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Introdução
Léon Denis, no livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, fala-nos assim sobre a
Missão do Espírito encarnado:
“O artista tem um débito para saldar: o seu talento. Para isto, precisa trabalhar duro e
saber que ele é livre em sua arte, mas não em seu compromisso com a vida. Tudo o que ele
sente e pensa é parte da matéria-prima com que irá melhorar a atmosfera espiritual à sua
volta. Embora seja um sacerdote da Beleza, esta Beleza não pode ser vazia: precisa servir ao
homem”.
(Kandinsky, pintor russo – 1866-1944.)
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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Objetivos
Geral
• Meditar sobre a valorização do trabalho da arte junto à Doutrina
Espírita.
• Mostrar que a arte reflete o homem, e o homem é o resultado da sua
construção interior.
• Refletir sobre a beleza, o domínio da forma, o domínio dos sons, da
linguagem, dando a noção de elevação da arte em si mesmo.
Abordagens
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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Introdução
“O desabrochar, parcial nos mundos, é completo no espaço. Vimos nossos
artistas fazerem sua iniciação na Antiguidade, seja na Grécia, no Egito ou em Roma.
De retorno ao espaço, esses seres amadureceram e aproveitaram as qualidades
adquiridas no ambiente material; de volta à Terra em uma outra encarnação,
trouxeram consigo seu ideal da época do Renascimento. Em seguida, esse ideal
desabrochou um século mais tarde nas letras, nas artes e na Arquitetura. Estou me
referindo ao século de Luís XIV, (século XVII).Tendo esses espíritos retornado ao
espaço, durante um tempo bastante longo, a inspiração em geral foi apenas medíocre
no século XVIII e latente no século XIX.”
(Léon Denis, O Espiritismo na Arte.)
Objetivos
• Analisar as manifestações artísticas na Arquitetura, Escultura e Pintura, ocorridas
na Espanha de acordo com a Doutrina Espírita.
• Mostrar a arte como um processo evolutivo.
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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
física e mentalmente poço dotado, acabou tornando-se espectador das maquinações de seus
ministros.
Felipe II, Felipe III e Felipe IV de Portugal, respectivamente, herdeiros de um vasto
império territorial em crise, basicamente mantiveram as condições que tornariam possíveis
prolongar o sistema do mecenato de fins dos anos quinhentos, incentivador das manifestações
artísticas do primeiro terço do século XVII.
Nem todas as artes floresceram ao mesmo tempo, mas aquelas que seriam assimiladas
neste “século de ouro”. A Arquitetura se ligaria através desse conceito de século de ouro ao El
Escorial, construído no reinado de Felipe II. As manifestações artísticas do reinado de Felipe
III foram as relativas ao mundo da Literatura. Pode-se dizer que a Pintura triunfou no
reinado de Felipe IV, um grande admirador das artes, que durante toda sua vida estimulou
artistas e patronos. Diversos pintores importantes do reinado de Carlos II emergiram nos
últimos anos do governo de Felipe IV.
As Manifestações Artísticas
Dentre os gêneros profanos pouco difundidos, somente o retrato e a natureza morta
ou “bodegon”, como é chamada na Espanha qualquer pintura de objeto inanimado (flores,
frutas, animais mortos) adquiriram uma personalidade própria.
Em quase toda a produção pictórica espanhola deste período, encontraremos evidências
de dois veios que alimentaram, desde a Idade Média, a criação artística da Península Ibérica:
o italiano e o flamengo (Paises Baixos, atual Holanda e Bélgica).
Temas profanos ou mitológicos, tão em voga na Itália e França da época, são quase
inexistentes, porque a maioria das encomendas provinha de instituições religiosas. Também
existe um profundo realismo que transforma a arte em um reflexo da própria vida (pintura
de gênero ou da vida cotidiana).
Durante o apogeu cultural e econômico desta época, a Espanha alcançou prestígio
internacional e influência cultural em toda a Europa, e tornou-se o país mais potente do
mundo, até a segunda metade do século XVII.
Após a morte de Felipe IV em 1665, ele deixa um triste legado a seu filho Carlos II:
um país exaurido pela guerra, empobrecido pelos impostos e paralisado pela peste e pela
fome.
E não obstante, as artes visuais floresceram como nunca: criaram-se não só grandes
quantidades de retábulos e quadros de cavalete, como também espetáculos públicos e
privados de igual esplendor.
É necessário ressaltar o estrito vínculo entre Literatura e Pintura, que foi considerada
como uma das mais gloriosas desta época.
Visão Espiritual
Em todos os encontros realizados pelo CELD, os coordenadores destes trabalhos
solicitam uma orientação à direção espiritual da casa. Este ano, nosso querido amigo
espiritual, Dr. Hermann, nos fez um resumo do que representou o século XVII para as artes
em geral, especificamente, na Espanha, esclarecendo-nos o objetivo de cada espírito estar
naquele local, naquele exato momento. Todos tinham uma missão a cumprir, os artistas e seus
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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
mecenas, os patrocinadores das artes e, na Espanha, devemos isto à Dinastia dos
Habsburgos.
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Objetivo
• Estudar através da ótica da Doutrina Espírita, a história da humanidade no contexto do
pós-renascimento.
3. Literatura
Objetivo
• Analisar, sob a ótica Espírita, a visão crítica de uma época.
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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Aos 21 anos entra em contato com as ideias humanistas, pois torna-se aluno de Juan
López Cortinas, defensor das mesmas.
Dois anos mais tarde, viaja para Roma, centro da cultura renascentista. Lá, passa a
trabalhar para o Cardeal Acquaviva.
Em 1571 ingressa no Exército e luta na batalha de Lepanto contra os turcos otomanos
que estavam invandindo a Europa. Tem a mão esquerda inutilizada, o que lhe vale o apelido de
“maneta de Lepanto”.
Quatro anos mais tarde, durante seu regresso de Nápoles a Espanha, é capturado por
corsários e levado como prisioneiro a Argel, onde fica por cinco anos, só retornando a Madrid
em 1580, após pagamento de resgate.
De volta à Espanha se casa com Catalina de Salazar em 1584, vivendo algum tempo em
Esquivias, povoado de La Mancha, de onde era sua esposa.
Como não obtém sucesso como militar, inicia sua carreira literária com a publicação de
seu primeiro livro de ficção, Galateia. Porém, também não é bem sucedido e vai trabalhar
como comissário de víveres do rei Filipe II que, nessa época, prepara a Invencível Armada
para invadir a Inglaterra.
Em 1592 é preso, pois o Tesouro espanhol o acusa de desvio de dinheiro público. Dois
anos mais tarde, passa a trabalhar como coletor de impostos e depois da quebra do banco
onde depositava a arrecadação, novamente é preso em Sevilha, por novas querelas com o
Tesouro Público.
Aos 58 anos, em 1605, publica a 1a parte de sua obra-prima, O engenhoso fidalgo Dom
Quixote de La Mancha e consagra-se como escritor, passando a dedicar-se exclusivamente à
Literatura.
Em 1613 torna-se noviço da Ordem Terceira de São Francisco e publica Novelas
Exemplares, um conjunto de doze narrações breves. No ano seguinte, publica Viagem de
Parma.
A 2a parte de Dom Quixote de La Mancha (O engenhoso cavaleiro Dom Quixote de La
Mancha) é publicada em 1615, porém um ano antes aparece uma continuação falsa de Alonso
Fernández de Avellaneda. Neste mesmo ano, publica Oito Comédias e Oito Entremezes Novos,
nunca antes representados. Seu drama mais popular hoje, A Numância, na qual é encenada a
resistência desesperada da população desta cidade íbera contra as forças romanas que querem
conquistá-la, ficou inédito até o tardio século XVIII.
Sua obra-prima O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha ficou famosa
internacionalmente, já em sua época, porém seus conterrâneos não valorizaram sua genialidade
e Miguel de Carvantes faleceu pobre na cidade de Madrid em 23 de abril de 1616.
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Em sua loucura, vê em seu velho pangaré, a figura de um cavalo de elegante porte,
digno de participar das aventuras de um cavaleiro andante. Pega algumas velhas armas, veste
uma armadura antiga e parte pelo mundo para viver o seu próprio romance de cavalaria,
imitando seus heróis preferidos.
O romance narra as suas aventuras em companhia de Sancho Pança, seu fiel amigo e
companheiro.
A ação gira em torno das três incursões da dupla por terras de La Mancha, de Aragão
e de Catalunha. Nessas incursões, ele se envolve em uma série de aventuras, mas suas
fantasias são sempre desmentidas pela dura realidade.
Em tudo, vê injustiçados a serem defendidos e injustiças a serem combatidas. Em
suas aventuras, investe contra moinhos de vento acreditando serem gigantes e defende
mulheres de má conduta, que encontram-se à frente de uma taberna, acreditando serem
donzelas à porta de um castelo.
Após muitas aventuras, já velho, doente, faminto e esfarrapado, volta à sua casa e
após um período de tratamento, volta à razão, doando sua pequena propriedade à sobrinha, e
outros pertences a Sancho Pança e à sua governanta, morrendo em seguida.
Através da história de Dom Quixote de La Mancha, Miguel de Cervantes parodia as
novelas de cavalaria, lidas e relidas pelo povo e a nobreza, criticando indiretamente seu
mundo fantasioso.
Dom Quixote, muitas vezes considerado o primeiro romance moderno por sua
originalidade, é um clássico da Literatura ocidental e é considerado um dos melhores
romances já escritos.
Objetivo
• Refletir sobre o conjunto arquitetônico do século de ouro que deu origem a uma escola
de Arquitetura e de Pintura, na visão da Doutrina Espírita.
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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Para comemorar a vitória na Batalha de San Quintin em 10 de agosto de 1557
sobre as tropas de Henrique II, rei da França, e para servir de lugar de enterro dos
restos mortais de seus pais, o Imperador Carlos V e Isabel de Portugal, assim como dos
seus próprios e dos seus sucessores, bem como louvar o poder e a força da Igreja
Católica, Filipe II ordenou a construção de um grandioso conjunto arquitetônico: O
Mosteiro de São Lourenço do Escorial, incrustrado na serra de Guadarrama, junto ao
monte Abantos, a cerca de 45 km a noroeste de Madri. Lá, o monarca passou quase toda
sua vida. E do sopé da montanha, governou o destino de grande parte do mundo. “Um
Império onde o Sol nunca se punha”, como se costumava dizer.
O Escorial — o nome deve-se a uns antigos depósitos de escória procedentes de
uma ferraria próxima — reflete o ideal de austeridade do período da Contrarreforma,
reação católica ao movimento protestante, que se traduz na reformulação moral da
Igreja. Sóbrio, todo de granito cinza. É considerado a obra por excelência do
Renascimento Espanhol, um dos três monumentos do “Século de Ouro”, juntamente com a
Ordem de Jesus Cristo, a Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, e o Dom
Quixote de La Mancha, o livro de Miguel de Cervantes.
O plano do mosteiro foi iniciado em 1563 pelo arquiteto espanhol Juan Bautista
de Toledo. Depois de sua morte, em 1567, a direção dos trabalhos passou para Giovan
Battista Castello, responsável pela escadaria principal, e a seguir para Juan Herrera,
que o completou em 1584. Neste período, sob orientação pessoal de Filipe II, a
construção foi ampliada, assumindo a forma de uma grelha, alusão simbólica ao martírio
de São Lourenço, supliciado em 258, sobre uma grelha ardente.
A importância do monastério é dada pelas suas dimensões colossais: 2.573
janelas, 14 pátios, 89 fontes, 86 escadarias e 1.200 portas. Aproximadamente, 1.000
metros de paredes cobertas de afrescos distribuem-se pela área de 208 por 162
metros.
Se por um lado as proporções descomunais constituem a maior característica do
mosteiro, o elemento comum a todos os recintos é uma grande austeridade.
A quarta parte do espaço do Escorial era reservada à família real. O restante
abrigava o mosteiro, o seminário, uma universidade, um hospital, a biblioteca e o túmulo
dos reis da Espanha.
Em forma de cruz, a igreja do mosteiro mede 108 por 60 metros. Herrera
encimou-a com vasta abóbada de 20 metros de diâmetro. A simplicidade clássica e
imponente, que Herrera usou na construção da igreja e das demais dependências do
mosteiro, tornou-se popular em toda a Espanha como o estilo Herrera. Pelos 42 altares
e paredes laterais espalham-se diversos afrescos, e na capela principal, destacam-se
estátuas de bronze, recobertas de ouro, representando as famílias de Carlos V e Filipe
II ajoelhadas.
A sacristia dá impressão de maior leveza do que a igreja, mobiliada com arcas de
madeiras diferentes: mogno, ébano e cedro.
Entre as pinturas mais valiosas do Escorial estão as da sacristia adornada com
obras de mestres espanhóis e italianos como El Greco, Ribera e Tiziano.
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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Um dos pontos altos do Escorial é sua biblioteca. Projetada pelo arquiteto Juan
de Herrera que, além da mesma, desenhou suas estantes. Os afrescos das abóbadas
foram pintados por Pellegrino Tibaldi. Filipe II cedeu os ricos códices que possuía, bem
como, ordenou a aquisição das bibliotecas e das obras mais exemplares tanto da
Espanha como do estrangeiro. Apesar de ter sido incendiada por um raio em 1671, ainda
hoje contém 40 mil livros impressos e 4 mil manuscritos — a metade em árabe, o resto
em latim. Conta também com uma coleção de mapas. Situa-se numa grande nave de 54
metros de comprimento, 9 de largura e 10 de altura, com chão de mármore e estanteada
com madeiras nobres, primorosamente talhadas.
O Panteão dos Reis, luxuosa construção em forma octogonal, coroado por uma
abóbada de fino mármore e quartzo vermelho, é onde repousam os restos mortais dos
reis das casas de Áustria e Bourbon. Dos oito lados do panteão, um é ocupado por um
altar, outro pela porta de entrada, e os seis restantes, emoldurados por pilastras,
abrigam os sarcófagos de onze reis e oito rainhas da Espanha. Noutro panteão estão as
tumbas de príncipes e rainhas sem filhos. Todas as superfícies são de mármore, com
molduras de bronze dourado. Carlos II foi o último rei Habsburgo a ser enterrado no
panteão. Em 1700, a coroa espanhola passou para a casa dos Bourbons. Filipe, duque de
Anjou, neto do soberano francês Luís XIV, assumiu o trono espanhol com o nome de
Filipe V. Depois disso, o Escorial abrigou a dinastia dos Bourbons, que o remodelou, de
acordo com o gosto francês.
Diversas pinturas foram acrescentadas às paredes ainda não decoradas. Entre
elas, um mural de mais de 20 metros de comprimento recobre a “Galeria das Batalhas”,
registrando as vitórias dos espanhóis sobre os mouros, os franceses e outros inimigos
com quem combateram no decorrer de sua história.
San Lorenzo de El Escorial foi declarado Monumento Histórico Artístico em 1971
e treze anos depois, em 2 de Novembro de 1984, a UNESCO destacou-o como
Monumento de Interesse Mundial.
Objetivo
• Meditar sobre a mediunidade, a fé e a esperança de Teresa D´Ávila.
• Refletir sobre o perdão.
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Aos 20 anos, saiu da casa paterna para o mosteiro das Carmelitas, para chegar,
porém, ao estado de plena integração com Deus, pois ela viveu vinte anos em meio a
provações, doenças graves e contínua, e uma intensa dificuldade para orar. Após esse
conturbado período, Teresa não teve outra vontade, senão a de “conhecer e amar a Deus”.
Foi uma mulher forte, corajosa, inquieta e livre para época. Não ficava satisfeita com
o pouco. Percebeu os descaminhos da vida carmelita e propôs mudanças internas na ordem,
embora não fosse uma tarefa fácil, já que enfrentaria grandes reações contrárias. Porém
mesmo assim, se dedicou a esse desafio.
Aos 47 anos, em 1562, abandonou sua comunidade para dar vida ao primeiro Carmelo
Descalço e no dia 24 de agosto, desse mesmo ano, os sinos do Carmelo de São José, em Ávila,
repicaram festivos, anunciando um novo mosteiro e mais um sacrário. Como reformadora do
Carmelo, Teresa combinou uma singular vida contemplativa aliada a um notável talento
administrativo. Ao longo de 20 anos, fundou 19 mosteiros de monjas e 13 de frades
Carmelitas Descalços.
Teresa foi também uma brilhante escritora. Suas obras são baseadas em realidades
firmes: fuga do pecado e dos desejos; a prática das virtudes e uma visão de Jesus
profundamente enraizada no Evangelho. Seus livros são doutrinas sólidas de vida interior,
caminho seguro para quem quer buscar a Deus. Seguindo os ensinamentos dela, chega-se à
experiência do Mestre Jesus. A obra Vida é uma autobiografia espiritual, com momentos de
profunda autoanálise, escrita com tanta vivacidade quanto suas cartas. Las Moradas (escrito
em 1570) é a mais interessante de suas obras espirituais: descreve as sete mansões ou
moradias do castelo da alma. As obras de Santa Teresa foram póstumas.
Os últimos meses de sua vida foram de sofrimentos contínuos; trabalhos e
contradições, por vários motivos: a extrema pobreza, as dificuldades de suas filhas de São
José de Ávila; os assuntos íntimos de sua família; as lutas entre os chefes dos Carmelitas
Descalços. Tudo isso ela amargou no fim de sua passagem pela Terra.
Teresa de Jesus — primeira mulher a ser declarada doutora da igreja, madre
reformadora, mestra espiritual, patrona dos escritores, jornalistas... — glória sem par do
Carmelo, da Igreja e da Espiritualidade.
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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
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espírito antecedem a existência da Maria Madalena, até a revolucionária Teresa de Ávila ou
“Teresa de Jesus”.
Conhecemos a existência de Madalena, contemporânea de Jesus, como a Mensageira
da Ressurreição. Além de sua vivência com os cristãos, foi amiga de Maria, mãe do Mestre, e
muito dedicada à Boa-Nova.
Como religiosa na Espanha, seu espírito, já bem mais evoluído, abraça com carinho o
trabalho no bem.
Possuidora de extraordinária mediunidade de cura, vidência, audiência, desdobramentos,
efeitos físicos, psicografia e outras, não foi compreendida pela igreja de seu tempo, pois a ciência
da mediunidade não era aceita pelo clero romano. Atendia a Jesus que diz CONHECEREIS A
VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ. Combateu com valentia a hipocrisia religiosa de seu
tempo e dizia, estudar para não sucumbir.
Escrevia poesias e assuntos religiosos, sempre vigiados pelos seus tutores e padres
confessores. Enclausurada por eles, que lhe tiravam tinta e papel, adorava a liberdade.
Enclausurada, era triste e abatida, pois viver no campo e visitar as famílias, os doentes e
pobres era sua maior tarefa.
Gostava da peregrinação caridosa pelos campos e cidades dando amparo às crianças,
jovens e velhos. Construiu asilos, orfanatos e hospitais com a ajuda financeira de sua família
e de outros que confiavam em sua missão.
Chamaram-na de louca, vaidosa e orgulhosa, por discordar do que achava errado na
igreja. Valente e obstinada em suas convicções, não tinha medo de dizer o que sentia, pois
era acompanhada pela voz e intuição de Jesus (às vezes, o via).
Além de muitas curas fez brotar de um rochedo, água milagrosa ao toque de seus
dedos. Água essa que curou muitos males.
Ao ver Jesus na fonte, exclamou: Senhor! Senhor! e ouviu do Mestre — Não esqueça
as crianças, porque delas é o Reino dos Céus. Ao beijá-las, estará beijando a mim.
Madres diziam: Viremos aqui nos curar com essa água? Respondia-lhes Tereza: Não há
necessidade que venham aqui para se curarem. O mundo é um repositório de saúde, porque a
saúde está onde se pratica o bem. Não existem milagres. Nada além do que demonstram
fatos naturais de leis ainda não conhecidas.
Dentro de poucos séculos, o magnetismo será uma lei conhecida, que servirá tanto
para curar como para desvendar recônditos mistérios. Será um auxiliar para determinadas
ciências, e o milagre desaparecerá, dando lugar a demonstração da verdade científica.
Sonhei com o dia em que possa dizer: A Santa que adoram não existiu jamais! O que
existiu e existirá eternamente é um espírito que caiu na lama e se levantou, lutou e
progrediu, porque bem longe, UM ESPÍRITO DE LUZ, lhe dizia: Venha a mim! Sua alma,
minha alma! Por suas passadas, EU A PERDOO.
Apesar de tanto saber e de ser, parecendo uma alma privilegiada, ao chegar ao
espaço, qual não foi sua surpresa ao ver que ainda tinha que estudar a ciência mais difícil de
se aprender, — a de SABER PERDOAR!
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8. A Música
Introdução
“A música desperta na alma impressões de arte e de beleza que são a alegria e a
recompensa dos espíritos puros, uma participação na vida divina em seus encantos e seus
êxtases.
A música, melhor que a palavra, representa o movimento, que é uma das leis da vida;
eis por que a Música é a própria voz do mundo superior”
(Léon Denis, Espiritismo na Arte, parte VII.)
Objetivo
• Despertar nos encontristas, através da Música a sensibilidade do belo.
• Mostrar que a música deve ser posta a serviço do sentimento, para produzir a
sensação.
MÚSICA BARROCA
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velho mestre. Seguiu-se a descoberta das obras instrumentais e, enfim, a publicação das
cantatas. Schumann e Brahms exaltaram a glória do “velho Bach”. Na segunda metade do
século XIX é J.S.Bach venerado, um pouco romanticamente, como grande antepassado. Mas
só no século XX sua influência se torna viva e quase avassaladora, ao passo que muitas obras
suas alcançaram surpreendente popularidade.
Conclusão
O Consolador
162. Todo artista pode ser também um missionário de Deus?
“Os artistas, como os chamados sábios do mundo, podem enveredar, igualmente, pelas
cristalizações do convencionalismo terrestre, quando nos seus corações não palpite a chama
dos ideias divinos, mas, na maioria das vezes, têm sido grandes missionários das ideias, sob a
égide do Senhor, em todos os departamentos da atividade que lhes é própria, como a
Literatura, a Música, a Pintura.
Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios e
perecíveis, para considerar tão somente a luz espiritual que vem do coração uníssono com o
cérebro, nas realizações da vida, então o artista é um dos mais devotados missionários de
Deus, porquanto saberá penetrar os corações na paz da meditação e do silêncio, alcançando o
mais alto sentido da evolução de si mesmo e de seus irmãos em humanidade.”
316. O Espírito ainda se interessa pelos trabalhos que se realizam, na Terra, pelo progresso
das artes e das ciências?
“Isto depende de sua elevação ou da missão que pode ter que desempenhar. O que vos
parece magnífico representa, frequentemente, bem pouca coisa para certos Espíritos; eles o
admiram, como o sábio admira a obra de um estudante. Ele examina o que pode provar a
elevação dos Espíritos encarnados e seus progressos.”
566. Um Espírito que teve uma especialidade na Terra, um pintor, um arquiteto, por exemplo,
interessa-se, preferencialmente, pelos trabalhos que constituíram o objeto de sua
predileção, durante sua vida?
“Tudo se confunde num objetivo geral. Se ele for bom, interessa-se por eles, na
medida em que isso lhe permita auxiliar as almas a se elevarem para Deus. Além disso,
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esqueceis que um Espírito que cultivou uma arte numa existência em que o conhecestes, pode
ter cultivado uma outra, em outra existência, pois é preciso que saiba tudo, para ser
perfeito; assim, conforme o seu grau de adiantamento, pode não haver, para ele, uma
especialidade; foi o que eu quis dizer, afirmando que tudo isso se confunde num objetivo
geral. Notai, ainda, o seguinte: o que é sublime para vós, no vosso mundo atrasado, não passa
de infantilidade, comparado aos mundos mais adiantados. Como quereis que os Espíritos que
habitam esses mundos, onde existem artes desconhecidas para vós, admirem o que, para
eles, é apenas uma obra de colegial? Eu já disse: eles examinam o que pode demonstrar o
progresso.”
9. ANEXOS
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no ambiente cultural sevilhano, é “visitador da inquisição”, quando não encarregado de
examinar a conformidade das pinturas com a doutrina católica; em 1638, termina a Arte de la
Pintura, a obra mais importante sobre teoria artística do Século de Ouro. Pacheco recorre a
seus conhecimentos de alto nível em Madri e obtém para seu genro a proteção do poderoso
Conde-Duque de Olivares, que o nomeia “pintor de câmara” logo após sua chegada à capital
(1623). Velásquez começa a pintar em Sevilha sob a influência de um naturalismo de
derivação caravaggesca, com intensos efeitos de luz. Sua primeira estadia em Roma, (1629-
1931) tem uma influência decisiva em sua evolução e que o distancia do tenebrismo dos
primeiros anos. Desde então, pode-se considerá-lo como o pintor mais moderno de sua época.
O equilíbrio de suas composições e o poder expressivo de seus personagens fundam-se em
meios exclusivamente plásticos. Depois de uma segunda estada em Roma, entre 1649 e 1651,
Velásquez é nomeado “aposentador” e recebe a incumbência de dirigir os trabalhos de
decoração de todas as residências reais. Pintor preferido de Felipe IV naquela época, deixou
extraordinárias representações da família real. Depois de ter procurado, durante muito
tempo, obter esta honra suprema, Velásquez se torna Cavaleiro da Ordem de Santiago em
1659. Morre após ter organizado os festejos de Fuenterrabia para o casamento de Maria
Teresa e Luis XIV.
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ZURBARÁN, Francisco de
Nasceu em 1598, em Fuente de Cantos (Estremadura) e morreu em 1664, em Madrid.
Zurbarán começou a sua aprendizagem com um pintor de tonéis desconhecido a
partir de 1616/1617. Em 1617, instalou-se nas vizinhanças da sua terra e pintou quadros
religiosos em série para os conventos de Sevilha.
A par de naturezas mortas de valor, a sua obra está dominada pelos temas sacros no
espírito das tentativas de Contrarreforma. Até ao ano de 1630 observa-se um claro-escuro
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rico em contraste que evoca Herrera, o Velho. Mesmo que a sua pintura se torne mais
harmoniosa e serena com o tempo, os seus quadros são caracterizados durante toda a sua
vida por uma severidade vizinha de rudeza e por dimensões frequentemente monumentais. As
suas naturezas mortas, tal como as suas paisagens, estão quase imobilizadas.
Em Sevilha, onde se instalou em 1629, ele conheceu o cume da celebridade. Decorou
conventos com vastos ciclos de quadros e de retábulos, mas teve também de aceitar o
triunfo de Murillo, que significou o seu próprio declínio. Foi nomeado pintor do rei em 1634;
tornou-se, dez anos mais tarde, comerciante de arte, para sobreviver.
Em 1658, instalou-se em Madrid e entrou para a Ordem de Santiago. Caravaggio,
Velásquez, El Greco, Cotán, Durer, Rafael e Ticiano deixaram a sua marca na obra de
Zurbarán que é, no entanto, uma das mais pessoais no seio da pintura espanhola.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
a) André Luiz. Conduta Espírita. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Editora FEB.
b) DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. CELD.
c) _______. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. Editora FEB.
d) Emmanuel. O Consolador. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Editora FEB.
e) _______. A Caminho da Luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Editora FEB.
f) BROWN, Jonathan. Cosac & Naif Edições.
g) El Greco a Velazquez. Esplendores de Espanha — Produção Instituto Arteviva.
h) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. CELD.
i) Luzes do Século de Ouro na Pintura Espanhola — Pinacoteca do Estado de São Paulo.
j) SOLER, Amália Domingos Y. Perdoo-te. Memórias de um Espírito. Psicografado por
Eudaldo Pagés. Editora L.G.E.
l) ILHA, Carlos. Música uma formação para vida. Edições Nova Acrópole.
m) G.C.ARGAN — De Michelangelo ao futurismo — COSAC & NAIF.