes bem mais rapidamente, sendo a ten- sfo da pele regulada por um pedal. Os compositores modernos &s vezes indicam na partitura que a altura da nota deverd ser mudada ao mesmo tempo em que se percute o timpano. timpanista pode percutir com golpes isolados, ou rufar, percutindo com as baquetas dircita e esquerda, alternadamente, com muita rapidez; também possivel executar ritmos extremamente complexos em grupos de até quatro tim- anos. A cabeca das baquetas pode ser feita de feltro, espuma de borracha, corti- 2 ou madeira. O grau de dureza das cabegas das baquetas afeta o ataque, o volu- ‘me eo timbre Os timpanistas tocam somente os tfmpanos, defxando os outros instrumen- tos especificados pela composicGo para serem tocados pelos outros percussio- nistas Os timpanos foram incorporados a orquestra no século XVII. Por muito tempo, os timpanos foram os Unicos instrumentos de percussio admitidos na orquestra. Sibelius: Scherzo da Sinfonia N° 1, em mi menor. Nielsen: Finale da Sinfonia NO 4 (dois jogos de tfmpanos).. Berlioz: ‘Tuba mirum”, do Réquiem (10 percussionistas — 16 timpanos!). Barték: Terceiro movimento da Mitsica para Cordas, Percussdo e Celesta (timpa- nos de pedal). A caixa baixo ou bombo pode ter duas membranas ou somente uma. Os parafu- 808 so regulados para a obtenc&o da melhor ressonncia — pois esse tambor ou caixa nfo produz notas de altura definida, apenas um grave e sonoro “bum”. O bombo € o instrumento que possui o maior poder de dinémica de todos os ins- trumentos da orquestra, Tocado suavemente, ele € percebido, sentido, mais do que ouvido Tocado vigorosamente, pode tomar-se eletri- zante. A baqueta do bombo tem uma cabe- 2 ampla almofadada. Podem-se percutir ata- ques isolados ou rufar usando as baquetas de timpano. Efeitos especiais incluem percussio § com baquetas duras, com vassourinhas de metal ou com um feixe de varetas de vido- AN eiro. } Rossini: Seco da “Tempestade”, da Abertura de Guilherme Tell Berlioz: Quarto e quinto movimentos da Sinfonia Fantastica. 63 Caixa clara (Em italiano: tamburo militare 0u tambura piccolo, em francés: tambour militaire ‘ou case claire, ‘em alernBo: kleine Trommel. metro: 38cm Pratos (Em italiano: iat, em frances: cymbales, ‘em alemz0: Becken.) Didmetro: ate a6om Esse tambor € proveniente da parte musical dos acontecimentos militares. Nessas oca- siBes, ele & geralmente colocado a tiracolo, do lado direito do instrumentista, para ser percutido enquanto se marcha. A caixa clara tem duas membranas: a superior, que € percutida, e a inferior, que entra em contato com a esteira. A esteira consiste em segmentos de arame espiralado ou tripa, esticados 20 longo da membrana inferior. Quando a membrana superior é per- cutida, geralmente com baquetas duras, a esteira vibra contra a membrana inferior, produzindo um som claro, enérgico, . chocalhante. As vezes, os composi- = tores pedem para suspender aestei- _sufo: (escrito) 1a, evitando assim que ela entre em contato com a membrana inferior e Gdeaddesddecddnerd permitindo que as duas membranas (eh vibrem sozinhas. Os toques caracte- fam: dng: risticos da caixa clara incluemo = ##44-—+—4 Het rufo ou “‘rulo”, 0 flam e 0 drag. O « oo ufo € produzido ao se alternarem rapidamente toques duplos com cada baqueta — dois com a direita, depois dois com a esquerda e assim por diante. O flam con- siste em uma nota acentuada precedida por uma nota de apoggiatura. O drag consiste em uma nota acentuada, precedida por duas ou mais de apoggiatura. Os efeitos especiais incluem: tocar com vassourinhas de metal; o rim-shot, produzido ao percutir a baqueta esquerda com a dircita, estando a baqueta es- querda com a cabeca tocando a pele da caixa e o meio da baqueta apoiado no aro, com que o som obtido ¢ similar ao tiro de uma pequena arma de fogo; tocar no aro — percutir no aro de metal ou madeira do instrumento, as vezes percutindo simultaneamente a pele ou alternando entre percutir a pele e 0 aro. A caixa tenor realmente uma caixa clara sem esteira e com um som mais grave Khatchaturian: “Lezghinka”, danga barbara do balé Gayane. Nielsen: Primeiro movimento da Sinfonia N° 5 (no climax do qual.o compositor especifica que 0 percussionista que toca a caixa clara deverd improvisar li- wremente “como se estivesse tentando interromper a continuidade da pega”). s pratos sto construfdos de uma liga de me- tal. Um par de pratos pode ser golpeado um contra 0 outro, vibrando livremente, ou po- dem-se abafar as vibragbes imediatamente, encostando-os ao corpo. E também possivel atritar delicadamente um prato contra o ou- {to ou agité-los de forma a produzir “um mufo de dois pratos”, © prato suspenso pode ser percutido com diversos tipos de baqueta: vassourinhas de metal, baqueta de metal do tridngulo, baquetas com diversas sgradagoes de dureza, © até com a lamina de um canivete. O rufar de um prato acrescenta uma grande excitaeao ao crescendo orquestral. As vezes, vocé poderd observar dois pratos montados um sobre o outro, em uma estante, acionados por um pedal. Essa variagZo é conhecida como hi-hat, Dvorak: Dangas Eslavas NOs 1 ¢ 8 (pratos golpeados, ff) Bartok: Movimento lento da Sonata para Dois Pianos e Percussao (pp). 6a Glockenspiel (Em italiano: campanell, ‘om francés: carillon, jeux de timbres, fem alemso: Glockenspial.| Extonsio: Vibrafone Extensto: o5 a © Glockenspiel (ou metalofone) tem 30 placas oblongas de aco, em uma gradagio de tamanho, dispostas como um teclado de piano. O percussionista usa baquetas leves, de cabeca de borra- cha dura ou mole, madeira e metal. O timbre do Glockenspiel é claro e pra- teado (a palavra Glockenspiel significa “toque de sinos”). Tchaikovsky: “‘Danga chinesa”” da Suite Quebra-Nozes. 0 xilofone € similar a0 Glockenspiel, com exceedo das placas, que sio de madeira dura em vez de metal, (Kilo- fone é uma palavra grega que significa “sons da madeira”) Caixas actisticas embaixo das placas ajudam a enrique- cer e sustentar os sons. O timbre é duro e muito brilhante, apesar de ser possivel usar baquetas de diversas gra- dagoes de dureza. Saint-Saéns: “Fosseis”, de O Carnaval dos Animais. A celesta éum Glockenspiel com um te- clado como se fosse um pequeno pi no, As teclas sfo premidas e os marte- letes pereutem as placas de aco. Cada placa tem uma caixa actistica, 0 que torna 0 timbre prateado, delicado e com nuangas de sinos. Holst: “Netuno, o mistico” (apés um quarto da peca), de Os Planetas. Este 6 outro instrumento similar 20 Glockenspiel. O percussionista bate as placas de ago com as baquetas. Embai- xo de cada placa estd colocado um tubo ressoador, afinado na mesma nota da placa. Dentro de cada tubo, na extremidade superior, hd um ventila- dor acionado por um motor eléirico, que tora o timbre doce e rico, e acres- centa um vibrato caracteristico 20 som do vibrafone Shchedrin: “Habafiera” (no meio da pega) do balé Carmen. 65 ia JO —_s triangulos sao feitos de barras de ago delgadas, Triangul redondas ¢ dobradas no formato triangular, com (Em italiano: triangofo, um Angulo aberto. O tridngulo é suspenso ¢ per- om franeés: wiangle, _cutido com uma baqueta de metal: com golpes iso- emateméo: Tri) lados ou com golpes muito répidos no angulo superior, produzindo um “trinado”. O timbre do triangulo € muito penetrante, agudo, porém sem oN altura definida. Borodin: “Danas tértaras”, das Dangas Potovesianas. List: Scherzando, do segundo movimento do Concerto N® 1 para Piano. Pandeiro © pzndeito ¢ um tambor pequeno, com uma mem- brana e com pares de pequenos discos de metal co- (Em italiano: zamburo basco, _locados em ranhuras dispostas ao redor da borda. em franets: tambour de pandeiro pode ser agitado, de forma que somen- jecave, te 08 discos soem; ou pode ser golpeado com as amalemfe:Schallentremmel.| sontas dos dedos, com os nés dos dedos, com o punho, as costas da mio, ou contra o joelho. Ou- tro efeito usado ¢ esfregar a ponta do dedo pole- gar, umedecida, ao longo da pele do pandeiro e, através da fricgdo do movimento, colocar a pele © 08 discos em vibracao. O pandeiro também pode ser percutido com baquetas. Malcolm Arnold: Danca Inglesa NO 8. Castanholas 4s castanholas sto provenientes da Espanha e sto freqiientemente usadas para dar uma ambiencia es- (Em itelmo:cestegnette, _panhola a uma pega. As castanholas originais so fom francts:castepnettes, pequenos pratos de madeira dura (em espanhol, om slemto: Kestagnetten.) _castana significa castanha). Esses pequenos pratos sfo unidos por uma corda fina, que é enrolada no polegar e no indicador, sendo ent percutidos um contra o outro com grande preciso ritmica. As castanholas da orquestra sto construfdas de outra forma: os pratos de madeira sfo articulados em uma vareta, para maior conveniéncia do instrumen- tista; entio, agitase a vareta ou 0 cabo, ou gol- peiam-se os pratos contra 2 outra mio ou contra 0 joelho. Tehaikovsky: “Danca espanhola”, de O Lago dos Cisnes (seguidas pelo pandeito). Blocos de 0 blocos de madeira possuem uma ranhura lateral e que se estende por quase toda a sua largura, trans- Madeira _formando-os em caixas acisticas. Os blocos de ma. Z deira so percutidos com baquetas de tambor ou de xilofone. O bloco chinés produz um som 0co, ercussivo, de altura indefinida. Os remple blocks Ss C de virias dimensGes produzem sons ocos com altu- U ra definida, Copland: “Hoe-Down”, do Rodeo (bloco chinés). Shchedrin: Primeiro Intermezzo, do balé Carmen (temple blocks). 66 Carrilhao de orquestra (Em italiano: campane, Outros instrumentos de percussao Os carrilhdes usados na orquestra so tubos ‘cos de ago, em uma gradagao de comprimen- tos para produzir sons de diferentes alturas. O percussionista bate nos tubos perto da extremi- dade superior, com baqueta de madeira. Os compositores geralmente utilizam os sons dos carrilhOes para criar efeitos dramsticos, colori- dos, especialmente para dar a impressio de sinos de uma igreja. Tehaikovsky: Abertura 1812. it tanta, origindrio do oriente, é um gigantesco gongo de bronze. A borda do tanta ¢ dobrada para dentro, o que impede a vibracdo das extre- midades. Ataques isolados ou rufos tocados suavemente soam misteriosos Os ataques mais vigorosos e um rufo tocado em crescendo soam deveras dramaticos e mesmo aterradores. A ba- queta do tanta é geralmente macia e coberta com flanela, mas outras baquetas podem ser usadas para produzir efeitos especiais Cui: Orientale. © mimero ¢ a variedade dos ins- trumentos que podem ser incluf- dos na segfo de percussao so praticamente ilimitados. Outros instrumentos que podem fre- qiientemente ser ouvidos: 0 chi- cote (dois retangulos de madeira, unidos por uma dobradiga ¢ gol- peados um contra 0 outro); 0s; maracas: cabagas secas, com as sementes dentro das cabagas, de modo que, quando as maracas so agitadas, as sementes choca- Tham; guiro: uma cabaca de bom tamanho, com entalhes — esfre- ga-se uma vareta de madeira con- tra os entalhes, a0 longo da ca- aga; claves: barras cilindricas de madeira, golpeadas uma con- tra a outra; chocalho: similar a0 tipo usado no futebol americano e inglés. Essa lista também in- clui, obviamente, o piano. E em- pregada uma grande variedade de tambores, tais como bongos, tom-tons, e matraca.” + No Brasil, usam-se froqilentemente 0 agogd, a cuica, a folha-le-flandres, o berimbau de barriga ete. (N. do T.) @ Mésica para ouvir: percussio Exerefcio Programado 18 Os compositores podem até pedir efeitos especiais utilizando cincertos, bigomas, correntes buzinas de carro, sirenas, apitos, méquina de vento ou o som de vidros quebrados. A segiio de percussdo da Orquestra Filarmdnica de Londres Daniel Jones: Sonata para Quatro Timpanos. Stockhausen: Zykius (para um percussionista tocando caixa clara, tambores de madeira, pratos, tridngulo, tanta, tom-tons, guiro, vérias campanas suspen- sas, cincerros, vibrafone marimba: um xilofone maior, mais suave, com tubos de metal afinados como ressonadores). Varése: lonisation (para 42 instrumentos de percussio e duas sirenas, tocados por 13 percussionistas), BartOk; Sonata para Dois Pianos e Percussio (3 timpanos, xilofone, 2 caixas cla- ras — uma com esteira, outra com a esteira suspensa —, prato suspenso, dois pratos, bombo, triangulo, tanta). Stockhausen: Kontakte (para um percussionista tocando grande variedade de ins- trumentos de percussio e um pianista que toca virios instrumentos de per- cussto além do piano). Shehedrin: Balé Carmen (para secao de cordas e 47 instrumentos de percussio tocados por cinco percussionistas) Carl Orff: “Ecce gratum”, “Ploret silva", e “Veni, veni, venias”, de Carmina Burana. Ouvindo 0 inicio dessas pecas, identifique o primeiro instrumento de percussiio a tocar (a) Bizet: “Marcha”, de Jeux d’Enfants. (b) Delius: La Calinda, de Koanga. (©) Massenet: “Aubade”, de Le Cid. (@) Elgar: Variacao 7, Troyte, de Variagdes Enigma. (e) Walton: “Noche espagnole”, de Facade. (8) Walton: “Swiss Yodelling Song”, de Facade. {g) Rossini: “Valse lente”, da La Boutique Fantasque. (h) Orff: “Chramer, gip die varwe mir”, de Carmina Burana. () Orff; “Fortune plango vulnera”, de Carmina Burana. 68 Exercfcio Programado 19 Exerefcio Programado 20 Exerefcio Programado 21 Projeto de Fichério programado especial C Faas (i) Penderecki: Sinfonia (1973). (k) Khatchaturian: “Cangao de ninar”, de Gayane. (Tchaikovsky: “Danga da Fada Agucarada”, do balé O Quebra-Nozes. (m) Vaughan Williams: Primeiro movimento da Sinfonia NO 8. (a) Shostakovich: Polka, de A Idade de Ouro. Trés ou mais instrumentos de percussio estao tocando no inicio de cada uma destas pecas: (@) Dvordk: Abertura Carnaval (b) Kodaly: “0 rel6gio musical vienense”, de Héry Jénos. (©) Villa-Lobos: Trenzinho do Caipira. Ouea cada uma destas pecas do inicio ao fim. Enquanto voeé ouve, anote os ins- trumentos de percussto que puder identificar. (@) Kodaly: “A batalha e a derrota de Napoleto”, de Hary Jénos (as melodias dessa peca estao escritas na pdgina 60). (6) Walton: “Cancao popular”, de Facade. Ouga cada uma destas cangGes de Carmina Burana, de Carl Orff: (a) “Veris teta facies”; (b) “Circa mea pectora”, (© _ “Tempus est jocundum’”. Ouvindo cada cangao, escreva os instrumentos de percusso usados no acompa- nhamento, Depois faca ts listas ¢ relacione cada instrumento de acordo com 0 ‘material em vibragZo que produz o som: metal, pele, madeira. A 1, Descreva como os instrumentos da segio de percusso da orquestra po- dem ser divididos em dois grupos. 2. Ouga a “Entrada do imperadore sua corte”, de Hiry Jdnos, de Kodaly. Anote os instrumentos de percussio que vocé ouvir e depois liste-os de acordo com os dois grupos que descreveu em A 1. B _Descreva os instrumentos que vocé espera encontrar na sego de percussa0 de uma orquestra modema. Inclua desenhos para ilustrar sua descrigo. Cada uma destas pecas utiliza instrumentos das quatro segoes da orquestra de maneira muito especial. Seu exercicio seré pesquisar os sons para descobrir que instrumentos esto sendo tocados e, em alguns casos, a maneira como eles esto sendo tocados. 1 “Scena”, de Capricho Espanhol Rimsky-Korsakov (1884-1908) Leia a musica escrita ouvindo, se possivel, a gravacao para ajudé-lo a responder as perguntas escritas abaixo. (A palavra italiana cadenza significa uma passagem muito omamentada, geralmente dificil, tocada por um ou mais solistas.) Re pe (© ritmo continua) ® » ore 7 f t 2 (ee.) @ ® (ee) dt (2) Que instrumento toca a melodia da fanfarra na figura 1? (b) Que instrumento de percusstio acompanha essa fanfarra? Ele est4 tocando um rufo, um flam ou um drag? (©) Que instrumento toca o solo da cadenza na figura 2? Descreva os sons que ele produz.no fim dessa cadenza. (@) Que instrumento toca as notas Id e mi nos dois compassos da figura 3? Identifique os outros dois instrumentos ouvidos nesses dois compassos. (c) _Desoreva a maneira como os violinos so tocados na figura 4. (8 Que instrumento toca um rufo na figura $? (g) Identifique o instrumento que toca a cadenza na figura 6. (h) Que instrumento toca a cadenza na figura 7? (@) Que instrumento toca 0 acompanhamento na figura 7? Descreva como ele tocado. G)__Identifique o instrumento que toca a melodia na figura 8. (Kk) Que instrumento toca o acompanhamento na figura 8? Como ele é tocado? (Tdentifique o instrumento que toca a cadenza na figura 9. Que palavra em italiano descreve a maneira como a cadenza termina? (m)_ Identifique os dois instrumentos que projetam os acordes na figura 10. (n) Tdentifique os sons da percussao na figura 10 e descreva a maneira como eles sao obtidos. 2 “Giuoco delle copie”, de Concerto para Orquestra _—_—Bartdk (1881-1945) Bartok nasceu na Hungria, mas acabou indo morar nos Estados Unidos, onde essa pega foi escrita, pouco tempo antes de ele morrer. Explicou que o titulo da peca, Concerto, € devido ao fato de que, em muitas ocasides no decorrer da composicao, ele escreveu partes muito dificeis para instrumentos isolados ou em erupos. 70 “Ginoco delle coppie” ¢ 0 segundo de cinco movimentos. Os pares ou du- plas sto na verdade cinco pares de instrumentos, apresentados um apds 0 outro. Ouvindo este movimento, responda a estas pergunta: @) (b) © (a) @) © ® (h) Inicialmente hé uma introduggo curta, ritmica. Que instramento toca esta introdugio? O que ha de especial a respeito do som deste instrumento nesta passage Enfao o primeiro par ou dupla aparece. Quais sto estes instrumentos? Que palavra em italiano descreve a maneira como as cordas so tocadas no se- gundo plano? Que instramentos constituem o segundo par? O que estes instrumentos tém em comum com o par anterior? Qual ¢ 0 préximo par? Esses instrumentos tém uma palheta simples ou dupla? Fi eee eles produzem os seus sons. Quais sdo os instrumentos que constituem o par final? Descrevao som es- pecial que eles produzem nesta passagem e sugira quais as palavras em its- liano que estariam escritas abaixo do pentagrama A secdo central desta peca € tocada principalmente por uma se¢ao da or- questra. Qual é esta seco? Todos os instrumentos sto tocados com surdina ou sem surdina? Que instrumento toca o acompanhamento ritmico entre as frases solenes? Os pares reaparecem, porém agora com outros instrumentos adicionando, discretamente, outras nuangas timbricas. Os pares soam na mesma ordem anterior ou houve alguma modificagao? n “Ginoco delle coppie” ¢ 0 segundo de cinco movimentos. Os pares ou du- plas sto na verdade cinco pares de instrumentos, apresentados um apds 0 outro. Ouvindo este movimento, responda a estas pergunta: @) (b) © (a) @) © ® (h) Inicialmente hé uma introduggo curta, ritmica. Que instramento toca esta introdugio? O que ha de especial a respeito do som deste instrumento nesta passage Enfao o primeiro par ou dupla aparece. Quais sto estes instrumentos? Que palavra em italiano descreve a maneira como as cordas so tocadas no se- gundo plano? Que instramentos constituem o segundo par? O que estes instrumentos tém em comum com o par anterior? Qual ¢ 0 préximo par? Esses instrumentos tém uma palheta simples ou dupla? Fi eee eles produzem os seus sons. Quais sdo os instrumentos que constituem o par final? Descrevao som es- pecial que eles produzem nesta passagem e sugira quais as palavras em its- liano que estariam escritas abaixo do pentagrama A secdo central desta peca € tocada principalmente por uma se¢ao da or- questra. Qual é esta seco? Todos os instrumentos sto tocados com surdina ou sem surdina? Que instrumento toca o acompanhamento ritmico entre as frases solenes? Os pares reaparecem, porém agora com outros instrumentos adicionando, discretamente, outras nuangas timbricas. Os pares soam na mesma ordem anterior ou houve alguma modificagao? n A orquestra completa 10 u 3 G © numero e os diferentes tipos de instrumentos que constituem uma orquestra variam consideravelmente de um século para outro, de uma composigao para de mais de 350 anos. outra ~ e até entre os movimentos de uma mesma composigio. Para uma pega, 0 termo “orquestra completa” pode significar vinte ou trinta instrumentistas. Para outra, cento e vinte ou mais. Vamos observar seis orquestras durante o perfodo Uma das primeiras orquestras que nés conhecemos mais detalhadamente foi a usada pelo compositor italiano Monteverdi em 1607 para sua 6pera A Len- da de Orfeu. Monteverdi anexou a partitura a seguinte lista de instrumentos que ele queria que participassem da épera: Duoi Gravicembani. Duoi contrabaffi de Viola. Dieci Viole da brazzo. Vn Arpa doppia. Duoi Violini piccoli alla Francefe. Duoi Chitaroni. Duoi Organi di legno. Tre baffi da gamba. Quattro Tromboni. Vn Regale. Duoi Cornetti. Vn Flantino alla Vigefima feconda. Vn Clarino con tre trombe fordine. 1 2 n 12 13 Dois cravos. Duas violas contrabaixo (similares a nossos contrabaixos modernos). Grupo de dez cordas (provavelmente incluindo -violinos, violas e violoncelos). Uma harpa dupla. Dois violinos pequenos. Dois grandes alatides baixo. Dois érgios pequenos com tubos de madeira. ‘Trés violas baixo (mais ou menos similares aos violoncelos modernos) Quatro trombones. Um 6rgio pequeno, com tubos dotados de palheta. Duas cometas (feitas dle madeira, com orificios para o dedilhado e bocal similar a0 do trompete). Uma flauta doce, pequena e aguda. Um clarino (trompete agudo) e tr8s trompetes “brandos, delicados”. Essa € aparentemente uma estranha combinagao de instrumentos, porém é im- portante entender que naquela época nao havia um padrao estabelecido para a constit do de uma orquestra. Monteverdi usou essa orquestra especificamente para a épera A Lenda de Orfeu. Em outra ocasito, ele teria escrito para uma combinagao de instrumentos muito diferente da combinagao anterior. Durante 0 século XVII, 0 aperfeigoamento dos instrumentos de cordas, par- ticularmente do violino, possibilitou que 0 naipe das cordas (primeiros e segun- dos violinos violas, violoncelos ¢ contrabaixos) se estabelecesse como uma uni- dade equilibrada e completa em si mesma, um mticleo central ao qual os composi- tores acrescentavam instrumentos isolados ou em pares: flautas ¢ oboés (porém, até o final do séeulo XVIII raramente a flauta e 0 oboé eram usados na mesma e¢a), fagotes, trompas ¢ ocasionalmente trompetes e timpanos. Para completar n a formagio, um cravo ou um drgio eram incluidos. Essa complementagto era chamada de continuo —o instrumentista mantendo a continuidade musical da pe¢a, tocando para preencher as harmonias e ornamentar as texturas. ‘A Suite Orquestral N° 4 em ré maior de Bach (que se pensava ter sido ‘composta em 1720, porém provavelmente o foi em 1730) escrita para: ‘bods ‘trompetes: fagote timpanos cordas e continuo Os movimentos da suite sto chamados: Overture, Bourrées I e Il, Gavotte, Menuets I ¢ Il ¢ Réjouissance. Os trompetes ¢ os timpanos nfo tocam durante a Bourrée Ul e 0 Menuet I; ¢ 0 Menuet Il ¢ instrumentado somente para cordas, (¢ continuo). ‘Ao se aproximar o final do século XVIII, 0s instrumentos de sopro, agora acres- cidos das recém-inventadas clarinetas, organizaram-se como uma segio da or questra completa em si mesma (as secdes da orquestra se constituiram na mesma ordem em que elas foram discutidas neste livro — cordas, madeiras, metais, per- cuss). A tiltima sinfonia de Haydn, a Sinfonia N° 104 em ré maior (a Londres), escrita em 1795, 6 orquestrada para: ssa ae 2 oboés & & 2 clarinetes 2h aa saa ee a4 2 trompetes 2 timpanos ee cordas OBOES CLARINETAS: rams | | | (0cravo continuo jé —— estava caindo em desuso) 3-2 = -+-0||i || oe eo sicunoos wounes|! § 4 |] “conmaanes ‘out || ooo neh rmmanos ounos||¢_§ || #2 ee ee ae 0 0 oe o-oo Por algum tempo, a formago acima ilustrada foi a formagio padrao da orques- tra, As quatro primeiras sinfonias de Beethoven, compostas no infcio do século XIX, utilizam os mesmos instruments — com excecio da Terceira Sinfonia (a Herdica), que necessita de uma trompa extra. Na Quinta Sinfonia, Beethoven incluiu os trombones, que até ento s6 eram empregados em 6peras ou musica sacra. Porém, foi somente depois da adaptacio do mecanismo das valvulas aos trompetes e trompas, liberando de uma vez por todas estes instrumentos das li mitagdes da série harmOnica, que os compositores comegaram realmente a pensar ‘nos metais como uma seco orquestral to importante quanto as outras. Entre- tanto, a grande flexibilidade proveniente da adaptacdo das valvulas, juntamente B com aperfeigoamentos na produedo do som e afinagao, levaram os metais muito mais além, colocando-os na importante posigio que eles ocupam na orquestra usada pelos compositores romfnticos do século XIX. O numero de trompas foi aumentado para quatro, ¢ a tuba foi incluida para completar a sego como 0 baixo. Os instrumentos extras da seo de madeiras — flautim, core inglés, clarineta baixo e contrafagote — também estavam disponiveis. Agora, uma selegao de ou- ttos instrumentos de percussto freqllentemente tocava 20 lado dos timpanos, enfatizando os ritmos, criando nuancas timbricas. Tchaikovsky ~ que tinha um grande talento para orquestrar — escreveu sua Abertura-Fantasia Romeu e Julieta, em 1870, para: 2 flautas e flautim 4 trompas. 3 timpanos 2 oboés e come ingles 2 trompetes bombo 2 clarinetas 3 trombones pratos 2 fagotes tuba ©, para equilibrar, uma numerosa seco de cordas (incluindo a harpa). No final do século XIX ¢ no inicio do século XX a orquestra foi, por vezes, extremamente ampliada, em especial nas sinfonias de Mahler e nos longos poe- mas tonais de Richard Strauss, tais como Uma Vida de Her6i (Ein Heldenleben) © Assim Falou Zaratustra, Em 1914, o compositor inglés Gustav Holst comegou a trabalhar na sua suite Os Planetas, usando a seguinte instrumentagao: 4 flautas, flauta contralto e 2 flautins segio de percussio muito numerosa, 4 oboés, obo¢ baixo e 2 comes ineluindo: ingleses 6 timpanos 3 clarinetas e clarineta baixo bombo 3 fagotes e contrafagote caixa clara 6 trompas pratos 4 trompetes tridngulo 3 trombones tenor e tubas baixo pandeiro Orgao Glockenspiel numerosa segio de cordasincluindo _xilofone Dharpas celesta carrilhao tanta também, no final da pega: coro de vozes femininas Simultaneamente, porém, de 1910 em diante, alguns compositores (por op¢o ou por presses financeiras — uma orquestra tao numerosa quanto a acima citada € extremamente cara!) passaram para 0 extremo oposto e comecaram a escrever para orquestras muito menores, com a seco de cordas muito reduzida, um ou dois representantes de cada tipo dos sopros e dos metais,e talvez dois instrumen- tistas controlando uma selegdo variada de instrumentos de percussiio. Outros compositores comegaram a fazer experiéncias com novos sons, novas téenicas, a usar instrumentos recém-inventados, a descobrir novos horizontes sonoros a par- tir de instrumentos bem familiares, e mais recentemente a explorar as fascinantes Possibilidades dos sons eletrénicos — as vezes compondo uma fita com esses sons eletrOnicos e tocando-a através de um sistema de alto-falantes instalados na sala de concerto, combinando assim os sons da fita com os sons da orquestra, como 74 na Sinfonia N° 3 (Collages) de Roberto Gerhard; ou modificando, alterando os sons dos instrumentos da orquestra de vérias maneiras, através de um equipa- mento eletronico instalado na sala de concerto, como na pega Mixtur, de Stockhausen, composta em 1964. Para se executar Mixtur € necessétio 0 se- guinte: cinco grupos orquestrais: 1 cordas em pizzicato (incluindo harpa) 2 cordas tocadas com arco 3 madeiras 4 metais 5 percussio quatro geradores de ondas senoidais quatro ring modulators O grupo de percussio ¢ amplificado separadamente. Os sons dos quatro grupos orquestrais, juntamente com os sons eletrOnicos gerados pelos quatro modulado- tes de ondas senoidais, sf0 captados por microfones e ent passados através dos quatro ring modulators. (Um ring modulator, ao receber dois sons, produz um terceiro, mais agudo, resultante da soma das freqiigncias dos dois sons originais, ¢ também um quarto som, mais grave, resultante da subtra30 das freqléncias dos mesmos sons originais.) Nesta pega, Mixtur, 0s sons a0 vivo dos instrumentos orquestrais, os sons eletrOnicos dos geradores de ondas senoidais e as transformagbes eletronicas ‘operadas pelos ring modulators resultam em uma rica e fascinante mistura, com- binando um repertério de sons que nos é familiar com um repertétio ainda deve- ras desconhecido. Misica para ouvir: ‘A’ Ouca a Fuga final da peca Guia dos Jovens para a Orquestra, de Benjamin orquestra completa Britten. Um instrumento toca, solo, a melodia da Fuga, ¢ logo depois um outro instrumento entra tocando a mesma melodia, sendo o mesmo pro- cesso repetido por um terceiro instrumento e depois um quarto, e assim por diante, até que todos os instrumentos da orquestra de Britten tenham tido a oportunidade de tocar a melodia da Fuga. Aqui est a melodia da Fuga: ae a ae nl, SEA ee ee (entra a flauta) E esta é a ordem em que os instrumentos sto ouvidos: madeiras: flautim, flautas oboés, clarinetas, fagotes cordas: primeiros violinos, segundos violinos, violas, violoncelos, contra- baixos, harpa ‘metais: trompas, trompetes, trombones e tuba percusso (tocando em conjunto): xilofone, timpanos, bombo, caixa clara, ratos, pandeiro, tanta No fim, o tema de Purcell (sobre o qual Britten baseou suas Variagdes), retoma Ienta ¢ majestosamente, tocado pelos metais, enquanto o resto da orquestra con- tinua tocando a melodia da Fuga de Britten. 75 Exerefcio Programado 22 Projeto de Fichsrio B Aqui estio selecionadas mais algumas pecas, dentre muitas outras, que de- monstram 0 uso de uma grande orquestra de forma particularmente origi, nal ou interessante: Berlioz: “Marcha a0 cadafalso” e “Sonho de uma noite de sabé”, da Sinfonia Fantdstica Wagner: “A cavalgada das valquirias”; “Marcha finebre de Siegfried” Tehaikovsky: Terceiro movimento da Sinfonia N° 6 (Patética) Rimsky-Korsakov: Capricho Expanhol. Copland: Rodeo; Appalachian Spring. Concertos para Orquestra de Bartok, Tippet, Lutoslawski. Escolha, dentre as pegas relacionadas neste capitulo, aquela em que acha que a orquestra apresenta: (@) 08 sons mais equilibrados; (b) _0s sons mais interessantes. Justifique a sua escolha. Descreva algumas das maneiras como a orquestra se modificou nos quatro titi ‘mos séculos, mencionando a ordem em que as quatro segdes orquestrais se esta, beleceram como tal. Este Livro deve ser devolvido na ultima data carimbada. Neste pequeno manual, eles se apre- sentam com 0 necessério relevo. Para 0s estudantes e professores, terdio valor especial os abundantes exerci cios; aos estudantes e leigos, interessa- rdio as sugestdes de pecas suplementa- res que exemplificam 0 colorido sono- ro de cada instrumento ea sua exten- so na escala. $6 se pode desejar a melhor acolhida a tao til acréscimo 4s nossas estantes de musica. MARIO TAVARES Moestro titular da Orquestra Sinfonia do Teatro Municipal . Rio de Janeiro Uma das caracteristicas da série didética CADERNOS DE MUSICA DA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE 6a indicagao cuidadosa de gravacoes a serem ouvidas, procurando sempre apontar pecas de facil acesso para o leitor. Outras caracteristicas S40 0 uso extensivo de exercicios e ilustragdes de variadas espécies para melhor auxiliar © aprendizado da musica, Volumes da série: INSTRUMENTOS DA ORQUESTRA Uma Breve Historia 0a Musica Forma € Estrutura na Musics Istaumentos Do TEcLADO Etementos BAsicos 04 Musica Como Ler uma Pastitura APRENDENDO A COMPOR ISBN 85-7110-460-3 1 nl oF 7as571¥ 104600!

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