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-A LA EDUCAGAO. se refere as bases de j cselarecimento dos impasses que af ocorrem. Em outras palavras, ro trata da legitimagio ética da educagio, diante da radical pluralidade que se faz presente, tanto da vida sociocultural, como no pensumento floséfieo. cago, como em relagiio a0 Capituro | | | Etica e educagao: uma relagdo originaria Etica: esclarecimentos conceituais "TODA CULTURA ECADA SOCIEDADEINSTTTUILMANORAL, isto, valores suas niormas morais ¢ julga moralmente, bastando para perceber isso observarmos os jufeos emitides no plano das relagdes hurmanas no plano politico, bem como a existéncia de sentimentos sentimento de culpa (TuceNvur, Do ponte de vista filosifica, a étien interpreta, discute € problematiza valores morais ea findamentagio do agir moral Ela nasce da reflexsio dos costumes & se origina’ no espiito greyo até chegar @ tematizagio diquilo que chamanios bem viver ou bem agir Do entendim rer decortem normat com vigéncia ineondiei dental, a ética @ a busca de uma compreensio racional dos prinefpios que orientam o agir humano. © esforgo da ética surge da necessidade de ex ongantzar ¢ justifear critleamente a racionalidade imp! ethos (Lia Vat, 1995, p. 57).! De origem grega, 0 termo ethos | Ver mm 9 excelene estudo sobre natures en ostratar da tien une e Lian Vaz Esra de flfia IV ~ Ineo 9 afi. PLUeALio4DE « fFich Em EDUCACAO bitos de uma pessoa. Numa lugar seguro do ethos € © espago habitével para o ra acepgio ethos se refere a um comportamento ‘que resulta do a repetigao dos comporcamentos. Segundo Lima Vaz, Iso do desejo (oréxis), disposigao permanente € a festagao e como que 0 vinco profundo do ethos como talecimento e o relevo dada as suas A Vaz, 1993, p. 14). um dos primeitos pensadores gregos a dedicar muagem filos6fica do ter igo metafSrica para o mundo humano daquilo que, \guagem grega, significava "morada", “covil de animais”, partir de dererminado ethos, 0 mundo porque alia cultuen inscreve costumes, normas, interditos e valores, tornando possivel a vida humana. Tal transposigao “E extremamente si intuigio profunda sobre a nacureza e sobre a vies EOUCAGKO: UMA NELAGAO OKNARA ¢ livres: a morada do ethos cuja destruigio significaria o fim de Ao longo da tradicao ocidental, © termo ético ev« cada vex mais, a identificar-se com a palavra m passa a ser designada como a parte da filosofia que trata do ‘objeto moral (MoRA, 1996, p. 245). © termo “moral” € traducido jatim moralis, cuja raiz é rantivo mos, que significa modo de proceder seg sos-¢ costumes. Fi emmpregado para tradusir a palavra grega ethite, transmi latim tardio e pelo latim escoldstico, tanto para referir 0 2¢ ‘como para designar uma das partes da filosofia, a filosofia moral Conforme observa Lima Vaz, “a evolugio semintica paralela de olégica no denota rnenhutna diferenga significativa entre esses dois termos, designando fandamentalmente mesmo objeto, a saber; seja 0 costume socialmente considerado, seja 0 habito do i agir segundo 0 costume estabelecido e legitimado pela i ants Vary 1999, p. 14). odemna, surge a preocupagdo em distingair como decorréncia do agir humano social e idual dante do processo crescente de complexificagao da ciedade. & Hegel, ao enfrentar a tarefa de pensar a para todos os seus membros (HEGEL, des Rechtes, § 33). Dessa forma, a s Gaia, pelo qual a exterioridade (sociedade) ganha sentido PLonauonor eetiea eu Eouercso através do processo de auto-ofimaio do sujeito. Pela eticidade, a consciéncia moral se concretiza nas instituigdes, nia comunidad, ‘nos sos € costumes e indica solugbes para os conflitos morais, Cabe registrar que a distingao entre morale ética, nesses termos, € mais tardia no pensamento ocidental Essa tend8ncia da filosofia modema de asiociar a palavra ‘moral 00 agir humano ial e utilizar © vermo étice para referir 0 agir humano social 6 impensivel na tradigdo greg. Lembrames que, em Arist6teles, as virtudes esto orientadas para aconsecugiode um fim, asabe ‘0 que indica uma continuidade entre ética individual ¢ ética pablica. No mundo moderno, encontra-se a oposigio encre as ages € os interesses que regem o agir individual © os du sociedade dy Espirio objetivo, praxis individual e prdxis social © politica, reincegrando num campo mais abrangente de significagao, Etica e Moral, nao encontrou herdeiros 2 altura das suas ambigoes tedricas. A Moral continuou mostrando uma tendéncia a ividade do agit, enquanto Etica aponta, preferentemente, para a tealidade social ¢ hist6rica dos costumes” (Lia VA7, 1999, p. 15) Entre os pensadores da atualidade que se dedicam as questées de fundamentagio da ética, Hobermas também reconhece uma distingio entre ético ¢ moral, Em Para 0 uso ral da ragito prética (HABERMAS, 1993, que 0 ético se refere ao whos da vida outras ‘apenas na medida em que estejam unidos ou entrelagados & minha identidade, e & minha histéria de vida e & minha esfera de interesse no Ambito de nossa forma de vida partilhada intersubjetivamente.(...) Nesta medida, a vida que € boa para Erica exoveago: Uns RELAGKO OMICINARIS mim toca também as formas de vida que nos so comuns" (idem, . 293). Ainda segundo Habermas, nos aproximamos da questo moral quando examinamos se nossas miximas so conciliavets com: a dos outros, o que envolve o prinefpio de universalizacio. ‘Tagendhat, pensador contemporineo que se dedica a pesquisa da ética, entende que a origem dos termos nio nos leva a uma clareza conceitual. Erica ¢ moral tornam-se tetmos técnicos ¢ na “tradigio filos6fica foram por muito tempo reyatlos como equivalentes (assim como’sitlich’ em slemiio). na sua forma negative nal da linguagem das rmodernas linguas européias, enquanto que a palavra ‘ético! no inguager normal; por sso, ficou ifleados, que se procurou dar a ela a Esse breve excurso sobre as origens da ética e da moral icam que ambos os termos podem ser empregados de forma lente. Porém, mais que as similitudes ¢ diferengas dos termos, tais esclarecimentos conceituais e semAnticos permitem observar que, desde sew significado mats origindtio, a ética ro da natureza, nio existiv emorais¢ est relacionada com uma construgio moxleragio. Soros julgados bons as paixOes, uma vex que nao temos ‘ou mau, conforme regu como canceki-las. escolha incide sobre © nosso modo de agi dante das paixdes, ‘A dominagiio da physis (natureza), enquanto espago da inecessidade, é rompida pela eriago do espago humano do ethos. O ethos eleva’ homem sobre a de seguir « ordem ética por ele is (natureza), pois se trata nuida. A fixagio histérica AE EDLENCAD dos costumes e dessa ordem se instaura através do proceso: educativo, o que leva Hegel, mantendo a tradigio que tem at: "fal eticidade se realiza no segundo nascimento das eriangas, 0 espiritual, ~-a educagio 2 se tomnarem pessons autdnomas” (Hott, Enzyklopédi, Na perspectiva do idealismo, © homem educado se caracteriza pela ruptura com o imediato ¢ com 0 que é natural, de modo a promover sua esséncia espiritual ¢ racional. E, entao, pelo processo de formacio que a tradiglio ocidental entende a passagem da primeira natureza para a natureza espiritual ¢ 6 ‘que se expressard através da permanente reivindicagaio de eduenr para o bem. Como a educacéo é impensivel fora de uma comunidade, 0 ato educative pressupde a aceitagio de um determinado ethos, de determinados principios morais. Esses prinefpios se presentificam na agio pedagégica, a ponto de a edueago ser impensivel sem cles ficagao dle um determinade ethes passa, pela inscrigao, em cada sujeito, de uma historia ida de valores, de orientagoes sobre © que € bem, justificar a educagao, TICK € EDUCACKO: UWA RELACKO OF Fducago para a virtude e o aperfeicoamento moral: vestigios da tradicio, vestigios teolégicos Desde o pensamento platdnico até o século XIX, a filosofia estabeleceu um fundamento para a educagio © sob tais fandamentos, definiu os chamados fins da educagio, que foram, hasicamente, fins éricos. “Fundamento” é 0 termo modeno utilizado para designar principio primetro das coisas. Seu pressuposto € que nada existe sem sentido: nihil es ratio A tradugao da palavra latina ratio € fundamento, mas também razdo e causa. Nesse sentido, educar deve ter um fundamento, uma rarfo, algo que justifique a agio que pretende insformar o ser hummano naquilo que deveria ser, se real © fim definido pela sua natureza. Nesse contexto, a essdncia dessa natureza, qual a relagio com 0 fs outros @ consigo mesmo passa o ser 0 objeto cas primeiras reflexdes sobre a formagio humana. A tentativa de justificar a educagdo que obteve maior cfetividade historica realizou-se através dos fundamentos sentido de que o Ocidente interpretou a ética como a putidéi da educagio = idéia de formagio espiritual, nos moldes do ‘humanismo ocidental - nasce no da flosofia, Lembrames que é no desenvolvimentoespiritual do mundo grego que surgem fa sofistica como um acontecimento educativo, a figura de Sécrates como educador e de PI esséncia da filosofia enquanto formagio de um novo tipo de homem (JAEGER, 1994, p, 190). Ou seja, quando os gregos despertam para si mesmos a consciéneia tedrico-filoséfica € que 1 educagao adquice a idéia de formaclo ~ puidéia ~ para a qual deveriam se ditigir todos os esforgos humanos como justificagio e da individualidade. Assim, 0 empenho condigées para uma sociedade justa, onde os individuos viveriam, de acordo com a ordem de um cosmos racional. Una das mats altas expressdes da paidéin € 0 educagio para nos séculos V e IV aC, espectalmence tematizada nos dilogos de Platio, no episddio vivide por Sécrates ¢ 08 Sofistas. O nascimento da cigncia do ethos ve dé por analogia entre physis “Ana (ager) € ‘aie. um co ‘tides 0 home submeteuspaixCes aos * Ver especialmente a fvtodugo€ os eopuls inkisi rien e eouengAor umn ReLagko omcinAtIn ireza) e ethos, na qual se realiza uma transposicao metaforica propriedades fisicas dos individuas as qualidades © mundo do ethos & pensado segundo o mundo da ordem soanucal (kosmos). “A analogia entre physis e ethos, pressupondo-se.a physis como objeto por exceléncia do lagos demonstrativo ou da ciéneia, traz consigo uma revolucio conceptual na idéia do ethos, cujas onsegilénciss serio decisivas para o aparecimento da Etiea como, incia € se tornario patentes a0 longo da querela que opée os Sofistas © SSerates. O ethos verdadeiro deiva de ser a expresso do consenso ou da opinio da multidio e passa a ser 0 que est de acordo com a razio (kata légon) © que & enquanto tal, ilo pelo Sébio. © problema que se colocaré a partir de \gio do ethos segundo a razao; e € no contexto desse problema que Sécrates pode ser considerado, co Arist6teles, 0 verdadeir Vaz, 1993, p. 45). Com Séerates surge tum novo & revolucionario significado para areté, pois ele compreende que o homem qualquer coisa pela sia alma, O novo ideal consciente que a psyche 6 0 ponto de partida da educs cultivar a areté significa cultivar a alma, nquilo que a torna boa, a rast, Sécrates define virtude como “conhecimento” iéncia’, nfo sendo possivel separi-la ce “saber”. O contriio da victude ~ 0 vicio~ € a privagio do conhecimento, ov sejay a ignorineia, Desse modo, se 0 que distingue o homem & a alma, cu consciente ¢ inteligente, entio a areté € aquilo que ma, Nesse sentido # areté € ensinavel e sua posse A paidéia passa a ser @ educagio para.a virtude, transformada dle um conjunto de valores ligados a0 corpo, & satide, a0 poder, joridade para a busca da identificagio do homem com a PLURALOADE &€T1CA tM EOUEAGAD. alma (ReAtt, 1995, 1, p. 266 s1). © cuidado do homem interior exige 0 conhecimento de si e 0 exercicio de uma razio voltada para as questies humanas. Assim, SSerates associa a aquisicéo cia, ao conhecimento e a superngio da ignorincia No didlogo Ewtidemo, isto & exposto claramente: = Em relagio a0 conjunto de bens que reconhecemos no comeso, o que parece, saber de que forma sio bens por st pela ignordncia revelam-se males plores que seus cont piotes quanto mais capazes de servir a uma mat ditegao; condos vey aumentamn de valor; masporsi mesmos nen un — Ba que conseqiénciase chegnde nossa conversa? Nao é soacaso de {que ndio hada de bom ou mau, exceto esias das coisas: a sabedoria que é um bem ea ignorfincia que é un malt (PLATAD, 1981, 261d) ‘A virnude, em Sécraces, 10 engloba simaplesmente os abitos ¢ costumes acolhidos no seto de uma comunidade, mas € algo motivado ¢ justificado racionalmente. Assim, o verdadeiro hhomem esta na alma, a sede de todos os valores humenos. ‘A suprema tarefa moral que para Sécrates, idado da alma’ transforma-se em Plato na “purificagio da alma”. ‘A purificagdo, entendida como elevagio ao conhecimento do uma conversio moral, pois a alma cura-se, passando cligivel. A vide consiste numa identificagio com o saber ¢ a purificogio, como expe com claresa Plato: “Na verdade, excelente Simias, talver nfo seja em face da virtude um procedimento correto trocar prozeres por prazeres, sofrimentos por sofrimentos, um receio por um receio, 0 maior pelo menor, tal como se tratasse de uma simples troca de moedas. Talvez, ao contrdrio, exista aqui apenas uma moed de va real e em troca da qual tudo o mais deva se oferecide: a sabedo Eien €eouengho: Uma ReLAgho omcintin Sim, talver seja esse 0 preco que valem ¢ com que se compram ‘ese vendem lepitimamente toca essas cosas ~ coragemn, temperana, justica = a verdadeira virtude, em suma, acompanhada de indiferente que a elas se acrescentem ou se tirem, smores ¢ tudo o mais que hi de semelhante! Que ido da sabedoria € convertido ‘em objeto de trocas reciprocas, talver niio passe de alucinagao ‘uma tal virtude: virtude realmente servil, onde nao ha nada de verdadeiro! Talves, muito a0 contrétio, a verdade nada mais seja que uma certa purificagio de todas essas paixdes € prio pensamento coisa nfo seja do que um meio de purficagio" (PLATAO, 1981, p. 69 ae). (© sentido da paidéia platonica ¢ voltar toda a alma para a Bem. Isso é apresentado numa das mecaforas mais VII da Repadblica de Plato. Traz a emergéncia de nosso apego & lade natural, que parece tfo evidente quanto tnica, centada pelos homens presos A caverna, para dar lugar a am longo procesto de libertagéo, implicando 0 esforgo para sar a cavidade escarpada ¢ ver a luz, que representa a idéia de Bem, A vida ética é fruto de um calucativo. Realizado esse processo, ts suas antigas ilusdes e viver como vivia’, o que ja revela que lade de realizagho desse Bem. A *educagio 6, portanto, a arte que se propde este fim, € que procuta os melos mais ficeis e mais (Puario, 1981, p. 5192). Com Platio, proeminéncia da metafisica, que atravessa os séculos, empurrando os homens para a busea da permanéneia, do imutavel, em oposigio @ pluralidade, tm Eoveagso ‘A imagem do homem que se ibeeta da caverna transformou-se no paradigma dominance do pensamento educacional do Ocidente. E, embora tenha sido muitas vezes modificada, permaneceu @ estrututa bésica de que'o lado racional do hormem cuidar de seu lado animal, através da educagio, transformando-se em humano (Lassats, 1991, p. 8). Desde Platio até Freud, a paidéia representa a esperanga de que o impulso agressivo do homem possa ser dominado, que ele possa ractonalmente air. CQutra referencia gue expresst a evolucto do espirito grezo em busea da edueagio étien como o trago fundamental da ica a NicOmaco de segundo sua natureza racional, considerando-se 0 fim 2 que se destina, Paro Aristoteles, o fim a que a pritica se destina € 0 ‘berm, “aquilo a que todas as coisas tender” (ArisTerTetEs, 1973, 1, idade), que nio de mente sparada do uhyes a am bomen. A palo Enea EEDueAgAD: UMA RELAGAO OMIGINARIA pode estar no prazet, pois se af estivesse, nos tornarfamos semelhantes 20s animais. Tampouco a felicidade pode ser a ‘nfa, que muitos bascam na politica, porque esta ¢ ainda algo exterior. © bem que todos buscam nao é 0 da contemplacao, Bem transcendente e univoco (como em Platio), mas aquele 1c se harmoniza com a tradigio grega de areté, aquele que s6 hhomem pode realisar; ou seja, a atividade da alma segundo a io, Desse modo 0 bem néo é intelighvel, separado do sensivel, aquele a ser aleangado pela prética e nao pela teoria Quando esse fim ¢ realiaado com perfeigio e exceléncia resulta 1080 implica agi conforme idade 1. © verdadeiro bem do homem 6 agir de acordo com a rato ¢ nisso deve ser buscada a Felicidade. Aristteles afirma recedor: “Mas dizer que a fel iade, falta ainda ex seja. Tal explicaglo nao ofereceria grande se pudessemos determinar primeiro a fang do homem. Pois, m como para um faut eseultor ou um pint todas as coisas que tém uma fungio © uma atividade, Jdera-se que o bem ¢ 0 ‘bem feito’ residem na fang0, 0 sno ocorteria com o homem se le tivesse uma funglo”, E, apés roceder analogicamente, comparando outras fungdes & vdes com as fungdes e atividades do homem, Aristételes conc a obra peculiar a0 ser humano consiste na atividade segundo a raria. E prossegue: “Ora, se a fungio do homem é dade da alma que segue ou que implica um principio ese dizemos que ‘um tal-e-tal’ € ‘um bon e fed como prewuposioe edrecteticapasclpal du Jrgho exteio,estabelece- tém uma fungio que é a mesma em espécie (por exemplo, um tocador de lira € um bom tocador de lira, ¢ assim em todos 08 cases sem maiores discriminagSes, endo acrescentada ao nome Ga angio a emingneia com respeito 3 bondade ~ pois a fungéo de um tocador de lira € tocar lira, e a.de um bom tocador & fazé-lo bem); s€ realmente assim € (..),-0 bem do homem nos aparece como uma atividade da alma em consonincia com a virtude, e, se ha mais de uma virtude, com a melhor ¢ mais perfeita” (AnisvOrELis, 1973, 1, 7, 1097-10982). Assim, para Aristételes, o fim a ser atingido é a perfei¢ao do agente pelo conhecimento da nat tomam melhor ou excelente saber que indica a melhor ma critério, ou seja, a razio. Pela préxis ética, 0 homem atinge sua perfeigio racional. Nesse sentido, considerando a amplitude do ificado paidéia, nfo seria exagero afirmar que a Etica a Ni A existéncia de um cosmas racional dos indivfduos em lugar proprio e defini ‘um agit orientado para certos fins, ti bons. Hé, desse modo, um ideal de integragao entre mundo: individual, polftico e social, que funda uma das bases de justificagio do agir moral. © homem virtueso € aquele que cumpre sua finalidade, de acordo com a natureza, Portanto, é a natureza que fixa a finalidade do homem e assim direciona a ética, 0 que nao significa que nao haja dificuldades paca realizar a agio virtuosa. Ao contririo, a busca da virtude exige © exercicio da vontade € o discernimento racional. & preciso 0 exerefcio para ¢e buscar a exceléncia da virtude De acordo com a interpretagio de Gu a ética aristoélica contém um ideal de vida contemplativa, fundada em tuma elaborada teologia, que propde uma das primeizas formas de vida ascética como conduta intramundana do sébio em sua OUCAGADY UNA RLLAGAO ORICINARIN gko com © cosmos divino. Isso, segundo o autor, teria um sresse apenas arqueol6gico, pois trata-se “do primeiro modelo pleto de uma larga série de ideais ascéticos de vida que iram sua forma mais moderna no puritanismo das seitas santes”.? Uma longa tradigao hist6rica sustenta @ finalidade da ‘edueacao como formagio do homem virtuoso, capaz de realizar bem. Ao término de um processo educacional, o homem possui 14 virtude, um Aabito, uma disposicao permanente que © 1 orientado pela raz, Desse modo, « educagio im funclamento ético que a conduz para a busca da idéia de perfeigio, que nasce com os gregos, ‘encontra © mais alto desenvolvimento no pensamento cristio, Perfeigio ow processo que a ela condur ~o aperfeigoamento = & a palavra central da aspiragio pedagégica, que se encontra associada & idéia de infintismo.' A expectativa da educagio se confunde com a humana plena, {ntegrada numa totalidade césmica e social. ‘Trata-se de eduear para a perfecti do homer, Segundo Oelkers (1990, aperfeigoamento é um fim pasivel de ser concebido teol6gico". Nesse sentido, defende Un, 1997, p 335. Umideat ce ida concemplacva dum feiss que (flan ecatsotlca ox ote dos so: "wana flsfi moral gee, fo exame faesow dos pressuposts da gto, dos texmoe eri, turez da vite e do conbesimentoda non qe tect maol pave, dees & descrigho dos vires dade greg do século TV nC. ea conexdo destas com a za" (p 3345). expresdo alouala por Lavi pea dfinir a és que jan infin, 6, ‘que buscam "anxinas efegras que seam ao mesmo tempo pimeira © ‘gorem incondfenanent” (Loran, 1995,p.9) 30 tornando-se inadequado para compreender o problema di educagio (tema que seré tratado mais adiante). Os ideais éticos gregos buscam a plena e perfeita realizaga humana, a ser obtida segundo a razio, enquanto que a tradigi cristi tra: ideais em que o home depende totalmente de ut Deus dinico e erindor, que se revela como o verdadeito fim. Cristo 0 modelo absoluco de perfeigio humana, O fir ia agho érica & a perfeigto di eata vita, de acordo com os ensinamentos de Cristo, eu realizagio depende do advento de um novo céu ede u ‘sa estrutura teoldgica da ética crist’ ma imonismo da ética grega, assiny como o1 interpretacdes de perfeigio, como, por exemplo, a idéia di perfeigdo enquanto progr como propunha ndada numa filosofia da histéria secularizada, A perfeigio sobretudo como esta expres no pensamento de Tomas de Aquino (1227-1274), ¢ semelhanga a Deus, que evolut sob graus de perfeigtio. O fim: hhomem 6 0 aperfeigoamenta da propria natureza, a ser obti somente em Deus. Sua étiea 6 da perfeicao e da ordem: “Pere ordem como eategorias ontol6gicas so nocoes correlativas, pois a ordem niio & senio a reta disposicho dos seres segundo tescala do grau de perfeigéo que compete a cada um. Ess concepgiio de ordem, herdada de Santo Agostinho e di 0 selo de sua perfeigfo— ou de sun plena realisagio como ato ao inserirse liviemente na ordem do un} order da natureza ~ que & a norma objetiva da ago. Bla & entio, por exceléncia, acdo ética. Ora, a nogio de perfeigio, send logicamente converstvel 8 nogio de ser, née & senfo outr: expressio da nocao de bem” (Lata VA2, 1999, p- 216). ice ewovencio: wna aeeagho onicindnin ‘Anglo ética deve realizar a perfeigio do ser humano, que € Jonal ¢ livre, € nisso se constitui a base da étiea de Tomis de ‘Aquino. Como essa idéia de perfeig6o € interpretada pels la € compreendida como um processo, eujo resultado nar no ponto mais alto de perfeigéo: Isso 56 encontra dade no fmbito do pensamento teolégico, em que @ \ca para que a educacio atinja seus fins 96 pode, em filtima instancia, provir de Deus. Trata-se. assim de um furdamento seguro, que cria as condigdes estiveis necessirias vengio educativa. Mesmo quando a edvcagio sente a dade de pensar a contingencia ~ 0 que seria contraditério ico caminho a seguir ~ 0 termo perfeigio € utilizado \dependentemente do dade hiseérica. Essa idéia de perfe ica educativa € em todo 0 rento de reforma pedagica” do século XX, que, associado Jo, aspira A criagio do ser humano mais elevado. Para 190, p. 58-9), a idia de perfeigao necessita de um gue os projetos pedagégicos do século XX encontram m cristo. Essa idéia traz consigo o elemento metafisico da Jrima causa, no que se refere ao temporal ¢ ao légico. O que focorre nesse processo? Pensada sob a chancela da metafisica causal ~ todo ente tem causa, omne ens abet rationem, € 0 ¢ usa de si — a educagio nao pode se desviat dessa causa, Orienta-se pela processo ascendente, que em seu percurso no P Jcpria, mas tem que atingit um fim € s6 aquele, o que gera a fexclusdo da contingéncia. Isso necessariamente projeta uma cepcio idealista de trabalho pedagégico, em que os condigdes \textuais € contingentes nao encontram: refiagio. cura ae aparece © terme Reformpadaptl, no Bea Puueauonoe £trica em Eouencs A educagio crit slmeja formar a.alma, «todas as posteriores eonstrugées peda dessa recepsio. A idéia de perleigio € deve acontecer através de um proceso de influe como vivéncia interior, isto é, inter agho de vivéncias Justamente esse tipo de filtro interno nio pode ser objeto ago didatica, pois ela exige uma descrigto do processo par agir metodicamente. Ou seja, a influéncia prevista pela agi didética nic consegue dispor do mapa interior lo homem Segundo as andlises de Oelkers a respeito da persistdnei do Absoluco no pensamento pedagégieo, a perfeigio € sempr perfeigto érica, o que justamente € 0 idéi A educagio coneebe como caminho verdad alto, que conhece um 36 fir, O melhoramento do homem e d undo depende da educago correta, certa ou bem divecionad; Um dos exemplos de vestigio teoldgico no pensamen do século XX que Oelkers (bidem, p, 67) refere € a reconstru da experiéncia com 0 objetivo de democratizagéo, conform propde John Dewey, Embora seja um pensamento que ni depende mais da seguranga teoldgica, ele também prope u caminho certo. © peso do vestigio teologico se faz presente ni argumentos, exatamente ali onde a educagio nio tem mei para garantit um universal obrigatdrio © quer di inteiramente a crianga. Isso, contudo, depende da na perspectiva de desenvolvimento de ui lade harmdniea com a toralidade (ibidem, p. 67) desvencilhar-se das bases teoldgicas, apon (0 objetivo para lacionadas com ago corteta, sob a inspiraglo da sociedade democritica, pois s6 pede a reconstrugio segura da experiéncia e produc a verdadeira formagio espiritual. Sua proposta pressupoe a criago ce habitos que permitam uma circularidade entre interesses pes: 0 Para a teoria da educagio, habitos sto internalizages, disposes formadas a partir de determinadas influéncias, que excluem outras. Desse modo, nio € possfvel assegurar 0 o .gado. Nio hi uma relagio causal entre os co -ntre-o objetivo a ser atingido © a interio -javel, que produz nde a ser subsumida no untversalismo do mais izonte de sentido da um processo de influéncia, em que fica pressuposto que a a determinada acio corresponde uma aprendizagem justamente isso subordina a educagho A perfeigio. “O objetivo = obrigagao moral ~ exige uma promessa de weikers. Quando falta essa conexio, Ilo s6 como a educagdo deve ser, mas Imagem geométrica, porque di para © mais pponto. Esse ponto deve, ao mesmo tempo, ser concebido ) Perfeigio & uma semintica ada de diverses modos, que tem seu hugar izdvel ¢ infinito. Paunaionoe «trica t Eouearho, ‘A cducagio voltada para a virtude e para a mais alta idéia assim. um vestigio teoldgico que serviu de fundamento ao 9 © relacionamento entre homem € mundo traaido por essa tradicéo dificulta ou até mesmo nao per de, uma vez que cor a um sé ef nando o espago da contingéncia. Cariruro 0 projeto moderno: a educagio como uma ética aplicada e a aspiracao a universalidade A rrvcacho Pata a VIRTUDE E A oEReHIGAO indicam a efetividade histérica da tradigio, o ser histérico,!° que permite compreender ‘como se estabelece essa aspiragio fundamental que orienta @ jocesso eclucativo, Mas as teorias que formularam essas primeiras piragSes so insuficientes para dar conta da complexided das esce trabalho nfo trata dos diferentes periodos hisroriogrticos que gestam a ética moderna, nfo serio tematizados sulturais e conjuncurais da criagio sem a partir dos séculos XIV ¢ XV. O que interessa aqui sirar como umn determinado ethas atua para compreender a jo ética. Ou seja, conhecer como a educagio € jusificada, -O novo ethos, que se constréi a partir do Renascimer eset jado a idéia de humanismo e 0 seu ideal da humanitas, Ver Ganante (1977) especiatmenteo capitulo “Hisoricdnd de la compreension

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