You are on page 1of 44
JOSE PASCHOAL ROSSETTI Professor ¢ pesquisador da Fundagao Dom Cabral, PUC-MG Introdu¢cao a Economia 204 Edigao SAO PAULO EDITORA ATLAS S.A. — 2003 ” ‘YuWONOOa Va OYSNEABAROO V © polinémio classico de Sey & Produgéo. » Distribuigdo 9 Dispandio [a Acumulacao © bindmio de I Kuznets ' a Crescimento 1 9 Desenvolvimento ‘ \ a Necessidedes \ 2 Prioridades \ QUADRO 1.3 Economia: Um estudo da riqueza e um ramo do estudo do homem, Aveconomila é um eseudo da humanidade aas stivie dades correntes da vida; examina a ago individual ¢ so- cial em seus aspectos mals estretamente ligados & ob- tengo & 20 uso das condligées maverals do bemv-esar, Assim, de um lado, € um estuclo da riquezs; ¢, de ‘oumo, © mais importante, uma parte do estude do he- ‘mem. O cariter do homem em sido molec por set trabalho quotidiano © pelos recursos materiais que ent- preg, mais do que por outra influéncés qualquer, a par- te a dos ideais religioses, Os dois grurdes fatores na his- {6ria do mundo tém sido 0 religiasa € 0 econdmico. Aqui all o andor do espitite militar ou antistieo predomino ppor algum tempo; mas as influénciss religiosas e econd- ‘micas nunca foram deslocadus do primeim plana, mes- mo passageicamente, © qvase sempre foram mats impor: tantes do que 2s outs todas juntas. ‘Vista desta forma, a economia € uin estudlo dos ho- mens zal cam vivem, agem © pensam 0s assunos Co- nuns da vida. Mas diz respeito, principalmente, sos mo- tivos que afetam, de modo intenso e constante, a cond ‘lo do homem no campo das transagoes mercuntis ¢ dos negocios. E como as tansigdes © seus beneficies Ste smensurdveis, a economia conseguiy avancar mals que fs ours ramos do estudo do homer. assim camo a bbalanga de precisto do quimico tora sua disciplina mais bexata que outras ciénchusfisias, 4 balanca do economis- 1, apesar de mais grosseira e imperfelta, dew 3 econo mia uma exaidao maior do que 3 de qualquer outro samo das cigncits sovinis, Naturalmente, enn termos comn- paratvos, a economia nao tem a mesina precisio das ciénciasfisicas exatas, pois ela se relaciona com as for- fs suis & sempre mutivels da natureza humana, essencial notar que o economists no se arog 2 possibilidade de medir os motives ¢ as inclinagoes hu thanas, Fle s6 0 faz indiretumente, através de seus efei- tos. Avalia as motivagoes da ago por seus resultados, do mesmo mado como ¢ faz 0 cidadio comum, diferin. do dele somente pelas maiores precauges que toma em cssclarceer 0s linites de seu conhecimenta. Aleanga suas cconclusdes provishrias pela observacio da onda Au- mana sob certss condigdes, sem tentar penetrar ques- res de ordem transcendental. Na utilzage do conbeci- mento, considers os incentivas & os fing uktimas que fe varim & busca de determinadas stisfacses. As medidas econdmices dessas satisfacdes s40 © ponto de partiia da Passemos, agora. a outro ponto. Quande dizemos que umn resuttado oui efello € medida pela ugte que o ‘causou, no estamos admitindo que toda ago humana eliberada seja resultado de um edleulo ecandmico, AS pessoas nao ponderim previamente os resultados eco ndmicos cle cada uma de suas agdes. Nem: todas as ages hhumanas sto objeto de cilculo econbmice, Mas o lado da vida de que a economia se acupa especialmente € aaquele em que ocorre, com mais freqienels, calcular 08 cuxtos © 09 beneficins de determinada agio ou de um empreendimento, antes de executé-lo. E em que € pos sivel calcular seus resuitados e efeitos, ‘Aqui devemos ter presente que os motivos das ages hhumanas nao residem, necessariamente, apenas em be- neficios materiais, economicamente menstciveis, Envol- vidos pelas forcas da concorréncia, muitos homens de negocios sio mutes vezes extimulades mais pela expec: tativa de vencer seus rivals do que propriamente por acrescentar mais a sua pr6priariqueza, Por outro ldo. © desejo de obter a aprovacae ou de evitar a censura de seus pares, no meio social em que vivemt, podem tan bém levar comumente a agbes decisies de significat- os efeitos econémicos Podemos melhor fustrar esis idéias eaumerands al- ‘gumas das principals questdes estudadas pela economia. 9 Quals us causas que afetam 0 consumo © a pro ducao, a distnbuicao © a troca de riquezas; a forganizagt0 da indstria © do comércio; © . nOmicas, avancando sobre questées politcas ¢ juridicas, socioldgicas ¢ psicolégicas, filosofi «as eligiosas & hisusricas. Consequencernente, as economistas nfo tém seu trabalho limitado plas idéias formais de uma tinica disciplina 2. A despeito da complesa tela de rlagées socais da mubiplicidade dos faores condicionantes ch vida econémica, hi um conjunto destacado de aspectos particulates da realidade social que agyavitam mais especificamente no campo de inteeesse da economia. Os de maior relevineia slo: 1. A excassez de recursos para 0 processo produtivo, o emprego desses recursos ¢ as causas do desemprego « da ociosidade. 2. Como se comportam os agentes econémicos, quais io suas motivagies, conflitos de imeresse « fungées. 3. Quais os fundamientos do sistema de tr0- cv da diviso social do trabalho. 4. O que fundamenta 0 valor dos recursos ¢ dos produtos deles decortentes. 5. Como ¢ pot que se den © aparecimento da moeda, como evolu, quals suas formas atuais ¢ quais as raztes para as varigies de seu valor. 6. Como se formam os Dregos e quais suas Funges no processo econdmico. 7. Como se estabelece a concorténcia e que razbetjustificam 20 mesmo tempo sua preservagio ¢ seu controle, 8. Como e paca que se ‘medem of resultados da atividade econdmica como um todo. 9. Como se estabelece o equi 95 ——-ACOMPREENSKO>DA ECONOMIA ed as QUADRO 2.3 Diversidade dos recursos naturais ocorrentes no Brasil. eseavas wmvenais ‘Mlnersis———Extrago brta anual em egos ‘dperes ——-FatragSo rtm anual cm eat da seericase covcerenter reservs sedan 4) ‘correntee reserves scales (8) SKOMETAMCAS Mestlene ‘Mio metic ‘iit 102 cai ona Guinbo 2a Dodane 02 eae epato on nine 386 ipsa ao Fer tet crn ny Mangas 43 Magenta 20 pel O38 Marmowe 5 te 08 Tae 038 “eras as on? xiso oe Tinie os nce 5a aar ‘Arca nprowiouda doversitrlo ‘tension perioon dees PuuMiosman: “Tponogia emia congue presomina sobre wil) (Goeses m0 000), ‘uperimido Quo (aio Ke ‘sem seca Meteo Cope) 16 3 meses Quem copa ae Lede: emo arate esta 203 435 oem Sobqvete pie 231 Labtec Hertemice FFempemdo) 4p Sutecee Seaigmido Quer Crepiad om Aa Sones Semiseiao Band 20 Gone Medan a yaa meses raw 335 pateanss Mato fone as Howe 010s ‘Cle de potetalldade agricole “Area aproxiounda de tritrio em que predorina (Nexabre 1080) ea 2 Bes = quae 30 Repu 3 Segura monies ‘32 few 10 econ» aro 2a Deseeoinve pars oto asics es] ecto Princpale tence Capscidade cm operngao constr ‘ipaLcos ace tox (G0) “Go Sobre pteocil rca ta) “arazénea “ousan38 D8 Fens aoa wat ‘Alinco So “Teche None © Naee osissr ne i ‘she Lee ti 65 2s ‘rt Sides pina Be Sie Face gsi 30 ‘ons fem 23007 ens Enna S738 2508 ‘eal 1 aS5 Bs RECUROS ‘anzgoes para Néenero de epee que prerve ow ccondicon pordem mr expr prs oe fies dened | lxeago de made sed Froese de fr Be Prog de frmacos 18 Cato 6 oretce ™ ieee eens 2 ene, leo estas 8 Liter 3 Hl lanentagdo uma 6 ‘Niven aoa os "RRCRSOS Ontens caplet ocorrentes ‘Nierorcemtteadon em cada cate APACE Maes 00 es 150 opt: Py eter de tigi doce 150 Ievenebeseos| 10.090 nme, GE: Annan Biareco ch Mri Resure Nano eM Arete. 20, EH Ry Be ar, 2002 100A COMPREENSAO DA ECONOMIA, TT QUADRO 2.4 © fator trabalho: conceito e caracterizagio. Populagéo total Populagéo néo mobilizével Populagdo economicamente mobilizével economicomente Pore Populagdo Populagéo pos: ‘economicomente economicamente produtiva tive: inotive Porgéo pré-produtiva Populaslo total ‘Quatro demogrifico que habita © pais. inlui as imigragées liquidas de outros paises. Orgai= Z2se € se movimenta no espaco terttoiah em funclo de faores hist6ricos culturis,atraido pelas potencialidades de reservas naturis e pela deconrente coucentraglo das atlvidades cco nomicas. Populacio aio mobilizAvel economlcamente Parcels da populacao total nto mobilizivel para o exerccio de atvidades econdmicas. Divi dese em das poreies: > Porgao pré-produtiva Potencialmente mobilizavel no futuro, mas situads em falxas esirias inferiores & de ‘202880 a0 trabalho. 2 Porglo pée-produtiva ‘Constiruida por faixas etérias avaneadas, que fé delearam as atividades formats de produsao, Populagio economicamente mobilixével Parcela dt populagto total apta pars o exercicio de atvidades econdmicas. A maior pane desse subconjunto € economicamente ativs; parte geralmente inferior & constuida por inativos 2 Papulaglo economicamente attra CConstnuise por empregadores, empregados e autGnomos (que trabalham por conta propria). A aptiio © a capacitagio para o exerccio de atividades produtivas sio efinidas por parimetros como heranga cultural, grau de instruglo e sania fisica © mental. Ese subconjuno, em relagio 40 contngente economicamente mobilizivel, varia em Fangio de fatores sizonas e conjunnuras Populacho economicamente inativa Subconjunto da popuiaio economicamente mobiizavel, apta para o exercico de tividades produrivas, mas que se enconta inativa ou que se dedica a ocupagdes que nfo se consideram para a avalingto do produto agregado. A inatividede, a desocupa- lo ou 0 desemprego decorrem rio apenas de fatores conjunturis ¢ sazonai, mas ainda de condicbes estruturas ou, mesmo, de escolhas indviduais, O desemprego ‘pode ser, pam, subclemsiicado em: involuntirio ou voluntiio Os limites da faixa etaria considerados economicamente mobilizavel variam em fungao de dois fatores relevantes: a O estigio de desenvolvimento da economia, 2 O Conjunto de definighes institucionais, geralmeste expresso através da legislago social © previdencidria. (03 RECURSOS ECONOMICOS EO PROCESSO DE PRODUGLO 103, FIGURA 2.3 © fator trabalho é definido pela parcela ‘economicamente mobiliz4vel da populacio total. Divide-se em dois subconjuntos: 0 ativo € o inativo. ‘A populaciio economicamente ativa €, sob condigées ‘pormais, a de maior magnitude. Fatores sazonais, conjunturais, estruturais ou ligados a preferéncias individuals definem as proporgdes em que os dois subconjuntos se apresentam. as oscilagdes conjunturais (altos e baixos niveis de atividade econdmica) € mo- dimentos sazonais (dependendo do tipo de atividade econdmica predominante, ts tanas de ocupacao podem variar nas diferentes estagdes do ano, como ocore nas zonas rurais nos periodos de entresafra). (05 KECUNSOS ECONOMICOS E 0 PROCESSO DE PRODUCAO 105 QUADRO 2.5 Uma sintese: as principais categorias do estoque de capital. a Bducacto | a Administragdes eculura poblicas a Saddee | a Miltares saneamento| a Fabris 2 Esportes | a Comerciais 2 Laer @ Residenciais a Seguranca sobre a propriedade, o controle € © usufruto desses meivs. Independentemente do estigio técnico € da conformago politica da sociedade, o fator capital cons- tituitrse sempre clas diferentes categorias de eiqueza acumulada, emprega- das na geragho de novas riquezas. As riquezas acumuladas pels sociedade que se enquadram neste conceito incluem, além de maquinas, equipamentos, instrumentos ¢ ferramentas, outros subconjuntos que também se caracterizam pelo mesmo destino, Resultantes do proceso de acumulacao da sociedade, destinam-se também & produgio de novas riquezas, materiais € imateriais. Os Quadros 2.5 € 2.6 sintetizam os dife~ rentcs subconjuntos de bens de capital que as modemas sociedades empregam no processo de producio. Os principais slo: Infr-estrutura econdmica. Infra-estrutura social Construcaes © edificacoes, Equipamentos de transporte, Maquinas, equipamentos, instrumentos ¢ ferramentas, Agrocapitais, A infra-estrutura econdmica é constituida por trés grupos de capitais fi- x08, envolvendo os sistemas instalacos de geragiio, transmissio & disteibuigao de energia, de telecomunicacdes e de transportes, em todas suas modalidades. Aos equipamentos hasicos desses grupos, soma-se a infra-estrutura social, consti- tuida pelos sistemas instalados de saneamento bisico, de potabilizagao das aguas @ de outros suprimentos de interesse social, como educacio € cultura, satide, esportes, lazer e seguranca. (05 RECURSOS ECONOMICOS E 0 PROCESS. DEPRODUGAO 123 QUADRO 2.6 © fator capital: fo caracterizacao, sob 0 ponto de vista da economia como um todo. Tipologia e categorias que o constituem. ——————________ Energia © Unidades de geragio © Linhas ce iransmissao 2 Sistemas de distribuiglo ‘Telecomunicagdes @ Equipamentos instalados 2 Satéltes em operago ‘Transportes «a Ferrovias @ Rodovias 2 Aeroportos 4 Fstruturas portuarias 9 Hidrovias, -}-————___ rris Infraestrutura Sistemas instalados de saneamento basico social Sistemas instalados de potabillzaglo das 4guas Sistemas destinados a suprimentos de interesse predominantemente social @ Educagio © cultura a Sade 2 Esportes 2 Lazer 2 Seguranga Consirngties € Das aclministragdes puiblicas edificagies De uso militar De fibricas De uso comercial De uso residencial Equtpamentos Locomotivas e vagées de transporte Embarcacoes . -Aeronaves Caminhdes/6nibus/utilitarios ‘Maquines, Uiilizadas em atividades extratvas ‘equipameatos, Uulizadas na indhistria de wansformagao instramentos Uilizadas na industria de construgio ¢ ferramentas Utilizadas em atividades de prestacio de servigos piiblicos e privades Agrocapitais CCulturas permanentes implantadas Plantéis animais a De tragio 2 De reproducao Instalagbes rurais 1 Currais e cercas 1 Acudes ¢ outros sistemas de disponibilizagto de aguas Edificagdes rurais, Implementos, equipamentos ferramentas rursis Além dos equipamentos infra-estruturais, os estoques de capital fixe imobi- lizado também incluem as construgdes € edificagdes, agrupaveis segundo suas principais destinacdes: reparticdes publicas, fabricas, uso comercial, uso residen- cial € uso militar. Sa0 também bens cle capital todos os equipamentos de trans- porte empregados no processo de producao, come locomotivas € vagdes, em- barcagdes, aeronaves, caminhdes, Gnibus ¢ utiltirios, bem como maquinas, equipamentos. instrumentos ¢ ferramentas de trabalho, utilizados cm ati- vidades extrativas, na inddstria de transformagio, na indiistria cle consteugdo e em atividades de prestacao de servicos publicos e privados. Por fim, incluem-se também nos estoques de capital da sociedade os agrocapitais, como as cultu- ras permanentes implentadas, os plantéis animais destinados a truglo € reprodu- Gio, as instalagdes rurais, como currais, cercas, acudes e edificagdes, os imple- mentos, equipamentos ¢ ferramentss rurais. As Fontes ¢ 0 Proceso de Acumulacdio do Fator Capital Essas diferentes categorias de capital acumuladas pela sociedade resultam de um dos mais importantes fluxos econdmicos: o de investimento. Conceitual- mente, formagao de capital ¢ investimento sao expressées sinénimas. Am- bas significam a adicao, ao aparelho de produgao da economia, de novos esto- ques de riquezas efetivamente destinadas a produzir novas riquezas. Neste senti- do,.a formagio de capital se dé pela destinagio de uma parcela do esforgo de produc2o 4 acumulagao de novos bens de produgio. A adigio de novos bens de produgio sé sumenta em termos liquidos 0 estoque de capital da sociedade se ela for superior A depreciagao. Os bens de capital depreciam-se pelo uso, pela agio do tempo e pela obsolescéncia técnica. Ano apés ano, uma parte dos estoques de capital torna-se “imprestavel": os de- pésitos de sucata © 0s “ferros-vyelhos” sto o destino de pecas quebradas e des- gastadas, quando no de maquinas inteiras; equipamentos de transporte deixar de rodar; edificagbes sao demolidas; nos campos, culturas permanentes so er- radicadas, animais de uso sao descartados, instalagGes sio reformads. Isto sem contar os estoques de mquinas € equipamentos que, embora ainda em condi- oes de funcionamento, so substituicdos por modelos de titima geraglo que os tornaram obsoletos. Somente quando os investimentos superam a depreciagio, 03 estoques de capital sumentam em termos tiquidos. A formagao bruta de capital fixo descon- sidera as depreciagdes: quando clas sio subtraidas, definimos a formacae liqui- da de capital fixo, Esta € também a diferenga entre os conceitos de investimen- to brute ¢ de investimento liquido. O Quadro 2.7 resume esses conceitos. Por resulta: da incorporagao, a um dado estoque de capital da sociedade, de uma parcels do esforco corrente de producao, 0 proceso de formacao dé capital implica determinado tipo de rentincia social, a0 qual se dé a denomi- nagio de diferimento do consumo, As sociedades s6 acumulam estoques de capital se destinarem para esse fim uma parcela da esforca social de producto. ‘Se a totalidade dos esforgos ¢ dos recursos da sociedade forem destinados para @ produgao de bens que satisfagam as necessidades imediatas de consumo, nada restaré para a producdo daquelas categorias de riquezas que se adicionam aos estoques de capital. A contrapartida desse processo é a poupanga, Esta é a fonte financiadora do processo de acumulacio. ‘0S HECURSOS ECONOMICOS E 0 PROCESO DEPRODUCAO 125 QUADRO 2.7 © fator capital: conceitos relevantes, Estoque de riquezas acumuladas, destinacas 8 producio de novas riquezas (materiais ¢ imateriais) ¢ ao aprimoramento dos demais fatores de producio. Processo pelo qual se acumulam os estoques de capital. (Os fluxos econémicos que conduzem & formacio bruta de capttal fixo denominam-se investimentos brutos. Os con- celtos econdmicos de investimento ¢ de formacao de capi- tal encortram-se, assim, interassociados. Investimentos Lbrutos formag3e bruta de capital fixo so, praticamen- te, expressdes sindnimus. Processo pelo qual os estoques de capital fixo desgastam- se pelo uso, pela agio do tempo ou pela obsolescéncia técnica. A velocidade com que ocome 0 processo de de- preciaglo ou de sucateamento depende da categoria de capital xo. As consirugées & as edificagbes, geralmente, depreciam-se a ritmos mais lentos que as méquinas e equi- pamentos. Exptestio resulante da formaglo bruta de capital fixo menos as depreclacées. # expressio sindnima de invest!- snentos liquidos: investimentos brutos menos depreciacdes. Na mensuracao das variagdes do estoque de capital, consi- deranrse os investimentos liquides. E estes podem ter si- nal negativo. Quando as depreciagbes superam os investi mentos brutos, @ estoque remanescente de capital se re duz, Quando as depreciagdes sio inferiores, ele aumenta, significando neste caso que a economia passa a contar com disponibilidades ampliadas desse fator de producio. Estoque inicial Fluxos de Processo Estoque de copital investimento: de resultante de bruto depreciagéo capital A Figura 2.12 sintetiza as fontes intemas € externas do processo de acumul Gio. As intemas so, para a maior parte das economias nacionais, as de mai importincia rclativa. As footes externas geralmente 1¢m carter complementar. Ek complementam os esforcos intemos da sociedade, destinados a seu proceso acumulagao de capital. Entre as fontes intemas, as poupancas das familias sio de maior expressio relativa, quase sempre responsaveis por volta de 70% do esfor 126 A COMPREENSAO DA ECONOMIA, interac ori 0 internamente: empreendido. Estas, como as poupancas das empresas (Iuctos nao distribuidos ¢ reaplicados), sto em geral espontaneas, resultando de deck ses origindrias das mais diferentes categorias de motivagées individuais. Em alguns casos, podem ser estimuladas ou até tornadas compulssrias, por instru- ‘mentos de politica econdmica do governo, acionados com 0 objetivo de aumen- tar os esforgos sociais de acumulagto. A estas duas fomtes soma-se ainda a pou- panga do setor publico, caracterizada pelo excedente da receita em relagio 2s despesas correntes do governo, Complementando o esforgo interno, 2 acumulagio de capital pode também ser financiada por fontes externas, como o ingresso liquide de capitais de risco (que geralmente ocorre com a entrada de empresas multinacionais no pais re ceptor), o-fluxa_de capitals exigiveis (sob « forma de empréstimos e financia- ‘mentos) ¢ ainda as transferéncias unilaterais de governos ou de orgunizagdes internacionais, representadas, por exemplo, por programas de ajuda ae desen- yolvimento ~ auxilios a fundo perdido geralmente destinados a projetos de alto interesse social. Quanto a estas trés diferentes fontes extemas, cabe observar que © recurso a capitais cxigiveis implica endividamento extemo para o pais, receptor. Os recursos procedentes das demais fontes internalizam-se sem endivi- dar o pais receptor. (08 KECURSOS ECONOMICOS £ 0 PROCESS DE FRODUCAO 127 QUADRO 2.8 Capacidade tecnologica: conceito ¢ tipologia. Tanyuaie ae conhecimentas © de hal que dio su Tentagao ao processo de producao. Conceitualmente cor tesponde as expresses savoir faire (saber fazer) ou know bow (coma fazer). Localiza-se ao longo de toda a cadeia produtiva, Esta presente em todos os setores € em todas as atividades humanas de producio. Envolve, de um lado, os conhecimentos acumulados sobre © fator terra; de outro | Jado, a capacitagao do quadro demogritico; de outro aire | da, a configeraciio ¢ o desempenho dos bens de capital. | Neste sentido, é um elo de ligagio entre o capital e a forga | de trabalho. 8 Capacitagao para atividades de pesquisa ¢ desenvolvi ‘mento (P&D). 12 Capacitacao para desenvolver e implantar novos projetos. 1b Capacitacao para operir as atividades de produgao. ‘Tradur-se pelo talento, pelo conhecimento e pelas habill- dades requeridas para atividades ce pesquisa basica e apli- cada, Envolve tecnologias de amazenamento, processamen- 1, interpretagio, fusdo e intemigio de conherimentos tésnt co-cientificos. Fundamentalmente, resulta em invenpoes. ‘Traduz-se por conhecimentos € habilidades para formatar projetos de novos processos € de novos produtos. Envolve a selecio € a combinagio de tecnologias dominadlas © de ‘iltima geracto para definir plantas e viabilzar a producao de protstipos em escala econ6mica. Fundamentalmente, € 8 passagem da invencio & inovagaio, ‘Traduz-se por capacidades associadas & operacdo do pro- ‘cesso produtivo. Envolve habilidades relacionadas & manu- engio de plantas, ao planejamento e controle da produ- ‘io, A otimizagdo de processos e 20 controle da qualidade dos produtos resultantes, Diz respeito também aos relacio- namentos com os

You might also like