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informatica na Educagao : teoria & pratica A Aprendizagem da Matematica Em Ambientes Informatizados Maria Alice Gravina! Lucite Maria Costi Santarase” Fissumo: Este trabalho analsa ambien informatizados. que acresentam recursos em consonfncie corn procasso de apvendizagem constratvicia, 0 qual tom como prneipic edvica qua 9 eaehoseante ‘a consirce @ parr Sas ages do siete. A luz da feola de desenvolvimento cogriive de J Page! a0 estzeacos alguns dos recursoe uo ata ausorn a ag5es Ho sujeta e que oansequertements favorecem a construgéo do conhecimento malemtco. Na gorendizager ca Malgrlica 989 suDaFIe | ncesintiade do Yazsr msteméticn’ expermentar, visualizer ‘utiplas tacatas, generalza”, conjelu'a’ @ artim domensirar. Evemslas de algune ambiniee usliarn Tal proves. Palavras-chave: aovendzager da matemslica, corstrslviemo, arblentes Informatizados, [Abatract: This papor focus on comutors environments with resgurezs bat favor the development of 2 Cconstrucvis! leering process; uci » process i explained by Piagots theory, welch sates thal knowedge grows 95 2 resut of indvidual action Fasiures that eupport actions in the cortex ot ‘mathematical acucaton are stressed anc exampies of solware are piasarted to hustle Bie Mecretcal ‘consideration ey: Words: mathematical Isarirg, consitctivie comsuters environmen's. 1. Introdugao Este artigo pretende identificar ‘o que do diferente’ oferecem os ambientas intormatizadios que tem- se a disposigao ztualmeme € 0 que estas alflerencas trazem de signifcatvo para 6 processo de ensino © aprencizagem da Matematica (segundo grau ¢ séries ‘inais do primeira grau) @ pare 0 desenvolvimento ‘sogritiva da inaivietuo. Nao so de intoresse as ferramentas que guerdam caracteristicas de métodos de ensino que privilegiem simpiesmente a transmissac de conhecimento © om que a ‘modida’ de aquisiofio deste ‘conhecimento ¢ dada pela habilidade do aluno em memarizs-lo ¢ reprodurito, sem que se evidencie um verdadelro eniendimento. Mas sim aqusias que trazem em seus projetos recursos em consonancia com concenpao de aprendizagem dentro de uma atordager ccnstrutivista, a qual tem como princialo que © conhecimente & construféo a panit de percepeoss € agdes do suleto, constantemente mediadas por estruturas mentals j& construidas au que ¥a0 se construindo ao longo do processe, tomande-sa aqui a tecria do desenvolvimento cognitive dé J.Piaget como base teérca. Esta ieoria mostra que toda a aprendizage depende fundementalmente de apdes coordénadas do eujello, quer scjam de cardter coneteto ou carder abstrato. No contexte da Matematica, a aprendizagom nesia perspectiva denende de agées que ceracterizam © fazer malemética’: experimentar, intempretar, visualizer, induzr, conjelurar, absirair. geroralizar o anfim demonstrar. E 0 uno agindo, diferentemente de seu papol passive frente a ume apresentacao formal do conhecimento, a qual ¢ baseada essencialmente na transmissao ordenada ce ‘fatos’, geralmente na forma de defin coes @ propriedades, Numa apresontagae formal ¢ discursiva, os alunas no se engajam em aches gue desafien suas capacidades cognitivas, sende-Ihes exigido no maximo memenzacdo e repetic&o, ¢ Consequentemente nao silo autores das construgdes que ddo sontido ao conhecimenio matematica. O precesso de pesquisa vivenoiado pelo matemético profissional evidencla a inadequabilidade ce tal abordagem. Na pesquisa matematica , o conhecimento € construide a parlir de mutta invostigagzio a explaragao, e a formalizag&o 6 simplesmente 0 coroamento deste ‘rabalho, que culmina ne escrite formal e ‘organizada dos resultados obtidos! © processa ce aprencizagem deveria ser similar a este, diferindo essencialmente quante 20 grau de conhacinente j& adquitico, Professora do eutso de Licenciatw'a em Valematica 9a UFRGS, Mestre em Matera (IMPA-CNPs), Doutorarda orm Iniormatica ma Eoucagio (UFRGS), prolassora do Curso de Liasneiaura om Motematica (IMUFRGS). geacce( oracr , Rap nie gent enieasie! andamenta html 5 Projessora pesquisadcra em Educaeéa, Dovtorada om Educayio {UFRGS), Coordenicora de Pesquise de NIEE (UFAGS) froteasre dos pngamas de dovlrado em Educa;ao (UFR) 6 Ifomies na Edveapae (UFRGS), uss zau> EOE, Mt? Reauiigsor MBN mootgaa gg i PGIE-UFRGS Intormética na Educapao : teoria & pratica Durante alguns anos, a linguagem Logo so apresentau camo uma das poucas fenamentes computacionals, se née Unica, que tina como concepyao pedagogica que ‘sé se apronde tazendo, experimentand, investigando’. Na geral os programas éisponiveis eram do tpa ‘instrugao assistida por computador’. Nos dias c® hoje ainda € grande a oferta de programas deste Gllimo tipo, que mesmo tendo interface com intoressantes recursos de hipermidia (som, imagem, animago, texto néo tinea), nada mals oferecem aos alunos do que ler definigses ¢ propriedades ¢ aplicéclas em exercicios praticos (tipo tional) ou tester e tixar ‘conhecimentos’ através da realizagao de exercicios protétipos o rapotitivas, que no maximo avangam em grau de difleuldade (tipo pratica ce exereicios). Se almeja-se uma mudanca de paracigma na educagae, € necessérlo ser critica ¢ cuidadoso neste procoseo de uso da informatie. A informatica por si sé nao gararte esta mudanea, e muitas vezes engana pelo visual atrative dos recursos tecnclégices que 840 oferecicos, os quais simplesmonts refargam as mesmas caracteristicas do modelo de escola que privilegia a transmisséo de conhecimento. Abralmente dispée-se de programas cum caracteristices que os tornam potentes terramentas nara 0 ensino © aprencizagemn da Matematica denvo de uma perspectiva consttutivista e € isto que querse analisar neste artgo. Sdo programas onds as alunos podem modolar, analisar simulagbos, fazor experimentas, conjeturer. Nestes ambientes os alunos expressam, confrontam e refinam suas idélas, € ‘programam’ ¢ computador sem precisar usar recursos de linguagem de programagao. diferentemente do que acontece 20m micro-mundos na embients Logo. Utilizam, pelo contré‘io, processes do representagaio muito prximos dos processos ce represeniagao com ‘lapis e papel’, a0 sendothes exigido c conhecimento @ dominio de uma nova sintaxe & morfolagia, aspecios inarentas a uma finguagem de programacée. 2. A aprendizagem da Matematica numa perspectiva construtivista A orientago que se da para a Educazdo Matematica cestamente depends ce concepgies sobre & natureza do conheciments matemdtica (tamado aqui num sentido hem amplo} © de como acontece 6 desenvolvimento cognitive do ser humane. A Matematica, come area de conhecimento, anresenta duas caracteristicas distintas: - € ferramenta para © entendimento de problemas nas mais varindas Areas do conhecimento. Formulas, toremas @, mais geralments, teorias matematicas so usades na resolugdo de problomas praticos @ na expiicag’o de fenémonos fisicos, quimicos, biolégicas, soniais.... Nese sentido, o aspecto importante ¢ a aplicablidace da Matemética. = 6 desenvolvimento de conceites © teoremas que yao constituir Uma astrutura matematticas, © ‘abjetivo 6 2 descoberta de regularidades e de inverianles, cuja evidéncia se ostabeloce pela demonstragao baseada no de raciocinio idgico @ madiado tae soments pslos axiomas de fudamentagao da estruture e feoremas jd destes deduzidos. £ invastigagao no plano puramente matematico. Fm artigo ne Mathematical Inteligencer, Chanaler&Edwerds fazem clara referencia a estes dois aspectos: "Para os matematicos, um perene problema expiicar ao grande publico que a importénoia da \Matemdtica vai além de sua apicablidade. F coma explicar a alguém que cunca ouvits musica a beleza de uma melocia...Que Se aorenda a Matematica que rescive problemas pratices da vide, mas que ndo se pense que esta da sua qualidade essencial. Fxiste uma grande tradigao cultural a ser preservada e snriquectia, sm cada gerago. Que tenha-se cuidado, ao ecucar, para que nenhuma geragac tome-se surda as melodias qua sao @ substincia de nossa grande cultura matemetioa Na histéria do desenvolvimento da Matemstica estas caracteristicas estéo ern permanente ralagao. A pari de busca de solucao ce problemas et outras dress de conhecimento, surge 0 desanvolvimenta de Matematica de cardler puramente absiraio. E desenvolvimentos guramente ledricos, acabam apresentanido- se como ferramentas para trateblidade ‘de problemas em cutras afeas cle conhecimento. A histéra da evoluao da Geometnia nos mosira bem este duplo aspacto da Matemélica, Na antigiidade surge como cidneia pratica na salugdo de problemas de medidas; com os gragos tara-se conhecimanto de cardtor abstrato, tomando como ponto de partide axiomas indisoutivels sob o ponto de vista intuitivo, inspiredos que 14 V.2N27, mai, 1908 ih PGIE-VERGS Informética na Educagéo : teorla & pratica do pelo mundo fisico; com as geometrias nBo-eucidianss, no século XIX, tom-se © cardter abstrato ap extrema, j& que os axicmas acellos nao se baseiam mals na intuice imediata; e finalmente tem-se a aplicagao destas gecmetrias no entendimento de problemas da fisica. No proceso educative estes dols aspecios da Malematica devem ser enfatizados iguaimente. Um dos grandes desalios para os educadores matemdticos & encontrar os caminhos que levem seus alunos a apropriarem-sa deste connecimenta. E para isto, questoes de ordem cognitiva merecem uma ardlise. 4 teoria de desenvolvimento cognitive proposta por J. Piaget, ajuda a compreander que o pensamento matematico néo é, em esséncia, diferente do pensamenio humano mais geral, no sentido de que ambos requerom habilidades como intuig8o, senso comum, apreciagta de regularidades, senso estitica, representagéa, abstracao e generalizacéo, etc... A diferenga que pode ser considerada € no Universo de trabalho: na Malemitica os objotos sao do cardter abstrato e so rigorosos os eritérias para 0 estabelecimento de verdades, Os estudos de Piaget evidenciam jA nos primeitos anos de vida os primérdios destas habilidades, Sua teona, procura explicar 0 complexe proceso através do qual se dé 0 desenvolvimento das fungdes cognitivas da imtligéncia, Através de suas cuidadosas chservagées e entrevistas clinices, ‘disseca’ os clversos estagios deste processo, mostrando a continua evoluydo das estruluras mentais, © cujo ostado mais avangado se caracteriza pelo pensamento formal abstrato. Para melhor entendimento do processo evolutive das astruturas cognitivas, Piaget destacada és esidigios basicos. Na consttugao dos orimeitos esquemas de natureza légico-matematica as criangas 6e apoiam 9m agies sensGrio-moioras obra objelos maleriais e através de exercicias de ropelicao espontfinea chegam ao dominio € generalizacao da acdo (estagio pré-aperetovo). O segundo estagi caracleriza-se pelo aparecimento das operag6ee, as ag60s om pansamento; mas nesta fase as crangas ainda depentiem dos objetos concretos para que 8s a¢des $e constituam em conceitos (estdgio operatorie concrete), & fnaimente atiigem 0 eeligio das operagdes sobre objelos abstratos, jt nfio dependenco mais de agbes conetelas ou de objelos carareta; é a constituigao do pensamento puramente abstrato. © quo so quer destacar é 0 quanto © proceso de aprencizagem baseia-se na agao do suieito; Inicialmente, as agtes concretas sobre odjetos concratos respondem pela consiiluigho dos esquemas, © no Ultimo estagio, as agdes abstratas {operagSes) sobre objetos abstratos respondem pela constituicao dos sonceitos. Diz PIAGET (1974): “a6 falariamas de aprendizagem na medida em que um resultado (conhecimenic ou atuagao) adquiride 2m fungao da experiénicia , essa oxperiénoia podenda ser do tine fisico au do tipo légico-matemética ou es dots.” Ja no primeira esidigio de desenvolvimento, na construgaia ¢ coordenacao de esquemas evidencia- 86 0 usa de regras mute préximas & da ldgica - associagdo (unio), goneralizagao (incluséo), rasingao {interseeao) . Percebe-se umia_consirugo esponlénca de ostrutiras I6glco-matemetieas, que se aproximam Jas uillizacas no dosenvolvimento co conhecimento matemético. E a génese do pensamenlo l6gico- matematico, que se aoresenta na forma de goneralizagao do ages € coordenagfic de esquemas. E esclarecedor 0 que diz PIAGET (1973), particularmonte no contexto da Educagtie Matematica: “O papel inicial das acdes © das axpeniéncias tigico matomdticas cancrotas 6 preciearmante de preparapio necessaria para chegar-se ao desenvolvimento do espinto dedtivo, @ isto por duas razées. A primeira é que as operagbes mentais ou intelectuais que intorvém nesias dedugdes osteriores derivam justameme das ages: apbes interiorizadas, © quanda esta interonzacao, Junto com as coordenapdes que supsem, s80 suficientes, as expenéncias logico matemeticas enquanto agdes materiais resuitam j4 indlois © a dedugSo interfor se bastard a si mesmo. A segunda razdo 6 qua 4 coordenagao de apes @ as expenércias Idgico mateméticas dao lugar, 20 Inteciorizar-se, a um tipo particular de abstragao que corresponds procisamente @ abstragdo logica ¢ matemética’, Todo © processo permeada peic desenvolvimento, concomitante, da fungao representativa; é a Fepresentagdo mental que permite a transicao da acéo sensdrio-motora a ago abstrata. Os esquemas evoluem para concsitos e as acdes para operagdes através da tomiada de consoiéncia, definida por PIAGET come a reconstituigae conceittal do que tem leitc a ago. BECKER (1997), aluz da tearia de Piaget, diz: ¥.21N-4, malo 1908 — — — 18 PGIE-UFRGS informatica na Educagao teoria & prética “€ téoitvislumbrar 0 que isto signitca para e sprendizagem. O esquema, generalizarto no piano da apzo concrete, poderd meaiante progressivas tomadas de consciéneig, tomar-so conceito, genaraizagso mo plano menial ou intelectual. Des fimies a real passa-se a0 pessivel.” Os dasequillbrios entre experténcia @ estruturas mentais que tazem o sujeito avangar ne seu desenvolvimento cognitive © conheciments, « Piagat procura mostrar a quanto este processo ¢ natural, O nove ebjeto de conhecimenta 6 assimiado pelo sujelto através das estruturas j@ constituides, sendo 0 objeto percevide de uma celta maneira, o ‘novo’ produ conflitos intemgs, que séo superados oola acomodacdo das osiruturas cognitivas, @ 0 objeto pasea a sar percebido de outra forma. Neste processo dalélico é construido ¢ conhecimento. © meio socia! tem pape! fundamental na aceleraro ou retardago deste desenvolvimento; isto se evidencia na decalagem de ssltuiuras cogn tives que apresentam individuos, que vivem em meios culturalmente pobres. Na formagfio matematica des alunos, além de pretender-se_ a construgao de uma solida base de conhecimento na area, deve-se estar atento para a riqueza inleleciual que decorre do constante desenvolvimento cognitive de sujeita quando a ele propicia-se imersfio no processo do ‘fazer matematica’, que nada mais € que 0 processe dindmice ‘assimlagao versus acomodacao’ de construgao simultinea de conhedimants matemdtica 0 de estruturas mentais, FISCHBEIN (1994) diz “Axiomas, detinigdes, teoremas @ demonstragées devem sor ineorparades como companentes tives do proceso de pensar. Eles devem ser inventados au aprendidios, organizados, tesiados & usados ativamente pelos alunes. Eniendimento do sentido de rigar no raciocinio dedutive, G sentimento de cosréncia e consisténcia, a capacidade de pensar proposicionatmente, ndo S40 aquisicdes espontineas. Na teoria piagetana todas estas capacidades esiéo rolecionadas com a idade - 0 estégio das operagies formais. Esta capacidades nao sdo mais do que potenciaiidades que somente um processo educative & vapaz de moldar @ transformar em realidades mentzis ativas.” Se por um lado a teoria de Piaget mostra uma continuidace, om prinefpio natural, na formagto das estruturas cognitivas, desde os primeiros esquemas até as estruturas que respondem pelo pensemento formal adsvrato, por outro lado 0 procasse de ensing © aprendizagom quo so tem instiuusionalizade néo leve ‘am consideragéo esta ‘naturaldade’ A parr do mamento que as crianges ingressam na escola, no geral, s€0 privadas de suas agdes © experiencias de carater concrete, ¢ mais adianle de carter absiraio, reforganda-se a0 longo des anos de vide escotar 0 pape! de recaptores passives de iniormegao. Esta ruptura pode explicer os baixos niveis de pensamerto abstrate com que os alunes chegam ao ensino Superior, GRAVINA (1996) registra “08 alunos chegam & universidade sem terem atingido os nlveis mentais da dedugaio @ do igor. Flaciocinia dedutive, métedes e generalizacées - processas caractertsticos é fundamentais da Geometna- as alunos pouco dominam. Ate mesmo apresentam pouca compreensiéo des objets geemdticas, conlundinde propitedades do dasenho com ropriecades do objeto.” MOORE (1994), em sua pesquisa sobre abstaculos frente a demonstracao de teoremes, identifica algumas causas: imagens mentais inadequadas, pouco entendimento dos conceites, pouco dominio da linguager e notagéio matemética Fala-ge em processo de ensina ¢ aprendizagem construtivista, entendendo-se uma metodologia de trabalho, ainda um tanto vaga 2 imprecisa, cue procura colocar-se em, sinlonia, princigalmenie, com Principio da teoria de Piagot. Mas do fata, ndo ‘em-se ainda astabelscida, deniro das teoras da Educagio, ma sdlida basa tedrica do que seria uma ‘pedagogla construtvistal. Pesquisas na drea de Educacao Matemdtica tem se preocusade com astas questes, mas ainda poucos sao os rellexos na prética educaliva. Estas pssquisas apontam para principios norteadores do que seria uma ‘pedagogie construtivista’: +E necessdrio que o professor de matemdtica organize um trabatho estruturado através de atividades que propiciem o desenvolvimento de expleragao informal e investigapao rellexiva e qua no privem os alunos nas suas iniciativas @ controte da situagao. © protessar cleve projetar desatios que estimuiem o questionamento, a colocacdo de problemas ¢ a busca de solupao. 76 tv 284, mao, 1999 Pig PGIE-UFRGS informatica na Educagao : teoria & pratica Os alunos ndo se fonnam aves sprendizes por acaso, mas por desafios projerados @ estnuturadtos, que visem a exploracdo ¢ mvestigagao" (Richards, 1991) “Um dos maiores probiemas na educagdo decorre do fato que muitos professores consideram os conceitos matematices como otyetes prontos, no percebendo quo astes cancoltes devem ser canstnyidas pelos alunos...08 alguma manelra os siunos devem vivenciar as mesmas dificuidades conceitusis 2 superar 0s mesmos cbstdculos epistemofogicos encontades pelos matemdticas...Solucionande problemas, discutindo conjeturas @ métodes, tornando-sa conscientes de suas concepedes difculdades, os alunas sofrem importantes mudangas em suas fdésies...” (VERGNAUD, 1990) "Na eduaaedo a preocupagto principal devena ser a construgao de esquemas para o entendimento de conceltos. O ensino deveria se dedicar a induzir os alunos a fazorom astas construgdes o sjudd-os a0 Jonge do pracesso...Aprender anvolve abstrapac retlexiva sobre os exquemas jd existentes, para que novos ‘esquamas se construam e favoregam a construgdo de novos concsites...m osquema ndo se constroe quando hd ausénoia de esquemas pre-requisitos... [DUBINSKY, 1991) Para o estabelecimento de uma ‘pedagogia construtivista’ duas das principals questées, intimamente relacionadas, a serem enfocadas 380: > quanto ae aspecto matemétion: como projetar atividaces que facam com que os alunos se apropriem de idéias matematicas profundas ¢ significativas (e quo exigiram de malerndticos altamente 4uaillicacios alguns anos para eerem concebidas ¢ estruturadas) ? + quanto ao aspeclo cognitive: como fazer para que estes atividades colequem os alunos 6m alitudes sintonizadas com os processos que so natura’s ao desenvolvimento cognitive do sujaito ? Na préxima seg8o ceste artigo procura-se mostrar de que forma os ambiertes informatizadas podem ajudar na busca de resposlas a estas quostées. S60 ambientes que dio suporte eos objetos maicmaticos © @8 agSes mentais dos alunos, € que portanto favorecem os processes imbricades de construgao de conhecimento matemnética @ de desenvolvimento de estruturas cognitvas. 3. Ambientes informatizados ea aprendizagem da Matemética Conforme delineade na segao anterior, esté so tomando como principio que a aprendizagem é um processo consttulive, que depends de mado fundamental das ages do sujeito © de suas reflexdes sobre ostas agBes: “Toda conhecimento é iigado & ado e conhecer um objeto au ovento d kesimiélo & um esquema de agio..lsio é verdade do mais ofomantar nivel sensdria motor ao mats elevade nivel de operag3es ligico -mateméticas” (PIAGET,1967).. ‘No contexto da Matomatica, sao aa agbes, inicit mente sobre objetos concretos, que se yerteralizam om eseuemas, 6 num estagio mas avangado sa0 as 2¢des sobre objeios abslratos que se generalizam ern ‘soncsilos ¢ tecremas. Quando a orianga brinca com pedras, dispondo-as de diversas formas (segmentos de Tetas com diversas Inelinagées e tamanhos, circulos) ¢ ao contar © ndmero de pedras corstata, com suipresa, que 0 ndmero de pedras independe da forma em que estdo dispostas, € através das aggo concrela de ordonar @ contar que canstroe o conceito de numero natural. Um matematico, om seu estdgio avangado de pensamento formal, tambom ‘ago’ sobre aaus objetos de investigagao: identiica, em casos Perliculares regularidades que 86 generalizam; testa suas conjeturas em novas casos particulates; © iinaimenta aventure-se na tentativa de demonstragao, £ 0 que diz HADAMARD (1945): ‘De fato, € dovio que qualquer invengéo cu descoberta, em Matomatica ou em qualquer aura 4raa, acontece pela combinapao de idéias...algumas das quais podem ser férteis...f necessario conetruir numerosas possipiidades de combinapdes, © encontrar dentre elas as quo sao Provattosas...” Da crianga ao matematico prclissional, os objetos mudam de naturoza: de fisicos passam a abstratos, mas contirvam guarcando uma ‘conereude’, dada pela representacso mental, figural ou simbélica, a cles associada, © 6 sobre estes abjetos que Sao aplicadas as ages menlais. Nosto sontido & intoressante 0 que di? OGBORN [1987}, a luz da teorla de Piaget, quando fala em “raclacinio forma! como um caso especial © bastanle oxtraomtindrio de raciocinia conereto. Matematicos e ‘ogicos siéa tao avosiumades com seus sistemas de simbolos, eue 0s iratam coro objelos conerelas,” V-2NS, mato, 1989, —_ 7 ge Paeurnas Informatica na Educagao : teorla & pratica No oracesso de ensino e aprendizagem, 4 transi¢do na neturoza des abjetos sobra os quals os alunes aplicamn as agdes ¢ uma questéo central. C mundo fisica € rico em objetos concretos pare o inicio da zprondizagem om Matomdtica, no goral de caréter espontanec. Mas sa 0 objetivo é a construgtio de ronosios mais complexos e abstratos, estes ndo tem suporte materializado, entrando em jogo a ‘concretizacao mental’, que nem semore & simples, mesmo para 9 matemético profissional. Este tino de aprendizegem nem sempre tem carter esponténea ¢ exige muitas vezes a consirugio de conceitos que 40 ate mesmo, num primeire momento, poucd iniuitves, portanlo cependendo de muita ago mental por arta do aluno, Um exemple ilustrative, ao extreme, encontra-se nia prépria histéria do desenvolvimento da geometna: dols snil anos foram necessérios para as Tudangas de conceppdes cue tomaram naturais as geomeltias néo-audlidianas, © grande obsticulo explica-so polo cardter pouco intutive dos axlomas qua efiniiam estas geornetiias, em oposigao acs crater esporténeo daqueles da geometria eucliciana, entendidle até entéo como geometria para o entendimento do mundo que nos rodefa (@ hoje vé-se que, de tata, até onde nesses sentidas imediatas consequem percebé-to) Obstdculos @ 2 sua suporagio permeiam a histéria do desenvolvimento da Matemdtica. Na eprendizagem o proceso & similar: por um lado temos o conhecimento materatico, no sentido de conhecimento soviainente aceito, @ por outra lade & construgo deste conhecimenta atrevés dos processoa ognitives individuais. Em ralagBo aos conceites, VINNER (1991) se refere acs prime'tos como ‘cenceito delinigao' e aes ilkimes como ‘conceites imagons’. A aprondizagom so ofetiva a partir do equilibria dos dois soncsites, € isto € fundamental para o avanco na construcdo do conhecimento. Encuanto os alunos encontrar obstéculos em tragar reta tangente a curva y = x" no gonto {0,0} & porque o “coneeite imagem” ssl incomplete, © poranto © objsta metemdtica ‘reta tangente & curva’ ainde n&o foi adequadamente construldo. Os amblemtes informatizados apresentam-se como ferramentas de grande polencial frente aos ‘obstaculos inerenles ao processo de aprendizagom, E a possibilidade de "mudar os fimites antra 0 eancrato €0 forma? (PAPERT, 1988). Qu ainda segundo HEBENSTAEINT (1987):'e computador permite criar um nave tipe de objeta - os objetos ‘oncroto-abstrates’. Cancratos porque existem na tola do computador podem ser manipuiacioa; ahstratos por se tratarem de realizacées feitas a partic de constucces mentais.” Por exemplo, uma ratagao nao é mais somente um abjete maleralico abstrato (dade por uma detinigdio Tormal) acompannado eventualmento de uma representagao estaitica (desenho}, mas um objeto que pode ser menipulado € entendido a partir de suas invariangas (a0 mudar-se 0 centro de rolagdo, o argulo de rotagéo, so ‘ransformar figuras). No campo da pescuisa em Matemética alguns exemplos sv ilustrativos. A teoria do caos nascou do estude de equagies diferenciais felto por Lorentz; ao mplementer sletemas que ciferenciavam minimamente nas condigdes iniciais, Lorentz constatou que 2 evolucao co sistema, no tempe, se tomava imprevisivel ¢ a partir dis'o sutgem os resultados toéricos sobre a insiabildade dos sislamas dindmicos. Um segundo exemple: a reprasentagéo gratica de computaciies massivas tarnau possivel o avanco cat teoria Ge tractais. Figuras surpreendentes foram tontes de conjeturas que desencadearam pesquisa na diregae de damonstragies ‘ormais. Estes exemplos sio paradigmaticos quanto ao suporte oferecido pelos ambientes Infermatizacos na concretizacao mental de idéias malematicas. Este suporte favorece a exploragée, a elaboragdo oe conjeturas © 0 rofinamento destas, ¢ a gradetiva conatrugéo de uma teotia matematica formaiizada. E mesmo quando existe @ possibiidade de agdes sobre objetos fisicos, a transposi¢ao cestes objetes pare ambientes infomnatizades também apresenta vaniagons: 6 a possibiidads do realizar grande vatiedado de experimentos em pouco tempo, dferentemante da manigulagso cancreta. © a pamazia da ago favorecendo © processo de investigagao @ abstrazaa, com a conseqilente construgo de conceilos © relagées. Neste espirito ter-se como exempio 0 programa "Blocks Microworid’ do THOMPSON (1992), que pormite a construgao vituai do materiei multinase de Dienes. E claro que 0 suporte para concrotiengSes © agdas mentais depende de caracteristicas dos ambiertes irtcrmatizades, algumas das quais serdo proposilo de andlise no que segue. E a titulo de jlusirag&e S80 aprosentados exemplos de alguns programas. ¥. 2621, mato,1999 7e Gp PonE-UERGS Intormética na Educagéo : teoria & prtica 3.1, Caractk Esla andlise tome como referéncia os trabalhos de KAPUT (1992) © MELLARS 2t all (1894). Procura-se identificar de que forma as carecterlsticas aqui apontadas do suporia as agdes € reflexdas Sobre 08 abjetos matematicos, condigao que esta sendo tomada como indispensdvel ma aprendizagem da Matematica. 3.1.1 Meio Dini ico Historicamente os sistemas de tepresentagao do conhecimento ratemético tem cardter estatico. \Vé-se isto cbservande os livros ou assislindo uma aula ‘oléssioa’. Este cardtor estatico muitas vezes dificulta 2 consirugao do significado, e o significante passa a ser um conjunto de simbolos © palevtas ou desenho ser memorizado. Assim’ sendo, néo deve ser surpreendente quando os alunos ndo conseguem transferir um conceita ou tecrema para situagto que nfo coinc'de com a pratotipica regist’ada a parti da apresentacdo do livre ou do professor. A instancia fisica do um sistema de representagao afta substanclaimente a conatrugio de conceltos e teoremas. As novas tecrologias oferecem instancias lisicas 6m que a representagac passa a ter carater dinamico, ¢ isto tem rellexos nos processes cognitives, particularmonte no que diz respeito as conerelizagées mentais, Lim mesmo objeto matematico passa a ter representacso mutavel, diferentemente da representago eslatica das instancias fisicas tioo “lépis e papel” au “glz e quadro-negro'. © cinamismo é obtido através de manipulagtio direta sobre as representagdes que se apresentam na tela do computador. Por exempla: em geometria sic os etementos de um desenho que s&o manipulave's; no astudo de Tungdes dio adjotas manipulévels que descrevem relacéo de crescimento/decrescimento entre as vanavels. Um aspecta importante do pensamanto mateméticn 4 a abstragto da invanéncia, € para o seu Feconheciments © ertendmento nada é mais pfdprio que a variagac, O dinamismo da represontagéio dostaca os invariantes e diz KAPUT(1992): "a transigdo continua entre esiados intermediérios & um recurso imponante dos programas de representagao dindmicos, sob o panto de vista cognitive’. Por exemplo, aps ume apresentagao esidtica do cancsite de altura do um tridnguia 08 alunos registram que “2 aiture de um titngulo é sempre da base até a parte mais alta do mesmo ou “altura é a linha vertical que une # base lado do tridngulo ao vértice opesic” (@RAVINA, 1998}, mostrando conerotizagdio mental inadequada. dé num melo dindmico um triangulo com correspendente segment altura pode ser manipulado, mantando-se um lada do ‘naogulo fixo ¢ lazendo-se o vérlice ogosto deslocar-se numa paraisia a este lado. Desla forma obtém-se uma familia da desenhos com tridngulas © segmientas alluras em diversas situagSes, 0 que favorece & ‘onerstzagao mental em narmonia com o conceito matematico de aftura ce um Wigngulo. 3.1.2 Molo Interativo Come interatividade entonde-se aqui a din&mica enira agdes do aluno e reag6es do ambiente, no sentido muito além daquele em que a reagao do sistema & simplesmeni informar Sobre *acorto” ou “arro” frente @ aggo do aluna, nao fomecendo nonhuma contrbuigao a0 processo de aprendizagem. Na interetividade que se esté ponsando, o sistema oferece suporie as corcretizacoes € ages mentais do aluno; isto se materializa na reprosentagio cos objelos matematices na tele do computador e na possitilidade de manipular estes objetos via sun representacao, A ‘eagtio' de ambiente, correspondiente a agao do aluno, funciona como ‘sensor no ajuste entre 0 concelte matemético ¢ sua concretizagao mental, Lm meio que protenda ser interabvo, na medida do possivel, nio deve frustrar 0 aluno nos procedimentos exploratorios associados as suas ages mentais. Isto val depancer dos recursos colocadas & disposic&o e do nivel de automago nos procedimentos. Alguns dos recurso ja disponiveis em cerlos ambionles: lertaments gare consitugdio de objetos matematicos, miuitiolas roprasentagses, pracedimentos das alunos podem ser registrados ou automatizados (capturagio de procecimentos), auto-escala automatica, zoom-in e zoom-out, dados que se aivalizam com a dinfmica da situagéo, tragado de lugares geomeétrics, cdlculos automdticos. Quanto ao petencial das muitiplas reprasontagées, considerando que um mesma cbjeto matemético pode receber diferentes representag6es e que estas registram diferentes facetas do mesmo, uma exploragsio que transta em diferentes sistemas tomarse signilicativa no processo ds construgao do conceit. Por exemplo, a uma fungao podo-se associar uma representacao grética que evidencla variagtes gualitativas, ou uma rapresentagdo matricial numérica que evidencia variagées quantitativas, ou ainda um yenémeno culo comperiamente ¢ dade pela furgde. Ou ainca, pode-se ostudar familia da tungBes sob 0 VeRMMmmio.1988 79 & PGIE-UFRGS Informatica na Educagao : teoria & prética ponto de vista ce operacbes algébricas © correspondentes movimertos geométricns nos gréficos aepociados. ‘Os programas que fazem ‘tradugdes’ entre diferentes sisiernas de representegao epresentem-se como potentes recursos pedagéglces, arincipalmenie porque o aluno pode congentrar-se em inlerpretar © efeito de suas agdes trente as diferentes representagdes, até de forma simuiténea, 9 nao am aspectos rolativos a transigao de um sistema & outro, atividado quo goraimanto demanda tomac. Capturagdo de proceaimentos é recurso encontrado, patticularmente, em programas para Geometria. Aulomaticamente so gravedas es prececimentos do aluno em seu trabalho de construgao, ¢ mediante solicitagaa ¢ possivel -epassar a ‘histéria’ de desenvolvimento de sua construgio. lato permite 0 aluno tefletir sobre suas agdes ¢ idenlificar possiveis raz5es para seus contlilos cognitivos, Este recurso também pormite que 0 aluno explore consirugdes feitas por outrem, o qua ssmpre se apresenta come fonte de nqueza em iieias matematicas Ainda através da capturagao de provedimentos, construgSes particulares podem ser automaticamente generalzadas, gravadas e testadas em oulras stuagbes (sdo as macro construcces). A capturacdo 6 felta na semartica da Geometria, nao aependendo de sintaxe particular de programacao. Por exemplo, um procedimento de consirugso das mediatizes ¢ gensralizado e pode ser aplicado a qualquer outro trangulo, ovidenciando-se no suporte concrato que a intorsagae das mediatrizas em Unico panto n&o depence de particulatidades do tnéngulo. Vé-se assim 0 ambiente favorecanco a construgae de conjeturas, © que oxige raciocinios mediados pelo constante processe de ‘assimilagac versus acomadagao’. E claro que a construc do conhecimento val além e nto se reaiiza enquarto a argumemacao matemética explicita nao torna eviden'e o ‘por cue desta propriodade’. Nesta fase final de construgéo, a demonstiagao da propriedade, 0 ambiente continua deserpenhands sev panel através da possibiidade de acrescentar novos elementos a representagao qué estd Sendo manipulada, no caso os segmentos que delerminam os {rigngulos cujas congruéncias ao a base pare a argumentagao, 3.1.3 Melo para modelagem au simulagéio Criar © explorer o modelo de um fendmeno é uma experiéncia importante no processo de sprencizagem. Segundo OGBORN (1997): “Quando sa constréam modelos comega-se @ pensar matematicaments, A andlise de um 0 modelo matemdtico, pode levar a compreensao de conceitos profundes, come por exempio a nogao fundamental de taxa de variagae..A criagdo de modelos é 0 inicio do pensamento uramente tedri¢o sobre 0 funcionamenta das coisas. Em programas com recursos de madelagem os alunos constrdem modelos a partir de representacao dada por expressées quantitatives (tungoes, laxas de Variagéo, equacdes diferenciais) © de felagdes entre 2s variaveis quo descrovem o processo ou fendmeno. A caracteristica dominante da modelagem ¢ @ explicitacto, maninulagho @ compreensao des relacdes entre as varidveis que controlam o jenomens, sendo o feecback visual clerecido pela maquina un recurso fundamental para o 'gjuste’ da idéias. © recurso de simulagho permite a realizagéio de experimentos envoivendo canceites mais avangados. Neste caso, a complexidade anaiftica do modelo fica por conta do programa ¢ os alunos exploram qualtativamente as relages matomaticas quo se evidenciam no dinamisme da represertagaa de ecardter visual. Na exploracdo qualitativa nao ha preccupactio com a deducao das relacdes materaticas anziticas. Esta abordagem permite que alunos, ainda sem grande formacdo matemética, oxoiorem fendmonos de natureza matemAtica complexa, mas que do ponto de vista puramente quaillativo so fecundos ‘germes’ ce idéias ratematicas, como por exemplo as simulacdes de crescimiente populacional ¢ ‘mais geralmente de sistemas dindmicos, Os ambientes com recursos de modelagem @ simulagac também possibilitam tratar a Matematica ‘como ferramonta para resalugdo de problemas em outras 4reas do conhecimento. Lim exemplo ilustrative & @ estudo da parabola: em Matematica é um objeto abstrato, que pode ser representado por uma equagio ‘ou grafico; em Fisica serve para desorever o movimento de um objeto em queda livre ou que é jogado verticalmente para cima. Propriedades matematicas da equacéo aassam a ter leifura fisice © vice-verse: Porto de maximo da funcao corresponds a allura maxima atingida polo objeto; zero da fungde corresponde a0 tempo de mavimento; inclinag&e da reta tangonto & curva é a volocidado. As relagdes entre ecnceitos miatematicas ¢ fenémeno fistca favorecem a construgdo do conhecimente em ambas as areas. eo a et erat PGIE-UFRGS Informética na Educagao : teoria & prética 3.2. Algumas questoes pedagégi Na andlise das caracteristicas feita acima, tomou-se come referéncia progtamas que lem em seus projets de consitugtio procupagtes de carater peragdgico (ver exempios no sub-item 3.9). SAO forrementas direcionadas para a aprendizagem da Maiemdlica, é que por conseguinte procuram oferecer recurses que Viabilzem as agées mentais doa alunos; sda recursos projatades visando auxiliar 0s alunos na superagdo de obstaculos inerentes ao proceso de aprerdizagem da Matematica Nestes ambienles pade-se identificar deis mados de utilizagao, na diregfo de uma pedagogia construtivista: 3.2.1 Atividades de Expressio © aluno cria sous préprios modelos (tomado equi em sentido amplo} para expressar Idéias © pensamentos. Suas concretizagdes mentais so exteriorizadas. Uma vez construido 0 modelo, através dos racurses do ambionto, 0 aluno pode reftetir¢ experimentar, ajuctando efou moditicando suas concepeéies Neste sentido, 03 ambientes s8o ve(culos de materialzacao ce idélas, pensamentos e mais geralmente 06 9605 do sufeito, 9.2.2 Atividades de Exploragao- Ag alune ¢ apresentado um modelo ja pronto, 0 quai dove sor oxolorade, entendida, analisado. Nao. siio suas Idéias que all esto tepresentadas, © poranto existe o desafio intelectual de comoreendé-las. A propria comareensao do modelo, o entendimento dos principios ce conslruco, j4 So gor si 86 estimulos ao Jaciocinio, que favoracem a eanstrugio de relages « concritos. Neste trabalho no fol propésito a andliso de ferramentas mais gerais, tais como os pregramas de calcula simbélico (Mathematica, Mapple,...) ou planilhas eletronicas (Excel, Lotus,...] ou ainda linguagens de programac&o. Isto porcue, embora sende polentes feramentas para a realizacto de calotlos mateméticos ou plotagem de gréficos ou Impiementacéc de algoritmas, nao foram projetados com propésites educativos, no sentico de oferecem recursos que auxilem © aluno na construcao de conhecimento e superacao de cificuldades, Por axompio, com um programa de odicuic simbdlico um aluno pode calcular eficientemente & derivada ou integral de uma fun2o, sem necessariamente estar enterdendo os significades ce tais coneeilos. Um trabalho de adaptagdc, oriertado por oropdslios podagdgices, ai6 pode ser feito, mas prlamante no é simples, ¢ esta é uma questiio que vem send objeto de pesquisa. Denire as linguagons de programagio deve-se excetuar a inguagem Logo, projetada a partir de principios padagég'ces construtvistas, mas na qual nao vamos nos deier neste trabalho, Sau potencial ast amplsmente documentado em pesquisas (Hoyles, Noss, Sutherland, Fdvards © otros) e transperece Glaramente nas palavras de Papert (1894): programar a tartaruga comega com a refiexita sobre como nds fazemos 0 que gosiariamos que ela fizesse; assim, ensiné-la 2 agit ou ‘pensar’ pode fevar-nos a reffoti' sobre nossas prdpras apSes ou pensamentos..F a medida que as criangas progridem, passam @ programar © computador para tomar decisoes mais complenas @ acabam engajando-so na rallexdo da aspectos mais complexos do sou préprio pensamento." 3.3 Alguns programas Ilustrativos Os programas aqui apresentados servem para dustrar as quesides discutidas anlerormente, S80 apresentadas as principals caracteristicas de cada um deles © exemplos ilustrativoe. 3.3.1 Cabri Geometry ¢ Sketchpad - ferramentas para Geometria ‘S80 terramentas, especialmente, para construgdes om Geomotria. Dispdom de ‘régua e compasso eletrénicos’, sendo a interface de menus de constnugée em linguagem cléssica da Geometria. Os desenhos de objetos geométriaas séo feitos @ partir das propriedades que os dafinem. Através de desiocamentos aplicados aos elementos que compée o desanho, este se transiotma, mantende as relacdes geométrcas que carseierizam a situagSo, Assim, para urs dedo concerto ou teorema tenes associada uma calegéo de ‘desenhos em movinente’, 6 88 Caracteristicas invariantes que ai aparece correspondem as propriodades V.2N41, mato, 1908 pe i PGIE-UFRGS informatica na Educagao : teorla & prdtica mPGIEUFRGS informatica na Educagao : teorla & pratica em questie. © alunc age sobre os objatos matemétices «um contexlo abstrato, mas tom come suporte a ropresentagao na tela do computador. A mulliplicdade de desenhos enriquece a concretizagao mental, nao existindo mals as situacdes prototipicas responsavels pelo entendimente inadequado. Aprosentam interface dindmica e interatva (desenhos em movimento’ © que podem ser avlomatizados através vo recurso de betdes’), mililas representagies (Irabaiha com geoméirica sintética @ um pouco de anallica), capluragho de procedimentos {tem comando que permite ter acesso a historia da consinugae @ Comancos para ctiago de mactos. No Cabri Geometry 6 0 prdpio dosonho que 6 reconsiruido passo a passo; no Sketchpad aiém disto, tom-ee janela adicional onde a consingto & expliciada também através de lIinguagem matematice). Exemplo 1: Um problema de otimizagao No plano sto dados dois pontos thxos A eB, © um ponto P que se desioca em uma tera. Dente tod08 06 caminhos AP+PB delermmar o de menor comerimenta. tie mPB= 1.006 mAR=4 59cm. . (in AP) + [m FB] = $.50.0m rioP = 8.93 om | Figura + - Um problema da otimizagio (Sketchpad) Movimento sobre 0 panto P permite a exploragio ‘ictal. Se © quadro geométrico nao se apresenta suficieme para 8 resolugao co prodiema, os alunos podem se vale’ de oulras representagtes: tabola que computa distincias & grafico da fungao que representa a situagao geomélrica. Amibas as representagdes se atualizam de acordo com © movimento do ponto P. Nestas representecdes os alunos podem lacalizar aproximadamente © ponte que tesotve o problema, ¢ @ passo seguinle 6 identilicar a particularidade geométtica da solugdo de cardtor experimental, Poce-se ir além, desaflando-se se os alunos a Fespanderem a pergumta 'por que tal pento resolve © problema’. A informagae visual lomoce indicios para a argumentagao matemética, que val se formalizar através de conceitos e¢ teoremas como ‘eflexio, congniéneia da tangulos 2 desiqualdade triangular. (E interessante comparar a exploragae em ambiente infermatizade aqui datineada com 0 trabalhe que normalenie &¢ realiza om sala de aula ‘sonvencional’). Exemplo 2: Transformagées Isométricas no plano ‘Sho apresentados aos alunos instrumentos vituais que exploram as transformacbes isométncas 80 plano: transiagéo, rotagéo @ rellexdo, Os instumenios s80 dindmicos, © manipulanda-os os alunos identiticam 0 tipe de transtormagéo € os principios se constugao dos Instrumentos, Os principios de consttugao de um dado instrument Sa0 invanantes no moviments e portanlo sdo percedides © abctraldos. © mesmo acontece com a transtormagéo que 0 instrumento renliza; as invariantes corresponcem as propriedades que veo define’ @ taanstormaggo € € através da manpulagdo que vao se tomnando lrenspasentes, © passo seguinte 6 estabolacor a relag8o entre aé propriedades do Instrumente @ a transtormagsio que ele zealiza, ou sea, 6 a argumeriacao matemdtica. 2M, mae, 999) @ PGIE-UFRGS Informatica na Educacao : teoria & pratica TS Figura 2- Transformagoes Isométricasrotagao (Cabri

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