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Materiais Magnéticos A utilizagao dos agos como materiais ferromagnéticos s6 pode ser discutida com base em suas propriedades magnéticas. As suas propriedades mecénicas e quimicas que tém constituide as caracteristicas para a comparagdo dos materiais até aqui estu- dados, quase sempre podem ser ignoradas. Costuma-se incluir no estudo dos agos para fins elétricos outros materiais com propriedades ferromagnéticas, que néo con- tém ferro, e o assunto é sempre abordado sob o titulo mais geral de «Materiais Magnéticos». A produgéo desses materiais representa 1 % da produgdo de ferro e ago, sendo portanto equivalente 4 dos agos inoxiddveis, ou dos produtos de metalurgia do pé, mas, por tratar-se de materiais para fins especializados, nao se faz grande propa- ganda em torno de suas caracteristicas, havendo mesmo certa reserva na divulgagdo, com .carater publicitario, de informagdes técnicas a respeito desses materiais. A aplicagdo dos materiais magnéticos é das mais extensas no campo da indistria elétrica, exigindo-se caracterfsticas espe- ciais tanto no caso de um pequeno motor para relégio elétrico, como no de um motor de grande poténcia para acionamento de um laminador, ou, no caso de um transformador de alta frequén- cia para radio comunicagées, ou de alta poténcia para uma réde de distribuigGo de {érga. Particularmente nestes casos em que se lidam com potencias extremamente baixas, ou extremamente al- tas, 6 que as exigéncias quanto ds propriedades magnéticas e elétricas se tornam mais imperativas. Até poucos anos atrds as companhias de equipamentos elé- tricos faziam seus produtos de um modo mais ou menos empirico, louvando-se apenas em sua experiéncia industrial. Com o atual desenvolvimento das aplicagSes desses materiais despertou-se © interésse dos pesquisadores, tanto no campo fundamental, co- mo de novas aplicagdes, desenvolvendo-se o conhecimento a propnedades desses materiais, de modo a permitir a compre- ensdo de certos fenémenos e a correlagdo entre magnetismo, composigGo quimica e estrutura. Como o estudo dos materiais incluidos neste capftulo s6 po- derd ser feito através de suas propriedades magnéticas é con- veniente que se faga uma rdpida recordagdo do significado fisico dessas propriedades. MATERIAIS MAGNETICOS 173, Magnestismo — O tratamento quantitativo dos fendmenos magnéticos originaram-se com a descoberta de Coulomb da lei de atragGo entre polos magnéticos. Daf se tornou possivel definir a unidade de polo, ou massa magnética, como a massa magnética que provoca em uma massa idéntica, colocada 4 distémcia de lcm, uma férga repulsiva de 1 dina. Os fenémenos magnéticos na natureza sco sempre dipolares, isto 6, implicam na existéncia de dois polos com massas magné- ticas contrarias, guardando entre si um certo afastamento. O conceito de polo isolado sé € utilizado com o objetivo de facilitar a compreenséo da natureza dos campos magnéticos, cujo aspecto fisico pode ser materializado se introduzirmos o .conceito de linhas de férga, que sGo linhas normais ds superficies equipotenciais que envolvem os polos magnéticos. Essas linhas representam os circuitos magnéticos que emanam ou convergem a um polo. Por definigGo considera-se que uma esféra de 1 cm de raio envolvendo um polo magnético unitdrio é penetrada por 4-7 linhas de férga, portanto, cada centimetro quadrado da su- perficie dessa esféra é atravessado por uma linha de férga. Intensidade de um campo magnético, ou férca magnetizante Materializando-se 0 campo magnético com 0 conceito de li- nhas de férga, a intensidade do campo corresponde ao nimero de linhas que atravessa a unidade de drea normal & diregdo do campo. A unidade de intensidade de campo magnético recebe o nome de oersted e corresponde & intensidade de um campo que exerce uma férga de 1 dina, numa unidade de massa magnética nele colocada, Portanto, a 1 cm de um polo unitério a intensidade de um campo magnético é de | oersted. Intensidade de magnetizagGo e indugGo magnética Define-se quantitativamente o magnetismo de uma substdn- cia, ou sua intensidade de magnetizagdo, ou simplesmente, mag- netizagdo, pelo ntimero de polos magnéticos unitérios existentes por unidade de drea numa secgdo do material. Se o nimero de polos unitdrios na extremidade de uma barra de comprimento «1» fér «m», e a Grea da secgGo fér «a», a in- tensidade de magnetizagdo «I» seré dada pela relagao: 1 = m/a. Demonstra-se que I representa também o momento magnético «M» por unidade de volume, pois : M = ml am BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA Sabemos que um campo magnético pode também ser pro- duzido por uma corrente elétrica. Se o condutor f6r enrolado em forma de anel ou em solenoide, a circulagdo de corrente ge- rara um campo magnético cuja intensidade sera fungGo da in- tensidade da corrente e do mimero de espiras. fsse campo magnético é designado pelo simbolo «H» e também pode ser medido em oersted. No caso particular de um solencide longo, com «n» espiras por centimetro e percorrido por uma corrente de «i» amperes, a intensidade do campo no centro do solenoi- de sera: 4 ni 10 Se introduzirmos nesse solenoide um ntcleo ferromagnético, © campo H induzira no ntcleo, linhas de magnetizagéo, devido a natureza ferromagnética do material. Fisicamente isso cor- responde a um alinhamento dos dipolos elementares do material, na diregao do campo. Sendo o momento dos dipolos por uni- dade de volume igual a intensidade de magnetizagéo I, haverc 471 linhas de férga por unidade de drea do polo magnético do nticleo. O fator 4x decorre do fato de que cada polo unitério produz um campo unitdrio em todos os pontos da superficie esférica de raio unitdrio que envolve o polo. O numero total de linhas de férga no solenoide sera agora igual a H + 471, o que recebe o nome de indugdo magnética «B» B=H+ 4wl1 A indugGo magnética correspondente a uma linha de férga por centimetro quadrado recebe o nome de 1 gauss. No sistema inglés ela é expressa em linhas por polegada quadrada e ndo tem um nome especial H = - oersted Intensidade de saturaga&o Quando todos os dipolos elementares do material magnético estiverem perfeitamente alinhados com o campo externo, a inten- sidade de magnetizago atinge um valor mdximo, recebendo o nome de intensidade de saturagGo I,. Essa intensidade de sa- turag&o depende da composig&éo quimica, das fases presentes na estrutura do material e de seu volume. Permeabilidade O valor da indugdo magnética por unidade de intensidade do campo recebe o nome de permeabilidade. = 2a Como veremos adiante, nos materiais ferromagnéticos, B nao € fungdo linear de H, de modo que, a permeabilidade ndo é constante e depende da intensidade do campo magnetizante. MATERIAIS MAGNETICOS ws, Suscetibilidade E' dotinida pela relagtio K = ——, de modo que, esté rela- cionada & permeabilidade, da seguinte maneira: B=H + 41 . dividindo por H ou n=1+ 40K Propriedades magnéticas da matéria Demonstra-se que tédas as substéncias, em qualquer estado fisico possuem propriedades magnéticas e podem ser classifica- das numa das seguintes categorias: 1 — Materiais diamacnéti- cos; 2 — Materiais paramagnéticos e 3 — Materiais ferromag- néticos. Si colocarmos diversas substéncias num campo magnético observaremos que algumas orientar-se-do na diregdo do campo, ficando fortemente magnetizadas. Estas recebem o nome de ferromagnéticas. Outras se magnetizam fracamente, mas tam- bem se orientam paralelamente ao campo e sGo chamadas para- magnéticas e, finalmente, outras dispér-se-Go normais ao campo, caso éste ndo seja uniforme, e sdo as diamagnéticas. Como 08 efeitos magnéticos nas substancias dia e paramagnéticas sao relativamente tracos, elas sGo consideradas como materiais ndo magnéticos. O diamagnétismo é uma propriedade inerente a todos os materiais e s6 ndo é detectavel na presenca de efeitos paramag- néticos, ou ferromagnéticos, mais intensos. Langevin demonstrou que a aplicagdo de um campo mag- nético num sistema de eletrons em movimento de translagGo induz um momento magnético que se opde ao campo externo. A variagdo do momento induzido com o campo é a suscetibili- dade diamagnética. Tanto a teoria de Langevin como as obser- vagées experimentais demonstram que essa suscetibilidade é independente da temperatura. Nos elementos que possuem orbitas eletrénicas incompletas os momentos magnéticos resultantes dos movimentos de trans- lagGio e de rotagdo dos eletrons podem nGo se compensarem © cada Gtomo no reticulado comportar-se-d como um dipolo magné tico, com orientagdo a esmo. A aplicagéio de um campo magné tico externo tenderd orientar ésses dipolos na diregao do campo, © que constitue o efeito paramagnético. Nestas circunstdncias, explica-se a influéncia da temperatura neste efeito. No trata- 176 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA mento teérico do problema, Langevin’ calculou a relagéo sntre © momento magnético induzido e a temperatura, obtendo re- sultado que se verifica com béa aproximagédo pelas determina- gdes experimentais. Em alguns casos, como como por exemplo no do cobre, 0 paramagnetismo fraco dos eletrons das orbitas incompletas ndo contrabalanga a contribuigGo diamagnética das orbitas internas, Ladycio 8 (60vss) x 8 ——# i Force Magnetizadle 17 ba: BL t= 09988 * 8 FIG. 62 — Distribut- ¢ao das linhas de for- ca na transigao do ar, ou do vécuo, par ra um material dia- magnético. Diagra- ma B vs. H para o mesmo material. =n FIG, 63 — Distribui- ao das linhas de for- a na transigéo do ar, ou do vicuo, pa- ra um material pa ramagnético. Diagra- ma B vs. H para o mesmo material. OO xy horca Mognenicarte # Inducio 8 (Cavs) | At be Ma p= 1001 MATERIAIS MAGNETICOS 117 de modo que, o efeito resultante é diamagnético. As figuras n°s 62 e 63 esquematizam a distribuigéio das linhas de férca nesses dois tipos de materiais. Os materiais ferromagnéticos diferem dos paramagnéticos por possuirem uma permeabilidade que pode atingir valores mi- Thares de vezes maiores que a dos materiais paramagnéticos, cuja permeabilidade é constante e pouco superior a 1, Além disso, a permeabilidade dos materiais ferromagnéticos depende da intensidade do campo magnetizante, como mostra a fig. 64. - g deoende ae # & eho finde fireardeW Q (ochstea) (6n) 8 ba: Fe 208 2,060 : 0,67 x 739 8 Virco Magnetizante FIG. 64 — Distribuigdo das linhas de forga na transigéo do ar, ou do vdcuo, para um material ferromagnético. Diagrama B vs. II para o mesmo material. Para a explicagéio do ferromagnetismo devemos levar em conta dois fenémenos importantes: 1) Que ésse comportamento s6 se observa em 4 dos 92 elementos conhecidos, isto 6, no ferro, cobalto, niquel e gadolinio; 2) Que o elevado momento magné- tico apresentado por ésses elementos depende do campo mag- netizante. O estudo teérico do assunto levou & conclusdo que o efeito ferromagnético depende do spin dos eletrons, de modo que, cada 178 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA eletron girando em tomo de si proprio comporta-se como no caso das substémcias paramagnéticas como um dipolo elementar. Estes podem ser orientados paralelos aos campos externos mas, normalmente néo estdo completamente orientades. O estado de minima energia num sistema atémico dé-se quando um certo nimero desses imas elementares esto orientados numa diregdo © um ntmero equivalente, em sentido oposto. A propriedade ferromagnética se manifesta quando o numero de spins eletré- nicos (momento magnético devido ao spin) paralelos ao campo aplicado ultrapassa o ntimero de antiparalelos. O fato do ferromagnetismo sé ser observado nos 4 elementos citados ndo € acidental. £sses elementos de’transigdo sGo carac- terizados por possuirem orbitas de alta densidade eletrénica, nao saturadas (orbitas de f), de modo que, tal equilibrio néo se ve- tifica. A teoria moderna, baseada na mecdnica quantica, esta- belece que, em determinadas condigdes, o estado de minima energia nessas orbitas ocorre quando ha uma preponderdncia de spins paralelos sdbre antiparalelos. Essas condigdes sGo: 1) Que © material esteja no estado sélido; 2) Que a relagdo entre as distancias interatomicas e os raios das orbitas citadas esteja dentro de certos limites. Aplicando essas condigdes a diversos elementos, Bethe e outros pesquisadores verificaram que elas sdo satisfeitas pelos quatro elementos ferromagnéticos. Dominios ferromagnéticos As condigées descritas no paragrafo anterior, quando satis- feitas, permitem a interagGo entre os eletrons das orbitas 3 d, de dtomos visinhos tendendo orienté-los magneticamente uma diregdo. Esse efeito se estende a pequenos volumes do cristal, delimitando no seu interior regides da ordem de 10-*cm*, cha- madas dominios. Nessas condigdes cada cristal, ou gréo, de um metal ferromagnético, mesmo na auséncia de um campo magnetizante externo, se acha dividido em dominios ferromag- néticos, com as caracteristicas de dipolos elementares. O estado macroscépico de desmagnetizagdo é explicado como um resul- tado estatistico da orientagdo a esmo dos dominios ferremag- néticos. Uma demonstragdo pratica dessa teoria foi dada por Bitter, que obteve desenhos em superficies polidas de cristais ferromag- néticos pela distribuigGo zonada de Fe.O;, em pé. Mais iarde, determinando-se as curvas de magnetizagdo por métodos eletré- nicos sensiveis, observou-se que elas apresentam discontinui- dades durante a magnetizacGo, que correspondem ds que resul- tariam de mudangas de diregao em dominios da ordem de gran- deza dos propostos pela teoria. MATERIAIS MAGNETICOS 179 Curva de magnetizacéo Uma curva de magnetizagéo, como a que se vé na fig. 65, nos dé a variagéo da indugdo B, com a férga magnetizante H Nessa figura, o tre- cho que parte da origem e atinge o ponto mais elevado da curva, cor- responde a curva de magnetizagao e o ciclo fechado pela linha ex- lemma representa o ciclo de histerese, que decor- te do fato dos fenéme- nos de magnetizagdo ndo -serem fenédmenos reversiveis, pois, com a diminuigéo do campo H, B nao diminue de acér- do com a curva de mag- netizagao. O coeficiente angu- lar das retas tragadas da origem a pontos da curva de magnetizagao representa a permeabili- dade do material, na correspondente 2 “wo00l -@ (caus) FIG, 65 — Curva de magnetizagio € ciclo de histerese do ferro. intensidade do campo magnetizante, ou da indug&o B. Pelo desenvolvimento da cur- va de magnetizagao do ferro puro pode-se vér que a permea- 10,000 000 o so 70 Indicio 8 (#ilogavss) FIG. 66 — Relagéo entre a permeabili- dade ea indugio magnética do ferro puro. (Stanley) 4 bilidade varia com o campo magnetizunte de um modo ndo linear, passando por um mdxi- mo, que corresponde & tangente tirada da ori- gem a0 cotovelo da cur- va. A figura 66 nos mos- tra, ainda no caso do ferro puro, a variagGo da permeabilidade ». com a indugdo B. Como B esta rela- cionado a H pela ex- pressdo B=H+4-el B cresce ilimitada- mente com H. 180 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA Se em lugar de’ B tragarmos uma curva de magnetizagao locando B-H vs. H & parte superior dessa curva tendera assinto- ticamente para um valor maximo de B-H. fisse valor maximo esié telacionado 4 intensidade de saturagdo I,, pela expressdo : (B—H)max = 4715 Voltando & curva da figura 65, com a eliminagéo do campo H o valor de B ndo volta a zero, mas, se reduz a um valor que tecebe o nome de indugdo residual, ou remanéncia. Essa re- manéncia representa a magnetizagdo retida pelo material. Se em seguida aplicarmos um campo de sentido oposte, o valor da magnetizagGo residual decrescer& progressivamente até zero. O valor do campo desmagnetizante que anula a magnetizagGo re- sidual recebe o nome de férga coerciva. Para campos desmagne- tizantes mais intensos o ciclo se repete de modo andlogo e simétrico ao descrito. A irreversibilidade dos fenémenos de magnetizagGo exige um consumo de energia para que um dado volume de material percorra um ciclo de histerese. Essa energia é dissipada na forma de calor durante a orientagdo dos dominios ferromagnéticos e esta relacionada & drea do ciclo de histerese. No caso de cam- pos continuamente alternantes, como os que ocorrem nos trans- formadores, a cada ciclo da tensdo correspondera uma perda proporcional a drea a ciclo de histerese do material do niicleo. Por outro lado, as variagées do fluxo magnético geram no nticleo correntes elétricas que também se dis- sipam na forma de calor e que recebem o nome de cor- rentes de Foucault. A soma da perda devido & histerese com a perda de- vido ds correntes de Foucault recebe no nome de perda do nticleo e constitue uma carac- teristica importante para a classificagao dos materiais pa- ra nucleos de transformadores. Caracteristicas das curvas do magnetizacéo a ae Se Ne (C) SQPUPOALO0, 177772 GHECDO GOS ens Cristalinos Na parte inicial das cur- vas de magnetizagdo os fe- némenos sGo préticamente re- versiveis e B varia de um mo- do aproximadamente linear Xx en0s a cristo? 4 FIG. 67 — Mudanga na orientagéo dos dominios ferromagnéticos de um cristal durante 0 processo de (Bozorth) magnetizagao. MATERIAIS MAGNETICOS 18t com H. Nessa regidio os dominios com orientagdo favoravel, em relagéio ao campo magnetizante, crescem as expensas dos do- minios vicinhos desfavoravelmente orientados, pelo movimento de seus contornos, mantendo sua orientagGo com relagGo aos eixos cristalogrdficos. Vér fig. 67. A parte média da curva é a regiéo onde as perdas por histerese ocorrem. Aqui a magnetizagdo é irreversivel e resulta de mudongas bruscas na orientagdo dos dominios, associadas ainda a movimentos dos contornos. O cotovelo da curva cor- responde a orientagGo de todos os domfnios paralelamente cos eixos cristalogréficos que mais se aproximam da diregéo do cam- po. Na parte superior da curva, onde a magnetizagdo tende & saturagGo, o fenémeno é novamente reversivel. fle resulta da Progressiva orientagdo dos dominios no sentido do campo. Anisotropia dos materiais magnéticos De um modo geral observa-se que nos materiais. policristali- nos a suscetibilidade magnética € idéntica em tédas as diregées. Se considerarmos porém um cristal isolado veremos que éle apresenta maior ou : menor tendéncia pa- 25,000 1: ra magnetizar-se de acérdo com determi- nadas diregées crista- logréficas. As figuras 68 e 69 ilustram esta alirmagéo. No caso 90 do ferro, (fig. 68), as 7 diregdes [100] so as © de maior suscetibili- /0,000) dade, ao passo que para o nfquel as dire- gdes [11l] sGo as 3000 mais favordveis. Essa_particulari- dade’ nao teria impor téncia prdtica se cer- W tos materiais magnéti- FIG. 68 — Anisotropia magnética de cos, como as ligas Fe- um cristal de ferro. (Bozorth) Si, néo manifestassem orientagées preferenciais. Certos metais e ligas metdlicas quan- do encruados por laminagéo até detérminadas percentagens de redugéo, ao se recristalizarem, por recozimento, desenvolvem os novos graos ccm seus eixos cristalograficos em orientagdes pre ferenciais. Nessas condigdes 0 comportamento anisotrépico dos cristais individuais e a orientagdo preferencial desses cristais 20,000 182 BOL podem proporcio- nar cum produto melhores proprie- dades magnéticas em determinadas diregées, E' 0c so das chapas Hipersil, (Fe com 3,25% de Si), pa- ¥ ra transformado- & Tes Efeito de inclu- sdes, fissuras e constituintes :do magnéticos A frga mag- netizante efetiva Ha. 6 constituida por duas parce- las: Hy que repre- senta a intensida- 4000 6000 $000 4.000 3000 2000) 4000) GEOLOGIA E METALURGIA + fof ‘s Aee] FIG, 69 — Anisotropia magnética de um cristal de niquel. (Bozorth) de do campo extemo e Ha que representa os campos desmag- netizantes. Assim Her = Hy — Ha Os campos desmagnetizantes so os campos que se formam nos entreferros naturais, ou resultantes de trincas internas e nas triucbo 8 (Cavs) AGnECOS OCS 700 17 ferro deride Aumento a entre, a fisseras ov faclés forca magnetizante 14 inclusdes e constituin- tes nado magnéticos. O aumento desses defei: tos, ou desses consti tuintes, diminue a fér- ¢a magnetizante efeti- va e isso altera a cur- va de magnetizagao, como mostra a fig. 70. FIG. 70 — Influ- éncia da concen- tragao de fissuras, ou inclusdes, na curva B vs. H de um material fer- romagnético. (Stanley) MATERIAIS MAGNETICOS. 183 Influéncia de temperatura nas propriedades ferromagnéticas — Ponto Curie Opondo-se as férgas ordenadoras’ das interagées atémicas, que promovem a formagao dos dominios ferromagnéticos, exis- tem as férgas provocadas pela agitagGo térmica, que podem causar o desaparecimento desses dominios. Como estas aumen- tam com a temperatura, ha para todos os materiais ferromagné- ticos niveis de temperatura acima dos quais 0 efeito dispersivo da agitagGo térmica anula a tendéncia orientadora das férgas de interagGo atémica, de modo que, o .material perde suas propriedades ferromagnéticas. Fssa temperatura de transigdo recebe o nome de Ponto Curie Resfriando-se o material abaixo do ponto Curie suas caracte- risticas ferromagnéticas sdo recuperadas. A fig. 71 mostra a variagao da intensidade de saturagéo do ferro com a temperatura iri) tir Ho 90 (Gridede orbite 70 (1 ado 50}- 3o 70} oO Lirensidode ae sare 760 780 800 820 840 Tenperavara "C FIG. 71 — Perda das propriedades ferromagnéticas do ferro, no aquecimento. (Stanley) Magnétoestriccao A magnetoestricgao abrange tédas as mudangas de dimen- sdes que sofrem os materiais ferromagnéticos quando submetidos a campos magnetizantes. Esse fenémeno recebe varias deno- minagdes, como por exemplo, efeito Joule, quando se trata da variagao do comprimento da pega, em campos transversais; efeito Barrett, quando é a variagéo do volume e efeito Wiedemann, 184 BOLETIM GEOLO! E METALURGIA quando as variagées"dedimensées devido a: campos’ radidis provocam movimentos de torgdo. A fig. 72 mostra a variagao do efeito Joule nas ligas Fe-Ni para diferentes iérgas magnetizantes. 2 250 250 so e 29) 8 x to pa Ke 3 : fo - * ¥ 8 \_/0 $-0 8 -20 po 50 250 30) Oo 20 30 40 50 60 70 80 90 100 % Niguel FIG. 72 — Magnetoestriegao no sistema Fe-Ni. (Stanley) Os materiais que se alongam quando submetidos a um cam- po magnético possuem uma magnetoestricdo’ positiva. Nestes materiais a permeabilidade aumenta devido as deformagdes elasticas. Tais materiais tém tido aplicagdo em eletrénica, na fabrica- G0 de osciladores e filtros. No campo da tecnologia sua aplica- go mais interessante é-para transformar energia elétrica de fre- qiiéncia ultrasénica em pulsagdes mecGnicas com a mesma fre- giiéncia como, por exemplo, nas mdquinas perfuradoras para materiais extremamente duros, onde tais dispositivos sGo utili- zados para impulsionar particulas de abrasivo contra o material @ ser perfurado. Metais e ligas para indistria elétrica Costuma-se dividir os materiais magnéticos para indistria elétrica em dois grupos: 1) Materiais de alta permeabilidade e baixa férga coerciva, ou materiais magneticamente moles; 2) Materiais de alta férga coerciva, magneticamente duros, MATERIAIS MAGNETICOS. 185 ou imas permanentes. Neste grupo, a permeabilidade ndéo é uma caracteristica importante. As designagées, magneticamente ‘mole, ou duro, apezar de ndo se destinarem a descrever a dureza mecdnica desses ma- teriais, mas, sua resisténcia 4 desmagnetizagao, de um modo geral, também representa seu comportamento mecdnico. Na parte de agos para fins magnéticos, denominaremos ferro, ol ligas de ferro, aos materiais magneticamente moles, nos quais © carbono existente ocorre mais como impureza do que como elemento de liga. As ligas de ferro para imGs permanentes que possuem teores mais elevados de carbono sao denominados agos. Materiais magneticamente moles Este 6 o grupo mais importante dos materiais magnéticos. Trata-se de materiais que necessitam ter alta intensidade de sa- turagGo, alta permeabilidade e uma férga coerciva bem pequena. A remanéncia pode ser baixa, ou alta, conforme o tipo de apli- cago. Por exemplo, num «relay» sensivel, de desligaments rapido, necessitamos um material de baixa remanéncia, para teduzir 0 agarramento quando se_corta o campo magnetizante. Nas aplicagées em corrente alternada necessitamos ligas de baixa histerese e de alta resistividade para diminuirmos a perda do nticleo. Ferro, niquel e cobalto Dentre os materiais magneticamente moles devemos estudar em primeiro lugar os trés elementos ferromagnéticos mais co- muns: Ferro, niquel e cobalto. © ferro quimicamente puro é © que apresenta melhores caracteristicas magnéticas, mas seu prego é muito elevado para as aplicagdes normais. Para substitui-lo, usam-se os agos extra- doces, que, apesar de inferiores, dao resultados satisfatérios. O Nie o Co so elementos menos ferromagnéticos do que o Fe e de prego mais elevado, A tabela seguinte nos d& a variag&o da indugdo B com a férga magnetizante H para ésses 3 elementos. B (gauss) H Fe Ni Co (oersted) 20 15,500 5.100 1,200 40 16.200 5.500 2.800 60 16.800 5.700 4.400 80 17.300 5.800 6.000 100 17.700 5.900 6.800 120 17.900 6.000 7.500 O ferro é indicado para quase tédas as aplicagdes em cor- rente continua. Para corrente alternada nao é indicado, pois 186 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA possue baixa resistividade (10 » chm-cm), de modo que, as perdas por correntes de Foucault sdo elevadas Ligas ferro-silicio Estas sdo as ligas de maior consumo na indistria de pro- dutos elétricos, As adigées de si- licio ao ferro aumen- tam considerdvelmen- te sua resistividade, como mostra a figura 73, portanto, diminu- em a perda do nicleo. © silicio diminui a in- tensidade de satura- Go do’ ferro, mas nao afeta apreciavelmen- te a permeabilidade e a perda por histe- rese. Do ponto de vis- ta das propriedades mecdnicas, observa-se 60} 70 \ 8 8 | & | Resistividode electrica (Wiero-obms/em3 @ 20°C) 8 | | & i 3 cease ae FIG, 73 — Efeito do silicio na resis- tividade do ferro. (Stanley) que o silicio acima de certos teores torna o material fragil dificil de ser trabalhado. Esse comportamento, como se vé ina 300, go 220 . § 100 Lichi 5 Ro 0) N & -/00 Fragi! 20 al 74 siliciv © da temper % Silicio Efeito perce! a RY contport mento dictil, ou frigil, das liges F A curva joi determinada por um do: bramento e entireiiamento completo. (Stanley) at MATERIAIS MAGNETICOS. 187 fig. 74, depende da temperatura, Para cada composigdo existe uma temperatura minima necessdria para o trabalho mecénico. Por exemplo, para temperatura ambiente o referido grdfico nos mostra que o teor maximo de silicio € de 3,5 %. Uma das ligas mais importantes desta categoria é o Hipersil, com 3,25 % de Si. As ligas Fe-Si, com silicio até ésse teor apre- sentam a anisotropia magnética ferro puro, de modo que, com sequéncias de encruamentos criticos por laminagdo e recrista- lizagGo controlada, a maioria dos gréos fica com um plano (110) no plano de laminagdo e com uma diregéo [100] na diregéo de laminagao. A curva de magnetizagGo do Hipersil aproxima-se bastante da de um anel quadrado, cortado de um cristal unico de Fe-Si (3,9 % Si), com um lado paralelo & direg&o [100] A tubelu seguinte enumera alguns tipos de ligas Fe-Si, fa- bricades na forma de chapas. Tipo Si (%) Resistividade Perda do niicleo Emprego (w2—em) (Wk) 60 ciclos B=10.000 gauss Espessura 0,35 mm «Campo» 0,25 15 = eh) «Armadura» 0s 17 2,86 (2) «Eletrico» 1,0 27 2,57 (3) «Motor» 25 40 2,22 (4) «Dinamo» 3,0 50 1,80 (5) «Hipersil> 3,25 50 0,66 (6) «Transformador 72» 3,8 57 1,58 (7) «Transformador 68» 4,0 58 1,43 (7) «Transformador 58» 4,2 59 1,28 (7) «Transtormador 52» 4,5 6U 1,14 1) 1) Motores fraciondrios de baixo custo para uso intermitente 2) Motores fraciondrios e pegas polares e outros circuitos mag- néticos de alia permeabilidade. 3) Motores e geradores de melhor qualidade. Transformadores pequenos para uso intermitente, relays e reatores. 4) Motores e geradores de eficiéncia média. Transformadores pequenos e reatores. 5) Motores e geradores de alta eficiéncia e tamanho médio. Transformadores de uso intermitente, reatores, medidores elé- tricos, pegas polares laminadas. 6) Transformadores de alta eficiéncia para redes de distribuigdo 7) Todos os tipos de transformadores para redes de distribuigao e mdquinas elétricas de alta eficiéncia. Ligas ferro-niquel Este é 0 segundo grupo importante de ligas de alta permec: bilidade, a base de ferro. 188 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA A fig. 75 mostra a variagdo da intensida- de de saturagao nas ligas Fe-Ni em fungéo da composigéio. Acima de 50% de niquel te mos materiais com pro- priedades magnéticas diversas embora man- tenham alta permeabi- lidade e baixa perda Estes materiais sGo in- dicados para instru- mentos que operam com uma baixa densi- dade de fluxo. 8 3 3 i Litensidade ae saturagio (Gavss) ; As ligas comerciais Oar 2040: 60 ae Hipernik e Permalloy UNE cobrem as faixas de pyG, 753 — Variagdo da intensidade de su- composigéo em tom yyragio no sistema Fe-Ni, na temperatura de 50 e 78% de ni- ambiente. (Stanley) quel, respectivamente. Os Hiperniks possuem uma intensidade de saturagde da ordem de 16.000 gauss e os Permalloys da ordem de 11.000 gauss. Acima de 33 % de niquel a resistivi- dade dessas ligas diminui contiruame: te de 85 para 16 pohm-cm. Bsse fato as- sociado & sensibilidade das propriedades magnéticas dessas ligas aos tratamentos térmicos, devido as reagées ordem-de- sordem correspondentes & composicéo FeNi; (78 % Ni), possibilitam obter pro- priedades magnéticas interessantes, co- mo 0 ciclo de histerese retangular da fig. 76, que resulta de um resfriamento em campo magnético, através do ponto Curie. Em composigdes em torno de 81 % de niquel acredita-se que ocorra uma quantidade critica de reagéo ordem-de- jG. 75 — Ciclo de sordem, que anula a magneloestricgdo —fisterese do Permalloy (fig. 72) e a anisotropia magnética, dan- (65% Ni), recozido do materiais policristalinos de alta per- num campo magnético. meabilidade. (Bozorth) MATERIAIS MAGNETICOS 189 As adigées de cromo, molibdénio e cobre diminuem as ve- locidades criticas exigidas nessa transformagdo o que favorece @ utilizagéio pratica dessas ligas. O carbono, o oxigénio e o enxé{re-tém efeito contrario. Outra particularidade importante deste sistema 6 que quase tédas as ligas sGo bastante ducteis, ndo existindo portanto pro- blemas na estampagem, ou corte, desses materiais. Dentre as ligas Fe-Ni importantes temos as seguintes 1) Permalloy 45 Fe=54% Ni=45% 2) Hipernik Fe=50% Ni=50% 3) Permalloy 78 Fe=21% Ni=78% 4) Permalloy 4-79 Fe=16% Ni=79% Mo=4% 5) Mumetal Fe=18% Ni=75% Cr=2% Cu=5% 6) Supermalloy Fe=15% Ni=79% © Mo=5% Suas propriedades sGo as sequintes : Permeabilidade Saturagéo _Resistividade Liga Inicial Méxima 4al, 19cm 1 2.500 25.000 16.000 50 2 4.000 80.000 16.000 35 3 8.000 100,000 19.000 16 4 20.000 80.000 8.700 57 5 20.000 110,000 7.200 60 6 100.000 800.000 8.000 60 Ligas ferro-cobalto O sistema Fe-Co € 0 que apresenta maior intensidade de saturagéo, com valores de 41, da ordem de 24.200 gauss. Fsse valor de B-H para o ferro é de 21.600, para a liga Fe-Si (1%) é de 21.000 e para o Fe-Si (4-5%) de 19.000. Essa caracteristica associada aos valores da indugdo B, 2a faixa de H=10 a 400 cersteds, possibilita redugdes da ordem de 20% no péso das mdaquinas elétricas, Essa propriedade se manifesta em torno de 40 % de cobalto, © que restringe a aplicagGo dessas ligas devido ao elevado custo desse metal. 190 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA Existem dois tipos comerciais : Hiperco com 35 % de cobalto. Permendur com 50% de cobalto. A figura 79 mostra as curvas de magnetizagéo dessas ligas. Materiais com permeabilidade constante Os equipamentos telefénicos e radiof6nicos exigem materiais com permeabilidade constante para ovitar distorgdes na forma das ondas. Para isso empregam-se materiais cuja permeabilidade nado varia com 0 campo magnetizante.'se éste {or mantido dentro de certos limites. Essa propriedade pode ser conseguida a custa de tratamen- tos térmicos, deformagées plasticas, densidade de fases nao mag- néticas, ou entreferros, em certas composigdes quimicas. A apli- cagdo de temperaturas elevadas de recozimento, esforgos de tragdo, ou resfriamentos em campos magnéticos destréi essa per- meabilidade constante. E' ainda no sistema Fe-Ni que encontramos a maioria dos materiais com essa caracteristica. Por exemplo, as ligas Conper- nick, com 40-60 % de Ni, dao permeabilidade constante em den- sidades de fluxo até de 100 gauss, quando encruadas e reco- zidas entre 500 e 800°C. a 1200 (Gauss) Me o 08 16 24 52 Compo H (oersfed) FIG. 77 — Ciclos de histerese do Perminvar (30% Fe, 45% Ni e 25% Co), temperado ao ar (A) e recozido (B). (Bozorth) Li © Perminvar (fig. 77) que 6 uma liga com 30 % de Fe, 45 % de Nie 25% de Co, quando recozida 25 horas a 425°, d& a curva de magnetizagdo representada por (B) na referida figura Adicionando-se 3-4% de aluminio e 10-15% de cob: as ligas com 40-50 % de Nie encruando-se até 90 % de redugdo, MATERIAIS MAGNETICOS 191 obtem-se 0 Isoperm (fig. 78). Um recozimento a 1.000° depois de um encruamento prévio tem influéncia nos resultados obtidos no encruamento final, o que leva a crer que o mecanismo do qual decorre essa permeabilidade constante seja um processo de precipitagéio, ativada pelo encruamento final. Ainda na_ categoria de materiais de permeabi- Q lidade constante temos os ; nicleos de pés de materi- ais magnéticos aglomera- dos com materiais isola tes. Obtém-se por ésse m todo materiais com perme- ca ebilidade centiclada'c com i alta resistividade, adequa- Berta a dos ao emprego em alta freqiiéncia, Neste caso po- de-se utilizar materiais os mais diversos, pois, o aglo- merante nao metélico, que constitue a fase continua do FIG. 78 — Ciclo de histese do Isoperm. compactado, vai modificar acurva de magnetizagao, como mostra a fig. 70. Permeabilidades de 20 a 80 podem ser obtidos em ntcleos para aparelhos tele- fénicos e de § a 20 para radio freqiiéncia, com variagdo com o campo magnetizante inferior a 10 %. Liles (Gauss) Materiais para im&s permanentes fste grupo é constituido pelos materiais magneticamente duros, isto 6, com alta remanéncia e alta {6rga coerciva. Embora a maioria destes matericis sejam mecanicamente duros ndo ha necessdriamente uma correlagdo entre a dureza mecdnica e a resisténcia & desmagnetizagdo, pois existem materiais cuja férga coerciva aumenta com a diminuigéo da dureza. Nos aos, 0 estado de tensdes internas resultantes de defor- magées eldsticas do reticulado favorece as propriedades magné- ticas exigidas nos imGs permanentes. Desse modo, os materiais temperados, ou os que sdo suscetiveis de endurecerem por pre- cipitagGo, ddo melhores resultados que no estado recozido. O critério para avaliagGo de um ima permanente é 0 pro- duto (BH)max obtido de sua curva de desmagnetizagdo. Esse produto é proporcional & méxima energia magnética, no entre- ferro, por unidade de volume do material. Nas diversas aplicagdes desses materiais as condigées de eliciéncia méxima decorrem de projetos que garantam densi- dades de fluxo correspondentes ao produto (BH)max- METALURGIA BOLETIM GEOLOGIA E 192 Qo0spenb yoo od soyeyayy a 8 S 6a oe oe oF oF ob oor on oe OEN ob/ os7 09/ OL/ (ooqpuny spprayy — WS¥)_ ‘epopyrqueused vip ap Simuamu sosiemp ap opdoznausmu ap spasny — 62 “O14 (248280) 4 0000! O00! oO a 490 TT iB NhOob mM OM wwvotosy ensodosy fa | sy WSPODGE # ” Monit iistag ny PS OGIN OF fSUO] GODMIS yuatedeog fe WEOo wu wn enpusinieg | 4 PSS9ODGE 8 Ofpu 4 one r Su bn pewone i las Aah S AONE, Hom wow 20901, | fs WoLlg nn hepeansag Wg lf ig L wise, «1 nm hopowseg cot\_ ALL WR IOLS B ONlOg w 7019 | 7) 1ore, | iT 7 y ae saosin) regan Ob ie Wiis Bop” » pear A b usKse ® aponyipcocias oy vedi ee ae J ky Lets 4 4 — fponog ag = A= Ie % Sp waver occas odors ‘19 o4/0 24 | 7. % bey Ube ound nowcse, °° “Couy| Mopouad FL Z 2 %66'66 orosnd you? 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Imas de acos martensiticos Os agos com 1 % de carbono, temperados apresentam como constituinte metalogralico, a martensita, que € uma solugdo s6lida’ metaestavel ‘de carbono em um reticulado tetragonal de ferro, fortemente deformado Dentre os agos comuns, os que possuem essa estrutura sao os que apresentam melhores propriedades para im&s perma- nentes, isto 6, um produto (BH)mx mais elevado O alivio desse estado de tensées, ou por diminuigéo do ieor de carbono, ou por um revenido, diminue o produto B.H. Por outro lado, a adigéo de elementos de liga que formem carbo- netos estdveis que atuem como centros de deformagéo do reti- culado melhora as propriedades magnéticas. Temos assim os agos com 5-6 % de tungstenio que dao (RB A)max = 0,34 X 108, portemto superior aa do age comum com 1,14 % de carbono que sémente atinge a 0,18 X 10° © cromo pode substituir o tungstenio e um ago com 5 % de cromo e 1% de carbono, temperado em dleo nos da (B.H)max = 0,28 x 10° No grupo dos agos martensiticos os que apresentam melho- tes caracteristicas sGo os agos cobalto. Uma andlise tipica é 9% Co, 2% Cr, 4% We 09%C. fsse material temperado de 950° em éleo da um (B.H)max = 1,0 X 10° Ligas endureciveis por precipitacéio © estado de tensées internas necessério para que uma matriz de ferro e apresente uma remanéncia e uma férga coerciva alta pode ser provocado pela precipitagdo de uma fase diferente da matriz. Por exemplo, as ligas bindrias Fe-W, com 28% de W, precipitam a fase Fe,W,, quando solubilizadas a 1.430%, tem- peradas, forem em seguida envelhecidas a 760°. Obtem-se assim um (B.H)max = 1,02 10° Outras ligas, sem carbono, como mostra a tabela seguinte dao melhores resultados que os agos com elementos de liga 194 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA Liga H. B, (B.A) max 1) Fe—Mo—Co 250 10.500 1,1 X 10° 2) Fe—W—Co 149 9.600 14 X 10° 3) Fe—Mo 219 7.000 15 X 103 4) Fe—Co—Ni—Ti 920 6.350 2,0 X 10° 1) 17%Mo e 12%Co 2) 27% W e 24% Co 3) 23,4% Mo 4) 30% Co, 16% Ni e 12%Ti Tédas necessitam de tratamentos térmicos. Ainda no grupo de ligas precipitaveis, temos os Alnicos, descobertos por Mishima e Honda em 1932. Estas s&o ligas de ferro contendo aluminio, niquel, cobalto e outros elementos que, depois de solubilizadas, por um trata- mento de homogeneizagao a 1.200°, temperadas e envelhecidas a 650°, precipitam um ou mais componentes. O inicio dessa pre- cipitagGo produz severas deformagées no reticulado, aumentando apreciévelmente a {érga coerciva. Todos os alnicos sGo duros, frdégeis e dificilmente usindveis. Sao normalmente fundidos na forma definitiva, ou produzidos por metalurgia do pé. A tabela seguinte apresenta as propriedades magnéticas des- sas ligas. Liga Composigao % He Be (BH) max Alnico 1 12Al, 20Ni, SCo 440° 7.280 1,4 x 10° Alnico II 10Al, 17Ni, 12,5Co, 6Cu 564 7.280 1,65 x 10° Alnico III 12Al, 25Ni 475 6.800 1,38 X 10° Alnico IV 12Al, 28Ni, 5Co 670 5.570 1,3 19° Alnico V_ 8Al, 14Ni, 24Co, 3Cu 575 12.000 4,5 X 10° Alnico VI 8Al, 15Ni, 24Co, 3Cu, 1,25Ti 750 10.000 3,5 x 10° Alnico VII 6Al, 18Ni, 35Co, 8Ti 950 5.800 1,5 < 10° As curvas de desmagnetizagdo de algumas dessas ligas e os produtos B.H sao apresentados na fig. 80. Vé-se que suas propriedades sao bem superiores as dos materiais até aqui estudadas, o que explica sua popularidade entre os materiais para imds permanentes. MATERIAIS MAGNETICOS 195 8 8 3 a & Sadvedo 8 (kilegavss) ® N ° 700 600 $00 400 300 200 /00 O72 3 €¢2 (orca destmognetizante — Prodi to Bxhx/0F (oerstead) FIG. 80 — Curvas de desmagnetizagéo e produto B.H de diversos materiais para ims permanentes. (Stanley) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 1 — AMERICAN. SOCIETY FOR METALS — Metals Handbook — Ed. 1948 — USA. 2— SAMANS, C.H. — Engineering Metals and Their Alloys — The Mac- Millam Co., New York, 1949. 3 — GILLETT, H.W. — The Behavior of Engineering Metals — John Wiley & Sons, Inc. — New York, 1951. 4 — BRICK, R.M. and PHILLIPS, A. — Structure and Properties of Alloys — McGraw-Hill Book Co., Inc. — New York, 1949. 5 — COLPAERT, H. — Metalografia macrogrdtica e microgrética dos pro- dutos siderargicos comuns — Boletim n° 40 — Instituto de Pesquisas Tecnolégicas de Sao Paulo, Julho de 1951. 6 — SISCO, F.T, — Modern Metallurgy for Engineers — Pitman Publishing Corp. 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