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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA INSTITUTO DE GEOCIENCIAS DISCIPLINA: GEOLOGIA APLICADA A MINERACAO CONTINUACAO DO CAPITULO 2. ELEMENTOS DE GEOLOGIA ESTRUTURAL PARTE 2 — ESTRUTURAS TECTONICAS FRATURAS, FALHAS & JUNTAS. AUTOR: Prof. Roberto Vizeu Lima Pinheiro — Faculdade de Geologia Colaborador: Roberto B. Leal Segundo Stimula dos Assuntos Abordados nesta Etapa: Introdugao LO Coneeito de F: ‘TectOnicas. Il- —_Ambientes de Deformagio em Profundidade na Litosfera. I-A Deformagio Ruptil Introdusio a) Estruturas Rupteis — Fraturas e Falhas b) Fraturas em Regime de Tensio Coaxial (Cisalhamento Puro). JUNTAS FALHAS EM CISALHAMENTO PURO ©) Fraturas em Regime de Tensio Nao-Coaxial (Cisalhamento Simples). JUNTAS FALHAS EM CISALHAMENTO SIMPLES ies de Deformagio e as Estruturas Literatura de Apoio Introduch Nesta segunda parte do curso vamos abrir espago para a apresentagdo das principais estruturas tectdnicas expostas nas rochas. Lembre-se que 0 reconhecimento ia para se iniciar 0 mapeamento geologico que servira de ferramenta para se alcangar 0 entendimento da histéria geoldgica das rochas. As estruturas deverdo ser adequadamente representadas no mapa geolégico, usando de nos elementos geométricos planos formagdes precisam estar relacionadas destas estruturas toma-se neces senicas de Geometria Descritiva, baseando- linhas, associados com essas estruturas. Essas a0 tempo geologico decorrente. © estudo detalhado da geometria e posigdo espacial das estruturas tecténicas ‘em conjunto, no espago 3D, ¢ no tempo, permite o alcance da Analise Geométrica, como parte importante no levantamento estrutural, € passo decisivo para se chegar subseqiientemente 4 Anilis movimentos das massas rochosas, em diferentes escalas, responsaveis pela arquitetura investigada em um dado segmento litosférico. Cinemitica, onde se busca o entendimento dos ‘A meta do estudante neste t6pico é portanto, aprender a reconhecer as estruturas tecténicas, descrevé-las e classificd-las a partir de suas caracteristicas geométricas © cineméticas, contextualizando temporalmente ¢ espacialmente esta informagdo nos diferentes ambientes tecténicos reconhecidos para a Terra, Deve ainda ter nogdes elementares dos mecanismos de desenvolvimento das mesmas. E: informagdes devem conduzir o estudante a elaboragdo de modelos geol6gico-estruturais nas diferentes es as I O Conceito de Facies de Deformagao e as Estruturas Tecté: Antes de entrar nas questées descritivas e geométricas relacionadas as estruturas tectOnicas, vamos fazer uma breve discussio sobre o conceito da Facies de Deformagao (no sentido tensorial de strain), como ferramenta intrinseca no modo como © ge6logo utiliza as estruturas tecténicas em seu dia a dia, Trata-se de uma necessidade metodolégica, que precisa ser antecipada para guiar 0 modo como os dados deverdo ser A idéia de facies em Geologia tem sido aplicada de modo mais rotineiro aos ambientes de sedimentagao e de metamorfismo. Para recordar e fazer analogia: © termo facies sedimentares se refere a um conjunto de caracteristicas sedimentares particulares de uma unidade rochosa. Essas caracteristicas tém relagdes estreitas com o ambiente deposicional onde as mesmas foram formadas e se distinguem por aspectos particulares, escolhidos, das rochas. Por exemplo: um litofticies refere-se a0 conjunto de aspectos petrolégicos indicados por propriedades dos tamanhos de gros € mineralogia; as facies baseadas no contetido dos fésseis sio chamadas bioficies; a associagdo de microfésseis e particulas de matéria organica em rochas ¢ sedimentos chamada de palinofacie; unidades com atributos sismicos particulares sao referidas como facies sismicas, ¢ assim por diante, No conceito de metamorfismo progressivo, onde a temperatura do ambiente rochoso aumenta continuamente, a definigdo das facies metamérficas tem o papel de expressar a pressio © temperatura, ou faixas de pressio ¢ temperatura na qual 0 metamorfismo ocorreu, indicando os ambientes de formagao da rocha Toma-se entio ordinario pensar que em conjuntos de rochas tectonicamente deformadas seja possivel separar grupos de rochas onde os padrdes de deformagao se mostrem, sob algum aspecto, semelhantes, sendo estas afinidades relacionadas ao modo ¢ ambigncia onde essas estruturas tecténicas foram formadas (profundidade litosférica, condigdes mecanicas atuantes, distribuigdes de tensdes ¢ deformagao - strain, ete.). Assim 0 conceito de facies de deformagéo (strain facies definido por Sander, 1971, ¢ revisado por Tikoff e Fossen, 1999, p.c.) é usado semelhantemente ao de facies sedimentar. Uma estrutura tecténica isoladamente pode ser formada em diferentes condigdes deformacionais, mas um conjunto delas ¢ © modo como as mesmas se associam pode indicar particularmente um ambiente tecténico: uma dobra ¢ uma foliagao, isoladamente, podem se formar em diversas condigdes deformacionais, mas, um determinado arranjo de dobra com um determinado tipo de foliagdo em uma rocha pode indicar condigdes especificas de desenvolvimento, em um tempo T-relacionadas as condiges do ambiente em que a rocha se deformou, em diferentes escalas. Em resumo, 0s diferentes estados de deformagio, refletidos nas estruturas tecténicas, no devem ser considerados membros finais de deformagdo, pontualmente, mas sim parte de um conjunto continuo de deformago marcado por diferentes estilos geométricos. Imagine que um quadrado, um tridngulo e um cfrculo representem estruturas tectOnicas distintas, passiveis de serem formadas em diferentes ambientes tecténicos, em um intervalo de tempo geolégico (T) e que algumas combinagdes ou coexisténcia destas estruturas tém relagdo estreita com determinados ambientes: (A) um quadrado e um triangulo, quando presentes conjuntamente nas rochas, so comuns em borda de placa colisional (compressionais); (B) um cfrculo e um tridngulo aparecem freqiientemente associados a regides intraplacas, e; (C) um quadrado e um circulo, a bordas de placas passivas (extensionais). Observe a distribuigdo desses elementos representados no mapa simulado da Fig.01 e veja como se trabalha com as estruturas geolégicas no ambiente cartografico a partir do conceito de facies de deformacdo, buscando a reconstituigdo dos diferentes ambientes tectOnicos no espago, para o tempo geolégico T Essas ficies serdo agrupadas em dominios estruturais, representando regides de diferentes condigées de fluxo de deformagio, que em conjunto permitirio a identificagio dos ambientes tectOnicos maiores. Estes, junto com dados petrolégicos, estratigrificos-geocronolégicos, etc., levaro o entendimento geolégico até a escala geotecténica. Entdo, as estruturas combinadas e agrupadas, definem as _ facies deformacionais, que por sua vez agrupados vao definir os dominios estruturais, que poderdo entdo ser interpretados no contexto do ambiente(s) tecténico(s) relacionado(s) & historia geolégica daquele segmento litosférico em determinado intervalo de tempo. Note, portanto a utilidade que a aplicaco do conceito de facies pode oferecer em Geologia Estrutural, Observe também que o papel das estruturas tect6nicas no reconhecimento dos ambientes tecténicos é fundamental. Este é a principio, um dos motivos para se empenhar em encontra-las no campo, descrevé-las ¢ representa-las no mapa, do modo mais detalhado possivel, coerentemente com a escala de abordagem escolhida, Fig.01 — Mapa esquemético com interpretagio. sobre trés elementos deformacionais representados por quadrado, tridngulo ¢ citculo, simulando estruturas tecténicas observadas em campo, agrupadas em fécies deformacionais, ¢ definindo os dominios estruturais A, B e C, que em conjunto representam distintos ambientes tecténicos (veja texto para mais informagies).Os dominios so devido partigo de deformagao. Como dito no inicio desta segao, as estruturas, tal como letras de um alfabeto, a0 serem agrupadas coerentemente, funcionam como palavras em um texto que poderdo transmitir uma idéia e/ou um pensamento — essa idéia ou pensamento, no caso, diz respeito parte da histéria dessas rochas. Desta forma, o seu mapa geolégico, com as representagdes das diferentes estruturas, tem que transmitir essa informagao para tornar- se itil Ao estudar as estruturas tect6nicas pense neste significado e veja nelas 0 inicio para coletar e organizar os seus dados de campo ¢ alcangar o entendimento sobre os ambientes tecténicos envolvidos. Nao esquega finalmente, como foi mencionado acima, que 0 grande objetivo da Geologia ¢ descobrir a hist6ria das rochas ¢ da Terra ¢ esse é um caminho possivel para se aleangar uma parte importante dessa intengao. TI- Ambientes de Deformag4o em Profundidade na Litosfera. A Terra quando dividida, em profundidade, em camadas concéntricas, tomando como referéncia as variagdes de velocidades de propagagio de ondas sismicas, é mareada pelo (1) nitcleo, (2) manto e (3) erosta (Fig.02). Essas camadas associadas a diferentes intervalos de velocidades de propagasio de ondas refletem rochas cujas propriedades mecdnicas so responsiveis por distintos comportamentos em resposta a tensdo ¢ deformacao. Por outro lado, cinco ambientes mais importantes podem ser verificados ao se levar em considerago as variagdes de comportamento mecanico das rochas em profundidade: (1) a Litosfera; (2) a Astenosfera; (3) a Mesosfera, e (4) 0 Nacleo Externo (com comportamento semelhante a liquidos) ¢ (5) 0 Nacleo Interno (s6lido com alta den: jade relativa). A Litosfera é a camada “tecténica” mais extema, equivalente a crosta e a parte superior do manto, A Litosfera corresponde a uma placa tecténica ou parte dela, A base da Litosfera, em contato com a Astenosfera, descola em um plano de detachment (ou décollement) permitindo o deslizamento ¢ rotagao da placa. Neste sentido diz-se que a Litosfera “flutua” sobre a Astenosfera Desta forma a Litosfera (ou, pelo menos, parte dela) é a camada da Terra onde os gedlogos tém acesso direto as informagées referentes as rochas, e, portanto o local de observagao direta para a Geologia Estrutural e a Tecténica. ia Litosfera podem-se distinguir dois dominios particulares (Fig.03), em profundidade, onde as rochas mostram comportamentos mecinicos distintos (Sibson, 1977): (1) 0 dominio riptil — correspondente a niveis crustais relativamente mais rasos, da ordem de 10 a 15 km até a superficie e; (2) 0 dominio diictil - ocupando volumes de rochas em profundidades acima de 10 a 15 km, A transigfo entre os dois ambientes acontece onde a litosfera alcanga temperaturas entre 250° a 350° C, sendo, portanto variével em diferentes lugares geol6gicos relacionados a posigdes nas placas tectOnicas, Na zona de transigdo distinguem-se os dominios riiptil-diictil e diictil-riptil. Um terceiro dominio descontinuo e restrito, marcado por caracteristicas elasticas, pode ser previsto experimentalmente em profundidades préximas & transigiio entre os dominios raptil © dictil (10-15 km), desaparecendo com o aumento da temperatura, do incremento de esforgos ou do tempo de manutengdo desses (Kusznir e Park, 1987). ‘As regides litosféricas de dominios ripteis (rasas) e diveteis (relativamente mais profundas) se distinguem principalmente por diferentes faixas de valores dos coeficientes de viscosidade, elasticidade e de plasticidade. Essas alteragdes siio induzidas por aumento de temperatura, pressio litostitica, pressio de fluido, ete Principais Camadas da Terra SUPERIOR - 0- 15 a 20 Km 4 Crosta Continental ~~ -~— 0 INFERIOR 0 “ Camada L La ha Crosta Oceanica —Comade I u Camade tt MANTO SUPERIOR ZONA DE TRANSICAO ASTENOSFERA Br r — MANTO INFERIOR | MES OSFERA = — GUTENBERG (2885km = NUCLEO EXTERNO UTENBESG (28854) Comp ico io NUCLEO INTERNO | 00 <7 2000 * ee Solido Fig.02 — Principais camadas geotect6nicas identificadas na Terra, em profundidade, a partir da variagdo da velocidade de propagagao de ondas sismicas (coluna da esquerda), em comparagdo com as camadas terrestres individualizadas a partir de propriedades mecdnicas das rochas (coluna da direita). A Litosfera destaca-se como camada coesa da parte superior da Terra, limitando em profundidade as Placas Tect6nicas. Corresponde a crosta e parte superiordo manto superior. Essas duas camada de rochas particulares, assim reolgicas terrestres prineipais tém asso jistribuidas em profundidade (Fig.03) ‘AMADA RUPTIL - Zonas de Cisalhamento Cataclasticas ROCHAS CATACLASTICAS - até 10-15 km, 4. INCOESAS — 1 a4 km 2. COESAS - abaixo de 4 km AMADA DUCTIL ~ Zonas de Cisalhamento Dict ROCHAS MILONITICAS - profundidade > 10 — 18 km. As rochas em suas diferentes profundidades litosféricas respondem de modos distintos 4 agdo dos esforgos, gerando estruturas tecténicas que se equilibram com as condigdes do ambiente em profundidade (Fig.03). Essas estruturas serdo a seguir descritas em grupos obedecendo a induzidas pela profundidade. condigdes C0088 mise roe REGIME RUPTL £ REGIME DUCTIL Fig.03 - As rochas em seus dois dominios tecténicos maiores em profundidade na litosfera (Sibson, 1977). A faixa com indicagdo de temperaturas litosféricas entre 250° ¢ 350° C representa a transigdo entre os domfnios riptil ¢ dictil respectivamente. A curva na direita mostra a variagio da tensdo diferencial (61 - 03) com a profundidade, com maximo na posi¢ao da zona de transi¢ao niptil-dictil/dictil-riptil Ill —A Deformagao Ruptil Introdugio Nesta parte da disciplina Elementos de Geologia Estrutural se inicia a apresentagdo de um conjunto de estruturas tecténicas mais comuns observadas nas rochas da crosta, Para isso, seré tomada como base a organizagao das estruturas de acordo com seus modos de expresso na natureza em diferentes niveis litosféricos. Essa apresentagao envolve dois aspectos principais: (1) estimular o sentido de observagio do estudante na busca da identificagdo apropriada das diferentes feigdes tectOnicas, dando a elas um significado contextualizado no ambiente tectdnico em que as mesmas se formaram; e (2) conduzir esse significado para o entendimento mecinico de sua existéncia. Em outras palavras, pretende-se familiarizar os estudantes no sentido de reconhecer as diferentes geometrias resultantes dos processos deformacionais no contexto da Teoria da Tecténica de Placas, que rege o pensamento do gedlogo em qualquer tentativa de entendimento da historia da Terra e suas rochas. Na parte anteriormente apresentada estudante foi conduzido aos conceitos sicos sobre a mecdnica de deformagao das rochas envolvendo a relago entre esforgo (stress) e deformagio (strain). Com isso ficou entendido que as estruturas tecténicas so respostas a um estado de “desequilibrio” mecdnico e de energia conduzido sobre as rochas no seu estado inicial, a partir do marcador passivo, pela presenga de um campo de esforgo (stress) triaxial. Quer dizer, as rochas inicialmente observadas, sio modificadas mecanicamente por tensdo e respondem com um novo estado de equilibrio, quer seja alcangando novas formas e dimensdes ou sendo deslocadas no espago, desde a escala crustal até a escala de particulas. Esse novo estado resulta entdo na existéncia das estruturas tecténicas, sendo essa a melhor maneira de entendé-las preliminarmente. Lembrando que todas as rochas da litosfera esto e estiveram envolvidas por tensdes de diferentes naturezas ¢ intensidades, onde a deformagdo toma lugar de modo continuo, acompanhando a evolugao da Terra ao longo de sua historia, Fiea claro que 0 gedlogo necesita obrigatoriamente conhecer as estruturas tectOnicas, visto que elas sto 0s principais elementos de investigagdo da histéria da Terra Comparativamente, a identificagao e caracterizagao geométrica e espacial das estruturas tect6nicas esto para o entendimento da historia da Terra assim como as letras do alfabeto esto para o entendimento de uma idéia construida com estas letras através das palavras ¢ frases. E preciso que 0 gedlogo saiba, portanto “ler” as “estruturas” ¢ “arranjos estruturais” na forma de “idéias” relativas ao seu ambiente tectOnico. leitura deverd ser feita objetivamente, no sentido de responder a diferentes questdes, tais como: qual o caminho que a rocha percorreu durante sua hist6ria, tendo como referéneia os ambientes tectOnicos condicionados pelas placas litosféricas ?; nesse caminho, que tipos de transformagies elas sofreram 2; Em que momento (tempo geoldgico), relativo ou absoluto, ela esteve nas diferentes posigdes e/ou sofreu as transformagdes observadas? ete Neste médulo do curso sero dados “elementos de linguagem estrutural” que habilitardo 0 estudante e reconhecer, descrever a geometria e posi¢ao espacial das principais estruturas tecténicas observadas nas rochas da crosta da Terra. Essa abordagem seri feita de acordo com os diferentes niveis crustais a que as mesmas podem estar relacionadas: (1) dominio riptil e (2) dominio dactil. Bsa —Fraturas e Falhas a) Estruturas Ruptei Fraturas, sob 0 ponto de vista geolégico, sio descontinuidades fisicas permanentes geradas nas rochas ao se ultrapassar os limites de resisténcia mecdnica das ‘mesmas, pela ago de um campo de tensio (stress). Fa resposta da rocha ao esforgo em dominio de profundidades relativamente baixas, em dominio litosférico riptil, envolvendo fisicamente a deformacdo eldstica. Podem ser formadas por extensio, ou cisalhamento em seus diferentes modos (Fig.04), Fig.04 — Modelos de fraturas relacionados ao modo de deslocamento de seus blocos adjacentes, em seus estigios de mucleagdo: (a) Modo I - Fratura de Extensio (ou Tensdo) — movimento relative perpendicular ao plano da fratura; (b) Modo II - Fratura de Cisalhamento - com deslocamento paralelo ao plano de fratura, na horizontal; ¢ (c) Modo II - Fratura de Cisalhamento — com deslocamento paralelo ao plano de fratura, na vertical Falhas sao fraturas onde ha deslocamento relativo significante, mensuravel na escala da observagio, entre os blocos adjacentes (Fig.05). Associadas com as falhas, na superficie de seu plano, aparecem ranhuras ocasionadas pelo atrito de fragmentos e pé de rocha gerado durante o fraturamento, chamadas de estrias de falhas, Essas feigdes, como elementos lineares sio indicativos do deslocamento relativo entre os blocos. Quando ha fluids percolantes no plano de falha, ¢ havendo a cristalizagdo destes durante o movimento dos blocos, forma-se uma placa com conjuntos de minerais aciculares cuja orientagdo acompanha o sentido de deslocamento dos blocos. Tem-se neste caso a presenga de slickensides (plano) com respectivos slickenlines (minerais aciculares ou fibrosos que compdem o slickensides). Os slickensides sio formados geralmente por minerais de baixa temperatura de cristalizagio, como calcita, epidoto, clorita e mesmo quartzo, Faltas com delocament na deco do merge ep fp) Faas Direcionis strike sip) Nernal ». Covagamant © Doral 4 siicea Namal iota 1 vere Sad @-Fata Rata Fatnas com detlocamento oblique obque sp) ana com destocamento om rotaeso Fig.05 — Diferentes tipos de falhas, individualizadas a partir do modo de deslocamento do piso em relagao ao teto. Juntas so fraturas simples ou em feixes em que o deslocamento relativo entre os blocos separados pela(s) descontinuidade(s) nao reflete deslocamento apreciavel na escala de observacao. Os conjuntos (feixes) de fraturas so classificados como (1) sisteméticos, quando a orientagdo das fraturas do conjunto mostra-se aproximadamente paralelas; € (2) néo-sisteméticas, referindo-se as fraturas irregulares, por vezes curvas ¢ ndo paralelas. A superficie das fraturas (face ou plano da fratura) em rochas competentes, quando observadas em campo, desenha feiges caracteristicas que podem informar o modo de nucleagio destas (Fig.06). Mui chamadas costelas e hackle, que divergem a partir do ponto de nucleago da mesma (micleo). 0 padrio é conhecido como estrutura plumosa ou hackle plume, semelhante ao desenho de uma pluma ou “pena erigada de passaro” De modo geral, as fraturas (falhas e juntas) so estruturas muito comuns na crosta, notadamente em niveis rasos, ¢ bastante diversificadas em tipos e situagdes de formagio, Sua variedade de tipos deve-se ao fato de que, sob deformagdo cléstica, diferentes rochas podem ser submetidas a distintos estados de tensdo, resultando em diferentes tipos de fraturas. Portanto, seu estudo é relativamente complexo e exige informagées de diferentes areas de conhecimento, destacando-se estudos reologicos ¢ mecnicos. A partir de experimentos de ruptura em materiais geolégicos (corpos de prova), slo elaborados os chamados critérios de colapso (brittle failure criterion), que relacionam fisicamente 0 estado de tensio, em diferentes condigdes, com 0 modo de quebramento (ou colapso) das rochas, identificando modelos fisicos e matematicos para as fraturas. fraturas mostram sobressaltos ranhuras, Estrutura Plumosa / Plumose Structure Franja/ Fringe Lateral / Shouder’ Face Principal do Fratura Trago Principal da Nacleo / Origin Fratura Costelas / Ribs Hackles. Fig.06 — Elementos geométricos observados na face principal de um plano de fratura. Destac se a estrutura plumosa com suas costelas © hackles, tendo como convergéncia o miicleo iniciador da fratura. No exemplo a fratura corta perpendicularmente um plano de acamamento. Os critérios mateméticos permitem a previsio, por exemplo, de desenvolvimento de fraturas em rochas em diferentes estados de tensio, estabelecendo relagdes entre os Angulos dessas fraturas e as diregdes de eixos de tensdes especificos (veja p. ex. 0 experimento de Mohr, na elaborago do Circulo de Mohr, ou ainda critério de Anderson outros exemplos em Twiss ¢ Moores, 1992 - Cap. 10). Para elaborar esses critérios sio selecionados conjuntos de propriedades ‘mecénicas relevantes para cada tipo de experimento, em fungdo do tipo de investigagio desejada, A maioria dos experimentos em busca de critérios particulares de quebramento, nos diferentes tipos de rochas, tem como base situagées mecinicas simples tais como tensdo e/ou compressio uniaxial, embora a maioria das rochas na natureza seja sujeita a sobrecargas (tensbes) multiaxiais. Como exemplos de experimentos ¢ modelos de ruptura pode-se mencionar: Tipo de Exemplos de Modelos Tedricos de Colapso Material Rapti Teoria de Mohr/Coulomb - modelo de tensao normal maxima Critério de Anderson - modelo de falhamentos sob diferentes distribuigbes de tensio. Dictit Critério de von Mises ~ modelo de tensao cisalhante maxima Considerando em grande parte os resultados provenientes deste testes ¢ experimentos, as fraturas podem ser primariamente classificadas de acordo com o estado de tensiio responsavel pelo seu desenvolvimento, em: 1) Sistemas de fraturas formadas por Cisalhamento Puro (Coaxial); 2) Sistemas de fraturas formadas por Cisalhamento Simples (Nio- Coaxial). Estes modelos serdo apresentados sumariamente a seguir. Observe que 0 que vocé aprendeu sobre a condigao pontual de ocorréncia na natureza de cisalhamento puro e simples, em detrimento de estados de deformagio geral, tipo transpressiva- transtensiva, continua valendo. A classificagdo de fraturas usando como referéncia estas situagdes de tensfo foi obtida experimentalmente usando exatamente estas duas condigdes tensoriais, em laboratério. b) Fraturas em Re e de Tensao Coaxial (Cisalhamento Puro). JUNTAS Ao se submeter um bloco rochoso, como corpo de prova, 4 agdo de um campo de tensio dominado por cisalhamento puro (regime coaxial) em um experimento usando-se um pistdo simples com um tensiémetro acoplado em seu émbolo vertical («1 na vertical; a eo; na horizontal, perpendiculares as paredes do aparato e mutuamente entre si, funcionando como tensores confinantes), observa-se 0 aparecimento de um conjunto de fraturas assim reunidas (Fig.07): + Fraturas de Extensio — na posigao longitudinal ao corpo rochoso, paralelo a o; © perpendicular a diregdo do tensor confinante o3, surgem fraturas denominadas de fraturas de extensio, comuns quando 0 valor de tenso 1 € muito maior que 03 ou quando Gs tem valores proximos a zero. Quando essas fraturas apresentam deslocamentos perpendiculares a superficie das fraturas, so chamadas fraturas de tensdo. - Fraturas Cisalhantes - Um par de fraturas chamadas fraturas cisalhantes, ou par cisalhante, aparece em arranjo obliquo as bordas verticais do bloco, fechando Angulos em tomo de 45° entre si, tendo em sua bissetriz 0 tensor 0} e na sua intersego 0 tensor o2, em experimentos triaxiais. Podem aparecer em pares ou individualmente ¢ representam fraturas previstas pelo Critério de Coulomb, em compressio confinante em Angulos inferiores a 45° em relago ao eixo de compressio maxima 1, vertical - Fraturas de Alivio de Tensdo - ao se retirar a sobrecarga simulada pela posigdo do tensor @ observa-se a formago de conjuntos de fraturas em posi¢do subhorizontal, perpendiculares ao tensor ;. Essas fraturas, chamadas de fraturas de alivio de tensdo sao freqiientemente observadas no topo de macigos rochosos sujeitos a erosiio ou remogdo, por exemplo, de capas de solo ou de rochas, em minas a céu aberto. Estes diferentes tipos de fraturas (juntas) aparecem nas rochas isoladamente ou em conjuntos. Fraturas de tensdo, envolvendo tragdo, sdo bastante comuns ¢ geralmente aparecem em associagéio com veios, e mesmo diques. Fraturas cisalhantes conjugadas podem aparecer em pares ou individualmente, e quando inicialmente formadas tendem a manter seus planos “fechados” em decorréncia dos valores relativamente altos de tensio cisalhante (o,), dificultando a percolagao livre de fluidos, ‘As fraturas de tenso (Fig.08) podem mostrar arranjos distintos em fungdo da tensaio (stress) diferencial (0, - 63). Em estado de tensa diferencial alto, as fraturas de tensio tendem a formar conjuntos de juntas retas, relativamente continuas ¢ subparalelas, dispostas quase perpendicularmente 4 diregdo do tensor minimo (03). A medida que o campo de tensio diferencial diminui as fraturas (juntas) retas subparalelas tornam-se cada vez mais anastomoticas e descontinuas. Em situagdo de tensao diferencial relativamente baixa as fraturas (juntas) tornam-se curtas, descontinuas. € dispostas em vérias orientagdes, aproximando-se de formar brechas tecténicas & medida que a tensio diferencial tende para zero (o; - 63 ~ 0), quando a rocha entra em colapso hidréulico, podendo formar brechas hidrduli eber fluxo cataclastico, em ambientes com diferengas de pressio litostitica significativa, sob cenergia potencial. Reveja a Fig.08 onde 0 conceito de tensio diferencial é relacionado a diferentes niveis litosféricos, em profundidade. iS, suscetiveis a re FRATURAS DE TENSAO & EXTENSAO FRATURAS CISALHANTES 6, fea i eet a t t + % a % | t @. Frawade —D, Fratrae ©. Fatwa do . Fratras Cistnaias Facto 8) "Lengtas Essent Coniugedas Fig.07- Conjuntos de fraturas observadas em experimentos de laboratério, produzidos em blocos rochosos. As fraturas nas figuras (a), (b) ¢ (c) so fraturas semelhantes quanto ao arranjo dos tensores, mas o exemplo mostrado em (a) é aleangado por tragdo longitudinal; o oposto em (b); enquanto em (c) a fratura se da por alivio de tensdo na diregao perpendicular a 03. As fraturas em (d) representam juntas cisalhantes que podem se formar em pares conjugados ou individualmente, com o1 05 em posigdes obliquas em relagdo as mesmas. Dependendo do objetivo desejado, os dados a serem coletados em campo envolvendo as fraturas, e mais especificamente as juntas, podem variar bastante, Na rotina do mapeamento geoldgico torna-se imprescindivel coletar pelo menos os seguintes dados, necessérios para compor o entendimento basico da deformagio de nivel crustal raso nos diferentes terrenos rochosos: Dado a ser obtido: Detaihes: =rocha onde os conjuntos se concentram - descrigdo potrografica om diferentes ascalas de observacao. tipo da fratura = classificagao das fraturas com base em sua ‘origem e modo de formacao. ~atitude do plano de fratura em coordenadas geolégicas (p.e. merguiho / ‘Az. direcao de merguiho), -espacamento entre as fraturas ‘em metros, contimetros, otc. ~freqiiéncia / densidade -ntimero de representantes com determinada oriontagao / érea-volume deformado. Assim, para o mapeamento geoldgico, cada conjunto de informagGes, conforme sugerido acima, deve ser relacionada a cada tipo de fratura particularmente. Um erro, bastante comum entre os gedlogos menos experientes com o estudo das fraturas em campo, é coletar dados de atitudes de seus planos de modo aleatério, sem separar previamente os diferentes tipos, ¢ agrupar suas informagdes pertinentes separadamente. Os dados sobre as fraturas devem ser coletados de modo seletivo, por tipos, seguindo a classificagdo que for mais conveniente para o objetivo do estudo. Esse procedimento possibilita 0 tratamento adequado de dados, usando a projegio estereogrifica e diagramas de roseta. Fig.08 — Modelos de fraturas de tensdo, com variagdes de padres geométricos relacionados & diferencial (61 - 03). Nas fraturas, de I a IV, respectivamente, hd uma diminuigdo da diferencial, gerando fraturas retas, subparalelas, até fraturas com orientagées aleatérias, similares as formadas em brechas hidréulicas. FALHAS EM CISALHAMENTO PURO © termo falha (fault) & proveniente do jargio de mineiros de carvio do século XVII, da Europa, que usavam a palavra para representar a interrupgdo e descontinuidade das camadas de carvao nas galerias das minas ‘As falhas representam fraturas onde 0 deslocamento relativo entre os blocos adjacentes € expressivo ao observador, independente da escala de investigagdo. Tém papel importante em Geologia considerando sua capacidade de interromper a continuidade lateral entre terrenos geoldgicos ¢ de deslocar volumes expressivos de rochas, quer verticalmente quanto lateralmente, Vale lembrar que as bordas das placas dnicas so marcadas por diferentes tipos de falhas. Em exploragio mineral e na mineragdo as falhas tém papel de destaque, no s6 tec como possivel complicador prospective, considerando 0 exposto acima, mas como importantes condutos de fluidos mineralizantes. Geometricamente as falhas podem ser classificadas em relagao ao angulo de ‘mergulho ¢ seus planos: a) Falha de baixo Angulo: com mergulho abaixo de 45°, b) Falhas de alto angulo: com mergulhos acima de 45°. A caracterizagio cinemética das falhas & feita com base inicial na identificagao do tipo de deslocamento resultante entre os blocos adjacentes (Fig.05). Assim so reconhecidos o piso e teto, para os blocos deslocados, em fungo da posigao do mesmo em relagdo ao plano de falha: a) Piso (footwall)- refere-se ao bloco abaixo do plano da falha; ¢ b)_Teto (hangingwall) - refere-se ao bloco acima do plano da falha. Com relago ao movimento relativo entre os blocos (piso ¢ teto) as falhas se diyidem em (Fig.05): a) Falhas de deslocamento na diregdo do mergulho (dip-slip faults); b) Falhas direcionais, com deslocamento ao longo da dirego de seu plano (strike-slip faults); ©) Falhas com deslocamento obliquo (oblique-slip faults); ¢ 4) Falhas rotacionais (rotatitonal faults) As falhas podem apresentar planos refos ou curvas, estes tltimos chamados de listricos (Fig.09). Falhas com planos retos geralmente so observados em escala de afloramento ¢ tém relagdo com propagagao de suas fraturas em rochas homogéneas / isotrépicas ou proximas a isso, Nestes casos a fratura, que determina a falha, atravessa regides da rocha sem encontrar mudangas significativas de suas propriedades mecdnicas reagindo de modo continuo ao fraturamento, com angulo de mergulho aproximadamente constante, obedecendo a relagdo entre a posi¢do dos tensores, a tensio diferencial (01 - 95), tensio confinante (relativo a profundidade litosférica) e aos parametros mecdnicos da rocha (p.c. coeficiente de viscosidade, plasticidade, elasticidade, coesio, etc.). (b) LOO FALHA RETA FALHA LISTRICA Se Fig.09- Exemplos de falhas com plano reto (a) e listrico (b) com 0 rollover associado & presenga da concavidade do plano da falha, Em meios anisotropicamente estruturados, quer seja pela mudanga de parametros mecdnicos da rocha ou induzidos por acentuadas mudangas de profundidades litosféricas, as falhas se propagam reagindo gradativamente a estas mudangas, com atenuagdo do angulo de mergulho. Essas falhas so descritas como fathas listricas. Em conseqgiiéncia da “listricidade” do plano da falha ha o aparecimento de um antiforme no bloco do teto dessa falha, chamado de rollover ig.09). Falhas listricas e seus rollovers so feigdes comuns em falhas profundas, quilométticas, por exemplo, em falhas mestras que organizam a arquitetura de uma bacia tectOnica (falhas de detachment). © rollover & uma conseqiiéncia geométrica da presenga da falha listrica. Hd uma proporgao direta entre o raio de curvatura (concavidade) da falha listrica e a curvatura do rollover. A posigio ¢ orientago das falhas nas rochas sio governadas pelas leis da mecanica que explicam as fraturas de uma forma geral. A Teoria de Anderson, baseada no critério de Coulomb, prevé, sob 0 ponto de vista tensorial, a orientagdio dos eixos principais de tensio (stress) em relagdo aos diferentes tipos de falhas, em modelos que se aproximam bastante dos modelos geolégicos observados. O Critério de Coulomb assume que o plano de falha contém o tensor intermedidrio (62) € que o angulo entre o plano da fratura € 0 eixo de tensio (compressio) maxima (01), nas falhas normais ¢ inversa, é sempre menor que 45° (Fig.10). Nas falhas direcionais 0 angulo entre o plano da fratura ¢ 0 eixo de tensio minimo (63) ¢ menor que 45° (Fig.10). O tipo de falha desenvolvido depende de qual eixo tensorial esta na vertical (01, 62 ou 63). © 6, c o G Ne < ~~ ©, ‘9, a FALHA NORMAL FALHAINVERSA FALHADIRECIONAL Fig.10 ~ Modelos de falhas previstos pelo Critério de Anderson indicando a posigao dos eixos principais de tensio e os angulos idéias de mergulho ou orientagao destas, para cada arranjo tensorial, (a) Falha normal (60°; (b) Falha inversa (30°); ¢ (c) Falha direcional (30°, Falhas_normais, ao se associarem, formam bacias tecténicas (Fig.11). Nas bacias recebem nomes préprios de acordo com sua geometria ¢ posigiio no arranjo desta, Sao comumente reconhecidas: (1) Falha Mestra ou Falha de Detachment ~ & a falha basal, a partir da qual se organiza toda a arquitetura da bacia. Tem perfil listrico e tem associagdo ao rollover - antiforme de teto de falhas normais listricas = no bloco do teto. (2) Fathas Sintéticas — so fathas normais listricas, localizadas no bloco do teto da falha mestra, com diregdo de mergulho acompanhando aquela da falha mestra, Tém propagago em diregao ao piso. (3) Falhas Antitéticas — so falhas normais listricas, também localizadas no teto da falha mestra, com dirego de mergulho oposta aquela da falha mestra, Tém propagagdo em dirego ao teto, Estas falhas so observadas principalmente em imagens geofisicas (pe. sismicas) capazes de revelar a arquitetura das bacias em profundidades bem abaixo do pacote de rochas vulednicas ¢ sedimentares que preenchem as bacias. Bacia Tecténica FALHAS SINTETICAS FALHAS ANTITETICAS Fig.11- Arquitetura esquemética de uma bacia extensional com seus principais tipos de falhas normais: Falha Mestra, Falhas Sintéticas ¢ Antitéticas Falhas_Inversas, ao se associarem desenham os leques imbricados de cavalgamentos os duplexes (Boyer ¢ Elliot, 1982), por exemplo (Figs.12 e 13). Usa-se especificamente o termo cavalgamento para as falhas inversas de baixo angulo. leque imbricado de cavalgamentos (thrust imbricated fan) & um sistema de falhas inversas onde se destacam os seguintes elementos geométricos (Fig. 12): (1) Falha de décollement — & a falha mestra, basal do sistema, que organiza o arranjo das demais falhas. Separa o piso do teto. (2) Splays — so falhas secundarias que convergem e se ajustam a falha de decdllement. Dependendo de sua posigdo e geometria, podem ser ainda classificados em: - splay simples ou isolado — splay secundério projetado a partir da falha principal - splays divergente- subsplay projetado a partir de um splay simples ou isolado. - splay de conexo — splay que se projeta ligando dois ou mais splays simples. - splay de rejuntamento — subsplay divergente a partir de um splay secundatio. (3) Terminagio em splay, tipo rabo de cavalo — caracterizada por segmentos curtos de falhas secundérias, propagadas a partir da linha de terminago da falha. (4) Falhas da separagdo (tear fault) — so falhas tardias, paralelas a sub- paralelas a diregdo de transporte tecténico (Fig.14) responsaveis pela compartimentagdo dos blocos sob encurtamento (por exemplo, em Ieques de cavalgamentos ¢ sistemas de dobramentos). Individualiza blocos em regides de compressio tecténica, onde ha heterogeneidade na taxa de encurtamento, ou no comportamento mecanico, de segmentos crustais adjacentes. F freqiientemente confundida com rampas laterais (Fig. 15). Sao falhas com cardter cinematico direcional a obliquo fortemente direcional. (5) Rampas (Fig. 15) - geralmente as falhas de baixo angulo produzem “degraus” ao aumentar abruptamente seus angulos de mergulho. Neste contexto definem as chamadas rampas ou langos patamares (flats © ramps). Dependendo da diregdo das rampas em relagio & diresdio de transporte tecténico, se definem as rampas_laterais (paralelas a diregdo de transporte); rampas frontais (perpendiculares a diregio de transporte) (Subsplay ‘se Refurtamenta Subsploy Spay sclado Divergente aes va Woe ‘Splays de Terminagto Fig.12- Sintese dos principais tipos de splays ou falhas conjugadas possiveis de ocorrer em associagao com sistema de cavalgamentos, Os duplexes, no contexto dos sistemas de cavalgamentos (thrust duplex), sio estruturas relativamente complexas sob 0 ponto de vista geométrico e cinematic (Fig.13). Geometricamente correspondem a arranjos de falhas onde se individualizam duas falhas de baixo angulo, uma na base e outra no topo, denominadas cavalgamento de base (floor thrust) © cavalgamento de topo (roof thrust), respectivamente, Estas falhas so conectadas por splays intermediirios, formando fatias de rochas limitadas por falhas, chamadas de horses. ESTRIAS > () LALLY LLLP Fig.13 — Duplex compressivo, ou duplex de cavalgamento, O plano em verde representa uma camada ou superficie geolégica de referéncia, deformada pela seqiiéncia de cavalgamentos em splays, controlados por duas falhas posicionadas no topo e no teto do arranjo. Cada bloco encerrado no esquema representa um horse. As estrias tém posigio paralela & direcdo de transporte tectonico ou diregdo de encurtamento, ANTIORVE DE TETO DE ogans FALHA DE SEPARACAO i (TEAR FAULT) CANALGAMENTO Fig.14 — Exemplos de falhas tardias, paralelas 4 diregdo de transporte tecténico, responséveis pela separagdo, ou compartimentagdo de blocos em regimes de cavalgamentos ¢ dobramentos, por encurtamento em regides de colisdo. Estas falhas sio chamadas de falhas de separagio (tear faults), Observe a semelhanga destas estruturas com as rampas laterais da Fig.15, abaixo. Rampa Frontal Rampa Lateral _ foe Fig.15 — Falhas subordinadas a sistemas de cavalgamentos, classificadas de acordo com suas orientagdes em relagdo & direcdo de transporte tecténico regional, Rampas laterais esto ispostas na diregao paralela ao transporte tecténico, enquanto que rampas frontais esto em alto angulo ou perpendiculares 4 esta. A figura mostra a geometria do bloco do piso do cavalgamento, tendo sido removido o bloco do teto, para melhor visualizagao. ¢) Fraturas em Regime de Tensio Nao-Coaxial (Cisalhamento Simples). JUNTAS O cisalhamento simples caracteriza-se geometricamente pelo arranjo dos cixos de tensio mixima e minima (01 e 65 respectivamente) no plano horizontal, orientados de modo obliquo as bordas da zona cisalhamento, O sentido de cisalhamento horério (dextral) ou antihorério (sinistral) & definido pela posigdo dos tensores maximo ¢ minimo em relagdo as bordas do sistema. O tensor 2 posiciona-se na vertical, ortogonalmente a ambos o} € 65. Experimentos em caixa de cisalhamento simples, originalmente realizados por Cloos (1928) ¢ posteriormente por Riedel (1929), em camadas centimétricas de argila, demonstraram a similaridade geométrica entre conjuntos de fraturas geradas sob estas condigdes, em diferentes escalas. ‘As fraturas encontradas nestes experimentos, conhecidas como Fraturas de Riedel tém sido identificadas em diferentes zonas de fraturas transcorrentes nas rochas terrestres, em escalas variando desde milimétrica até quilométrica, em falhas relacionadas a sismos modemnos e falhas antigas (Tchalenko, 1970). 3 3s EI 5s Bi Dextral Sinistral Fig.16 - Deformagdo por cisalhamento simples com rotagio dextral ¢ sinistral em duas dimensdes. © eixo 62 posiciona-se na ortogonal em relagdo ao plano da figura. Observe a necessidade de inversdo das posigdes dos eixos de tensdo 6; (encurtamento) ¢ o5 (estiramento) a0 se considerar os padres horirios ¢ anti-horirios. No exemplo, 0 bloco apresentado se deforma de modo ditctil, para facilitar a visualizago das diregdes de encurtamento © estiramento. Em cisalhamento dextral (rotagdo hordria relativa entre os blocos) aparecem os seguintes conjuntos de fraturas: (1) fraturas formando 60? entre si, com o eixo de tensio maximo (a1) colocado aproximadamente na bissetriz. Essas fraturas, chamadas Re R’ (Riedel ¢ Anti-Riedel respectivamente), com rotagdes dextral_ ¢ sinistral respectivamente; a R acompanhando a rotagao geral do bloco, ¢ R’ girando em sentido contrério a R, sendo conhecida também como “antitética”. A fratura R forma éngulo em tomo de 15° com a borda da zona enquanto que aR’ faz angulo em torno de 75° com a mesma. (2) fraturas com rotago acompanhando 0 sentido geral da zona formando Angulos rasos (15°) com a borda do sistema, chamadas de fraturas P. (3) fraturas paralelas as bordas do sistema com 0 mesmo sentido de rotaso geral da zona, conhecidas como fraturas Y ou D. Em gisalhamento sinistral aparecem os mesmos conjuntos de fraturas, mas em posigdo especular em relagao as fraturas do sistema dextral acima descritas, E importante lembrar que estas fraturas, tanto para os arranjos gerados por cisalhamento puro quanto por cisalhamento simples, no necessariamente devem se formar em seus arranjos completos, com todos os tipos presentes. Podem aparecer isoladamente, ou em pares, ou em conjuntos variados em relagdo a esses modelos. FRATURAS DE RIEDEL o3 o3 oO = GINEMATICA DEXTRAL GINEMATICA DEXTRAL Fig.17 ~ Padres de Fraturas de Riedel - Modelos de sets de fraturas geradas em cisalhamento simples (deformagao nao-coaxial) sob cinemética dextral (4 esquerda) e sinistral (4 direita). As letras indicadas denominam as fraturas individualmente nestes arranjos (veja texto para detalhes). Observe que os conjuntos gerados em regimes dextrais e sinistrais se diferenciam por se posicionarem em uma relagdo especular respectivamente. Entre as fraturas mostradas, chama atengo a fratura tipo R’ (antiriedel) que assume rotagdo sempre oposta em relagio as demais fraturas do respectivo conjunto. © estudo de fraturas, hoje conhecido como Fractografia, parte da Geologia fstrutural que se dedica com exclusividade ao estudo destas descontinuidades, relativamente complexo para o gedlogo de campo. Essa complexidade relativa aparece em fungo da necessidade do gedlogo, ao estudar as fraturas, de se envolver de modo seguro com os diferentes mecanismos de quebramento das rochas, iniciando pela avaliago das condiges mecdnicas dos diferentes materiais rochosos, em seus diferentes ambientes crustais, ¢ do estudo fisico © matematico de distintos mecanismos de aplicago dos campos de tensdo. A questo toma-se mais complexa quando o tempo geolégico passa a ser envolvido na andlise fractografica: o intervalo de tempo considerado para o desenvolvimento dos conjuntos de fraturas, e 0 tempo geologic (idade) das fraturas em relagao a um episédio tecténico regional. A separagdo, ou organizagdo temporal de fraturas & assunto complexo ¢ exige a disponibilidade e bus detalhadas sobre a relagdo geométrica € dos diferentes conjuntos, uns em relagdo aos outros, e uma visdio em varias escalas. de informagé: Como jé foi anteriormente comentado, o tratamento dos dados de fraturas & estatistico, necessitando, portanto de uma amostragem detalhada e volumosa de medidas de atitudes de seus planos, seletivamente. A projegdo estereogrifica € a ferramenta mais indicada para a andlise de fraturas, juntamente com 0 uso de diagramas de rosetas para representagio de diregdes. Inimeros programas de computacZo auxiliam nesse tratamento, por exemplo: Trade do IPT, Brasil; Poly3D da Stanford University; RocLab da Rocsciences Inc.; e muitos outros, quase todos de dominio piblico na internet. Parte do estudo das fraturas & feito nos dominios da como parte da engenharia geolégica, tem seu foco amplo nas relagdes ¢ interferéncias das rochas e solos nas obras de construgées civis de diversas naturezas, atuando, por exemplo, em escavagdo de tineis, minas, em projetos de aterros, fundagdes, estudos de percolagio de fluidos em solos e rochas, etc. Esta ciéneia, ‘A Geotecnia tem grande parte de seu campo de estudo voltado exclusivamente para as fraturas, considerarando-se principalmente a sua alta frequéncia e ocorréncia comum em todos 0s tipos de terrenos e rochas, e 0 efeito de diminuigdo da resisténcia dos macigos devido sua presenga, Essa ciéncia usa, de forma aplicada, os conhecimentos da Fractografia na solucdo de problemas de engenharia e geologia. FALHAS EM CISALHAMENTO SIMPLES. Em regime de cisalhamento simples (deformagio nio-coaxial) observa-se 0 desenvolvimento de falhas classificadas como Falhas Direcionais ou Falhas Transcorrentes (strike slip faults), anteriormente mencionadas ao se mostrar os diferentes padrdes geométricos de fraturas gerados em condigdes ripteis (Fig.0Se ¢ d; Fig. 10c). Essas falhas so comuns em ambientes de bordas de placas direcionais (Woodcock ¢ Fischer, 1986), como exemplo bastante conhecido a regido da Falha de Santo André — California, representando falhas transformantes, podendo, no entanto aparecer em regides intraplaca (Fig.18) tal como as falhas direcionais relacionadas as colisées continente-continente, tipo Himalaiana, no modelo de tecténica de escape (veja, por exemplo, Tapponnier, Peltzer Arminjo, 1986). Complementarmente as falhas direcionais intracontinentais, podem relacionar- se s regides extensionais, no dominio das bacias, recebendo o nome de falhas transferentes ou compartimentais (veja, por exemplo, Bally et al. 1981; Costa, Hasui ¢ Pinheiro, 1992). ARCO DE COLISKO Pau oa BACIA BACK ARC ARCO DE COLISAO oe ttn Fig, 18- Relagdes entre diferentes tipos de falhas direcionais observadas no contexto de uma borda de placas de colisdo ¢ intraplaca adjacente (Woodcock ¢ Fischer, 1986). ‘As falhas direcionais tém tensores e diregdes de encurtamento ¢ estiramento posicionados obliquamente a dirego de seus planos, obedecendo ao critério de Anderson, ja comentado anteriormente (Fig.10¢, e ainda Fig. 16). As falhas direcionais em geral tém planos com geometria complexa, podendo ser representado por planos simples, retos a sinuoso (com desvios para a esquerda ou direita), ou ainda com planos em feixes, descontinuos, em desenhos escalonados (stepover) para a esquerda ou direita. A variago destes tipos é relacionada prineipalmente a taxa de deformagéo no momento de nucleagio das mesmas, ¢ a heterogeneidades encontradas nas rochas onde elas se propagam. Desta forma, as falhas direcionais so acompanhadas de diversas feigdes tecténicas, melhor observadas em mapa, que dio ao conjunto relativa complexidade geométrica. Neste contexto coexistem feigdes extensionais e compressionais, articuladas com as diregdes obliquas dos tensores de esforgo e de deformagao, © plano da falha direcional ao ser desviado de dirego ou interrompido em stepover para posigées préximas da perpendicular dos tensores compressivos geram cavalgamentos obliquos que se organizam em estruturas push up (ou pop up ou ainda em flor positiva) Quando 0 plano da falha direcional sofre desvio de diregdo ou é interrompido continuado em segmentos paralelos em stepover, para posiges proximas a perpendicular dos tensores extensionais, geram falhas normais obliquas que determinam a presenga de estruturas tipo pull apart (ou em flor negativa). Nest se estabelecem importantes locais de sedimentagio, em diferentes escalas, de grande importancia para a 0 estudo das bacias, chamadas bacias direcionais. casos Uma observagiio muito importante com relagdo ds estruturas secundérias geradas em associagdo com as falhas direcionais & a possibilidade de se confundir as mesmas com feigdes transpressivas ¢ transtensivas. © fato de se instalarem feigdes obliquas nos segmentos das falhas desviadas ou interrompidas em stepover leva a interpretagdes erradas quanto a presenga destas situagdes de deformagao. E importante observar que pull aparts © push ups, nestes casos, so feigdes subordinadas & condigdo pontual de cisalhamento simples, faltando, nestes exemplos, a componente de cisalhamento puro necessiria para se estabelecer a condigao transpressiva ou transtensiva (Teyssier, Tikoff e Markley, 1995), ‘A terminagio destas estruturas geralmente desenha feigdes em rabo de cavalo (horse tail structures). Essas feigdes sio relativamente comuns em todas as terminagées de falhas de qualquer ordem representando uma reagdo mecénica necessiria para a compensagdo de auséneia de deslocamento, Nas terminagdes © deslocamento relacionado a falha & reduzido para zero. Essa redugGo é entéo compensada com a formagao do rabo de cavalo, onde cada segmento menor (ou splay) “absorve” uma fragdo do deslocamento total da falha, possibilitando sua redugdo para zero neste local, DEXTRAL SINISTRAL Desi) “te regio a. paraa b. Estruturas < Eaves > Estruturas Contracionais Extencionais Stopover ora eaquerda PULL APART. 2 Estruturas ¢ —Direita Extencionais Stepover paraa S Esquerda a 2 a S a 2 3 a = = @ = a Fig.19- Relagdes entre diferentes estruturas contracionais e extensionais associadas a desvios de diregdes do plano de falhas direcionais ¢ arranjos em stepovers. Dependendo da cinemitica imposta pelos tensores de esforgo/deformagdo (setas vermelhas indicadas) cm relagio a geomettia do plano, formam-se feigdes em pull aparts ou push ups. RABO DE CAVALO HORSE TAIL STRUCTURE em Rabo de Cavalo, ee Fig.20 — Estrutura em Rabo de Cavalo (horse tail structure), com splays subordinados, em vista de mapa e em bloco diagrama esquematico. Observar que a cinemética define a presenga de estruturas contracionais ou extensionais, em fungao da orientagdo de curvatura da terminagao. Literatura de Apoio Livros Textos: Costa, J.B.S.; Hasui, Y; Pinheiro, R.V.L.- 1992 —Bacias Sedimentares. Ed. da UFPA, 106p. Davis, G. H. & Reynolds S. J. - Structural Geology of Rocks and Regions. John Wiley & Sons, Segunda Fdigdo, 1996, Ghosh, S.K. Structural Geology, Fundamentals and Modern Developments, Pergamon Press, 1993, Hasui, Y. & Costa, J.B.S. - Zonas ¢ Cinturdes de Cisalhamento, UFPa, 1991 Hasui, Y, & Mioto, J.A. - Geologia Estrutural Aplicada, ABGE, 1992. Hobbs, B.E, ; Means, W.D. & Williams, P.F. John, W. & Sons, 1976, Price, N.J. & Cosgrove, J.W. - Analysis of Geological Structures. Cambridge University Press, Segunda Edigdo, 1994. Ramsay, J. G, & Huber, M.L, - The Techniques of Modern Structural Geology Vol. 1 Analysis. Academic Press,1989, Quarta Edigio, Ramsay, J. G. & Huber, MI. - The Techniques of Modem Structural Geology Vol. 2. Folds and Fractures. Academic Press, 1987, Terceira Edigdo. Twiss, R. J. & Moores, E.M. -1992 - Structural Geology. W.H.Freeman and Company, New York. Artigos em Periédico: Bally, A. W. ~ 1981 — Listrie Normal Faults. Oceanologica Acta Montrouge, v.4, p. 87-101 Boyler, S.E.c Elliot, D. ~ 1982 - Thrust systems. AAPG Bulletin, 66, p.1196-1230. Cloos, H. ~ 1928 — Experiment zur inneren Tektonie: Centralbl. F. Mineral. U. Pal., v.1928B, 609-621 Kusznir, N.J. ¢ Parker, R.G. - 1982 — Intraplate lithosphere deformation and heat flow. 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