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2016/2017
MARGARIDA DURÃO
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TEMAS:
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INTRODUÇÃO AO DIREITO SEGUNDO O MÉTODO DO CASO
2016/2017
MARGARIDA DURÃO
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Factos:
Lançam-se no mar apenas com nabos, sendo que até ao 4º dia desde o naufrágio
(8 de Julho de 1884) vão-se alimentando desses nabos e vão-se hidratando com a
água da chuva.
Ao 19º dia têm a 2ª conversa: Dudley propôs a Stephens e Brooks que se tirasse à
sorte uma vítima, que tivesse que morrer e que, assim, permitisse que os outros
continuassem vivos (prática habitual entre marinheiros em condições semelhantes
às deles). Brooks não aceitou inicialmente esta sugestão e Parker não foi
consultado pois estava inconsciente. Dudley e Stephens conversaram entre si
sobre o facto de terem responsabilidades familiares, ao contrário do jovem Parker
(o mais debilitado pela fome e desidratado por ter bebido água do mar). Dudley
sugeriu então que se na manhã seguinte não se avistasse nenhum navio, Parker
deveria ser morto.
Ao 20º dia (25 de Julho de 1884), Dudley mata Parker com a concordância de
Stephens e a dissidência de Brooks.
Nos quatro dias seguintes os três homens alimentaram-se do corpo de Parker, até
serem salvos por um navio alemão de passagem. Os três marinheiros estavam
vivos mas em condições físicas deploráveis.
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Questões suscitadas:
A morte de Parker era mesmo necessária (ainda que não soubessem quando
seriam resgatados)?
É admissível (ainda que Parker fosse o que tinha menos probabilidades de
sobreviver)?
Há legítima defesa?
Há Estado de necessidade?
É legítimo matar, mesmo nestas circunstâncias?
É homicídio?
Argumentos a favor:
Argumentos contra:
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Factos:
Whetmore morre ao 23º dia por via de um acordo proposto pela própria vítima.
Do 20º dia ao 32º dia não estabelecem nenhuma comunicação com o exterior e
no 32º dia (Junho de 4299) são salvos.
Decisões:
1- Juiz Foster
A lei que lhes é aplicada não é a da comunidade mas aquela que decorre dos
princípios próprios do estado de natureza (inocentes de qualquer crime)
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A ordem do Estado e da ordem jurídica pode mesmo ser tomada como fundada
num acordo ou num contrato estabelecido entre homens no exercício livre da sua
vontade
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2- Juiz Tatting
Põe em causa a possibilidade de se contrariar a letra da lei em razão dos seus fins,
desde logo quando estes se revelam múltiplos e controversos
3- Juiz Keen
Relembra a letra da lei: “Quem de modo intencional, retirar a vida de outrem será
punido com a pena de morte”, o que significa determinar se, de acordo com a lei
em vigor, os exploradores mataram, de modo intencional Whetmore
Não cabe ao juiz retirar da lei senão aquilo que resulta da sua letra (separação de
poderes; supremacia parlamentar)
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A aplicação da lei, nos termos em que foi aprovada pode mesmo ter um efeito
educativo lembrando à comunidade os efeitos reais resultantes da sua aplicação
(eventuais reformas legislativas)
4- Juiz Handy
Um dos casos mais fáceis de resolver; inocentes, pelo que devem ser absolvidos;
aplicação de princípios de senso comum
Decisões:
“The Supreme Court being equally divided, the conviction and sentence of the Court
of General Instances is affirmed. It is ordered that the execution of the sentence shall
occur at 6 AM, Friday, April 2, 4300, at which time the Public Prossecutor is directed
to proceed with all convenient dispatch to hang each of the defendants by the neck
until he is dead.”
A decisão tomada é a de que vão ser condenados, sendo cada um dos réus
pendurados pelo pescoço até serem mortos.
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Factos:
Neste caso está presente o nascimento de duas gémeas siamesas (juntas pela cabeça)
Alyssa e Bethany no ano de 2001.
Alyssa tem um rim e Bethany não tem nenhum pelo que tem de usar o da sua irmã.
Bethany piora, a sua insuficiência cardíaca ameaça gravemente a saúde da sua irmã, e
uma inuficiência renal por parte de Betany, agravada pela situação de não ser possível
a Alyssa realizar uma diálise piora a situação.
É realizada a cirurgia onde Bethany morre e tanto o médico como os pais das gémeas
(Mr. And Miss Nolan) são chamados (ao Supremo Tribunal) a fim de se perceber a
legalidade da cirurgia efetuada.
Questões suscitadas:
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Análise:
Considerações do tribunal
Decisão do tribunal
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Há uma ponderação de interesses, sendo que uma vida não vale mais do que a outra.
Critério de decisão médico = probabilidade de sobrevivência.
Quem tem maior probabilidade de sobrevivência é Alyssa, pelo que devem tentar
salvá-la.
É legítimo salvar Alyssa, ainda que Bethany morra mais cedo → evitar um mal maior.
Tribunal permite a operação. É legítimo escolher uma vida em detrimento de
outra, nestas situações.
O Tribunal compreende esta ação como de boa-fé, não só devido às circunstâncias
enunciadas acima, mas devido à forma como se tentou recorrer à Justiça antes de
qualquer procedimento a tomar (section 282 of the code) – ex ante
No caso das gémeas, a vítima (Bethany) representa um perigo para a vida da sua
irmã, o que não acontece relativamente ao caso que envolve Parker. Bethany era
um perigo para Alyssa ≠ Parker não era perigo para Dudley e Stephens (violam o
dever moral). Assim, no caso de Dudley and Stephens não se pode alegar a
legítima defesa como meio de tutela jurídica.
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Factos:
Por ser de etnia negra mas de pele clara, consegue comprar um bilhete de
comboio de 1ª classe (à qual só os brancos tinham acesso) no estado de Louisiana.
Quando o revisor a ele se dirigiu, ordenou-lhe que se dirigisse para o seu devido
lugar (carruagem destinada aos negros, usualmente a de mercadorias).
Como Plessy se recusa, fica preso durante um dia numa prisão local sob pena de
pagar uma caução (que vai contestar).
Em New Orleans é todavia criada e aprovada uma lei local que determina a criação
de elétricos para negros (marcados com uma estrela) e para brancos. Remete para
a estrela de David (Nazi). Esta decisão não foi bem recebida por toda a
comunidade negra e iniciou protestos.
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O STJ, dando origem a uma das decisões mais polémicas da sua história,
considerou que esta lei era constitucional e Plessy pede um mandato de erro ao
Tribunal. É institucionalizada a doutrina do “separate but equal”, gerando com
isso um precedente. O princípio “separados, mas iguais” seria compatível com a
cláusula de igualdade (equal protection).
O STJ entende que não é escravatura pois o ato cometido apenas envolve um
dano civil. Isto é, o STJ considera que um estatuto que distingue as raças não tem
qualquer tendência para destruir a igualdade legal das mesmas ou reestabelecer
um estado de escravatura.
Análise:
Discriminação nos transportes era geral mas mais acentuada nos comboios
Guerra Civil = 1861 – 1865➔ Norte e Sul entram em guerra por causa dos escravos
(entre outros motivos)
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No norte também havia segregação (os negros não podiam viver em qualquer sítio
pois havia zonas residenciais para negros)➔ Mas no Sul era diferente (as
residências dos negros eram do seu proprietário, i.e., eram escravos)
Com este diploma legal, todos os sistemas de segregação racial do Estado foram
findados, era o fim da Era Jim Crow (Jim Crow = nome comum dado a qualquer
negro). Um nome importante para a promulgação dessa lei foi John F. Kennedy,
então presidente norte-americano.
Decisões:
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Factos:
É então que, sobre a iniciativa desta associação, alguns pais propositadamente vão
inscrever 20 filhos em escolas brancas com o fim de que o comité da NAAPC possa
desencadear um processo contra escolas como da Virginia e de Washigton D.C.
Em causa, para efeitos de estudo, temos o caso Linda Brown: uma menina a quem
foi rejeitada a entrada numa escola de brancos que era a mais próxima de sua
casa.
Análise – decisões:
Tribunal conclui que o que está presente não é a violação da 14ª Emenda
enquanto tal, mas deve ser um problema colocado à luz do ensino público,
promovido em igualdade de condições. A realidade é que aqui não falamos de
uma desigualdade material, pois até algumas escolas negras podem ter boas
instalações, mas de uma desigualdade que no fundo torna as crianças negras num
grupo minoritário e sem dignidade social face aos brancos, pelo que uma raça é
subalternizada a outra e a própria separação leva, portanto, a uma desigualdade
social, ainda que não expressa, mas vivida.
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Casos:
o Por trás da lei, está um critério de dignidade social e direitos. A lei é igual e
cabe ao tribunal aplicá-la e não interpretá-la. Com a evolução do princípio
da igualdade, a avaliação é feita de forma diferente, tendo em conta a
situação histórica (supra: a ação de Plessy é contra a lei mas conforme ao
direito).
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o A separação das raças, mesmo que fosse sujeita a iguais condições, não
representa a concretização de uma qualquer ideia de igualdade, nem
sequer de igualdade material porque mesmo separada a desigualdade de
facto, continuava a estar em causa a desigualdade e a falta de dignidade
social, reveladora da ausência de igualdade através e perante a lei.
o A discriminação pode ser usada como um meio para chegar a um fim que é
a igualdade, como é o caso da discriminação positiva.
No caso de Plessy, o STJ entendeu que a segregação nos estados do sul não
violava a Constituição dos Estados Unidos (em particular a 14ª Emenda que
afirmava que todos os cidadãos eram iguais perante a lei).
No caso de Brown, dado que os negros não têm acesso aos mesmos sítios que
os brancos, surge um novo problema: a desigualdade de tratamento e
oportunidade, ou seja, em causa está a dignidade social. O STJ, então, no caso
de Brown, considera que há uma violação do Princípio da Igualdade na
condição social em que a discriminação no ensino já enunciada pode levar a
restrições de condições de vida, como o acesso ao ensino. É, portanto, uma
discriminação arbitrária, não justificada, não proporcional entre meios e fins.
Vai contra os Princípios estruturais do Estado de Direito Democrático.
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Em ambos os casos:
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Factos:
Mesmo não tendo sido acusado, o problema de Hardwick é que era praticante
homossexual e, por isso, decide atacar a lei para prevenir as suas situações
futuras. Neste sentido, Hardwick contesta a lei da Georgia ao tribunal de 1ª
instância.
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O Circuit Court admite que possa haver uma violação da 9ª emenda (cláusula
de direitos fundamentais) e da 14ª emenda (igualdade). Declara, assim,
inconstitucional a lei da Geórgia sobre a prática de sodomia.
Análise
Considerações do tribunal
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o Não acham que haja um direito consagrado relativo à prática de sodomia entre
homossexuais
o As 5ª e 14ª Emendas referem-se a determinados assuntos mas este é um
daqueles que não está na alçada federal ou estatal (são questões que não são
reguladas nem prescritas pelo Estado Federal)
o O que são “direitos, liberdades e garantias”?
o “Valores sem os quais a liberdade e a justiça não existiriam, se fossem
sacrificados”
o “Liberdades profundamente enraizadas na história e tradição da Nação”
o Quando a Bill of Rights dos EUA foi elaborada, a sodomia era uma ofensa
criminal nos 13 Estados que a ratificaram --- logo, não são liberdades
profundamente enraizadas na história e na tradição da Nação; aliás,
historicamente, eram repudiadas
o Após a ratificação da 14ª Emenda e da Due Process Clause nela estabelecida
(1868), 32 Estados ainda tinham leis que incriminavam a prática da sodomia
o A 1ª Emenda fala sobre liberdade domiciliária
o No entanto, há crimes que não deixam de ser penalizados apenas por ocorrem
na privacidade do domicílio
o Deve haver um critério para esta lei, mas neste caso há apenas a crença de uma
maioria, que considera que a sodomia homossexual é imoral e inaceitável
o Razão inadequada para justificar a lei, MAS há mais leis que se baseiam em
valores morais. Por vezes, o Direito consagra certos valores morais por
acreditar que devem ser respeitados.
o Não concordam que as leis sobre sodomia devam ser invalidadas com base em
representarem valores morais
o Revertem o julgamento do Tribunal de 2ª Instância (que acreditava haver violação
de preceitos da Constituição Federal)
o Hardwick é considerado culpado de sodomia, enquanto delito grave
o Não aceitam a inconstitucionalidade da lei da Geórgia nem consideram que viole
nenhum direito fundamental
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Juiz Powell
o Concorda com a decisão --- Não há nenhum direito fundamental a ser violado, já
que a Constituição Federal e as declarações não referem a sodomia como um
direito fundamental
o Há critério, há legitimidade
o Não há proporcionalidade --- A pena é excessiva
o No entanto, haveria um argumento válido que não foi referido por
Hardwick --- a 8ª Emenda --- Não devem ser atribuídas cauções excessivas,
nem impostas multas excessivas nem penas cruéis ou incomuns
o A sodomia é considerada um crime grave, punível com pena de prisão
entre 1 e 20 anos
o É excessivo; comparável com outros delitos graves, como ofensas corporais
agravadas, roubo e fogo posto
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Factos:
Considerações do tribunal
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o Intencionalidade:
Normas jurídicas = procuram reger a sociedade e as suas condutas,
limita as liberdades
Normas morais = procurar cumprir o dever da consciência, orientar
para o bem o Liberdade de pensamento
Moral rege-a, condenando pensamentos que vão contra ela
Direito não a rege, apenas trata ações que tenham repercussões no
exterior
o Limite de intervenção do direito = lesão ou perigo de lesão de liberdades de outras
pessoas- não é totalmente verdadeiro
o Muitas normas jurídicas têm valor moral (Ex: homicídio).
o Nos casos da Georgia e do Texas, tratam-se apenas valores morais e não outros
lesivos de terceiros- dificuldades na legitimidade da intervenção do Direito
(problema da junção do Direito e da Moral)
o O Direito intervém quando está em causa a lesão de terceiros.
o A promoção da sociedade tal como a conhecemos pode ser o critério utilizado
para restringir essa liberdade mas é necessária justifica-la. O argumento nos casos
é insuficiente. O Direito entra em áreas que não são da sua competência, mas
pode fazê-lo apresentando razões fortes e que preservem as decisões da maioria.
Semelhanças:
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Diferenças:
o História processual:
o Geórgia --- o Ministério Público arquivou o caso (consideraram que as
provas eram “irrelevantes” de serem julgadas – não esperavam que
houvesse uma perseguição efetiva em função da lei)
o Texas --- são formalmente acusados, depois de serem detidos, e são
condenados a pagar uma multa
o Delimitação do tipo:
o Geórgia ---- condena a sodomia entre pessoas do mesmo sexo e de sexos
opostos --- discriminação indireta --- os casais heterossexuais podem
praticar outros atos sexuais - casais homossexuais não têm outra opção
para terem relações sexuais sem ser as práticas orais ou anais,
contrariamente aos casais heterossexuais que têm vias.
o Texas ---- condena sodomia apenas entre pessoas do mesmo sexo ---
discriminação direta em função da orientação sexual
o Qualificação do delito:
o Felony – crime grave / Misdemeanour – contravenção / Infraction -
contraordenação
o Geórgia ---- delito (grave)
o Texas ---- contravenção (médio)
o Moldura penal:
o Geórgia ---- prisão entre 1 e 20 anos
o Texas ---- multa no máximo de 500 dólares
Notas gerais:
o Lord Devlin era juiz de carreira = representante da Nação na Câmara dos Lordes e
juiz do Privy Council
o Devlin diz que se pode proibir homossexualidade e Heart diz que não
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Lord Devlin and the Enforcement of Morals (Yale Law School Legal Scholarship
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Dworkin:
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Considerações gerais:
Princípio da responsabilidade civil --- O dano é suportado por quem o sofre, em princípio.
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Factos:
Uma empregada de mesa ficou ferida depois de uma garrafa de Coca-Cola ter
rebentado na sua mão
Pretende processar a companhia de engarrafamento para obter uma
indemnização: ação contra a empresa de engarrafamento e distribuição de Coca-
Cola (réu)
Acusa de venderem uma garrafa com defeito --- “garrafas contendo bebidas com
uma pressão excessiva de gás ou que, por uma razão de defeito na garrafa, eram
perigosas ou podiam explodir”
O motorista, que trabalhava por conta da emprega, entregou várias caixas com
garrafas
Colocou-as no chão, umas em cima das outras, debaixo e atrás do balcão, onde
permaneceram cerca de 36 horas
A queixosa pegou na caixa de cima e colocou-a próxima de uma arca de gelados e
de um frigorífico
Retirou as garrafas, uma de cada vez, com a mão direita, e colocou-as no
frigorífico
A 4ª garrafa explodiu-lhe na mão
Partiu-se em 2 bocados --- som parecido com o de uma lâmpada a rebentar
Infligiu-lhe um corte profundo na mão, de cerca de 12 cm, que lhe afetou os
nervos e os tecidos do polegar e da palma da mão
O patrão e o colega confirmam --- a garrafa não embateu contra nada, que
pudesse justificar o sucedido
Res ipse loguitur --- a coisa fala por ela mesma, não foi demonstrada, mas foi
presumida – art.493/3 CC
Um motorista do réu é chamado a testemunhar pela queixosa ---- já tinha visto
outras garrafas a explodir e tinha visto algumas partidas no armazém MAS não
sabia o motivo
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Defende responsabilidade pelo risco, resultado acaba por ser bastante semelhante
ao voto da maioria, concordando com a decisão e não com a fundamentação
usada.
A empresa desenvolve uma atividade arriscada (risco); tem uma posição
estratégica e incomparável em termos controlo; é a empresa que escolhe quem
faz parte da cadeia. É expectável a garantia do risco.
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Factos:
O queixoso foi mordido pelo porco do seu vizinho. Eram proprietários de prédios
rurais subordinantes. Há anos que o ameaçava a ele e à sua mulher, tendo
chegado a atingi-la algumas vezes. Um dia é atingido pelo animal, enquanto se
está a dirigir à sua carrinha. Morde-lhe a mão, causando um ferimento.
A única testemunha é o queixoso.
Tanto o queixoso como o réu tinham quintas e criavam porcos --- à data, o
queixoso tinha 200 na sua quinta.
No dia da agressão, já tinha visto o porco (que tinha fugido uns tempos antes da
quinta do seu dono).
Voltou a sua casa para mudar de roupa. Quando saiu, não viu o animal.
Dirigiu-se à sua carrinha para se ir embora. Ouviu um barulho, voltou-se, e o porco
investiu contra ele e mordeu-lhe a mão, causando um ferimento
Apesar de já constituir uma ameaça há algum tempo e apesar de possuir armas,
nunca disparou contra o animal.
No dia do ferimento tinha escrito um bilhete para o seu vizinho a alertá-lo para o
perigo que o seu animal constituía para os outros (o comportamento do animal
era descontrolado e imprevisível, pelo que deveria ser abatido)
Tanto o réu como o queixoso foram negligentes: o Réu --- deveria saber desse
perigo, no exercício do seu cuidado / permitiu que o porco fugisse, sabendo da sua
propensão para por em perigo a segurança dos outros o Queixoso --- sabia desse
perigo ainda antes do ataque / expôs-se voluntariamente ao risco de ser atacado
pelo animal / o facto de não se ter defendido antes (tiro) é considerado
negligência / não tinha nenhuma vedação que o impedisse de passar.
Questão jurídica: Quem responde pelo dano/ prejuízo? A regra geral é que o dano é
atribuído a quem o sofre. Mas para que o dano seja atribuído a quem o cometeu e não a
quem o sofre, têm de se verificar certos pressupostos.
Garantias sancionatórias:
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Sanção compensatória:
o responsabilidade civil
o na verdade, o que ela gostaria em vez de uma indemnização era a
recriação da realidade – a restituição natural – mas quando não é possível,
há que recorrer a uma alternativa que compense o dano causado, por
exemplo dinheiro (sucedâneo)
o são invocados os danos/ o prejuízo causado para que as pessoas tenham
ganhos no futuro
ganhos emergentes
lucros cessantes
sanção punitiva:
o responsabilidade criminal e disciplinar
o está em causa castigar, pelo que o valor calculado é prosseguir com uma
finalidade diferente – assegurar que tal não se repete (fim preventivo)
Decisão do Tribunal:
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Factos:
Em 1882, Francis volta a casar com Mrs. Bresee, sendo que no acordo anti-nupcial
fica acordado que, em caso de morte de Francis, Bresee continua a ser sustentada
pelos frutos da quinta.
Francis, antes da sua morte, manifestou-se ao seu neto Elmer (16 anos) o desejo
de alterar o testamento (direito de fazer uso fruto – direito sobre um dado bem,
mais restrito do que o de propriedade privada da quinta, do rendimento da
quinta).
Deste modo, Elmer, proprietário caso o avô e a respetiva mulher morressem, mata
o avô (por envenenamento) como forma de obter imediatamente a propriedade
que lhe estava destinada, de acordo com o testamento de Francis.
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Considerações do tribunal:
Decisão do tribunal:
A questão não se prende com Elmer ser ou não punido com o crime. Prende-se
sim com o facto de poder ou não herdar - legitimidade / dignidade de herdar;
O regime de sucessão é a sucessão testamentária:
o O destino da herança depende da vontade do "de cuius" e não da vontade
do legislador - assenta na vontade do testador, é ele que decide o destino
do seu património.
1ª hipótese - Se Elmer fosse declarado incapaz, as tias receberiam a herança
(situação prevista pelo "de cuius" no caso de Elmer morrer solteiro e sem
herdeiros). PROBLEMA: Não se sabe se seria esta a vontade do testador - num
regime de sucessão testamentária, o que importa é satisfazer a vontade do
testador. Ele não previu esta situação - logo, não se sabe qual a sua vontade em
tal situação.
2ª hipótese - O juiz coloca-se na pele do testador e pensa o que ele quereria numa
situação desta.
PROBLEMA: Seria uma vontade hipotética /conjetural - num regime de sucessão
testamentária só se aceita a vontade real do testador
Por via da interpretação declarativa, Elmer receberia a herança;
O testamento foi cumprido - deve ser executado (interpretação declarativa) -
adstrita à da letra da lei.
MAS não se satisfazem com a interpretação declarativa
A intenção do legislador não poderia ter sido que os herdeiros matem
intencionalmente o seu testador e que, ainda assim, recebam a herança.
o Ex. Proibição de derramamento de sangue nas ruas de Bolonha. Intenção:
Proibir duelos.
Hipótese: Um homem que ficou com a perna presa numa carroça e um cirurgião
tem de lhe amputar a perna para evitar que gangrene e que se espalhe a infeção
pelo corpo. A letra da lei não o permite.
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Mas pode?
o Interpretação corretiva - se o intérprete se colocar no lugar do legislador,
como decidiria?
o Por vezes não é aceitável - a função do intérprete é interpretar e não criar
normas;
o Estamos, assim, perante uma lacuna = caso omisso -> Integração de
lacunas;
o Tem relevância jurídica // tutelado pelo Direito - pretensão de conformar a
vida em sociedade // finalidades = justiça, segurança e bem-estar;
o O juiz não pode recusar-se a julgar, seja porque motivo for - proibição de
"non liquet";
o Neste caso, há uma solução, mas não é a melhor, tendo em conta as
circunstâncias do caso - quer-se substituir uma solução legal por uma
solução judicial;
o Lacuna inautêntica - incompletude do sistema jurídico que contraria
objetivamente o plano deste. Inautêntica porque há regulação, mas não é
a melhor;
o Conflito entre a solução legal e a Justiça
Posição jusnaturalista = a lei não deve ser aplicada - Elmer não recebe a herança
o Juiz Earl
Concorda com a maioria;
Jusnaturalismo radical - se a lei é injusta, não deve ser aplicada =
"lex iniusta non est lex" - A lei só vincula se é justa.
o Voto vencido do Juiz Gray
Positivismo radical - a lei vincula e, por isso, tem de ser sempre
cumprida ="Dura Lex, Sed Lex";
A solução pode não ser a melhor, mas tem de ser cumprida a letra
da lei.
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2016/2017
MARGARIDA DURÃO
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Factos:
Considerações do tribunal:
Princípio militar:
o Obediência hierárquica:
O subordinado está vinculado às ordens do seu superior;
O dever de obediência é essencial em matéria criminal;
Num caso de ofensa a uma lei criminal apenas o superior é
considerado responsável.
Seria acusado de cúmplice se soubesse que se tratava de um navio-hospital e,
como tal, de um crime ou ofensa militar;
O corpo do Almirantado era a autoridade máxima em relação ao acusado;
Obedeceu a uma ordem - estava livre de responsabilidade criminal;
Poderia ser responsabilizado se fosse além das ordens que lhe foram dadas ou se
soubesse que a ordem do seu superior se tratava de um crime militar ou civil;
O subordinado não sabia que se tratava de um navio-hospital. Nunca o teria feito
se soubesse que a execução das ordens eram ilegais.
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Decisão do tribunal:
O réu é absolvido;
Exige-se à pessoa singular, mais do que um mero conhecimento da lei vigente e
concreta, um juízo ético - deveres que a lei estabelece e princípios da
Humanidade. (Ex. há leis que são imediatamente inválidas por violarem esses
princípios de direito - ideias fundamentais do ordenamento jurídico - mesmo que
esquecidos pelo sistema em vigor e que põem em causa essa obediência à lei
(referência ao Direito Natural);
No caso alemão, a estatuição pode ser posta em causa quanto à sua validade -
pena de morte põe em causa a dignidade da pessoa humana, nomeadamente o
direito à vida. Por sua vez, a lei da época não representa a vontade geral e não é
aprovada por um órgão estadual competente - validade formal. Deste modo, não
se trata de uma lei, é inválida
Austin defendeu que quando as leis humanas entram em conflito com princípios
fundamentais da moralidade elas cessam e passam a ser chamadas de "absurdo
gritante". Aquando de um certo grau de iniquidade, obrigação moral, poder-se-á
falar de uma resistência à própria lei e uma retenção à obediência;
Positivismo - a lei como é e não como deve ser. São válidas tendo em conta as
regras do sistema, mas não os princípios básicos de moralidade;
A lei de facto não é moralidade, mas a moral entra quando se trata da influência
no exterior e em terceiros - parte da moral que é a justiça;
No texto do Professor Lon L. Fuller, este considera que o que foi lei,
nomeadamente no regime nazi, não pode ser hoje considerado como se nunca
tivesse sido lei. As palavras têm um efeito poderoso nas atividades humanas;
Encontramos aqui um paradoxo: uma ordem imoral chamada lei, que cria um
dever moral que deve ser obedecido ou um dever moral que se pensa ser certo e
decente e quando confrontados com um mau estatuto, é necessário escolher
entre os dois deveres;
Os próprios princípios que saíram do julgamento de Nuremberga afirma que a
escolha moral pode implicar a desobediência à lei, que a lei penal, se retroativa,
perderia a abstração e até a generalidade.
Quando as leis traem a justiça e a igualdade, não são leis
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Um homem, em casa em licença, afirmou à mulher que seria melhor que Hitler
tivesse morrido no atentado da Toca do Lobo.
A mulher, para poder ficar com o outro parceiro, denuncia o marido. O marido foi
condenado à morte, pena comultada para que fosse combater na primeira linha
de batalha na frente russa. A mulher foi julgada por sequestro, já que privou o
marido da sua liberdade. Em sua defesa, afirmou que estava apenas a cumprir a
lei.
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Factos:
Giordano era autor de livros políticos (em especial sobre época nazi)
Foi convidado para dar uma entrevista à revista Stern devido à morte do antigo
braço direito de Hitler (Rudolph Hess)
Vai chamar nesta entrevista “democrata coagido” a Strauss
Diz que há vários políticos deste tipo e que este problema permanece na
Alemanha, sendo Strauss um deles
Diz que o povo alemão permite que isto aconteça pela falta de um chefe a quem
prestar culto
Considerações do tribunal:
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Nota:
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Factos:
Decisão:
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Nota:
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Factos:
É instaurada uma ação contra o UK que declara que está a violar as suas
obrigações europeias (acórdão do tribunal de justiça da EU). A questão foi
colocada num tribunal britânico e pede por via do tribunal de justiça da EU
para saber como aplicar. É recusado pois invoca uma Lei da Diretiva (art.35º)
que prevê que os Estados limitem a livre circulação.
Este Tribunal diz o que pensa sobre o caso e vincula a decisão dos outros
tribunais - Mecanismo pré-judicial
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Decisão:
Para que o direito do Sr. McCarthy seja tido em conta há que considerar a
família dele quanto às condições de liberdade e de dignidade
Decisão final - a Sra. McCarthy não deve estar sujeita a visto ou algo
semelhante
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Factos:
Miss Din entrou nos EUA como refugiada e adquiriu nacionalidade Americana.
Casou com Berashk (cidadão afegão) e quer que ele se junte a ela.
Para o conseguir tem que iniciar um procedimento administrativo para que ele
seja incluído na categoria “immediate relative” (na verdade ele é “immediate
relative”, pois são casados, mas é preciso a emissão de um visto de entrada
nos EUA).
O visto é recusado nos termos e para os efeitos do artigo 1182 secção A)3b) do
Immigration Acts.
Miss Din inicia um processo diretamente no tribunal federal (1ª instância) pois
quer que não a privem do seu direito de viver conjuntamente com o seu
marido (direito esse que está presente na Constituição).
Miss Din contesta a recusa pois não lhe são dadas explicações nem há
qualquer fundamentação (violação due processo of law).
Decisão:
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Então, a Sra. Din invoca o direito a viver conjuntamente com o seu marido ao
que o Tribunal diz que o direito a casar e a residir não foram postos em causa
Não existe nenhum elemento que fale sobre essa liberdade. Assim, não há
necessidade de explicação visto não haver nenhuma garantia de due process
of law
Basicamente, pode dizer-se que o Direito substantivo existe, mas não pode ser
verdadeiramente exercido, porque não há direito processual
Caso McCarthy:
o A Sra. McCarthy pede para ser dispensada de pedir o EEA (pedido
processual)
o O objetivo é que ela possa circular livremente na UE (pedido substantivo)
Kerry vs. Din:
o Din deseja que a embaixada explique de forma clara a decisão que tomou
(pedido processual)
o Poder viver com o seu marido nos EUA (Direito substantivo)
Normas processuais (forma de reivindicar o direito) instrumentos, ou seja, como
atuar no âmbito daquele problema
Normas substantivas (direito que se tem), objetivo, isto é, o ponto de chegada
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