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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura

Patrono Espiritual do Encontro

Gioachino Antonio Rossini — Nasceu em Pésaro, 29 de fevereiro de 1792 e morreu em


Passy, Paris, 13 de novembro de 1868. Foi um compositor erudito italiano, muito popular em
seu tempo, criou 39 óperas, assim como diversos trabalhos para a música sacra e a música de
câmara. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão: II barbiere di Siviglia (“O Barbeiro de
Sevilha”), La Cenerentola (“A Cinderela”) e Guillaume Tell (“Guilherme Tell”).
16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola

Introdução

“A beleza é um dos atributos divinos(...)


A arte é a busca, o estudo, a manifestação dessa beleza eterna da qual percebemos,
aqui na Terra, apenas um reflexo. Para contemplá-la em todo seu esplendor, em todo o seu
poder, é preciso subir de grau em grau em direção à fonte de onde ela emana, e isso é uma
tarefa difícil para a maioria de nós(...)
O Espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites. A
comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as indicações fornecidas
sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis de harmonia e de
beleza que regem o Universo vêm oferecer aos nossos pensadores, aos nossos artistas,
motivos inesgotáveis de inspiração”.
(Léon Denis, Espiritismo na Arte; parte 1.)

Léon Denis, no livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, fala-nos assim sobre a
Missão do Espírito encarnado:

“Todo Espírito que deseja progredir, trabalhando na obra de solidariedade universal,


recebe dos Espíritos mais elevados uma missão particular apropriada às suas aptidões e ao
seu grau de adiantamento.
Uns têm por tarefa receber os homens em seu regresso à vida espiritual, guiá-los,
ajudá-los a se desembaraçarem dos fluidos espessos que os envolvem; outros, encarregados
de consolar, instruir almas sofredoras e atrasadas. (...) outros se aplicam às artes, ao estudo
do Belo sob todas as suas formas; Espíritos menos adiantados assistem os primeiros nas suas
tarefas variadas e servem-lhes de auxiliares”.
(Léon Denis, O Problema do Ser, do Destino e da Dor. As missões, e a vida superior.)

“O artista tem um débito para saldar: o seu talento. Para isto, precisa trabalhar duro e
saber que ele é livre em sua arte, mas não em seu compromisso com a vida. Tudo o que ele
sente e pensa é parte da matéria-prima com que irá melhorar a atmosfera espiritual à sua
volta. Embora seja um sacerdote da Beleza, esta Beleza não pode ser vazia: precisa servir ao
homem”.
(Kandinsky, pintor russo – 1866-1944.)

“A Arte deve ser o Belo criando o Bom...


A Arte enobrecida estende o poder do amor...”
(André Luiz, Conduta Espírita. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola

Objetivos

Geral
• Meditar sobre a valorização do trabalho da arte junto à Doutrina
Espírita.
• Mostrar que a arte reflete o homem, e o homem é o resultado da sua
construção interior.
• Refletir sobre a beleza, o domínio da forma, o domínio dos sons, da
linguagem, dando a noção de elevação da arte em si mesmo.

Abordagens

1. O Século de Ouro na Espanha


2. A Missão da Península Ibérica sob a Visão Espiritual
3. Literatura
4. Miguel de Cervantes Saavedra
5. Resumo de Dom Quixote de La Mancha
6. San Lorenzo Del Escorial — O Escorial
7. Teresa de Jesus ou Teresa D’Ávila
8. A Música — Música Barroca
9. Anexos
• Bartolomé Esteban Murillo
• Caravaggio
• Diego Velázquez
• El Greco
• Rembrandt Harmenszoon
• Zurbarán
• Peter Paul Rubens

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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola

1. O Século de Ouro na Espanha

Introdução
“O desabrochar, parcial nos mundos, é completo no espaço. Vimos nossos
artistas fazerem sua iniciação na Antiguidade, seja na Grécia, no Egito ou em Roma.
De retorno ao espaço, esses seres amadureceram e aproveitaram as qualidades
adquiridas no ambiente material; de volta à Terra em uma outra encarnação,
trouxeram consigo seu ideal da época do Renascimento. Em seguida, esse ideal
desabrochou um século mais tarde nas letras, nas artes e na Arquitetura. Estou me
referindo ao século de Luís XIV, (século XVII).Tendo esses espíritos retornado ao
espaço, durante um tempo bastante longo, a inspiração em geral foi apenas medíocre
no século XVIII e latente no século XIX.”
(Léon Denis, O Espiritismo na Arte.)

Objetivos
• Analisar as manifestações artísticas na Arquitetura, Escultura e Pintura, ocorridas
na Espanha de acordo com a Doutrina Espírita.
• Mostrar a arte como um processo evolutivo.

O que significa O Século de Ouro na Espanha?

Abordar a arte espanhola nas suas diversas manifestações de Arquitetura, Escultura


e Pintura durante os sessenta anos que transcorreram desde a incorporação de Portugal à
coroa Espanhola (1580), até sua separação definitiva (1640), é uma tarefa muito difícil,
principalmente, quando se tenta considerar a história artística dos numerosos testemunhos
que formaram a Espanha do chamado “Século de Ouro”.
Este termo, inicialmente, foi usado para se referir ao esplendor da criação literária
espanhola e mais tarde passou a identificar a arte produzida durante o século XVII, o
barroco espanhol, em uma época que coincidiu na Espanha, com um momento excepcional da
criatividade da mesma como ponto culminante deste século.
Naqueles anos floresceram de fato o pensamento filosófico e teológico, a política e a
Economia, as ciências aplicadas, a Literatura em todos os seus gêneros, o teatro e a Música
e, finalmente, a arte em suas diversas manifestações plásticas: a Arquitetura, a Escultura, a
Pintura e as chamadas artes decorativas.

Em que período aconteceu?


O período ao qual vamos nos referir correspondeu aos reinados de quatro monarcas
da dinastia Habsburgo: Felipe II (1550-1598), Felipe III (1598-1621), Felipe IV (1621-
1665), e Carlos II, o último dos Habsburgo a reinar sobre a Espanha, no fim do Século de
Ouro, 1700. Nascido a 6 de novembro de 1661, não se esperava que o frágil infante, que
sofria de epilepsia, vivesse mais que seus irmãos, todos com problemas de saúde. Carlos,

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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
física e mentalmente poço dotado, acabou tornando-se espectador das maquinações de seus
ministros.
Felipe II, Felipe III e Felipe IV de Portugal, respectivamente, herdeiros de um vasto
império territorial em crise, basicamente mantiveram as condições que tornariam possíveis
prolongar o sistema do mecenato de fins dos anos quinhentos, incentivador das manifestações
artísticas do primeiro terço do século XVII.
Nem todas as artes floresceram ao mesmo tempo, mas aquelas que seriam assimiladas
neste “século de ouro”. A Arquitetura se ligaria através desse conceito de século de ouro ao El
Escorial, construído no reinado de Felipe II. As manifestações artísticas do reinado de Felipe
III foram as relativas ao mundo da Literatura. Pode-se dizer que a Pintura triunfou no
reinado de Felipe IV, um grande admirador das artes, que durante toda sua vida estimulou
artistas e patronos. Diversos pintores importantes do reinado de Carlos II emergiram nos
últimos anos do governo de Felipe IV.

As Manifestações Artísticas
Dentre os gêneros profanos pouco difundidos, somente o retrato e a natureza morta
ou “bodegon”, como é chamada na Espanha qualquer pintura de objeto inanimado (flores,
frutas, animais mortos) adquiriram uma personalidade própria.
Em quase toda a produção pictórica espanhola deste período, encontraremos evidências
de dois veios que alimentaram, desde a Idade Média, a criação artística da Península Ibérica:
o italiano e o flamengo (Paises Baixos, atual Holanda e Bélgica).
Temas profanos ou mitológicos, tão em voga na Itália e França da época, são quase
inexistentes, porque a maioria das encomendas provinha de instituições religiosas. Também
existe um profundo realismo que transforma a arte em um reflexo da própria vida (pintura
de gênero ou da vida cotidiana).
Durante o apogeu cultural e econômico desta época, a Espanha alcançou prestígio
internacional e influência cultural em toda a Europa, e tornou-se o país mais potente do
mundo, até a segunda metade do século XVII.
Após a morte de Felipe IV em 1665, ele deixa um triste legado a seu filho Carlos II:
um país exaurido pela guerra, empobrecido pelos impostos e paralisado pela peste e pela
fome.
E não obstante, as artes visuais floresceram como nunca: criaram-se não só grandes
quantidades de retábulos e quadros de cavalete, como também espetáculos públicos e
privados de igual esplendor.
É necessário ressaltar o estrito vínculo entre Literatura e Pintura, que foi considerada
como uma das mais gloriosas desta época.

Visão Espiritual
Em todos os encontros realizados pelo CELD, os coordenadores destes trabalhos
solicitam uma orientação à direção espiritual da casa. Este ano, nosso querido amigo
espiritual, Dr. Hermann, nos fez um resumo do que representou o século XVII para as artes
em geral, especificamente, na Espanha, esclarecendo-nos o objetivo de cada espírito estar
naquele local, naquele exato momento. Todos tinham uma missão a cumprir, os artistas e seus

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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
mecenas, os patrocinadores das artes e, na Espanha, devemos isto à Dinastia dos
Habsburgos.

Transcreveremos um pequeno trecho desta mensagem.

O século XVII, mais especificamente na Espanha, era um reservatório onde os


espíritos podiam expressar seus sentimentos através das artes, por isso, eles foram
conduzidos para estes países Ibéricos, até porque, grande parte do desenvolvimento deste
século se deve à Espanha, que foi considerada como “centro do Universo”, de tal forma que
todas as almas gostariam de estar juntas onde estivesse o poder, por orgulho, por vaidade;
pois estes artistas queriam notoriedade.
Por outro lado, a Espanha estava se preparando gradativamente para o “pulo” (salto
evolutivo) onde vinha sendo delineado o desenvolvimento, o crescimento, o deslocamento de
espíritos para as Américas.
Os espíritos foram se deslocando, e vieram parar aqui em terras brasileiras. Este foi
um processo necessário até chegar a este caminho, através das águas, atravessando as
penínsulas. Eram as possibilidades de processar um caminho mais reto, rápido e evolutivo,
para expandir as almas para esta região.
Havia um processo de desenvolvimento, cuja arte se expressava através de cunhos
religiosos muito enraizados, na cultura católica. Eles só poderiam ser deslocados e ter um
outro “aparecimento” quando estivessem num outro nível de país que pudesse aceitá-los a
expressar sua arte, onde não fossem sufocados e até mesmo desmoralizados ou considerados
como hereges pela Igreja dominante, para que pouco a pouco despertassem mudanças nas
características do modo de ver a Natureza. Então, aquele foi um período em que houve um
toque da realidade da criatura, onde elas eram representadas pelo seus modos, costumes e a
realidade em que viviam, e para isto, os artistas não iriam encontrar guarida numa Itália onde
reinava as pinturas religiosas.
Deus está permanentemente colocando a mão no desenvolvimento. Se vocês olharem
para o desenvolvimento verão o caminhar das massas, das culturas, o crescimento das almas,
a expressão desses espíritos a estimular o belo, a união de outras coisas, para que as
pessoas se afastassem um pouco das intemperanças, das guerras com outras criaturas e com
outros povos, para que absorvessem novas culturas, pensamentos, novas ideias; para que se
preparasse o início do esvaziamento do pensamento católico reinante, para que pudesse
surgir o Protestantismo, para que pudessem surgir novas ideias para preparar o advento do
Espiritismo, tudo isso foi um preparo da espiritualidade.

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2. A MISSÃO DA PENÍNSULA IBÉRICA SOB A VISÃO ESPIRITUAL

Objetivo
• Estudar através da ótica da Doutrina Espírita, a história da humanidade no contexto do
pós-renascimento.

A partir do Renascimento italiano, movimento artístico e cultural que se irradiou por


toda Europa, sob o amparo e esforço dos emissários de Jesus, que também delinearam a
missão que algumas nações deveriam realizar de acordo com a sua “personalidade coletiva”,
coube a Península Ibérica a missão de guiar pelo mar os destinos da Europa naquele momento
histórico. Segundo Emmanuel (A Caminho da Luz), Portugal e Espanha eram os antigos
fenícios reencarnados cuja motivação de vida era o desafio do mar.
Henrique de Sagres, visionário português, fundou escolas de navegadores desbravando
os grandes oceanos, em consequência deu-se o descobrimento dos caminhos marítimos para o
Oriente e as Américas.
Espanha e Portugal transladariam pelo mar, povos de várias regiões para as Américas,
contribuindo assim para a formação das nações do futuro. No final do século XVI, a Espanha
estava pronta, econômica e tecnicamente para tarefa.
A Europa, nos séculos XVI e XVII, mesmo sob o amparo e a assistência dos
mensageiros do Cristo, transportou-se ao século XVIII em meio de lutas espantosas,
geradas pela Reforma e Contrarreforma.
“O século iniciou-se entre lutas renovadoras, pois elevados espíritos da Filosofia e
da Ciência, reencarnados particularmente na França (os enciclopedistas), iam combater os
erros da sociedade e da política, fazendo soçobrar os princípios do direito divino, em nome
do qual se cometiam todas as barbaridades”.
Preparava-se assim o ambiente de liberdade de pensamento para o advento da
Doutrina dos Espíritos no século XIX.

3. Literatura

Objetivo
• Analisar, sob a ótica Espírita, a visão crítica de uma época.

4. Miguel de Cervantes Saavedra

Miguel de Cervantes Saavedra, romancista, dramaturgo e poeta espanhol, nasceu em


Alcalá de Henares em 29 de setembro de 1547, na Espanha. Seu pai, modesto cirurgião,
provavelmente por necessidade de trabalho, vivia a mudar de cidade com a família. Pode-se
imaginar as inúmeras dificuldades que, em criança, Cervantes enfrentou. Sua vida foi plena
de aventuras, se bem que, também, mesclada de vicissitudes.

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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Aos 21 anos entra em contato com as ideias humanistas, pois torna-se aluno de Juan
López Cortinas, defensor das mesmas.
Dois anos mais tarde, viaja para Roma, centro da cultura renascentista. Lá, passa a
trabalhar para o Cardeal Acquaviva.
Em 1571 ingressa no Exército e luta na batalha de Lepanto contra os turcos otomanos
que estavam invandindo a Europa. Tem a mão esquerda inutilizada, o que lhe vale o apelido de
“maneta de Lepanto”.
Quatro anos mais tarde, durante seu regresso de Nápoles a Espanha, é capturado por
corsários e levado como prisioneiro a Argel, onde fica por cinco anos, só retornando a Madrid
em 1580, após pagamento de resgate.
De volta à Espanha se casa com Catalina de Salazar em 1584, vivendo algum tempo em
Esquivias, povoado de La Mancha, de onde era sua esposa.
Como não obtém sucesso como militar, inicia sua carreira literária com a publicação de
seu primeiro livro de ficção, Galateia. Porém, também não é bem sucedido e vai trabalhar
como comissário de víveres do rei Filipe II que, nessa época, prepara a Invencível Armada
para invadir a Inglaterra.
Em 1592 é preso, pois o Tesouro espanhol o acusa de desvio de dinheiro público. Dois
anos mais tarde, passa a trabalhar como coletor de impostos e depois da quebra do banco
onde depositava a arrecadação, novamente é preso em Sevilha, por novas querelas com o
Tesouro Público.
Aos 58 anos, em 1605, publica a 1a parte de sua obra-prima, O engenhoso fidalgo Dom
Quixote de La Mancha e consagra-se como escritor, passando a dedicar-se exclusivamente à
Literatura.
Em 1613 torna-se noviço da Ordem Terceira de São Francisco e publica Novelas
Exemplares, um conjunto de doze narrações breves. No ano seguinte, publica Viagem de
Parma.
A 2a parte de Dom Quixote de La Mancha (O engenhoso cavaleiro Dom Quixote de La
Mancha) é publicada em 1615, porém um ano antes aparece uma continuação falsa de Alonso
Fernández de Avellaneda. Neste mesmo ano, publica Oito Comédias e Oito Entremezes Novos,
nunca antes representados. Seu drama mais popular hoje, A Numância, na qual é encenada a
resistência desesperada da população desta cidade íbera contra as forças romanas que querem
conquistá-la, ficou inédito até o tardio século XVIII.
Sua obra-prima O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha ficou famosa
internacionalmente, já em sua época, porém seus conterrâneos não valorizaram sua genialidade
e Miguel de Carvantes faleceu pobre na cidade de Madrid em 23 de abril de 1616.

5. Resumo de Dom Quixote de La Mancha


O protagonista da obra, já de certa idade, é Dom Quixote, um pequeno fidalgo
castelhano, que entrega-se à leitura dos romances de cavalaria e por muito os ler, perde o
juízo. Passa a acreditar que tenham sido historicamente verdadeiros e decide tornar-se um
cavaleiro andante, realizando proezas, sem ter, porém, os instrumentos para levá-las ao êxito.

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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Em sua loucura, vê em seu velho pangaré, a figura de um cavalo de elegante porte,
digno de participar das aventuras de um cavaleiro andante. Pega algumas velhas armas, veste
uma armadura antiga e parte pelo mundo para viver o seu próprio romance de cavalaria,
imitando seus heróis preferidos.
O romance narra as suas aventuras em companhia de Sancho Pança, seu fiel amigo e
companheiro.
A ação gira em torno das três incursões da dupla por terras de La Mancha, de Aragão
e de Catalunha. Nessas incursões, ele se envolve em uma série de aventuras, mas suas
fantasias são sempre desmentidas pela dura realidade.
Em tudo, vê injustiçados a serem defendidos e injustiças a serem combatidas. Em
suas aventuras, investe contra moinhos de vento acreditando serem gigantes e defende
mulheres de má conduta, que encontram-se à frente de uma taberna, acreditando serem
donzelas à porta de um castelo.
Após muitas aventuras, já velho, doente, faminto e esfarrapado, volta à sua casa e
após um período de tratamento, volta à razão, doando sua pequena propriedade à sobrinha, e
outros pertences a Sancho Pança e à sua governanta, morrendo em seguida.
Através da história de Dom Quixote de La Mancha, Miguel de Cervantes parodia as
novelas de cavalaria, lidas e relidas pelo povo e a nobreza, criticando indiretamente seu
mundo fantasioso.
Dom Quixote, muitas vezes considerado o primeiro romance moderno por sua
originalidade, é um clássico da Literatura ocidental e é considerado um dos melhores
romances já escritos.

6. San Lorenzo Del Escorial

Objetivo
• Refletir sobre o conjunto arquitetônico do século de ouro que deu origem a uma escola
de Arquitetura e de Pintura, na visão da Doutrina Espírita.

Felipe II costumava dizer que do sopé de uma montanha governava o mundo, e,


realmente, quase todo o mundo ocidental do século XVI achava-se sob seu domínio. De
seu pai, Carlos V, imperador Habsburgo do Sacro Império Romano-Germânico, recebera
em 1556, territórios por toda a Europa: além da Espanha, grande parte da Itália (Nápoles,
Ducado de Milão, Sicília); Franco Condado e Artois, na França; Flandres e Países-Baixos.
Fora da Europa dominava todo um império colonial: extensas regiões na América do Norte,
mais da metade da América do Sul e toda a América Central.
Quando recebeu a coroa de seu pai, Filipe II ouviu uma séria recomendação: “Atenda,
sobretudo aos interesses da religião”. A religiosidade marcou a vida do soberano espanhol.
Seu maior sonho foi governar um império católico. Para realizá-lo, combateu a ferro e fogo os
movimentos da Reforma Protestante que grassavam na Europa. Para isso, usou como arma a
Inquisição.

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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Para comemorar a vitória na Batalha de San Quintin em 10 de agosto de 1557
sobre as tropas de Henrique II, rei da França, e para servir de lugar de enterro dos
restos mortais de seus pais, o Imperador Carlos V e Isabel de Portugal, assim como dos
seus próprios e dos seus sucessores, bem como louvar o poder e a força da Igreja
Católica, Filipe II ordenou a construção de um grandioso conjunto arquitetônico: O
Mosteiro de São Lourenço do Escorial, incrustrado na serra de Guadarrama, junto ao
monte Abantos, a cerca de 45 km a noroeste de Madri. Lá, o monarca passou quase toda
sua vida. E do sopé da montanha, governou o destino de grande parte do mundo. “Um
Império onde o Sol nunca se punha”, como se costumava dizer.
O Escorial — o nome deve-se a uns antigos depósitos de escória procedentes de
uma ferraria próxima — reflete o ideal de austeridade do período da Contrarreforma,
reação católica ao movimento protestante, que se traduz na reformulação moral da
Igreja. Sóbrio, todo de granito cinza. É considerado a obra por excelência do
Renascimento Espanhol, um dos três monumentos do “Século de Ouro”, juntamente com a
Ordem de Jesus Cristo, a Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, e o Dom
Quixote de La Mancha, o livro de Miguel de Cervantes.
O plano do mosteiro foi iniciado em 1563 pelo arquiteto espanhol Juan Bautista
de Toledo. Depois de sua morte, em 1567, a direção dos trabalhos passou para Giovan
Battista Castello, responsável pela escadaria principal, e a seguir para Juan Herrera,
que o completou em 1584. Neste período, sob orientação pessoal de Filipe II, a
construção foi ampliada, assumindo a forma de uma grelha, alusão simbólica ao martírio
de São Lourenço, supliciado em 258, sobre uma grelha ardente.
A importância do monastério é dada pelas suas dimensões colossais: 2.573
janelas, 14 pátios, 89 fontes, 86 escadarias e 1.200 portas. Aproximadamente, 1.000
metros de paredes cobertas de afrescos distribuem-se pela área de 208 por 162
metros.
Se por um lado as proporções descomunais constituem a maior característica do
mosteiro, o elemento comum a todos os recintos é uma grande austeridade.
A quarta parte do espaço do Escorial era reservada à família real. O restante
abrigava o mosteiro, o seminário, uma universidade, um hospital, a biblioteca e o túmulo
dos reis da Espanha.
Em forma de cruz, a igreja do mosteiro mede 108 por 60 metros. Herrera
encimou-a com vasta abóbada de 20 metros de diâmetro. A simplicidade clássica e
imponente, que Herrera usou na construção da igreja e das demais dependências do
mosteiro, tornou-se popular em toda a Espanha como o estilo Herrera. Pelos 42 altares
e paredes laterais espalham-se diversos afrescos, e na capela principal, destacam-se
estátuas de bronze, recobertas de ouro, representando as famílias de Carlos V e Filipe
II ajoelhadas.
A sacristia dá impressão de maior leveza do que a igreja, mobiliada com arcas de
madeiras diferentes: mogno, ébano e cedro.
Entre as pinturas mais valiosas do Escorial estão as da sacristia adornada com
obras de mestres espanhóis e italianos como El Greco, Ribera e Tiziano.

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Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Um dos pontos altos do Escorial é sua biblioteca. Projetada pelo arquiteto Juan
de Herrera que, além da mesma, desenhou suas estantes. Os afrescos das abóbadas
foram pintados por Pellegrino Tibaldi. Filipe II cedeu os ricos códices que possuía, bem
como, ordenou a aquisição das bibliotecas e das obras mais exemplares tanto da
Espanha como do estrangeiro. Apesar de ter sido incendiada por um raio em 1671, ainda
hoje contém 40 mil livros impressos e 4 mil manuscritos — a metade em árabe, o resto
em latim. Conta também com uma coleção de mapas. Situa-se numa grande nave de 54
metros de comprimento, 9 de largura e 10 de altura, com chão de mármore e estanteada
com madeiras nobres, primorosamente talhadas.
O Panteão dos Reis, luxuosa construção em forma octogonal, coroado por uma
abóbada de fino mármore e quartzo vermelho, é onde repousam os restos mortais dos
reis das casas de Áustria e Bourbon. Dos oito lados do panteão, um é ocupado por um
altar, outro pela porta de entrada, e os seis restantes, emoldurados por pilastras,
abrigam os sarcófagos de onze reis e oito rainhas da Espanha. Noutro panteão estão as
tumbas de príncipes e rainhas sem filhos. Todas as superfícies são de mármore, com
molduras de bronze dourado. Carlos II foi o último rei Habsburgo a ser enterrado no
panteão. Em 1700, a coroa espanhola passou para a casa dos Bourbons. Filipe, duque de
Anjou, neto do soberano francês Luís XIV, assumiu o trono espanhol com o nome de
Filipe V. Depois disso, o Escorial abrigou a dinastia dos Bourbons, que o remodelou, de
acordo com o gosto francês.
Diversas pinturas foram acrescentadas às paredes ainda não decoradas. Entre
elas, um mural de mais de 20 metros de comprimento recobre a “Galeria das Batalhas”,
registrando as vitórias dos espanhóis sobre os mouros, os franceses e outros inimigos
com quem combateram no decorrer de sua história.
San Lorenzo de El Escorial foi declarado Monumento Histórico Artístico em 1971
e treze anos depois, em 2 de Novembro de 1984, a UNESCO destacou-o como
Monumento de Interesse Mundial.

7. TERESA DE JESUS OU TERESA D’ÁVILA

Objetivo
• Meditar sobre a mediunidade, a fé e a esperança de Teresa D´Ávila.
• Refletir sobre o perdão.

Nasceu em Ávila, Espanha, em 28 de março de 1515. O seu grande “desejo de ver


Deus” levou Teresa a realizar uma fuga com seu irmão, para a terra dos mouros, procurando
o martírio, tinha apenas 7 anos de idade e aos 12 anos ficou órfã de mãe. Depois de um
período como educanda no convento das Agostinianas, nasceu nela a inclinação para a vida
religiosa.

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16o Encontro Espírita sobre Espiritismo na Arte e na Literatura
Tema: A Espiritualidade do Século de Ouro na Pintura Espanhola
Aos 20 anos, saiu da casa paterna para o mosteiro das Carmelitas, para chegar,
porém, ao estado de plena integração com Deus, pois ela viveu vinte anos em meio a
provações, doenças graves e contínua, e uma intensa dificuldade para orar. Após esse
conturbado período, Teresa não teve outra vontade, senão a de “conhecer e amar a Deus”.
Foi uma mulher forte, corajosa, inquieta e livre para época. Não ficava satisfeita com
o pouco. Percebeu os descaminhos da vida carmelita e propôs mudanças internas na ordem,
embora não fosse uma tarefa fácil, já que enfrentaria grandes reações contrárias. Porém
mesmo assim, se dedicou a esse desafio.
Aos 47 anos, em 1562, abandonou sua comunidade para dar vida ao primeiro Carmelo
Descalço e no dia 24 de agosto, desse mesmo ano, os sinos do Carmelo de São José, em Ávila,
repicaram festivos, anunciando um novo mosteiro e mais um sacrário. Como reformadora do
Carmelo, Teresa combinou uma singular vida contemplativa aliada a um notável talento
administrativo. Ao longo de 20 anos, fundou 19 mosteiros de monjas e 13 de frades
Carmelitas Descalços.
Teresa foi também uma brilhante escritora. Suas obras são baseadas em realidades
firmes: fuga do pecado e dos desejos; a prática das virtudes e uma visão de Jesus
profundamente enraizada no Evangelho. Seus livros são doutrinas sólidas de vida interior,
caminho seguro para quem quer buscar a Deus. Seguindo os ensinamentos dela, chega-se à
experiência do Mestre Jesus. A obra Vida é uma autobiografia espiritual, com momentos de
profunda autoanálise, escrita com tanta vivacidade quanto suas cartas. Las Moradas (escrito
em 1570) é a mais interessante de suas obras espirituais: descreve as sete mansões ou
moradias do castelo da alma. As obras de Santa Teresa foram póstumas.
Os últimos meses de sua vida foram de sofrimentos contínuos; trabalhos e
contradições, por vários motivos: a extrema pobreza, as dificuldades de suas filhas de São
José de Ávila; os assuntos íntimos de sua família; as lutas entre os chefes dos Carmelitas
Descalços. Tudo isso ela amargou no fim de sua passagem pela Terra.
Teresa de Jesus — primeira mulher a ser declarada doutora da igreja, madre
reformadora, mestra espiritual, patrona dos escritores, jornalistas... — glória sem par do
Carmelo, da Igreja e da Espiritualidade.

História tirada do Romance Espírita: Perdoo-te. Memórias de um Espírito.


Amália Domingos Y Soler — médium Eudaldo Pagés – Editora: L.G.E
Madre Teresa de Ávila, que viveu na Espanha no século XVI, é a reencarnação de
Madalena, contemporânea de Jesus. É o que se depreende ao ler-se Perdoo-te, a história de
muitas existências de uma entidade singular que escolheu Amália Domingos y Soler para
retratá-las. O fato muito interessante da obra é que ela foi ditada psicofonicamente através
do médium Eudaldo Pagés, com transcrição de Amália, à época ainda encarnada, que ouvia o
que o médium falava e anotava os textos. A tradução e adaptação são de Aristides Coelho
Neto; o livro recebeu o subtítulo Memórias de Um Espírito.
Conta à estória de Íris, jovem de rara beleza e sua traição ao sábio, filósofo e
astrônomo na antiga Atlântida.
Depois de receber o perdão desse espírito maravilhoso, Íris veio em inúmeras
reencarnações, sofrendo o grande arrependimento pelo que fizera. Assim, os relatos desse

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espírito antecedem a existência da Maria Madalena, até a revolucionária Teresa de Ávila ou
“Teresa de Jesus”.
Conhecemos a existência de Madalena, contemporânea de Jesus, como a Mensageira
da Ressurreição. Além de sua vivência com os cristãos, foi amiga de Maria, mãe do Mestre, e
muito dedicada à Boa-Nova.
Como religiosa na Espanha, seu espírito, já bem mais evoluído, abraça com carinho o
trabalho no bem.
Possuidora de extraordinária mediunidade de cura, vidência, audiência, desdobramentos,
efeitos físicos, psicografia e outras, não foi compreendida pela igreja de seu tempo, pois a ciência
da mediunidade não era aceita pelo clero romano. Atendia a Jesus que diz CONHECEREIS A
VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ. Combateu com valentia a hipocrisia religiosa de seu
tempo e dizia, estudar para não sucumbir.
Escrevia poesias e assuntos religiosos, sempre vigiados pelos seus tutores e padres
confessores. Enclausurada por eles, que lhe tiravam tinta e papel, adorava a liberdade.
Enclausurada, era triste e abatida, pois viver no campo e visitar as famílias, os doentes e
pobres era sua maior tarefa.
Gostava da peregrinação caridosa pelos campos e cidades dando amparo às crianças,
jovens e velhos. Construiu asilos, orfanatos e hospitais com a ajuda financeira de sua família
e de outros que confiavam em sua missão.
Chamaram-na de louca, vaidosa e orgulhosa, por discordar do que achava errado na
igreja. Valente e obstinada em suas convicções, não tinha medo de dizer o que sentia, pois
era acompanhada pela voz e intuição de Jesus (às vezes, o via).
Além de muitas curas fez brotar de um rochedo, água milagrosa ao toque de seus
dedos. Água essa que curou muitos males.
Ao ver Jesus na fonte, exclamou: Senhor! Senhor! e ouviu do Mestre — Não esqueça
as crianças, porque delas é o Reino dos Céus. Ao beijá-las, estará beijando a mim.
Madres diziam: Viremos aqui nos curar com essa água? Respondia-lhes Tereza: Não há
necessidade que venham aqui para se curarem. O mundo é um repositório de saúde, porque a
saúde está onde se pratica o bem. Não existem milagres. Nada além do que demonstram
fatos naturais de leis ainda não conhecidas.
Dentro de poucos séculos, o magnetismo será uma lei conhecida, que servirá tanto
para curar como para desvendar recônditos mistérios. Será um auxiliar para determinadas
ciências, e o milagre desaparecerá, dando lugar a demonstração da verdade científica.
Sonhei com o dia em que possa dizer: A Santa que adoram não existiu jamais! O que
existiu e existirá eternamente é um espírito que caiu na lama e se levantou, lutou e
progrediu, porque bem longe, UM ESPÍRITO DE LUZ, lhe dizia: Venha a mim! Sua alma,
minha alma! Por suas passadas, EU A PERDOO.
Apesar de tanto saber e de ser, parecendo uma alma privilegiada, ao chegar ao
espaço, qual não foi sua surpresa ao ver que ainda tinha que estudar a ciência mais difícil de
se aprender, — a de SABER PERDOAR!

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8. A Música

Introdução
“A música desperta na alma impressões de arte e de beleza que são a alegria e a
recompensa dos espíritos puros, uma participação na vida divina em seus encantos e seus
êxtases.
A música, melhor que a palavra, representa o movimento, que é uma das leis da vida;
eis por que a Música é a própria voz do mundo superior”
(Léon Denis, Espiritismo na Arte, parte VII.)

Objetivo
• Despertar nos encontristas, através da Música a sensibilidade do belo.
• Mostrar que a música deve ser posta a serviço do sentimento, para produzir a
sensação.

MÚSICA BARROCA

A música barroca emerge da efervescência cultural pós-renascentista humanista, e do


choque entre o reformismo luterano e a contrarreforma católica, a partir do Concílio de
Trento em 1563. Neste contexto sociocultural, o artista capta a instabilidade do homem de
seu tempo.Ele se sente entre a Terra e o céu, simbolizado pelo contraste do claro e o escuro
para o pintor, e sonoridade forte e suave para o músico.
Portanto, a música barroca pode ser apreciada pela criativa elaboração temática e o
desenvolvimento da mesma, a exploração de efeitos dramáticos como o cromatismo, as
modulações, jogos de contrastes estabelecidos entre as massas sonoras e o encadeamento
das partes, ganhando uniformidade, além de abundância de ideias sonoras. A música barroca
surge na segunda metade do séc. XVI com o italiano Claudio Monteverdi que compôs a
primeira ópera “Orfeu”. Há o aparecimento de novos instrumentos: cravo, órgão e violino,
entre outros.
No barroco, conseguiu-se estabelecer a harmonia entre o instrumento e o canto.
O músico trabalhava para as cortes e igrejas em função de eventos: festas palacianas,
encontros, refeições e liturgia. A música era puramente funcional, pois terminado o evento, a
obra era esquecida. O músico era considerado um subalterno como outro qualquer.
Os maiores, representantes da música barroca foram George F. Handel na Inglaterra e
Telemanna na Alemanha. Destacamos também: Vivaldi, Albinone, Couperin e Corelli, compositores
também geniais que deixaram obras primas para posteridade. Johann Sebastian Bach, embora
reconhecido em sua época como um mestre organista, é (ouvir Tocata em fuga e D menor),
responsável pela conclusão do sistema de afinação iniciado no período anterior conhecido como
Cravo Bem Temperado. Como músico, foi considerado um artista comum e ultrapassado. Ficou
esquecido após sua morte por mais de 75 anos.
A música barroca chega ao fim com a desencarnação em 1750 de Bach. Em 1829,
Mendelssohn desenterrou e regeu em Berlim a Paixão segundo São Mateus, ressuscitando o

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velho mestre. Seguiu-se a descoberta das obras instrumentais e, enfim, a publicação das
cantatas. Schumann e Brahms exaltaram a glória do “velho Bach”. Na segunda metade do
século XIX é J.S.Bach venerado, um pouco romanticamente, como grande antepassado. Mas
só no século XX sua influência se torna viva e quase avassaladora, ao passo que muitas obras
suas alcançaram surpreendente popularidade.

Conclusão

O Consolador
162. Todo artista pode ser também um missionário de Deus?
“Os artistas, como os chamados sábios do mundo, podem enveredar, igualmente, pelas
cristalizações do convencionalismo terrestre, quando nos seus corações não palpite a chama
dos ideias divinos, mas, na maioria das vezes, têm sido grandes missionários das ideias, sob a
égide do Senhor, em todos os departamentos da atividade que lhes é própria, como a
Literatura, a Música, a Pintura.
Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios e
perecíveis, para considerar tão somente a luz espiritual que vem do coração uníssono com o
cérebro, nas realizações da vida, então o artista é um dos mais devotados missionários de
Deus, porquanto saberá penetrar os corações na paz da meditação e do silêncio, alcançando o
mais alto sentido da evolução de si mesmo e de seus irmãos em humanidade.”

O Livro dos Espíritos


315. Aquele que deixou trabalhos de arte ou de Literatura conserva pelas suas obras o amor
que tinha, quando vivo?
“Conforme sua elevação, ele os aprecia sob um outro ponto de vista e condena, com
frequência, o que mais admirava.”

316. O Espírito ainda se interessa pelos trabalhos que se realizam, na Terra, pelo progresso
das artes e das ciências?
“Isto depende de sua elevação ou da missão que pode ter que desempenhar. O que vos
parece magnífico representa, frequentemente, bem pouca coisa para certos Espíritos; eles o
admiram, como o sábio admira a obra de um estudante. Ele examina o que pode provar a
elevação dos Espíritos encarnados e seus progressos.”

565. Os Espíritos examinam nossos trabalhos de arte e se interessam por eles?


“Examinam o que pode demonstrar a elevação dos Espíritos e seu progresso.”

566. Um Espírito que teve uma especialidade na Terra, um pintor, um arquiteto, por exemplo,
interessa-se, preferencialmente, pelos trabalhos que constituíram o objeto de sua
predileção, durante sua vida?
“Tudo se confunde num objetivo geral. Se ele for bom, interessa-se por eles, na
medida em que isso lhe permita auxiliar as almas a se elevarem para Deus. Além disso,

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esqueceis que um Espírito que cultivou uma arte numa existência em que o conhecestes, pode
ter cultivado uma outra, em outra existência, pois é preciso que saiba tudo, para ser
perfeito; assim, conforme o seu grau de adiantamento, pode não haver, para ele, uma
especialidade; foi o que eu quis dizer, afirmando que tudo isso se confunde num objetivo
geral. Notai, ainda, o seguinte: o que é sublime para vós, no vosso mundo atrasado, não passa
de infantilidade, comparado aos mundos mais adiantados. Como quereis que os Espíritos que
habitam esses mundos, onde existem artes desconhecidas para vós, admirem o que, para
eles, é apenas uma obra de colegial? Eu já disse: eles examinam o que pode demonstrar o
progresso.”

Revista Espírita, dezembro de 1860


2a. A Pintura, a Escultura, a Arquitetura, a poesia foram, uma por uma, influenciadas
pelas ideias pagãs e cristãs. Podeis dizer se, depois das artes pagã e cristã, haverá, um dia, a
arte espírita?
“Fazeis uma pergunta que se responde por si mesma: o verme é o verme; torna-se
bicho da seda; depois, borboleta. Que há de mais aéreo, de mais gracioso que uma
borboleta? Então! A arte pagã é o verme; a arte cristã, o casulo; a arte espírita será a
borboleta.”
(Alfred de Musset)

9. ANEXOS

Bartolomé Esteban Murillo — Sevilha 1618 – 1682


Por vezes objeto de uma exaltação sem limites, outras vezes de um descrédito
injustificado, Murillo continua sendo uma das personalidades mais marcantes do Século de
Ouro pelas suas qualidades técnicas, sua simplicidade humana, sua identificação com o
ambiente popular sevilhano. Sua formação se realiza através do estudo das obras de
Zurbarán e Ribera. Em 1645, recebe sua primeira encomenda importante para o pequeno
claustro do convento dos franciscanos em Sevilha. Trata-se de um conjunto de pinturas, hoje
conservados em diversos lugares, que demonstra um naturalismo decididamente aberto às
composições luminosas. A viagem que empreende a Madri em 1655 lhe dá a possibilidade de
descobrir as obras-primas da coleção real. De volta a Sevilha, já como especialista em
problemas de composição, adaptação das formas, luminosidade e com uma pequena pincelada
extremamente determinada, realiza alguns importantes conjuntos pictóricos para Santa
Maria Branca, os Capuchinhos, a Catedral, sem contar as numerosas Imaculadas, das quais
apresenta o perfeito protótipo, ou seja, as crianças de rua, tão luminosas que fazem
esquecer a miséria. Murillo exprime com extrema facilidade os aspectos mais tranquilos do
mecanismo espanhol, a alegria e serenidade. Seu fascínio provém talvez do contraste entre
uma inspiração quase medieval, o classicismo das composições e a liberdade da técnica. Em
1660, funda uma academia de Pintura, testemunho de seu prestígio.

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Caravaggio — Michelangelo Merisi, Amerighi da Caravaggio — Nasceu em 1573, em


Caravaggio e morreu em 1610, em Porto Ercole
Michelangelo Merisi é filho de um arquiteto ducal. Recebeu a sua primeira formação
de um discípulo pouco conhecido de Ticiano. Em 1592, parte para Roma e efetua pequenos
trabalhos para ganhar a vida. As ligações que ele trava com o Cavaleiro de Arpin, o pintor e
mercador de arte mais procurado desta época, tornam-no conhecido, mas a sua
independência econômica não fica ainda garantida.
Por intermédio do comércio da arte, Caravaggio trava conhecimento com o seu
primeiro mecenas, o cardeal del Monte, que lhe dá não só a oportunidade de trabalhar de
maneira autônoma, mas lhe fornece também a sua primeira encomenda oficial para a capela
Contarelli em São Luís dos Franceses. Lá, Caravaggio experimentará, pela primeira vez, o
tratamento característico da luz que entra do exterior, subitamente e em feixes, na
obscuridade do universo pictórico, aí criando uma realidade modelada de maneira acerada
mas que permanece para nós, estranha.
As encomendas não pararão mais. Caravaggio, cujo caráter extremamente bulhento é
conhecido de toda a gente, só pode aguentar-se porque é protegido ao mais alto nível.
Em 1606, acha-se envolvido num assassinato e tem de fugir. Refugia-se, de início, na
propriedade do príncipe Marzio Colonna onde pintará a “Senhora do Rosário”, de Viena. Em
Nápoles, para aonde vai em seguida, realiza unicamente quadros de tema religioso.
Em Malta, consegue ser admitido entre os Cavaleiros e pintará diversas vezes o
grão-mestre dles. Alof de Wignacourt. Em 1608, é-lhe concedido o título de “cavaleiro de
obediência”. Este período artisticamente fértil será interrompido por uma prisão e uma nova
fuga. Caravaggio alcança Palermo passando por Siracusa e Messina, onde alguma obra da sua
maturidade vem à luz do dia, antes de voltar a Palermo. Ao saber que o papa lhe perdoou o
crime, embarca, de imediato, para Porto Ercole, onde é preso, talvez por erro. Quando é
posto em liberdade, o barco que continha a totalidade dos seus bens fez-se ao mar. Atacado
de uma febre violenta, morre sem voltar a pôr os pés em Roma.
As etapas principais da vida deste ser instável e perseguido acham um eco, mesmo
que seja de maneira inesperada, na sua pintura. As cores claras e puras da juventude em
Roma dão lugar um pouco antes de 1600 (na época em que chegam as primeiras encomendas
oficiais) ao seu famoso claro-escuro, cuja dinâmica se alia ao aspecto dramático da narração
pictórica.
Depois da sua estada em Malta, esta violência acalma-se cada vez mais. Ele pinta,
manifestamente, mais depressa, o que faz com que as camadas de cor percam a sua
densidade homogênea, pois o fundo do quadro não pintado e preparado em cores sombrias é
integrado num tecido de estruturas claras e escuras menos denso e mais contrastado. Torna-
se impossível conceber estas estruturas como representações da iluminação, pois elas são
elementos de uma interiorização cada vez mais profunda.

Diego Velázquez — Sevilha 1599 – Madri 1660


Pai de origem portuguesa e mãe andaluza, Diego Rodriguez da Silva Y Velázquez
recebe sua formação artística no ateliê de Francisco Pacheco (1564-1644), casando-se com
sua filha em 1619. Pacheco tem um papel essencial em sua carreira: personalidade de realce

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no ambiente cultural sevilhano, é “visitador da inquisição”, quando não encarregado de
examinar a conformidade das pinturas com a doutrina católica; em 1638, termina a Arte de la
Pintura, a obra mais importante sobre teoria artística do Século de Ouro. Pacheco recorre a
seus conhecimentos de alto nível em Madri e obtém para seu genro a proteção do poderoso
Conde-Duque de Olivares, que o nomeia “pintor de câmara” logo após sua chegada à capital
(1623). Velásquez começa a pintar em Sevilha sob a influência de um naturalismo de
derivação caravaggesca, com intensos efeitos de luz. Sua primeira estadia em Roma, (1629-
1931) tem uma influência decisiva em sua evolução e que o distancia do tenebrismo dos
primeiros anos. Desde então, pode-se considerá-lo como o pintor mais moderno de sua época.
O equilíbrio de suas composições e o poder expressivo de seus personagens fundam-se em
meios exclusivamente plásticos. Depois de uma segunda estada em Roma, entre 1649 e 1651,
Velásquez é nomeado “aposentador” e recebe a incumbência de dirigir os trabalhos de
decoração de todas as residências reais. Pintor preferido de Felipe IV naquela época, deixou
extraordinárias representações da família real. Depois de ter procurado, durante muito
tempo, obter esta honra suprema, Velásquez se torna Cavaleiro da Ordem de Santiago em
1659. Morre após ter organizado os festejos de Fuenterrabia para o casamento de Maria
Teresa e Luis XIV.

El Greco — Domenicos Theotokopoulos — Candia 1541 – Toledo 1614


Possuímos poucas notícias relativas ao primeiro período de formação artística de El
Greco. Sabemos com certeza que se desenvolveu em Creta. O artista se transferiu, depois,
para Veneza, que havia estreitado suas relações políticas e econômicas com Candia.
Ignoramos, no entanto, a data exata da origem de sua chegada à cidade lacustre. Uma carta
enviada de Roma, em 1570, o recomenda calorosamente aos Farnese como “aluno de Ticiano”.
Em 1572, sua presença é atestada em Roma (seu nome aparece nos registros da Academia de
São Lucas). Poderia ter voltado a Veneza sob a proteção do cardeal Farnese; de qualquer
maneira, suas obras mostram sinais evidentes da influência de Tintoretto (formas alongadas)
e de Jacopo Bassano. Em 1577, têm-se, pela primeira vez, notícias de sua presença na
Espanha, ainda que não se conheçam as razões deste seu deslocamento. Estabelecido
definitivamente em Toledo, onde permanece até sua morte, encontra naquela cidade um
ambiente cultural refinado e aberto às mais diversas correntes intelectuais. Depois da
experiência negativa em seus contatos com o Escorial (o Martírio de São Maurício, pintado
entre 1580 e 1583, não é do agrado de Felipe II), El Greco se dirige à clientela das igrejas e
conventos de Toledo e Madri, para a qual executa numerosos quadros de devoção. Ao mesmo
tempo, realiza no círculo dos homens de igreja e dos literatos uma série de retratos de
inesquecível sutileza psicológica. É assombroso o acordo espontâneo que parece se
estabelecer entre este ambiente austero e a personalidade artística potente e
profundamente original de El Greco, onde as recordações de Veneza e do Maneirismo se
misturam ao estridente contraste de cores, às audazes deformações anatômicas, a um
expressionismo patético, tudo isso animado por uma tensão muitas vezes irracional. Com seus
quadros sobre a vida de Cristo e dos santos e com seus retratos, El Greco nos deixou a
imagem inesquecível de uma espiritualidade mística e de uma sociedade à espera da revelação
do Juízo Final.

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Rembrandt Harmensz — (1606 – 1669)


O autorretrato pintado por Rembrandt no ano da sua morte denota uma passividade
que chega à resignação, um cepticismo que confina com a ironia. A acentuação que o pintor
tinha posto nos adereços e na pose do artista transformou-se em veste de interior,
circunscrevendo assim a esfera privada. Aqui, são sublinhados todos os aspectos pessoais, o
isolamento, a solidão, mas também o caráter burlesco de um velho homem. Ao mesmo tempo,
os meios artísticos são utilizados com uma rudeza e uma falta de graça deliberada, como se o
pormenor pouco importasse. A cor pastosa forma um relevo sobre a tela, a imagem do homem
velho parece esboroar-se e estar em vias de se decompor.
O cromatismo tem, em contrapartida, um valor estabilizador; um vermelho profundo e
luminoso transparece através da tonalidade terrosa do conjunto, ele parece ter ainda uma
força de irradiação. Enquanto que qualquer forma parece entregue à fugacidade e ao
declínio, enquanto que as próprias pinceladas são de um efeito informal e frágil, a
profundidade das cores permanece princípio de vida e de esperança.
Rembrandt, com a sua Descida da Cruz, que faz parte de um ciclo da Paixão
encomendado pelo governador dos Países Baixos, liga-se ao retábulo que Rubens tinha
pintado para a catedral de Antuérpia. Esta comparação esclarece a especificidade da sua
pintura. O forte contraste entre o fundo sombrio e a claridade sublinha menos o aspecto
patético e dramático do que o aspecto humano do sofrimento da criança e o caráter
lastimoso da morte. Aqui, a luz não transpassa a escuridão, ela não é o clarão da vitória
contra as potências das trevas, mas a claridade triste do pano mortuário e da palidez cerosa
da pele de Cristo. No claro-escuro de Rembrandt, a luz está lá mesmo para significar o
sobrenatural do que para sublinhar os aspectos terrenos e realistas.
Este quadro tem qualquer coisa de assustador, porque a massa gordurosa e
sanguinolenta do boi abatido enche o quadro como numa natureza morta, desenvolvendo nisso
as suas qualidades estéticas. Este fenômeno assume, de resto, uma importância crescente na
obra tardia de Rembrandt. Mesmo no retrato e no quadro de história, os objetos estão fixos,
mas também decompostos pelo traço de pincel, até que a força luminosa das cores e, em
especial, a do vermelho, dele seja libertada. Ou então o pintor escolhe motivos que estejam
já substancialmente em decomposição; eles próprios têm cores que se acendem como no
motivo especialmente belo de uma natureza morta. Este exemplo ilustra também o papel que
a tonalidade castanha fundamental desempenha em Rembrandt. Este castanho do fundo não
é, de modo nenhum uma cor: as outras cores parecem estar contidas nele, de modo que a cor
e a luz podem nascer dele simultaneamente.

ZURBARÁN, Francisco de
Nasceu em 1598, em Fuente de Cantos (Estremadura) e morreu em 1664, em Madrid.
Zurbarán começou a sua aprendizagem com um pintor de tonéis desconhecido a
partir de 1616/1617. Em 1617, instalou-se nas vizinhanças da sua terra e pintou quadros
religiosos em série para os conventos de Sevilha.
A par de naturezas mortas de valor, a sua obra está dominada pelos temas sacros no
espírito das tentativas de Contrarreforma. Até ao ano de 1630 observa-se um claro-escuro

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rico em contraste que evoca Herrera, o Velho. Mesmo que a sua pintura se torne mais
harmoniosa e serena com o tempo, os seus quadros são caracterizados durante toda a sua
vida por uma severidade vizinha de rudeza e por dimensões frequentemente monumentais. As
suas naturezas mortas, tal como as suas paisagens, estão quase imobilizadas.
Em Sevilha, onde se instalou em 1629, ele conheceu o cume da celebridade. Decorou
conventos com vastos ciclos de quadros e de retábulos, mas teve também de aceitar o
triunfo de Murillo, que significou o seu próprio declínio. Foi nomeado pintor do rei em 1634;
tornou-se, dez anos mais tarde, comerciante de arte, para sobreviver.
Em 1658, instalou-se em Madrid e entrou para a Ordem de Santiago. Caravaggio,
Velásquez, El Greco, Cotán, Durer, Rafael e Ticiano deixaram a sua marca na obra de
Zurbarán que é, no entanto, uma das mais pessoais no seio da pintura espanhola.

Peter Paul Rubens — 1577, em Siegen – 1640, em Antuérpia.


Seu pai, um burguês calvinista, teve de deixar a Antuérpia e Rubens nasceu no exílio
em Siegen, e passou a sua infância em Colônia. Em 1598, morre o seu pai e sua mãe regressa a
Antuérpia onde o jovem Rubens será marcado pelo cunho católico da escola e da sociedade.
Aos catorze anos começou sua aprendizagem com Tobias Verhaecht, um pintor de paisagens
e, em seguida com Adam van Noort e, para terminar passou quatro anos com o romanista
Otto van Veen.
Em 1558, entrou para Guilda de São Lucas como mestre independente. Em 1600
partiu para a Itália onde o duque de Mântua, Vicente Gonzaga, o descobre em Veneza e o
toma ao seu serviço. Em 1603 desempenha uma missão diplomática a seu pedido levando
presentes e quadros para a Espanha. Em Veneza, Roma e Génova, Rubens copia com paixão as
obras de Ticiano, de Tintoretto e de Rafael, mas estuda também os trabalhos dos seus
contemporâneos Caravaggio e Carracci.
Em 1608, regressa a Antuérpia como um pintor de sucesso.
Casa-se com Isabella Brant, filha do escrivão público e adquire, em 1610, um terreno
no qual manda construir um palacete-oficina. Até 1622, recebe numerosas encomendas da
Igreja e da aristocracia. A maior realização desta época é um ciclo de 21 quadros destinados
ao Palacete de Luxemburgo e encomendado por Maria de Médicis, trabalho que renderá
20.000 ducados. De 1623 a 1631, é encarregado de missões diplomáticas, vai a Madri e a
Londres. O pintor mais importante do barroco internacional tornou-se uma celebridade e sua
prosperidade não para de crescer. Em 1626, Isabela Brant morre, no ano seguinte ele vende
a sua coleção de objetos de arte.
Em 1630, casa com Helène Fourment, jovem de dezesseis anos, que ele eternizará
em numerosos retratos.
Rubens, o príncipe da arte barroca, cujo estilo pode ser designado como uma síntese
conseguida de elementos flamengos e italianos, marcou a pintura de seu século.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

a) André Luiz. Conduta Espírita. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Editora FEB.
b) DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. CELD.
c) _______. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. Editora FEB.
d) Emmanuel. O Consolador. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Editora FEB.
e) _______. A Caminho da Luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Editora FEB.
f) BROWN, Jonathan. Cosac & Naif Edições.
g) El Greco a Velazquez. Esplendores de Espanha — Produção Instituto Arteviva.
h) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. CELD.
i) Luzes do Século de Ouro na Pintura Espanhola — Pinacoteca do Estado de São Paulo.
j) SOLER, Amália Domingos Y. Perdoo-te. Memórias de um Espírito. Psicografado por
Eudaldo Pagés. Editora L.G.E.
l) ILHA, Carlos. Música uma formação para vida. Edições Nova Acrópole.
m) G.C.ARGAN — De Michelangelo ao futurismo — COSAC & NAIF.

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