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o de guerra Foren te tole Cen tice mis le Peete ace Cees cereals paneer ee rect ete Ch net oe phere lester Cee eRe cone politica meritocr pcre Pema! eee eo entilinhng Pee ecu tnena! Paice steiner toeny Se | eee ee oe eae 4 camber er eee) Reece ee rae peer eee a) Pee eee ee re ere Seen es jente congregava forcas como sindicatos de profissionais da edu- eee eres Bren te ices Cet Cen hs oe tron teeny ee eee ‘ aug cet ccs Bra ec eee cre er: recite Sires we eres eee Pee omes eae Capa/Politicas publicas Desde a realizacto do primei- ro Censo Gife em 2001, pesquisa realizada pelo Grupo de Institutos, Fundagoes e Empresas para levan- tat © perfil do investimento so- cial privado no Brasil, a educacao aparece como a area que recebe 0 maior volume de aobes € investi- mentos. No ultimo levantamento, referente aos anos de 2011 e 2012, 87% dos institutos pesquisados realizavam agdes na rea. “Com a aprendizagem que foram acurmu Jando ao longo dos anos por meio do trabalho de campo, eles criaram condigées nao sO técnicas, mas também politicas de influenciar as politcas publicas na area da edu cacao", diz Andrea Bergamaschi, getente de Projetos Estratégicos do Movimento Todos pela Educacio ~ coalizao criada para reunir repre- sentantes dos trés seto1 Se a amplitude da agenda da educacio jé dava ao debate 0 ca- rater de uma arena permanente de dados, versdese propo: s,aentra- FO Severcien 2004 da desses novos atores no cenario reforca 0s conflitos inevitaveis. De uum lado, organizagdes relaciona- das ao setor privado téni como vi- so prevalente, mas nao tnica, um modelo educacional_ construtda sobre a ideia de eficiencia na gestio baseada na padronizacto pedagogica e curricular, afericao permanente de resultados e um sistema associado de recompensa a escolas e professores considera dos bem-sucedidos. De outro, os atores tradicionais do campo criti- cam 0 que tem sido chamado pri- vatizacio no classica da educacio € que advogam pelo compr timento do Estado com a formu- lagao € manutengdo das politicas pubblicas educacionais, garantindo acesso gratuito e ensino de quali- dade universal a> POLITICA DE RESULTADOS “At€ 10, 20 anos atrés, o que ha- via de presenca do setor privado disputando rumos da educacto Umdos pares doProjeto Gente ométodo aaensino personalizado eram basicamente as escolas, os grupos privados de educagao inci- dindo nos espagos de decisto para titar beneficios enquanto investi- dotes’, historia Marcio da Costa, professor pesquisador da Faculda- de de Educacao da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Observatério Educacto © Cidade, Para Costa, €38¢ novos atores, organizados es- sencialmente nos institutos e fun- dacdes empresariais, entram na disputa da agenda trazendo uma visio mais voltaca para resultados ais. € objetivos educacior Na anilise de Andrea, o interes- se do setor privado pelo temario da edu com o estabe- levar a contri da gestio mento das agdes para o debate das politicas, puiblicas da-se mais recentemente A gemte se vé, hoje, como mais ‘um ator da sociedade civil no de- bate educacional”, diz Andrea Segundo ela, nao se trata de fazer ‘uma proposta de qual escola deve existir, mas de defender as metas estabelecidas. “Sto metas basica- mente de fluxo escolar: colocar a crianca na escola, oferecer educa «fo de qualidade e garantir que ela se forme”, resume, Para 0s criticos, a motivagto para que os atores empresariais entrem no debate torna a sua contribuicgo enviesada, levando ‘a questionamentos sobre a fumncao da escola: instruir ou educar? “A questdo que move esses emprest- ros é ‘como nés poclemos ter uma mao de obra possivel para atuar xno mercado de trabalho hoje’, 0 que faz com que qualquer pro- posta pedagogica e curricular seja ‘mediocre, porque no tem visto de longo prazo ou perspectiva ci- dada”, diz Daniel Cara, cootdena- dor da Campanha Nacional pelo Direito a Educagio, que articula mais dé 200 movimentos sociais, sindicatos e organizagdes no go- vernamentais, © professor da Faculdade de Educagio da Universidade Es- tadual de Campinas (Unicamp) Luiz Carlos de Freitas também avalia que a entrada dos institutos ¢ funclagdes est ligada a interesses ‘muito espectficos do empresatia- do, ligados a um fenomeno recen- te da economia: 0 aumento dos salrios médios € a estagnacio da produtividade. “Para aumentar a produtividade e maximizar os lu- cros ha que se alterar varios com- ponentes da politica economica, entre eles, aumentar a qualidade da educagio”, diz Freitas. “Embo- ra esta seja uma preocupacao legl- tima, no contexto da sociedade em que vivernos, 0 fato € que a educa «a0 nao pode se resumir a isso.” CAMPODE TESTES Andrea recanhece que 0 Todos surge na esteita deste processo que considera de amadurecimento do papel do setor privada na agen- da educacional, O movimento fot Tangado em 2006, com a presenca de representantes do ministério € secretarias da Educagao e de insti- tutos e fundagdes, além de diver- sos empresitios, anunciando um compromisso coletivo com metas ‘a serem cumpridas até 2022, ano do bicentenario da Independén- cia, Entre seus principais artiices estio alguns dos maiores institu tos e fundacdes privadas do pats, como a Fundacto Itatt Social, Fundagao Telefonica, Fundacio Bradesco ¢ Instituto Camargo Cor- réa, Fundacéo Lemann, além do Movimento Brasil Competitivo, li deraco pelo empresirio Jorge Ger dau Johanpetter, hoje presidente do Conselho de Governanca. trabalho do Todos pela Edu- cacao, diza gerente, € tentarcapita- lizar inicativas que estejam dando resultado e impactando positiva- mente o desempenho dos alunos ppara influenciar politicas publicas “Porque muitas vezes, no dia a dia dos gestores da educagao publica, isso passa batido.” ‘A influencia nas politicas pode ser percebida em um exemplo vin- do do proprio Todos pela Educa- fo, Em 2011, ao lado de varios parceiros e, inclusive, do Instituto Nacional de Estudos € Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), a organizacio realizou a Prova ABC com criancas dos 2° 3° anos do ensino fundamental. 0 objetivo era avaliar o processo de alfabetizagao das criangas. “Agora, ‘© governo ira realizar a Avaliacao Nacional da Alfabetizagto (ANA)”, Mozart Neves, ‘do institute Ayrton Senna. (asiihoje, ‘todos trabalham ‘com metas educacionals. ‘comemora Andrea. (© depoimento do diretor de Ar- ticulagio e Inovacio do Instituto Ayrton Senna (IAS), Mozart Neves Ramos, corrobora a impressao de sintonia entre as proposigdes feitas pelo setor privado e as paliticas pir blicas. Ex-secretario de Educacao de Pernambuco e também ex-di- retor do Todos pela Educagio, Ra- ‘mos diz que sempre lhe chamow a atenglo o fato de as fundagoes € 0 IAS, em especial, trabalharem com a nogao de metas, “O IAS sempre teve em seu DNA a gestdo de re- sultados: metas para alfabetizacto, ‘metas para correcio de fluxo”, diz. “Isso era algo novo ha duas déca- das, mas, hoje em dia, com o Ideb lindice de Desenvolvimento da Educacao Bisica, principal ava- liagao do sistema realizada pelo MECI, todo mundo trabalha com metas educacionais”,reflete. Para a superintendente da Fun- dagao Itati Social, Isabel Santana, © setor privado funciona, jus tamente, como uma espécie de campo de testes de tecnologias socials que viram politicas publi- cas, “Como iniciativa privada po- demos nos permitir desenvolver laboratorios, testar metodologias, ter tempo de avaliagao, de acom- panhamento antes de propor isso para uma escala maior”, comenta. ana fevereim #7 Capa/Politicas publicas Um dos exemplos citados por ela de como esse laboratorio funciona €a Olimpiada Brasileira de Lingua Portuguesa. Originalmente, a Itav Social lan- ‘cou, em 2001, 0 projeto Escreven- do 0 Futuro, voltado 4 formacio de educadores para 0 ensino da escrita € a realizagio de concur- 0s de redagio entre os alunos dos professores participantes. “Hoje, somos parceitos técnicas da Olim- pada a convite do MEC. Transfe- rimos para 0 Ministério toda a es- ttatégia’, conta Isabel, “Tornou-se ‘uma ago nacional, com 98% dos ‘municipios brasileitos registrando escolas participantes.” INFLUENCIANA POLITICA PUBLICA Posta como contribuigao téc ca feita a partir de um know-how adquiride em campo, a presenca dos institutos e fundagdes em- presariais no cendrio da educagao desloca o “campo de batalha” da agenda educacional dos espacos legislativos ou participativos de definigao das politicas para o Exe- cutivo, Para Daniel Cara, as parce- rias acabamn moldando as politicas, sem que haja participacao efetiva da comunidade na sua definicao €, muitas vezes, a margem do con- trole social exigido para as politi- cas publicas. De acordo com a Pesquisa de In- formagdes Basicas Municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) de 2011, 1.152 ‘municipios brasileitos mantinham relagdes com 0 setor privado na ‘tea de educacio por meio de al- ‘gum convénio ou apoio sem vincu- Jo contratual. A pesquisa nao dis- tingue a natureza das organizagbes. E possivel ter uma ideia do al- cance do trabalho dos institutos € fundagoes analisando a atuagao de alguns deles. © Instituto Ayrton 42 fevervivo ms Senna, um dos pioneiros na atua- 0 com foco na educagio e no suporte a politicas publicas na area, esté presente hoje em mais de 1,300 muniefpios em 24 esta- dos, atendlendo cerca de dois mi- Thoes de criangas e jovens. De acordo com Ramos, as parcerias surgem a partir de demandas tra das 20 instituto pelo poder publi- co, “Attavés dos nossos programas, oferecemos material pedagogico, formacao de professores, ferramen- tas de gestdo e monitoramento de resultados”, diz informa, ‘Uima das formas como as paco- tes de solucoes chegam aos muni- cipios ¢, inclusive, um programa do Ministerio da Educagio: 0 Pla- no de Metas Compromisso Todos pela Educacio, inspirado, justa- mente, nos objetivos estabelecidos pelo movimento de mesmo nome Ao assumit 0 compromisso, os municipios precisam apresentar um Plano de Agdes Articuladas (PAR). Os municipios podem apresentar, como parte do plano, agdes e programas realizados pelos institutos ¢ fundacoes. Asagoes do PAR de cada municipio sio finan- ciadas pelo MEC. CONSULTORIAAS REDES Mais recentemente, € posstvel verificar um movimento de arti culagao dos insttutos e fundacées para além de uma agenda politica comum, como a representada pelo Movimento Todos pela Educacéo. is maiores redes publicas de ensino do pais, um pool de or ganizagoes empresariais da supor- te a algumas das principais potiti- cas colocadas em pratica Em Saq Paulo, 0 Compromisso Eduucagao para Todos é um amplo programa de reforma da rede esta- ual de educagéo que inclui desde a revisio do plano de carreira do- cente a novas propostas pedags- gicas para o ensino fundamental € médio. De acordo com a Secre- taria Estadual de Educacio, todas as agdes realizadas hoje dentro da rede esto conectadas através do programa. desenho do programa foi fei- to partir de um relatério produ- zido pela empresa de consultoria McKinsey & Company, contra- tada pela associagio Parceiros da Educagio. "E um dos melhores Escolado Brojeto Gente, ‘no, idealizado femparceria com institutes cempresarials programas que eu jé vi", comemo- 1a Jait Ribeiro, diretor presidente e socio do banco Indusval & Part- ners, sécio-diretor da Casa do Saber e coordenador-geral da associacdo De acordo com ele, o foco da sua organizacio 6 exatamente este: fi- nanciar consultorias para que os governos possam desenhar acées que efetivamente melhorem 0 de- sempenho das redes de educacao, Deacordo com o site da secreta- ria, apoiaram a iniciativa outras 14 corganizagdes, a maioria institutos e fundagdes empresariais, entre elas a Itat Social. “Nos participa- ‘mos com apoio financeiro mas, mais importante: por meio de suporte técnico com essas tecno- logias que hoje estio sendo im- plantadas”, resume Isabel Santana, Para ela, essa atuagao em conjuunto las organizagoes do setor privado uma inovacio importante. Tanto a Ita Social como a Par ceiros da Educagao tem tepresen- tantes no Conselho Consultivo do Programa Educacao: Compromis- 30 de Sao Paulo, De acordo com levantamento feito pelo Observa- torio da Educacio, da Acio Edu- cativa, todos os dez representantes da sociedade civil neste conselho estdo ligados as organizagdes em- presariais patceiras da acto. J no municipio do Rio de Ja- nero, o Projeto Gente, acronimo de Gindsio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais, come- ou a ser ideatizado em 2012 pela Secretaria Municipal de Educacio do Rio de Janeiro, em parceria com. 6 Instituto Natura e outros insti- tutos, como Fundacao Telefonica Vivo, Intel, Microsoft, Tamboro Instituto Ayrton Senna. O projeto parte de algumas experiéncias ja existentes na propria rede, como 8 Gindsios Experimentais, ¢ de experiéncias internacionais, como ‘© School of One, Summit, Quest to Learn e Time to Know. A pro- posta do Gente € desenvolver um novo modelo de escola que tenha ‘como um de seus pilares 0 ensino personalizado. Os parceiros do projeto se di- vidiram em cinco frentes de tra- balho: inftaestrunura fisica, infra- estrutura de tecnologia, projeto pedagégico, sistematizacao e ava- liagao € comunicagao. © proje- to custou R$ 3,5 milhoes, sendo que RS 2.5 milhoes vieram de parceitos privados. Alice Ribeiro, nie feversivo 43 Capa/Politicas pUblicas coordenadora do projeto pela se- cretatia, destaca que, embora os pparceiros tenham impulsionado a criagao do Gente, o projeto é uma responsabilidad da rede, que € responsével pela manutencao das despesas correntes da iniciativa = como merenda, pagamento de professores e funcionarios, inter- net, gestdo do projeto. “De forma alguma sem 0s parceiros o negécio cai. A ideia é de complementarida- de, e nao suplementaridade”, afir- ma. “A ideia € que os aportes dos parceiros sejam feitos de uma vez 36 e fiquem para a rede, Existem, por exemplo, parceiros que dao apoio para a avaliacao do projeto, « para isso € necessatio um inves- timento financeito.” Alice ressalta que mais impor- tante que o apoio financeiro, 0 co- nnhecimento técnico oferecido pelos institutos parceiros foi fundamen- tal para a realizagio do projeto. “Temos parceitos que trazem ex- periencias prévias, seja no contex- to brasileito, seja no internacional. Isso é, pra gente, ouro em po”, co- menta. Segundo Alice, esses par- ceiros continuam envolvidos no acompanhamento do projeto pilo- to, Ha reunises bimestrais com 4A fovervivo ants todos os parceitos e encontros es- pecificas com os grupos de traba- Tho quando surge alguma questao. CONSEQUENCIAS Como fica a relacio entre setor publica e privado quando as par- cerias ganham dimensoes como as descritas acima? Marcio da Costa, da UFRJ, lembra qué é justamente a fragilidade do Estado em man- ter uma estrutura adequada de pessoal nas areas de gestao da edu- caclo 0 que abre 0 caminho para a forte influencia dos atores pri- vados na execugio das politicas. Costa lembra que esta influencia 4 podia ser percebida quando, ha quase duas décadas, os municipios foram instados a criar os Planos Municipais de Educacio. “Havia consultorias vendendo os planos para varias cidades”, lembra. Hoje, esta aproximagao passa pela reali- zacao dos processos de avaliagio € se concentra especialmente nos as- pectos de treinamento de pessoal assessorias em gestao. “Nao ha problema em comprar ‘um servigo aqui, outro ali. Nao € {nteligente, mesmo, manter grandes estruturas para realizar coisas pon- tuais, como uma avaliagéo”, diz Escolado Instituto Ayrton Senna: asparcerias surgemapartir decemandas do poder publleo a SONOSITE Conhega ocatidlano e oprojeto pedagégico da Escola Municipal ‘André Urania primeira a receber 0 projeto Gente, do Rio de Janeiro. Leia entrevista com Stan Karp, sobre a crescente resistencia 20s “reformadores educacionals cempresariais" nos Estados Unidos. Costa. Para ele, a conttibuigéo des- sas organizagoes relresca a agenda educacional e nao é possivel negar © know-how concentradlo hoje nos institutos ¢ fundagdes. *Mas o ES- tado deveria garantir que houvesse inteligencia interna, que a condu- «a0 das politicas fosse de fato re- alizada pelas equipes de gestores e educadores. E hoje essas equipes sto incapazes de fazer isso.” Luiz Carlos de Freitas faz uma critica mais contundemte, “O se- tor privado pode colaborar com 2 educagfo, mas nao pode ten- tar substituir os profissionais da educagéo alojados nas redes de ensino”, diz 0 pesquisador da Unicamp, ressaltando que a con- ttibuigao fundamental deveria ser na infraestrutura € nos meios, € rnd nas atividades-fins. “O peda- gOgico € assunto de educadores profissionais ¢ nao de filantropos. Deve ser definido nas redes de en- sino, com pessoal de carreira que tem o conhecimento de como a rede funciona e foi preparado es- pecificamente para tal. Resta saber quais serio os efei- tos dessas parcerias a longo pra- zo, Em que medida elas ajudam professores € gestores @ construir saberes para uma mudanga real nas relagdes escolares ¢, em tiltima instancia, para o aprendizado? a | Capa/Espacos institucionais Onde fica a sociedade civil Composicao de conselhos, féruns e conferéncias reserva pouco espera Para a comunidade escolar; governos também sao minoritarios em relagdo ao setor privado s espagos institucionais de patticipacto da so- ciedade civil para a de- finigao das politicas publica de educagto também mao fogem a tensio entre o piiblico e 0 priva- do, Embora a maior parte desses espacos preveja formalmente uma participacao equilibrada entre os diversos atores e setores implica- dos na discussfo, as disputas pet- ‘manecem evidentes Realizaca pela primeira vez em 2010 e com a segunda edigao em novembro de 2014, a Conferencia Nacional de Educacto (Conze) acaba sendo uma espécie de retrato do intenso debate em tomo dos de- safios e rumos da educacao. Resul- tado de uma reivindicacao historica dos “atores tradicionais” do campo da educacto ~ sindicatos de pro- fessores e profissionais da educa- Ao, organizacdes estudantis, Aca- demia ¢ dirigentes das redes de ensino -, 0 processo da Conae (que inclui conferéncias munici- pais e estaduais) é facilmente asso- ciado aesses setores. No entanto,a conferéncia prevé um niimero substancial de representantes do setor privado, especialmente de trabalhadores e mantenedores de instituigées da rede privada Griadlo por decisto da Conae 2010, o Forum Nacional de Edu- cacao (FNE) é responsivel por di- 46 Severino 2014 rigit © processo € acompanhar a implementacao das diretrizes esta- belecidas pela Conferéncia. For ‘mado pelas organizagoes nacionais de dirigentes, profissionais, edu- cadores ¢ estudantes do setor pi blico e privado, além de centrais sindicais € movimentos sociais, © Forum € mais um espaco aberto dentro da estrutura do Estado para dar vaza0 a0 debate educacional, ‘mas nao € um espago para a solu- a0 de contendas, ressalta 0 coor denador geral do FNE, Francisco das Chagas Femandes. “O Forum. iio tem poder de resolver polemi- cas entre os defensores dos setor €s paiblico e privado. A conferén- cia & 0 espaco para isso”, comenta. CONSELHOS Por se tratar de orgios de carater normativo, com efetivo poder de decisto sobre o funcionamento das redes de ensino, a composicao dos conselhos de Educagao é fre- quentemente alvo dessas disputas. Na sua atual composigao, 0 Con- selho Nacional de Educacio (CE), formado por membros no- ‘meados pela Presidencia da Rept- blica a partir de listas de indica goes feitas por organizagdes ligadas a Educagdo Basica e a0 En- sino Superior, apresenta-se como um colegiado basicamente de membros da Academia, com um. certo equilibrio entre os setores piilico e privado. Dos 24 conselheiros, apenas 0s dois membros natos ~ 0s secre- trios de Educacdo Basica e de Ensino Superior do MEC ~ sio, de fato, representantes do setor puiblico, Entre os 15 membros li- gados a instituigdes academicas, oito estdo ligados exclusivamente universidades publicas. Um & professor em universidades publi- cas e privadas, quatro sio dirigen- tes de instituigdes privadas e um € também membro do Conselho de Governanca do Movimento Todos pela Educagao. Os institu- tose fundagées ainda contam com ‘um segundo representante, de um total de cinco conselheitos ligados ‘0 setor privado ~ consultores pri- vados e um diretor de uma grande ‘empresa fornecedora de sistemas de ensino, Os trabalhadores da educagio tm duas representan- tes, ambas trabalhando nas redes putblicas estaduais, Nos conselhos estaduais e muni- Cipais, as regras paraa composigao variam, No entanto, chama a aten- 0 0 fato de que setores da comu- niidade escolar estao alijados desses espacos. Segundo levantamento do Observatorio da Educacto, da Aco Educativa, 19 dos conselhos estaduais nao preveem a participa- «ao de pais ou alunos. Em 10 deles, sequer ha consultas ou indi as da soc 's pern nitem a outro em ‘obre © vatorio da Educa- mostrou que o setor privado em conselhos de > estadua (Ceesp). Mais da metade membros do Ceesp esto li entidades privadas que incl olas de ensino fundamental que para a Indusval Theiros, » selor priva- 4) quando Uninove, Mari poli. Por sua ve tem uma repre representantes da A\ e I Em alti no lugar, esta a rep trabalhadot apenas um representante, © Conselho Municipal ¢ acio Paulo ilustra outra ituacdo: o controle do: sobre os espacos partici Embora os crit 0 prevejam q ja dividi¢ gmento dade e po académicas pul presentam, privado, um. Ja a comu- olar € movimentos da PARTICIPAGAO NOS CONSELHOS DE EDUCAGAO MUNICIPAL - 9 CONSELHEIROS (een ee Seige Seared eeu Mey eke aceenue) aU meee Teo} (eee erased se MN olen aeoPe el) NACIONAL* -23 CONSELHEIROS fens edge aor er ener Gea) ee) ee oat DO ee ee nee SSETORPRIVADO + INSTITUIGAOACADEMICA Capa/Novos atores Christin Kubo, da Odebrecht agestiode atiménio podria ser para ‘qualaver setor Construtoras entram no Jogo A entrada de empresas do setor de comunicacao e tecnologia e o anuncio da primeira parceria pUblico-privada para a construcdo de uma escola no Brasil colocam mais interessados no setor educacional brasileiro este percurso historico Mais recentemente ainda, as dade, um centro administrativo e IN | aes retacoes das potti-construtoas entratam para 0 rol até uma arena de futebol”, diz. 1 cas piiblicas de educa- dos atores de mercado na educa- A construgio das unidades ren- sto comosetor privado,naoforam 20 com 0 antincio da primetra deri a Odebrecht R$ 190 milhées. apenas 0s institutos e fundagdes a_parceria publico-privada (PPP) para Para a manutencao das unidades, surgirem como novos atores na a construgio e administragao de 2 prefeitura pagard outros R$ 39 arena do debate educacional. An- escolas. A Prefeitura Municipal de rilhoes anuais, De acordo com a tes, 0 mercado educacional com- Belo Horizonte contratou a Ode- secretaria, o municipio conta com pportava empresas ligadas a edi¢do recht Properties para construir 189 escolas de ensino fundamen- de livros didaticos, fomecedoras e administrar 37 escolas de edu- tal que atendem a 160,645 alunos, de sistemas de ensino, assessorias cacio infantil e fundamental até nao existindo deficit nesse nivel pedagogicas e, claro, as redes pri- fim de 2014. O contrato, se- de ensino. Para a Educacio Infan- vadas de ensino em todos os ni- _gundo a Secretaria Municipal de til, prevé construir 153 Unidades veis e modalidades. Passaram aset Educagdo, passa a concessionatia Municipais de Educacao Infantil também alvo do interesse de em- a “administragao dos servigos nao mei) ate dezembro de 2016. A presas do setor de comunicagio pedagégicos que se resumem nos primeira unidade construida via e tecnologia, especialmente asso- _servicos de apoio, como de limpe- PPP uma Ume, foi entregue em ciadas hoje a sistemas de ensino, za, conservacdo, manutenco, vi- setembro. Eo caso da internacional Pearson, _ gilancia patrimonial e reprografia’. A aplicacao do estatuto de PPP dona de algumas das principais A diretora da Odebrecht Proper nna educagao € polemico. © pro- editoras de livros do mundo, do ties, Christini Kubo, explica que a fessor da Unicamp, Luiz Carlos Grupo Financial Times e, no Bra-’ PPP nao significa uma decisio de de Freitas, considera que a ad- sil, controladora do Sistema Edu- investir em educagao, A empresa ministragio de uma unidade de cacional Brasileiro. Ou do Grupo também administra o estédio do ensino nao pode ser comparada Abril, que, através da Abril Educa- Maracana, no Rio de Janeiro, e a a administragio de uma empre- a0, mantém as duas matores edi-_Ttaipava Atena Fonte Nova, em Sal- sa. “Os métodos de administracio toras de livros didaticos do pats e _vador. “O que a empresa faz € gerit educacionais nao so 0s mesmos ‘controle de cinco diferentes sis- 0 patriménio. Entdo, pode ser um da iniciativa privada’, diz. Outras temas de ensino, além de redes de hospital, uma escola, um posto de parcerias devem surgir e os resul- escolas de lingua estrangeira sade, um tribunal, uma universi- tados ficardo mais claros. «¢.1s) a 4S fever 2m

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