Professional Documents
Culture Documents
1
desenvolver um método de psicologia configuracional baseado em
profundos estudos da vida intra-uterina.
Assim sendo, Boadella já trabalha desde l975 com a técnica da
embriologia.
Finalmente, nesta sua apresentação do livro, David Boadella nos dá
o endereço de sua clínica, o Centro de Biossintese, em Londres.
2
pessoas e, se as livrarmos destas pressões e estresses corpóreos, elas
perceberão seus corpos de uma nova maneira. Se sentirão bem.
3
Por todo o resto de sua vida dentro do útero, o organismo que está
crescendo permanecerá enraizado como uma planta, até o rompimento
final da conexão com esta raiz, no terceiro estágio do trabalho de parto.
Neste momento, o bebê recém-nascido deverá ser colocado sobre o
ventre ou no seio materno.
Mas, segundo Boadella, a sua narrativa sobre a vida intra-uterina
nos ensina que só se forma um embrião, depois de três semanas de
gestação. Já nas próximas cinco semanas, todas as estruturas
fundamentais do corpo humano estarão estabelecidas. Rios de células
estarão circulando para formar a carne, os músculos e mais tarde os
ossos. Imerso no líquido amniótico, protegido contra pressões externas
e virtualmente sem peso, enraizado na parede do útero, o feto
flutuante está num estado de segurança e contentamento
insuperáveis. A esse período Le Boyer chama de "era de ouro" e que
Grof compara ao paraíso. O corpo desenvolvido do bebê encontra-se
em seu líquido amniótico. Ele pulsa com a vida, e o único lugar que ele
conhece é o oceano do líquido uterino. Ele agora já está pronto para
entrar no mundo gravitacional da terra onde pisamos e do ar que
respiramos, mesmo que faltem ainda 20 anos até que os tecidos se
dilatem por completo, e o chamado crescimento fisiológico esteja
pronto. Agora, já formada, a criança se prepara para a travessia de
vinte centímetros até o mundo que está além do útero.
4
satisfatória irão demonstrar uma resposta corporal plena, que é o
protótipo do orgasmo no ser adulto.
O desenvolvimento humano, ou a chamada Biossíntese - teoria de
Mott, sobre a qual David Boadella embasou seu trabalho, lhe permite
afirmar: "Antes do nascimento da linguagem, antes que qualquer
palavra seja proferida, o senso básico de identidade, ou a falta dele já
está formado. Ele flui das pulsações da matriz umbilical, que cessam
quando o cordão é cortado e são substituídos pelos ritmos da
respiração e da amamentação. Ele surge através do contato da pele
com outra pele, que substitui o movimento do líquido uterino na
lanugem e os sons rítmicos da voz que acaricia os ouvidos familiares
desde a vida intra-uterina. Ele nasce dos movimentos espontâneos do
corpo que, tendo ficado por nove meses envolvido nos fluidos
amortecedores do útero, agora se expande e sente a imensa solidez
da terra. Ele é moldado pela tensão e pelo relaxamento dos músculos
em resposta à gravidade. O bebê recém nascido chegou e é seguro
pelos pais. As complexas relações sociais de seu mundo particular
estão por toda parte, mas ele ainda não tem consciência delas. Despido
de cultura, ele aguarda o processo de condicionamento que levará à
formação do caráter.
5
O centro da raiz - sua função primária é firmar ou enraizar, no
sentido de um desejo de sobrevivência.
O centro do Hara - Sua função primária relaciona-se com a carga.
Esse centro está intimamente ligado ao umbigo e à sensação de
contato, via conexão com o cordão umbilical.
O centro do plexo solar - Está relacionado com a luta da criança com
o poder e a dominação, sua habilidade em lidar com os conflitos.
O centro do coração- sua função essencial é a compaixão. A
habilidade de amar profundamente e de formar relacionamentos fortes
e inerentes à condição humana.
O centro da garganta- A principal função deste centro é a
comunicação e a emissão de som.
O centro da fronte - às vezes chamado de "terceiro olho" este centro
relaciona-se à visão e à contemplação: olhar para fora e enxergar por
dentro.
O centro da coroa - Este é o canal de comunicação com o cosmo.
Relaciona-se com uma abertura para algo maior do que o ser, seja
num sentido religioso ou naturalista.
6
Cap. 07 - O "grounding" como forma de comunicação: Etapas para
a transfiguração
A criança recém nascida descobre muitos "groundings." Ela deita no
abdômen da mãe e sente-se "Grounded"- firmada. Na parte externa
de seu corpo, sentindo os mesmos ritmos das batidas cardíacas que
sentia quando estava dentro do útero. A criança segura e é segurada.
Envolve parte do corpo da mãe em uma mão ou numa curva do seu
corpo, e é envolvida pelo contato com a mãe. Quando o bebê está
mamando no peito, pode-se dizer que ele está "grounding" - firmando
a sua boca. Quando olha para o rosto da mãe, está firmando seus
olhos. No desenvolvimento da linguagem o bebê começa a firmar suas
idéias. Deitando de bruços, e erguendo a cabeça, engatinhando, o bebê
aprende a manter um contato com a terra física. Isto acontece num
ambiente emocional, e dá firmeza à organização da atitude infantil.
O "grounding" - firmar, refere-se ao que acontece quando a energia
flui na direção da superfície do corpo e à qualidade do contato ali
encontrada. Segundo Alexander Lowen ... "Firmar (grounding) não foi
um termo usado por Reich, nem um conceito que ele tenha trabalhado
ativamente. A terapia Reichiana acontece com o paciente deitado numa
cama e não tenta explorar, junto com o paciente, as funções de ficar
de pé, manter a firmeza, mover-se para a frente"... O termo
"grounding" - firmar - na maneira como é usado na Bioenergética,
significa que uma pessoa tem seus pés solidamente plantados no chão
ou está mantendo um contato pleno com a terra. Não descreve um
contato mecânico, e sim um contato energético. Para estar firmada -
grounding - a pessoa precisa sentir seus pés tocando o chão - ground.
Isso não é possível, a menos que exista uma carga energética nos pés
e um intercambio energético entre o chão e os pés.
Algumas das mais profundas experiências pelas quais as pessoas
passam, que as ajudam a entrar em contato com o processo de sua
própria vida reprimida, surgem de novas formas de ficar em pé e
andar. Precisamos ajudar as pessoas a reexperimentar sua postura
corporal, a realinhar o corpo, de forma que ele fique em pé, como da
primeira vez, com a plena sensação de conquista e vitalidade inerentes
à posição ereta. Algumas vezes a simples experiência de ficar em pé
de uma maneira nova, torna-se intensamente viva.
7
O "facing" ou ato de encarar se refere à qualidade do contato visual.
Reich descobriu a couraça muscular, os bloqueios respiratórios e as
correntes vegetativas do corpo através de um trabalho meticuloso de
"facing" encarar as pessoas e aquilo que ele via nelas. O autor cita
novamente Lowen, que nos lembra a importância de encarar a pessoa
que se tenta ajudar. Depois que Boadella narra sobre uma paciente
que teve, de nome Jéssica, e de como é importante esse trabalho de
"encarar" as pessoas, ele diz: ... "Encarar" - (facing) está relacionado
com o conhecimento, com a maneira como vemos as pessoas, com as
qualidades de luz que se desenvolvem quando as pessoas realmente
se olham e com os sinais de iluminação que surgem subitamente
nesses contatos. A compreensão se desenvolve a partir da
observação"...
Assim como outra forma do eu interior poder se revelar é através
da expressão e da comunicação na linguagem. A capacidade de falar é
uma das qualidades-chave do ser humano. Se a personalidade está
ligada ao som, então este tipo de interação é menos um diálogo, no
sentido convencional, do que uma sonorização (sounding) da
experiência, uma sensibilidade e suas reverberações, uma maneira de
encarar seus significados. Sonorizar, (sound) a própria verdade dessa
forma, através de um encontro verdadeiro com outra pessoa, é uma
necessidade essencial para alguém que está querendo se "firmar" em
sua própria vida e em seu próprio espaço corporal. Quando isto
acontece, nasce um tipo de inteligência orgânica que não tem nada a
ver com a razão ou com a manipulação de conceitos. A pessoa e a sua
experiência estão mais separadas.
8
encontrar suas crianças e crianças que precisavam encontrar seu
adulto.
Os dois usos do termo "firmar" (grounding) refletem esta polaridade
entre criança e adulto. O is se firma no prazer e no surto de vida
emocional intensa;o ego se firma na realidade que inclui a habilidade
para conter e reter sentimentos e, se necessário, adiar um prazer
imediato a fim de obter um maior prazer no futuro. Na terapia de pré-
psicóticos ou de pessoas em estados psicóticos reais, é possível
trabalhar a expressão e as habilidades adquiridas na vegetoterapia,
desde que o processo de construção do ego se desenvolva
paralelamente ao trabalho emocional.
Reich reviveu, através da abordagem energética, as pressões do id
e, assim, facilitou a integração das funções de mobilidade e de
percepção do ego de uma maneira mais ordenada. Também vemos
como ele imprimiu um ritmo estudado a seu trabalho para evitar a
fragmentação do ego, que um surto muito forte de material emocional
pode provocar.
9
novamente, não importando o quanto ele esteja condicionado a não se
sentir vivo.
10
teoria de invasão psíquica através de entidades possesivas com teorias
psicodinâmicas e bioquímicas mais aceitáveis. Eles acumularam um
corpo considerável de dados para sustentar suas afirmações e
desenvolveram técnicas de "exorcismo" (disobsession) que se
mostraram eficazes quando os processos psiquiátricos normais não
funcionaram, conduzindo a entidade possessiva para fora do corpo e
restaurando a sanidade. O único relato deste incrível trabalho
brasileiro, em inglês, é o livro "Obsessão", de Divaldo Franco. Os
brasileiros usam o termo "obsessão" no sentido oposto ao utilizado
neste relato, mais ou menos equivalente à "possessão" e não como
uma defesa contra ela. Sobre a loucura, comenta o autor: "Na época
de Cristo, a única explicação para a loucura era a possessão
demoníaca. A psiquiatria moderna tem uma explicação mais simples:
desordem química no cérebro ou invasão de pensamentos do
inconsciente. Essas duas teorias de insanidade não são de forma
alguma, mutuamente exclusivas. Em estados psicóticos, sabemos que
os portões energético e bioquímico que filtram as informações
psíquicas são mantidos completamente abertos. O resultado é uma
confusão entre a realidade psíquica interna e a realidade psíquica
externa. Sem uma proteção psíquica quem pode afirmar, com certeza,
que as influencias negativas não vão entrar e se sobrepor à consciência
normal que reside no corpo?"
11
existência após esta para além das nossas fronteiras. Para melhor
expor suas teorias recorre e cita mais de cinqüenta autores,
psiquiatras, pesquisadores, cientistas e estudiosos. Faz uma incursão
ao sobrenatural, ao espiritismo, citando obras de Chico Xavier e
Divaldo Pereira Franco, estes brasileiros.
Será que as correntes da vida são, a um só tempo, tão videntes e
tão misteriosas?
12