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rr Segao Il. Drogas Aut6nomas Introdugao a Farmacologia Aut6noma Bertram G. Katzung, MD, PhD A parte motora (eferente) do sistema nervoso pode ter duas sub- divisbes principais: a autonoma e a somtica.O sistema nervoso auténomo (SNA) é, em grande parte, autOnomo (independente), visto que suas atividades nao esto sob controle consciente direto. O SNA esté envolvido primatiamente com fungdes viscerais — débito cardiaco, fluxo sangiiineo para diversos 6rgios, digestio te. , que so necesssrias vida. A divisio somética 6, em gran: de parte, nfo-automiética ¢ estérelacionada com fungSes de con: trole consciente, como 0 movimento, a respirago ea postura, Am- ‘bos os sistemas tém importantes impulsos aferentes (sensitivos) que proporcionam as sensagGes e modificam 0 rendimento motor através de arcos reflexos de tamanho e complexidade varidveis. tema nervoso possui varias propriedades em comum com, 6 sistema endécrino, outro sistema importante no controle das fungbes corporais. Essas propriedades incluem integracao de alto nivel no eérebro, capacidade de influenciar processos em regides distantes do organismo e uso extenso do processo de retroalimen- taco negativa, Os dois sistemas utilizam substincias quimicas para ttansmissio da informagio, No sistema nervoso, a wansmissio {quimica ocorte entre células nervosas, bem como entre células Rervosas e suas células efetoras. A transmissio quimica é feita através da liberagdo de pequenas quantidades de substincias trans- ‘missoras das terminagdes nervosas na fenda sindptica. O transmis- sor aravessa a fenda por difusao e ativa ou inibe a eélula pos-si- \ptica ao ligar-se a uma molécula receptora especializada Utilizando drogas que imitam ou que bloqueiam as ages dos twansmissores quimicos, podemos modificar seletivamente mui- tas fungbes autOnomas. Essas funges envolvem uma variedade detecidos efetores, incluindo o musculo cardfaco, o masculo liso, © endoiélio vascular, as glindulas exécrinas e as terminacses nervosas pré-sinépticas. As drogas autOnomas mostramse te em numerosas condigdes clinicas. Por outro lado, grande nvime- ro de drogas utilizadas para outtos propdsitos exercem efeitos indesejaveis sobre a fungdo aurnoma ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO AUTONOMO. ( sistema nervoso autonomo pode ser apropriadamente divi- 4ido, em bases anat6micas, em duas partes principais: a divistio simpatica (toracolombar) ¢adivisio parassimpattica (eranios- sacral) (Fig. 6.1). Ambas as divisdes provém de nuicleos no sis- tema nervaso central e dio origem a fibras eferentes pré-gangli- nares, que saem do tronco cerebral ou da medula espinhal e ‘minam em ginglios motores. As fibras pré-ganglionares simp: ticas saem do sistema nervoso central pelos netvos espinbais {ordcicos ¢ lombares, dando origem a designagio alternativa de “sistema toracolombar”. As fibras pré-ganglionares parassimp&- ticas saem do sistema nervoso central através dos nervos crani- anos (especialmente o terceiro, o sétimo, o nono ¢ o décimo) € através da terceita e quarta rafzes espinhais sacra. ‘A maioria das fibras pré-ganglionares simpsticas termina em ‘inglios localizados nas cadeias paravertebrais, situadas de cada Jado da coluna vertebral. As fibras pré-ganglionares simpiticas remanescentes tetminam em giinglios pré-vertebrais,situados em frente das vértebras. A partir dos ganglios, as fibras simpéticas _pds-ganglionares dirigem-se para os tecidos inervados. Algumas fibras parassimpéticas pré-ganglionares terminam em ganglios parassimpéticos localizados fora dos 6rgios inervados: os gan- alios ciliar, pterigopalatino, submandibular, 6tico, e diversos ginglios pélvicos. As fibras pré-ganglionares parassimpéticas ferminam, em sua maioria, em células ganglionares distribu das difusamente, ou em redes nas paredes dos érgdos inerva- dos. E importante lembrar que os termos “simpético” e “paras- simpético” sao anatmicos e no dependem do tipo de transmis- sor quimico liberado pelas terminagées nervosas, nem do tipo de efeito produzido pela atividade do nervo, seja ele excitat6rio ‘ou inibitdro. Alin dessas partes motoras periféricas claramente definidas do sistema nervoso autOnomo, existe grande niimero de fibras afe- rentes que se estendem da periferia até centros integradores,in- cluindo os plexos entéricos no trato digestivo, os ganglios auto rnomos € 0 sistema nervaso central, Muitos dos neur6nios sensiti- vos que se estendem até o sistema nervoso central terminam nos ccentros integradores do hipotilamo e do bulbo, induzindo uma atividade motora reflexa que é levada até as células efetoras pelas fibras eferentes anteriormente descritas. Hé evidéncias crescentes de que algumas dessas fibras ensitivas também desempenham, 65 / FARMACOLOGIA Maca | Hs PP "Mise carciaco © muse so, célas ‘Fandulares,torminagoes nervosa ‘Simpatico ‘lends sudorigaras Simpétice Musca carlacoe moscul eo, ls ‘lndularee, trmragbos newosas Simpatico ss0 leo vascular eral Sométco Museo cequeécn Fig. 6.1 Diagram eequsmtioocomparando alguras caracterisica anatcas¢ dos neweramssores de nays autnomos a motores eméticos A tgura mostra apenas as subtancas ansmissores pras, Os gangs pavassmatios no std rescedoa Vio aus & mance loelzn so ha parede 89 tg igunas tras pos-ganglonars empdicaslbram aceucalna ou dopamna, om luge oe noasrnaing. A rscue opera, mgangio sinpatoo rodieade,rooaba tres pré-gangionars simpson esr acrenalina erorrenaa ne sane (ACh, acticona,B.Sopainm Ae, Sis proximisades, Observe-re gu nerve ous ‘arenalna NA noradrenaina:W oceporesmiconce:W, resptoree muscarnces) Prtantes funges motoras peiféricas (ver Sistemas Nilo-Adrenér- gicos, Nio-Colinérgicos, mais adiante) (sistema nervoso entérico (SNE) é constituido por um con- junto muito grande e altamente organizacdo de neurénios localiza- {dos nas paredes do sistema gastrintestinal (Fig. 6.2). E algumas vezes consideratio como terceira divisio do SNA. O sistema net- ‘vaso entérico inclu o plexo miventérico (plexo de Auerbach) ¢0 plexo submucoso (plexo de Meissner). Essas redes neuronais re- cebem fibras pré-ganglionares do sistema parassimpstico, bem como axénios simpiticos pos-ganglionares. Recebem também impulsos sensoriais provenientes da parede intestinal As fibras dos ‘corpos celulares nesses plexos seguem um percurso até o muscu To iso do trato digestivo para controlar a motilidade, Outras fibras ‘motoras dirigem-se para as oélulas secretoras. As fibras sensori- ais tansmitem informagdes da mucosa e de receptores de estra- ‘mento a neurSnios motores nos plexos ea neurGnios pés-ganglio- nares nos ganglios simpiticos. As fibras parassimpéticase simpd- ticas que fazem sinapse nos neurGnios do plexo entérico parecem + Segundo > Minutes > eietrodo do sce PEPSaatvagtocy rent pela slvayso os ecspores M, (2m eto ‘Bloque dos canals de se; bogus ds condo Bloque da capt do sina o esto Blaueio da sintose Impede a armazenarento, deplete Impede a armazenanent, epg orl a beragto edu datberege do tansmissor pode a iberagto Promove a becagio do warsmissor Inbes0 de captagso aunento do efte ‘doransmiesor bre oa receptors, poe-snaptons Desugo cas teinagbes LUgagio a eceptores a povecaatvagso LUpagso a receptres a impede a avasio LUgapdo a receptors ata a aden dias LUpagdo a eooptores impede aaivario LUpago a ecapores nicotine: aber pos-snapten Impact aatagto LUgacto a receptres muscarnicos Ugago a ecepores muscarnicos; ipso Pawaqa Inigo 6. enzim: prolong intoneiin a Inibgso da enzia: aumentaoreservtilo bloqueiam a propagacao de potenciais de ago (anestésicos lo- ee) sto pouquissimo seletivas em suas agées, visto que atuam SHore um processo que é comum a todos os neurdnios. Por outro Jado, as drogas que atuam sobre os processos biogumicos en- Nolvidos na sintese e no armazenamento de transinissores sio is seletivas, pois a biogufmica da transmissao adrenéigica é ‘puito diferente daquela da transmissao colinérgica. A ativagio Gyo blogueio dos receptores de células efetoras oferecem 0 0 olho é um bom exemplo de Grgdo com méltiplas fun- ges do SNA, controladas por virios receptores autonomos biferentes. Conforme ilustrado na Fig. 6 9, acimara anterior constitu o local de varios ecidos controlados pelo SNA. Esses tecidos incluem trés misculos diferentes (misculos dilatador ceconstrtor pupilar na irs e msculo ciliar) €o epitélio secre tot do corpo ciliado Os colinomiméticos muscarinicos medeiam a contiago do ésculo constritor pupilar circular e do mtisculo ciliado. A ccontragdo do misculo constrtor pupilar provoca miose, uma redugdo no tamanho das pupilas. Em geral, verifica-se a pie~ senga de miose em pacientes expostos aaltas doses sistemicas ‘ou pequenas doses t6picas de drogas colinomiméticas, parti- cularmente inibidores organofosforados da colinesterase. A contracdo do msculo ciliar causa acomodago do foco para visto de perto. A acentuada contragaio do misculo ciliar, como ‘canal de Seti Rede trabecular uscuo car) ok ‘soca anes go conte autonoma a rfuencam a drenajem aquoss FARMACOLOGIA DO OLHO | INTRODUGAO A EARMACOLOGIA RUTONOMA / 77 ‘maximo de flexibilidade e seletividade de efeito: os receptores adrenérgicos sto facilmente distinguidos dos receptores coli nérgicos. Além disso, alguns subgrupos muitas vezes podem ser seletivamente ativados ou bloqueados dentro de cada gran- de tipo. Alguns exemplos so fornecidos no boxe: Farmacolo- gia do Olho, ‘Os préximos quatro capitulos fornecem muito mais exemplos dessa diversidade ttl de processos de controle auténomo, ‘aque ocorte frequlentemente na intexicagio por inibidores da colinesterase, é denominada cicloespasmo. A contraga0 do rnnisculo ciliar também produz tensdo sobre a rede wabecular, abrindo seus poros e facilitando o fluxo de humor aquoso para ‘canal de Schlemm_ O aumento do fluxo reduz a pressao in- tra-ocular, um resultado muito util em pacientes portadotes de ‘glaucoma. Todos esses efeitos so evitados ou revertidos por drogas bloqueadoras muscarinicas, como a attopina (Os receptoresalfa-adrenérgios medeiam a contragao das fi- bras do muisculo dilatador pupitar de orientago radial na its, resultando em midriase. Isso ocorre durante a descarga simpéticae ‘quando drogas alfe-agonistas, como afenilefrna, sao colocadas no aco conjuntival. Os receptores beta-adrenérgicos no epitéiocili- au fcilitam a secrego de humor auoso O bloqueio dessesrecep- tores (com drogas B-blogucadoras) reduz a atividade secretora e@ pressio inta-ocular, constituindo outra terapia para o glaucoma Diag) seca) S9Esiuss ce dooho Estec co ost 2 Estas ce cimaaantior do oho Est agrama esqvematico mos os ecios com tngies auroras sigs 08 receptor co SNA asoxatos owusio do eostorasfarendrpoos acide 80 ep Shadoprovocssacegso dma Se humor aqua (soa) Osvasos sanguine (niomostacre) a 7y 78 | FARWACOLOGIA REFERENCIAS: Allen TOI, Burnstock G: M, and M, muscatinie receptors mediate excitation and inhibition 0 euines ig inacar

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