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Lição #9: Entenda o Perigo dos Custos

Compostos
Por Henrique Carvalho 55 Comments

Nós crescemos acostumados a relacionar um preço maior com uma qualidade melhor.

É dessa forma que nossa mente compara um Fusca à uma Ferrari e um vinho sangue de boi a
um Château Ausone, Saint-Emilion Grand Cru, Bordeaux

E normalmente, a qualidade dos produtos está relacionada ao seu preço elevado.

Porém, quando lidamos com investimentos, temos sempre de pensar no retorno sobre o
investimento.
Imagine que você investiu R$ 10.000 e teve um ganho de R$ 2.000, mas com custos de R$
1.000.

Agora imagine que você investiu os mesmos R$ 10.000 com um ganho de R$ 1.750, mas com
custos de R$ 500.

Qual é o melhor retorno sobre investimento? A segunda opção, com um lucro final de R$ 1.250,
em comparação com o lucro de R$ 1.000 da primeira opção.

Portanto, investir com custos controlados é uma obrigação de todo investidor inteligente, que
deseja otimizar seus resultados.

Veremos nessa lição alguns estudos que mostram na prática essa relação entre lucro e custos é
bastante inversa.

A prisão pela necessidade de gerar lucros rápidos

Ninguém gosta de gastar mais.

Principalmente quando não gostamos de um produto ou serviço.


Entretanto, esta regra parece não valer no mercado financeiro.

Vários investidores iniciam sua jornada operando mais de 5 vezes em uma única semana.

Analisando friamente pode não parecer um problema, já que ele pode ter 5 operações
vencedoras.

Mas, convenhamos, se fosse fácil assim ganhar dinheiro fazendo day-trade, a estatística não
mostraria que 90% dos investidores iniciantes no mercado perdem dinheiro.

E, para piorar, os cursos e palestras sobre o assunto (day-trade) não param de crescer.

É o velho problema deste nicho de finanças: “Faça o que digo, mas não faça o que faço.”

O problema dos custos


Quanto mais operações você tende a fazer, menor tende a ser o seu lucro final.

A falsa esperança de que uma operação vencedora irá compensar os custos é real.

A imagem abaixo, retirada do livro “The Intelligent Investor” ilustra muito bem a situação:

Quanto mais impaciente você for e mais operar, seu retorno líquido só tende a diminuir.

Olhando somente para a variação de preços a diferença não é grande.

Porém, após considerar, os custos fica visível que girar muito a carteira é sabotar o seu próprio
sucesso financeiro.

Mais uma imagem, agora do livro “The Little Book of Common Sense Investing” que retrata o
mesmo problema:
Veja o quanto você pode estar perdendo por operar mais do que o necessário

Mostrar estudos e casos reais pode não ser suficiente para comprovar a importância de cortar
custos.

Porém, nada melhor do que sentir no próprio bolso a diferença para gravar o conceito.

Imagine as seguintes variáveis:


Logo, de acordo com estes dados de entrada, qual seria o capital esperado no final do prazo de
investimento?

R$ 2.237.813! Mais de 2 Milhões…

Porém, e se o investidor fosse bem impaciente e girasse bastante sua carteira?

Vimos, que o retorno bruto não tende a mudar.

Porém, o retorno líquido tende a cair quanto mais operações o investidor fizer.
Supondo que o custo médio da carteira do investidor seja de 2%, seu retorno líquido passa a ser
8%.

Os dados:

Com a queda no retorno, o que esperar do capital final nestes 20 anos?

R$ 1.789.130.

Portanto, uma grande diferença de praticamente R$ 500.000.


Cortar custos é fundamental para não reduzir muito o retorno da carteira e garantir um capital
final melhor no longo prazo.

Como minimizar custos?

Minimizar custos é a soma de esforços em vários setores.

Começaremos pelos fundos de investimentos.

Cortando Custos #1: Fundos de Investimentos

Se você investe em fundos de investimentos é bem provável que você não esteja minimizando
seus custos.

E digo o porquê.

Existem vários fundos com taxas de administração absurdamente altas e que reduzem bastante o
retorno do fundo.
Um exemplo extremo é o fundo de curto prazo do Itaú, com taxa de administração de 5,5% ao
ano. (dados de 26/07/12)

Note como a relação entre taxa de administração e a rentabilidade nos últimos 36 meses é direta.

O fundo rendeu apenas 14,75% neste período…

…Apenas para comparação a inflação (IPCA) foi de 17,20%, a poupança rendeu 23,37% e o
CDI 35,75% no mesmo período analisado.

O pior é saber que o Patrimônio Líquido (PL) médio do fundo nos 12 últimos meses é de
aproximadamente R$ 2 Bilhões (!)

Ou seja, existem várias pessoas que preferem pagar 5,5% de taxa de administração todo ano e
ainda perder dinheiro em relação à poupança.

“I can calculate the movement of the stars, but not the madness of men” – Sir Isaac Newton

Outro exemplo está presente em fundos que investem no índice Bovespa ou em ações individuais
como Petrobrás e Vale.

E é aqui que vejo muita gente cometendo erros.

Elas preferem pagar 2% de taxa de administração nestes fundos do que comprar os ativos
diretamente no Home-Broker.

Supondo que você irá investir R$ 1.000,00 e a corretagem seja de R$ 10,00, você teria um custo
de 1,00%.

Logo, já seria menor do que no fundo, em que você paga 2,00% de taxa de administração.

Este exemplo poderá variar para cada pessoa, já que cada corretora apresenta custos diferentes…

Porém, a ideia é que você faça todas as contas antes de optar por um fundo ou a aplicação direta.

Os casos mostram que, na grande maioria das vezes, você estaria melhor se investisse o próprio
dinheiro.

Para concluir, apresento outra razão que você deve considerar para não investir nestes fundos:
Você não tem controle sobre a alocação dele. Fundos Ativos, que buscam bater um índice,
podem apresentar péssimos resultados se buscarem uma estratégia de timing que acabe não
dando certo.

Na minha visão, é mais seguro termos o controle dos nossos próprios investimentos, sabendo do
retorno e risco esperado de nossa carteira do que ficar a mercê de um gestor que pode mudar a
alocação do fundo de um dia para o outro.

Cortando Custos #2: Ações Individuais x ETFs

Uma das razões por gostarmos tanto aqui na Tríade de Fundos de Índice e ETFs é simplesmente
cortar custos.

Estudos já mostraram que para diversificar efetivamente uma carteira de ações é necessário ter
no mínimo entre 30 e 40 ações.

Deste modo, você teria de pagar de várias corretagens para manter uma carteira de ações
diversificada.
Entretanto, ao investir em um ETF (Exchanged Traded Fund) você poderá investir em todo um
índice e pagar apenas uma corretagem.

Se você ainda optar por diversificar com BOVA11 e SMAL11 poderá ter uma diversificação
acima de 100 ações pagando 2 corretagens.

Para ser franco, você não terá a isenção de IR das ações individuais quando realiza uma venda
abaixo de R$ 20.000.

Nos ETFs, não existe isenção de IR, sendo uma desvantagem em relação as ações individuais.

Porém, comparando as duas opções, ficaria sem dúvida com os ETFs pelas várias vantagens
deste tipo de investimento.

Você pode saber mais sobre os ETFs e fundos de índices e suas vantagens na lição #5 aqui da
Tríade do Dinheiro.

Cortando Custos #3: Escolhendo Corretoras

Escolher a corretora ideal depende de uma série de fatores.


Separei os mais importantes na hora de você comparar serviços:

 Corretagem barata

A corretagem costuma ser a maior parcela de custos que você terá com uma corretora.

Portanto, é um fator muito importante para considerar.

Algumas corretoras oferecem corretagem grátis nos 30 primeiros dias, o que pode ser ótimo para
você montar de uma vez sua estratégia de investimentos.

 Taxa de custódia

Verifique se a corretora cobra taxa de custódia (R$ 6,90).

Algumas corretoras oferecem isenção da taxa caso você opere opere uma ou mais vezes no mês.

Algumas delas simplesmente aboliram esta taxa.

 Estabilidade no HB

Imagine ver a Bolsa caindo -10% em um único dia e saber que o Home-Broker de sua corretora
saiu do ar…frustrante não?

 Suporte (chat online | telefone | email)

Às vezes você precisará do suporte da própria corretora para realizar uma operação ou tirar uma
dúvida.

Um ágil atendimento via telefone e internet é necessário para o cliente se sentir mais seguro.

 Taxa de administração no Tesouro Direto

Renda Fixa é uma classe de investimento que não pode faltar na carteira de um investidor
inteligente.

O Tesouro Direto apresenta uma ótima opção para investir diretamente nos títulos públicos.

Esta taxa de administração anual varia entre 0% e 1%.

Você pode ver a lista do ranking de taxas de administração no tesouro direto aqui.

Para mais detalhes sobre o Tesouro Direto, veja a lição #3 da Tríade do Dinheiro.

 Custo de Manutenção da Conta


Verifique se há um valor mensal a ser pago para manter sua conta ativa.

 Integração com seu Banco

Evite custos adicionais com TED/DOC.

Afinal, imagine pagar em toda movimentação em torno de R$ 8,00.

 Tradição no Mercado

Avalie bem o histórico da corretora e busque opiniões de usuários sobre ela.

Normamente, grandes corretoras com maior tradição no mercado são mais seguras.

 Dica

Nem sempre uma única corretora irá satisfazer todas as suas necessidades.

Por exemplo, ela pode ter ótimos custos para ações mas ser ruim para o Tesouro Direto.

Porém, uma outra corretora pode oferecer isenção na taxa de administração do Tesouro Direto.

Logo, pode ser interessante ter conta em mais de uma corretora. Avalie se os custos irão de fato
diminuir.

Caso você tenha gastos adicionais com TED/DOC, por exemplo, talvez não valha a pena.

Veja também na área de bônus, o infográfico que preparamos com as taxas de diversas corretoras
do mercado.

Conclusão – Recapitulando…

Nenhuma estratégia será sustentável se não focar em reduzir custos. Afinal, eles tendem a ser os
grandes vilões do mercado.

Por não contabilizar exatamente o quanto foi gasto em um investimentos, muitos investidores se
iludem em achar que operar mais é um benefício.

As corretoras estão atentas a esse tipo de mentalidade e aproveitam para criar planos de
fidelidade de corretagens e cursos que incentivam práticas de day-trade.

Você precisa estar ciente disso. Não seja mais uma vítima desta arapuca do mercado.
Aproveite as dicas nessa lição e lembre-se de minimizar os custos de sua carteira de
investimentos.

O que fazer agora?

Verifique as taxas da sua corretora atual, assim como os ativos financeiros que você possui.

É possível reduzir os custos desses investimentos, sem perder a qualidade deles?

Caso positivo, faça essa troca assim que puder. Você não precisa vender títulos públicos ou
ações para sair de uma corretora para outra.

Basta pedir a transferência de ativos da antiga para a nova.

Na lição #10, você saberá mais sobre como nossa mente adora pregar peças, fazendo com que a
emoção fale mais alto que a razão nas decisões financeiras que tomamos.

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