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Resenh a d e Liv ro

Cu rso de Forma çã o em Terap ia R el a cional Sist êm ic a


Psicól oga Sol ange M aria Ross et
Correntes da vida - uma introdução à
Nome do Livro:
biossíntese
Autor do Livro: David Boadella
Editora, ano de
Summus Editorial - 1992
publicação:

Rel ação dos c apít u l os


Introdução
Cap. 1 - Expressão emocional e corpo: A linguagem da bioenergia
Cap. 2 - Centring, Grounding e Facing: Embriologia e terapia
Cap. 3 - A formação antes do nascimento: A vida intra-uterina
Cap. 4 - Parto e chegada: Transições para o mundo
Cap. 5 - Cabeça, coração e hara: A morfologia dinâmica do corpo
Cap. 6 - Ondas respiratórias: Ritmos de respiração e sentimento
Cap. 7 - Grounding como forma de comunicação: Etapas para a
transfiguração
Cap. 8 - Facing e Sounding: Contato visual, voz e linguagem
Cap. 9 - Pacientes no limite: À beira da psicose
Cap. 10 - Ground interior: Essência e existência
Cap. 11 - O útero, o sepulcro e o espírito: A vida além do corpo
Apêndice - As primeiras idéias de Joseph Breuer

Apanha do resu mi d o sobre ca da cap ít u l o


INTRODUÇÃO
David Boadella, quando faz a introdução para a apresentação de sua
obra "Correntes da Vida" - Uma introdução à Biossintese, cita
inicialmente Sigmund Freud, Wilhelm Reich, Fritz Perls, Alexander
Lowen, John Pierrakos, Gerda Boyesen e Stanley Keleman, este último
a quem ele dedicou sua obra.
Acreditamos que ele citou todos estes colegas de psicanálise,
buscando melhor ilustrar seu trabalho, enfim procurando melhor
definir o que será a "Biossintese" tema sobre o qual discorrerá ao longo
de sua obra.
Como biossintese, ele nos informa que significa "integração da
vida." O primeiro a usar esta definição foi o ingles Francis Mott, ao

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desenvolver um método de psicologia configuracional baseado em
profundos estudos da vida intra-uterina.
Assim sendo, Boadella já trabalha desde l975 com a técnica da
embriologia.
Finalmente, nesta sua apresentação do livro, David Boadella nos dá
o endereço de sua clínica, o Centro de Biossintese, em Londres.

Cap. 01- Expressão Emocional e Corpo: A linguagem da Bioenergia


Inicialmente, Boadella faz uma abordagem sobre a comunicação, a
expressão como possibilidade ou não de se mostrar stress ou tensão.
Cita Charles Darwin, que já em l872 se refere a movimentos e
expressão de homens e animais para o seu bem estar. Já vinculava
emoção com expressão. Assim como Darwin entrou no tema, antes de
Freud desvendar o inconsciente, Reich nos idos de l935 criava a
Bioenergética falando assim de uma simbiose entre corpo e
consciência. Tensão e relaxamento. Pontos fundamentais para se
abordar os temas de neuroses e afins.
Também estudiosos como Jacobsen e Schulze falam do relaxamento
do corpo para tratar o inconsciente. Rudolf Laban, por seu turno, em
l966 fez a conferencia "O movimento como terapia", para crianças e
adultos.
A ênfase dada por Reich à expressão corporal, como terapêutica,
não foi aceita pela escola clássica da psiquiatria da época, e muitos
acharam que Reich havia se confundido. Mas, dada a continuidade de
seu trabalho por outros psicanalistas, a técnica da Bioenergética chega
até nossos dias com uma possibilidade capaz de superar as neuroses
que bloqueiam o corpo, que prejudicam o sistema físico, sendo assim
capaz de superar esses bloqueios.
Assim sendo, a emoção é definida como um "movimento para fora."
É uma expressão fundamental às formas de vida. Somente dissolvendo
os bloqueios que impedem o livre fluxo dos movimentos é que
podemos restaurar nas pessoas a capacidade de se relacionarem com
seu ambiente de uma maneira racional e saudável.
Na terapia Bioenergética, as pessoas são ajudadas a superar seus
sentimentos de tristeza, raiva e ansiedade, e a harmonizar-se com
esses sentimentos e expressá-los de maneira completa. Entender que
um estado de tensão pode aumentar a ponto de se tornar crônico,
deixando a pessoa incapaz de relaxar, é fundamental para a terapia
somática.
Neste primeiro capítulo, Boadella nos explica as tensões do rosto,
pescoço, tronco, cintura etc...Essas tensões são muito prejudiciais às

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pessoas e, se as livrarmos destas pressões e estresses corpóreos, elas
perceberão seus corpos de uma nova maneira. Se sentirão bem.

Cap. 02 - Centring, Grounding e Facing: Embriologia e Terapia.


Boadella define em sua terapia corporal, Biossintese, três métodos
terapêuticos primários que ele denomina "Centrar" "Firmar" e
"Encarar". Conforme o autor, cada um está ligado ao funcionamento
harmonioso dos sistemas orgânicos que derivam das camadas
celulares na organização embriológica do feto. Energia e emoção já
estão interligadas quando o individuo ainda é feto, na camada interna
do mesmo, o endoderma, que produz os tecidos que metabolizam a
energia. O equilíbrio emocional da pessoa é feito no sistema nervoso
vegetativo: os sistemas Simpático e Parasimpático.
O "Centring" ou centrar, baseia-se no restabelecimento do ritmo do
fluxo de energia metabólica e do equilíbrio entre as duas metades do
sistema nervoso vegetativo. Na prática, isso significa uma ajuda na
recuperação do equilíbrio emocional e da respiração harmoniosa.
O "Grounding" ou firmar, baseia-se no estabelecimento de uma boa
relação entre os movimentos voluntários, semi-voluntários e
involuntários e na recriação de um tônus muscular apropriado às mais
diversas situações.
O "Facing" ou encarar, é o contato visual e vocal, e é a integração
entre sentimento, linguagem e percepção.
Assim sendo, Boadella nos ensina que as três camadas celulares
embrionárias, as que geram o CENTRAR, FIRMAR , e ENCARAR,
formam um nível orgânico. Ele considera as camadas celulares como
geradoras dos três campos de energia.

Cap. 03 - A Formação antes do nascimento: A vida intra-uterina.


Como o estudo da embriologia é a base da abordagem terapêutica
de Boadella, e entendimento do desenvolvimento da vida intra-uterina
dá a ele o conhecimento necessário para compreender não só os
conflitos neuróticos com também a história mais primitiva do corpo no
plano organizacional.
Para fazer uma relação entre a energia e o caráter, o autor nos dá
uma visão interna da vida intra-uterina. As células germinativas que
estão embutidas nos tecidos dos pais se soltam e fluem livremente. O
espermatozóide e o óvulo, pontos microscópicos de plasma
germinativo que possuem uma existência pré-histórica, começam a se
locomover um em direção ao outro. Depois de seis ou sete divisões o
agrupamento celular, que tem uma semana de idade, se precipita em
direção à pare do útero e lá se implanta.

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Por todo o resto de sua vida dentro do útero, o organismo que está
crescendo permanecerá enraizado como uma planta, até o rompimento
final da conexão com esta raiz, no terceiro estágio do trabalho de parto.
Neste momento, o bebê recém-nascido deverá ser colocado sobre o
ventre ou no seio materno.
Mas, segundo Boadella, a sua narrativa sobre a vida intra-uterina
nos ensina que só se forma um embrião, depois de três semanas de
gestação. Já nas próximas cinco semanas, todas as estruturas
fundamentais do corpo humano estarão estabelecidas. Rios de células
estarão circulando para formar a carne, os músculos e mais tarde os
ossos. Imerso no líquido amniótico, protegido contra pressões externas
e virtualmente sem peso, enraizado na parede do útero, o feto
flutuante está num estado de segurança e contentamento
insuperáveis. A esse período Le Boyer chama de "era de ouro" e que
Grof compara ao paraíso. O corpo desenvolvido do bebê encontra-se
em seu líquido amniótico. Ele pulsa com a vida, e o único lugar que ele
conhece é o oceano do líquido uterino. Ele agora já está pronto para
entrar no mundo gravitacional da terra onde pisamos e do ar que
respiramos, mesmo que faltem ainda 20 anos até que os tecidos se
dilatem por completo, e o chamado crescimento fisiológico esteja
pronto. Agora, já formada, a criança se prepara para a travessia de
vinte centímetros até o mundo que está além do útero.

Cap. 04 - Parto e Chegada: Transições para o mundo.


Afirma David Boadella: "O nascimento é um drama que pode
determinar algumas das mais profundas características da nossa
personalidade. Se o parto irá ou não se tornar um trauma, vai
depender muito das condições do momento e da atitude dos
participantes".
Assim, qualquer idéia sobre a dinâmica do caráter reside nesse
primeiro contato com o mundo exterior. Quando o feto está pronto, ele
induz o parto. Não há razão para afirmar que o nascimento é uma
experiência traumática para o bebê, segundo observa Rank. O trabalho
de parto pode seguir normas de descontração, relaxamento da mãe,
exercícios de contração, enfim cuidados para que esta experiência de
nascer, de vir ao mundo, não seja traumática para o recém-nascido.
Ele tem que sentir que está protegido, e que cada contração da mãe é
um abraço carinhoso e firme, que o fará se sentir protegido e não
estrangulado ou oprimido.
Já tendo nascido, o bebê vai ser amamentado no peito da mãe, e aí
experimentará sensações intensas de contato físico, da boca, língua,
bochechas e nariz tudo em contato com o seio da mãe. Crianças que
tem a sorte de experimentar a amamentação desta forma completa e

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satisfatória irão demonstrar uma resposta corporal plena, que é o
protótipo do orgasmo no ser adulto.
O desenvolvimento humano, ou a chamada Biossíntese - teoria de
Mott, sobre a qual David Boadella embasou seu trabalho, lhe permite
afirmar: "Antes do nascimento da linguagem, antes que qualquer
palavra seja proferida, o senso básico de identidade, ou a falta dele já
está formado. Ele flui das pulsações da matriz umbilical, que cessam
quando o cordão é cortado e são substituídos pelos ritmos da
respiração e da amamentação. Ele surge através do contato da pele
com outra pele, que substitui o movimento do líquido uterino na
lanugem e os sons rítmicos da voz que acaricia os ouvidos familiares
desde a vida intra-uterina. Ele nasce dos movimentos espontâneos do
corpo que, tendo ficado por nove meses envolvido nos fluidos
amortecedores do útero, agora se expande e sente a imensa solidez
da terra. Ele é moldado pela tensão e pelo relaxamento dos músculos
em resposta à gravidade. O bebê recém nascido chegou e é seguro
pelos pais. As complexas relações sociais de seu mundo particular
estão por toda parte, mas ele ainda não tem consciência delas. Despido
de cultura, ele aguarda o processo de condicionamento que levará à
formação do caráter.

Cap. 05 - Cabeça, Coração e Hara: A morfologia dinâmica do


corpo.
Dando continuidade aos temas que tratam do desenvolvimentos
embrionário e pós natal, Boadella observa como a história embriológica
se expressa no corpo adulto. Agora ele trata de enfatizar alguns
aspectos do desenho do corpo humano e a relação existente entre as
camadas embrionárias e o desenvolvimento de certas partes do corpo.
Da história da vida intra-uterina à morfologia do corpo.
A análise da morfologia do corpo é feita a partir de três
regiões:Cabeça, Espinha e Abdômen. As três principais junções do
corpo, unem estas regiões.
Wilhelm Reich adotou os sete segmentos baseados nos sete
"chakras" da energia de Kundaline:
 O primeiro "chakra"está relacionado com o sacro e o cócxis e é o chakra da raiz.
 O segundo "chakra" está relacionado ao plexo lombar e ao baço.
 O terceiro "chakra" relaciona-se plexo solar, e está localizado abaixo do diafragma
junto às glândulas pancreáticas.
 O quarto "chakra" é o do coração, associado à glândula timo e ao plexo cardíaco.
 O quinto "chakra" é o da garganta, ligado ao plexo da faringe e à tireóide.
 O sexto "chakra" fica entre os olhos e está relacionado com a glândula pineal.
 O sétimo "chakra" fica na coroa da cabeça.
David Boadella faz uma explanação sobre os sete chakras e suas
funções:

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O centro da raiz - sua função primária é firmar ou enraizar, no
sentido de um desejo de sobrevivência.
O centro do Hara - Sua função primária relaciona-se com a carga.
Esse centro está intimamente ligado ao umbigo e à sensação de
contato, via conexão com o cordão umbilical.
O centro do plexo solar - Está relacionado com a luta da criança com
o poder e a dominação, sua habilidade em lidar com os conflitos.
O centro do coração- sua função essencial é a compaixão. A
habilidade de amar profundamente e de formar relacionamentos fortes
e inerentes à condição humana.
O centro da garganta- A principal função deste centro é a
comunicação e a emissão de som.
O centro da fronte - às vezes chamado de "terceiro olho" este centro
relaciona-se à visão e à contemplação: olhar para fora e enxergar por
dentro.
O centro da coroa - Este é o canal de comunicação com o cosmo.
Relaciona-se com uma abertura para algo maior do que o ser, seja
num sentido religioso ou naturalista.

Cap. 06 - Ondas respiratórias: Ritmos de respiração e sentimento.


Boadella disserta sobre a importância da respiração, não só como
uma bomba de energia vital e um mecanismo de mobilização, mas
também como uma ligação entre o mesoderma e o ectoderma, através
do seu envolvimento com o diafragma.Ele vê a respiração como um
indicador essencial daquilo que está acontecendo com o seu paciente
e com a expressão de seu estado emocional. O ritmo respiratório
relaxado constrói um senso de concentração. Uma pessoa está
"centrada" quando ela está ligada ao ritmo de sua respiração. A
respiração pode ser uma expressão de espontaneidade ou um reflexo
do condicionamento do caráter. A maneira como uma pessoa respira
revela um ritmo e um bem estar interior, ou demonstra tensão,
desconforto, pressão e intranqüilidade.
Observando melhor os estágios emocionais específicos, podemos
entender a importância da respiração para a regulação da energia. É
comum a todas as neuroses a perda de parte das reações humanas.
Reich descobriu que todos os neuróticos apresentam distúrbios
sexuais. O mecanismo central comum a todos os tipos de couraça é
um distúrbio respiratório. Quando lidamos com o centro do corpo,
lidamos com a respiração e os ritmos emocionais. O equilíbrio entre a
inspiração e a expiração é também o equilíbrio entre a retenção e a
liberação emocional.

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Cap. 07 - O "grounding" como forma de comunicação: Etapas para
a transfiguração
A criança recém nascida descobre muitos "groundings." Ela deita no
abdômen da mãe e sente-se "Grounded"- firmada. Na parte externa
de seu corpo, sentindo os mesmos ritmos das batidas cardíacas que
sentia quando estava dentro do útero. A criança segura e é segurada.
Envolve parte do corpo da mãe em uma mão ou numa curva do seu
corpo, e é envolvida pelo contato com a mãe. Quando o bebê está
mamando no peito, pode-se dizer que ele está "grounding" - firmando
a sua boca. Quando olha para o rosto da mãe, está firmando seus
olhos. No desenvolvimento da linguagem o bebê começa a firmar suas
idéias. Deitando de bruços, e erguendo a cabeça, engatinhando, o bebê
aprende a manter um contato com a terra física. Isto acontece num
ambiente emocional, e dá firmeza à organização da atitude infantil.
O "grounding" - firmar, refere-se ao que acontece quando a energia
flui na direção da superfície do corpo e à qualidade do contato ali
encontrada. Segundo Alexander Lowen ... "Firmar (grounding) não foi
um termo usado por Reich, nem um conceito que ele tenha trabalhado
ativamente. A terapia Reichiana acontece com o paciente deitado numa
cama e não tenta explorar, junto com o paciente, as funções de ficar
de pé, manter a firmeza, mover-se para a frente"... O termo
"grounding" - firmar - na maneira como é usado na Bioenergética,
significa que uma pessoa tem seus pés solidamente plantados no chão
ou está mantendo um contato pleno com a terra. Não descreve um
contato mecânico, e sim um contato energético. Para estar firmada -
grounding - a pessoa precisa sentir seus pés tocando o chão - ground.
Isso não é possível, a menos que exista uma carga energética nos pés
e um intercambio energético entre o chão e os pés.
Algumas das mais profundas experiências pelas quais as pessoas
passam, que as ajudam a entrar em contato com o processo de sua
própria vida reprimida, surgem de novas formas de ficar em pé e
andar. Precisamos ajudar as pessoas a reexperimentar sua postura
corporal, a realinhar o corpo, de forma que ele fique em pé, como da
primeira vez, com a plena sensação de conquista e vitalidade inerentes
à posição ereta. Algumas vezes a simples experiência de ficar em pé
de uma maneira nova, torna-se intensamente viva.

Cap. 08 - Facing e Sounding:(encarar e sonorizar) : Contato visual,


voz e linguagem.
Boadella cita o fato de que Freud sentava atrás de seus pacientes,
diziam, pois se envergonhava com um contato visual muito direto.
Claro que Freud ouvia seus pacientes com atenção e eficiência, mas
ele não os encarava no sentido de "facing" face, como o autor trata o
tema.

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O "facing" ou ato de encarar se refere à qualidade do contato visual.
Reich descobriu a couraça muscular, os bloqueios respiratórios e as
correntes vegetativas do corpo através de um trabalho meticuloso de
"facing" encarar as pessoas e aquilo que ele via nelas. O autor cita
novamente Lowen, que nos lembra a importância de encarar a pessoa
que se tenta ajudar. Depois que Boadella narra sobre uma paciente
que teve, de nome Jéssica, e de como é importante esse trabalho de
"encarar" as pessoas, ele diz: ... "Encarar" - (facing) está relacionado
com o conhecimento, com a maneira como vemos as pessoas, com as
qualidades de luz que se desenvolvem quando as pessoas realmente
se olham e com os sinais de iluminação que surgem subitamente
nesses contatos. A compreensão se desenvolve a partir da
observação"...
Assim como outra forma do eu interior poder se revelar é através
da expressão e da comunicação na linguagem. A capacidade de falar é
uma das qualidades-chave do ser humano. Se a personalidade está
ligada ao som, então este tipo de interação é menos um diálogo, no
sentido convencional, do que uma sonorização (sounding) da
experiência, uma sensibilidade e suas reverberações, uma maneira de
encarar seus significados. Sonorizar, (sound) a própria verdade dessa
forma, através de um encontro verdadeiro com outra pessoa, é uma
necessidade essencial para alguém que está querendo se "firmar" em
sua própria vida e em seu próprio espaço corporal. Quando isto
acontece, nasce um tipo de inteligência orgânica que não tem nada a
ver com a razão ou com a manipulação de conceitos. A pessoa e a sua
experiência estão mais separadas.

Cap. 09 - Pacientes no limite: À beira da psicose.


A visão de que a descarga de sentimento e a mobilização de energia
são ferramentas essenciais à suavização e à dissolução dos padrões de
caráter neuróticos e da couraça muscular é básica à vegetoterapia e à
bioenergética, nos diz Boadella. A descoberta de Reich da base
fisiológica da "stasis neurosis" de Freud, provocada pela energia
biológica represada atrás de defesas repressoras, abriu caminho para
um entendimento mais profundo das diversas formas de liberação das
emoções reprimidas.
Boadella cita Nic Waal, uma colaboradora de Reich, que diz: ... "no
trabalho com pré-psicóticos, é necessário "construir o ego" antes de
começas uma vegetoterapia profunda, se se quer evitar o risco de um
colapso psicótico"...
O autor cita outros estudiosos, como Artur Janou, Stanley Keleman
e Bernard Rosenblum, um orgonomista americano que dizia que via
dois tipos de pessoa durante a terapia: adultos que precisavam

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encontrar suas crianças e crianças que precisavam encontrar seu
adulto.
Os dois usos do termo "firmar" (grounding) refletem esta polaridade
entre criança e adulto. O is se firma no prazer e no surto de vida
emocional intensa;o ego se firma na realidade que inclui a habilidade
para conter e reter sentimentos e, se necessário, adiar um prazer
imediato a fim de obter um maior prazer no futuro. Na terapia de pré-
psicóticos ou de pessoas em estados psicóticos reais, é possível
trabalhar a expressão e as habilidades adquiridas na vegetoterapia,
desde que o processo de construção do ego se desenvolva
paralelamente ao trabalho emocional.
Reich reviveu, através da abordagem energética, as pressões do id
e, assim, facilitou a integração das funções de mobilidade e de
percepção do ego de uma maneira mais ordenada. Também vemos
como ele imprimiu um ritmo estudado a seu trabalho para evitar a
fragmentação do ego, que um surto muito forte de material emocional
pode provocar.

Cap. 10 - Ground interior: Essência e existência.


Neste capítulo, David Boadella volta a citar Reich. O cientista fala
de três camadas na expressão emocional das pessoas. A terciária, a
secundária e a primária. A camada terciária corresponde ao nível das
defesas do caráter. A camada secundária é o inconsciente reprimido.
A camada primária é constituída de impulsos espontâneos para
expandir e manter contato. Boadella cita também John Pierrakos, que
juntamente com Lowen também trataram do tema. Falando sobre o
tema "ground", ou firmeza interior, Boadella diz ter uma visão de que
a mente é o lado externo do corpo. É uma definição fisiológica também,
pois a atividade mental, o pensamento, é uma função do córtex, que é
uma superfície externa. É também psicologicamente verdadeira, pois
Freud afirma que o ego é a projeção de uma superfície numa superfície.
Mas, se a mente é o lado externo do corpo, podemos dizer que o corpo
é o lado interior da mente. Cada estado do ego reflete uma atitude
corporal, cada expressão do caráter tem uma base psicológica.
Segundo Lowen, a tarefa fundamental da terapia, é restaurar a fé
perdida do individuo. Todo trabalho de proporcionar "ground" ou
"firmeza" ao corpo, tem seu valor. É necessário aprofundar e
enriquecer esses processos de liberação catártida de emoções
bloqueadas, de liberação de estresse, prestando atenção à maneira
como o individuo constrói o seu espaço e organiza o seu tempo, que
percepção o individuo tem da sua capacidade de se formar através de
uma participação mais intensa em seu próprio processo. É necessário
ajudar o individuo a encontrar a sua firmeza interior, a sua essência, a
fonte de onde brota a energia curativa, que tem o poder de integrá-lo

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novamente, não importando o quanto ele esteja condicionado a não se
sentir vivo.

Cap. 11 - O útero, o sepulcro e o espírito: A vida além do corpo.


Agora David Boadella busca voar mais alto. Ele trata do
relacionamento entre a vida e a morte. Segundo nos diz, este capítulo
começa com duas conferencias feitas no Instituto Byensen de
Psicologia Biodinâmica, em Londres. E foi produzido em fases: um
pouco em Montparnasse, um pouco na Alemanha e completado depois
de uma viagem feita à cidade de Uberaba, em Minas Gerais, no Brasil.
Boadella tenta lançar uma nova luz a uma viagem mais antiga do que
o homem. Mas é cético quanto aos processos de regressão, por
exemplo. Ele acha que renascimento, integração primal, trabalhos
bioenergéticos, todos são úteis, não porque nos levam a reviver o
passado, mas porque são capazes de nos empurrar para a frente. Para
o progresso. O movimento da vida segue a linha do tempo, para a
frente. Porém a linha do tempo aponta para o fim, a morte, a não-
existencia.Heidegger definiu a vida como uma "existência em direção
à morte".
Muitas pessoas com visão paranormal descrevem um corpo de luz
do centro de consciencia, associado ao corpo físico como um corpo
duplo, e que na vida estão tão intimamente ligados que, na maioria
das vezes pensam nos dois como uma coisa só. Em experiências
chamadas "fora do corpo", o corpo duplo e o corpo normal tornam-se
dissociados no tempo espacial e na consciência. O corpo físico
portanto, age como a placenta, unindo a si o corpo não físico. O corpo
de luz está ligado ao corpo material por um "cordão umbilical". A morte
sempre envolve o corte deste elo de ligação. Como a placenta, o corpo
material, matriz e recipiente do duplo, morre. O corpo de luz é visto
como uma forma separada. A consciência não tem massa. A telepatia
não está ligada ao corpo e sua transmissão é instantânea. Ela
ultrapassa a barreira da luz. Ela é supraluminal. Segundo Leshan, a
cura espiritual, mesmo sem o contato físico dos corpos energéticos ou
das radiações corporais , estabelece-se um contato entre as pessoas
que transcede todas as leis da física e permite que ocorram mudanças
na saúde dos tecidos.
Segundo Chico Xavier, citado pelo autor, em seu livro "Evolução em
dois mundos", pinta um quadro de dois domínios adjacentes da
experiência; ele os chama de domínio da matéria e domínio do espírito.
Na vida, esses dois domínios estão tão enredados que vemos suas
imagens superpostas como se fossem apenas uma. Cérebro e mente
parecem fundir-se, dentro da cabeça, num bloco vibrante de massa
cinzenta. Tratando do assunto espiritual, nos diz Boadella: ... "conheci
alguns psiquiatras brasileiros no Rio de Janeiro, em l982. Fiquei
impressionado com sua lucidez e sua habilidade em combinar uma

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teoria de invasão psíquica através de entidades possesivas com teorias
psicodinâmicas e bioquímicas mais aceitáveis. Eles acumularam um
corpo considerável de dados para sustentar suas afirmações e
desenvolveram técnicas de "exorcismo" (disobsession) que se
mostraram eficazes quando os processos psiquiátricos normais não
funcionaram, conduzindo a entidade possessiva para fora do corpo e
restaurando a sanidade. O único relato deste incrível trabalho
brasileiro, em inglês, é o livro "Obsessão", de Divaldo Franco. Os
brasileiros usam o termo "obsessão" no sentido oposto ao utilizado
neste relato, mais ou menos equivalente à "possessão" e não como
uma defesa contra ela. Sobre a loucura, comenta o autor: "Na época
de Cristo, a única explicação para a loucura era a possessão
demoníaca. A psiquiatria moderna tem uma explicação mais simples:
desordem química no cérebro ou invasão de pensamentos do
inconsciente. Essas duas teorias de insanidade não são de forma
alguma, mutuamente exclusivas. Em estados psicóticos, sabemos que
os portões energético e bioquímico que filtram as informações
psíquicas são mantidos completamente abertos. O resultado é uma
confusão entre a realidade psíquica interna e a realidade psíquica
externa. Sem uma proteção psíquica quem pode afirmar, com certeza,
que as influencias negativas não vão entrar e se sobrepor à consciência
normal que reside no corpo?"

Apêndice - No apêndice de sua obra, David Boadella cita as


primeiras idéias de Josef Breuer, que distingue três tipos de atividade
através das quais a excitação do sistema nervoso pode ser expressa:
1 - Atividade ideacional - idéias, sonhos, imagens, pensamentos,
etc... são exemplos deste tipo de atividade.
2 - Descarga motora - envolve a musculatura do corpo.
3 - Afeto vegetativo - Distúrbios respiratórios, digestivos e
cardíacos.
É visto que tal abordagem biológica básica das maneiras com que
as pessoas lidam com a excitação tenha sido desenvolvida bem no
inicio da psicanálise. As três áreas nas quais Breuer se concentrou - o
fluxo da consciência, o fluxo da atividade muscular e os ritmos da vida
vegetativa - são os temos dominantes que sustentam todos os
trabalhos terapêuticos recentes.

Apreci ação pesso al sobre o l iv ro


David Boadella inicia com a concepção, o ato do esperma fecundar
o óvulo, vive a vida intra-uterina, descreve o nascimento, o "vir à luz",
cresce com o ser, vivencia seus traumas, suas neuroses e conflitos, e
por fim, ainda junto com aquele ser humano, tenta buscar a luz, numa

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existência após esta para além das nossas fronteiras. Para melhor
expor suas teorias recorre e cita mais de cinqüenta autores,
psiquiatras, pesquisadores, cientistas e estudiosos. Faz uma incursão
ao sobrenatural, ao espiritismo, citando obras de Chico Xavier e
Divaldo Pereira Franco, estes brasileiros.
Será que as correntes da vida são, a um só tempo, tão videntes e
tão misteriosas?

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