You are on page 1of 13
COLECAO ENFOQUE Luis Antonio Groppo Juventude Historia Ensaios sobre Sociol das Jutentudes Mo om AO ero na vein DIFEL juvertude - ensaios sobre sociologia« histria das 9 Measra'sz0076! a DIFEL reer ae Gprigh © 200, Las Antonio Gropp Caps: al Femandes org: Art ine 2000 Inpro no Bras ae in Bl oP Calo nt ‘Sica Nir dor ore de Los GIS) Gropp aio Fr ne mtg ¢ Hi de jens cin / tae Aso Copp Ro de Fine BIFEL 20. “osp—(elaio EnogusSotlag) su -7412-0072 Jone — Miah Se EDU He stesz0s56 mons Taos o tos ers pe [Be UNIAO DE EDITORAS S.A I. Ri Branco, 9 = 20? anda 2040004 ~ Rao de aero ~ 8 Tels (x92) 269-2082 Fax (0821) 263.6112 No permite a repro tot ou prc desta bra, por qu «quer mo seh a pei astro por ert da tor, Ana pl Reb Poa A minha esposa, Simone, 130 meu professor Octavio fan AJUVENTUDE COMO CATEGORIA SOCIAL Definigées de juventude Podemos definir a juventude como uma categoria social. Tal definigio fz da javentude algo mais do que clase de dade”, tes eros restritos — 13 a 20 anos, 17 a 25 anos, 1 sentido de ‘uma faxa eta ov un lis 1521 anosete, Também,nio fda juventude um gru po coeso ou uma clase de fito, aquilo que Mannheim cama de grupo social concreto.! Nio existe realmente ‘uma “classe social” formada, 20 mesmo tempo, por ‘todos 0s individuos de uma mesma fava eta, ‘Ao ser definida como categoria social, a juventude tomna-se, a0 mesmo tempo, uma representagio s6cio~ cultural € uma situagSo social (novamente no sentido dado por Manheim). Ou sea, a juventude € uma con ‘TR Mane, “0 problems solo ds gages" n Maia lice Moet args, Manheim, Cl. Grandes Certs Sodas 25, Sto Paulo, Aes 1982, pp. 6795. 7 Joventude cepgio, representacio ou criagio simbélia,fabricada pelos grupos sociais ou pelos prépros individuos tidos ‘como jovens, para significar uma série de comporta- rmentos¢ aitudes a ela atribuidos. Ao mesmo tempo, & ‘uma situagio vivda em comum por certosindividuos Na verdade, outras fas eras construfdas moderna ‘mente poderiam ser definias assim, como a infincia, a ‘erceira Idade e a propria idade adulta. Tata-se nSo apenas de limites etrios pretensamentenaturas e obje- tivos, mas também, e principalment, de representacBes simbélicase sitwagbes sociis com suas pr6prias formas «conteidos que tém importante inflaéacia nas socieda- «des modernas. Poder-se-ia questionar até que ponto a categoria social Juventude” érelevante para 0 entendimento das sociedades moderna e dos processossocaiscontempo- ‘neos. Para muitos cietistas socials parece um concei- 10 por demais genérico e mal definido para realmente rete este tas. Outros poderiam acus-lo de ideolégi- «0 eescamoteador de uma realidade construida primor- dlialmente por estruturas de clase ou sobre estraiica- Ges scias. Ou, anda denunciar que ho sco de que © conceito se reduza a uma definiio fisolégica,psico- Jégica ou acuturalisa, Na verdade, parte dessas eriticas tem sua razio de ser ao basear-se em boa parte das tentativas das ciéncias dlitas socias em define a juventude, Apesar de ahistéria A juventade como categoria social dla juventude praticamente coinciir com a histéria de ‘seu estudo empiric e cienifico,? na érea de interesse desta pesquisa as cincias socials, ocorre alg paradoxa, justamente no que concerne 3 definiio de juventude (pelo menos na maior parte das obras de sociologia da juentude analisada). Acredito que, no aspecto da defi- igo e conceituacio do seu objeto, a sociologia da juventude tem sua mais faca colaborag, As definigdes de juventude paseiam por dos crtérios principals, que ‘nunca se conciiam realmente: o citétioetéto (herdei- ro das primeitasdefinigbesfisiopsicolégicas)e 0 critério sécio-cultural ( ceritério etério — que delimita a juventude de acordo com faixas de idade, por exemplo, de 15 a 21 anos, de 10a 24 anos, de 14a 19 anos ete. — ests sem= pre presente, expresso ou subjacent, como base prévia de uma definigho de juventude. Mesmo que negado, Alificilmente chega-se a outta definigSo real, eo mito da juventude como clase social definida por eitris eti- ros €recriado pel sociologa (Outra sada da sociologa € a de enfatzar a relativi- dade do critéioetiio, pois a juventude, 0 jovem e seu ‘comportamento madam de acordo com a classe social, 0 grupo étnico, a nacionalidad, 0 género, 0 contextohis- Ths Flite. “Os probes scalps nas ries psu Savoie a javenude’ in Suara Beto for). Soop dove tuo lo de nce, Zaha, 1968 9 Jventade ‘érico, nacional ¢ regional ete. De um outro modo che- 3-5 A indefinigio, no por siléncio ou omissio, mas por um extremo relativsmo, como na citagio abaixo *Sociologicamente, a adolesncia € um perfodo da vida de uma pessoa que se define quando a socie- dade na qual cla funciona cessa de consideré-. uma cringa e no Ihe atribui 0 ote, os desempe- hos e fungies do adulo (.). Aereditamos que 0 ‘comportamento adolescent é um ipo de comporta- mento de tansigio que depende exclusvamente da sociedade e, mas ainda, da posigio que o individuo ‘ocupa dentro da estrutura social, eno dos fenéme- nos biopsicolgicos relacionados a essa idade."? A dificuldade da sociologia€ curiosa: no consegue definir 0 “objeto” social que ela prépra ajudou a criar ‘04, entio,reificaconceitos aculturals da fisiologia da psicologia, Em gerl, suas tentativas combinam 0 critério titi nio-reatvista eo eritério sdclo-cltual relativs- 1, como nos exemplos a seguir “0 termo javentude designa um estado transi- ‘ro, uma fase da vida humana cujo inicio & muito claramente definido pela aparicio da puberdade; TAB Flnshesd. vende num proves cide rote sero n dp. 95.178 10 Yr A joventade como categoria socal {quanto ao fim da juventude, varia segundo os crite Flos os pontos de vista que se adotam para deter- ‘minar se os indivduos si ‘ovens. “A dade cronolégica como criéro, isto 60 pe- todo de tempo dividido arbtrariamente em frag- ‘mentos da propria vida do sueito,torna-seestitica se nio associada a outros critérios.. Eo sistema sécio-cultural e econémico que determina inicio, ‘final, 0 perfodos de transigio de cada fase da vida bhumana."* Por outro lado, mesmo que sereconhega que a def- igo que adote prevamente, a jeventude como catego- ria socal, seja mais eficente que as acima citadas, seria a juventude um componente realmente importante, de pe- 50, na formagioe fancionamento das sciedades moder- nas? Ou sera apenas um componente por demaissecun- drio para poder sustentar anslisesqualifiadase relevan- tes da moderidade, mesmo quando combinamos a cate- gota social uventude com outras categorias socials (0 que ‘uma boa andlsesociolgca sempre deve procurar fazer)? “Minha intengio é demonstrar que a categoria social juventude — assim como outras categoriassociais ba- Tipo Renmeaye. °A stacdo contin da joven’, in ids pp, 1354173. Gert Serenata. A adlcénca € 0 conto de gecdes paper Fauld eras de Ura, 1986.1 n Jorentade seadas nas fais etirias — tem uma importincia crucial para o entendimento de diversas caractersticas das sociedades modernas, o funcionamento delas suas ‘ransformagies, Por exemplo, acompanhar as metamor- foses dos signiicados ¢vivéncias sociais da juventude € ‘um recurso ihuminador para o entendimento das meta- :morfoses da propria modernidade em diversos aspectos, como a arte-cultuta,o lazer, 0 mercado de consumo, as relagBes cotidianas a politica ndo-institucional etc. Por ‘outro lado, deve-se reconhecer que a sociedade moder- ra €constituida nio apenas sobre as estruturas de clase ‘ou pelasestratiicagbessocais que Ihe So préprias, mas também sobre as fanas etiriase a cronologizagio do curso da vida, A criagio das instiuigdes modernas do século XIX e XX — como a escola, 0 Estado, 0 direto, ‘© mundo do trabalho industrial ete. — também se baseou no reconhecimento das fasasetirias e a insti- tucionalizagio do curso da vida, ‘Através das anlises feitas aqui espero conseguir fandamenta ainda mais esta defesa da importinciapri- ‘maria da categoria social juventude para o entendimen= to de aspectos muito relevantes da modernidade. A modernidade & também processo hstérco-social de ‘construgio das juventudes como hoje as conhecemos. A javentude como categoria social Jventude e adolescéncia ‘As fina etirasreconhecidas pela sociedale moder- ra sofreram virias alteragbes, abandonos, retornos, supressese aeréscimos a longo dos dis ikimos séculos. Do mesmo modo, as categoria sociais que deas se orig- nara também tveram mudancas e até supresses. Gi- raram em torno de termos como infinca, adolescéncia, jventude, jovem-aduto, adulto, maturkdade, idoso, ve- Ih, Terceira Kade e outros. No tocante aos trés momen- tos bisicos do curso da vida social — nascimento-ingres- 0 ma sociedad, fise de transicio e maturidade —, mul- tas divsdesesubdivsdes foram eradas, recradase supri- _mida ao sabor das mudangas soca, cultural, e de men- talidade, pelo reconhecimento legal ena prtica cotidiana. Por exemplo, durante o periodo de tansigio da fase de ingreso na sociedade para a maturidade, tres termos apareceram e aparecem com mais contundéncia, princ- palmente os dois primeiros a serem citads:juventude, adolescénciae puberdade. Numa primeira anise, cada termo se refere a um po de transformagio que o indi- viduo soe nesta fase da vid —As cléncias médias erlaram a concepgio de puberdade, referente & fase de transformagDes ‘no corpo do individuo que era criangae que ests se tornando maduro, B Joventade —Appsicologa, vpsicandlse e a pedagogiacraram ‘8 concepcio de adolescénca,relativa is mudan- «sna personalidade, na mente ou no comporta- mento do individuo que se torna adult. — A sociologia costuma trabalhar com a concepio de jventude quando trata do perf intrsticio entre a fangs socials da infnciae as FungBes sociais do homem adulto [Numa segunda analise, mas atenta ao uso cotiiano dos termos e considerando outros us0sfeitospelaspro- priasciénciassociis, adolescénciae juventude apare~ ‘cem como fases suoessvas do desenvolvimento indivi- dual, a adolescéncia ainda préxima da infinca, a juven- tude mals préxima da maturidade. Na sociologia, 0 ‘exemplo de Marilice Foracch lustra bem esta disposi- ‘gio em seqiéncia de adolescéncla e juventude. Para Foracchi,a crise da adolesncia€resrta ao conto de geragies entre indviduos e grupos lrcunscritos de ida- des diferentes. Esta crise evolui, mais tarde, para uma crise da juventude, quando “o confito de geragbes des- lca-se para o plano da sociedad” Trace M, Foacci. A nents na soled modems, S80 Palo, Ponevartup, 1972, p30, “ A juventude como categoria social Diversidade s6cio-cultural e juventude (Cua B. Rezende sugere uso sociol6gico no pli ral do termo juventude, para que possamos dar conta da diversidade na vivéncia desta fase de transigfo & maturi= dade, ou de socilizagio secundaria, denominada “jus ventude”. Esta concepcio alerta-nos sobre a existéncia, ‘na ralidade dos grupos socaisconeretos, de uma plura- Tidade de juventudes: de cada recort sécio-cultural — classe social, estrato, etna, religido, mundo urbano ou rural, nero ete. — stam subcategorias de inividuos jowens, com caracteristias, simbolos, comportamentos, subculturas e sentimentos préprios. Cada juventude pode reinterpretar sua maneira o que & “ser Jovem”, contrastando-se nio apenas em relagio as criangas € adultos, mas também em relagio a outrasjuventudes.? ‘A juventude como categoria social no apenas pas- ‘sou por vérias metamorfoses na histéria da modernida- de, Também é uma representagio e uma situago social simboizada e vvida com muita dversidade na realidade cotidiana, devido & sua combinagSo com outrassitua- Bes socais — como a de classe ou estrato social —, € devido também is diferencas culturais, nacionais e de localidade, bem como is distingSes de etnia ede género. T Clad Baris Resende “entdade.O que € ser Joven, fein Tepe Prsenga 240, CED, 1989, p43 18 fr Joventude Por exemplo, sso importantes as implicagies de clase nas diferentes expericias da jusentde. A juven- tude —e, antes, a ifincia — fo via primeiro peas clases burguests ¢arstocratas, para depois tornar-se um dirito das classes trablhadoras. a juventude tpi «a do século XX, a juentude *rebelde-sem-causa”, radial ou delingoente, é,primordialmente, uma ima- gem baseada no jovem das chamadas “novas classes rds” A jventde ideale primitvament constr — urbana, ocidental, branca e masculina — outras Juventus viram (ou tentaram) juntarse — rurais, no-ocdentals, negras,amarelas © mest, Femininas ‘etc. Sio outras juventudes que construiram para si representagies erage sodas coneetas stints, em. livers gras, do peo considrado ideal ou tpco da jentude em sua époc. ‘A juventude também é vivdadiferentemente em ‘ada um dos gneros, mesmo quando se trata de iniv- ‘dos de wna mesma classe ou estrato soci, do mesmo ambiente wrbano ou rural, etna ete. Diversos studs descreveram a diicaldades, em gerald as adolescen- tes experimentarem todas as prerrogativasdadas aos -xolecentes — incasve dentro de um mesmo grupo ‘oncretojuvenil® Por outro lado, joven pertencentes 3 uma classe ‘Verto exempla, a obsvagtesde SN. erst soe as ie 16 A juventude como categoria social social ou etnia marginalizada podem crlar uma identida- cde juvenilcaleada no reconhecimentoe até na explicita- ‘io de sua diferenca, num gesto inesperado diante do pprocesso que gerou 0 direto 3 juventude mais tarda ‘mente para as classes populares ¢ etnias marginalizadas. Em muitos casos, grupos juvenis de operitios, de nio- brancos ou nio-ocidentais adotam os mesmos simbolos, roupas gostosculturais dos grupos juvenis brancos de classe média, Contudo, essa adogio resignifia 0s obje- ts € signos tomados externamente, através de letras que, muitas vezes, devolvem-nos com signifcados con- testados aos seus detentores originals? Por fim, contemporaneamente, parece ser um trago smarcante das vivéncias juvenis a formacio de grupos concretos que constroem identidadesjuvenisdiferenca- das de acordo com 0s simbolos ¢estilos adotados em. cada grupo em particular, inclusive nos casos em que hi coincidéncia énica, de clase, ginero e localdade. Esta caracterfstca mais recente das juventudes vem sendo ‘era ee o ros foinnas¢ masclinas de jones ns ta ton Unidos dos anos 50. “Aline tos de pupos ex, in De ‘pergto.» pean, Colegio Edo, Sko aul, Pespetha 1976, cap. 2 3 Soe adc de laminas da cura jen de ase ms © {a cata de masa por grupos ovens poeos ede neon, vet Sturt Hall nd Tony elenon (ons). Resistance hog tal. Youth sbcutres in postwar Ba onde, Univesity ing am, Uihinuon nd Co, 1976. ” Juventude ‘tomada como uma das ‘provs” da diversidade sicio-cul- tual contemporsnea apregoada pelos “pés-modernos”. Contudo, © propésito aqui & descrever e analisar processos mais gerais de construcio das juventudes ‘modernas, buscando encontrar um paradigma que apre- sente uma diregio para os diferentes e, apesar de tudo, ccomplementares projetos de constituicio dos grupos juvenis na modernidade. Encontramos, do século XIX até o inicio do século XX, uma nogio de juventude cengendrada pels priticas discursos das instiulgBes socials oficias, estatais, liberals, burguesss, captalistas tc, nogiolegtimada pelasciéncias modernas. Ao des- vendar este paradigma mais eral da cragio das uventu- des na modernidade, iremos deparar-nos com adificul- dace de aplicaio do ideal da jventude, como uma fase transitlae de aquisio da maturidade social, em rela- ‘fo & realidade sécio-cultural méliplae complexa, Na verdade, reconhecer a diversidade das juventuds no significa desistir do objetivo de entender por que @ ‘modernidade criou e recria a propria possibilidade da juventude, A criaglo das juventudes € um dos funda- ‘mentos da modernidade, ea existincia da multplcida- de quase que incontrolivel de juventudes & um sinal de {que este Fundamento, assim como outros fundamentos «da modernidade, possui suas contradigbes. A diversida- de das juventudes modernas€ um dos futos as contra- digies dos projetos modernizadores que objetivaram 18 A jurentade como categoria sotal criar as faixas etiias preparatorias 3 maturidade. centendimento dessa diversidade passa pela aplicagio combinada de outrastantas categoras socials que, assim como a juventude, se referem a realidades socais con- traditéras: classe socal, estrato socal, etnias, géneros, ‘oposigio urbano-rural,relagSo nacional-local,global- regional etc (Ou seja, a multplicidade das juventudes no se fun- dda num vazio social ou num nada cultural, nSo emerge de uma realidade meramente divers, inintelighvel e cesvaecida, Tem com base experiéneias s6cio-culturais anteriores, paalelas ou posteriores que craram e recria- ram as fasas erase insitaconalizaram o curso da via individual — projetose agdes que fizem parte do pro- cesso ciilizador da modernidade, Geragbes (Outro conceitosociolégico que é importante definir aqui 60 de geragio, renomeado pela demografiacontem- porinea como coorte. Karl Mannheim, interessado na ‘explicagio da construgio do conhecimento social, pro- ‘curou defini a geracio como um “fato coletvo”, como uma forma de situagio social, Ou sea, analogamente 20 ‘conceit de juventude, a unidade de uma gerago no € lum grupo concreto como familia, tribo ou seita Enguanto um grupo social concreto define-se como 19 Juventude “unido de um némero de individuos através de lagos naturalmente desenvolides ou conscientemente deseja- ‘dos 1a geragio €extruturalmente semelhante a posigio de clase de um individuo na socedade. Se a posigio de classe € baseada na situa comum de certosindividuos dentro das estruturas econdmicas e de poder, asituacio de geragio 6 “baseada na exsténca de um ritmo biol6gi- co na vida humana”. Tinto a vivéncia de uma posigio de classe quanto a experiéncia comum de indivéduos situados em uma mesma fase crucial do curso da vida— segundo Mannheim, a juventude — “proporcionariam 20s individuos partiipantes uma situagio comum no processo histricoe social, portanto, os restringe a uma gama especifia de experincia potencial ea um tipo ‘aracterstico de agio historcamente relevant”. !? ‘A julgar peo critério em que, para Mannheim, se ba~ sea a situagio de geragSo, a experiéncia comum de uma ‘transformagio bilégica — o curso natural da vida — a _geracio poderia ser considerada uma vivencia social ‘riada a partir de um fundamento natural, No entanto, de acordo com 0 conceto de juventude que aqui proc +o defini, mesmo as faixasetiias eas categoras socials delas oriundas sio cragBes sdcio-culturais; jamais um dado puro e simples da natureza, O que temos, na ver~ ‘Da Mannheim. "0 problema sacigco das gts" pc id 71 ib p72. 20 A jurentude como categoria socal dade, tanto no conceto de juventude quanto node gera- ‘lo, é a possibilidade de se criarem representacies © relagBes socials derivadas de outrasrelagBes erepresen- tagbes soca, No cas, relagBes erepresentaghes social- ‘mente estabelecidas a individuos e grupos definidos como jovens ‘Mannheim, num segundo momento, parece distin- gira situagio de geacio da unidade da geracfo,sendo a Segunda uma possbilidade, uma potencalidade de cada somento histérico particular e de cada situagio soi. ‘Uma unidade de geragio possi “grande semelhanga dos dados que constitem a conseiéacia de seus membros” 8 ligand, esses dads, indivduos relativamente distantes, ro espacoe possibiltando, até mesmo, apartiipacio em “um destino comum e das idéas e conceitos de algum ‘modo vinculados ao seu desdobramento”,criando, em ‘uma situaco-iite, uma “identidade de reagdes”.* ‘A nidade de geragio pode ser dada por um reper- ‘rio comum de experiéncias sociais, dramiticas ou nfo, singulares ou cotidianas, de individuos stuados nas mes- mas faxas etérias, principalmente naquelas faixas de transigio A maturidade, como a juventude, Para Man- heim, na infincia e juventude as experiéncias socials tornam-se “padres inconscientemente ‘condensados' re i 88 au Juventude meramente “impliitos' ou ‘viruals™.'5 S30 0 fundo de cexperiéncias socias que vém receber outros modelos € padres socais, os segundos jf conscientemente reco= nhecidos, Para Mannheim, na juventude os individuos realizam pela primeira ve a absorgHo consciente de suas cexperincas socials, passama ter realmente uma experi- ‘mentaglo pessoal para coma vida. Jé na maturidad, as owas experiéncias sociaisrecebem, em geral, elucidacio racional e refleniva, sendo julgadas ¢ analisadas pelo {individu a partir de padrBes de conhecimento js sedi- mentados. A resisténcia dos individuos maduros & smudanca social 6 portanto, muito maior que 2 dos jovens, pois os adultos étém seu quadro de reeréncias formado, segundo Mansheim. Esta recepgio diferente 4os acontecimentos, principalmente das transformagBes sociais,explica por que os grupos etiios mais velhos ‘fo participam da mesma unidade de geracio dos gru- os etiios mais ovens. “Na juventude...a vida é nova as forgas forma- tivas estio comegando a exist, ea atitudes bisicas ‘em processo de desenvolvimento podem aprovetar ‘ poder modelador de stuagbes nova."16 2 A jurontade como categoria social Cabe agora anlar a cbjeco ao conceito de gera- fo feta por Water Jie. Jude descarta a pssbidade das véncas comuns de un grupo dee, em wa Alda sociedad rem a constiir uma unidade de gera- Defend que é mais forte a mulipiiade ds gra pos coneretose das suas concepges de vid.17 Con- fondo que a muliplicidde socal relatnza lcance da Unidade de pera, no sentido de que um grupo ero poss constr uma mesma interpreta para vvncs omuns de aonteinentoshistricse transformagies Socisis. Contd, agra, a nent, além de outas

You might also like