You are on page 1of 109
anaes Five ner CENTRO DE APTES - UDESC FIDEAR Fou (9 Biblioteca Setorial Prof. Dirras Rosa ‘Acervo Proprio ~UDESC « Ci Biblioteca Universitaria UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA O ‘ro Reioria de Extemo eCaltara Te eee nants : 107784 Dincitos desta Edigao: ora da Universidade Federal do Parané 19423 Piet Spero Gomes Consetho Editorial: José Vicente A. das Neves Miranda (presidente), Vismar da Costa Lima Neto, ‘Sergio Eduardo Gevaerd, Marco Aurélio Lacombe Felis, Cassio Frederico Camargo Rolim, Paulo ‘Astor Soethe, Roseli Maria Rocha dos Santos, Décio Krause, Alberto Tadeu Martins Cardoso, ‘Anselmo Chaves Neto ¢ Nivaldo Eduardo Rizzi Aitoracio de Texto: Marildes Rocio Artigas Santos up-00006697-0 Paton Saldana Jurama Zaccaron chlaanne Nigro Melo Editoragao Fletrénica: Fabiola Demarchi ‘Capa Luciane Hily Série Pesquisa n. 13 FICHA CATALOGRAFICA Catalogagio na fonte: Biblioteca Central - UFPR Dudeque, Norton Eloy, 1958- Hilla do valse/ Norton Dudeque = Carib Ba da UFPR, 1994 TiS pei = @enquisa Fm 13) Inclui bibliografia ¢ indice ISBN 85-85152-85-X, 1, Violio - Histéria. 2. Musicologia. 3. instrumentos musicais. 1. Titulo Il, Serie cov 78761 DD 787.87 ISBN 85.95132.85-X Ref. 45 Editora da UFPR “Trav. Alfredo Bufrem, 140 - 3° andar Fones: (O41) 222.9833 -r. 304 e 224-6623, "30020-240 ~ Curitiba, Parand, Brasil 1994 SUMARIO 25 31 51 61 7 83 107 ill A Vihuela ‘A Guitarra de Quatro Ordens A Guitarra de Cinco Ordens A Transig’o para 0 Novo Estilo Guitarristas € Repertério do Clas: O Advento do Violao Moderno. O Violao no Século XX Bibliografia Indice Onomistico Biblioteca Untversitérfa uoes¢ Prefacio © instrumento violao, tal como © conhecemos hoje, € o resultado de uma longa € lenta evolucgao de varios instrumentos musicais de cordas dedilhadas, desde o século XVI até o final do século XIX. A apresentagao da evolugao destes instrumentos ¢ da miisica escrita para estes 6 o objetivo principal deste trabalho. ‘A grande popularidade do violao hoje em dia, ha muito requer um estudo das origens do instrumento e de seus precursores. Esta pesquisa originou-se no Depar- tamento de Artes da Universidade Federal do Parana ¢ vem cobrir uma grande lacuna, em bibliografia especifica referente a este assunto, existente no Brasil. Esta pequena obra ainda objetiva o cariter de obra de referéncia aos estudiosos do instrumento, tanto a nivel amador quanto profissional. Deve-se esclarecer 0 uso do termo guitarra, comumente associado ao instru- mento elétrico, mas que € usado aqui quando se trata do instrumento nas suas formas barroca e clissica, isto é, a guitarra de 4 ¢ 5 ordens € a guitarra classica. O termo violao passa a ser usado somente quando do surgimento do instrumento na sua forma modema € atual no final do século XIX. Ainda o leitor deve ter em conta que nao se trata de uma obra de cariiter defini- tivo no assunto, tampouco o autor almeja que seja a Gnica, mas sim a primeira a tratar do violto e sua hist6ria. Quanto A citagho de autores e intérpretes, tao comum neste tipo de trabalho, 0 autor limita-se aos mais importantes, ¢ portanto o leitor poderd achar falta de alguns nomes nao citados aqui por mera falta de espago. Agradego ao Zeca Walchelke pela revisio do texto € em especial ao Professor Roberto Gomes, diretor da Editora da UFPR, € a toda a sua equipe, pelo empenho na elaboragio deste trabalho, Dedico este livro a Maddalena, pelos anos felizes Norton Dudeque AVIHUELA A ESPANHA DO SECULO XVI, ocoreu tantes para a misica instrumental renascentista de tod:t a Europa: o surgimento da pibuele que substituiu 6 aladde na Espanha € motivou a criagdo de um dos mats impor tantes repertérios de musica instrumental da Renascenca. (0 instrumento em questo € talvez o mais antigo que possa ser relacionade com 6 violto moderno. F importante observarmos a origem ctimologica dos termos guitarra € vibuela, A raiz etimologica de guitarra remonta a kylara grega de origem caldéia-assiria que se transformou, na Idade Média, em guitarra, guiferre, guditerne, guithern e guitar Por sua vez, 0 termo vibuela provém de fidicula (diminutive de fides) que se transfor- mou em fithele, vielle, viole, viola, vigola, viula, vibuella, vyuelae vigiiela O termo vibuela designa um instrumento musical de cordas, com trés tipos dife rentes; a pibuela de arco, que era friccionada com um arco, a vibuela de perola, pulsaca com um plectro, € a vibuela de mano, na qual as cordas eram pulsadas com os dedos. sta ultima foi o instrument mais popular na Espanha do século XVI, Infelizmente, a- penas um exemplar sobreviveu aos séculos € chegou! até o presente, estando em ex- posi¢o no Museu Jacquemart-André do Institute ce France em Par dos fenémenos musicais mais impor- ndo bastante grande, com um comprimento da caixa de ressonancia de aproximadamente 58 cm € um comprimento de corda entre as duas pontes de 80 cm de: duz-se, pelo seu tamanho € levando em conta as diferentes afinagdes usadas pert6rio para vibuela, que se trata de um instrumento vibuelas e que ara.a parte mais grave de um conjunto de no re © belissimo instrumento tem cons- bastante peculiar, A parte posterior € 0 feitas de secoes alternadas de lara e escura j montagem de um quebra-cabeca ressonancia é mais estreita que a de um violao modemo, a madeira usada no tampo € pinho e, além de uma abertura central, con tém outras quatro, todas ornamentadas com setas. Originalmente, 0 instrumento tinha Is, © que indica o s cordas duplas. A sua aparéncia é bastante se- melhante as ilustr dos livros impressos no século XVI. Juan Bermudo publicou, em 1549, seu Libro Hamado Declaracion de Instru- ‘mentos Musicales, tendo sido posteriormente ampliado € reimpresso em Ossuna, no ano de 1555. E um livro sobre teoria musical, can- tochao, polifonia e sobre a miisica para te- clado e instrumentos dedilhados. Este livro € uma das melhores fontes sobre a arte de to car a vibuela, a guitarra e a bandurria, Ber- mudo também se refere em seu livro sobre “os muitos géneros de vibuelas', 0 que pode ser interpretado como uma alusto aos Ue tipos mencionados anteriormente ou uma referéncia aos varios modelos de vibuela clasificados de acordo com sua afinagao. Em ‘outra passagem de seu livro, Bermudo des- creve minuciosamente sete vibuelas de dife- rente tessituras. No entanto, estas sete poderiam ser um s6 instrumento imagindrio, __ Unico exemplar de viluela existente 10 absoluta nao existia tapostas como na A caixa de uma vez que a afin: a €poca. Ainda, em outra passagem Ber- 10 ee mudo escreve: "..se pode imaginar a sexta (corda) solta em qualquer altura que se quiser."? As sete vibuelas se fazem necessarias quando executamos obras da época. Para Emilio Pujol, as afinagdes empregadas por Luys de Narvéez em seus Seys Libros del Del- _pbin sao as seguintes 2g oO — Bo ° oO em la em sol — - a S45 = ° 38 em fa em mi Podemos tomar por base mais uma vez a descrigto de Bermudo para a afinagao da vibuela comum: lé, 16, sol, si, mi’, If, ou sol, d6, fa, li, r€, sol’. No entanto, devemos chamar atengao mais uma vez para a inexisténcia de uma afinagao absoluta na époc Assim, a afinago padrao é a seguinte, a partir ca primeira corda: 4* justa, 4° justa finarmos a terceira corda do vioko modemo em maior, 4" justa © 4” justa. S sustenido, obteremos a mesma afinagao da vibuela, da a facilidade para executar obr escritas para esse instrumento no violto modemo. No seu El Maesiro, Luis Milan afirma que os trastes, usados em ntimero de dez ou onze, eram méveis € feitos de tripa. Os vihuelistas davam uma importincia muito grande para uma boa afinagao, De fato, Milan recomenda ajustar levemente determ 8, para a execugao de obras em certas tonalidades, nados trast A Tablatura O SISTEMA DE NOTAGAO MUSICAL através da tablatura foi, nilioy Pujol, "a mais engenhosa, facil e cOmod ‘0 grifica da misica instrumental do -gundo la represent il século XVI". O sistema constitui-se de seis linhas horizontals que representam as cordas da vibuela, sendo que a ordem é da linha inferior (1? corda) para a linha superior (6* corda) oF 5 4 32 2 oo 12 Deve-se observar que, quando da publicagao do EI Maestro de Luis Milan, a or- dem de representacao das cordas era invertida, indo da linha superior (1* corda) 3 linha inferior (6* corda) Os niimeros sobre as linhas representam o traste que deve ser pressionado para produgao da nota desejada, Assim temos: 0 = corda solta, 1 = primeiro traste, 2 = segundo traste ¢ assim por diante até a décima posi¢ao representada por um X. Os valores ritmicos eram anotades acima do sistema de linhas, sendo usados os seguintes simbolos: bre ee semibreve e200 rninima §.d semfnima hed ee tee No caso do Al Maestro, temos indicades dos valores ritmicos em todas as cifras, mas este sistema foi simplificado por Narvéez nos Seys Libros, onde é indicado somente © valor ritmico da primeira cifra, que permanecera valido até que um novo valor seja indi- cado. 12 Seguem-se exemplos de transcriges de certos trechas de obras de Milan ¢ Narviez. Em primeiro lugar, a tablatura da Fantasia IX de Luis Milan bb pol youd buiy Transcri¢ao em notagao modema ——— : —— Em segundo lugar, um trecho da Fantasia III de Luys de Narvaez: Medd it qt gles oF O Repertorio e os Vifwelistas (© REPERTORIO PARA VIHUELA esti composto, na sua maior parte, por obras dos sete autores viluelistas que serao apresentados mais tarde, * e por trés livros comple- mentares onde encontramos algumas obras para vibuela e informagoes & respeito da musica da época. Sao eles: Libro de cifra nueva (1557) de Luys Venegas de Henestrosa, Arte de taier fantasia (1565) de Thomas de Sancta Maria e Obras de miisica para tecla, arpa y vibuela (1578) de Antonio Cabez6n. ‘Além destes autores também devemos citar alguns outros mencionades por Ber- mudo, que infelizmente nao tiveram a possibilidade de publicar suas obras, provavel- mente pelo fato de que a publicagao de obras musicais instrumentais na Espanha do século XVI nao era comum; e certamente os recursos eram escassos. Bermudo na sua Declaracion escreve: "Tenho por melhores tocadores a Narviez, a Martin de Jaén, a Hes nando de Jaén, vizinho da cidade de Granada, a Lopez, miisico do senhor Duque de Ar- cos, a Fuenllana, piroco da catedral de Sevilha, € a Enrique (Valderribano), miisico do senhor Conde de Miranda."” Pelo menos trés destes aclamados vihuelistas nao tiveram suas obras publi- cadas A estes, podemos acrescentar os nomes de Guz intiago Pérez, Torres Bar- rono, Macotera, Lucas de Matos, Gaspar de Torres, Baltasar Ramirez, Diego del Castillo, Francisco Aguyles, Pedro de Madrid, Manuel Rodrigues de Portugal, Francisco Cordona, Pedro Bravo, Julio Severino e possivelmente muitos outros que nao chegaram ao nosso conhecimento, e também nao tiveram a possibilidade de publicar suas obra © primeiro vihuelista a ter sua obra publicada foi Luis Milan. Pouco se sabe a respeito da sua vida, mas podemos supor que hajg nascido em Valencia em tomo de 1500 € morrido na mesma cidade depois de 1561." Milan foi misico da corte de Dom Fernando de Arag6n, Duque da Cabibria, Também visitou a corte de Dom Joao Hl (1521- 57), de Portugal, que além de conceder-the uma pensto nomeou-o gentil-homem da sua corte. © primeiro livro para ribuela publicado foi o Libro de Miisica de vibuela de mano Intitulado El Maestro de Luis Milan, publicado em Valencia, em 1536, e dedicado a Dom Joao II de Portugal. Milan também se distinguiu como escritor de corte, tendo sido 0 autor do Libro de motes de Damas y Caballeros: Intitulado el Juego de Mandar (1530) € de El Cortesano (1561) Como titulo completo a obra de Milan tem: Libro de Musica de Vihuela de Mano, intitulado EI Maesiro. En qual trahe el mismo estilo y orden que un maestro traheria con un discipulo principiante: mostrandole ordenadamente desde los principios toda cosa que poderia igno- 14 SeaRaETE rar para entender la presente obra. Compuesto por don Luys Milan, Dirigido al muy poderoso e invictissimo principe Don Juan: por la gracia de Dios Rey de Portugal y las yslas. Ano MDXXXV. Con privilegio real © EI Maestro € wm livro diditico, 0 primeiro método de instrumento de cordas dedilhadas a ser publicado na Peninsula Ibérica. A intencao pedagdgica do livro esta clara nao s6 no seu titulo, como também na ordem em que as obr 10 arranjadas indo de fanta: iples até obras complexas, como € 0 caso de certos fHentos ¢ algunas. fantasias. Esti dividido em duas partes, ¢ cada parte em oito cademos, respectivamente. Nos primeiros oito cademes esto incl pavanas, 3 villancicos em castelhano, 3 rillancicos em portugu thano © 3 sonetos em italiano. Na segunda parte, encontramos 18 fantasias, 4 tHenlos, $ villancicos em castellano, 4 villancicos em portugués, 2 romances em castelhano, 3 sonetos em italiano além da importante "Intelligencia y declaracion de los tonos’ Cada composi¢ao € precedida de uma pequena explicagao a respeito do seu cariter, tempo, dificuldade técnica ¢ estilistica € © modo (tono) em que foi escrita. Na primeira parte do livro, também sao feitas recomendagoes a respeito do que © discipulo deve saber antes de comegar o estudo. E recomendado um bom co- nh 10 da vibuela. Na segunda parte, as mais inte- ressantes observacdes so novamente a respeito do cariter, tempo ¢ dificuldades técnicas de cada obra, Também € importante a "Intelligencia y declaracion de los tonos", na qual © autor da explicagdes sobre 0 uso dos modos na total, quatro auténticos ch: los 0 prologo € insinucciones, 22 Fantasias, 6 2 romances em caste- imento de polifonia e uma Sao ito modos no misica da époc los "maestros" e quatro plagais cl Modos Auténticos Mods Plagais 15 © modo misto, o qual Milan usa freqientemente em suas obras, € uma mistura do modo auténtico com o plagal. Segundo Milan: "o soprano usa o fim do modo autén- tico e do plagal, € se mistura com eles: por isso se diz, (modo) misto." ‘As quarenta fantasias presentes no livro de Milan podem ser separadas em dois ‘grupos bem distintos. Em primeiro lugar as fantasias polifOnicas, obras de cardter con- trapontistico em que um motivo melédico é apresentado e seguico de imitagao em outra voz. Ao segundo grupo pertencem as fantasias de consonancias y redobles, obras em que aaltemincia de passagens lentas formando frases musicais (consonancias) sto seguidas por passagens com ripidas escalas (redobles). Este € o primeiro exemplo de uso de uma grande elasticidade no tempo musical. Neste gtimo grupo de fantasias podemos incluir (05 quatro Hientos presentes no El Maestro. AS pavanas sto pequenas obras escritas em es- tilo italiano, sendo que duas delas (Ve VD apresentam temas de pecas vocais italianas € 5 obras tomaram-se pecas "standard" do repert6rio dos: uma textura homof6nica. violonistas atuais, Para fi pequena apresentagio sobre a obra de Milan, deve-se registrar que, com raras excecoes, as indicagdes de tempo esto presentes em suas obras. AS indi- cages usadas sto as seguintes: ‘Compas apresurado, 0 batido = tempo rapido Compas a espacio = tempo lento ‘Compas algo apresurado = tempo um pouco répido Algun tanto apresurado = moderadamente ripido Algo apriesa = um pouco rapido Ni muy a espacio ni muy apriesa = nem muito lento nem muito rapido Luys de Narvaez provavelmente nasceu em Granada, em fins do século XV ou inicio do século XVI. Em 1538 vivia em Valladolid e estava a servico do Comendador de Leén, Dom Francisco de los Cobos. Um ano depois da morte de Cobos (1547), Narviez encontra-se entre os miisicos da corte de Dom Felipe, a quem acompanhou em suas fagens a Flandres, Itilia € Alemanha (1548-51). Gitado varias vezes por contemporineos seus como o melhor vihuelista de sua época, uma das referéncias a Narvaez diz: "Foi em Valladolid, na minha mocidade, que um misico de vibuela chamado Narvaez, com to rara habilidade na misica, que sobre quatro vozes de um livro, improvisava outras qua- tro, coisa que aos que nao entendiam de miisica parecia milagrosa, € aos que entendiam parecia milagrosissima." '? ‘A Narviez também cabe 0 mérito de ter sido o primeiro vihuelista e talvez 0 primeiro compositor espanhol a compor variagdes instrumentais, sendo bem conhecidas suas Diferencias sobre Guardame las Vacas ¢ sobre Conde Claras. Os Seys Libros del Delphin de miisica de cifra para taner vibuela... foram publi- cados em Valladolid em 1538 ¢ dedicades a Dom Francisco de los Cobes. No mesmo ano 1m publicados, Narvaez tinha a intencao de publicar outras em que os Seys Libros for 16 on pte Scombeeoamete obras de “maior fundamento", que infelizmente nao o foram. As duas outras pegas co- nhecidas de Narvaez sio dois motetos, De Profundis Clamavi, a quatro vozes, e O Salu- taris hostia, a cinco vozes. Narvéez, a0 contrario de Milan, nao organizou seu livro de forma diditica. Nao ha uma seqiiéncia de dificuldade entre cada obra ali presente. Como o titulo indica, a obra 6 dividida em seis livros, sendo que o primeiro consta de oito fantasias em todos os modos. No segundo livro, encontramos outras seis fantasias, em diversos modos, mas de menor dificuldade técnica. No terceiro livro, esto as intabulaturas de alguns movimentos de missas de Josquin de Prés, cangdes francesas, ¢ obras de Gombert € Ricafort. No quarto livro, encontramos algumas variacoes (diferencias) sobre O Gloriosa Domina (sic) € Sacris Solemniis. As obras para voz € vibuela estao reunidas no quinto livro, de ro- mances © rillancicos. Por fim, o sexto livro € composto de diferencias sobre Conde Glaros ¢ Guardame las Vacas ¢ uma fabulosa Baxa de Contrapunto. A primeira grande novidade do livro de Narviez € a introdugao de variagdes so- bre temas populares e sacros, como as diferencias acima citadas. A segunda grande novi- dade é 0 uso de proporcdes em algumas obras, como: 3/1, 3/2, 6/4 € 9/3, sendo que a primeira ¢ a iiltima sao raras entre as obras part vibuela. Apesar de nao haver indicagoes explicitas a respeito de tempo, o a s Seys Libros, especifica que as obras que apresentem o signo devem ser tocadas rapidamente, ¢ as que apresentem este outro ¥ devem ser tocadas lentamente. Por itimo, Narvaez determina, através de cifra, a afinagao correspondente a vihuela para que cada obra adquira a tessi- tura em que esta escrita.'? Pouca coisa sabemos a respeito da vida de Alonso Mudarra, Provavelmente nas cido na primeira metade do século XVI, Mudarra faleceu a 1° de abril de 1580 como cons- ta nas atas capitulares da catedral de Sevilha. Esteve a servigo de Dom fhigo Lopes por varios anos, posto que Ihe dew a oportunidade de viajar € conhecer os melhores vihuelistas € ‘poca. Também sabemos que foi ligado a catedral de Sevilha de agosto de 1547 até o seu falecimento em 1580.1? Os Tres Libros de Musica en cifras para vibuela forain dedicaclos a Dom Luis pata e impressos na cidade de Sevilha na casa de Juan de Leon, em 1546, Como os dois livros mencionados anteriormente, a obra é dividida em virias partes, mais exatamente em tés livros. Igualmente a Milan e Narv4ez, Mudarra apresenta uma introdugo, na qual explica sobre a leitura da tablatura © sobre os signos de compasso, a saber: §, Ce ¢ que, como em Narvaez, tem o mesmo significado em relagao a ser executada, isto é, andamento rapido, moderado € lento, res No primeiro livro da obra de Mudarra, encontra-se uma s na qual esti a famosa Fantasia X, “fantasia que contrahaze la harpa a la manera de Ludu- vico", além de intabulacdes de obras de Josquin, diferencias ¢ obras para guitarra de quatro cordas (orelens), os mais antigos exemplos de obras para aquele instru- (or, na introdugio ai claves n: andamento da obra a 18 mento. Também nesse primeiro livro, encontramos sugestoes do autor no que diz res peito 4 técnica da mao direita, Primeiramente, a marcagao como dedi ou dedillo signifi- cando que o dedo indicador da mao direita deveria pulsar a corda com um movimento altemado de golpes para baixo e para cima, Em outra indicagao, Mudarra marca dedos ow dos dedos, a qual € a técnica em que se altemam o dedo polegar e indicador da mao dirgita, técnicas estas usadlas em passagens escalares. No segundo livro encontramos pegas em todos 08 modos, separadas em grupos de quatro obras (primeiro € oitavo modos) € de trés (segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto ¢ sétimo modos), sendo que cada grupo tem por primeira pea um Hento, espécie de pequeno prelidio para fato sugere que as pegas constantes em cada grupo devam ser execut Finalmente, no terceiro livro, encontr: as juntas, S$ para vor € mnetos ern italiano, versos em mos textos de poetas come estas estao motets, canciones, sonetos em castel tim, villancicos e dois salmos. Em algumas d Petrarca, Virgilio, Horiicio, Ovi -gundo James Tyler, estas pegas para € vibuela sao singulares dentro do repert6rio da época, ".. concebidas pa panhamento livre de vibuela *, fato que seri igualado somente no final do s John Dowland. '* Para enc para drgio ow harpa. Enriquez de Valderribano nasceu em Penaranda del Duero, aproximadamente em 1500, € provavelmente faleceu depois de 1557. Nada conhecemos sobre sua for magio musical, mas podemos deduzir, pelo prologo de seu Silva de Sirenas, que se dedi- cou desde cedo & miisica, T senhoriais em que serviu, mas € coneto de Zaniga, uma vez que seu livio é dedicado a Dom F Como os demas vihuelistas, Valderrabano também conhecia bem © repertério dos compositores flamences, frances janos e espanh6is, cujas obras se executavam, na capela de Felipe Il e Carlos V. Assim, em secu livro, podemos encontrar, além de suas proprias obras, romances, cangdes © glosas de composigoes polifonicas de Josquin de Prés, Gombent, Willaert, Archadelt, Baldovin, dos italianos Jachet de Mantua e Francisco da Milano e dos espanhdis Morales, Sepdlveda, Jua € Diego Ortiz, © Libro de Misica de vibuela imtitulado Silva de Sirenas, dedicado & Dorn Fran- mn 1547, € esta idiclo em seis partes. Na. primeira, constam "fugas’ € certos movimentos de mi como Agnus, Benedicamus, Hosanna, sendo algunas destas obras de autor anénimo: Nas segunda € terceirt partes encontramos romances, cancoes, villancicos € motetes de autores como Loyole, Gomben, Verdelot, Morales, Willaert © Juan Vasques. No quarto tomo estao "obras compuestas para tocar dos juntos en dos vihuelas’, com pecas de io € oulros. S 1 seu livro, Mudarra nos apresenta uma pequena obra em tablatura cisco de Zxiniga, foi impresso em Valladolid, por Francisco de Cordoba, di 19 Gombert, Morales, Josquin, Mouton e glasas sobre Conde Glaros. Nos tomos restantes, estio agrupadas cerca de trinta fantasias € perto de trinta sonetos instrumentais. Sem divida, os dltimos tomes da obra de Valderrabano sto os mais importantes, por conter obras que mostram toda a sua qualidade de vituose da vibuela. Pouco sabemos a respeito da vida de Diego Pisador. Nascido provavelmente de- pois de 1500, em Salamanca, e falecido depois de 1557, consta que Pisador recebeu or dens religiosas em 1526. Quando, em 1552, publicou seu Libro de Miisica de Vibuela, em Salamanca, Pisador escreveu: "feito por Diego Pisador, vizinho de Salamanca € impresso em sua casa’, Pisador foi talvez © Ginico vihuelista a ter uma imprensa musical em sua casa, coisa bastante rara na época. Alguns outros detalhes biogrificos interessantes sobre ele podem ser deduzicos do seu livro que esteve a servigo de Felipe I e que pode ter sido o respon- sivel pela educacao vihuelistica do principe. Na carta de aprovacio para a impressto do livro de Pisador, Felipe I escreveu: “nesta obra trabalhastes mais de quinze anos...", 0 que indica que ja em 1537 Pisador sumado vihuelista. O Libro de Miisica de Vibuela recebeu a autorizagao real para ‘em 1550 e acabou de ser impresso em 1552, em Pisador dividiu sua obra em sete partes ou livr se variagdes sobre Conde Claros e Guardame las Vacas, além de romances, sonetos fantasias. No segundo estao varios villancicos e alguns movimentos de missas em que a voz a ser cantada esta impressa em vermnelho. No terceiro estao as fantasias de Pisador, em todos os modes, sendo que algumas delas tém uma voz marcada, que pode ou nao ser cantada, enquanto que as outras vozes devem ser tocadas. Os livros quarto € quinto esto entre 0s mais interessantes entre toda a obra para vibuela. Neles constam oito mis- completas de Josquin de Prés, fato inédito até agora, uma vez que somente movimen- tos de missas foram intabulados na obras de Narvaez, Mucarra ¢ Valderribano. Entre ito missas de Josquin presentes no livro de Pisador, encontramos importantes obras como as missas Hercules Dux Ferrarie, a da Fuga, de Gaudeamus, de Ave Maris Stela © a de Beata Virgen. Nos dois livros restantes esto impressos varios motetes, villanescas € cangoes. No primeiro livro enconte: Considerado por muitos como © melhor dos vihuelistas, por sua polifonia extre- mamente bem equilibrada, Miguel de Fuenllana nasceu pre ¢ faleceu em 1579 em Valladolid. Cego desde a infancia, Fuenllana prestou servigos na casa da Marquesa de Tarifa € na corte de Felipe Il, que em 11 de agosto de 1553 deu sua aprovagio para que o livro Orphenica Lyra de Fuenllana fosse impresso: "por parte de v6s Miguel de Fuenllana, estando nesta corte, nos foi feito relato que haveis composto para vibuela intitulado Orpbenica Lyra, que por sua dificuldade Vvestes muito trabalho de espirito.” Desta citagao deduz-se que Fuenll em 1553, estava a servigo da corte de Felipe I. Quando esteve a servigo da corte de Isabel de um livro de 20 Valois, rainha da Espanha © terceira esposa de Felipe Il, Fuenllang teve a oportunidade de encontrar miisicos franceses vindos com a corte real de Isabel. ' Considerado por Bermuco como um dos melhores vihuclistas da sua época, Fuenllana tem uma importincia especial para a misica espanhola € curopéia por ter sido um dos precursores da melodia acom; que apareceria na Iuilia algum tempo de- pois. Em suas cangoes de cariter folcl6rico, Fuenllana prestou um grande servigo na di- vulgagao do folclore espanhol clo renascimento. © Libro de Musica para vibuela imitulado Orphenica Lyra foi dedicado a Felipe I, principe da Espanha e impresso em Sevilha na casa de Martin de Montedosca, tendo sido terminado a 2 de outubro de 1554, 0 livro e constam algumas intabulaturas de varios autores € fantasias do. proj tes, Na primei rio Fuentlana. No segundo livro, estio motetes de diversos autores, sendo que ca seguido por uma fantasia de Fuenllana no mesmo modo, formando desta maneira um par, Na terceira, quarta © quinta partes estio presentes varias obras que vao desde motetes até miisic “muy galana", Na sexta e diltima parte estao presentes as obras pars vibuela de cinco € quatro ordens, que serao comentadas mais tarde. Como acontece com outros vihuelistas, mais interessante em Fuenllana sto suas proprias obras. Ainda assim, sto notiveis as intabulagdes de Josquin, Gombert, Wil- laert, Archadelt, Juan Vsques, Morales, Pedro € Francisco Guerrero € outros Praticamente desconhecemos a biografia de Esteban Daza, 1 s des obra EI Parnaso, sabemos que em 1576 residia perto de Valladolid. El Parnaso fot a iiltima colegio de masica para vihuela a ser publicada na Espanha do século XVL O Libro de Miisica en cifras para vibuela, intitulado 1 Parnaso foi dedicado a Hernando dle Habalos de Sotomayor, a quem provavelmente Dazit serviu, € impresso emi Valladolid, em 1576, por Diego Fernandez de Cérdot © BI Parnaso contém uma introdugao em que € expli também, uma distingao entre as fantasias consideradas dificeis, ¢ dividido em seis ida a tablatura, Daza facets, um D ou um F no seu inicio, respectivamente. A obra € dividida em trés livros. O origi primeiro contém fant js de Daza, separadas em quatro grupos, sendo © primeiro composte por em todos os modos, seguiclas por fantasias a trés vozes, fantasias a quatro vozes € "fanttasias de passos largas para desenbolver las manos’, em varios modos. No segundo livro, encontramos motetes a quattro € cinco vozes de diversos autores, como Crequillon, Mayllart, Pedro Guerrero, Simon Buleau € Ricafort. No terceiro tore: € {iltimo livro estao alguns sonetos, um romance, cangoes, villanescas de Giversos a € villancicos, além de duas cangoes francesas. 21 LIBRO DE MVSICA DE VIHVELA, AGORA NVEVA mene computito pe Digo Piidor re zino dela ciudad de Salamanca,ditig doal muy altoy muy poderofo {ehordon Philippe princi pede Efpana nue ftro Sefior. Con PRIVILEGIO. Envuidees 6. vit Fromtispicio do livro de Diego Pisador, dataco dle 1552 NOTAS © temo violio por sua vex é derivado de wibuela, que para os portugueses € mada de viola; hoje em dia ainda temos a viokeaipira em uso no Brasil THERMUDO, Juan. Comienca el lbro lamado declaracién de insirumentos musicales. Ossunsa: 1555. » facsimile, Kassel: Birenreiter, 1968, Capitulo X0OXV, fol. XXX SPUIOL, Emilio. Momumentas de la Mtisica Expariol, v. Ill. Barcelona: Instituto Espaol de Mus: 971. p. 29. “Sao eles: Lis Milan, Lays de Narviez, Alonso Mucha, Enrique de Valderrabano, Diego Pisador, Miguct Fucallana ¢ Esteban L > BERMUDO, fol. XXX ® tsto €, Martin de Jaén, Hernando de Jaén © Léper * PUJOL, Emilio. Monumentas de la Misica Expariola, v. Vit. Barcelona: Instituto Espanol de Mu cologia, 1919. p13 * DICCIONARIO de la Musica Labor, v. Hl. Barcelona: Editorial Labor, 1954. p. 1552. MILAN, Lis, £1 Meso. Valencia: 1586, Edligio facsimile. Genéver Minkoll Reprint, 1975. Na "en ligenci y decaracion de los tonos DICCIONARIO de Is Masica Labor, p. 1609. " Respectvanmente, Motett del Fiore, Wb IV. Lagi: 1539: Quint Liber Motttorsm. Lg: 1542, 2 PUJOL, Monumentes v. Ii, p. 34 °3 PUJOL, Monuments. Vii p34 ™ Giado na introdugio 4 edie facsimile da obra cle Mudarrs. Monaco: Faltions Chanterelle, 1980 "© DICCIONARIO, p. 978 anos da Epocs, 23 10 della Bells hitarrino, o comesiante italiano Catto Ca A GUITARRA DE QUATRO ORDENS wo codaa pe € chan de Bara han Borde por mesma, excetuando a primeira ¢ sexta cordas deste instrumento: ‘obras — - zal mx 1 : = 0 temple nuevo lemple viejo! omo podemes observar do exemplo acima, dois tipos de afinagao eram. usa- dos. O temple nuevo, com a quarta ordem com bourdor? ¢ 2 distincia de uma 4* justa da ordem. Ja no femple viejo, a quarta ordem também aparece com bourdon, mas 2 de uma 5* justa da terceira ordem, Este instrumento era chamado na Espanha de guitarra, na It sette corde ou chitarrino € na Franca de guiterre ou guilerne. Os exemplos musicais mais antigos para este instrumento aparecem nos Tres Li ntasias, de chitarra da ainda encontramos sendo uma no lemple viejo ¢ tres no temple nuevo. Além des uma pavana e uma Romanesca: o guardame las vacas, ambas usando o temple nuevo. ‘ambém encontramos algumas obras para a pequena guitarra no Orphenica Jyra de Fuenllana, no qual seu autor incluiu um total de nove pegas: seis fantasias, o ro- mance "Paseava se el Rey Moro", o villancico "Covarde Caballero" € a intabulagao de um. crucifixus est. No caso do romance e do villancico, a parte vocal foi originalmente im: pressa em vermelho na tablatura de quatro linhas, © mesmo procedimento usado por Pisador no seu Libro de Mrisica alguns anos depois. Infelizmente, as edigdes fac-simile do livro de Pisador sio impressas em prefo € branco na sua totalidade, ignorando este in portante € interessante aspecto cla obra. De todas estas obras podemos deduzir que s que a vibuela, pois certas passagens, se tocadas neste ou em outro instrumento do mesmo tamanho, tomam-se bastante dificeis, exigindo grandes aberturas esquerda, Na Itilia, a primeira referéncia A chitarra da sette corde esta presente para alatide de Melchior de Barberiis, Opera intitolata Contina, de 1549. Nesta ob contramos quatro fantasias "per so chitarra de sette corde". As sete cordas da pequena guitarra eram arranjadas em quatro ordens, sendo trés cordas duplas € uma ples (a primeira). O procedimento de ter a primeira cord simples era bastante comutn, tendo sido utilizado até mesmo na guitarra barroca de cinco ordens nos séculos XVII € XVIII tratava de um instrumento menor Ainda na Italia, o tratado de Scipione Cerreto, Della Pratica Musica, publicado em 1601, nos da instrugdes muito precisas a respeito da afinagao da guitarra de quatro ordens. Para Cerreto a melhor afinagao era a seguinte: James Tyler considera este tipo de afinagho reen- trante, * similar a0 femple viejo de Bermudo, com 4 en. cegio de ser um tom mais agudo e nao ter o uso de bourdon na quarta corda, Uma outra fonte italiana digna de mengao é a colegao andnima de 1645, Conserto Vago. colegio consiste de uma suite com os seguintes movimentos: bal. letto, volte, corrente, gagliarda € canzone franzese. Sendo que esta pequena suite esté escrita para um trio de tiorba, liuto © chitarrino, Quando se trabalha com fontes italianas €poca, € dificil saber com exatidao quando a quarta cor exige ou no a sua afinagio em 8* (bourdon), como nas fontes espanholas e na maioria da mtisica francesa para este instrumento. No entanto, sabemos que os italianos usavam a afinagao reentrante, o que parece ter sido a afi- nacao mais comumente usada na Itilia da época. Dessa época, um belo instrumento sobreviveu agao do tempo, estando hoje presente no Kunsthistoris ches Museum de Viena. Construido por Giovanni Smit, em Milao, em 1646, € um instrumento com aproximada mente 51 cm de comprimento de corda sonante, apresen tando também uma parte posterior abobadada feita de tiras de madeira escura alternada com filetes de marfim, 4 starr de quatn) ordens Possui oito cravelhas, o que indica o uso de quatro cor- das duplas, ao contririo das ilustracoes dos livros france ses da época, Pelo tamanho do instrumento, podemos deduzir que ¢ um tipo de guitarra ais aguda, se comparada as guitarras que serdo estudadas mais adiante, ou mesmo 4 27. buela. No entanto, de acordo com as afinagdes dadas por Michael Praetorius no seu Sym, lagma Musicum de 1619, pode-se chegar 4 conclusio de que instrumentos maiores. ou de diferentes naipes existiam. Segundo Praetorius, as afinacdes eram as seguintes: nes da Biblioteca Universitaria 27 Sacra James Tyler considera este tipo de afinagao reen- imilar ao temple viejo de Bermudo, com a ex- de trante, cegao de ser um tom mais agudo © nio ter o bourdon na quarta corda Uma outra fonte italiana digna de mengio é a colegio andnima de 1645, Conserto Vago. Esta colegao consiste de uma suite com os seguintes movimentos: bal- letto, volte, corrente, gagliarda e canzone franzese. Sendo que esta pequena suite esta escrita para um trio de tiorba, Tiuto e chitarrino. Quando se trabalha com font época, € dificil saber com exaticdao quando a quarta corda exige ou nao a sua afinagio em 8* (bourdon), como nas fontes espanholas e na maioria da miisica francesa para este instrumento. No entanto, sibemos que os italianos usavam a afinagao reentrante, © que parece ter sido a afi- (cao mais comumente usada na Italia da época. Dessa época, um belo instrumento sobreviveu a agao do tempo, estando hoje presente no Kunsthistoris- ches Museum de Viena. Construido por Giovanni Smit, em Mido, em 1646, € um instrumento com aproximada mente 51 cm de comprimento de corda sonante, apresen- tando também uma parte posterior abobadada feita de liras de madeira escura alternada com filetes de marfim. * Possui oito cravelhas, 0 que indica 0 uso de quatro cor- das dupla ses da época. Pelo ta ‘sitalianas da A guitarra dle quatro ordens de Giovani Sanit io das ilustragdes dos livros france- nho do instrumento, podemos deduzir que é um tipo de guitarra mais aguda, se comparada serao estudadas mais adiante, ou mesmo & vi: duela, No entanto, de acordo com as afinagdes dadas por Michael Praetorius no seu Syn- lagma Musicum de 1619, pode-s de diferentes naipes existiam, Segundo Praetorius, as afinagoes umentos maiores ou chegar & conclusio de que inst nas seguintes Biblloteca Universitéria 27 nec Sea abaixo da segunda) pa acima, podendo-se supor, tamt quarta corda com bourdon e na Mas foi na Franca que absolutas, teremos a primeira (uma 4* justa nto bem maior do que a pequena guitarra descrita que Praetorius pensava em uma guitarra com a finagdo reentrante de Cerreto. pequena guitarra recebeu a maior atengo. Varios com- positores escreveram deliciosas obras para este instrumento. Entre ele: Guillaume Morlaye, provavelmente um discipulo de Albert de Rippe, alaudista da cone de Henrique Il da Franga.? Morlaye publicou, em 1550, Tablature De Guiterne, seguindo- se Le Premier Livre... De Guilerne © 0 Quatriesme Livre...De Guyterne & De la Cistre em 1552, € Le Second Livre De Guiterne em 1553. podemos citar PREMIER LIVRE DE CHANSONS, GAILLARDES,PAVANNES, Branfles,Almandes Fantaifies,ceduidz en abulature de Gucerne par Maitre Guillasme Morlaye ioueur de Lue. A PARIS. Der'lmprimeric de Robert Granlon & Michel Fezandar,au Mone 'S-Hylare,AEateigne des Grande Ions. ‘Auecpriilege duRoy. Guitar de quatro orden, stage de Le Premir Livre (152), de G. Moray ‘A obra de Morlaye contém um toque intemacional. Nela esto incluidas, no Pre- mier Livre, uma Romanesque gaillarde e, no Quatriesme Livre, Conde Clare, tema de muitas "diferencias' dos vibuelistas. Além destas pecas, ainda encontramos, no Second Livre, uma Hornepipe d’Angleterre ¢ uma fantasia de Melchior de Barberiis, Simon Gorlier publicou em 1551 Le Troysieme Livre ...De Guiterne © nia década sequite o Lire de Tablature de Gultere, Ness obvas encortramos mutas Itabulapbes de chansons de outros compositores, como Clement Janequin. Gregoire Bray a Alemanha depois da na verdade um alemao nascido em Augsburg e que deixou ia de Muhlbury, em 1547, ° publicou na Franca, em 1553, 0 28 seu Quart Livre...De Guiterre, edi- tado por Adrian Le Roy € Robert Ballard. © livro. contém excelentes fantasias e algumas intabulagdes de chansons. Adrian Le Roy, juntamente com Robert Ballard, alaudista de Maria de Médici ¢ autor de um livro de tablatura publicado em 1611, foi © responsivel pela publicagao de boa parte do repert6rio francés para a guitarra. Le Roy serviu sucessi- vamente a Claude de Clermont, . Barao de Dampierre € ao Visconde de Tours, senhor de Semblangay.” Le Roy teve um papel importante na vida musical francesa do século XVI, tendo fundado com Robert Ballard uma casa editorial, que em 16 de fevereiro de 1552 obteve a patente de exclusividade para a impressio de musica na corte de Henrique Il, fato que explica a grande quantidade de misica por ela publicada.® © nome de Le Roy desaparece das publicagoes dessa casa editorial em 1589, acusando a possibilidade desta ser a data da sua morte A obra para guitarra de quatro ordens de Le Roy é iniciada em 1551, com a pu- blicacao do Premier Livre de Tablature de Guiterre seguido, do Tiers Livre De Guiterne, em 1552, do Ginguiesme Livre de Guiterre, em 1554, € do Second Livre de Guiterre, em 1556, Também duas impressoes do seu tratado Briefie et facile instruction por apprendre Ja tablature a bien accorder, conduire et disposer la main sur la guiterne apareceram publicadas, a primeira em 1551 € a segunda em 1578. Num breve espago de seis anos, foram publicados nove livros para a guitarra de quatro ordens. Cinco pela casa de Le Roy € Ballard, dois por Robert Grajon e Michel Fezandat e os dois restantes publicados por Fezandat e Morlaye. O contetido geral destas obras € de intabulagdes de chansons e dangas, fazendo deste corpus musical um re- Pertrio de dificuldade técnica e musical limitada. Infelizmente, algumas destas obras estio perdidas. No entanto, com o restante das conhecidas, jf temos um repert6rio extremamente interessante de fantasias para tarra, dangas em que a guitarra faz parte de um consorte € obras vocais com acompa- nhamento de guitarra, também encontramos, ilustragdes muito precisas de instrumentos da época A partir da ilustragao no Premier Livre de Morlaye, podemos descrever o instru- mento como tendo quatro ordens, sendo trés cordas duplas € uma simples (a primeira), oito trastes € sete cravelhas. Como nas obras espanholas para este instrumento, os france- Guitarra de quatro ordens, lustragion do Harmonie Universelle (1636) de Mersenne. 29 ses também utilizavam duas afinagoes distintas, a primeira uma afinagdo normal equi lente a0 femple nuevo de Bermudo € uma segunda, equivalente ao temple viejo, ou seja a corde avalee. Este repertério de miisica francesa para a pequena guitarra chegou ao resto da Europa através das reimpressdes do flamengo Pierre Phalése, que juntamente com seu sécio Jean Bellére, publicou uma antologia de musica para guitarra em 1570. Ela contém aproximadamente 180 pecas reimpressas dos livros de Le Roy € de outros autores Phalése, com esta antologia, aproveitou-se da grande popularidade do instrumento, pu- blicando uma nova versio em 1573, a qual infelizmente hoje esta perdida A lima referencia importante A guitarra de quatro ordens vem da Inglaterra. John Playford publicou seu A Booke of New Lessons for the Cittern and Gittern em 1652. Dividido em duas segoes, uma para cada instrumento, este livro é uma preciosidade no que diz respeito As baladas e cangdes populares inglesas. A segio de guitarra esta escrita em tablatura francesa e contém cerca de 40 peas faceis. NOTAS. * BERMUDO, libro 1V, cap. LXV. 2 © bourdon caracteriza 0 uso de notas graves na 4 ordem destas duas afinagoes 2 afinagao reentrante é canicterizada pelo uso da 4 ordem numa afinagio mais aguda que a 3, contrariando a tendénca diecional do grave a0 agudo da afinagio normal “TYLER, James. The Early Guitar, a History and Handbook. Londres: Oxford University Press, 1980. p. 20. STYLER, p. 31 5 LAROUSSE de la Musique, v I. Paris: Librairie Larousse, 1957. p. 68. SYAROUSSE, v.[-p. 130. 7 TAROUSSE, vp. 540 " GROVES Dictionaire of Music and Musicians. v. V. New York : St. Martin's Press, 1955. p. 143. 30 A GUITARRA DE CINCO ORDENS MAIS ANTIGA FONTE DE MUSICA conhecida para a guitarra de cinco ordens é a Orpbenica Lyra de Miguel de Fuenllana. Nesia obra, este instrumento & chamado de vibuela de cinco Grdenes, sendo deste modo diferenciado da vibuela normal. A miisica contida no Orpbenica Lyra para este instrumento consiste em duas segoes de uma missa de Morales, um villancico de Visques e seis Fantasias. Juan Bermudo no primeiro livro da sua Declaracion, frequentemente se refere & guitarra de cinco drdenes. Bermudo nos informa que, para se fazer uma guitarra deste lipo, basta acrescentar uma corda, uma 4° justa acima da primeira ordem a uma guitarra de quatro ordens,! Felizmente, um destes instrumentos chegou at 6s € esti hoje na colegio do Royal College of Music de Londres, Trata-se de uma guitarra portuguesa, feita por Bel- chior-Dias € datada de 1581, No interior do instrumento, Ié-se: "Belchior-Dias a fez em. LXA nomes de dexro de 1581" (feita por Belchior-Dias em Lisboa no més de dezembro de 1581), Esta guitarra tem © tampo posterior curvo € constituido por sete tiras de ma- deira da mesma cor. Construfda para o uso de cinco cordas duplas, tem um comprimento de corda de aproximadamente 55 cm um comprimento total de cerca de 76 cm. Nesta guitarra, no temos a roseta original, que deveria ser perfurada € ter um trabalho de en- talhamento muito delicado, Este tipo de guitarra era conhecida na Walia como chttar- riglia: Um outro instrumento, atualmente na colegio particular de Robert Spencer em. Londres, datado de aproximadamente 1600, também € descrito por James Tyler. Sem selo ou qualquer marca que possa identificar 0 autor, esta guitarra € bastante similar Aquela de Belchior-Dias, contendo decoragées no braco idénticas @ guitarra de Dias, também € destinada ao uso de cinco cordas duplas. No entanto, algumas diferencas podem ser no- tadas: a parte posterior desta guitarra é chata € 0 seu comprimento de corda é de 68 cm bem maior que a guitarra descrita anteriormente Geralmente, a adicio da quinta corda A guitarra € atribuida a Vicente Espinel (1550-1624). Varias sao as citagoes sobre seu mérito. A primeira vem de Miguel de vantes, que, em Viage de Parnaso, de 1614, escreve: "Eo grande Espinel que tem a primeira na guitarra e um raro estilo na arte". > Também Lope de Vega relata, em sua La Dorvtea, le 1632, que "ele nos trouxe novos versos, décimas ou espinelas, € as cinco cor das da guitarra."* Ainda mais tarde, Gaspar Sanz no seu Instruccion de musica sobre la Guitarra Expariola (1674, £. VD, nos diz que foi: "Em Madri, 0 maestro Espinel, espanhol, acrescen: tou a quinta (corda),..0s franceses, italianos € demais nagdes, imitando-nos, acrescen- taram também a suas guitarras a quinta, e por isso, a chamam de gui panhola."® Como vimos, as referéncias a instrumentos de cinco cordas sto muitas. Miguel de Fuenllana, ja em 1554, se referia a vibuela de cinco rdenes ¢ em 1555, Juan Bermudo se referia & guitarra de cinco ordens, numa época em que Espinel tinha 4 ou 5 anos de idade. Pode-se, por isso, supor que Espinel foi provavelmente o maior divulgador da cinco ordens na guitarra, justificando desta maneira ter sido citado por tao ilustres per- sonagens. Em relagao & afinagaio da guitarra de cinco ordens, temos varias informagoes € possibilidades: Em primeiro lugar, vimos no Orphenica Lyra, de Fuenllana, que a guitarra re- queria uma afinagao semelhante s cinco primeiras cordas do violio modemo (a 3* corca afinada em fa sustenido), sendo que esta afinagao usava bourdons na quarta € quinta or- dens, fato comum na Espanha. ‘A prOxima informacao vem da Franga. Em seu livro, Harvey Tumbull® cita um documento francés que contém uma ilustragio de 1583 de um certo Jaques (sic) Cellier. Nessa, uma guitarra de quatro ordens € representada com uma anotacao sobre sua afi- nagio. Nesse mesmo documento, est anotada a seguinte afinagao para a guitarra de cinco ordens (Fig.1a): Observe-se que a quarta ordem € usa la com afinagao em oltava. James Tyler 32 sugere que esta afinagio € derivada daquela dada por Scipione Cerreto em 1601, € que na realidade deveria ser notada conforme mostra a Figura 1b.” = = A afinagao da terceira orcem representa, por sua vez, um erro, uma vez que na maioria dos livros ° da época predominava 9 intervalo de 4* justa entre a terceira e quarta ordens.® Em_ 1596, © doutor Juan Carlos Amat (1572- 1642) publicou seu método Guitarra Espanola de cinco Grdenes. Nesse método, Amat nos di a seguinte afinacao apresentada na Figura 1c E interessante observar que a quinta e quarta ordens so usadas com bourdon e a segunda e tercei afinadas ao unissono. Também deve-se notar que os 5 intervalos dados por Amat correspondem 2 afinagio ® das cinco primeiras cordas do viola modemo. 1626, Luis Brigeno publica na Franga, através da casa editorial de Robert Ballard, o Método ‘mui facilissimo para aprender a taner la guitarra a lo ==5 espariol. Nesta obra, Brigefto nos dé mais um exemplo vow wa de afinagao reentrante (Fig. 14). ‘Como vimos, as possibilidades de afinagao da Fig. 1 guitarra de cinco ordens sio muitas e das mais variadas. Para decidir qual afinagao se aplica a determinada pega, € essencial que sejam consultados, na medida do possivel, os fac-similes e reimpressoes das obras a serem es- tudada OS AUTORES EO REPERTORIO OS AUTORES E © REPERTORIO para este instrumento serto dividides em trés escolas: a “escola italiana’, a "escola francesa" € a "escola espanhola, O critério para esta divisao € baseado na nacionalidade de cada autor. Assim, por exemplo, Frincisco Cor betta é estudado na "escola italiana", apesar de ter desenvolvido grande parte dle sua car- reira e obra na Inglaterra ¢ Fi 33 A “ESCOLA ITALIANA" (© PRIMEIRO GUITARRISTA ITALIANO a ser mencionado € Giovanni Paolo Fos- carini, que segundo Gaspar Sanz € 0 mesmo autor que assinava suas obras como "L’Ac- cademico Caliginoso detto il Furioso" Foscarini trabalhou como guitarrista e alaudista na Itilia e em Bruxel patronagem do Arquiduque Alberto, governador da Holanda espanhola. Em 1629, de volta a Italia, publicou 0 livro /ntavolatura de chitarra spagnola, libro secondo, na cidade de Macerata. Possivelmente nesta €poca, tornou-se membro da "Accademia dei Caligi- nosi", fundada em 1624. |? © libro secondo contém somente miisica, utilizando o sistem de tablatura “alfabeto" (cf. na seco "ablatura" deste capitulo). Aproximadamente em. 1630, Foscarini publicou o Primo, Secondo e terzo libro della chitarra spagnola. Esta obra marca uma nova elapa na ¢ de Foscarini, € na mdsica para guitarra em geral. Nele encontramos obras no estilo "alfabeto", assim como em uma mistura de estilos "alfabeto" ¢ pizzicato, notadas em uma tablatura italiana de cinco linhas, A obra de Foscarini € uma das mais avan icada que muitas escritas no final do século. Francisco Corbetta (c. 1615-1681) foi © mais renomado guitarrista do século XVIL. Nascido en . Corbetta comegou sua carreira como instrutor de guitarra na Universidade de Bolonha, onde publicou sua primeira obra para guitarra em 1639, De gli scherzi armonici. Sinda em Bolonha, Corbetta teve como discipulo Giovanni Bat Is tarde se tornar , tendo sido até acusado, t das da sua €poca, freqiientemente mais sol rival na I Granata, que anos ma seu mai por Corbetta, de pligio. As excepcionais habilidades de virtuose logo levaram Corbetta a Mantua, onde esteve a servico na corte de Carlo Tl, Duque de Mantua, ¢ onde publicou seu segundo livro em 1643, Varii capricct perla ghitarra spagnola. a em 1648, para Bruxelas, onde publica Vari scherzi di sonate per la ebitarra spagnola e em 1656 para Paris, onde participa de um ballet de Jean Baptiste Lully (1632: 1687), fomecendo um interliidio part guitarras em La galanterie du temps, no q proprio Rei Luis XIV tomou parte em um dos principais papéis. Entre 1660 € 1670, Corbetta chegou em Londres, onde logo se fez conhecido, atuando na corte do Rei Charles Il Virios sto os relatos dessa época sobre as habilidades de Corbetta. O primeiro é citado por Frederic Grunfeld,!? € uma citagio das Mémoirs du Compte de Grammont de Anthony Hamilton. 35 Havia na corte, um certo italiano famoso pela guitarra, ele tinha o génio para a iisica, € era ‘0 tinico que podia fazer qualquer coisa naquele instrumento, Seu estilo de tocar ert 0 gracioso, que ele daria graga e harmonia ao pior dos instrumentos, A verdade é que nada era to dificil como tocar como este cestrangeiro. © prazer demonstrado pelo rei para com suas composicées © para este instrumento era fo grande que © tornou o instrumento da moda, que to dos, bem ou mal, © tocam Em outro depoimento, desta vez de Samuel Pepys, € citado por James Tyler, nos notar uma duvidosa reaclo: Depois de preparar o Duque de York, € saindo através do seu quarto de ves- tir, vi o "Signor Francisco” afinando a sua guitarra, e com ele estava Monsieur Puy, que o fez tocar para mim to admiravelmente, fo bem, que eu fiquei confuso sobre toclo aquele esforco feito para um instrumento tao ruim. Pepys se considerava um timo alaudista € nao tinha muita simpatia para com a guitarra, que sobrepujow o alatide em popularidade durante certo tempo. nbém Gaspar Sanz, em sua Instruccion, con as italianos Retornando a em 1671, Corbeta publica seu La Guitarre Royale dediée au Roy de la Grand Bretagne. Esta obra contér . misica ligada A corte in- glesa, apesar de ter sido publicada em Paris. Em outra obra intitulada Guilarre Royale (1674) e dedicada a Luis XIV, encontramos obras de menor exigéncia técnica e musical que as presentes no livro de 1671 ‘A misica de Corbetta € talvez a mais bem escrita ¢ a mais rica de todo o re- pertério para a guitarra barroca, Suas suites sto arranjadas por tonalidade e apresentam algumas dancas dedicadas a personagens famosos, como por exemplo, a Allemande, cherie de son Altesse le Duc de York e a Allemande sur la mort du Duc de Clocester. As suas obras avulsas também fazem uma adigao substancial ao repertério guitarristico. Francisco Corbetta morreu em Paris em 1681 Entre os outros guitarristas da "escola italiana” podemos citar Giovanni Battista Abatessa, nascido aproximadamente em 1600. Publicou em Veneza, em 1627, Corona di nagbi fiori, e Cespuglio di varii fiori em 1635, obra reeditada em 1637 em Florenga, em 1650, em Milao, e em 1652, em Roma. betta como © melhor dos guitarr 36 Angelo Michele Bartolotti, nascido em Bolonha, esteve a servigo de Cristina de Suécia (1653). Em 1662, em Paris, participou de uma representagao de Ercole amante de walli. Publicou em 1640 0 Libro primo di chitarra spagnola, em Florenga €, em 1655, 0 Secondo Libro di cbitarra, em Roma. Em 1669, publicou pela Casa Editorial de Ballard, Table pour apprendre facilement a toucher le théorbe sur la basse continue. “* © prolifico Giovanni Battista Granata, maior rival de Corbetta na Itilia, viveu em. Bolonha entre 1640 e 1684, Publicou ali, em 1646, Capricct armonict sopra la chitarrigha spagnuola, em 1650, Nuove Suonate di chitarriglia spagnuola piccicate, e battute...opera seconda, em 1651, Nuova Scielta di capricci armonici e suonate musicale in vari toni opera ierza, em 1659, Soavit concent di sonate musicali per chitarra spagnuola, opera quaria, © em 1674, Novi caprice’ armonici musicali...opera quinta, onde encontramos trios para guitarra, violino e viola da gamba, Em 1680, Nuoti Sovavi concenti...et altre...a due violin basso...opera sesta, ¢ finalmente, em 1684, Armonicé toni..op. 7, a qual con- tém trios para guitarra, violino € viola da gamba. © mais conhecido entre os violonistas modemos € Ludovico Roncalli, que em 1692 publicou 0 famoso Capricct armonici sopra la chitarra spagnola A lista de compositores pertencentes a esta escola de gui rentaria consideravelmente se citéssemos todos aqui. No entanto, vamos citar mais alguns nomes intes Como: Giulio Banfi, Francesco Cortandoli, Francesco Asioli, Domenico Pelle- sini, Agostino Trombetti € muitos outros. Os dads biogrificos destes ¢ ow tros Compositores sto praticamente dlesconhecidos. AS obras € autores citados acima formam a base de u pos na Ika, € a maior de sua Epo istas_ aul atividades de todos os t guitare A ESCOLA FRANCESA" COMO VIMOS ANTERIORMENTE, foi na Franga que a guitarra de quatro ordens recebeu a maior atengdo durante o século XVI. Neste contexto, em que a guitarra de cinco ordens ndo tinha alcangado sua maior popularidade entre os franceses, a figura de Luis de Brigeno tem uma importancia especial. © seu Metodo mui facilissimo para apren- der taner la guitarra a lo espariol, de 1626, foi a forg impulsionadora para a criagao de um mafor interesse pela guitarra de cinco ordens, tendo como resultado a grande popu- laridade atingida por este instrumento durante a segunda metade do século XVII € inicio do século XVII Durante a dé la de 1650, Francisco Corbetta fez sua primeira aparig2o na corte francesa em Paris, © certamente deixou uma impressio excelente entre seus colegas 37 coerce misicos. Quando, na década de 1670, Corbetta retornou a Franga, entrou ali uma ver- dadeira escola francesa de guitaristas, que havia se desenvolvido durante sua auséncia. Quando Corbetta morreu em Paris, Robert de Visée (c. 1660 - c. 1724), seu mais famoso discipulo, sucedeu-o na posi¢io de guitarrista da corte de Luis XIV. Em 1719, Visée sucede a L. Jourdan de la Salle como professor de guitarra do Rei, € neste posto foi substituido por seu filho Francois, em 1721. (Os dois livros de Visée foram publicados em 1682 € 1686. O primeiro, Livre de Guitare dédié au Roy, contém cito suites € uma chaconne, sendo que a tiltima suite re- quer 0 uso de um accord noureats, uma scordatura na guitarra © Livre de piéces pour la guitarre de 1686, contém quatro suites € cinco pegas avulsas. Além destes dois livros, Visée publicou ainda Pieces de théorbe et de luth mises en partition, dessus et basses (1716), em Paris. Um fato curioso € a citagao de um suposto 3° Livre de pieces pour la guitarre (1689) por Fétis, mas a sua existéncia é questiondvel.'? ‘A misica de Visée € das mais sofisticadas ¢ refinadas de seu tempo. Uma época em que a elegincia ¢ sofisticagao fazem parte do estilo. Uma das obras que melhor ex- emplifica seu estilo é 0 Tombeau de M. Francisque Corbett, em homenagem ao seu mes tre Outro discipulo de Corbetta foi Remy Médard, que cultivou um estilo semelhan- te ao de Visée em seu livro Piéces de Guitarre (1676). Neste Livro, dedicado a Marquesa de Monferer, que também era guitarrista, encontramos obras do proprio Médard, crigoes de obras de Lully € um air de Charpentier. Francois Campion (c.1680 - 1748) foi teorbista da Opera de Paris entre 1703 n seu livro Nouvelles Découvertes sur la Guitarre, de 1705, Campion se distancia sores, apresentando passagens em fugato € colo- ¢ a meio caminho entre 0 estilo de Corbetta e de Visée e dos alaudistas da época. Outras obras de interesse desta escola sto as duas suftes para guitarra, de Francois Martin, contidas no Pidces de guitairre @ battre et a pinser (1663), publi Paris, Henri Grénerin publicou 0 Livre de guitare et autres piéces de musique (1680) em Paris. Nicolas Derosier € 0 autor das seguintes obras: Douze ouvertures pour la guitare op.5 (1688), Les Principes de la guitarre (1690 € 1696) Nouveaux principes pour la gui- tarre (1699). Além destes autores, é importante mencionar a grande colecao de Francois Le Cocq, Recueil des pieces de guitarre, data de 1729 e publicada em Bruxelas. Este livro presenta pegas de Le Cocq € de outros autores do século anterior, como Derosier, Cor betta, Visée, Sanz e Granata. 1719. do estilo cultivado por seus ante: candos 38 A "ESCOLA ESPANHOLA" A PUBLICAGAO DE MUSICA para a guitarra de cinco ordens na Espanha inicia~ se com a edigao do método de Juan Carlos Amat em 1596 € termina com a reedicao da mesma obra ¢. 1780. No método de Amat encontramos instrugdes bastante precisas para da criagao do sistema catalao de tablatura, que é uma variacae do. mais usado sistema “alfabeto", sendo que a diferenga consiste no uso de nimeros para codificagao dos agordes, em vez de letras do sistema italiano. da edicao original da obra de Amat é confusa, Da primeira edi 1596, mao existe cépia sobrevivente, Somente das edigdes de 1626, 1627 € 1639 temos afinar « guitarra, alé certo método anos de idade, O livro de Andrés de Sotos, de 1764, acontecendo com o livro de Pablo Minguet y Yrol, Reglas y advertencias generales (c.1752 e 1774), uma colegio de varies métodos para varios instrumentos, sendo o método de guitarra baseado nos livros de Amat ¢ Gi Nicolas Doizi de Velasco, portugués de origem, esteve a servico do Vice-Rei de Napoles, Ramiro Felipe Niinez de Guzmin, Duane de Medina de las Tones, passando para o servico de Felipe IV aproximadamente em 1641, como misico na corte de Portu- gal. Seu método Nuevo modo de cifra para taner la guitarra con variedad y perfection C1640 © 1645) & na realidade o primeiro método de instrugto para guitarra que aborda detalhadamente e de maneira ampla assuntos como teoria, intabulacao e afinacae. Gaspa Calanda em 1640 e morreu em Madri em 1710. Viajou a Napoles onde foi organista da capela real, depois a Roma onde iniciou seus estudos de guitarra com Lelio Colista ¢ estudou as obras dle Foscarini, Pellegrini, Granata € Corbett Depois de seu regresso a Espanha, Sanz publicou seu método Jnstruccion de musica sobre la guitarra espariola, em 1674, que teve varias reedigoes em 1675 € 1697. No prologo do Insinuccion, Sanz critica a falta de edicdes espanholas para a guitarra, © mesmo fazendo em relacao aos métodos de Foscarini € Corbetta, nos quais encontra um: certa deficiéncia no que diz respeito as regras e instrugoes para se tocar a guitarra. Ainda no prologo, Sanz escreve que tinha intengae de publicar outras obras pa um tratado © prologo guitarra, Estas tratam de questoes relativas a encordoa € de ornament € trinados. Sanz declica pouco espaco ao siste seguido de det mento, tablatura, sistema como mordent 40 fa te s c s fabeto" ¢ usa-o pouco em suas obras. Na maioria das presentes no Instruccion, utiliza 0 estilo pun teado, notando todas as cifras individualmente A miisica presente no Iustruccion & ba seada na miisica popular espanhola da época, tendd desta maneira uma importincia consi- derivel para os estudiosos do folclore espanhol s as dangas de carter popular presentes nesta obra: canarios, jacaras, zarabandas, espariolelas, nujeros e variagoes sobre pasacalles Hoje em dia, estas pequenas pecas vém sofrendo as mais e irdias transcrigoes para o violiio modemo, contribuindo desta maneira par falsa e errénea idéia da mvisica de S: lizmente, reedigoes fac-simile dos origit facilmente disponiveis, a fim de corrigir este erro Wo comum para com a musica dessa época. © tratado de Dom Lucas Ruiz de Ribayaz, Luz y norte musical, foi publicado em 1677, € contém muita informacao sobre a. gui lara, sua técnica © omamentaco, juntamente com uma dtima colegio de misicas de cunho Popular que seguem o exemplo de Sanz A Gltima obra publicada no século XVI na Espanha & 0 Poema Harmonico de Francisco Guerau, datado de 1694 e publicado em Madri. A misica de Guerau foi escrita originalmente para uma guitarra utilizando bourdons na quinta quarta ordens (Fig. 2). As dangas presentes no livro de Guerau seguem 0 exemplo das obras de Sanz: temas de carter popular seguidas de elaboradas variagdes. © Poema Harmonico & um dos raros livros do século XVII que nao utiliza o sistema “alfabeto, sendo notado inteiramente em estilo purtteado, O livro de Santiago de Murcia, Resumen de acompanar la parte con la guitarra (1714) & considerado hoje como o tltimo tratado para guitarra de cinco ordens. As obras contidas neste uma wz. Fe Adviertale, quel formar los puntos en faguirarra, fe han de pifar las cuerdascon las punta sde los dedos,ponientola mano arqueada, ynofe hade pilar enlos traftes, Pagina de explicagdes do Tratado de Lucas Ruiz de Ribayaz, Lez) Norte Musical, Madsid, 1677. Fig. 2 livro mostram uma grande influéncia da “escola francesa", sendo agrupadas em suites que consistem de prekidio, allemand, courant, sarabande, gigue, gavotte © outras dangas. ‘TABLATURAS SOMO FOI VISTO NO CAPITULO DEDICADO 2 vibuela e aos vihuelistas, © uso da tablatura era o meio de nolagio grifica da misica mais utilizado no século XVI; o ‘onteceu com a miisica escrita nos séculos XVII € XVII para a guitarra. Assim. a, francesa € o sistema “alfabeto" mesmo temos, basic amente, ts tipos de tablatura TABLATURA ITALIANA A MAIOR PARTE DA MUSICA PUBLICADA na Italia e na Espanha utilizou-se do sistema italiano de tablatura. Este sistema consiste em um pentagrama com cada linha representando uma das cinco ordens do instrumento, sendo a primeira ordem a linha in- ferior € a quinta a linha superior (para a guitarra de quatro ordens utilizava-se as quatro primeiras linhas). Os nimeros postos sobre as linhas inclicam o traste a ser usado, Assim temos: 0 = corda solta, 1 = primeiro traste, 2 = segundo traste e assim por diante. Para o décimo, décimo primeiro e décimo segundo trastes, sto usados X, ii € 12 respecti: do ud 3 SSS SS SSeS = Notagao em tablatura italiana Notagio modema 0 ritmos sao notados acima do pentagrama € da cifra (néimero) apropriada. O ritmo notado permanece vilide até que um novo aparega. A duragio de cada nota de- pende das possibilidades técnicas do instrumento. 42 TABLATURA FRANCESA ‘TE SISTEMA DE TABLATURA difere do sistema Ao clas cordas: a primeira corda é a linha superior, enq) €alinha inferior, Também difere ao s, em vez, dos nimeros do sistema italiano, para a indieagac do waste a ser usado. Assi temos: a = corda solta, b= primeiro traste, c= segundo, traste etc. E importante notar que a seqiiéncia das letras & a seguinte: a, b, ¢, d, ef, 8,1, k, I, etc, Oj mao aclo, pois nao existia na Epoca. Os ritmos também sao notados acima das cifras, € tém a mesma validade. No entanto, existe uma certa dif enga na maneira de notagao do ritmo, sendo estes os signos usados: \=d peg ped bed senta com tablatura frances Notagio mocema As informagoes ac ‘© suficientes para a leitura de tablatura em estilo pra teado, tas € evidente que as tablaturas do barroco requerem um certo conhecimento dos ornamentos utilizados na época O SISTEMA 'ALFABETO" SISTEMA DE TABLATURA DENOMINADO ALFABETO apareceu pela primeira vez no livro de Girolamo Montesardo, Nuova inventione dintavolatura per sonare li bal lett sopra la cbitarra spagnuola, de 1606, O sistema consiste ern determi- nada letra do alfabeto a um certo acorde na guitarra. A maioria dos acordes envolven as B so tocadas com uma cera variedade. Grafi- cinco cordas do camente o sistema € 0 seguinte: strumento, as qi + A B C D E F GH IK LM N E necessirio ob: em al guns livros que no siste lo, um niimero, que colocado ao lado di feito. Por exemple: G3 GS H3 HS M3 MS N3 NS At Bt C+ D+ E+ Ft Gt Ht It K+ Lt M+ Nt P+ oz "all hor hor ec not de ob: At BY ct D* E* F* G* H* I L* N® of pe Calvi introduzides no sistema, como € 0 caso do Arini € © "alfabeto falso" de C © ritmo deste sistema era notado com pequenas linhas ve em uma linha horizontal, Assim, quando encontramos uma pequena linha vertical abaixo de uma linha horizontal, | significa que o acorde devera ser pulsado da quinta para a primeira order € © contrario, significa 0 movimento oposto L . Freqiientemente, os valores ritmicos so notados acima da linha horizontal, que é dividida em compassos. Exemplo da tablatura de “alfabeto” J do datad Oren pe Alguinas vezes, a representagao de peg ‘alfabeto" & incompleta, nao apresentando ritmo e divisto dos compasses. Como uma ajuda pat obras, Johannes Wolf idealizou a seguinte tabela: '7 aleclaalmlpgiee epee) tote a aan nae me aot =) ND tat -d A HLA AAA Tempo binirio transcrever estas sa S seabr Pe A Torr n T heabers} te ' Pan *y = iy saa 040 Uo cello “alfabeto” de Gaspar Sanz, n.. Saragossa 1674 Exemplos de poss Tnsiruc 46 Te tt. AD weeds aay aoe Tempo Teririo As variantes do sistema “alfabeto" criadas por Amat € Brigento nao serio anali- sadas aqui, pois diferem somente no uso de nimeros em vez de letras para a identi cacao dos acordes. ‘TABLATURAS MISTAS © USO DE TABLATURAS MISTAS esti presente em boa parte do repertério para @ guitarra de cinco ordens. Estas tablaturas consistem no uso conjunto do sistema italiano ou francés com a utilizagao de simbolos do sistema "alfabeto", que substituem as cifras dos acordes. As marcagdes para a directo do arpejo dos acordes sito encontradas dire. tamente abaixo do simbolo do “alfabeto" ou logo depois dele, sendo o ritmo notado da maneira usual (veja a pagina seguinte, exemplo de Francesco Coriandoli) Em algumas tablaturas francesas, como as de Corbetta e de Vise, os valores rit- micos sto notados dentro do pentagrama, tendo desta maneira a fungao dupla de indicar © ritmo € a direcao em que o acorde deveri ser pulsado. Neste caso, se a haste do ritmo estiver para baixo (P) 0 acorde deverd ser pulsado na direg2o da quinta para a primeira ordem, ¢ se estiver com a haste para cima (d) deveri ter a direcao oposta (veja exemplo de tablatura de Robert de Visée), “4 al aos Lay nn Todd ho ann el ‘Tempo Temério As variantes do sistema “alfabeto" criadas por Amat € Brigefio nao serio anali- sadas aqui, pois diferem somente no uso de nimeros em vez de letras para a identifi- cagio dos acordes. ‘TABLATURAS MISTAS © USO DE TABLATURAS MISTAS esta presente em boa parte do repert6rio para a guitarra de cinco ordens, Estas tablaturas consistem no uso conjunto do sistema italiano ou francés com a utilizagao de simbolos do sistem "que substituem as cifras dos acordes. As marcacdes para a directo do arpejo dos acordes sito encontradas dire- tamente abaixo do simbolo do “alfabeto" ou logo depois dele, sendo o ritmo notado da maneira usual (veja a pagina seguinte, exemplo de Francesco Coriandoli) Em algumas tablaturas francesas, como as de Corbetta ¢ de Visée, os valores rit- micos sao notados dentro do pentagrama, tendo desta maneira a fungao dupla de indicar © ritmo € a diregto em que o acorde deveri ser pulsado. Neste caso, se a haste do ritmo estiver para baixo (F) 0 acorde deverd ser pulsado na diregao da quinta para a primeira ordem, € se estiver com a haste para cima (4) deverd ter a direcao oposta (veja ‘exemplo de tablatura de Robert de Visée) rt yy St. Fen eee alae = —¢————— 1, $$$ SF ge —= ‘Tablan pra la Chitarra Spagnuola 0. tara mista. Srabat NOTAS | BERMUDO, f. xxvut J TYLER, James. pp. 45 « 36 A{GRUNFELD, Frederic, The Art and Times ofthe Guitar, An Mh History. New Yorks Da capo Press, 1969. p. 98 SGRUNFELD, p. 102. J SANZ, Gaspar. Insruccion de musica sobre la guitara espartola, Eig facie Zaragoza: Insti- tucion "Fernando EI Catolico’, 1979. VL “TURNBULL, Harvey. La chitara dal Rinascimento ai nostri gion. Silane Edicion Cac, 1976. pp. dew. {Confira afinacao de Cerreto no capitulo anterior, STYLER p. 38, ° SANZ, p. 61 “TYLER, p. 43. 1" CORBETTA, Francesco. La Guitare Royale Paris: 1671. Faigdo facsimile. Genéve Minkoff Reprint, GRUNFELD, p. 115, US TVLER, p. 45. ISLAROUSSE, v. 1, P80. STRIZICH, Robe. Robert de Vise, Oewnes completes pour guitar, Pars: Heugel & Cie, 1969. p. Tr PRAT, Domingo. Diccionario de Guitarists. Buenos Aires: Romero y Femander, 1954, pe, "TYLER, p. 70. A TRANSICAO PARA O NOVO ESTILO A TRANSIGAO MUSICAL para 08 novos estilos, como 0 rococé € 0 ckissico, oca- Stonou mudangas fundamentais na guitarra barroca. Estes estilos com acordes tate conaises, modulagdes mais eficientes e precisas, regularizacao de frases e uma esintucs ‘onal clara, fizeram com que a guitarra barroca se tomasse um instrumento com anna uh Macto mais definica. Aproximadamente em 1750, a guitarra de cinco ordens sofres awa udanga radical, tomando-se um instrumento com bourdons nas quarta e quinta ordens, com a adicao, mais tarde, de uma sexta corda ou ordem. pone cvidéncia deste fato temos o grande niimero de livros pam guitana de @ Procedimento de usar bourdons tomou-se tao comum que em certo ponte ox guitarris- Feesyancs da época comecaram a se veferir A chitarna francess exn vee de Binary spagnuola como era de costume. Entre os autores que publicaram obras estao: {uchel Correte (1709-1795) Les dons Apollon. Méthode pour apprendre la gut. (ite 1763). Antoine Bailleux (1720-1798) Méthode de guitarre par ‘musique et tablavure (1775) A. M. Lemoine (1753-1817) Nouvelle méthode courte et facile ‘pour la guitarre & Tusage des commengant (1790). L. Guichard (1745-1807) La githarre rendu et facile sans Te secours de Vart (1795). Guillaume Gatayes (1774-1846) Nowvelle méthode raisonnée de Ja guitarre ou lyre (c. 1798). Ainda ha o caso da obra do portugués Manuel da Paixao Ribeiro Nova Arte de Viola (1789). Nesta obra, Ribeiro utiliza cordas triplas nas quarta e quinta ordens, ¢ du- plas nas restantes. (Fig. 1) Em 1780, Antonio Ballesteros, publicou o primeiro método para a guitarra de seis ordens. Este método, Obra para guitarra de seis ordenes, constava, segundo Do- mingo Prat, de trés pecas € quatro minuetos.' No seu método, Ballesteros requer 0 uso de cordas duplas. (Fig. 2) & SS ies = 4 Fig. 1 Fig. 2 A partir desta data, 0 ntimero de métodos € misica para a guitarra de seis or dens é sempre maior, especialmente na Espanha, Seguem-se ao método de Ballesteros, 08 tratados do italiano Federico Moretti (¢. 1765-1838), Principios para tocar la guitarra de sets ordenes (1792), Elementos generales de la Musica (1799) € uma reedicao do Prin- cipios (1799). Novamente citamos Prat, que no seu Diccionario traz uma curiosa pas- sagem do método de Moretti Embora eu use a guitarra de sete ordens simples, me pareceu mais oportuno adaptar estes Principios para a de seis ordens, por ser a que geralmente se toca na Espanha. Esta mesma razio me obrigou a imprimi-los em italiano no ano de 1792, adaptados & guitarra de cinco ordens, pois, naquele tempo, a de seis nem era conhecida na Italia? Por esta citagao de Moretti, vemos que ja em 1792 a guitarra de seis cordas du plas estava em uso na Espanha: Os métodos de Moretti sto de indiscutivel valor pedagégico, tanto que Fer- ames mais tarde, tomaria por base este método para seu valioso trabalho Sor refere-se aos acompanhamentos de Moretti nos seguintes termos nando $ didatico. Fu ouvi um de seus acompanhamentos executado por un de seus amigos, e a Prpuressio do baixo ¢ as partes da harmonia que distingui me deram urns Gilma impressio do que seu mérito. Eu o considerel a luz que iluminarh ne Passos perdidos dos guitarristas, ° © anttodo de Fernando Ferandire, Ane de tocar la guttarra espariola por Imisica (1799), foi 0 prielro tratado a ensinar o guitarista a ler tnsien ne pentagran em ez de ensinarhe a tablatura, Segundo Ferandiére, algumas das w intagens deste método slo: "A guitarra pode tocar com outros instrumentos da orquestra € pode facil. dade eat outros instrumentos, como flautas, trompetes, ou obvés, € term Possibili- dade de acompanhar 0 canto como se fosse ‘u Pianoforte."" A guitarra descrita no inétodo de Ferandigre era um instrumento com dezessete trastes Cena ordens, sendo Cinco cordas duplas e a primeira simples: ee w 0 ' CulrOS autores © métodos surgiram nesta época nia Espanha, entre eles citare- imos do portugués Antonio Abreu, Escuela para tocar con perfeccion la guitarra de cinco ponte prtenes (1799), e de Juan Manuel Garcia Rubio, Arte, replas armériens para apre- bender a templar y puntear la guitarra espanola de seis ondenec 1799). A discussio sobre quem e quando se fez a adigio da sexta corda, ¢ quando as cordas se tomaram simples, é longa e incerta Como vimos, ja em 1792, data da primeira edigao do Principios de Moreui, a guia de seis ordens era usada. Apesar de no especificar se eram corclaa simples ou cuplas, Moretti, no relato citado acima, faz. uma alusao ao uso de wna guitarra de sete cordas simples. Na Alemanha, o luthier Jacob August Otto fez uma reivindicacao a respeito do aerdscimo da sexta corda, conforme a seguinte passagem do livve det J. Bone, Guitar and Mandolin: ‘Tendo a Duquesa de Weimar introduzido a guitarra em Weimar em 1788, eu 53 fui imediatamente obrigado a fazer cépias daquele instrumento para muitos nobres, e estas logo se tornaram conhecidas em Leipzig, Dresden e Berlin, © a demanda por elas foi tao grande, que, por dezesseis anos, eu tive m comencas do que pude executar. Eu devo fazer a observagio de que oti nariamente a guitarra tinha cinco cordas. O falecido Herr Naumann, mestre da ‘capela de Dresclen, encomendou a primeira guitarra com a sexta corda, MI, a qual eu fiz. Desde entio, o instrumento tem sempre sido feito. com seis cor das, e este melhoramento deve ser agradecido a Herr Naumann.” Esta citagao nos confirma mais uma vez a fase de transicto do instrumento de cinco ordens para um de seis. No entanto, apesar de confirmar a presenga da guitarra na Alemanha, € pouco provivel que Naumann tenha sido o responsivel pela adicao da sexta corda, uma vez que estudou musica na Itilia, ¢ provavelmente trouxe consigo varias guitarras italianas € espanholas. Segundo Pujol, o Padre Basilio (Miguel Garcia), em meados do usava uma guitarra de sete cordas simples, afinadas da seguinte mane’ éculo XVII, ja fa cv) VC © Padre ido um dos precursores no uso de cordas simples na guitarra, teve on +r 0 iniciador de um dos maiores guitarristas do perfodo classico, Dionisio Aguado, ¢ ter influenciado Luigi Boccherini (1743-1805) a escrever doze quintetos para dois violinos, guitarra, viola e violoncelo. Mais especificamente, Boc- cherini faz uma observacao a respeito do fandango do Quinteto Op. 40, n® 2, escrevendo "Quintettino imitando il fandango che suona sulla chitarra il Padre Basilio’.” De acordo com Frederic Grunfeld,® esta foi a primeira obra cameristica importante que utilizou a guitarra e composta por um compositor no renomado € nao guitarrista. E importante termos em conta que a mudanga do sistema de notagao da musica escrita para a guitarra de tablatura para notagio moderma, iniciada por Ferandiére, foi um passo decisive que ampliou as possibilidades de outros compositores nao guitarristas escreverem para a gui tara e/ou incluirem este instrumento em obras de musica de cimara. Ainda a este re peito, é interessante observar que 0 uso da clave de sol para a notagiio musical de um instrumento de registro grave, como € 0 violao modemo, remonta a guitarra na sua época renascentista e barroca, em que © instrumento tinha um registro médio para agudo (chitarrino), sendo esta heranga preservada até hoje em dia ém de ter 54 t A EVOLUCAO DO INSTRUMENTO ALGUNS DOS INSTRUMENTOS sobreviventes desta fase de transigao so as gui- tarras do luthier espanhol Josef Benedid (1800) € do italiano Giovanni Battista Frabbrica- tore (1798). Ambas foram minuciosamente descritas por Harvey Turnbull: © tampo harménico da Benedid se estende sobre brago que tem somente onze trastes. Os aros superior ¢ inferior medem respectivamente 21,5 cm. € 28,7 cm,, ligeiramente maior que a maioria das guitarras de cinco ordens, a profundidade da caixa de ressondincia, 9,7 € 10,5 cm, € muito semelhante Aquela dos instrumentos modernos mas nao 6 tipica das guitarras do inicio do século XIX. Ainda podemos acrescentar, a respeito deste instrumento, a presenca de doze cravelhas, 0 que denota o uso de seis cordas duplas, e a parte posterior do instrumento, constando de seis tiras de madeira clara, divididas em tés partes iguais. Na parte inferior do tampo harménico, encontra-se uma armagio que pode ser considerada como precur- sora do leque de Torres, ¢ ainda, acima da roseta do instrumento, uma pequena arma em forma de estrela. Estes melhoramentos provavelmente visavam uma melhor sonori- dade do instrumento, A guitarra de Fabricatore é descrita como segue: E interessante observar que os trastes nas posigdes mais agudas do instru: ‘mento diminuem de tamanho & medida que se aproximam cia roseta, porque este era o costume com os trastes que estavam sobre 0 tampo harménico do instrumento de cinco ordens. (..) Uma influéncia das guitarras antigas seve ra posigio baixa da ponte (que permite um comprimento de corda dle 64 em.) € na decoragio das extremidades da ponte. (..) Este instrumento tem uma ccaixa de ressoniincia mais estreita que a guitarra de Benedidl (somente 6,5 a8 ‘om,) mas € semelhante na largura do aro superior e inferior. |” Outro fato importante € a presenga de apenas seis cravelhas, as quais denotam © uso de seis cordas simples nesta guitarra. Um outro instrumento, construido por José Pages (datado de 1798) ¢ atualmente no Victoria and Albert Museum de Londres, apresenta, segundo Tumbull, uma armagao 5 A guitarra de seis ordens de Josef Henedid 56 dei ma tan fan me de leque semelhante & da guitarra de Benedid. No entanto, em vez de duas tiras de ma- deira, a guitarra de Pages apresenta quatro, € acima da roseta também apresenta uma ar- magao em forma de estrela. '' Entre as outras guitarras de seis ordens do século XVIII, encontramos uma gui- tarra feita por Montron, na Franga, em 1785, "2 6 uma guitarra de Michel Ignatius Stadl- man de Viena, datada de 1787. ' Fernando Sor, em seu método para guitarra, cita varios construtores que fizeram fama durante © século XIX € que, segundo sua experiéncia de virtuose, construfam as melhores guitarras A maneira de construir 0 corpo do instrumento € praticamente bem entendida em todo lugar, ¢ a maforia das guitarras napolitanas, alemas e francesas so, este aspecto, muito pouco superiores 4s espanholas, No que diz respeito a qualidade da caixa (de ressonincia), as guitarras napolitanas em geral su- Peram, em minha opiniao, aquelas da Franca e Alemanha, mas este nao € 0 aso no presente momento, € se eu necessitar um instrumento, eo pro- curarei com o M. Joseph Martinez. de Malaga, ou com o M. Lacote, construtor francés e a tinica pessoa que, além de seus talentos, me proveu ser possuidor da qualidade de nao ser inflexivel ao bom senso. '* Sor ainda cita os construtores de sua preferéncia: "As guitarras as quais cu sem- pre dou preferéncia sto aquelas de Alonzo de Madr, Pages ¢ Benediz (Benedid) de Cadiz, Joseph e Manuel Martinez de Malaga, ou Rada, sucessor e discipulo deste thimo, e aquelas do M. Lacote de Paris’.'> Femando Sor também contribuiu para alguns me- Ihoramentos no instrumento, como no caso de um aperfeigoamento na ponte que, segundo Sor, "o senhor Panormo de Londres € o senhor Schroeder de Petersburgo" cons. trufram em algumas guitarras, sob sua supervisto. '° Uma das guitarras de Panormo: itada de 1833) apresenta um grande aperfeigoamento do leque. Neste instrumento, 0 leque € formado por sete tiras de madeira na parte interna do tampo, um aper- feicoamento do mesmo dispositive ja usado nas guitarras de Pages. Panormo foi o mais importante construtor de guitarras na Inglaterra do inicio do século XIX. 57 fr = Guitarra de Josef Pages Guitarra de Luis Panormo NO and. NOTAS * PRAT, p. 38, 2 PRAT, p. 216. 3 SOR, Femando. Metbod for the Spanish Guitar. Edigo fac-simile da impressio inglesa de 1896, New York: Da Capo Press, 1971 p. 6 * PERANDIERE, Fernando. Arte de tocar la guitarra espartola por musica. Madrid: 1799. Edigio fac- simile. London: Teca Editions, 1977. p. | S BONE, P. J, The Guitar and Mandolin. 2 edigio. London: Schott & CO. LIND, 1972. p. 257. © PUJOL, Emilio. Escuela Razonada de la Guitarra. 1° volume, Buenos Aires: Ricordi Americana, 1956. p, 36, 40 641, ” GERARD, Yves. Catalogue of the works of Luigi Boccherini. London: Oxford University Press, 1969. 387 Pees GRUNFELD, p. 136. ° TURNBULL, p. 54. © wid, p55. ” Wid. p55 * Colegio de Vladimir Bobri, cf. Guitar Review 35, p. 21 ° HECK, Thomas. The birth of the Classic Guitar and its cultivation in Vienna, Reflected in the career positions of Mauro Giuliani. Tese de doutorado, Yale University, 197. ps SOR, p. 9. ° Ibid. p. 9. "© Bid, p. 7. and co GUITARRISTAS E REPERTORIO DO CLASSICISMO ESPANHA ‘considerado como um dos maiores virtuoses da guitarra classica. Nascido em Ma” dri, em 1784, e falecido na mesma cidade em 1849, Aguado iniciou seus estudos com o Padre Basilio (Miguel Garcia).' Em 1803, herdou de seu pai uma pequena propriedade no povoado de Fuenlabrada, onde residiu durante a invasto napolednica a Fspanha. Ali, desenvolveu seus principios guitarristicos que foram apresentados ao puiblico no seu método traduzido para o francés por Francois de Fossa e publicado primeiramente em. Paris, em 1826, € depois reeditado por ele mesmo em Madr, em 1843. Sendo o mais completo método para guitarra do classicismo, considerado por muitos como atual hoje em dia, é de grande utilidade por apresentar explicagoes de cariter técnico e interpret tivo sobre 0s estudos do autor. E um método que ensina os principios teéricos e priticos do instrument = para Paris com 0 objetivo de co ‘Transferindo: nhecer © famoso guitarrista e seu compatriota Femando Sor ‘Aguado logo se faz. conhecido por seu virtuosismo ¢ inlet tuna grande amizade com Sor. Este dedicahe seu duo Les ‘Deux Amis op. 41 ¢ a 7° Fantasie et variations Brillants, op, 30, Jo, criow (© uso de unhas na mao direita, por AB 4 certa polémica junto a Sor, que se refere nos termos 2 técnica de Aguado: ra necessirio que a técnica de Aguado pos- suisse as excelentes qualidades que possui, 1 perdoarthe © uso de unhas, © ele mo teria renunciado ao seu uso Se m0 tivesse logrado tal grau de agilidade, e nem se ‘encontrasse nun tal ponto da vida em que € dificil lutar contra um habito adquirido por muito tempo. E mais tarde Sor escreve: E assim que ele ouviu algumas das minhas obras, logo as estudou e até pediv-me conse Thos sobre sua execuglo, mas eu era muito nitirme o direito de corrigit nda assitn jovem para per tum maestro de sua celebridade. ne a insinuar-lhe a inconveniéncia das Uinhas, especialmente em minha méisica entao concebida distintamente da miisica dos guitar fetas em geral. (..) Depois de muitos anos, thos reencontramos ¢ ele entio confessou-ine que, se fosse recomecar, © faria sem unas. © Aguado, foi ainda, 0 inventor do Iripodion, uma espécie de tripé em que o instrumento era apoindo, liber tando as maos para a execucao do instrum Dionisio Aguado, ltografia do seu Nuevo Método de Guitarra (4813), com sua invengio, © tripodion. Femando Sor (1778-1839). Mateo Careassi (1792-1853), Ferdinando Canulli (1770-1841) Fantasia egiaca op. 59, Sor recomenda 0 uso desta ‘excelente invengao" de seu amigo. Aproximadamente em. 1838-39, Aguado deixa Paris e retoma a Madri, onde reside Mé sua morte. Sua obra cal, destacando-se 0 ji mencionade Método para Trois Rondo Brillants op. 2, Le Menuet Affandangado op. 15 © Le Fandango Varié op. 16, obras que utilizam a tipica nhola diversa € de boa qualidade musi Guitarra, danga es Fernando José Macario Sor, nasceu em Barcelona a 14 de fevereiro de 1778, ¢ faleceu em Paris a 10 de julho de 1839, Sor teve su de Montserrat, nas cercanias de Bare ida no monastério formacao musical reali elona, onde estudou, sob a direcao do Padre Anselmo Viola, harmonia, con traponto, canto, orquestracao € composi¢ao. Saindo do monastério depois de cinco anos de es: tudos € com 17 anos de idade, Sor retomou a Barcelona retomou seus estudos de guitarra, sendo de época a in- fluéncia das composicoes de Moretti. Também deste periodo data a primeira pera escrita por ele, Telemaco en la Isla de Calipso, que teve sua primeira representagao em 25 de agosto de no Teatro Santa Creu de Barcelona, Con seguindo um grande sucesso de critica € piblico, Sor se tor Dbriclade ja aos 18 anos de iclade. Logo, Sor se vé em Madri, onde foi lev Jo A corte de Carlos IV pelo Duque de Miranda. A Duquesa de Alba, percebendo o talento do jovem compositor, logo o tomou mestre de sua capela particular € professor de guitarra de sua filha. Com o falecimento da Duquesa, em 1804, Sor se vé desprotegido € procura outro nobre para sua protecao. O Duque de Medinaceli cham -0 € © nomeia miisico de sua administrador de seus bens. Desta época, a produgao musical de Sor é composta de duas sinfonias, trés quartetos € slgumas Goes. Com a invasio francesa na Espanha, Sor € acusadc de simpatizante dos invasores e decide partir p fins de 1812. Chegando em Paris, dedica-se n mente As composicdes para a guitarra, sendo que as prim Paris em 2is profunda- Fis composi¢ées publicadas datam deste periodo. Depois de alguns anos em Paris, decide mudar-se para Londres. Em Londres, di numerosos recitais de guitarra, 63 oy sendo muito importante si apresentacao no Royal Philar a Socie ua composicdo Concer monic Concerts, além dos re y's Concerts € no Argyle Rooms, onde apresentou tante for the guitar with violin, viola and cello.* Uma citacao no livro de P. J. Bone confirma a excepcional execugao de gundo George Hogarth em suas memérias da Philar monic Society “ele surpreendeu a audiéncia com sua ¢ xecugao brilhante"." Som a apresentacao de seu ballet Cendrillon, Sor aa Paris. A ntagdes de seu ballet Alphonse et Leonore. Convi- parte fane retor de repr dado para apresentar-se na corte de Sao Peterbursgo, crescente dle guitarrista foi acrescida para a Russia, Ali, recebe a comissao de uma marcha bre pela ocasiao da morte de Alexandre I € compoe o ballet Hercules et Omphale para © coroamento de Nicolau, Retornando a Paris, tenta representar seu ballet Le Sicilien ou lamour peintre, sem sucesso, Viaja novamente Londres, onde permanece por um curto periodo, € neste espaco de tempo compoe o ballet Le dormeur Eveille © a Gpera La belle Arsene. Retornando definitivamente a Paris, nasce a ami zade ¢ a colaboragao com Aguado. Fernando Sor é geralmente lembrado nao por seus jperas, mas sim por sua inestimavel produgao gut s obi ballets tarristi de Sor para a guitarra incluem solos ¢ duos para duas guitarras e algumas _cancd acompanhamento de guitarra. Entre as obras para guitarra destacam-se intimeros estudos, obras diditicas © algumas qu ram verdadeiras pegas de concerto dos violonis tas modemos, varias fanta Introduction et variations sur un theme de Mozart op. 9 © Introduction et variations sur Malborough se’en va-ten ‘guerre op. 28. Entre suas melhores obras esto as sonatas opp. 15, 22 € 25, sobre as quais William Newman escrevew se torn iS € tema com variagdes, come © valor eriativo das sonatas part guitarra de Sor € alto. As idéias que surgem do instr mento, ainda que mio dependam dele, sio frescas ¢ atraentes. A harmonia € engenhosa ¢ 64 es Mauro Giliani (1781-1829) Giulio Regondi (1822-1872) Marco Aurélio Zani de Ferranti 1802-1878) Napoleon Coste (1805-1888) surpreendentemente variada com aucaciosas mudangas de tonali dade e com ricas modulacdes nas segbes de desenvolvimento. A texturt também é naturalmente de interesse com a melodia pas- sando ora da parte superior para © baixo ora para a parte inter- mediria, além de freqientes toques contrapontisticos. Entre as formas maiores, 0 primeiro. movimento allegro mostra uma flexibilidade consideravel na aplicacao da forma sonata, especial- mente no grande nimero de idéias introduzidas e recapituladas, No que conceme a este assunto, o estilo ainda vai ao encontro de Haydn e Boccherini, especialmente no Op. 22/1, 0 qual tem toda a claridade de sintaxe © acompanhamento encontrado em uma sinfonia ckissica, e 0 Op. 22/M1 e IV, que poderiam passar facil mente por um minueto © rondé de Haydn, O Op. 15 é em um movimento, com uma seco de desenvolvimento curta. mas tiva, tanto tonalmente quanto tematicamente. O Op. 22 em quatro. movimentos, répido-lento-moderato-ripide, 0 segundo sendo um expressivo aclagio. O Op.25 é em trés movimentos - um. Andante live © patético na menor, um Allegro em 6/8, um tema © variagdes que nos lembram dos problemas que su: Postamente os editores tiveram em vender a miisica de Sor para guitarra a amadores, sendo que grinde parte dela & escrita em ‘uma dificil extura de quatro vozes. Ainda fos duos para duas guitarras, como L'En- couragement op. 34, Les Deux Amis op. 41, Divertissement op. 38, Fantasia op. S4bis e Souvenir de Russie op. 63, sendo este © sltime niimero de opus de Sor. 0 Méthode pour la Guitare (Paris, 1830) € © mais completo tratado te6rico sobre o instrumento do século XIX, © uma ines- timivel fonte de informagdes sobre a misica para guitarra desta époc A obra de Femando Sor representa o auge da msica classica para a guitarra, s6 encontrando paralelo na do italiano Mauro Giuliani Francisco Trinidad Huerta (1804-1875) foi outro grande virtuose da guitarra no século XIX. Huerta desen volveu uma grande atividade como concertista na Europa e até nos Estados Unidos. Varios sao os r ‘obre suas ha- bilidades, como do grande escritor Victor Hugo A guitarra, este instrumento tio circunscrito, nao conhece limites nas suas maos. O senhor a faz. produzir todos os sons, todos os acordes, todos os can: tos. O senhor sabe tirar destas poucas cordas as notas mais variadas (...) A vossa guitarra € uma orquestea. Pouca coi restou da obra de Huerta, como a Overture to Semiramide e vi obras de cariter leve como valsas, divertimentos € mazurcas. Antonio Cano (1811-1897), assim como Huerta, distinguiu-se por sua habilidade a guitarra, Esteve associado a Aguado em 1847, sendo que recebeu grandes elogios deste Ailtimo no que diz respeito as suas qualidades de executantes. Cano € autor de um método para guitarra publicado em 1852, ampliado, em 1868, com um interessante Tratado de Armonia aplicado a este instrumento. ITALIA NA ITALIA, OCORREU um dos maiores movimentos guitarristicos do século XIX, registrando-se uma grande quantidade de guitarristas, virtuoses ¢ amadores. Muitos dos virtuoses italianos deixaram seu pais natal e se dirigiram para centros musicais maiores, como Paris e Viena Felipe Gragnani (1767-1812) foi um notavel guitarrista € compositor, cujas obras ainda hoje constam no repertério dos violonistas. Gragnani teve sua instrugao musical com Giulio Maria Luchesi ¢ desenvolveu uma carreira de concertista na Alemanha, Itilia € principalmente em Paris. Suas principais obras constam de virios duos para duas gui: larras, um quarteto para duas guitarras, violino e clarinete op. 9, um trio para trés guitar- ras op. 13, € varias obras para guitarra solo, como a Fantasia op. 15 e os Divertissements op. 11 Francisco Molino (1775-1847) foi compositor, guitarvista e violinista. A sua car- reira de virtuose desenvolveu-se na Italia, onde também foi diretor musical do Teatro de Turim, Visitou a Espanha, € radicou-se em Paris aproximadamente em 1820, onde per- maneceu como virtuose da guitarra € do violino até sua morte, em 1847. A obra de Molino consiste de um Nouvelle Méthode Complette por Guitare ou Lyre, um concerto para guitarra € orquestra, varias obras de miisica de cimara com guitarra € diversas pecas € estudos para guitarra solo. 66 gui cid est eA sta tos 20 lar Luigi Legnani (1790-1877) foi considerado como um dos maiores virtuoses da guitarra do século XIX. Desenvolveu uma carreira brilhante, se apresentando nas maiores cidades da Espanha, Alemanha, Franca ¢ Austria Aproximadamente em 1822, Legnani fez uma toumée a Alemanha € Austria, se estabelecendo por alguns meses em Viena. Em 1827, surge uma nova série de concertos, desta vez, segundo Fétis, com Paganini, Em Paris, erm 1829, Legnani tem contato com Sor € Aguado € em 1835-37 realiza nova tournée com Paganini A respeito de um concerto realizado em Barcelona, Legnani recebeu a seguinte critica publicada no Iberia Musical de Madi: Barcelona, 23 de maio de 1842, Na noite de ontem se apresentou no Teatro Principal desta cidade, o senhor Luis Legnani, guitarrista italiano de nome. To- cou uma fantasia solo e umas variagdes brilhantes com acompanhamento de lorquestra, ambas pecas de sua composigio. Este professor reine muita agili- dade na execugio, grande qualidade no som de seu instrumento € muito sen- timento no Cantabile. © senhor Legnani foi muito aplaudido € 0 que nos chamou a atengiio foi seu Adagio, tocado com muita exatidao e gosto, Legnani, quando em Viena, também colaborou com os construtores de guitarras Staufer € Ries, € em 1850 retornou A Itilia onde se dedicou a construgao de instrumen- tos.” A principal obra de Legnani sao os Caprice op. 20, obras de dificil execucao devido: a0 seu cardter virtuosistico. Além disso, compés a Fantasia op. 19, i terramoto con variazioni op. 1, € um étimo Metodo per impare a conoscere la musica e suonare la chi- tarra op. 250. Nicolo Paganini (1782-1840) € geralmente conhecido como violinista e virtuose daquele instrumento. Mas, durante certo periodo de sua vida, dedicou-se exclusivamente a0 estudo da guitarra, provavelmente influenciado por seu pai € por seu professor de violino, Alexandre Rolla, um eximio guitarista e violinista. A guitarra, para Paganini, foi mais do que moda passageira. Prova disso € grande ntimero de obras destinadas a gui- lara € a sua utilizaglo em obras de cimara. Entre estas, esto varias pequenas sonatas em um movimento, varios minuetos, além de duos para guitarra e violino € quarteto para violino, viola, cello e guitarra (© napolitano Ferdinando Carulli (1770-1841) iniciou-se primeiramente no violoncelo € depois na guitarra. Apesar de sua formagio autodidata, Carulli atingiu um nivel de virtuosidade que 0 colocou como um dos grandes guitarristas do século XIX. Em 1808, radicou-se definitivamente em Paris onde atingiu um enorme sucesso como guitar- rista € professor deste instrumento. Durante um periode de 12 anos, Carulli publicou cerca de 300 obras para guitarra e misica de cAmara com guitarra. Notivel € seu método, reeditado varias vezes até nossos dias. Carulli ainda € 0 autor de Lharmonte appliquée a Ja guitare (1825),"° um ratado sobre a forma de acompanhar 0 canto ou outro instru- mento, destinado ao guitarrista amador. tascido em Florenga, Mateo Carcassi (1792-1853) desenvolveu uma carreira mais ampla que Carulli, Empreendeu varias tourées entre a Franga, Alemanha, Inglaterra ¢ Italia, Radicando-se em Paris, Carcassi logo encontrou em seu compatriota Carulli um rival. Com um estilo mais modemo € mais virtuoso que Carulli, entao em decadéncia, logo se tomou o nome mais conhecido entre os guitarristas da capital francesa. Sua obra € numerosa, composta de varias pecas para guitarra solo, tais como: rondés, caprichos e fantasias. Destaca-se especialmente seus 25 Estudos Mel6dicas e Pro- gressivos op. 60, obra de grande valor pedagégico ainda hoje. A maior figura italiana da guitarra clissica € sem ciivida Mauro Giuliani, nascido em Bisceglie em 1781, '! pouco sabemos a respeito da sua vida até sua chegada em Vie- na em 1806, onde desenvolveu geande atividade musical e teve contato com os maiores compositores e instrumentistas da época. E sabido que, em 1808, Giuliani se apresentou para uma audiéneia que inclufa Beethoven, e em 1814 participou da formagao de uma ‘orquestra (provavelmente executando outro instrumento que nao a guitarra) para a e- xecugao de obras de Beethoven. * Também existem evidéncias do contato de Giuliani ‘com Schubert. Em 1861, Victor Ritter Umlauff von Frankwell cita que Schubert partici- pava de reunides na casa de Frau von André juntamente com Giuliani Ainda em 1815, participou dos Dukaten Concerte, formando trios com o pianista Hummel ¢ o violinista Mayseder, mais tarde Hummel foi substitufdo por Moscheles. De- pois de intensa atividade musical em Viena, parte em 1819, em diregaio a Veneza e sub- seqiiente toumée por Paris € algumas cidades da Alemanha. Esse projeto nao se realiza, Giuliani se dirige a Roma, onde as possibilidades de concertos seriam maiores. Ao fim de 1828 viaja a Napoles, onde reside até 1829, ano de seu falecimento, a 14 de maio. A obra de Giuliani consiste aproximadamente em 150 niimeros de opus. De toda esta produgio destacam-se a Sonata op. 15 € a Gran Sonata Heroica op. 150, a primeira em t€s movimentos muito bem construidos € equilibrados, ea segunda em um movimento de cariter virtuosfstico. Hi, ainda, a Gran Overture op. 61 © as 6 Rossinianas, além de varios temas com variagdes. Nas composigdes de miisica de cimara, € notivel a parceria de Giuliani com os virtuoses da época, tais como Mescheles, Mayseder e Hum- mel, Tais obras incluem varios duos € trios com guitarra, como € 0 caso do Grand Duo Concertante para piano € guitarra, composto juntamente com Moscheles € Der Abschied der Troubadours para voz, piano, violino € guitarra, composto com Moscheles € Mayseder. Também merecem destaque especial os trés concertos para guitarra € orques- tra opp. 30, 36 € 70. Giuliani ainda foi o inventor da ferz gitarre, uma guitarra afinada uma 3* acima da afinagao normal cor oF Ale Re sio: Re: BC duc cur, los fez uit grat a0 § Outras figuras importantes sto Giulio Regondi (1822-1872) e Marco Aurelio Zani de Ferranti (1802-1878). Regondi, considerado menino-prodigio, jf aos 8 anos de idade, recebia criticas como esta; "Tem pouco mais de 8 anos e toca a guitarra espanhola tao perfeitamente que © paiblico e os entendidos ficam maravilhados. Real mente impressiona sua grande habili- dade, em contraste com sua idade juvenil".!* Concertista de fama internacional, Regondi tocou na Inglaterra, Itilia, Austria e Alemanha. A sua obra para guitarra nao é grande, mas contém obras primorosas como a Réverie op. 19, Airwarié op. 21 ¢ a Introduction et Caprice op. 23 Zani de Ferranti também teve uma carreira de virtuose intemacional. Excur- sionou por toda a Europa e em 1827 foi apontado professor de guitarra no Conservatério Real de Bruxelas. Ferranti recebeu criticas elogiosas como: Nés temos ouvido este mui distinto artista muitas vezes, e em cada ocasito sua execucio foi tio brilhante © variada que ele nos revelou novas maravilhas to- talmente inesperadas. O que Paganini é para o violino, Thalberg para o piano, Servais para o cello, Godefried para a harpa, Ferranti o para a guitarra A obra deste notvel anista consiste de varias peas para guitarra solo, como os 8 Caprices op. 11, a Fantasie variée op. 1, 6 Nocturnes Bibliques op. 3, além de varios duos e trios para guitarras VIENA VIENA, ASSIM COMO AS MAIORES CAPITAIS européias, foi um centro pro- curado por muitos misicos. Com uma importancia fundamental para a miisica dos sécu- los XVIII e XIX, foi talvez o maior centro musical da época. A guitarra classica também se fez presente na cidade imperial. O ambiente foi propicio para a misica de camara, € a guitarra foi naturalmente incluida neste tipo de atividade musical Antes mesmo da chegada do virtuose italiano Mauro Giuliani, j existia uma grande atividade guitarristica em Viena. Muitas obras escritas nessa €poca destinavam-se a0 grande circulo de guitarristas amadores presentes em Viena. Ente os autores desta época destaca-se Leonhard von Call (1767-1815), um Prolifico compositor que deixou uma obra musical considervel, sendo esta composta na 69 el sua maioria por miisica de camara, quase sempre incluindo a guitarra. De facil execugao, a obra de von Call foi destinada ao grande circulo de guitarristas amadores da Viena da época. Destacam-se virios duos para violino € guitarra, duos € trios para guitarras € um. trio para soprano, tenor e baixo com guitarra € flauta, op. 136. Simon Molitor (1766-1848) também foi o autor de uma obra extensa ¢ dedicada tna sua quase totalidade aos guitarristas € mrisicos amadores de Viena, Em 1799, jun tamente com Klingenbrunner, Molitor fez uma compilagao de um método para guitarra Entre a sua grande e variada produgao destacam-se seus opp. 7, 10, 11 € 12 para guitarra € varios duos para violino € guitarra. "Wenceslau: Matiegka (1773-1830) natural de Chotzen, Bohemia, radicou-se em Viena aproximadamente em 1800, Tendo uma solida formagao musical, fol mestre de capela em St. Joseph e St. Leopold, em Viena. Considerado como um dos melhores gui- tarristas da sua época, Matiegka deixou-nos uma obra de boa qualidade musical. Entre as variagoes para guitarra destacam-se os opp. 5, 6, 10 € 15, € entre as sonatas os opp. 1, 2, © 31. Seu Notturno op. 21 para flauta, viola € guitarra foi arranjado por Franz Schubert fem um quarteto para flauta, viola, cello € guitarra, o qual € erroneamente considerado como uma obra original de Schubert. ‘Anton Diabelli (1781-1858) foi uma importante figura na vida musical de Viena. Teve um papel duplo no que diz. respeito & sua relagio com a guitarra, Primeiramente como guitarrista, compositor e professor deste instrumento, Tendo tido uma grande ativi- dade em Viena, Diabelli manteve contato com muitos dos grandes guitarristas da €poca, inclusive Giuliani, A sua obra para guitarra € numerosa: mtisica de cimara para guitarra € piano, trios para guitarra, violino e viola, um trio para guitarras ¢ as teés sonatas para gui- fara, consideradas entre as melhores obras do género no repertério violonistico atual Por outro lado, Diabelli foi um dos mais importantes editores de miisica na Vie~ nna dessa época. A firma Cappi & Diabelli, estabelecida em 1818, publicou no seu inicio as primeiras obras de Schubert, as primeiras, deste compositor, a serem impressas. Para ‘os guitarristas, fol especialmente importante a publicagao da antologia Philomele fiir die Gitarre, uma colegao de obras para guitarra que permaneceu popular por décadas ¢ que incluia varias cangdes de Schubert com acompanhamento de guitarra, provavelmente ar ranjaclos pelo proprio Diabelli, Como editor, Diabelli manteve contato com os grandes compositores da época, entre os quais encontravam-se Beethoven, Haydn e Schubert Johann Kaspar Mertz (1806-1856) foi um renomado virtuose da guitarra. Hiin- garo, estabeleceu-se em Viena aproximadamente em 1840. Alcangando ali um grande sucesso, logo realizou tournées pela Alemanha, incluindo Berlin, Dresden e Leipzig. A obra de Mertz para guitarra consta de numerosas pe¢as originais, entre as quais o Caprice ‘op. 50, Harmonie du Soir, Tarantelle © 3 Morceaux op. 65 (Fantasie Hongroise, Fantasie Oniginale e Le Gondolier), sendo que esta obra foi premiada em um concurso de com- Por guit alat seg ar obr obr este dA pec me: eq 182 mi. Sua me. | | } Posicto para guitarra organizado em 1856 pelo nobre russo Makaroff. Mertz faleceu antes de saber da sua premiacao neste concurso, ALEMANHA {NIO DO ALAUDE NA ALEMANHA, a guitarra tomou-se 0 mais popular entre os instrumentos dle cordas dedilhadas. Em conseqincia apareceram varios guitarristas atuando em diversas cidades da Alemanha Christian G. Scheidler (1752-1858) foi descrito pelo Dr. Zuth como © Gikimo dos alatidistas € © primeiro dos guitarristas alemaes.'” Joseph Kreutzer atuou na primeira metade do século XIX, mas pouca coisa sabemos a respeito de sua carreira, Suas obras seguiram a tendéncia da época e foram escritas para misicos amadores. Joseph Kiiffner 776-1856) foi um prolifico compositor. De sua obra restam algumas sinfonias e miisica de cdmara diversa. A guitarra foi seu instrumento predileto, tendo destinado a ela varias obras, entre as quais, trios para flauta, viola € guitarra € duos € trios para guitarras. Suas obras sto, no geral, de facil execugao, além de terem o cariter didatico. Heinrich Marschner (1796-1861) foi um importante compositor de 6peras que esteve ligado afetivamente a guitarra, Entre suas principais Operas estao Heinrich IV und a’Aubigné (1820) © Der Vampyr (1828). Marschner ocupa um importante espago entre Weber © Wagner na hist6ria da 6pera romantica alema. A sua produgio guitaristica é Pequena, incluindo obras como as 12 Bagatelles op. 4 ¢ viirlas cangdes com acompanha- mento de guitarra. Outro compositor de importincia fundamental para a pera romantica € que teve como seu instrumento predileto a guitarra foi Carl Maria Von Weber (1786- 1826). © autor do Der Freischiitz (1817-21) ocupa um lugar especial na histria da indsica alema, € € considerado o libertador das influéncias italianas na pera germinica Sua obra guitarristica € pequena mas significativa para o instrumento, incluindo o Diverti- ‘mento (1816), para guitarra € piano, € mais de 20 lieder com acompanhamento de gui- tarra FRANCA NA FRANGA, ESPECIALMENTE EM PARIS, guitarristas, discipulos dos espanhéis Femando ‘Aguado que ali viveram por muitos anos. ‘© mais importante guitarrista francés desta época foi Na poleon Coste (1805-1883). Discipulo de Sor, reira como concertista em 1825, € a publicagio de suas obras para guitarra em 1840, Em 1856, no concurso promovide por Makaroff em Bruxelas, Coste foi premiado em segundo lugar. Grande parte da obra deste guitarista e compositor fot composta para uma guitarra heptacorde, um instrumento com uma sétima corda adicional cuja invengao € atribuida ao proprio Coste, ‘A obra de Coste € grande ¢ variada, Sao 53 ntimeros de ‘opus em que sto encontradas obras para guitarra e mdsica de camara com guitarra. Notiveis silo os 25 Etudes de Genre op. 38, wurgiram novos jor € Dionisio sit co AA guitarra que pertenceu que rivalizam em qualidade com os estudos de Sor. La Chasse des » Paganini depois: 2 Splphes op. 29, La Source du Lyson op. 47 © Feuilles d’Automne op. 41, sao outras obras de qualidade excepcional. Coste foi ainda um dos primeiros guitarristas a reelaborar as obras de Robert de Visée para a guitarra clissica, que esto presentes no Le Livre d'or du (guilariste op. 52. Também é importante © método Coste-Sor, uma ampliagaio do método de Femando Sor, © qual foi acrescentado de estudos deste compositor além de outras obras. Frangois de Fossa, um guitarrista amador que chegou a ter certa fama na capital francesa, traduziu para o francés © método de Dionisio Aguado, publicado pela primeira vez em Paris, em 1826, ‘Aguado, em gratidao a Fossa, dedicou-lhe os seus Trois rondo bril- Jants op. 2. Segundo Aguado, Fossa foi o inventor dos harménicos attificiais, ou harménicos oitavados, permitindo desta maneira que todas as notas da guitarra tivessem a possibilidade de serem execu- tadas em harménicos. Poucas obras de Fossa chegaram a dias, entre elas os 3 Trios Concertants op. 18 para gu e cello © 0 Quartet op. 19, n®3_ para duas guitarras, violino e cello. © grande nome da misica francesa do século XIX é Hec: tor Berlioz (1803-1869) que, apesar de nunca ter escrito obras originais para guitarra, fez varios arranjos de cangdes com acom- panhamento deste instrumento. 2 Berlioz A guitarra de Carl Maria von Weber. qu tar fill Eu Ed Berlioz foi um amante da guitarra € de sua peculiar sonoridade, incluindo-a no seu Grand Traité d'instrumentation et d’orchestration modernes, onde escreveu: "E quase impossivel escrever bem para a guitarra sem sabé-la executar. A maior parte dos compo- sitores que a empregaram estao longe de conhecé-la, ¢ a razaio € porque escrevemn coisas com dificuldade excessiva sem uma boa sonoridade ¢ sem efeito." Depois de fazer uma pequena anilise das possibilidades técnicas do instru- mento, Berlioz cita, como os melhores guitarristas, Zani de Ferranti, Huerta e Sor, e ainda nos da algumas informagoes sobre o declinio do instrumento: Com a introducio do piano em toda casa onde existe um pouco de amor pela iisica, a guitarra torou-se pouco usada, exceto na Espanha e na Itdlia. Al guns executantes a cultivaram, e hoje a estudam como instrumento solista, al cangando efeitos nao menos originais que deliciosos. Os compositores nao a tem empregado, seja na igreja, no teatro ou em concertos. Sem diivida, a causa para tal € sua débil sonoridade, que nao permite uma combinagie com outros instrumentos nem com muitas vozes. No entanto, 0 seu cariter melan- Clio € meditativo poderia ser utilizado mais freqiientemente. !? limitadas possibilidades técnicas comentadas por Berlioz refletem a visto de Compositores nao guitarristas, e que empregaram o instrumento de maneira limitada e quase sempre amadoristicamente ores expoentes da gu tarra classica o polonés Felix Horetzki (1800-1871), Ferdinand Pelzer (1801-1860) € sua filha, Catherina Josepha, depois Madame Sydney Pratten (1821-1895), Q virtuose polonés Felix Horetki teve uma importante carreira internacional. Radicou-se em Viena, onde teve contato com Giuliani e Diabelli, fez tournées pela Europa, ¢ em 1820 visitou Londres ¢ se apresentou nas principais cidades inglesas, Em Edimburgo, onde se radicou até 1840, desenvolveu intensa atividade didatica. Depois deste periodo na Inglaterra, Horetzki retorna a sua patria. A sua produgao musical foi destinada na sua maioria aos guitarristas amadores da Inglaterra, destacando-se a Grand 3 Fantasia op. 14, a Serenade and Variations op. 12 € varias cangdes com acompanha- mento de guitarra Ferdinand Pelzer, um guitarrista alemao que em 1829 se radicou em Londres € desenvolveu intensa atividade didatica € concertistica naquela cidade, tornou-se uma im- portante figura no mundo guitarristico inglés. Apresentou-se com Moscheles ¢ o flautista Dressler. Ainda foi o autor de dois métodos para o instrumento: Instructions for the Spa- nish Guitar € Instructions for the guitar tuned in E major. 4 filha de Pelzer, Catherina Josepha, foi considerada um prodigio na guitarra. Sua atividade guitarristica foi conside- ravelmente importante na Inglaterra. Em 1829, executou duos com o entaio. menino- prodigio Giulio Regondi, Logo Madame Pratten se tornou a mais requisitada professora do instrumento na Inglaterra, ¢ publicou dois métodos: The Guitar Simplified, em duas partes ¢ destinado aos diletantes, e Instructions for the Guitar tuned in E major. Aatividade destas duas personalidades foi importante, sendo o inicio de um tra- balho que dari seus frutos no século XX, quando a Inglaterra adquire um papel funda- mental no mundo violonistico atual ‘Como vimos, a atividade guitarristica nos principais paises da Europa do século XIX foi bastante grande. O declinio do instrumento na segunda metade do século XIX, ‘em favor do piano, apontado por Berlioz, é grandemente exagerado hoje em dia. A in- tensa atividade ea grande produgio musical para a guitarra confirmam tal fato. © reper- 1Grio guitarristico do século XIX dependeu essencialmente dos virtuoses do instrumento para uma produgio musical de qualidade. Esta situagio mudara com o advento do violao modemo e com a cri culo XX, de um repert6rio composto em boa parte por obras de autores na 10 guitarristas, NOTAS 1 Brian Jeffery comenta a possibilidade de parentesco entre 0 Padre Basilio e Aguado. Cf. Introdugto 2. Variations onthe Fandango op. 6. London: Tec Elion, 1982 SOR. p17 5 ko que nos consta até o presente momento esta obra esti perdida. Citado por BONE, p. 337. * thi. p. 337. 5 NEWMAN, William S. The Sonata in the Classic Era. Chapel Hill; The University of North Carolina Press, 1963. p. 66, PRAT, p. 163 BONE, p 205 74 135, RC PRAT, p. 176-177. ° BONE, p. 206, © pRAT, p. 79. "HECK, Thomas. Mauro Giuliani, bith and death dates confirmed. Guitar Review 37, New York: Al- bert Augustine Li, 1972. p. 15. ‘TURNBULL, p. 72. "8 DEUSTCH, Oto. Scbubert, memoirs by bs friends. London: Adam & Black, 1958, © pRAT, p. 259. 'S BONE, p. 114 "© HOORICK, Fr. R. van. Schubert's Guitar Quartet, Reve Belge de Musicologie, XXX1, 197. p. = 135 ” BONE, p. 310. © BERLIOZ, Hector. Grand Traité d'insirementation et diorchestration modernes. Milano: G. Ricordi & Cs] p. 72. . tid, 75. O ADVENTO DO VIOLAO MODERNO O VIOLAO MODERNO, tal como © conhecemos hoje, € 0 resultado do trabalho de- | senvolvido no final do século XIX pelo luthier espanhol Antonio Torres Jurado (1817-1892) | Torres, marceneiro de profissio, teve seu aprendizado na construgio de violoes dirigido pelo também luthier espanhol Jose Peas, que tinha sua oficina na cidade de } Granada, onde Torres se estabeleceu depois de seu primeiro casamento. Por quanto tempo Torres permaneceu sob a supervisio de Pernas, nao € sabido. Ja eximio construtor, Torres muda-se para Sevilha, onde mantém contato com Julian Arcas (1832-1882), que teve consideravel influéncia sobre seu trabalho. Logo, reconhecido como um excelente construtor de violdes, Torres recebe en- comendas de intimeros paises, inclusive da América do Sul. A sua oficina passa a ser freqiientada por famosos violonistas que divulgam cada vez mais seus instrumentos, en- tre 05 quais se destacam Arcas € Tarrega, Apesar do sucesso como luthier, volta de 1870, retorna a sua cidade natal, Almeria, e dedica-se ao comércio. © grande mérito de Torres, fot o de desenvolver 0 violao a tal grau de per- Torres, por Visto da pate intema de um viokio Torres Violao construido por Antonio Torres (1883) eee eiste tae ca pare anal rumentos torn n-se exemplos para quase todos os construtores do agdes de Torres sito diversas. Entre elas esti o estabelecimento do com- primento da corda vibrante em 650 mm., © qual tornou-se padrao para todos os violoes Este comprimento de corda naturalmente levou Torres a modificar as proporgdes da caixa de ressoniincia ¢ do brago do instrumento, Outra inovagao atribuida a Torres € o uso da cravelha mecdnica, assegurando uma melhor afinagio do instrumento. Mas sem diivida, a grande inovacao destes instru mentos esti no tampo harménico. O uso do leque, um conjunto de tiras de madeira co- ladas na parte interior do tampo e que asseguram uma melhor distribuicto dos harménicos € um equilibrio sonoro maior, tomou-se a grinde inovagio no desen volvimento do instrumento. © Ieque usado por Torre central e trés em cada lado. Para demonstrar que o segredo do som de seus instrumentos. estava no tampo € no uso do leque, Torres construiu um violio com as laterais ¢ fundo de papier maché, conservando somente o tampo de madeira, O resultado foi excelente segundo relatos da época. Torres foi o primeiro de uma geragio de construtores espanhéis, que na s seus seguidores. Entre eles citamos a Vicente Arias (¢. 1845-1912). rique Garcia (1868-1922), Santos Hernandez (1873-195), incisco Simplicio (1874-1951) era composto de sete tiras de madeira, sendo uma maioria tornaram- Manuel Ramirez (1869-1920), E reso (1882-1937) © Fi 78 a res do ¥com- oldes ves da rando ico > dos tesen- > uma rentos fundo elente a sua 1912), 1951), Esquema do leque de Torres Leque usado por Robert Bouchet Mais recentemente, outros construtores se fizeram conhecidlos pela excelente qualidade de seus instrumentos, como também por alguns aperfeigoamentos das ino- vagoes dle Torres. Entre estes esti o francés Robert Bouchet, que desenvolveu um sistema de leque diferente do de Torres, € que obteve um 6timo resultado. Entre os construtores mais bem conceituados da atualidade, estao na Espanha: Paulino Bemabe, Manuel Contreras, Ignacio Fleta & Hijos, Antonio Marin Montero, Jose Ramirez ¢ Francisco Santiago Marin, Na Inglaterra estio: Paul Fischer, David Rubio ¢ Jose Romanillos. Na Franca; Daniel Friedrich ¢ Joel Laplane. Na Alemanha: Hermann Hauser (1882-1952). Nes Estados Unidos: John Gilbert ¢ Frank Haselbacher (1922-1990). No Japao: Masaru Kohno e no Brasil destacam-se os violoes de Sérgio Abreu. © desenvolvimento. na construc de violdes ocasionou um tltimo paso. na melhoria da qualidade do som produzido pelos violonistas. Trata-se da introdugao das cordas feitas de niilon, em 1946, Gracas 2 insisténcia dle Andres Segovia junto aos indus- triais du Pont € depois junto a Albert Augustine, temos hoje em dia cordas resistentes, sonoras © com boa afinacao, 0 que nao seria possivel com as cordas de tripa, até entao em uso. | © desenvolvimento do violao, desde © século XVI, quando era um instrumento Pequeno de quatro ordens, até o instrumento atual, levou quatro séculos. Uma evolugao lenta se comparada ao violino ou o piano, mas que resultou em um dos instrumentos apreciados nas salas de concerto hoje. FRANCISCO TARREGA E SUA ESCOLA FRANCISCO TARREGA EIXEA, nasceu em Villareal, em 1852 € faleceu em Barcelona em 1909. ‘Tarrega € reconhecidamente 0 criador da moderna escola de violto, Suas contribu ao desen es volvimento técnico € musical do intrumento so muitas e de importincia fundamental para o que fot chamado por muitos como o “renascimento do Segundo Pujol,? Tarrega teve sua formagao musical iniciada, primeiramente, com um violonista popular cego chamado "El ciego de la Marina"; mais tarde freqiientou os cursos de harmonia, com: posicto e piano no Conservatorio de Madri Julian Arcas (1832-1882) também teve uma importincia na forma a ligacao entre os dois rega encontrou Arcas em varias ocasioes, mas nao musical de Tarreg incerta, certo que tinha tido ligdes regularmente, O mais provavel € que tenha assimilado aspectos técnicos € musicals diversos, que contribuiram na sua for magao musical. Obtendo fama intemacional cedo, excursiona pela Espanha € pela Europa, apresen: tando-se em Londres ¢ P: Foi Térrega quem definiu méritos est a racionali nas partituras, O uso do toque de Francisco ‘Tire (1852-1909) bases de técnica modema do violio. Entre seus amente indicada > da digitacao de obras para violao, antes ra poio, em que o dedo da mao direita que pulsa 2 corda é apoiado na corda imediatamente superior, também foi sistematizado por ele. E esse tipo dle ataque, mas foi Tarrega que o aperfeigoou. Esta $ na posiclo da mao direita, © dedo abide que Arcas ja usa maneira de pulsar as cordas acarretou. mudan minimo deixou de ser apofado no tampo, como era de costume, € a mao direita passou a ser posicionada de forma livre e perpendicular as cordas. Esta atitude no posicionamento da mao direita também est4 relacionada a mais uma inovacao de Torres. A altura das cor- das no cavalete sofreu uma mudanga de 2 mm., como era comum na guitarra classica, para 6 a 7mm. no violao modemo. bém a posigaio do instrument em rekagao ao corpo do instrumentista foi a por Tires > adotada hoje em dia, em que o vi cionaliza A posicao padr 80 a m da apoiado sobre a pera es foi conseqiiéncia da introdugio € uso dos violdes de maior tamanho construfdos por Torres, O aumento nas dimensoes do intrumento perm: tiu que o violonista usasse esta posigio de maior conforto, o que nao era possivel com as pequenas guitarras clissicas A obra musical de Tare lente violonistica. Sdo obras que refletem a €poca em que foram compostas € mostram a influéncia da miisica de Chopin, Wagner € Verdi . Algumas destas obras tomaram-se clissices do repertério, como € © caso de Ca- Pricho Arabe, Danza Mora e Recuerdos de la Alhambra, o mais popular estudo de tre- molo da literatura violonistica ical de Térega suas Mazurkas ¢ em seus Prel iente os de niimero 1, 2, 3,4, 5 ¢ 7. Tam- bém sto importantes as transcrigoes de Térrega, entre as quais se encontram obras de Al béniz, Bach, Beethoven, Chopin, Mendelssohn, Mozart, Schubert ¢ Schuman, algumas destas obras tomaram-se muito executadas, como € 0 caso da Canzonetia de Men- delssohn. Ainda em certa ocasito, € relatado que Albéniz confessou preferir as trans- crigdes de Tarrega de suas obras do que as versdes originais para piano. A obra de € bem conhecida hoje em dia gracas ao trabalho de alguns de seus discipulos. Daniel Fortea (1878-1953) € Maria Rita Brondi (1889-1941) triunfaram como concertistas. Emilio Pujol (1886-1980), por sua vez, foi o responsavel pela divul- gagao de boa parte da obra de Térrega, O seu metodo Escuela Razonada de la Guitarra (1956), em 4 volumes, sistematizou a técnica de seu mestre. Pujol, também foi um imps tante musicdlogo. Foi o primeiro a difundir a obra dos vihuelis varias transcrigoes para violao, estudos © edigdes da escreveu artigos, livros € proferiu conferéncias sobre o violao ¢ sua historia. * Foi o autor de boas obras para violao, como 0 sto: Trois Morcearx Espagnols, Impromptu, Deuxiéme Triquilandia, entve outrs Miguel Llobet (1878-1938) foi o mais famoso e 0 preferido dos discipulos de Iniciou seus estudos de vioko com Magin Alegre € com a ic: onservatério Municipal de Misica de Barcelona uno de Tirrega. Em 1898, Llobet inicta sas atividacles de concer Circulo de amigos de Tirrega, €, em 1901, faz seu primeiro concerto ptiblico no Conser- vat6rio de Valencia, Seguen-se concertos em Madri (1902 © 1903), & em Paris (1904). Llobet fixa residéncia em Paris entre os anos de 1905 € 1910 © excursion: s da Europa. Em 1910, se apresenta em Buenos Aires, onde reside por alguns anos. Dali, parte Para toumée pelo Brasil e América Central. Em 1912, faz seu primeiro concerto nos Estados Unidos € retora a Buenos Aires quando do inicio da 1 Guerra Mundial. Ne €poca, Maria Luisa Anido (*1907) toma-se sua protegida ¢ em 1925 passa a ex os com seu mestre. Ac de Llobet foi brilhante, varias crt dade de intérprete: Pureza de es de obras daqueles autores. Também Tare sou a freqiientar © Fr due- sua excepcional quali- ilo, a qual nunca 6 sacrificada pela virtuosidade. Tem- peramento vigoroso e excepcional qualidade de interpretacao. Beleza harmonica nas ‘suas transcrigdes. Ele segue os passos de Tarrega, mas com maior vigor. 4 ‘A obra de Llobet para violéo nao € numerosa, mas mantém um alto nivel de qualidade. Suas transcrigoes de obras de Albéniz. e Granados sto excepcionais, sempre procurando explorar ao maximo as possibilidades timbricas do violio, buscando um efeito orquestral. Seus arranjos de cangoes folcléricas catalas sto de uma maestria incom- parivel, Llobet explora a capacidade timbrica do instrumento utilizando ‘harmonias influ- enciadas pelos compositores impressionistas. Pujol disse a este respeito sobre o arranjo de EI Mestre (c. 1900); "Harmonicamente, ‘€ uma das mais avangadas obras para violao da €poca"’ Com a obra de Llobet, o violto chega a um estado de maturidade pronto para 0 trabalho maior de Andres Segovia, que ser o responsivel pela grande divulgacio do ins trumento no século XX. NOTAS 1 SEGOVIA, Andres. Guitar strings before and after Albert Augustine. Guitar Review 17. New York 1955, p, 147. » PUJOL, Emilio. La Guitarra y su Historia, Buenos Aires: Romero y Femander, 1930. p. 25. 3 Cf. na bibliografia 4 Gitadas por Ronald Purcell na Nuewa Colecciéin Llobet. Heidelberg: Chanterelle Verlag, 1989. p. iv. Ibid. pw. O VIOLAO NO SECULO XX O SECULO XX 6, sem duvida, o mais importante perfodo para a histéria do violio, © desenvolvimento empreendido por Antonio Torres no final do século XX, tor nou © viokto um instrumento com uma boa gama de timbres e dindmicas, perfeita para as salas de concertos. © importante trabalho de Térrega, que recuperou em parte 0 re- Pert6rio do instrumento com transcrigoes de obras de grandes compositores, mostrou a0 Puiblico € a compositores em geral as grandes possibilidades do viol2o. O trabalho musi- coldgico de Pujol, redescobrindo a obra dos vihuelistas, de alaudistas do periodo bar- roco, também contribuiu de forma significativa para a construgao de um novo repertério violonistico, Mas foi com Miguel Llobet que se inaugurou uma nova fase na literatura para o instrumento. Gragas & insisténcia de Llobet junto a Manuel de Falla (1876-1946), o maior com- Positor espanhol do século XX, 0 violto ganhou uma das obras mais expressivas de seu repertorio. Trata-se da Homenaje Pour le Tombeau de Claude Debussy. Esta obra foi comissionada por Henri Pruniéres, entao diretor da Revue Musicale, para um néimero do Periédico dedicado & memséria de Debussy. Falla decidiu entao compor uma homena- gem, associando © violto, instrumento espanhol por exceléncia, 2 influéncia da musica espanhola sobre Debussy, manifestada em obras como Soirée dans Grenade ou La Puerta del Vino, A obra de Falla, aparece publi cada pela primeira vez na Revue Musicale de 1° de dezembro de 1920, ju outras obras dedicadas A mem6ria de De nente com bussy e€ compostas por Dukas, Roussel, Bartok, Stravinsky, Ravel e ros. tie, entre ow |A primeira edigio disponivel aos violonistas apareceu em 1926, editada por Llobet através da J. & W. Chester, Ltd., de Londres. Suzanne Demarquez faz uma andlise sucinta da obra de Falla, no livro Manuel de Falla Miguel okt (1878-1938), pitura de Lopez Meat. [A peca de Falla € um canto finebre, um treno simbélico, tao freqiiente na poesia espanhola, influenciado pelo espirito musical do amigo perdido, Sua harmonia € baseada essencialmente na 4* fundamental do acorde tipico do sto a fundamental primeiras duas notas també ica curta, espécie de lamentacio violdo, mi, li, ré, sol, si, cu d6rica. Nesta 4", 0 autor situa uma frase ri surda € amarga que ressoa como um toque de alma por toda a obra. Algumas Jembrangas de Jberia, constituem 0 esboso de um tema, motivo breve, em ter jumentada caracteristicos (com: passos 8 a 15). Os recursos especiais do instrumento sto habilmente explorados na forma de arpejos, de acordes amplamente abertos, de escalas € de harménicos oitavados. Para o final, uma modulagao repentina nos leva a lum pite calmato (compasso 63), valorizando a clara aparigao, de uma citae textual, de um motivo de habanera, que evoca a Soirée dans Grenade. Uina © toque de almas ressoa pel inas, pelo qual passam o cromatismo ea 2 breve paus: hima vez e se perde pouco a pouco no silé A primeira execugio desta obra foi realizada por Emilio Pujol, em 2 de dezem. 84 bro Hon qual prt gran pel ara outr vulg viol grt 189 ciac fort der reg atra téca sult no sita Cor bro de 1922. Mas tarde, a Homenaje foi orquestrada por Falla ¢ incluida na suite Homenajes, com o titulo de Elegia de la Guitarra, Com esta pega, inicia-se a produgao de um repertério para o violao de alta qualidade musical, geralmente composto por obras escritas por naw violonistas, Pritica serd incentivada por Andrés Segovia, que serd a principal figura na divulgagio e grande incentivador para a criagao de um novo repertério para o instrument, ANDRES SEGOVIA ANDRES SEGOVIA teve um pa- pel duplo no desenvolvimento do violio Ro século XX, 0 de ampliar o repertério através de obras por ele comissionadas a outros compositores eo de grande di: vulgador destas obras. Segovia alcangou seus objet seguindo firmar o Violao como um instrumento sério © de grande prestigio nas salas de concerto, Segovia nasceu em Jaén, em 1893, ¢ teve sua formagao musical ini- ciada em Granada. Sempre considerou- e autodidata, no que diz respeito a sua formagao violonistica. Também consi- derava-se um discipulo indireto de Tar- rega; apesar de nunca ter encontrado o maestro, foi influenciado por Lobet através de gravagées deste © de dive his as Sate encontros entre os dois amigos © me tres, ‘endo a técnica de Tirega como técnica "segoviana", por sua vez, tornouss sultados do trabalho de outros violoni A carreira de concertista de no Ateneo de Madi, sitados instrumentis , Segovia ampliou-a © aperfeigoou-a. A © a base pa s ilustees "govia é bem conhecida, Iniciou €m 1916, Rapidamente, tornou-se da Espanha. © seu prin Concertos do Conservat6rio, em 1924. Naquel a desenvolvimentos posteriores, re- se com uM recit um dos mais conhecidos ¢ requi- em Paris ocomeu na Sala de la ocasito, estavam na audiéncia ilustres Compesitores, como Paul Dukas, Manuel de Falla e Albert Roussel, que teve nesta cocasito a oportunidade de ouvir pela primeira vez sua obra Segovia op. 29, dedicada ao maestro espanhol. Em 1928, Segovia fez seu primeiro concerto em Nova lorque. Segui. ram-se tourées pelo Japao, China e Indonésia, além de apresentagdes através da Europa Durante os anos de guerra, Segovia limitou suas atividades as Américas, espe- Gialmente a Montevidéu, onde residiu por varios anos, Passada a guerra, retomou suas atividades na Europa. Além de extensas toumnées, sao famosas suas "masterclasses" em Santiago de Compostela e na Accademia Musicale Chigiana di Siena A influéncia de Segovia sobre varios dos maiores violonistas atuais € con- siderivel, destacando-se, entre outros, John Williams, Julian Bream e Abel Carlevaro. Aos 92 anos de idade e ainda cheio de energia, Segovia realizava "masterclasses’ nas mundialmente famosas Julliard School e Manhattan School of Music, em Nova Iorque Faleceu em Madri, no ano de 1987. O REPERTORIO SEGOVIANO" © CAMINHO ABERTO por Manuel de Falla varios compositores que tiveram o incentivo e a assisténcia de Segovia © primeiro destes € Joaquin Turina (1882-1949), que dedicou sua pequena pro- ducao violonistica inteiramente a Segovia. Sua obra para violio inicia-se com o Fandan- guillo, de 1926, seguindo-se Rafaga, de 1930, a Sonata, de 1932, que € sua peca mais ambiciosa para o instrumento © a Hommage @ Tarrega, de 1935, composta de dois Movimentos, Garrotin e Soleares, Esta diltima se tornou a obra mais conhecida ¢ execu. tada de Turina Federico Moreno Térroba (1891-1982) compos um grande niimero de obras para violdo, dedicadas na sua maioria a Segovia. A primeira obra importante de Térroba para violto foi publicada em 1926, a Suite Castellana. Seguiram-se o Nocturno (1927) © a Bur- galesa (1928). As seis pecas que compoem a suite intitulada Piezas Caracteristicas datam de 1931. Seus movimentos sto os seguintes: Preambulo, Oliveras, Melodia, Los Mayos, Al- bada e Panorama. A mais importante obra de Térroba € sua Sonatina (1953), que também se tor- ou sua obra mais popular. Ainda podemos citar Madrorias (1954), Aires de La Mancha (1966) e © concerto para viokio © orquestra Homenaje a la Seguidilla Além de sua grande produgao violonistica, Moreno Térroba também é conhecide como autor de zar- com sua Homenaje, foi seguido por 86 zuelas de Tor violio. Sanz d silbom guitare escrev literatw ‘Trois | obras 4967) | eom © viok: demia Sarabx sugest: (2928), mage . para v como, XVII, r compo govia, violao; cia cor variaga italiane Omags Boy jt resultac | balance 18 ae Guitar das obt ulas (operctas espanholas), entre as quais se destacam Luisa Fernanda e La ‘mesonera de Tordesillas. Joaduin Rodrigo (1902) deu continuidade na criagao de novas obras Para Yoo. A sua obra mais famosa & 0 Concierto de Aranjuee (1939), dedicado a Regino Sanz de la Maza (1987-1981), e que teve sua estréia em 1940. Jan Rammares para un Gen- dhombre (1955) & dedicada a Segovia. Nesse concerto, Rodrigo bicen a em temas do Bultarrista espanhol do século XVII, Gaspar s mbém para Segovia, Rodrigo Tecan ae es Pezas Espanclas (1963), que se tornaram um dos maiores clissecn na Iieratura violonistica do século XX. Ainda citamos, Por fos Campos de Espana (1958), Trots Petites Pieces (1963) e Elogio de la Guitarra (1971), entre oatras Além das, duas ebras para violto © orquestra j4 mencionadas, Rodrigo esereveu Concierto Andaluz 4 violoes @ orquestra, © Concierto Madrigal (1968) para 2 vieloes & orquestra Co mals recente Concierto para una Fiesta, dedicado a Pepe Romero G Polonés Alexander Tansman (1897-1986) € o autor de importantes obras para 6 Niokto, A sua Cavatina (1951) obteve o 1° lugar no "Concorso Inte azionale" da Acca- emia Chigiana di Siena realizado em 1951. E composia ele quatro movimentos: Preludio, Sarabanda, Scherzino © Barcarola, send que um quinto imovimerna ha incluide por 1908) eae Segovia, a Danza Pompasa Ainda de Tansman destacanae. 4 Mazurca (1928), sua primeira obra para o instrumento, a sutle i Modo Polonient 1964), uma Hom- mage & Chopin (1972), as. Variations sur tn theme de Scriabin (1972) cn concertina para violdo ¢ omquestra de cimara, inttulado Musique de Cour (1971), aves em que, NUT re aiasta de Rodrigo, 0 autor baseia-se em temias de um guitamste dary uulo XVII, neste caso, 0 francés Robert de Visée. © italiano Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968), foi um dos mais prolificos pouposttones Para violdo. A sua produsao inicia-se quando do seu encenty com Se- Bova, em 1932, em Veneza. Segovia sugere-Ihe enao que componha uma obra para violdo; como resultado, aparecem as Variaziont altravere 1 socslt op. 71 (1932), que ini- cA com uma chaconne como tema seguindo-se dancas de v4 S épocis, sendo a iiltima Fale Um “foxtrot” Seguiram-se obras que homenageiam célebres compositores xallanos, como a Sonata, Omaggio a Boccherini, op. 77 (1934) ¢ Capriccio Diabolico, Omaggio a Paganini, op. 85 (1935), obra que teve sua onquestragao realizada em 1945, © Concerto in D op. 99 (1939) foi o resultado das freqiientes requisicoes de Se. Sovit junto a Tedesco, para que este compusesse um concerto para violac e onquestra. © fesultado foi excelente. O concerto apresenta um bom equilibeio na omquestracao, contra- balanceando bem, a sonoridade do violio © da onquestns, Senunnn Se a Serenade op. CaM A® € © Second Concerto tm ©’ op. 160 (1953), ambus para violgo e ‘orquestra, O Gtatar Quintet op. 143 para violto e quarteto de cordas, data cle 1950, € tomou-se uma chs obras com esta formacio, mais importantes do repertOrio camenes co Outrs obras importantes de Tedesco sao a Taramiella op. 87 (1930), a Suite op. 87 ooo 133 (1947) Platero y Yo op. 190 (1960), 28 poemas de Juan Ramon Jiménez, para violato € narrador, 0s 24 Caprichos de Goya op. 195 (1961), obras que refletem musicalmente os desenhos de Francisco Goya. Ainda de Tedesco, temos importante miisica de camara com violao, como & 0 caso da Sonatina for Flute and Guitar op. 205 (1965), uma Aria (1964), extraida do concerto para oboé e orquestra € adaptada para oboé, cello € violao, © Ecloghe for Guitar, Flute and English Horn op. 206. Quando do seu encontro, em 1961, com 6 duo de violdes formado por Ida Presti (1924-1967) e Alexandre Lagoya (*1929), Tedesco compés varias obras dois violdes, entre estas a Sonatina Canonica op. 196 (1961), Les Guitares bien temperées op. 199 (1962), 24 preliidios € fugas € o 6timo Con- certo for two Guitars and Orebestra op. 201 (1962) Entre os compositores latino-americanos que escreveram para Andrés Segovia, destacam-se Manuel Ponce e Heitor Villa-Lobos. O mexicano Manuel Ponce (1882-1948) encontrou Segovia pela primeira vez em 1923, quando de um concerto deste na cidade do México. Ponce escreveu sobre aquele concerto: Andrés Segovia & um inteligente € valioso colaborador dos jovens miisicos espanhéis que escrevem para o viokio, Sua cultura musical permite-Ihe traduzir com fidelidade em seu instrumento 0 pensamento do compositor e, desta maneira, enriquecer dia a dia 0 no muito grande repert6rio de miisica para o violao ( Daa nizade nascida entre Ponce € egovia resultou uma grande producao musi cal destinada ao violao. A primeira obra foi uma Sonata Mexicana (1923), que utiliza te- mas folcl6ricos. Seguiram-se a esta 0 Théme Varié et Finale (1926) ¢ a Sonata HI (1927) Ponce demonstra sua refinada linguagern musical, utilizando sutilezas ritmicas e harménicas de extrema beleza. Assim como Tedesco, Ponce escreveu obras ern homenagem a compositores do passado. Sao duas sonatas, sendo a primeira uma Sonata Romantica (Hommage a Franz Schubert, 1928) € a Sonata Classica (Hommage a Fer- nando Sor, 1930). Nestas duas obras, Ponce presta sua homenagem a duas figuras impor- tantes na histéria do violio. Retornando a uma linguagem musical modema, Ponce escreve as Variations sur "Folias de Espana” et Fugue (1929), considerada por muitos como uma das maiores obras escritas para 0 violio no século XX. Aqui, Ponce explora todas as possibilidades técnicas e musicais do instrumento. Ainda dedicados para Segovia sio os 24 Preludios (1929), dos quais Segovia sclecionou € editou 12, € a Sonatina Meridional (1932). A coroagao de toda esta obra de alti ima qualidade esti no Concierto del Sur 94 qual 192 Segt (1941), que € um dos mais bem sucedidos do género, Esta obnt ive sua estr em Montevidéu, quando de uma excursto de Ponce pela América do Sul As is sobre © concierto foram bastante favoraveis, fazendo jus 2 altissima qualidade musical da obra em 1941, Cabe mencionar, em especial, este belissimo concerto para viokio e orquestra executado por Andrés Segovia, uma obra ce finissima quallidade que evidencia a presenga de um miisico de positiva nobreza, de inspirago ficil e elegante, & de um dominio completo dos meios de expressio. Verdadeira fligrana musi cal, vertida magnificamente. > © encontro entre Segovia € Heitor Villa-Lobos (1887-1959), deu-se em Paris, em 14 1924, por ocasito de uma tert nizada na alta soc Segundo um depoimento de Segovia, 0 encontro deu-se como segue: | Quando termine! minha apresentacao, Villa-Lobos aproximouse © dlisse-me em tom confidencial: *- Também toco viokto* * Maravilhoso! respond. "Voce i so capaz de compor diretamente para o instramento". Estendendo-me as } 05, ele pediteme o viokio, Sentou-se, atravessou-0 nos joelhos e sesuroU nemente ce encontro ao peito, como se temesse que o instrumento fugisse Othou severamente pasa os dedos da mao direita, como ameaganclo-os de cas- tigo por ferir erroneamente alguma corda. E quando menos esperava, desteria tum acorde com ta forca, que deixei escapar um grito, pensindo que o viobo tinha se cespedacado. Ele dew uma gargalhada e com alegria infantil disse-me * espere, espere.. Espere, reread com clficuldade meu primeiro impulso, que era 6 de salvar meu pobre insirumento de tio veemente e ameacador en. tusiasmo, Apés varias tentativas para comecar a tocar, ele acabou por desistir (2) 08 poucos compasses que tocout foram o suficientes para revelar, Primeiro, que aquele mal intéaprete era um grande miisico, pois os acordes que conseuit: prouzir encerravam fascinantes cissonancias, os fragmentos relédices possuiam originalidade, of ritmos eran novos © incisivos & até a dedilhagao ert engenhost; segundo, que ele era um verdadeiro amante do violao. No calor desse sentimento, nasceu entre n6s uma sdlida amizacdle. Hoje 66 mundo da misica reconhece que a contribuigao desse génio para o reper t6rio, violonistico constuits uma héncio tanto part o insirumento como para mim." Lobos resultou a série de Doze Estudos Da colaboragao entre Segovia e Vill 89 =e Y mental no repert6rio atual do instrumento, € original -govia, os estudos (2929). Obra de importincia fun: nos seus achados técnicos, melédicos € hamédnicos. Dedicados a abrem um novo caminho na escrita idiomdtica para o instrumento. Destacam-se varias obras de Villa-Lobos para violao. Por exemplo, a Suite Popu- laire Bresiliene (1908-12), composta de cinco movimentos, Mazurka-Choro, Schottish Choro, Valsa-Choro, Gavota-Choro e Chorinbo, constitui um excelente retrato dla miisica popular brasileira do inicio do século, Mas a melhor homenagem aos seus companheiros de choro, é 0 primeiro da monumental série dos Chores o Choras n®1 (1921), dedicado a Emesto Nazareth Os Preltidios 4 perdido), os cinco restantes tornaram tura violonistica do nosso tempo. bilidades timbricas, expressivas € técni 1 de 1940. Originalmente em niimero de seis (0 sexto esta das obras mais populares € executadas na litera- obras que exploram de forma inteligente as possi- idios tiveram sua estréia ada em 1943, pelo violonista unigu slevaro, em Montevidéu. A diltima obra composta para violao por Villa ‘© Concerto pour Guitare ef Orchestre (1952). Esta obra foi fruto da insisténcia de Segovia junto ao compositor brasileiro. Concebido con s Ihe acrescentada uma cadéncia para o vioklo, tornando-se o concerto para violao € orquestra. O concerto é a sintese da escrita violonistica de Villa-Lobos, apres utilizados nos estudos © preliidios. A estréia desta obra deu-se em 1956, em Houston, nos EUA, tendo Segovia € 0 autor como regent. reali como soli ‘odo este repertorio, dedicado na penas uma parte do que foi centena de obras dedicadas a ele, que € ck metade do século XX. Criticamente, poderfamos reprovar a atitudle de Segovia junto aos grandes com- positores da vanguarda musical da primeira metade do século, Compositores como St vinsky, Schonberg, Webem, Bartok, Ravel ¢ tantos outros, poderiam ter escrito obras jonado. No entanto, 0 trabalho de S por compositores com forte scrito para © maestro es} nente a figura mais importante do violao na pri para violao solo, caso Segovia as tivesse comis govia resultou em um grande conjunto de obi Antica € neockissica, em que la em termos de lingu composta obra do brasileiro Villa-Lobos sobres gem instrumental € originalidade de con: influéncia rov cepgio, Lis arrojad salas de con- agora um instrumento respeitado ni s de miisica do mundo gragas ao tra- Por outro lado, © violao € certo € faz parte do curriculo das m balho e esforgo de Andrés Segovia 90 PORESRARRRREK Ba READ OVIOLAO NA EUROPA A. INGLATERRA TORNOU-SE um dos. paises com maior atividade violonistica da Europa, gragas to trabalho de dois dos maiores violonistas da atualidade: John Williams e Julian Bream. Williams (71941), austialiano, radicou-se Inglaterra em 1952. Teve sua form: no Royal College of Music e foi discipulo de Sey masterclasses da Accademia Chigiana di Siena, Além de uma intensa carreira intemacional e de gravagdes, Wil a0 musical realizada liams é responsivel por estimular a criago de obras para violao. Sua associagae com Stephen Dodgson (11924) re sultou em importantes obras, como € 0 caso da Partita (1965), dos dois concertos part violio € orquest (1956/1971-72), € do Duo Concertante (1972) para viol € cravo; todas estas obris demonstram um profundo co: nhecimento da linguagem idiomtica do instrumento. Mas a grande figura violonistica da Inglaterra sem diivida 0 g John Williams nial Julian Bream (41933). Com unt for magao autodidata, Bream se iguala aos grandes mestr do instrumento, como Térrega © Segovia. A sua im portincia na criagdo de um repertdrio de misica viola € funda- mental. A ele sto dedicadas obras clos mais importantes compositores ingleses do nosso tempo. Por exemplo, 0 Nocturnal op. 70 (1964) de Benjamin Britten (1902-1976), um. contemporainea par tema com variagdes sobre a cangio de John Dowland "Come, he: y Sleep". As elabo. radas variagdes apresentam novas possibilidades técnicas, ritmicas e musicais proprias do instrumento, como no caso das obras de Villa-Lobos. Neste caso também se encontram, as Fire Bagatelles (1971-72) de William Walton (1902-1983), das. quai que estio entre se pode afirmar s melhores obras de repertorio, Estas cinco pequenas obras-primas foram orquestradas pelo autor como Varit Capricci em 1976 © Concerto par de Malcolm Amold (+1921), foi composto Ihores concertos p: violio € orquestr em 1961, e € conside ado corso um dos tn © instrument. Tendo © >, @ concerto 1 jazz como principal inspiraca Yo apresenta as tradicionais influ espanholas da musica para violo, Sobre o belissimo movimento central, Bream escreveu: "O Lento foi escrito como uma elegia em memoria do famoso guit aincés Django | tanto f nto para Malcolm. Seu estilo é refletido, em um blues de escrita refinada, brevemente interrompido por uma segao vivace".> Reinhardt - um herdi esper o1 Richard Rodney Bennett (71936) escreveu duas obras importantes para Bream Os Jmpromptus (1968), pequenas pegas que serviram como estudo preliminar sobre as possibilidaces do instrumento © que deram origem ao Concerto para violao € orqui de camara (1970); Michael Tippett (*1905) escreveu a Sonata The Blue Guitar (1984) para Bream. Lennox Berkeley (*1903), ainda, escreveu para Bream um belo concerto violao ¢ orquestra e a Sonatina (1958), que ji se tomou um ckissico no repert6rio. Entre as composigdes inglesas com uma linguagem musical mais moderna, d tacam-se as obras de Peter Maxwell Davies (*1954) Lullaby for Ilian Rainbow (1972) € Hill Runes (1981), de David Bedford (*1937) You Asked for it (1969), de Tom Eastwood (71922) a 6tima Ballade-Phanasy (1968) € Romance et Plainte (1979), € de B hough (*1943) Kurze Schatten 11 (1984), Além de Williams € Bream, a Inglaterra tem outros int que com uma sélida carreira internacional, entre estes estio John Mills, David Russel, Robert Brightmore ¢ Carlos Bonnel. Fora da Inglaterra destaca-se a obra do compositor alemao Hans Werner Henze (71926), que escreveu duas clas mais importantes obras do repert6rio contemporiineo para viola ao as duas sonatas que compoem a Royal Winter Music (1976 © 1979), obra baseada nos personagens de Shakespeare, Henze resumiu bem a sua associago com Ju- lian Bream © seu pensamento em relagao a linguagem contemporinea na mésica para violte: Bu adquiri um conhecimento mais profundo da téenica ¢ do mundo sonore do violao. Eu iria até mais longe, dizendo que esta colaboragio me deu um novo conceito de como escrever para um instrumento com uma rica tradigao, © viokio € um instrumento possivel de se conhecer, com muitas limitagdes, ‘mas também com muitos espacos inexplorados dentro destes limites, Possui uma riqueza de sons capaz de abarcar tudo que alguém poderia encontrar numa grande orquestra contemporinea, mas deve-se comegat do silencio par se notar isto: tem que para € excluir completamente o ruido. Sobre o restante da produgio de Henze, devemos destacar a genial Kammermu- sie 1958, para tenor, viokio € 8 instrumentos as; Al Cimarrin (1969-70), para baritono, violao, flauta € percussao € An eine Aolsharfe (1985-86), miisica concertante para viokio e 15 instrumentes Além de Henze outros compositores alemaes acrescentaram importantes obras a0 repertério. Hans J. Hespos (1938) compos Kilara, Michael Denholf, Quinterna (2974), € o argentino radicado na Alemanha Mauricio Kagel (#1931) incluiu © violao em 92 eel is de suas obras mais importantes como em Sonant (1960) para violio/guitarra, |. Contrabaixo e percussio. Entre os mais distinguicos violonis Kappel ¢ Goran Sollscher. Na Franca © repertério também recebeu grandes contribuicoes, André Jolivet (1905-1974) compés um dueto para Ida Presti e Alexandre Lagoya, a Serenade pour deux Guitares (1956), € as obras para violio solo Deux Etudes de Concert e Tombeau de Robert de Visée A pequena Sarabande (1960) de Francis Poulenc (1899-1963), dedicada a Ida Presti, apresenta um total conhecimento dos timbres préprios do instrumento. A origi- nalissima obra de Maurice Ohana (1914-1992) foi normalmente escrita para violao de 10 cord lo por Narciso Yepes) com adaptacdes para o instrumento normal. A in- fuéncia da miisica espanhola, em especial do flamenco, € sentida na maioria de su obras para violio, © Concerto (Trois Grapbiques 1950-57) &, embora pouco executado, um dos melhores € mais interessantes concertos para viokio € orquestra. O Tiento (1957) inspiracla nos tientos flamencos. Ja a fabulosa suite Si Le Jour Parait.. (1963), composta de sete movimentos, evoca atmosteras de uma forma impressionista, sem abandonar a linguagem contemporinea de Ohana, Alias, a influ€ncia de Debussy na mtisica de Ohana € grande. A dltima obra escrita para violao por Ohana & Cadran Lunaire (1981), obra ex- tremamente complexa ¢ que reflete a originalidacle deste grande compositor francés Jean Francaix (*1912) escreveu boas obras para o instrumento, sendo o seu es- tilo neockissico notivel na Serenata per chitarra (1978) © no Divertissement pour deux Guitares (1981). Henri Sauguet (*1901) escreveu Trois Preludes & Musique pour Claudel. Também o compositor mais importante da Franga na atualidade, Pierre Boulez (*1925), inclui o viol’o em muitas de suas obras, como € 0 caso do fA cliss Maitre (1953-55) € em obras orquestr (1976). Mais recentemente un harp. alemaes estao Siegfried Behrend, Hubert ‘0 Le Marteau sanz ‘omo Pli selon Pli (1957-65) & Kelats/sultiples grande quantidade de miisica nova para violto tem sido composta na Franca, muitas vezes por violonistas/compositores, como é Francis Kleyn- Jans (71951), que tem como sua obra mais conhecida A ‘Aube du dernier Jour (1980), em que descreve o iltimo dia de um condenado a forca, a Libra Sonatine de Roland Dyens, © Matematico non Fuba de Thierry Rogier, obra baseada no choro Tico Tico no Fuba. Os violonis € destacam na atualidade sto: Jean-Pierre ‘afael Andia, Roland Dyens, Thierry Rougier, Tania Chagnot ¢ Amaud Dumond. Da misica composta na Austria para ou com violio, nao podemos deixar de ci tar algumas obras da Seguncla Escola Vienense, como a Serenade op. 24 (1920-23) de Ar- old Schonberg, ¢ os Drei Lieder op. 18 (1925) de Anton Weber. O discipulo de Schonberg, Hans Erich Apostel (1901-1972) escreveu Sechs Musiken fiir Gitarre op. 25, Publicadas em Viena, em 1963. Ernst Krenek (*1900) comps uma pequena suite em 1957, obra dodecafonica € um dos melhores exemplos do género para violio. Polonés de origem, Roman Haubenstock-Ramati (*1919), é um dos mais importantes compositores da franceses que mai Jumez, 93 vanguarda musical, escrevendo obras que exploram novos efeitos © apresentam notacao grifica, como Frame (1972) ¢ Hexachord 1 & 2(1973) para 1 ou 2 violoes. mo violonistas, o trabalho de Karl Scheidt (*1909) € de seu discipulo Konrad Ragossnig (*1923) merecem especial mengao, tanto por seu trabalho pedagégico, como concertista ou editor. Aliés, uma das grandes obras-primas de repert6rio do inicio do século XX, dedicada a Karl Scheidt, € Quatre Pidces Bréves (1933) do compositor suico Frank Martin (1890-1974), A brilhante geragao de compositores italianos do pés-guerra muito contribuiu para o repertério contemportineo do violao. Compositores como Goffredo Petrassi (71904), que escreveu a vanguardista Suoni Nottumi (1959) € a elaboradi (4971), € Franco Donatoni (*1927) que escreveu Algo para violao, sio importantes para o repert6rio. Ji Bruno Bartolozzi (1911-1980), com uma produgao um pouco maior para o instrumento, escreveu Tre Pezzi per Chitarra (1952), Omaggio a Gaetano Azzolina (1972) € Adles (1977). Entre os lideres da vanguarda musical italiana, Bruno Madera (1920- 1973) escreveu a importante obra ¥ Después (1970), obra baseada em um poema de Gar- cia Lorca e que exige um virtuosismo exacerbado do executante, este também € o caso da Sequenza X1(1988) para violao de Luciano Berio (*1925), Pioneiro na pesquisa musicol6gica violonistica, Oscar Chilesotti (1848-1916) tem. ‘© seu trabalho continuado por Ruggiero Chiesa (*1933), que tem como importantes balhos, as transcrigdes e edigdes do El Maestro de Luiz de Milan, ¢ das obras para alatide de Francesco da Milano e de Silvius Leopold Weiss. Ja Angelo Gilardino (1946) ocupa lugar de destaque, tanto como editor de novas obras para o instrument quanto na com- posigao, Entre suas obras destacam-se Estrellas para Estarellas (1970), duas sonatas, a fantasia Ocram (1975), € a fabulosa série de 60 estuclos de virtuosidade. Entre os violonistas italianos que mais se destacam esto Oscar Ghiglia (11938), Carlo Carfagna (+1940) € Mario Gangt (*1923), Além do grandioso trabalho do maestro Segovia, a Espanha nos oferece um extremamente rico em obras criadas especialmente para o violao. Iniciaremos com um ripida mengao sobre uma geracao de compositores con- temporineos de Manuel de Falla, € que ste pouco conhecidos dentro da hist6ria do violto, Trata-se dos compositores que formaram 0 "Grupo de Madri".O Gi por Julian Bautista, Salvador Barcarisse, Gus José, além de outros, contava ainda com a presenga de Regino S A foi logo dissolvido com © aprofundamento da Guerra Civil Espanhola, que levou virios de seus componentes a se exilarem no exterior. Destes compositores © mais promissor era Antonio José, que teve sua carreira bruscamente interrompida pela guerra. [As obras destes compositores sao pouco conhecidas, apesar de sua Gtima quali- dade musical. Entre as mais importantes esto a Sonata de Antonio José, considerada por muitos violonistas como a melhor pega escrita por esta geragdo de compositores. O pano ZeeRpeey ECGRD Vv a a nm co th co. cu Ye an vic as vic ai tac Prehidio ¥ Danza (1933) de Julian Bautista € mais conhecido entre os violonistas, As duas homenagens de Gustavo Pittaluga, Homenage a Mateo Albeniz de cariter neoclis, sico, € a Blegia (Homenaje para la Tumba de Murnau), que introduz um ambiente ex. Pressionista, fazem um par contrastante de excelentes obras. As composigdes dle Salvador Barcarisse sto as mais conhecidas do grupo, fato devido & divulgacao e publicagao de suas obras Petite Suite © Ballade por Nicolas Alfonso (*1918) e do dificil Passapied If por Narciso Yepes. importante € a producto musical espanhola para viokio do pés-guena M primeiro lugar a obra serial de Cristobal Halffier (*1930) Codex 1 (1963), laa Narciso Yepes ¢ que apresenta uma linguagem extremamente densa Ne © de 51" destacam-se dois compositores catalies, Josep Maria Mesires-Quadreny (71929) com sua pequena peca, Perfudi, e Xavier Benguerel (°1931), que escreveu impor, tantes obras para 0 instrumento como o sito Versus (1974), 0 seu concerto para violae orquestra de 1971, € Vermetia (1976) para 4 violoes. Leonarclo Balada (#1933) desenvolve atividades fora da Espanha, entre suas obras mais significativas estio Lento with Variations (1960), € Analogias para violto solo, um concerto para 4 violdes € orquestra (1977) € 08 Appuntes para 4 violdes. Jé Antonio Garcia Abril (11933) tem uma grande quantidade de obras destinadas ao instrumento. Entre elas estio a Fantasia Mediterra. nea, Evocaciones ¢ Planto y Tocata. Antonio Ruiz-Pipé (*1934) & um dos mais prolifiees Compositores espanhis da atualidade. Sua produgao para violao inicia-se com Cancion y Danza \ e Ul, obras de cariter folclérico. Também importantes sio suas pecas Estanciase Tiento por Tiento, esta ‘hima de cariter virwosistico. A obra de Tomis Marco (*1942) como cle mesmo a define "é ampla ¢ orientada para uma investigagao psicoactstica ¢ cultural".’ Entre suas obras iol’ estto a excelente Fantasia sobre Fantasia, Nalureza Muerta con Guitarra (1975) © Paisaje Grana (1975) Entre os intérpretes espanhois mais destacados «a atualidade esto Narciso Yepes (71927), famoso por ter criado um violao de 10 cordas, a familia Romero, Cele. donio (*1917), Pepe (71944), Angel (*1946) e Celin (*1936), radicada nos EUA durante anos, José Tomas (*1934), Alberto Ponce (*1935) e Guillermo Fierens (*1961). No leste Europeu, a Tehecosloviquia apresenta um grande movimento lonistico. Compositores importantes como Vaclav Kucera (#1929) ¢ Jana Obroveka (1930-1987), escreveram obras que jé se tomaram clissicos do repert6rio. Kucera compos Diario, Omaggio a Che Guevara (1971), obra baséada nos principais contecimentos da vida do herdi revoluciondrio. Obrovska escreveu obras com uma marcada influéneta de Bartok, mas que apresentam seu proprio estilo: Passacaglia e Toccata (1974), Hommage @ Bela Bart6k (1972) © Hommage a Choral Gotbique (1975), todas obras revisadas ¢ dish tadas por Milan Zelenka (*1939), Ainda da Tchecosloviquit, é importante a presenga de Stepan Rak (*1945), Autor de uma extensa obra para violao solo, miisica de cimara, con. certas para violao © orquestra, Rak ainda € considerado por muitos como inovador da técnica violonistica. Entre ao Farewell Finland e Voces de Profiendis (1985). Atalmente o grande divulgador da nova misica tcheca € Vladimir Mikulka (41950), que desenvolve um grande trabalho apresentando novas obras do Leste Europeu, © iugoslavo Dusan Bogdanovie (1955), atualmente radicado nos EUA, tem uma grande quantidade de boas obras para o instrumento, sto, duas sonatas, troduction, Passacaglia and Fugue e 5 Miniatures Printanieres, suas obras mais conhecidas ¢ execu- tad: timo, o compositor e violonista russo Nikita Koshkin (71956) tem se des: tacado com suas obras influenciadlas por Shostakovich € Prokofiev. A sobreposigao carac- teristica de diferentes timbres, articulacoes € varios efeitos, toma suas pecas de dificil execucao mas com excelente resultado sonoro. Destaca-se a suite The Prince’ (1980) e Andante Quasi Passacaglia e Toccata. E por OVIOLAO NAS AMERICAS NA AMERICA DO NORTE desenvolve-se atualmente um dos matores movimen- {os em tomo do violdo, tanto a nivel de composi¢io de novas obras quanto de execucao instrumental. Grande parte do estimulo para a criagao deste grande movimento deve-se a Andrés Segovia, que por anos seguidos residiu e desenvolveu seu trabalho nos EUA. Atu- almente, todas as grandes universidades norte-americanas possuem cursos de graduacao € pés-graduacao em execugio instrumental de viola Grande parte dos mais importantes compositores norte-americanos tem escrito para o viol; muitas vezes, sitio obras comissionadas por violonistas de fama interna- cional e que tem, desta maneira, sua estréia assegurada, Compositores tao importantes na miisica do século XX como Milton Babitt (*1916) e Elliot Carter (1908) escreveram obras importantes para o repert6rio. De Babitt veio Composition for Guitar e de Carter, Changes (1983), duas obras extremamente complexas musical e tecnicamente. As obras de Lou Harrison (#1917) para violto caracterizam-se pelo uso de micro- tons. Nas Serenade for Guitar (1952) e Suites for tuned Guitars (1978), Harrison utiliza es- calas espe sendo que a escala normal do instrumento € substituida por outra espe- cificada pelo autor. O mesmo procedimento € utilizado por Alan Hovhaness (71911) em. algumas de suas obras. Em outras, este compositor utiliza o instramento normal como acontece em sua Sonata for Guitar op. 136, n°1 Barbara Kolb (#1939) utiliza em Looking for Claudio (1975), a gravacao de um, conjunto de cAmara, acompanhante do violate solo, em fita magnética, aumentando em. 96 cece muit cedit com; plac. sone ‘com ass com 98 duas dita em? figur muito as possibilidades sonoras da obra © mesmo pro: cedimento € usado por Steve Reich (*1936) em seu Electric Counterpoint, Tod Machover (°1953) também compés uma placement (1984), em que a maior parte do material obra para violao e fita magnética, De. ‘onoro € produzido pelo violao, gravado e tratado pelo P P computador. George Crumb (11929) compés Quest (1989), para violao. Estas duas tltimas obras foram comissionadas por David Starobin, um dos m: tes int "pretes_norte-americanes, especializado em masica contemporinea Ainda se deve destacar Ned Rorem (*1923), que criou duas obras extremamente originais para violto: Romeo and Juliet, nove pecas para flauta e violae (1977) e uma Suite para violao solo, datada de 1980, També concerto para viokto © orquestra, American Landscape n Lukas Foss (*1922) compés um bele 1989), em que utiliza cangdes folcléricas norte-america. Entre os intérpretesnorte-americanos mais atuantes estio: Manuel Barrueco, cubano radicado nos EUA durante anos, Eliot Fisk, Sharon Isbin, David Tanenbaum e Alice Artzt No Canada devem ser citadas obras de alguns dos melhores compositores daquele pais. R. Murray Scha cago musica er (1933), destaca-se pelo seu trabalho n: © pela sua visio global da_tmisica Schafer escreveu uma das mais importantes ob © instrumento nos dltimos anos, Le Gri de Merlin 4s para (71987), para violao ¢ fita magnética, situando © violao no meio aciistico canadense. Esta peca celente concerto part violao e orquestra, foram dedi cadas © escritas para o canadense Norbert Kraft, que se destaca cada vez mais no cenirio internacional. Jacques Hétu (°1938) escreveu_a Suite pour Guitare op. 41 (1986) e Claude Vivier (1948-1983) Pour Guitare (1975), duas obras de excelente qualidace musical que foram editadas pelo violonista uruguaio Alvaro Pieri radicado em Montreal. Ainda do Canadé merecem destaque as figuras de Alan Torok (*1947), compositor e violonista, °7 Abel Carlevarc autor de importante e grande obra para violao que utiliza uma complexa linguagem to- nal, ¢ Eli Kassner, um dos mais conceituados professores do instrumento daquele pais. No México ainda predomina a genial obra de Manuel Ponce. Importante tam- bém, € a Gnica obra escrita para violAo por Carlos Chavez (1899-1978), Three Pieces for Guitar, originalissima em seus novos efeitos no uso do rasgueado, Dente os violonistas que desenvolvem atividades no México estio 0 argentino Manuel Lopez Ramos, Coraz6n Otero, conhecida por seus trabalhos sobre a obra de Ponce e de Castelnuovo-Tedesco, Alfonso Moreno, Mario Beltran e Roberto Limon. Em Porto Rico, Emesto Cordero gana cada vez maior destaque. Usando mo- tivos do folclore latino-americano, Cordero esti criando novas obras de carter naciona- lista para violao, destacando-se Descarga (1980) € a Suite Antillana (1983). Mas sem diivida, € reconhecidamente, a figura mais importante da misica la- tino-americana atual para vielao é 0 cubano Leo Brower (*1939). Brower estudou violdo com Isaac Nicola © composi¢ao na Julliard School em Nova Torque, com Persichetti ¢ Wolpe, e no Hartt College of Music com Iadone e Freed. Em Cuba, desenvolveu traba- Ihos na Radio Havana, foi diretor do departamento de miisica do Instituto de Artes Indiistria Cinematogrifico e professor de composi¢ao do Conservat6rio de Havana. Tam- bém € importante sua contribui¢o como violonista, com excelentes gravagdes de obras contemporineas ‘A obra musical para violio de Brower & uma das mais importantes do repert6rio atual e merece um comentario mais aprofundado. Suas composigoes sio normalmente divididas em trés periodos. © primeiro (2936-64), data das suas primeiras obras, em que utiliza elementos do folclore cubano latino-americano, como os ritmos de tresillo (9J2) ¢ cinquillo SJ). Entre suas mel- hores obras deste periodo esto Preludio (1956), Fuga n°l (1957), Danza Caracteristica (1958), Tres Danzas Concertantes (1958) para violdo € orquestra de cordas, Tres Apuntes (2959), os 6timos Estudios Sencillos (1960-61), € talvez sua obra mais conbecida € execu- tada, 0 Blogio de la Danza (1964). A grande maioria destas pecas ¢ de outras que fazem parte deste grupo, tornaram-se obras "standard" do repertério. (© segundo. perfodo inicia-se em 1968 com a composi¢ao de Canticum (1968) Nesta fase € not6ria a influéncia de Luigi Nono ¢ Hans Wemer Henze, que visitaram Cuba em 1967 € 1969-70, respectivamente. As obras deste periodo se caracterizam pelo uso de formas musicais nao tradicionais, elementos de aleatoriedade, experimentagao com timbres, articulagio € notacao, clusters e sons de altura indeterminada, No entanto, 608 elementos foleléricos ainda se encontram nestas obras. Deste grupo de obras, as mais conhecidas so, além de Canticum, La Espiral Eterna (1970), Memérias del Cimarron 2970), uma adaptagao para violio solo da obra de Hans Wemer Henze, 0 Concerto (2972) para violao e orquestra, e Pardbola e Tarantos, ambas de 1973-74 (© terceiro € atual periodo da produgio music é chamado por ele de Brower apr na Po Gir alu Isa ter mesmo de "Hiper-Romantismo Nacionalista", e caracteriza-se pelo retomo As formas tradi- cionais, pelo uso de escalas pentaténicas, modalismo € uma linguagem musical mais tradicional. As obras mais representativas desta fase sio: Fl Decamerén Negro (1981), E- tudios Sencillos (1980-81), Retrats Catalans (1981), obra para violio € orquestra de camara que apresenta uma instrumentagao primorosa, e o Concerto Elegiaco (1986), que marca o inicio da colaboracio entre © compositor cubano e Julian Bream, a quem este concerto ¢ dedicado, ¢ que resultou, mais recentemente, na Sonata para violao solo. Na América do Sul destacam-se, especialmente, compositores como 0 venezuelano Antonio Lauro (1917-1986), dono de uma obra de cariter nacionalista, da qual grande parte foi revisada e editada por Alirio Diaz (*1923), violonista de fama inter- nacional; € @ curiosa figura do paraguaio Agustin Barrios Mangore (1885-1944), que de- senvolveu uma carreira de concertista na América do Sul e Central, muitas vezes se apresentando vestido de indio para atrair mais piblico aos seus recitais. Da extensa obra de Barrios, mais de 300 pecas, algumas sto consagradas, como La Catedral, Choro da Saudade, Alegro Sinfonico e Confesion, além de v © que na sua maioria apre- sentam uma refinada linguagem Ii Argentina, Urugu > atinge seu maior destaque ica do Sul Na Argentina, o excelente trabalho de Jorge Martinez Zarate (*1923) e Graciela Pomponio (*1926), que juntamente com Horacio Ceballos, Hector Farias € Miguel Angel Girollet, criaram um dos mais atuantes centros violonisticos da atualidade. Entre seus alunos mais destacados esto Roberto Aussel, radicado na Franca durante anos, Eduardo Isaac, Deli Eduardo C Entre os compositores tera (1916-1983) des que quando da sua tes adigdes a0 repertério " Ago Sonora inédita Astor Piazzolla (1921-1992), 0 consagrado renovador do tango, escreveu para 0 viola as Cinco Piezas (1980), dedicadas a Roberto Aussel. Esta elementos do folctore argentino de uma maneira mais abstrata que em suas obras para seu quinteto, Ja a Tango Suite (1986) para dois violdes e escrita para o Duo Assad, € to talmente escrt a obra de Piazzolla, isto 6, 0 tango modemo. A obra para flauta € viokto, Histoire du Tango (1986), descreve as diferentes formas da evolucao do tango, passando pela origem do tango nos bordéis argentinos do final do século passado, ao romintico tango da década de 40, a criagao da bossanova e do nuevo tango em 1960, ¢ finalmente ao tango modemo, com a influéncia da miisica de Bartok ¢ Stravinsky. ” Ainda destacam-se algumas obras de Carlos Guastavino, 3 sonatas © a peca para viokto © quarteto de cordas, Las Presencias n® 6 "feromita Linares Jorge na Am ita Solida carreira internacional rgentinos que es n para © violo, Alberto G € com sua tinica obra para instrumento, a Sonata op. 47 (1976), estréia por Barbosa-Lima foi aclamada como uma das mais importan. nto Por Sua concepedo como por seu modernism € im: . todos com um as- 9 oS Gomes Crespo € autor da conhecidissima Nortea, Luiz Jorge Gonzales escreveu Soledades Sonoras II para Manuel Barrueco € Tientos, editado por Angelo Gilardino, ¢ fi- nalmente Jonge Luis Campana (*1949) escreveu Nexus 83 para Roberto Aussel. No Uruguai, mais especificamente em Montevidéu, surgiu um grande néimero de violonistas que se consagraram intemacionalmente, Grande parte destes instrumentistas devem sua formagio a Abel Carlevaro (1918), Carlevaro € 0 iniciador de uma nova escola de viol2o, cuja teoria instrumental encontra-se exposta no seu livro Bscuela de la Guitarra, a qual € complementada pel Serie Didatica para Guitarra, composta de 4 volumes, dedicados exclusivamente a exer- fcios de técnica, Esta nova técnica instrumental pode ser, seguramente, considerada o passo mais atualizado depois das escolas de Térrega e Segovia. O principio bisico da técnica carlevariana resume: no © proprio Carlevaro diz, "em alcangar o maior re. sultado com © menor esforgo".' Os resultados desta técnica instrumental sio visiveis na qualidade de execugao alcangada tanto por ele mesmo, quanto por seus discipulos. Como compositor, Carlevaro tem uma considerivel produgao musical, como os id bem conhecidos ¢ executados Preludios Americanos, que utilizam motivos do folclore uruguaio, a sonata Cronomias J, obra atonal mas que tem o mesmo lirismo presente nos preludios, ¢ 0 Concierto del Plata (1973), para violao e orquestra, stia maior obra orques- tal. Também sto not6rios os Cinco Estudios (Homenaje a Villa-Lobos), © as mai tes, Introduccion ¥ Gapricho e Aranguay, esta para dois violdes. Como pedagogo, Carlevaro desenvolve um intenso trabalho, € 0 resultado & visto no nome dos seus mais distintos discipulos: Eduardo Fernindez, Roberto Aussel, Baltazar Benitez, Miguel Angel Girollet, Alvaro Pieri e Eduardo Castanera, entre outros, todos premiados nos mais importantes concursos internacionais ¢ que tem alcangado sucesso internacional como instrumentistas. recen- Outros compositores que desenvolveram ¢ desenvolvem um trabalho interes sante no Uruguai sto Jaurés Lamarque-Pons (1917-1982), autor de uma Sonatina (1978), € 0 ftalo-uruguaio Guido Santérsola (71904), que depois de uma longa residéncia no Brasil radicou-se definitivamente no Uruguai, autor de uma prolifica producto musical Para violAo. Destacam-se a Suite Antiga (1945), Three Airs of Court (1966), varias sonatas para violao solo € duo de violées, misica de ¢: diversa com violao e 0 6timo Con- cierto para dos guitarras y orquestra de camara (1966) dedicado ¢ e Abreu, Mais recentemente temos uma obra de Hector Tosar (1923), Gandara (1984), € as obras de Eduardo Feméndez (*1952), que, além de excepcional violonista, demonstra talento na composigao, Entre suas obras estio El Punto Quieto (1981), inspirada pela © Consecuiencias (1983), Outros violonistas uruguaios de destaque iceres (°1928), que formou um belo dueto com Turibio , Betho Davezac (*1938) ¢ Jorge Oraison Todo este grande movimento violonistico na Argentina € no Uruguai tem suas readlo pelos irmaos santos, 100 sim na coll ins izes na tradi¢ao musical espanhola, que desde a colonizagao teve o violao como seu instrumento preferido. A grande popularidade deste instrumento nestes patses atesta tal fato. Também devemos recordar que as presengas de Miguel Llobet, na Argentina, e de Andrés Segovia, no Unuguai, trouxeram ainda maior entusiasmo para os violonistas estes dois paises, que ja possuiam uma grande tradigao violonistica, OVIOLAO NO BRASIL A VIOLA, INSTRUMENTO de 5 cordas duplas, precursor do violao e popularis- sima em Portugal, foi introduzica no Brasil pelos jesuitas portugueses, que a utilizavam a catequese. J4 no século XVII, referencias sto feitas A viola em SAo Paulo, uma delas colhida por Mirio de Andrade: "Em 1688 surge uma certa viola avaliada em dois mil réis, Prego enorme part o tempo. E, caso curioso, esta guitarra pertenceu a um dos mais notiveis bandeirantes do século XVII: Sebastiao Paes de Barros."!! Ainda na mesma obra, Mirio de Andrade cita Comélio Pires, para quem a viola € um dos instrumentos que acompanham as dancas populares de a0 Paulo, A confusio entre viola e violio comeca em meados do século XIX, quando a viola é usada com uma finacao propria do violio, isto é, la, ré, sol, si, mi. A confustio no uso do temo viola/ violdo, continua nessa €poca como atesta Manuel Antnio de Almeida, autor da Memérias de um Sargento de Milicias (1854-55), quando se refere muitas vezes com ter- minologia da época do final da colénia, a viola em vez de violdo ou guitarra sempre que trata de designar o instrumento urbano com qual se acompanhava as modinhas. A vio- 4a, hoje, tomou-se a viola-caipira, instrumento tipico do interior do pais, e o violto, de- pois de ter sua forma atual es mento essencialmente urbano no Brasil. O violio tamb favorito para o acompanhamento da voz, como no caso das modinhas, e, na musica is trumental, juntamente com a flauta € © cavaquinho, formou a base do conjunto do chore. Por ser usado basicamente na mtisica popular e pelo povo, o violio adquiriu mé fama, instrumento de boémios, presente entre seresteiros, chordes, tornando-se sinénimo de vagabundagem. Assim o violao foi considerado durante anos. Os primeiros a cultivar o instrumento de uma maneira séria foram considerados verdadeiros herdis, © engenheiro Clementino Lisboa foi o primeiro a se apresentar em Piblico tocando viokio, especialmente no Clube Mozart, 0 centro musical da elite carioca Jin-de-siécle, Ainda algumas figuras proeminentes da sociedade carioca dedicaram-se ao instrumento na tentativa de reergué-lo, tal & 0 caso do desembargador Itabaiana, de escritor Melo Morais ¢ dos professores Ernani Figueiredo e Alfredo Imenes. Um dos pre. pelecida no final do século XIX, tornou-se um instru- mM foMnou-se © instrumento 101 od cursores do violie modemo no Brasil foi Joaquim Santos (1873-1935) ou Quincas Laranjeiras, fundador da revista O Violao em 1928, € que nos tiltimos anos de vida dedicou- se a ensinar 0 violio pelo método de Tarrega Uns anos antes, em 1917, Agustin Barrios se 1 em uma série de recitais no Rio de anciro, to- cando © instrumento de uma forma nunca vista/ouvi antes. Segu permanecido aqui por algum tempo, estabelece os funda. mentos da escola de Tarreg: Dessa €poca destaca-se a agora reconhecida (1883-1947) ou Joao Pemambuco, sobre quem Villa-Lobos dizia, a respeito de se a tournée de Josefina Robledo, que tendo obra de Jodo Teixeira Guim suas obras: "Bach nao teria vergonha de suas’ Atualmente a obra de Joto Pemambuco é bem conhecida gr que Pinto, Anit palho de Turibio Santos ¢ Henti celentes ob a |, que recuperou, editou € gravou boa parte Paulo Belli de sua obra. Mencionamos samba-exaltacao Lamentos do Morro, os choros Tristezas de um violdo, Sinal dos Tempos, Jorge do Fusa e Enigma, e a Debussyana, entre tantas outras. Ainda na linha da musica popular desta- cam-se Américo Jacomino (1889-1928), 0 ¢ grande Dilermando Reis (1916-1977), Ni miais recentemente a figura de Egberto Gismonti com Central Guitare e Variations pour Guttare (1970), ambas de cariter experimental. Também Paulo Bellinati realiza excelente trabalho como compositor cobras como Jongo, Um Amor de Valsa e Valsa Brilhante ia ganham notoriedade © violio no Brasil passou a se desenvolver principalmente, ‘anhoto, 0 em dois grandes centros, Rio € Sao Eas Joio Pemambuco, de pé & esquerda, Agustin Barros sentado © Quincas Laranjeiras, 4 dreita Rio de Janeiro, ¢. 1929 Em Sao Paulo, © excepcional trabalho desen volvido pelo violonista uruguaio Isafas Savio (1900-1977), Paulo, de onde vem a maioria dos grandes violonistas brasileiros, que tiveram ou tm sua formaga 0 instrumen tal com os professores destas cidades, 102 ete que escol se de deser Brasi de St partic tensa ment ainda bosa prim em ¢ ment ele d impo ativid gerag Barto sao) obras Erudi aluno docer D. Cicer Brean Interr Estud Villa-t brasil Anton Que feve sua formagio violonistica com Miguel Llobet, resultou em uma das melhores escolas de violonistas da América do Sul. Depois de resicir na Argentina, Savio radien Se definttivamente no Brasil. primeiro no Rio, depois em Sao Paulo. Nesta cidade, onde desenvolveu a maior parte do seu wabalho, fundou a Associagao Cultural violontsuca Brasileira, ¢ em 1947 tomou-se professor de violio do Conservatorio Dramitice e Musical de Sto Paulo, como fundador da cadeira de violto, a primeira do pats, Ainda em 1951, Participou da fundacao da Associagao Cultural de Violio de Sao Paulo. Além desta in, tensa atividade, Savio se distinguiu pela composigao de mais de 100 obras para o instru, mento ¢ cerca de 300 transcrigoes € revisoes. Hoje em dia suas compil ainda oes de estudos to usadas em muitas escolas por todo o pais, Entre os discipulos de Savio que mais se destacaram esté Antonio Carlos Bar. bosa-Lima (*1944), que aos 13 anos estreou como concerts e aos 14 raven eeu Primeiro LP. Barbosa-Lima € na atualidade um dos im em concertos, como na edigao, transcriglo e comis mento. Basia dizer que a Sonata op. 47 de Alberto Ginastera foi por ele comissionada ¢ a cle dedicada. Henrique Pinto, também aluno de Savio, é reconhecidamente um dos maa unborantes Pedagogos do instrumento na atualidade. Além de desenvolver uma grande atividade Como editor € revisor de obras para violio, Henrique € o responsivel per uma Beracio dos melhores violonistas brasileitos. Entre estes estio: Angeli Muner, Jacome Bartoloni, Edelton Gloeden, Ewerton Gloeden e Paulo Porto Alegre. Ainda de Sa Paulo devemos citar a Manoel $40 Marcos e su: Maria Livia Sto Marcos, radicada na Europa, € Pedro Cameron, também compositor de excelentes obras como Repentes, vencedora do 1° Concurso Brasileiro de Composicie de: M rudita para piano ou violao - 1978. No Rio, destaca-se a figura de Antonio Rebelo (1902-1965), que também foi aluno de Savio quando da residéncin deste no Rio. Rebelo desenvolveu atividades cone Gecente, impulsionando © violdo na cena musical. Entre seus diseipulos esito Jodiell Damasceno, Turibio Santos, Sérgio ¢ Eduardo Abreu. Jodacil Damasceno (*1929), além dos estudos com Rebelo, estudou com Oscar BALERS. Turfbio Santos (+1943), também estudou com estes dois mesires e com Julian Bream ¢ Andrés Segovia. Santes foi o primeiro brasileiro a vencer, em 1965, 0 Corea Intemacional de Violto da O.R-TP., em Paris. Fez a primeira gravacao integral dos Dose Estudes de Villa-Lobos € participow da esiréia mundial do Sexteto Mistica tambem. de Villa Lobos. Turibio € um dos maiores divulgadores da obra do grande compositor brasileiro € hoje dirige © Museu Villa-Lobos no Rio. Os irmaos Abreu, Sérgio (71948) ¢ Eduardo (*1949), desenvolveram uma das imais brilhantes carreiras de conceitistas intemacionais. Ambos estudaram com sea ave Antonio Rebelo ¢ com Adolfina Raitzin de Tavora. Foram premiados, cin 1967, no Con curse Internacional de Violko da O.R-T-F. Realizaram iniimeras gravagoes na Inglaterra, ¢ iados violonistas, tanto ‘obras para o instru. 103 icaram como um dos melhores duos de violao de todos os tempos. Atualmente, jo dedica-se 2 construgao de violbes. Ainda devemos mencionar outros violonistas carlocas como Léo Soares, Nicolas Barros, Marcelo Kayath, também premiado em Paris, € © brilhante Duo Assad, formado pelos irmaos Sérgio ¢ Odair "A misica brasileira para violao tem se desenvolvido, praticamente, 2 sombra da excepcional, embora pequena, obri de Villa-Lobos, que continua sendo a mais co- nhecida nos mefos violonisticos nacionais € internacionais. ‘Alguns compositores tentaram reprisar o sucesso dos 12 estudos. Este € o caso de Francisco Mignone (1897-1986), que com sua série de 12 Estudos (1970), dedicados € gravados por Barbost-Lima, nao obteve 0 sucesso musical almejado. J o minelro Carlos Alberto Pinto Fonseca (*1943), compos Seven Brazilian Etudes (1972), também dedicados a Barbosi-Lima, nos quais demonstra um nacionalismo e lirismo da mais pura escola na- tionalista, O compositor paulista Mozart Camargo Guamiert (1907-1993), uma das figuras mais procminentes da miisica brasileira escrevew pouco, mas bem, para o violto, O Pon- velo (1944), dedicada a ¢ estreada por Abel Carlevaro, a Valsa-Choro ¢ os trés pequenos Estudos, apresent ‘com uma linguagem mais livre da influéncia da obra violor de Villa-Lobos. Mais original quanto wa linguagem musical € a obra de Radamés Gnatalli (1906-1988). A forte ligagao de Gnatalli A mdsica popular brasileira é claramente visivel fem virias de suas obras que misturam a misica urbana carioca a wma refinada técnica € mu suas obras para viola, destacam-se os varios concertos para violao € Srquestia, Dez Estudos, 3 Estudos de Concerto, Brasiliana n* 13 (1983), Petite Suite, a Suite: Retratos para dois violdes, brilhantemente gravada pelo duo Assad, a Sonatina para violas € piano, Sonatina (1959) para flauta € violio, Sonatina (1966) para violoncelo & ois violoes, Sonata para violoncelo e violio € a Sonatina para violao € cravo, além da inclusto do violio em varias obras para grupo instrumental de carter regionalista Edino Krieger (*1928) compés uma das mais importantes obras para o repertorio dos titimos tempos. A Ritmata (1975), dedicada a Turibio Santos, explora novos efeitos inctrumentais € associa uma linguagem atonal a procedimentos técnicos utilizaclos por Villa-Lobos. A obra de Almeida Prado (71943) Livro para seis cordas (1974) apresenta uma concepgio musical originalissima livre de qualquer influéncia violonistica tradicional fe que delineia bem o estilo deste compositor; esta obra ainda _apresenta certas seme- Thancas com as Cartas Celestes (1974) para piano quanto & sua concepcao sonora, ‘los Nobre (*1939) tem na série Momentos a sua obra mais importante para viokto. Escrita a pedido de Turibio Santos € projetada para 12 niimeros, os primeiros qua- tro foram escritos entre 1974 € 1982. Ainda de Nobre destaca-se a Homenagem a Villa Lobos ¢ Prélogo € Toccata op. 65. Para dois violoes, Marlos Nobre recriou 3. Ciclos Nordestinos dos originais para piano, otimas obras miniaturistas que utiliza motives do folelore nordestino. Ricardo Tacuchian (*1939) escreveu Ltidica J (1981), dedicada a 104 om Turtt nalis: nage sono naga prem Viok: tes d tiba prod viole tina por Assa de « escri muit flue 108, Turibio Santos, em que apresenta uma linguagem contemporinea com toques de nacio- mo € efeitos sonoros os mais diversos. A sua Ltidica IT (1984), escrita em hor nagem a Hans J. Koellreutter, € uma obra mais tradicional quanto A sua concepsao sonora. Jorge Antunes (°1942) escreveu Sighs (1976), na qual o autor requer uma afi. hagio especial para o segundo movimento, uma invengao em tomo da nota si Lina Pires de Campos escreveu o excelente Ponteio Toccatina (1978), obi Premiada no 1° concurso Brasileiro de Composicao de Musica Erudita para Piano ou Violao - 1978. Deste mesmo evento surgiram novas obras, como o j tes de Pedro Cameron, a Suite Quadrada de Nestor de Holanda Cavalea dades de Marcio Cortes. Ainda cabe aqui mencionar a obra do boliviano, mas radicado e ligado a Curi- tiba e ao Brasil durante anos, Jaime Zenamon (*1953), dono de uma excelente e prolifica Produgao para o instrumento que tem sido extremamente bem aceita nos meios violonisticos internacionais. Entre suas obras destacam-se Reflexdes 7, Demian, The Black Widow, Iguacu para violdo © orquestra, Reflexdes 6 para violoncelo e violao, ¢ a Sona- tina Andina para dois violoes, Para finalizar mencionaremos jovens talentos na composiglo e que se destacam Por sua producto para violao: Francisco Araujo, C ampela € Sérgio Assad que escreve, para o duo com seu irmao, excelentes obras de cariter virtuosistice de efeito impressionante, Devem ser lembrados também Jicomo Bartoloni, que tem escrito excelentes obras tonais como Eliptica, Ditirambo ¢ 0 tango Maries, que tém sido Muito executadas, € Paulo Porto Alegre, com a Mini Sufte, que apresenta uma clara in. Muéncia da obra de Leo Brower. E ainda 0 paranaense Chico Mello, que tem a étima Do Lado do Dedo (1986), obra de cariter experimental e que explora efeitos sonoros inédi- tos, € como © prdprio Chico diz: "minimalista 2 la Chico" 105 NOTAS ® DEMARQUEZ, Suzanne, Manuel de Fala, Barcelona: Fitoral Labor, SA, 1968p. 1228 2 OTERO, Corston. Manuel M. Ponce yl Guitarn México: Eicones Fonapas, W981. p31 3 Bid, p. 137. * Gtado em SANTOS, Turibio. Heitor Villa Lobos ¢ 0 violdo, Rio de Janeiro: Musex Villa-Lobos, 1975. p12, ° BREAM, Julian’ Guitar Concertos. contracapa do disco RCA, LSC 2487, New York, 1961 HENZE, Hans Werner Royal Winter Music. Mainz: Schott, 1976. No preficio, * MARCO, Toms. Historia General de la Musica, el siglo XX. Madrid: Editorial Alpuerto S. A., 1983. p 281. BGINASTERA, Alberto. Citado no preficio 4 Sonata op. 47, New York: Boosey & Hawkes, 1978, ° PIAZZOLLA, Astor. Preficio A Histoire du Tango, Paris: Henry Lemoine, 1986, "° CARLEVARO, Abel. La Escuela de la Guitarra, Buenos Aires: Bary Editorial, 1979. p. 7 ' ANDRADE, Matio, Diciondrio Musical Brasileiro, Sa0 Paulo: Ealitora da Universidade de $0 Paulo. 1989. p, $58 LEAL, José de S. € BARBOSA, Artur L. Jodo Pernambuco, Arte de um povo. Rio de Janeiro: Funarte, 1982. p, 46, Sphid., p. 9 106 AGU: tic ANDI ANGI 19 ANTC AZPL, v BARE BELL: BIBLIOGRAFIA AGTADO: Dionisio. Méthode compte pour la guitare, Edigdo facsimile. Paris: 1826 Geneve: Edi tions Minkoff, 1980 ANAT, Joan Carles. Gutarra Espariota. Edicio facsimile (c. 1761). Monaco: Editions Chanterelle S.A, 1980. ie nae ioitto de. Diciondrio Musical Brasileiro, Sto Paulo: Editors da Unviversidade de Sto Paulo, 1989. ANGLES, Higinio. La musica en la conte de Carlos V. Barcelona: tnstituto Espanol de Musicologia, 1944 ADP ON, ani; PEREIRA, Regina. Garoto, Sinal dos Tempos, Rio de Janeiro Punarte, 1982. AZTIAZU, Jose de. La Guitarra y los Guitarristas. Buenos aives: Riccagy Americana, 1961 sar nate ean. Nowelle méthode de Guitare selon le sstome des netlears vous Paris 1781. Edicao fac-simile. Geneve: MinkofT Reprint, 197, BARBOSA, Valdinha; DEVOS, Anne Marie. Radamés Gnatall, O Bemo Experimentador. Rio de Ja neiro: Funarte, 1984 BEQOW, Alexander. The Mustrated History of the Guitar. Long Island: Belwin Mile Publishing Corp., 1970. ETO. tor Grand Traté dinsinamentation et orchestration modernes Mino: 6 Ricordi & ©O,, [sd] a Ms Memorias. Buenos Aires: Editorial Schapire, 1945, ea as elie,

You might also like