“O futuro é desconhecido, mas com certeza será diferente do
presente”. Esse tipo de frase muitas vezes é direcionada à auto-ajuda porém é intrínsica ao tema deste trabalho. Planejar é pensar em modificar uma realidade. Suas bases advindas de Taylor e Ford (1850) se enquadravam na economia e administração. Em 1965, o método do Centro de Desenvolvimento apoiado pela Organização Panamericana da Saúde (CENDES – OPAS) migra o planejamento econômico também para o social ou seja, para a saúde. Esse tipo de método utilizava indicadores demográficos, epidemiológicos e sociais. Com enfoque descritivo não questionavam a limitação desses dados. Porém, o que se mantém até hoje é a chamada programação de ações e serviços. Sistematizar informações, racionalizar ações, desenhar, executar e acompanhar propostas.
Autores abordam planejamento de formas diferentes porém a
conclusão é sempre a mesma – o planejamento não tarefa de “planejadores”. Ou seja, todo e qualquer ator social (secretarias, lideranças da comunidade) deve estar integrado nessa ferramenta.
A principal forma de planejamento utilizada na saúde é o
planejamento estratégico e situacional (PES) – esse possui a participação de vários atores, se utiliza da explicação da realidade, trabalha a partir do conflito.
O PES possui quatro momentos: explicativo, normativo,
estratégico e tático-operacional. Basicamente consistem em identificar os problemas, priorizá-los, explicá-los, formular situações ideais, desenhar uma intervenção, conferir sua validade, desenvolver as ações com metas e enfim, monitorar e replanejar.
No sistema de saúde brasileiro, existe uma indossiciabilidade
entre atenção e gestão. Os atores sociais fazem o reconhecimento da realidade pela ciência como em estudos transversais, hierarquização dos problemas pensando sobretudo em o que é um problema de saúde pública, podendo tomar como base a árvore de problemas e ver os nós criticos que poderão ser modificados, elaborar e executar as ações.
Os desafios atuais para esse tipo de planejamento e a situação
de saúde atual, consistem em garantir a universalidade e a eqüidade na prestação de serviços; possibilitar a participação popular e profissional nos processos decisórios da organização da produção e também na execução dos cuidados em saúde. O planejamento, quando pautado no princípio da integralidade, pressupõe ações de prevenção, promoção, tratamento e reabilitação, além de garantir a participação de todos os envolvidos.
Frente a necessidade de descentralização da gestão do SUS, a
centralidade do gestor para a tomada de decisões e para a organização da gestão torna a participação popular ineficaz. Os atores sociais que deveriam atuar no planejamento não o fazem.
Existe também uma disparidade entre o conhecimento teórico-
prático, tornando um desafio a capacitação dos gestores para a efetivação das ações preconizadas na gestão pública de saúde. Uma das ferramentas para viabilizar o acesso ao gerenciamento adequado é o Sistema de Planejamento do SUS (PlanejaSUS), que define os instrumentos básicos para o planejamento, além da realização de cursos de capacitação que podem ser oferecidos por gestões municipais.
Em suma, o grande desafio é desenvolver coletivamente um
planejamento que contribua para melhorar a saúde da população, estimulando a adesão das equipes para atingir resultados e fortalecer o SUS. A base teórica é muito importante para compreender de quem é o papel do planejamento, e o quão importante é sua permanência.