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Livro Eletrônico

Aula 00

Conforme Novo CPC p/ TRFs


Professor: Gabriel Borges

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Direito Processual Civil
Teoria e Exercícios comentados
Prof. Gabriel Borges

DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRF


Apresentação do curso

Primeiramente, quero dizer que é um grande prazer encarar este desafio com
vocês. Faremos um curso de teoria e exercícios voltado para o concurso do
TRIBUNAL REGIONAL DO FEDERAL.
0
Faremos um curso bastante didático, deixando de lado a linguagem
excessivamente técnica e a formalidade. Utilizaremos recursos visuais: marcadores
de texto, negrito e muitas questões de concurso, no corpo da aula, bem como
ao final.

As questões são de provas passadas e eventualmente inéditas (elaboradas


pelo próprio professor). O objetivo é preparar o candidato para resolução de
questões no grau de complexidade que a banca tem atribuído aos certames mais
concorridos.

Iremos trabalhar todo o conteúdo de Direito Processual Civil exigido nos


últimos editais, por meio de teoria e exercícios de concursos anteriores e tendo
como base a Lei nº 13. 105/2015 – NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Será um curso de
12 encontros, além deste, em que iremos trabalhar o conteúdo de modo objetivo e
com o foco na sua aprovação.

 Sobre o Prof. Gabriel Borges

O Professor Gabriel Borges é Consultor Legislativo do Senado Federal; pós-


graduado em Direito e Relações Internacionais; e leciona a matéria de Direito Processual
Civil para concursos desde 2010. Até tornar-se Consultor, foi aprovado em vários
concursos públicos.

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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza
e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram
os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site
Estratégia Concursos.

 Vamos ao nosso cronograma

DISPONÍVEL CONTEÚDO
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
Disponível
CIVIL

Aula 01 Continuação da Aula 00. DA JURISDIÇÃO E DA


Disponível 20/06/2016 AÇÃO

Aula 02 DA COMPETÊNCIA INTERNA; DA COOPERAÇÃO


Disponível em 27/06/2016 INTERNACIONAL; DA COOPERAÇÃO NACIONAL

DOS SUJEITOS DO PROCESSO; DO


LITISCONSÓRCIO; DA INTERVENÇÃO DE
Aula 03 TERCEIROS; DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE; DO
Disponível em 04/07/2016 CHAMAMENTO AO PROCESSO; DO INCIDENTE DE
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA; DO AMICUS CURIAE

Aula 04
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Disponível em 11/07/2016

Aula 05 DO MINISTÉRIO PÚBLICO; DA ADVOCACIA


Disponível em 18/07/2016 PÚBLICA; DA DEFENSORIA PÚBLICA

Aula 06 DOS ATOS PROCESSUAIS; DO VALOR DA CAUSA;


Disponível em 25/07/2016 DA TUTELA PROVISÓRIA

DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO


Aula 07 DO PROCESSO; DA EXTINÇÃO DO PROCESSO;
Disponível em 01/08/2016 DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA; DA REVELIA

DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO


Aula 08 SANEAMENTO; DO JULGAMENTO CONFORME O
Disponível em 08/08/2016 ESTADO DO PROCESSO; DA AUDIÊNCIA DE
INSTRUÇÃO E JULGAMENTO; DAS PROVAS; DA

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DISPONÍVEL CONTEÚDO
SENTENÇA E DA COISA JULGADA; DA
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA; DO CUMPRIMENTO
DA SENTENÇA

DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS


DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS; DA
Aula 09 AÇÃO RESCISÓRIA; DOS RECURSOS; DOS
Disponível em 15/08/2016 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO; DOS RECURSOS
PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Aula 10
CONTINUAÇÃO DA AULA 09
Disponível em 22/08/2016

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO; DOS EMBARGOS


À EXECUÇÃO; DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO
Aula 11
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO; DOS
Disponível em 29/08/2016 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS; DOS
PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Aula 12
CONTINUAÇÃO DA AULA 11
Disponível em 05/09/2016

NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL.

VISÃO GERAL PÁGINA


1. Capítulo I: Normas Fundamentais do Processo Civil. 02
2. Resumo 41
3. Lista das questões apresentadas 43
4. Questões comentadas 44
5. Gabarito 47
6. Bibliografia 49

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SUMÁRIO

Pensamento jurídico contemporâneo............................................... 5

Neoconstitucionalismo....................................................................... 6

Artigo 1º do CPC.................................................................................. 8

Direitos fundamentais processuais.................................................. 10

Devido processo legal ....................................................................... 11

Contraditório ....................................................................................... 20

Contraditório conceito tradicional: informação e possibilidade de


reação ................................................................................................. 20

Poder de influência das partes na formação do convencimento do


juiz .............................................................................................................
25

Contraditório: forma de evitar surpresa às partes.......................... 26

Contraditório Inútil ............................................................................ 27

Contraditório Antecipado ................................................................. 28

Contraditório diferido ou postecipado (ou postergado) ................ 28

CAPÍTULO I: NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

PENSAMENTO JURÍDICO CONTEMPORÂNEO

O pensamento jurídico contemporâneo sofreu alterações consideráveis a partir da


metade do século XX. Neste contexto, não ficou imune o Direito Processual Civil. Para
começar a tratar do Novo Código de Processo Civil. Esta transformação está ligada à
necessidade de atualizar-se o repertório do Direito, mas entendam que os conceitos jurídicos
fundamentais não forma abandonados.

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Então vejamos as características do atual pensamento jurídico que afeta nossa disciplina.

Primeiro, temos o reconhecimento do poder da normatividade da Constituição Federal.


A CF é, pois, o principal meio normativo do nosso sistema jurídico, sendo assim, tem eficácia
imediata e independe, em muitos casos, de mediação legislativa.

O que a doutrina tem afirmado é que se passa de um modelo Estatal baseado na Lei
(Estado eminentemente legislativo) para um Estado fundado na Constituição, ou seja, um
Estado Constitucional por excelência.

A segunda característica, e aqui houve mudanças consideráveis, é o desenvolvimento


da teoria dos princípios. Os princípios passam a ter sua normatividade reconhecida – passa a
ser uma espécie de norma jurídica.

A terceira traz a transformação da hermenêutica jurídica. Há um reconhecimento do


papel criativo e normativo da atividade jurisdicional. Esta é vista como essencial para o
desenvolvimento do Direito – estipulando norma jurídica ao caso concreto ou pela
interpretação que se deve ter dos textos normativos. Neste contexto, a norma sofrerá, na sua
aplicabilidade, a influência dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Os textos
normativos passam a conviver com o método da subsunção – na lição de Tereza Arruda Alvim
Wambier “muitos são os pontos em que se evidencia a fragilidade, ou pelo menos a
insuficiência, do raciocínio dedutivo e da lógica formal e pura, instrumentos típicos da
dogmática tradicional”.

A última característica alude à expansão e consagração dos direitos fundamentais, que


infunde ao direito positivo a dignidade humana.

NEOCONSTITUCIONALISMO

A nova fase do pensamento jurídico está sendo conhecida como Neoconstitucionalismo.


Os riscos e possibilidades do Neoconstitucionalismo são inúmeros, mas fugiria às nossas
pretensões didáticas deste curso – voltado para a sua aprovação e não para debates
doutrinários ou acadêmicos.

Vê-se que há uma tendência a supervalorização das novidades advindas do

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pensamento jurídico atual. Supervalorização dos princípios em detrimento das normas


consolidadas; enaltecimento do Judiciário em detrimento ao Legislativo, e convenhamos,
assistimos a uma grave insurgência do Poder Judiciário sobre o Poder Legislativo, o que pode
gerar prejuízo à democracia e à separação de poderes; a valorização da ponderação em
relação à subsunção.

Constituição da República Federativa do Brasil acolhe tanto normas quanto princípios de modo
abrangente, por esse motivo, seria difícil considerar que seja uma Constituição eminentemente
principiológica. Se houvesse que defini-la por um ou outro critério não seria errado considerá-la normativa,
dado o seu caráter analítico e extensivo.

Essa inferência, contudo, enfrenta a oposição do que se nomeiam constituições do pós-guerra, das
quais o sistema brasileiro seria exemplo, uma vez que esse grupo tem como primado a valorização dos
princípios, como contraponto à rigidez do regramento absoluto, que pode causar danos à convivência
pacífica quando levado à aplicação extrema.

A partir dessa constatação, há que se questionar quanto à hierarquia dos tipos normativos: se os
princípios e as normas estão de fato no mesmo patamar, ou se por uma questão interpretativa os princípios
não teriam um papel orgânico e qualitativo mais abrangente, o que os colocaria um degrau acima das
normas. Esse tratamento dos princípios poderia, também, ser prejudicial ao sistema, na medida em que
conferiria poder aos julgadores de ponderar sobre o caso que lhe é posto a julgamento.

São alegações de sobreposição dos princípios às normas que têm justificado práticas como a do
ativismo judicial, em extensa e polêmica disputa com o Poder Legislativo. A ponderação conflita com o
caráter limitador do mandamento, que pressupõe uma norma anterior e geral, elaborada abstratamente para
ser aplicada ao caso concreto.

Divide-se a evolução do direito processual em três fases:

a) praxismo: não existia a diferenciação entre processo e o direito material – analisava-


se o processo sob seus aspectos práticos, não desenvolvendo a parte científica.

b) processualismo: desenvolve-se a parte científica e as fronteiras entre o direito


processual e material se findam.

c) instrumentalismo: estabelece entre um direito material e processual uma relação de


interdependência. Nesta fase, observa uma preocupação com a tutela dos direitos e a
efetividade do processo. Além disso, o processo passa a ser objeto de estudo de outras áreas.

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Agora, a quarta fase se inicia com o Neoprocessualismo. Há aqueles que a classificam


como formalismo-valorativo – no intuito de destacar a importância dos valores
constitucionalmente protegidos no âmbito dos direitos fundamentais na edificação do
formalismo processual.

Características do atual pensamento jurídico

DIVISÃO DO DIREITO PROCESSUAL


Poder da normatividade da Constituição Federal.
Praxismo

Desenvolvimento da teoria dos princípios. EM 4 FASES

Transformação da hermenêutica jurídica. Processualismo Instrumentalismo

Expansão e consagração dos direitos


NEOPROCESSUALISMO ou Formalismo-
fundamentais.
valorativo (Nova fase do pensamento jurídico)

ARTIGO 1º DO NOVO CPC

Art. 1° O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e


as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,
observando-se as disposições deste Código.

Vimos que a constitucionalização do Direito Processual é a base do Direito


Contemporâneo. Há uma incorporação de normas processuais aos textos constitucionais.
Após a Segunda Guerra, nas constituições ocidentais, houve uma consagração dos direitos
fundamentais, assim como os tratados internacionais de direitos humanos. O devido processo
legal e o Pacto de São José da Costa Rica são exemplos desta infiltração dos direitos
humanos e fundamentais no âmbito processual. Por outro lado, vê-se uma doutrina disposta a
examinar as normas infraconstitucionais. Disto, tem-se uma aproximação do diálogo entre
constitucionalistas e processualistas.

Pois bem. O que se tem no artigo 1° é uma explicitação da norma fundamental do

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sistema constitucional – normas jurídicas derivam e devem estar em conformidade com a


Constituição. A norma processual surge do sistema de controle de constitucionalidade
determinado na própria Constituição. Fica, portanto, claro que as normas processuais não
podem ir contra o texto constitucional, principalmente no direito processual brasileiro,
no qual há ampla observância do princípio do devido processo legal (que iremos analisar
nesta aula).

Antes de adentrarmos os estudos dos princípios processuais, é necessário esclarecer o


que é um princípio. Princípio nada mais é que uma espécie normativa. Humberto Ávila
explica que “os princípios instituem o dever de adotar comportamentos necessários à
realização de um estado de coisas ou, inversamente, instituem o dever de efetivação de um
estado de coisas pela adoção de comportamentos a ele necessários”.

Os princípios incidem sobre as normas mediata ou imediatamente (direta e


indiretamente): a) eficácia direta é aplicação do princípio sem a intermediação ou interposição
de regra ou outro princípio. Exercem uma função integrativa – agrega-se a outros elementos
não antevistos em regras ou princípios. b) eficácia indireta ocorre na antemão do que
acabamos de ver, ou seja, atua por o intermédio de outro princípio ou regra.

Os princípios exercem uma função interpretativa, quando influenciam normas menos


amplas – são utilizados na interpretação de regras formadas a partir de textos normativos
expressos –, e uma função bloqueadora, quando justifica a não aplicação de textos
incompatíveis com o estado das coisas que se tenta promover.

Art. 1° do CPC: O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado


conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da
República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.

As normas processuais não podem ir contra o texto constitucional, principalmente no direito


processual brasileiro, no qual há ampla observância do princípio do devido processo legal.

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Princípio:
espécie
normativa.

Os princípios
incidem sobre
as normas
mediata e
a) eficácia direta é b) eficácia indireta ocorre
aplicação do princípio sem
imediatamente.
na antemão do que
a intermediação ou
interposição de regra ou acabamos de ver, ou seja,
outro princípio. atua por o intermédio de
outro princípio ou regra.

Os princípios exercem uma função interpretativa e uma função


bloqueadora.

DIREITOS FUNDAMENTAIS PROCESSUAIS

Os direitos fundamentais processuais possuem duas dimensões:

a) subjetiva: atribuem, a seus titulares, posições jurídicas de vantagens.

b) objetiva: valores básicos e consagrados no sistema jurídico, que devem dirigir a


aplicação de todo o ordenamento jurídico. É ver o direito fundamental como norma jurisdicional
– análise objetiva –, ou como situação jurídica ativa – análise subjetiva.

Conclui-se que o processo deve adequar-se à tutela efetiva dos direitos fundamentais
(subjetiva) e, estruturado de acordo com os direitos fundamentais (objetiva). Na dimensão
subjetiva, tem-se como exemplo o §1° do artigo 536 do CPC: No cumprimento de sentença

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que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício
ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.

§ 1° Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas,
a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento
de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio
de força policial. (permite o juiz determinar medida executiva para efetivar a sua decisão,
escolhendo-a de acordo com o caso concreto).

Tendo as normas constitucionais processuais como garantidoras de verdadeiros direitos


fundamentais processuais e a dimensão objetiva, têm-se as consequências: a) O juiz precisa
dar aos direitos fundamentais a maior eficácia; b) o juiz deverá afastar, aplicando a
proporcionalidade, qualquer obstáculo à efetiva concretização de um direito fundamental; c) o
juiz deve ponderar na efetivação de um direito fundamental, eventuais restrições a ele
impostas em função do respeito a outros direitos fundamentais.

 Antes de começarmos o estudar o Devido Processo Legal, vamos sanar eventuais


dúvidas em relação à aplicação da norma processual no tempo. O artigo 14 do
CPC/2015 é bem claro e completo ao tratar o tema. Vejamos: a norma processual não
retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.

DEVIDO PROCESSO LEGAL

Começamos este capítulo com uma feliz citação do jurista Alexandre Freitas Câmara,
para quem o devido processo legal é (...) um processo justo, isto é, um tratamento isonômico,
num contraditório equilibrado, em que se busque um resultado efetivo, adaptado aos princípios
e postulados da instrumentalidade do processo.

Nessa definição, Freitas Câmara evidencia vários elementos essenciais à consolidação


do devido processo legal: isonomia no tratamento das partes, efetivo contraditório, atenção aos
demais princípios informadores do processo.

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DEVIDO
PROCESSO

Elementos essenciais à consolidação do devido


Isonomia no
LEGAL tratamento das
partes.
(...) um processo justo,
isto é, um tratamento
isonômico, num
contraditório

processo legal
equilibrado, em que se
busque um resultado Efetivo
efetivo, adaptado aos contraditório.
princípios e postulados
da instrumentalidade do
processo.

Atenção aos
demais princípios
informadores do
processo.

Vamos trabalhar cada um desses elementos, podem ficar tranquilos.

O Devido Processo Legal é previsto no art. 5° da Constituição Federal de 1988:

Art. 5°: (...)

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

Mas, percebam que os “Princípios Constitucionais do Direito Processual” não se


confundem com os “Princípios Gerais do Direito Processual”. A primeira modalidade é
prevista na carta magna e não somente em lei. Há, desse modo, uma distinção formal, mas
não é só isso.

A diferença formal tem consequências materiais.

Os princípios gerais devem ser utilizados com fundamentação rigorosa (bem como os
constitucionais) e não devem prevalecer a normas específicas para o caso concreto. O código
de 1973 continha a previsão literal de que as normas legais seriam observadas em prevalência

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às outras normais e critérios de interpretação: “a analogia, os costumes e os princípios gerais


de direito”. O código atual (CPC/2015) atualizou essa previsão, colocando-a em consonância
com a doutrina e jurisprudência do Direito contemporâneo. No artigo 140:

Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade
do ordenamento jurídico.

Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

Percebam que o caput do artigo 140 trata de obscuridade ou lacuna no ordenamento


jurídico, não mais na lei. Em seguida, no parágrafo único, prevê-se que o juiz deverá julgar por
equidade somente nos casos previstos em lei. O juízo de equidade é aquele que se baseia na
análise de casos semelhantes, por um critério de julgamento justo com base na observância
do que é admissível à sociedade – por meio da equidade há uma adaptação razoável da lei ao
caso concreto (bom senso). É um critério, como mencionamos, que deve ser reservado às
situações em que a lei autorize o seu uso.

Dúvida: Então, qual seria a verdadeira alteração em relação ao código anterior?


Está no que mencionamos, que o juiz deve buscar um juízo de ponderação ou a integração do
direito quando verificar obscuridade no ordenamento jurídico, porque ele não pode deixar de
julgar alegando obscuridade ou lacuna no ordenamento. Não é correto considerar que, se a lei
tem lacuna ou obscuridade, o ordenamento jurídico também o terá. O ordenamento jurídico é
mais amplo, e não coloca em nível de hierarquia diferente leis e princípios. Essa é a leitura que
devemos atribuir ao dispositivo, de forma a não considerar que os princípios e costumes
somente serão observados diante da inexistência de lei. Assim, a lacuna da lei não significa, a
existência de uma lacuna no ordenamento, pois uma lacuna na lei pode estar preenchida pela
aplicação que se atribui a um princípio.

Nesse sentido, os princípios previstos na Constituição Federal são ainda mais


relevantes por seu status constitucional. São observados em primeiro lugar, antes das normas
legais, em atenção à supremacia das normas constitucionais sobre as demais.

Se os princípios constitucionais não fossem priorizados à lei, eles teriam o mesmo efeito
dos princípios gerais. Estaríamos diante da estranha situação em que um preceito
constitucional só seria observado depois da norma legal e da analogia.

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A analogia é aquele instituto do direito no qual a falta de previsão legal para um caso
concreto é resolvida pela aplicação de normas que preveem caso semelhante.

O processualista Alexandre Freitas câmara faz a interessante observação sobre essa


questão:

Ora, a se aceitar a ideia de que esses princípios gerais são os princípios constitucionais,
ter-se-ia de admitir que os princípios constitucionais são aplicados em último lugar, depois
da lei e das demais fontes de integração de suas lacunas. Isto, porém, não corresponde à
verdade. Os princípios constitucionais devem ser aplicados em primeiro lugar (e não em
último), o que decorre da supremacia da norma constitucional sobre as demais normas
jurídicas. (Lições de Direito Processual Civil, vol. I. Câmara, Alexandre Freitas, pág. 35)

O mesmo processualista, seguindo corrente doutrinária dominante, dá ao “devido


processo legal” o status de mais importante princípio constitucional. Concordamos com ele e
temos visto que, pela cobrança em prova, os examinadores também concordam. Os demais
princípios constitucionais podem ser extraídos do devido processo legal, são derivações
lógicas dele, ou como comumente chamados: consectários lógicos.

Feita essa introdução, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre o Devido Processo Legal!

Trata-se de um princípio fundamental. Pareceu redundante, né? Mas, é isso mesmo é


um princípio fundamental que tanto pode referir-se ao 1) direito do processo devido, quanto 2)
a cada uma das exigências presentes no processo. É considerado um supraprincípio, já que
serve de base, também, a outros princípios.

Com ele, visa-se à ideal protetividade dos direitos, promovendo-se a integração do


sistema jurídico em oposição a eventual lacuna no desenvolvimento do processo.

O devido processo legal surgiu do Direito inglês – “due process of law” – como sendo de
natureza puramente processual. Mais tarde, passou a referir-se, também, à natureza material
do direito. A doutrina, então, começou a analisá-lo sob dois aspectos: o devido processo legal
da garantia (“procedural due process of law”), ou formal, e o devido processo legal substancial
ou material (“substantive due process of law”).

O devido processo legal formal é composto pelas garantias constitucionais: juiz natural,
contraditório, duração razoável do processo, entre outras. É entendido como a garantia do

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pleno acesso à justiça, ou seja, um acesso à ordem jurídica justa. Ademais, ainda na
modalidade formal, assegura-se que a relação processual seja tratada isonômica e
equilibradamente, de modo a respeitar o contraditório, na busca de um resultado adequado
ao processo.

Vale destacar que o conceito de acesso à justiça aqui, extrapola a questão da


gratuidade. Quando analisamos o devido processo legal em sua conotação formal, referimo-
nos, além do acesso gratuito à prestação jurisdicional, falamos do acesso a uma ordem
jurídica justa (expressão do autor Kazuo Watanabe).

Ora, não seria suficiente garantir que todos tivessem as mesmas condições de acessar
os órgãos jurisdicionais, mediante suprimento pelo Estado da carência econômica pela
promoção do acesso gratuito. Essa é apenas uma face do que entendemos por acesso à
ordem jurídica justa.

Dessa forma, galera, visa-se dar ao interessado, além da mera oportunidade de propor
ação que leve a juízo suas pretensões, a efetiva obtenção da tutela jurídica.

A doutrina reconhece três abordagens do acesso à justiça (ou à ordem jurídica justa,
como preferir). São as três fases do acesso à justiça:

1- Assistência jurídica gratuita (conforme Lei n°1.060/50 e dispositivos legais


esparsos), em que destacamos o papel da Defensoria Pública e dos núcleos de
prática jurídica mantidos por faculdades de direito. Mas, tenham em mente que essa
gratuidade também abrange a esfera extrajudicial – outra não pode ser a
interpretação da expressão: assistência jurídica integral, presente na CF/88, que
não seja a de entender seu sentido lato - o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos (inciso LXXIV, art.
5° da CF/88);

2- Defesa dos direitos metaindividuais. Uma vez garantida a possibilidade de defesa


dos direitos individuais, faltava a proteção aos coletivos e difusos, que vão além dos
direitos individuais. Para a defesa dos interesses coletivos destaca-se o papel do
Ministério Público. Muitos são, no Brasil, os instrumentos para garantida segunda
fase: a ação civil pública, mandado de segurança coletivo, a ação popular, entre
muitos outros; de modo que o Brasil está na posição de vanguarda na garantia
desses direitos (é, galera, o Brasil tem excelentes instrumentos de garantia dos

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interesses coletivos). Isso se deve à qualidade de nossos estudiosos na área. Não


se pode questionar que nosso País tem centros evoluídos para pesquisa sobre
proteção dos direitos supraindividuais: garantia da moralidade administrativa;
preservação do meio ambiente e do patrimônio histórico, cultural, artístico.

3- Nova abordagem do acesso à justiça. Na terceira fase, propõe-se ao Direito


Processual uma mudança da ótica sobre a prestação jurisdicional, a partir do olhar
de quem pretende ter seus direitos satisfeitos e não mais pela posição do Estado. O
processualista, aqui, pergunta-se se o jurisdicionado foi atendido em suas
pretensões. A reforma do judiciário, nesse ponto, é essencial, colocando-se inclusive
a questão do controle externo da magistratura, da redução das formalidades
processuais etc.

Gravem as 3 fases, pessoal, são importantes, inclusive, para compreensão de nosso


sistema jurídico! Feitas essas considerações sobre a dimensão formal, passemos ao estudo
da material.

Nos EUA, desenvolveu-se o sentido segundo o qual se deve alcançar as prestações


judiciais substancialmente devidas, ou seja, entende-se que o processo visa a prestar as
decisões jurídicas conforme o sistema vigente. Busca-se, desse modo, que uma decisão tenha
conteúdo coerente com o ambiente jurídico no qual foi produzida.

Essa abordagem é parte do que se entende pelo princípio do devido processo legal
substancial. Dizemos parte, porque ele pode ter diferentes conotações. No Brasil, assimilou-
se o princípio pelo preceito da razoabilidade e da proporcionalidade das leis; de modo que a
sociedade seja submetida unicamente a leis razoáveis, cumprindo-se uma finalidade social do
direito. Didier Jr. faz a seguinte crítica:

A experiência jurídica brasileira assimilou o devido processo legal de um modo bem


peculiar, considerando-lhe o fundamento constitucional da máxima proporcionalidade
(postulado, princípio, ou regra da proporcionalidade, conforme seja o pensamento
doutrinário que se adotar) e da razoabilidade. (Curso de Direito Processual Civil. Didier
Jr., Fredie, pág. 45)

Assim, no Brasil o sentido substancial diz respeito à elaboração e interpretação das


leis, de modo a impedir arbitrariedades do poder público. Serve, até mesmo, para limitar o
poder de legislar da Administração Pública.

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Pessoal, o mais importante na dimensão substancial é saber que o processo legislativo,


bem como a interpretação das leis, deve seguir parâmetros razoáveis e proporcionais.

Vejam bem, as dimensões formal ou material não se contrapõem. Enquanto a formal diz
respeito à atenção aos princípios processuais, ao momento do processo jurídico; a substantiva
refere-se ao momento de produção de leis (processo legislativo) e de interpretação delas, de
modo que o legislador não pode abusar do seu poder de legislar nem as leis podem ser
aplicadas de modo abusivo.

Uma lei para integrar o ordenamento deve estar em harmonia com ele. Seu conteúdo
deve ser coerente com os princípios contemporâneos e conquistas nas esferas individuais e
coletivas (dimensão material).

(TRE RJ) Julgue o(s) próximo(s) iten(s), a respeito dos princípios constitucionais do processo civil e dos
atos judiciais.

Na concepção formal, o devido processo legal corresponde à exigência e garantia de que as normas
sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas; sob a perspectiva substancial, é o direito de
processar e ser processado, de acordo com as normas preestabelecidas.

COMENTÁRIOS:

Errado. Vimos que é exatamente o contrário. O devido processo legal formal é o


direito de processar e ser processado, de acordo com as normas preestabelecidas;
enquanto na concepção substancial corresponde à exigência e garantia de que as normas
sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas – relaciona-se ao processo
legislativo.

Gabarito: Errado

Parceiros, esta é a tônica de nossa aula. Trabalhamos a teoria e comentamos uma questão, sendo
que ao final de cada aula ainda vem uma lista de questões comentadas.

Vamos ainda mais adiante!

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Atualmente, tem-se estendido o devido processo legal às relações jurídicas privadas,


ainda que a autonomia da vontade deva ser considerada. Funciona como um contrapeso para
garantir a proximidade aos direitos fundamentais.

Tomamos emprestado o exemplo citado por Daniel Assumpção Neves (Manual de


Direito Processual Civil): uma aluna de universidade paulista – (não precisamos dizer quem!)
foi expulsa da faculdade por ter ido à aula de minissaia, após sindicância interna, sem direito
ao contraditório. A instituição em questão era privada, mas isso não afasta sua obrigação de
respeito aos princípios processuais fundamentais.

Outro exemplo, expresso no Código Civil, art. 57: A exclusão do associado só é


admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de
defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Ademais, nenhum associado poderá ser
impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferidos, a não ser
nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto (art. 58).

Desse modo, o devido processo legal deve ser plenamente observado, mesmo no
âmbito das relações particulares, estabelecendo-se equilíbrio entre a autonomia das vontades
e o respeito aos direitos fundamentais no momento de elaboração e aplicação das normas
jurídicas particulares. Mas, isso trabalharemos de modo mais detalhado nas próximas aulas!

Para fechar nosso primeiro encontro, só mais uma consideração para reforçar o que
estudamos: capitaneado pelo devido processo legal ganha força na sociedade brasileira o
entendimento de que um processo justo, em todas as instâncias, deve garantir ampla
participação das partes e proteção dos direitos fundamentais de todos os envolvidos. Guardem
essa lição e levem, inclusive, para o dia a dia!

O devido processo legal é uma garantia contra a tirania. Está em constante


progresso, de modo que, uma conquista nessa seara não sofre retrocesso. Nesse
sentido, nenhuma norma jurídica pode ser criada sem que se observe o devido
processo legal. A produção normativa deverá seguir, adequadamente, seu
respectivo processo criativo.

Assim:

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Quadro exemplificativo de garantias constitucionais no âmbito do devido processo legal.

Contraditório e Ampla Defesa: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes (art. 5°, LV).

Juiz Natural: não haverá juízo ou tribunal de exceção (art. 5°, XXXVII).

Proibição de provas ilícitas: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos (art. 5°, LVI).

Tratamento igualitário às partes do processo: garantia de pleno e formal conhecimento da


atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica (art. 227, § 3°, IV).

Publicidade do processo: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais

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quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (art. 5°, LX).

Razoável duração do processo: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são


assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação (art.5°, LXXVIII).

Acesso à justiça: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito (art.5°, XXXV).

Motivação das decisões: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
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presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
não prejudique o interesse público à informação (art. 93, IX).

CONTRADITÓRIO

CONTRADITÓRIO CONCEITO TRADICIONAL: INFORMAÇÃO E

POSSIBILIDADE DE REAÇÃO

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

(...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados


em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes.

O contraditório é formado por dois elementos: informação e possibilidade


de reação. Tão relevante é esse princípio que a doutrina moderna o trata como
elemento do próprio conceito de processo.

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Para esses doutrinadores, a relação jurídica processual representa a projeção


e a concretização da exigência constitucional do contraditório. “As faculdades,
poderes, deveres, ônus e estado de sujeição das partes no processo
significam que esses sujeitos estão envolvidos numa relação jurídica, que se
desenvolverá em contraditório. São suas as facetas de uma mesma realidade,
não havendo razão para descartar a relação jurídica ou o contraditório na
conceituação de processo.” (Neves, 2011, pág. 50).

Para efetivar esse direito, por óbvio, os sujeitos do processo devem ter
ciência de todos os atos processuais, tendo eles o direito de reação como garantia
de participação na defesa de seus interesses em juízo. O princípio do contraditório,
sendo aplicável a ambas as partes, é também comumente chamado de
“bilateralidade da audiência”, representativa de paridade de armas entres os
sujeitos que a contrapõem em juízo.

(TCDF) O princípio do contraditório consiste em um verdadeiro diálogo entre as partes do processo, ou


seja, deve se conceder a oportunidade de participar do procedimento a todo aquele cuja esfera jurídica
possa ser atingida pelo resultado do processo.

COMENTÁRIOS:

É isso mesmo. Questão correta! A informação exigida pelo princípio [do


contraditório] associa-se, portanto, à necessidade de a parte ter conhecimento do
que está ocorrendo no processo para que se posicione de maneira positiva ou não
sobre os fatos. Fere o contraditório a regra que exige comportamento do sujeito
processual, sem que se tenha instrumentalizado [viabilizado] formas para que
ele tenha conhecimento da situação.

Há duas formas de comunicação dos atos processuais: a citação e a


intimação e, extensivamente, a notificação. A citação tem o objetivo de informar o
demandado [contra quem se pede] da existência de demanda judicial contra ele e o
integrar à relação processual. A intimação, por sua vez, busca dar ciência a alguém
dos atos e termos do processo, para que este faça ou não alguma coisa.

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Citação Intimação Notificação

Art. 238. Citação é o ato pelo Na definição do código: é o ato Objetiva prevenir
qual são convocados o réu, o pelo qual se dá ciência a alguém responsabilidades e eliminar
executado ou o interessado para dos atos e dos termos do a possibilidade de
integrar a relação processual. processo. (art. 269). alegações futuras de

Sem a citação relação O juiz determinará de ofício as desconhecimento. É uma


a
processual não se completará e intimações medida preventiva.
em processos
a sentença será inútil. pendentes, salvo disposição em - Art. 726. Quem tiver

Em qualquer momento, o réu contrário. (art. 271). interesse em manifestar

poderá alegar formalmente sua vontade a

independentemente de ação outrem sobre assunto

rescisória, nulidade da decisão juridicamente relevante

do juiz pela falta de citação. poderá notificar pessoas


participantes da mesma
Art. 239. Para a validade do
relação jurídica para dar-
processo é indispensável a
lhes ciência de seu
citação do réu ou do executado,
propósito.
ressalvadas as hipóteses de
indeferimento da petição inicial
ou de improcedência liminar do
pedido.

§1º O comparecimento
espontâneo do réu ou do
executado supre a falta ou a
nulidade da citação, fluindo a
partir desta data o prazo para
apresentação de contestação ou
de embargos à execução.

§ 2º Rejeitada a alegação de
nulidade, tratando-se de
processo de:

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I - conhecimento, o réu será


considerado revel;

II - execução, o feito terá


seguimento.

Mas, atenção! Não misturem as coisas...

O princípio do contraditório oportuniza que a parte de fato exteriorize suas


posições, que ela dialogue, mas não impõe que as partes se manifestem de maneira
efetiva em relação aos atos do processo.

(TCDF) O princípio do contraditório é uma garantia constitucional ligada ao processo, mas não impõe
que as partes se manifestem de maneira efetiva em relação aos atos do processo, bastando que a elas
seja concedida essa oportunidade.

Gabarito: Certo
No tocante à reação, ela depende da vontade da parte, que pode optar por
reagir ou se omitir em relação à demanda, lembrando que a regra processual, nesse
caso, limita-se aos direitos disponíveis, que são aqueles que a parte pode abrir
mão de exercê-los. Portanto, nos casos de direito disponíveis, está garantido o
contraditório, mesmo não se verificando concretamente a reação, pois basta que a
parte tenha tido a oportunidade de reagir.

Nas demandas em que o objeto são direitos indisponíveis, o princípio do


contraditório exige a efetiva reação, criando-se mecanismos processuais, para que
mesmo diante da inércia da parte, crie-se uma ficção jurídica de que houve reação.
Dessa forma, os fatos apresentados pelo demandante perante a revelia (ausência)
do demandado, quando a demanda versar sobre direitos indisponíveis, não se
presumem verdadeiros.

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Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos.

Então, temos que nos casos de direitos disponíveis a reação só ocorre


quando faticamente a parte reagir; sendo que nos direitos indisponíveis a reação é
jurídica, de maneira que mesmo a parte não reagindo faticamente, há normas que
preveem os efeitos jurídicos da reação.

Vamos repetir para deixar mais claro: O contraditório terá efeitos distintos
quando o litígio versar sobre direitos disponíveis ou indisponíveis. Ora, isso é de fácil
presunção, porque se há a figura dos direitos indisponíveis no Direito brasileiro, é
presumível que não se permitirá que a parte deixe de ter a titularidade desses
direitos porque não compareceu em juízo.

Dúvida: Mas professor, por que há esta extrema proteção aos direitos
indisponíveis ao ponto de impedir-se os efeitos da revelia? Ótima pergunta.
Importante dizer, em primeiro lugar que, em linhas gerais, a revelia ocorre quando a
parte não contesta em juízo as alegações que foram realizadas contra si. Os
direitos indisponíveis formam um grupo de relevância tão grande para a pessoa
que dele ela não pode abrir mão. São os direitos relativos à vida, a liberdade, a
saúde, a dignidade. Um exemplo: uma pessoa não pode vender um órgão do seu
corpo, ainda que, obviamente, lhe seja seu.

Os direitos disponíveis que, em regra, são os demais, podem ser dispostos


pela parte, ou seja, a parte pode deles abrir mão.

A figura dos direitos indisponíveis é tão forte que o Direito brasileiro impediu
que o contraditório fosse formado pela simples e efetiva possibilidade de que seu

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titular se defendesse em juízo. Quando se tratar desses direitos, o juiz deverá


estender as regras de participação da parte, de maneira que haja uma reação
jurídica, conforme previsão legal para cada caso.

De todo o exposto até agora, podemos extrair um ensinamento para o


contraditório em sua acepção formal:

A plena realização do princípio do contraditório requer uma igualdade entre as partes processuais para que as
reações possam igualar suas situações no processo.

Todas as decisões somente serão proferidas depois de ouvidos os sujeitos


envolvidos, em contraditório que lhe seja franqueado. O NCPC assim dispõe
expressamente:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

PODER DE INFLUÊNCIA DAS PARTES NA FORMAÇÃO DO

CONVENCIMENTO DO JUIZ

Observem que o conceito de contraditório, fundado no binômio informação e


possibilidade de reação, garante tão somente o aspecto formal desse princípio.
Para garantia do aspecto substancial, não é suficiente informar e permitir a reação,
é necessário que a reação no caso concreto haja real poder de influenciar o
magistrado na construção do seu convencimento.

A reação deve efetivamente conseguir influenciar o magistrado na formação


da decisão, caso contrário, o princípio do contraditório não teria grande significação
prática. Dessa forma, o poder de influência se junta aos elementos informação e

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reação, tornando-se o terceiro elemento do contraditório. Essa nova visão passa a


reconhecer a participação dos sujeitos na formação do convencimento do juiz.

Desse modo, contraditório = (informação + reação) + poder de influência.

Acepção Formal Material (Substancial)

Para que o contraditório alcance seu aspecto material, há a necessidade de a reação ter efetividade na
formação do convencimento do juiz. A participação das partes no convencimento do juiz é uma nova acepção do
contraditório.

CONTRADITÓRIO: FORMA DE EVITAR SURPRESA ÀS PARTES

Durante o desenrolar procedimental todos os atos processuais serão


informados aos sujeitos do processo, dando a eles o direito de defesa. A conclusão
lógica é a de que a observância do contraditório seja capaz de evitar a prolação
da decisão que possa surpreender as partes.

A dificuldade em aplicar essa regra ocorre, por exemplo, quando se trata de


matéria de ordem pública, ao admitir fundamentação jurídica – estranha ao
processo – até o momento da prolação da decisão, e situações em que são levados
fatos secundários ao processo pelo próprio juiz – matérias e temas que o juiz pode
conhecer de ofício. Ainda assim, essas situações serão consideradas ofensivas ao
princípio do contraditório toda vez que o tratamento de tais matérias surpreender as
partes do processo.

Pelo princípio do contraditório, o juiz não pode basear-se em fundamentos não debatidos nem que
não tenham sido previamente conhecidos das partes. É providência possível ao magistrado, de ofício, levar
matéria ao processo, devendo em casos em que julgar ser possível surpreender as partes, ouvi-las antes de
sentenciar. Conduta essa consagrada, por exemplo, na legislação francesa e portuguesa.

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CONTRADITÓRIO INÚTIL

O princípio do contraditório é considerado absoluto, sendo proibido seu


afastamento no caso concreto tanto pelo legislador como pelo operador de direito.
De fato, não se pode olvidar que o contraditório foi formatado para a proteção das
partes no desenrolar do processo, mas não causa nulidade dos atos e do
processo, se o seu desrespeito não gerar prejuízo à parte em relação ao direito
que seria protegido pela sua observação.

Exemplo: O autor não foi intimado da juntada pelo réu de um documento e a


seu respeito não se manifestou. Nesse caso houve violação ao princípio do
contraditório, mas seria relevável se o autor saísse vitorioso da demanda.

Percebam que, no caso concreto, a virtual ofensa ao contraditório não gera


nulidade em todas as situações. Em alguns casos pontuais, o afastamento do
contraditório não é só admitido, como também recomendável.

Permite-se, em determinados casos, que o contraditório seja afastado pelo


próprio procedimento, evitando o chamado “contraditório inútil”. Exemplo: Uma
sentença proferida inaudita altera parte – isto é, a sentença proferida sem a
participação da outra parte – julga o mérito em favor do réu que não foi citado.
Nesse caso, é evidente o desrespeito ao contraditório formal, já que o réu não é
informado da existência da demanda; contudo, percebam que materialmente o
contraditório esteve presente, pois o juiz decidiu a favor do réu – sinal de que havia
elementos que contribuíram para o convencimento a favor do réu.

Vejam a previsão do CPC/2015 para situações do gênero:

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de


Justiça;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de


Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou

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de assunção de competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,


desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da


sentença, nos termos do art. 241.

§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com


a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

Em lugar da classificação doutrinária: contraditório inútil, entendemos que


melhor seria nomear contraditório exclusivamente material.

CONTRADITÓRIO ANTECIPADO

O contraditório antecipado é a regra no Processo Civil. Os sujeitos participam


de todo o desenrolar do processo. O juiz não decide a causa sem antes ocorrer
ampla participação dos sujeitos processuais. O convencimento do juiz surge depois
da oitiva das partes, ou seja, todas as decisões são tomadas depois da efetiva
manifestação das partes. Exemplo é o do desenrolar do processo de conhecimento.

CONTRADITÓRIO DIFERIDO OU POSTECIPADO (OU POSTERGADO)

A estrutura básica do princípio do contraditório:

Esses elementos podem ser percebidos na estrutura do processo de


conhecimento:

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Essa estrutura do contraditório parece ser a mais adequada ao


desenvolvimento do processo, uma vez que a decisão ocorre somente após a
oportunidade de as partes se manifestarem a respeito da matéria. Apesar de
preferível, essa ordem pode ser afastada pelo legislador em casos
excepcionais. Exemplo é o que ocorre na concessão de tutela de urgência inaudita
altera partes (sem oportunidade da parte manifestar-se), situação na qual a decisão
do juiz deve anteceder a informação e a reação, portanto, só poderá ocorrer após a
prolação da decisão.

Nesse caso, ocorre o “contraditório diferido”. Apesar de os essenciais


elementos do princípio continuarem a existir, há antecipação da decisão para o
momento imediatamente posterior ao pedido da parte.

A finalidade da antecipação da decisão e da postergação da defesa se


deve ao risco de ineficácia a que algumas decisões podem estar subordinadas. Ex:
Imaginem que uma construção venha a prejudicar o escoamento de água da chuva
numa região. Suponham que contra essa construção insurjam os moradores
vizinhos a ela, que solicitam imediata manifestação do juiz, já que o período de
chuvas está próximo. O juiz pode, verificando a plausibilidade do pedido e a
necessidade de interrupção imediata da obra, conceder a tutela pleiteada sem ouvir
o réu, sob o risco de que a demora em proferir uma decisão possa causar prejuízos
– o alagamento das casas vizinhas à obra – de difícil reparação.

Vejamos como é a estrutura do contraditório diferido:

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Percebam que a decisão no contraditório diferido pode ser alterada depois de


ouvida a outra parte, de maneira que ela tem em seu primeiro momento um caráter
precário.

Ordinariamente associado às tutelas de urgência inaudita altera partes, o


contraditório diferido não se esgota nessas situações. Exemplo disso é o
procedimento monitório (vide quadro abaixo), pelo qual o magistrado, perante as
alegações na petição inicial e convencido, por meio de cognição sumária, da
existência do direito alegado pelo demandante, expede o mandado monitório (vide
quadro abaixo), determinando, que no prazo de 15 dias, o demandado entregue o
==0==

bem ou realize o pagamento. Já citado, o demandado poderá ingressar com


embargos, no prazo de 15 dias. No mandado monitório antes de citar o réu, já há
uma decisão proferida, em clara aplicação do “contraditório diferido”.

Conceito: ação monitória é um procedimento de cognição sumária de rito especial


tendo como objetivo central o alcance do título executivo, de maneira antecipada e
sem as delongas naturais do processo de conhecimento.

“É uma espécie de tutela diferenciada, que por meio da adoção de técnica de cognição sumária
(para a concessão do mandado monitório) e do contraditório diferido (permitindo a prolação de decisão
antes da oitiva do réu), busca facilitar em termos procedimentais a obtenção de um título executivo
quando o credor tiver prova suficiente para convencer o juiz, em cognição não exauriente, da provável
existência de um direito.” (Montenegro Filho, Misael)

Também é cabível na tutela de evidência a técnica do “contraditório


diferido”, sendo ou não tutela de urgência. Mas o que vem a ser tutela de evidência?
Tutela de evidência é aquela baseada na probabilidade (verossimilhança) de a
parte ter o direito que alega. Não seria plausível, de acordo com o princípio do
acesso à ordem jurídica justa, a parte ter que esperar findar o processo para ter a
tutela concedida. O que ocorre nesses casos é a concessão da tutela primeiramente
para então informar o réu, tendo este a possibilidade de reagir.

O contraditório diferido é excepcional, pois a prolação da decisão sem a oitiva


do réu seria uma violência. No entanto, seja por causa do perigo de ineficácia da

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decisão tardia ou pela probabilidade de haver o direito, o contraditório diferido


atende sim o art. 5º, LV, CF.

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Vamos entender mais sobre o princípio do contraditório...

A doutrina moderna afirma que sem o princípio do contraditório não é possível


a existência do processo, pois não haveria um julgamento justo. Derivado do devido
processo legal, o contraditório é aplicável tanto no âmbito jurisdicional como nos
âmbitos administrativo e negocial (contratual).

Este princípio está consagrado no art. 5°, LV, da CF, caracteriza-se por
possuir um aspecto jurídico e outro político.

Pelo aspecto jurídico, ele permite que as partes do processo tenham, ao


longo do seu curso, conhecimento de todos os fatos e atos que venham a ocorrer,
para que possam se manifestar sobre os acontecimentos, em obediência ao devido
processo legal.

O aspecto político consiste na participação de todos os interessados no


processo, surge da possibilidade de que todos os sujeitos do processo possam
manifestar-se na medida de seu interesse jurídico. A garantia política conferida às
partes legitima o poder jurisdicional exercido pelo Estado.

O contraditório é reflexo do princípio democrático na estruturação


processual, uma vez que a democracia significa participação, e a participação no
processo ocorre pela efetivação do princípio da garantia do contraditório.

Assim, como se divide em aspecto jurídico e político, o contraditório pode ser


analisado sob a ótica de duas garantias: participação e possibilidade de
influenciar na decisão. Aquela [garantia de participação] caracteriza a dimensão
formal do princípio, já analisamos, e conceitua-se como a garantia de “ser ouvido”,
de ser comunicado e de participar do processo. Seguindo-se essa linha, o órgão
jurisdicional garante a aplicação do princípio do contraditório ao ouvir a parte. Já

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pela dimensão substancial, sobre a qual também falamos em linhas anteriores,


deve-se dar ao contraditório o “poder de influenciar”, ou seja, a parte deve ser
ouvida em condições de ter a possibilidade de influenciar no conteúdo decisório.

Exemplificando

Como poderia o Estado-juiz impor multa a alguém sem que este sujeito tenha tido a chance de
manifestar-se acerca dos fundamentos da imposição? A ele tem que ser dado o direito de comprovar que
os fatos em que o juiz se funda não permitem a aplicação de multa.

Se isso não ocorresse, teríamos restrição de direito sem o contraditório. Em regra, qualquer
restrição de direito sem que o demandado e o demandante manifestem-se, previamente, com a
possibilidade de influenciar o resultado do processo é ilícita.

Outro exemplo de aplicação do princípio está no inciso II do art. 772, CPC: o


juiz pode, em qualquer momento do processo:

(...) II - advertir o executado de que seu procedimento constitui ato atentatório


à dignidade da justiça;

Podemos observar que antes de punir a parte, o magistrado a adverte sobre o


comportamento temerário para que esta possa se explicar.

No mesmo sentido o art. 77 do NCPC:

Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de
seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do
processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que
são destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à
declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou
final, e não criar embaraços à sua efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o
endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa
informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

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§ 1° Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas
mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à
dignidade da justiça.
§ 2° A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à
dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e
processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da
causa, de acordo com a gravidade da conduta.
§ 3° Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no §
2° será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado
da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução
fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97.
§ 4° A multa estabelecida no § 2° poderá ser fixada independentemente da
incidência das previstas nos arts. 523, § 1°, e 536, § 1°.
§ 5° Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no §
2° poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
§ 6° Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria
Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o, devendo
eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou
corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
§ 7° Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o
restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos
autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2o.
§ 8° O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir
decisão em seu lugar.
Esse artigo demonstra que o juiz deverá, ao expedir a ordem para o
cumprimento da diligência, avisar ao responsável (partes, terceiros) que a violação a
determinada norma gerará multa. Caso não ocorra essa advertência prévia do
magistrado, a multa, se aplicada, será considerada inválida, por desrespeito ao
princípio do contraditório. Ou seja, é necessário avisar ao responsável sobre as
possíveis consequências de sua conduta, para que possa manifestar-se sobre a
razão de não ter cumprido a ordem.

“O contraditório se perfaz com a informação e o oferecimento de


oportunidade para influenciar no conteúdo da decisão; participação e poder
de influência são as palavras-chave para a compreensão desse princípio
constitucional.” (Didier Jr., 2011, pág. 52)

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Vejamos um julgado do STJ que faz um paralelo dos pronunciamentos


judiciais e o princípio do contraditório:

“Ementa: PROCESSUAL CIVIL. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. REQUISITOS


PARA SUA CONFIGURAÇÃO: 1. Para a condenação em litigância de má-fé, faz-se
necessário o preenchimento de três requisitos, quais sejam: que a conduta da parte
se subsuma a uma das hipóteses taxativamente elencadas no art. 17 do CPC; que à
parte tenha sido oferecida oportunidade de defesa (CF, art. 5º, LV); e que da sua
conduta resulte prejuízo processual à parte adversa.” (STJ - RECURSO ESPECIAL
REsp 250781 SP).

Sabemos que as questões de fato e de direito pautam os pronunciamentos


judiciais – o magistrado, para formar sua decisão, examina, em primeiro lugar, as
questões de fato e em seguida as questões de direito.

Há questões fáticas que o magistrado poderá, ex officio, apreciar. O juiz


poderá apontar, trazer ou conhecer fatos que não tenham sido alegados no
processo, mas não poderá decidir sobre um fato trazido ao processo de ofício, sem
que as partes manifestem-se acerca dele.

Exemplificando:

No litígio o juiz decide, após ouvir A e B, basear-se em um fato não alegado


nem discutido pelos sujeitos do processo, mas que veio aos autos. Esse fato, trazido
pelo juiz, auxilia na fundamentação da decisão com base no art. 171 c/c com o art.
493 do NCPC.

Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o


conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio
eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja
novas distribuições.

Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,


modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz
tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de
proferir a decisão.

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Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes


sobre ele antes de decidir.
Ora, se a decisão do magistrado é tomada com base em fato desconhecido
das partes, fere-se o princípio do contraditório – o fato não foi submetido ao prévio
debate entre os sujeitos. Nesse caso, as partes não exerceram o “poder de
influência”. Há, em regra, a necessidade de ouvir quem será prejudicado pelos
novos fatos trazidos ao processo, se deles não tinha conhecimento.

Vimos análise sobre a questão de fato, partimos agora para a questão de


direto. Sabemos que o órgão jurisdicional não pode tomar uma decisão tendo como
base um argumento não exposto pelos sujeitos do processo.

Exemplificando:

O órgão jurisdicional toma conhecimento de que a lei em que o autor baseou


a demanda é inconstitucional. O réu, no entanto, alega que esta norma não se aplica
ao caso concreto e não que a lei seja inconstitucional. O juiz decide com base na
inconstitucionalidade da norma – diz que o fundamento do pedido do autor é
inconstitucional e julga improcedente a demanda. O órgão jurisdicional pode fazer
isso, mas deve, antes, submeter essa abordagem às partes, ou seja, intimá-las para
manifestar-se a respeito, evitando a prolação de uma decisão-surpresa.

Outro exemplo, mais grave, seria um Tribunal de Justiça sentenciar com base
em fato não apresentado pelas partes e sem prévia manifestação delas, restando,
nesse caso, somente os recursos extraordinários. Esse exemplo é frequente nos
Tribunais devido à “entrega de memoriais”. Muitas vezes os advogados das partes
acrescentam um argumento novo no processo que não constará nos autos, uma vez
que os memoriais são entregues nos gabinetes dos juízes.

“Essa nova dimensão do princípio do contraditório redefine o modelo do


processo civil brasileiro. O processo há de ser cooperativo.” (Didier Jr., 2011,
pág. 55) É o exercício democrático e cooperativo do poder jurisdicional.

Nesse momento, paramos para realizar uma observação importante acerca


do princípio da cooperação. Estudamos o devido processo legal e vimos que ele é a
base para os diversos modelos de direito processual. A maioria da doutrina aponta
dois modelos de processo na civilização ocidental influenciados pelo iluminismo: o

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inquisitivo e o dispositivo. Há, contudo, parte da doutrina que identifica um terceiro


modelo, o cooperativo, que, de maneira breve, iremos comentá-lo.

O princípio do cooperativo baseia-se nos princípios do devido processo legal, da boa-fé processual e do
contraditório. Com a função de definir o modo como o processo civil estrutura-se no direito brasileiro, o princípio
da cooperação caracteriza-se pelo redimensionamento do princípio do contraditório – inclui o Estado-juiz como
sujeito do dialogo processual e não como um espectador do duelo entre as partes.

Dessa forma, o princípio do contraditório volta a ter sua valoração como


meio indispensável ao aprimoramento da decisão judicial, e não apenas como
um normativo de observação obrigatória para a validade da decisão
processual.

Observem que a condução do processo passa a ser cooperativa, já que não é


determinada somente pelas partes nem pela formação assimétrica da relação entre
o órgão jurisdicional e as partes. Não ocorre destaque de nenhuma das partes no
processo. O que ocorre é o surgimento de deveres de conduta tanto das partes
como do órgão jurisdicional, que passa a exercer uma dupla posição: torna-se
paritário no diálogo processual e assimétrico na decisão processual. O Estado-juiz
conduz o processo levando em consideração as partes, por meio de uma visão
partidária, com diálogo e equilíbrio.

Vejam que essa paridade não ocorre no momento do resultado – os sujeitos


não têm a prerrogativa de decidir juntamente com o magistrado, isso é função
exclusiva dele. A decisão judicial é fruto da atividade cooperativa exercida durante
todo o arco procedimental; a decisão é a manifestação do poder do órgão
jurisdicional – a sentença é um ato, essencialmente, de poder do judiciário.

Lembrem-se: assimetria não quer dizer que o órgão jurisdicional encontra-se


em uma posição fundada somente em poderes processuais. O princípio do devido
processo legal determina ao magistrado uma série de deveres-poderes que o torna
sujeito do contraditório.

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O exercício jurisdicional deve obedecer ao devido processo legal, significando


a assimetria, nesse caso, que este possui uma função originária e que é conteúdo
de um poder que lhe é exclusivo.

A eficácia normativa do princípio da cooperação independe de normas


expressas, por exemplo, se há ausência de normas que determinam a coerência do
órgão jurisdicional no processo, garantindo às partes segurança processual, o
princípio da cooperação imputará ao magistrado essa prerrogativa. Assim, o
princípio da cooperação torna devidos os comportamentos destinados à ocorrência
de um processo que seja leal e cooperativo.

Há vários deveres processuais que decorrem desse princípio, entre eles estão
os deveres de esclarecimento, lealdade e proteção. Vejamos duas manifestações
desses deveres em relação às partes.

a) Dever de esclarecimento das partes:


Parágrafo único, art. 330 §1º, CPC/2015: Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
- os sujeitos devem redigir a PI de modo coerente e com clareza, sob pena de inépcia.
b) Dever de lealdade das partes:
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Os sujeitos do processo não podem litigar de má-fé; mediante


observância dos deveres processuais, que engloba o princípio da boa-fé.

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Além desse, fala-se no dever de consulta e no dever de prevenção, uma


variante do dever de proteção. O dever de consulta seria o dever de o juiz
consultar as partes sobre determinada questão não debatida no processo antes de
tomar uma decisão. Já o dever de prevenção consiste na obrigação de o
magistrado avisar sobre as deficiências das postulações das partes, para que essas
possam ser supridas.

O dever de prevenção tem um escopo bem amplo e vale para situações em


que o êxito da demanda possa ser frustrado pelo inadequado uso do processo.
Existem quatro áreas de aplicação desse dever: 1) explicação de pedidos pouco
claros, 2) o caráter lacunar da exposição dos fatos relevantes, 3) a necessidade de
adequar o pedido formulado à situação concreta e 4) a sugestão de uma
determinada atuação pela parte.

Pois bem, acabamos de entender a relação entre o princípio do contraditório e


o da cooperação. Vamos agora, comentar a integração entre o contraditório e outro
princípio muito próximo a ele: o da ampla defesa. Os dois princípios estão dispostos
em um único dispositivo da Constituição Federal de 1988 – art. 5°, LV.

Entre as diversas características do princípio do contraditório, encontramos a


de indicar uma garantia fundamental da justiça, inseparável a uma justiça
organizada, o princípio da audiência bilateral, que encontra expressão no brocardo
romano audiatur et altera pars. Este está tão ligado ao exercício do poder, que a
doutrina moderna o considera inerente até mesmo à própria noção de processo.

“A bilateralidade da ação gera a bilateralidade do processo. Em todo


processo contencioso há pelo menos duas partes: autor e réu. O autor
(demandante) instaura a relação processual, invocando a tutela jurisdicional,
mas a relação processual só se completa e põe-se em condições de preparar
o provimento judicial com o chamamento do réu a juízo.” (Cintra, 2011, pág.
61)

O magistrado, como vimos, coloca-se entre as partes invocando o seu dever


de imparcialidade – ouvindo uma, não pode deixar de ouvir a outra, de maneira a
permitir a ambas a oportunidade de expor suas razões e apresentar suas provas
para influir na decisão do juiz. É por meio da parcialidade das partes (uma

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representando a tese e a outra a antítese) que o juiz poderá chegar à síntese de um


processo dialético.

Dessa forma, as partes não têm papel antagônico em relação ao magistrado,


mas sim de “colaboradores necessários” – cada sujeito do processo age em função
do seu próprio interesse, mas a combinação da ação dos dois permite à justiça
eliminar o litígio que os envolve.

No Brasil, o princípio do contraditório estava sendo construído, na instrução


criminal, em expressa garantia constitucional, a partir da própria Constituição e,
indiretamente, para o Processo Civil. Igual postura adotava-se em relação à ampla
defesa, que o princípio do contraditório possibilita e mantém uma relação direta,
traduzindo-se na expressão inauditus damnari potest (segundo o qual “ninguém
pode ser condenado sem ser ouvido”)

Decorre dos princípios do contraditório e da ampla defesa a necessidade de


que se dê ciência dos atos praticados pelo magistrado aos litigantes. No
Processo Civil a ciência dos atos processuais ocorre por meio da citação, intimação
e notificação. No entanto, esses três instrumentos não constituem os únicos meios
para o funcionamento do contraditório.

O contraditório constitui-se, como detalhamos, de dois elementos:


informação e reação (plenamente possibilitada nos casos de direitos indisponíveis).
Ele não admite exceções – até nos casos de urgência, em que o magistrado, no
intuito de evitar o periculum in mora, provê inaudita altera parte, caberá ao
demandado, de modo sucessivo, desenvolver a atividade processual plena e
sempre antes que o provimento se torne definitivo.

O contraditório, em virtude da sua natureza constitucional, não deve ser


observado apenas pelo aspecto formal, mas, sobretudo pelo aspecto substancial,
sendo de se considerar inconstitucionais as normas que o desrespeitem.

Vejamos mais um exemplo da atuação do princípio do contraditório:


Sabemos que o inquérito policial é um procedimento administrativo que tem como
objetivo a colheita de provas para informações sobre o fato infringente da norma e
sua autoria. Nessa etapa não há de se falar em acusado, mas após o indiciamento,
surge o conflito de interesses, havendo, assim, litigantes. Por isso, se não houver o

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contraditório, os elementos probatórios do inquérito não serão aproveitados


no processo, salvo provas antecipadas de natureza cautelar, em que o contraditório
é diferido. Somado a isso, os direitos fundamentais do indiciado devem ser tutelados
no inquérito.

Como vimos, portanto, no exemplo anterior, no inquérito policial não se pode


assegurar o princípio do contraditório e da ampla defesa, somente após o
indiciamento é que estes incidirão sobre o processo.

“Ocorre, todavia, que muito embora não se fale na incidência do princípio


durante o inquérito policial, é possível visualizar alguns atos típicos de
contraditório, os quais não afetam a natureza inquisitiva do procedimento.
Por exemplo, o interrogatório policial e a nota de culpa durante a lavratura do
auto de prisão em flagrante.” (Lenza, 2010, pág. 713).

DICA A redação constitucional viabiliza a interpretação de que o contraditório e a


ampla defesa são garantidos no processo administrativo não punitivo, em que não
há acusados, mas litigantes (titulares de conflitos de interesses), de modo que
mesmo no inquérito policial o debate tem influenciado a favor da atenção aos
princípios mencionados, aplicando-se a essa situação o contraditório diferido.

Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Aos litigantes,
em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa, corolário do devido processo legal, com os meios e recursos a ela inerentes.

Pessoal, esta aula é uma degustação do nosso curso. Nos próximos encontros, trabalharemos os
temas com mais extensão de páginas.

Abraços, bons estudos e não deixem de continuar conosco nessa empreitada rumo à sua aprovação!

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- Pensamento jurídico contemporâneo: vejamos as características do atual


pensamento jurídico que afeta nossa disciplina: poder da normatividade da
Constituição Federal, desenvolvimento da teoria dos princípios, hermenêutica
jurídica.
- Neoprocessualismo: formalismo-valorativo – no intuito de destacar a importância
dos valores constitucionalmente protegidos no âmbito dos direitos fundamentais na
edificação do formalismo processual.
- Devido Processo Legal: Art. 5° da CF/88: (...) LIV - ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
- Supraprincípio: base, inclusive, a outros princípios.
- Visa-se à ideal protetividade dos direitos, promovendo-se a integração do sistema
jurídico em oposição a eventual lacuna no desenvolvimento do processo.
- O devido processo legal formal é composto pelas garantias constitucionais: juiz
natural, contraditório, duração razoável do processo, entre outras.
- O sentido substancial do devido processo legal diz respeito à correta elaboração e
interpretação das leis, de modo a impedir arbitrariedades do poder público.
- Nenhuma norma jurídica pode ser criada sem que se observe o devido processo
legal:
1. Leis;
2. Normas Administrativas;
3. Normas individualizadas jurisdicionais;
4. Normas jurídicas particulares.

(...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados


em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes.

 Contraditório: O contraditório é formado por dois elementos: informação e


possibilidade de reação (sentido formal) e poder de influenciar a decisão
(sentido material ou substantivo).

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a) Informação: necessidade de a parte ter conhecimento do que está ocorrendo no


processo para que posicione de maneira positiva ou não sobre os fatos – direito
de participação no processo.
Reação: elemento dependente da vontade da parte, que pode optar por reagir
ou se omitir em relação à demanda.

b) Poder de influenciar a decisão: é necessário que a reação no caso concreto


haja real poder de influenciar o magistrado na construção do seu
convencimento.

- O contraditório é reflexo do princípio democrático na estruturação processual, uma


vez que democracia significa participação e a participação no processo ocorre pela
efetivação do princípio da garantia do contraditório.

- Contraditório: forma de evitar surpresa às partes: durante o desenrolar procedimental


todos os atos processuais serão informados aos sujeitos do processo, dando a estes o
direito de defesa.
- Contraditório inútil: em alguns casos permite-se que o contraditório seja afastado
pelo próprio procedimento, evitando o chamado “contraditório inútil”. Exemplo:
Sentença proferida inaudita altera parte que julgue o mérito em favor do réu que não
foi citado (art. 285-A, CPC).
- O contraditório poderá ocorre em dois momentos: o contraditório antecipado e o
diferido.

Contraditório antecipado Contraditório diferido

É a regra no Processo Civil. Os sujeitos É o que ocorre na concessão de tutela de


participam de todo o desenrolar do urgência inaudita altera partes, situação na
processo. O juiz não decide a causa qual a decisão do juiz deve anteceder a
sem antes ocorrer ampla participação informação e a reação após a prolação da
dos sujeitos processuais. decisão. Nesse caso ocorrerá o
“contraditório diferido”, pois apesar dos
essenciais elementos do princípio
continuarem a existir, a antecipação da
decisão para o momento imediatamente
posterior ao pedido da parte. Vejamos como
é a estrutura do contraditório diferido:
a) Pedido
b) Decisão
c) Informação da parte contrária
d) Decisão
O contraditório diferido é excepcional,

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pois a prolação da decisão sem a oitiva do


réu seria uma violência, no entanto, seja por
causa do perigo de ineficácia ou pela
probabilidade de haver o direito, o
contraditório diferido segue o art.5, LV, CF.

QUESTÕES DA AULA

01. (TJ MA/Adaptada) O devido processo legal, como princípio constitucional, significa o
conjunto de garantias de ordem constitucional, que de um lado asseguram às partes o exercício
de suas faculdades e poderes de natureza processual e, de outro, legitimam a própria função
jurisdicional.

02. (TRT 2ª Região JUIZ /Adaptada) O princípio do contraditório garante às partes a ciência dos
atos e termos do processo, com a consequente obrigação de impugná-los.

03. (TJ MA/Adaptada) São manifestações do princípio processual do devido processo legal as
seguintes garantias: acesso à justiça, igualdade de tratamento, publicidade dos atos
processuais, contraditório, ampla defesa, julgamento por juiz natural e competente, de acordo
com provas obtidas licitamente por decisão fundamentada.

04. (PGE PB /Adaptada) Pelo princípio do contraditório, o autor pode deduzir a ação em juízo,
alegar e provar os fatos constitutivos de seu direito, e ao réu é assegurado o direito de
contestar todos os fatos alegados pelo autor, como também o de fazer a prova contrária, salvo
em caso de revelia.

05. (CGU/Adaptada) O princípio da proporcionalidade é corolário do princípio do devido


processo legal em sentido substancial (substantive due process clause).

06. (SERPRO/Adaptada) O devido processo legal, no sentido unicamente processual, assegura o


direito ao procedimento contraditório.

07. (TRT 9ª Região JUIZ/Adaptada) O Direito Processual Civil brasileiro não admite
procedimentos ou provimentos específicos fundados em técnicas de contraditório diferido, de
reação aos atos processuais já praticados, pois o contraditório é elemento inerente ao devido
processo legal, alçado a nível constitucional.

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08. (SERPRO/Adaptada) O princípio do contraditório tem o seu conteúdo limitado à ciência


bilateral dos atos contrariáveis.

QUESTÕES COMENTADAS

01. (TJ MA /Adaptada) O devido processo legal, como princípio constitucional, significa o
conjunto de garantias de ordem constitucional, que de um lado asseguram às partes o exercício
de suas faculdades e poderes de natureza processual e, de outro, legitimam a própria função
jurisdicional.

COMENTÁRIOS:

Conceito que diz bem, sem ser exaustivo, o que é o devido processo legal.

Gabarito: Certo

02. (TRT 2ª Região JUIZ /Adaptada) O princípio do contraditório garante às partes a ciência dos
atos e termos do processo, com a consequente obrigação de impugná-los.

COMENTÁRIOS:

As partes ao terem ciência dos atos podem impugná-los. A impugnação não


se constitui em dever.

Gabarito: Errado

03. (TJ MA/Adaptada) São manifestações do princípio processual do devido processo legal as
seguintes garantias: acesso à justiça, igualdade de tratamento, publicidade dos atos
processuais, contraditório, ampla defesa, julgamento por juiz natural e competente, de acordo
com provas obtidas licitamente por decisão fundamentada.

COMENTÁRIOS:

Todas essas garantias visam a assegurar o devido processo legal, que é um


supraprincípio, tendo como corolários vários outros previstos constitucionalmente. A

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lista da questão é exemplificativa, de modo que, se houvesse termos como


“somente” ou “exclusivamente” tornariam a questão errada.

Gabarito: Certo

04. (PGE PB /Adaptada) Pelo princípio do contraditório, o autor pode deduzir a ação em juízo,
alegar e provar os fatos constitutivos de seu direito, e ao réu é assegurado o direito de
contestar todos os fatos alegados pelo autor, como também o de fazer a prova contrária, salvo
em caso de revelia.

COMENTÁRIOS:

A revelia não afasta posterior atuação do réu no processo. O STF já se


posicionou no sentido de que o revel poderá produzir provas e atuar no processo,
mas no estágio em que ele se encontra (nesse sentido: enunciado n° 231 da Súmula
STF e precedentes).

Súmula 231: O revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que
compareça em tempo oportuno.

Gabarito: Errado

05. (CGU /Adaptada) O princípio da proporcionalidade é corolário do princípio do devido


processo legal em sentido substancial (substantive due process clause).

COMENTÁRIOS:

Lembrem-se que o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade são


levados em conta no processo legislativo e na interpretação das leis, de modo que
são elementos centrais do devido processo legal em sentido substancial.

Gabarito: Certo

06. (SERPRO/Adaptada) O devido processo legal, no sentido unicamente processual, assegura o


direito ao procedimento contraditório.

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COMENTÁRIOS:

No sentido processual, o devido processo legal visa ao atendimento de


garantias constitucionais, entre elas a do contraditório – conforme inciso LV (art. 5°
da CF/88): aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes. O contraditório é corolário do devido processo legal.

Gabarito: Certo

07. (TRT 9ª Região JUIZ/Adaptada) O Direito Processual Civil brasileiro não admite
procedimentos ou provimentos específicos fundados em técnicas de contraditório diferido, de
reação aos atos processuais já praticados, pois o contraditório é elemento inerente ao devido
processo legal, alçado a nível constitucional.

COMENTÁRIOS:

O contraditório diferido (postecipado ou postergado) é concedido inaudita


altera parte (sem ser ouvida a outra parte), de modo que se reveste de caráter
excepcional, sendo cabível nas tutelas de evidência, que são aquelas com forte
indício de que a parte tem o direito que alega ter. Nesses casos, concede-se a tutela
com posterior comunicação ao réu para que possa reagir, se for o caso. Contrapõe-
se ao contraditório antecipado, que é o mais comum, a regra.

Gabarito: Errado

08. (SERPRO/Adaptada) O princípio do contraditório tem o seu conteúdo limitado à ciência


bilateral dos atos contrariáveis.

COMENTÁRIOS:

Não se garante o contraditório com a simples ciência dos atos.

Contraditório: O contraditório é formado por dois elementos: informação e


possibilidade de ração (sentido formal) e poder de influenciar a decisão (sentido
material ou substantivo).

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a) Informação: necessidade de a parte ter conhecimento do que está ocorrendo


no processo para que posicione de maneira positiva ou não sobre os fatos –
direito de participação no processo.

Reação: elemento dependente da vontade da parte, que pode optar por reagir
ou se omitir em relação à demanda.

b) Poder de influenciar a decisão: é necessário que a reação no caso concreto


haja real poder de influenciar o magistrado na construção do seu
convencimento.

Gabarito: Errado

01 Certo

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Teoria e Exercícios comentados
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BIBLIOGRAFIA

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DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do
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Edições JUS PODIVM, 2010. v.2.
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e
Processo nos Tribunais. 8 ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2010. v.3.
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Processo Coletivo. 5 ed. Salvador: Edições
JUS PODIVM, 2010. v.4.
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Execução. 2 ed. Salvador: Edições JUS
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MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito Processual Civil, volume 2: teoria geral do processo e
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ALVES, Leonardo Barreto Moreira; BERCLAZ, Márcio Soares. Ministério Público em Ação – Atuação
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Teoria e Exercícios comentados
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CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 16.ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2010, v3.
BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado.

DIDIER JR., Fredie. PEIXOTO Ravi. Novo Código de Processo Civil – Comparativo com o Código de
1973. Salvador, ed. Jus Podivm, 2015.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 7ª ed. rev., atual. e ampl., Rio
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DIDIER JR., Fredie. PEIXOTO Ravi. Novo Código de Processo Civil – Comparativo com o Código de
1973. Salvador, 2ª ed. Jus Podivm, 2016.

MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito
Processual Civil. 2ª ed. Revista dos Tribunais Ltda, 2016

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