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Comunicacdo ndo-violenta TECNICAS PARA APRIMORAR RELACIONAMENTOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS Marshall B. Rosenberg AGORA 2. A comunicagdo que bloqueia a compaixdo Nao julgueis, para que ndo sejais julgados. Pois, com © critério com que julgardes, sereis juigados. Mateus 7, 1 Ao estudar a questéo do certas formas de comunicacao que nos afasta de nosso estado nos alienam de nosso estado natural de compaixdo, identifi- quei algumas formas especificas de linguagem e comunicagéo que acredito contribuirem para compassivo natural. nosso comportamento violento em relagao aos outros e a nds mesmos. Para designar essas formas de comunicacao, utilizo a expressao “comunicagao alienante da vida". JULGAMENTOS MORALIZADORES Um tipo de comunicacao alienante da vida é 0 uso de julga- mentos moralizadores que subentendem uma natureza errada ou maligna nas pessoas que nao agem em consonancia com nossos valores. Tais julgamentos aparecem em frases como: “O teu proble- ma € ser egoista demais”, “Ela € preguicosa’, “Eles so preconcei- tuosos”, “Isso é impréprio”. Culpa, insulto, depreciacao, rotulagio, critica, comparagio e diagnésticos sao todos formas de julgamento. 37 | MARSHALL B. ROSENBERG | No mundo dos julgamentos, o Certa vez, o poeta sufi Rumi que nos importa é Quem “E" 0 escreveu: “Para além das idéias qué. de certo e errado, existe um cam- po. Eu me encontrarei com vocé 14”. No entanto, a comunicagao alienante da vida nos prende num mundo de idéias sobre o certo € o errado — um mundo de julgamentos, uma linguagem rica em palavras que classificam dicotomizam as pessoas € seus atos. Quando empregamos essa linguagem, julgamos os outros e seu comportamento enquanto nos preocupamos com o que é bom, mau, normal, anormal, responsdvel, irresponsavel, inteligente, ignorante etc. Muito antes de ter chegado a idade adulta, aprendi a me co- municar de uma maneira impessoal que nao exigia que eu re- velasse 0 que se passava dentro de mim. Quando encontrava pessoas ou comportamentos de que nao gostava ou que nao compreendia, reagia considerando que fossem errados. Se meus professores me determinavam uma tarefa que eu nao queria fazer, eles eram “medfocres” ou estavam “exorbitando”. Se al- guém me dava uma fechada no transito, minha reagio era gri- tar: “Palhaco!” Quando usamos tal linguagem, pensamos e nos comunicamos em termos do que ha de errado com os outros para se comportarem desta ou daquela maneira — ou, ocasio- nalmente, 0 que ha de errado com nés mesmos para ndo com- preendermos ou reagirmos do modo que gostariamos. Nossa atengao se concentra em class Analisar os outros é, na realida- fiat, analisar determinar né- de, uma expresséo de nossas ne- _veis de erro, em vez de fazé-lo cessidades e valores. no que nds € os outros necessi- tamos € nao estamos obtendo. Assim, se minha mulher deseja mais afeto do que estou Ihe dando, ela € “carente e dependente”. Mas, se quero mais aten- 38 COMUNICAGAO NAO-VIOLENTA do do que me dé, entao ela é “indiferente ¢ insensivel”. Se meu colega atenta mais aos pormenores do que eu, ele & “cricti e compulsivo”. Por outro lado, se sou eu quem presta mais aten- do aos detalhes, ele ¢ “lambao € desorganizado”. Estou convicto de que todas essas andlises de outros seres humanos sao expressdes tragicas de nossos préprios valores € necessidades. Sao tragicas porque, quando expressamos nossos valores € necessidades de tal forma, reforcamos a postura defen- siva e a resisténcia a eles nas préprias pessoas cujos comporta- mentos nos interessam. Ou, se essas pessoas concordam em agir de acordo com nossos valores porque aceitam nossa anélise de que esto erradas, é provavel que o facam por medo, culpa ou vergonha. Todos pagamos caro quando as pessoas reagem a nossos va- lores ¢ necessidades nao pelo desejo de se entregar de coragio, mas por medo, culpa ou vergonha. Cedo ou tarde, sofreremos as conseqiténcias da diminuicao da boa vontade daqueles que se submetem a nossos valores pela coercao que vem de fora ou de dentro. Eles também pagam um prego emocional, pois prova- velmente sentirao ressentimento e menos auto-estima quando reagirem a nés por medo, culpa ou vergonha. Além disso, toda vez que os outros nos associam a qualquer desses sentimentos, reduzimos a probabilidade de que no futuro venham a reagir compassivamente a nossas necessidades ¢ valores. Aqui, € importante nao confundir jufzos de valor com jutlga- ‘mentos moralizadores. Todos fazemos juizos de valor sobre as qua- lidades que admiramos na vida; por exemplo, podemos valorizar a honestidade, a liberdade ou a paz. Os juizos de valor refletem 0 que acreditamos ser melhor para a vida. Fazemos julgamentos mo- ralizadores de pessoas € comportamentos que esto em desacordo com nossos jufzos de valor; por exemplo, “A violéncia € ruim; 39 MARSHALL 8, ROSENBERG | pessoas que matam outras s4o més”. Se tivéssemos sido criados falando uma linguagem que facilitasse exprimir compaixao, te- riamos aprendido a articular diretamente nossas necessidades € nossos valores, em vez de insinuarmos que algo é ou esté errado quando eles nao séo atendidos. Por exemplo, em vez de “A vio- léncia é ruim”, poderfamos dizer: “Tenho medo do uso da violén- cia para resolver conflitos: valorizo a resolucao de conflitos por outros meios”. A relagao entre linguagem e violéncia é tema das pesquisas de O. J. Harvey, professor de psicologia na Universidade do Colorado. Ele tomou amostras aleatérias de obras literdrias de paises mundo afora ¢ tabulou a freqiiéncia das palavras que classificam e julgam as pessoas. Seu estudo constata elevada cor- relacdo entre 0 uso freqiiente dessas palavras e a incidéncia de violencia. Nao me surpreende saber que existe consideravel- mente menos violéncia em culturas nas quais as pessoas pen- jades humanas do que em outras sam em termos das necessi nas quais as pessoas se rotulam de “boas” ou “més” € acreditam que as “més” merecem ser punidas, Em 75% dos programas exibidos nos horarios em que existe maior probabilidade de as criangas americanas estarem as- Classifica e julgar as pessoas sistindo a tv, 0 herdi ou mata estimula a violencia. pessoas, ou as espanca. Tal vio- Iéncia costuma constituir 0 “cli- nou que max” do espetaculo. Os telespectadores (a quem se en os maus merecem castigo) sentem prazer em ver essa violéncia. Na raiz de grande parte ou talvez de toda violéncia — ver- bal, psicoldgica ou fisica, entre familiares, tribos ou nagdes —, esta um tipo de pensamento que atribui a causa do conilito ao fato de os adversdrios estarem errados, ¢ esté a correspondente incapacidade de pensar em si mesmos ou nos outros em termos 40 | COMUNICAGAO NAO-VIOLENTA | de vulnerabilidade — 0 que a pessoa pode estar sentindo, te- mendo, ansiando, do que pode estar sentindo falta, e assim por diante. Durante a Guerra Fria, testemunhamos essa perigosa maneira de pensar. Nossos lideres viam os russos como um “im- pério do mal” dedicado a destruir 0 American way of life. Os lide- res russos se referiam ao povo americano como “opressores im- petialistas” que tentavam subjugd los. Nenhum dos dois lados reconhecia 0 medo que se escondia por trs daqueles rétulos. FAZENDO COMPARAGOES Outra forma de julgamento € 0 uso de comparagbes. No livro How to make yourself miserable [Como ertlouquecer voce mesmo: 0 poder do pensamento negative], Dan Greenberg demonstra por meio do humor © poder insidioso que 0 pensamento comparativo pode — Comparagées so uma forma de exercer sobre nds. Ele sugere — julgamento. que, se 6s leitores tiverem um s, devem aprender a se desejo sincero de tornar suas vidas infeli: comparar a outras pessoas. Para aqueles que nao estdo familiari- zados com essa pratica, Greenberg fornece alguns exercicios. 0 primeiro mostra as figuras de corpo inteiro de um homem e uma mulher que encarnam o presente ideal de beleza fisica expresso pela midia. Os leitores so instrufdos a tomar suas préprias medi- das corporais, compard-las as indicadas nas figuras daqueles dois espécimes atraentes e ficar matutando sobre as diferengas, O exercicio cumpre 0 que promete: quando fazemos essas comparagées, comecamos a nos sentir infelizes. No momento em que jA estamos tao deprimidos quanto julgamos possivel, nés viramos a pagina e descobrimos que o primeiro exercicio tinha sido s6 aquecimento. Ja que a beleza fisica € relativamen- a | MARSHALL B, ROSENBERG | te superficial, Greenberg nos oferece agora a oportunidade de nos compararmos aos outros em algo que importa para valer: as realizagies pessoais. Ele escolhe ao acaso alguns individuos com quem possamos nos comparar. O primeiro nome que ele diz ter achado € 0 de Wolfgang Amadeus Mozart. Greenberg enumera os idiomas que Mozart falava e as obras importantes io nos que compés quando ainda era adolescente. O exerci instrui entao a nos lembrar de nossas respectivas realizagoes na atual fase de nossa vida, comparé-las com 0 que Mozart jé havia conseguido aos 12 anos e refletir longamente sobre as di ferengas. Por meio daquele exercicio, até os leitores que nunca con- seguem sair da infelicidade auto-imposta séo capazes de ver quanto esse tipo de pensamento bloqueia a compaixao, tanto por si préprios quanto pelos outros. NEGACAO DE RESPONSABILIDADE Outro tipo de comunicagao alienante da vida é a negacdo de responsabilidade. A comunicagao alienante da vida turva nossa consciéncia de que cada um de nés é responsavel por seus proprios pensamentos, sentimentos € atos. O uso corriqueiro da ; expresso “ter de” (como em Nossa linguagem obscurece a | . 5 7 m HA algumas coisas que vocé consciéncia da responsabilidade , tem de fazer, quer queira, quer pessoal. nao”) ilustra de que modo a res- ponsabilidade pessoal por nossos atos fica obscurecida nesse tipo de linguagem. A expresso “fazer alguém sentir-se” (como em “Vocé me faz sentir culpado”) é outro exemplo da maneira pela qual a linguagem facilita a negacao da responsabilidade pessoal por nossos sentimentos ¢ pensamentos. a2 | COMUNICAGAO NAO-VIOLENTA 1 Em Eichmann em Jerusalém, livro que documenta o julga- mento do oficial nazista Adolph Eichmann por crimes de guer- ra, Hannah Arendt conta que ele € seus colegas davam um nome a linguagem de negacdo de responsabilidade usada por eles. Chamavam-na de Amtssprache, que se poderia traduzir li- vremente como “linguagem de escritério”, ou “burocraté: Por exemplo, se lhe perguntassem por que ele tomata cera ati- tude, a resposta poderia ser: “Tive de fazer isso”. Se Ihe pergun- tassem por que “teve de fazer”, a resposta seria: “Ordens supe- riores”, “A politica institucional era essa”, “Era o que mandava alei*. Negamos responsabilidade por nossos atos quando os atri- buimos a: * forgas vagas e impessoais (“Limpei meu quarto porque tive de fazé-lo”); + nossa condicao, diagnéstico, histérico pessoal ou psicolégico (“Bebo porque sou alcodlatra”); * ages dos outros (“Bati no meu filho porque ele correu para a rua”); * ordens de autoridades (“Menti para o cliente porque o chefe me mandou fazer isso”); * pressdo do grupo (“Comecei a fumar porque todos os meus amigos fumavam”); + politicas, regras e regulamentos institucionais (“Tenho de suspender vocé por conta dessa infracao; é a politica da es- cola”); * papéis determinados pelo sexo, idade e posigao social (“De- testo ir trabalhar, mas vou porque sou pai de familia”); * impulsos incontrolaveis (“Fui tomado por um desejo de comer aquele doce”). 43 | MARSHALL 8, ROSENBERG | Certa vez, durante uma discussio entre pais ¢ professores sobre os perigos de uma linguagem que implicasse auséncia de escolha, uma mulher objetou, irada: “Mas existem algumas coi- sas que vocé tem de fazer, gostando ou nao! E nao vejo nada de errado em dizer aos meus filhos que hé coisas que também eles tém de fazer”. Quando pedi que desse um exemplo de algo que “tinha de fazer”, ela responden: “F facil! Quando eu sair daqui esta noite, tenho de ir para casa e cozinhar. Eu detesto cozinhar! Detesto do fundo da alma, mas venho fazendo isso todos os dias ha vinte anos, até quando estava muito doente, porque é uma das coisas que a gente simplesmente precisa fazer”. Eu Ihe disse que estava consternado em ouvir que ela passara tanto tempo de sua vida fazendo algo que detestava sé porque se achava compelida a fazé-lo, e que eu esperava que ela pudesse encon- trar possibilidades melhores aprendendo a linguagem da cnv. Tenho o prazer de informar que ela aprendeu rapido. No final do seminério, foi para casa ¢ anunciou a familia que nao queria mais cozinhar. A oportunidade de recebermos algum re- tomo de seus familiares ocorreu trés semanas depois, quando os dois filhos chegaram para parti- Podemos substituir uma lingua- cipar de um semindrio. Eu esta- gem que implique fatta de esco- va curioso para saber como ti- ha por outra que reconhesa a nham reagido & declaracdo da possibilidade de escolha. mae. O filho mais velho suspi- rou — “Marshall, eu simples- mente pensei: ‘Gracas a Deust’” Vendo minha expresso intri- gada, ele explicou: “Pensei comigo mesmo: ‘Talvez ela finalmente pare de reclamar durante as refeigoes!’” Em outra ocasido, quando eu prestava consultoria a uma secretaria municipal de ensino, uma professora observou: “De- testo dar nota. Acho que elas nao ajudam e ainda criam muita ansiedade nos alunos. Mas tenho de dar, € a politica da secreta- | COMUNICAGAO NAO-VIOLENTA | ria”. Tinhamos acabado de praticar como introduzir na sala de aula um tipo de linguagem que aumentasse a consciéncia da res- ponsabilidade pessoal. Sugeri que a professora substituisse a frase “Tenho de dar nota porque é a politica da secretaria” por esta, completando-: : “Eu opto por dar nota porque desejo...” Ela respondeu sem hesitagéo: “Eu opto por dar nota porque desejo manter o emprego”. Apressou- s€ a acrescentar: “Mas nao gosto de dizer dessa maneira. Faz que eu me sinta tao responsdvel pelo que fago...” Respondi: “E exata- mente por isso que quero que vocé diga dessa maneira”. Ficamos perigosos quando néo temos consciéncia de nossa res- ponsabilidade por nossos com- portamentos, sentimentos. pensamentos ¢ Compartilho dos sentimentos do romancista e jornalista francés George Bernanos quando escreve: 2X Jd acredito hd muito tempo que, se a eficiéncia cada vez maior da tecnologia de destruigao um dia fizer que nossa espécie desa- pareca da Terra, nao terd sido a crueldade a responsivel por nossa extingao, menos ainda a indignagdo que a crueldade des- erta ou as represélias e vingangas que ela atrai [...], mas sim a docilidade, a falta de responsabilidade do homem moderno, sua desprezivel accitagao subserviente de qualquer decreto comum. Os horrores que jé vimos, os horrores ainda maiores que logo ve- remos, sdo sinal nao de que os homens rebeldes, insubordinados e indomdveis estejam aumentando em ntimero no mundo todo, e sim de que aumenta constantemente o mimero de homens obe- dientes e déceis. 45 | MARSHALL ®. ROSENBERG | OUTRAS FORMAS DE COMUNICACAO ALIENANTE DA VIDA Comunicar nossos desejos como exigéncias é outra forma de linguagem que bloqueia a compaixdo. Uma exigéncia amea- 6a os ouvintes explicita ou implicitamente com culpa ou puni- cao se eles ndo a atenderem. £ uma forma de comunicagio comum em nossa cultura, especialmente entre aqueles que detém posicées de autoridade Meus filhos me deram algumas ligées valiosas sobre exigén- cias. De alguma forma, meti em minha cabeca que, como pai, era meu papel fazer exigéncias. Nunca conseguimos forcar as Contudo aprendi que, mesmo pessoas a fazer nada que eu fizesse todas as exigén- cias do mundo, isso no os leva- ria a fazer coisa alguma. E uma li¢do de humildade no exercicio do poder, para aqueles entre nés que acreditam que, por sermos pais, professores ou admini adores, € nossa tarefa mudar as outras pessoas e fazé-las se comportar. Pois ali estavam aqueles jovens me mostrando que eu nao conseguiria obrigd-los a nada. No maximo poderia, por meio da punicao, fazé-los desejar ter feito 0 que eu queria. E eles acabaram me ensinando que, sem- pre que eu fosse tolo o bastante para fazer isso, teriam meios para me fazer desejar nao té-los punido! Voltaremos a esse assunto quando aprendermos a diferen- ciar pedidos e exigéncias — parte importante da cxv. A comunicagio alienante da vida também se associa ao conceito de que certos atos merecem recompensa € outros pu- nigao. Tal forma de pensar se © pensamento baseado em expressa pelo verbo “merecer’, “quem merece o qué” bloqueiaa como em “Joao merece ser pu- comunicacao compassiva. nido pelo que fez”. Ela presume 46 | COMUNICAGAO NAO-VIOLENTA 1 “maldade” da parte das pessoas que se comportam de determi- nadas maneiras e demanda alguma punigao para fazé-las se ar- rependerem e se emendarem. Acredito ser do interesse de todos que as pessoas mudem ndo para evitarem punigdes, mas por perceberem que a mudanga as beneficiaré. ‘A maioria de nés cresceu usando uma linguagem que, em vez de nos encorajar a perceber 0 que estamos sentindo ¢ do que precisamos, nos estimula a A comunicacdo alienante da vida tem profundas raizes filos6ficas e politicas, rotular, comparar, exigir ¢ pro- ferir julgamentos. Acredito que a comunicacao alienante da vida se baseia em concepgées sobre a natureza humana que ‘culos. Tais exerceram influéncia durante varios visées dao én- fase a nossa maldade € nossa deficiéncia inatas, bem como a ne- cessidade de educar para controlar nossa natureza inerente- mente indesejével. B comum que esse tipo de educacao nos faca questionar se hd algo errado com os sentimentos ¢ as necessida- des que possamos estar vivenciando. Aprendemos desde cedo a isolar 0 que se passa dentro de nés. A comunicagio alienante da vida tanto se origina de socie- dades baseadas na hierarquia ou dominagao quanto sustenta essas sociedades. Onde quer que uma grande populacao se en- contre controlada por um ntimero pequeno de individuos para 0 beneficio desses tltimos, € do interesse dos reis, czares, no- bres etc. que as massas sejam educadas de forma tal que a men- talidade delas se torne semelhante a de escravos. A linguagem do “errado”, 0 “deveria” ¢ o “tenho de”, é perfeitamente ade- quada a esse propésito: quanto mais as pessoas forem instru das a pensar em termos de julgamentos moralizadores que im- plicam que algo é errado ou mau, mais elas serao treinadas a consultar instancias exteriores — as autoridades — para saber a a” | MARSHALL B. ROSENBERG | definigéo do que constitui 0 certo, o errado, 0 bom e o mau. Quando estamos em contato com nossos sentimentos € necessi- dades, nés, humanos, deixamos de ser bons escravos e lacaios. RESuMO £ de nossa natureza gostarmos de dar e receber com com- paixdo. Entretanto, aprendemos muitas formas de “comunica- ao alienante da vida” que nos levam a falar € a nos comportar de maneiras que ferem aos outros e a nés mesmos, Uma forma de co- municagao alienante da vida é 0 uso de julgamentos moraliza- dores que implicam que aqueles que nao agem em consonancia com nossos valores esto errados ou si0 maus. Outra forma desse tipo de comunicagao € fazer comparagées, que sd capa- zes de bloquear a compaixao tanto pelos outros quanto por nds mesmos. A comunicagao alienante da vida também prejudica nossa compreensao de que cada um de nés € responsavel por seus préprios pensamentos, sentimentos € atos. Comunicar nos- sos desejos na forma de exigéncias é ainda outra caracteristica da linguagem que bloqueia a compaixao.

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